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Geografia-História - DETRAN AM

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HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
 
 
1. História do Amazonas: Colonização da região do Amazonas. Disputas territoriais e conflitos no Amazonas. Principais atividades econô- 
micas nos diferentes períodos da história. Formação territorial. Manifestações populares e culturais. ........................................... 01 
2. Geografia do Amazonas: O espaço natural do Amazonas (noções de relevo, clima, vegetação e hidrografia do estado). A população do 
Amazonas: crescimento, distribuição, estrutura e movimentos. O espaço econômico: desenvolvimento econômico, atividades agrope- 
cuárias, extrativistas e industriais. O estado do Amazonas no contexto brasileiro. ............................................................ 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
1 
 
 
 
 
 
A longa história do povoamento humano na Amazônia come- 
ça praticamente junto com a formação da floresta que conhece- 
mos hoje. Apesar de ainda não terem sido encontrados vestígios 
concretos da presença humana na Amazônia durante o período 
compreendido entre 20.000 e 12.000 a.p. (antes do presente) foi, 
provavelmente, neste período que os primeiros grupos humanos 
provenientes da Ásia chegaram de sua longa migração até a Améri- 
ca do Sul. Eram grupos nômades de caçadores coletores que perse- 
guiam as grandes manadas de animais. 
A população Indígena do Brasil Pré-cabraliano era marcada por 
diversidades, principalmente na língua, modo de vida e cultura. De 
modo geral, as sociedades indígenas que habitavam o Brasil, apre- 
sentavam algumas semelhanças, vivendo no Regime comunitário- 
-familiar, a posse da terra era coletiva, dividiam o trabalho por sexo 
e idades, respeitavam a hierarquia familiar e a maioria tinha pro- 
dução voltada para subsistência. Na Amazônia, os povos indígenas 
estavam perfeitamente integrados ao seu habitat, viviam da caça, 
pesca e agricultura de subsistência praticada nas várzeas e plan- 
tando nas épocas de vazantes dos rios a mandioca, milho, algodão, 
tabaco, frutas e vegetais. Os ameríndios amazônicos apresentavam 
características expansionistas, bem como alianças políticas para de- 
fesa comum de grupos ameaçados. Muitos grupos indígenas não 
eram originários da Amazônia, fugiram do litoral, escapando do 
avanço português. 
A colonização da Amazônia - que hoje corresponde aos esta- 
dos do Amazonas e do Pará - foi estimulada pelas preocupações de 
garantir a posse e o acesso ao rio Amazonas e impedir a presença 
de rivais de outros países. A base de ocupação se deu através do 
extrativismo vegetal e do apresamento indígena. 
O extrativismo vegetal consistiu na exploração das chamadas 
“drogas do sertão”: cacau, guaraná, borracha, urucu, salsaparrilha, 
castanha-do-pará, gergelim, noz de pixurim, baunilha, coco, etc. Por 
isso, a escravidão tinha ali um terreno desfavorável, pois a explora- 
ção da Amazônia dependia do bom conhecimento da região. Daí a 
importância dos índios locais que serviam de guias. A forma predo- 
minante que caracterizou a integração da Amazônia ao conjunto da 
economia colonial foi o estabelecimento das missões jesuíticas, que 
chegaram a aldear perto de 50 mil índios. 
 
A Expansão Lusa. 
No ano de 1415 – Portugal conquistou Ceuta. Esse ato significou 
a sua expansão para o litoral da África e as Ilhas do Atlântico, pois 
vencia os limites da navegação, era o início de novas conquistas. 
No séc. XV - com a descoberta do novo caminho para as Índias e a 
possibilidade de adquirir os produtos orientais por preços mais bai- 
xos, transformaram-se no principal objetivo do Estado português. 
Nesse processo de conquistas e expansão, Lisboa se transformou 
num centro comercial importantíssimo, pela oferta de produtos 
concebidos como exóticos no mercado europeu. Anos depois, em 
1500 - Cabral oficializou a posse sobre o Brasil. Deu-se início a um 
grande empreendimento português, uma grande colônia prometia 
prosperidade e muito lucro. 
A expansão espanhola 
Em 1492 - a Espanha tendo superado a presença árabe e a di- 
visão interna, reuniu forças para participar das disputas comerciais 
e exploração do mundo colonial, pois também tinha necessidades 
mercantis. Cristóvão Colombo, navegador genovês, partiu em agos- 
to de 1492 - rumou alçando a ilha de Guanabara (San Salvador), nas 
Bahamas, na América Central para descobrir novas terras, novos 
horizontes que ampliasse a riqueza da Espanha. 
 
Os Traçados Ultramarinos 
No séc. XV - a corrida expansionista de Portugal e Espanha ge- 
rou controvérsias. Para definir direitos e territórios formularam-se 
diversos tratados, dos quais o mais antigo é o Tratado de Toledo 
- assinado em 1480. Esse tratado garantia as terras ao sul das Ilhas 
Canárias a Portugal, pois assegurava a rota das Índias pelo sul da 
África. No ano de 1493 pela Bula Intercoetera, o papa Alexandre VI 
determinou a partilha ultramarina entre espanhóis e portugueses. 
Os portugueses acharam que estavam sendo prejudicados, propu- 
seram o Tratado de Tordesilhas. Em 07 de junho de1494 foi decidi- 
do que a Espanha ficaria com as terras descobertas ao ocidente de 
uma linha imaginária, tirada de pólo a pólo, e a 70 léguas das ilhas 
do Cabo Verde, cabendo a Portugal a que se descobrisse ao orien- 
te. Com esta divisão, a Espanha ganhava quase toda a América, os 
estados do: Amazonas, Pará, Mato Grosso, quase todo Goiás, 2/3 
de S. Paulo, parte de Minas Gerais, todo Paraná, Sta. Catarina e Rio 
Grande do Sul. Para Portugal cabia um pedaço de terra à foz do 
Rio-Madeira, na Amazônia. No ano de 1.500 – o espanhol Vicente 
Yanez Pinzon atingiu o Brasil, na altura de Pernambuco, visitando 
Povo Dias o estuário do Amazonas. Pelo Tratado de Tordesilhas, os 
Portugueses não deviam passar além do estuário do Amazonas. Em 
1532 - Francisco Pizarro, chegou ao Peru, encontrando o povo Inca. 
Os espanhóis estabeleceram-se em seguida, organizando a admi- 
nistração pública nos moldes da Espanha. Pizarro se tornou auto- 
ridade suprema do território. A Espanha tinha-se espalhado pelas 
terras da América Central e Andina. E a Amazônia compreendia-se 
uma região sob seu governo. Até 1538 devido à falta de recursos 
financeiros, muitas pessoas doentes e que também faleceram, a ex- 
ploração fora abandonada e fechada. 
 
Na América Portuguesa ocorreu o amansamento do indígena 
que foi realizado de três formas: 
a) Descimentos: convencimento do índio para dirigir-se a mis- 
são, dando-lhe o direito de liberdade (apenas formal); 
b) Resgates: eram feitos por meio de expedições de colonos, 
que entravam em contato com certos grupos indígenas, praticando 
o escambo de mercadorias por prisioneiros de guerras intertribais 
ou mesmo captura de tribos. Esses índios eram chamados de índios 
de corda e podiam ser escravizados; 
c) Guerra justa: realizadas com expedições de colonos e mili- 
tares para extermínio do grupo indígena, caso não descesse para 
a missão; 
 
O contato do europeu com o indígena amazônico provocou 
aculturação e ou extermínio dos povos, gerando fuga, luta ou assi- 
milação da cultura europeia pelos indígenas (conversão ao catolicis- 
mo, troca de vestuário, adaptação a nova culinária e deformações 
de comportamento). 
 
O Povoamento e a Mão de Obra utilizada na Economia 
Os elementos humanos que contribuíram para o povoamento 
foram os mesmos que encontramos no restante do Brasil: 
HISTÓRIA DO AMAZONAS: COLONIZAÇÃO DA REGIÃO 
DO AMAZONAS. DISPUTAS TERRITORIAIS E CONFLI- TOS 
NO AMAZONAS. PRINCIPAIS ATIVIDADES ECO- 
NÔMICAS NOS DIFERENTES PERÍODOS DA HISTÓRIA. 
FORMAÇÃO TERRITORIAL. MANIFESTAÇÕES POPULA- 
RES E CULTURAIS 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
2 
 
 
• O índio – uma população numerosa, porém não era conside- 
rado fonte suficientemente para o duro trabalho, por isso era ca- 
çado violentamente pelo sertanista, reunido em aldeamento pelos 
Missionários e descido pelas autoridades civis e militares.O aldea- 
mento foi o núcleo humano com maior número de membros e era 
utilizado para todo tipo de tarefas. 
 
• O negro africano – não foi tão representativo, mas era escra- 
vizado. Como a agricultura era incipiente não se fazia tão necessária 
sua mão de obra. A falta de fundos financeiros não permitia o co- 
mércio negreiro dos colonos, mesmo com a insistência das repre- 
sentações do governo para que se facilitasse o mercado negreiro. 
Os primeiros negros foram introduzidos pelos holandeses. 
 
A Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará trouxe 12.587 
pessoas para a região, sendo 7.606 escravos. No início da coloni- 
zação da Amazônia, a força de trabalho do negro era desprezada, 
devido às facilidades do aprisionamento dos índios. A Lei de 06 de 
junho de 1755 aboliu a escravização do índio, daí a procura do ne- 
gro foi se intensificando. Ainda em 1616, com a fundação do Presé- 
pio os portugueses já cogitavam em trazer os açorianos. Entre 1620 
e 1921 chegaram mais de 200 pessoas que se distribuíam pelas 
capitanias. Anos depois, em 1667, foram distribuídos nos distritos 
políticos – um pouco mais de 700 pessoas. Cada capitão mor ou 
governador que chegava de Portugal a Belém trazia consigo novos 
povoadores. As primeiras décadas de colonização da Amazônia as 
expedições coletoras eram baseadas na base da produção. A ativi- 
dade era organizada com os índios, espalhados em diversas áreas 
para extraírem substâncias naturais: óleo de tartaruga, especiarias, 
madeiras de lei, óleos vegetais e sementes de cacau. Em troca re- 
cebiam dos missionários e comerciantes portugueses, ferramentas, 
bugigangas e ocasionalmente salário. 
A Coroa Portuguesa, oficialmente estimulava empreendimento 
agrícolas, com o objetivo de constituir uma base mais estável para a 
efetivação da colonização da região. Porém, para o desenvolvimen- 
to agrícolas as condições ainda eram enviáveis, porque: 
• Era muito distante o acesso aos escravos negros 
• O transporte muito caro 
• A Amazônia não ostentava recursos agrícolas excepcionais e 
nem metais preciosos. 
• Baixa produção nas colheitas. 
• A maioria dos colonos da Amazônia eram pobres para com- 
prar escravos. 
 
A solução encontrada pelos colonos portugueses era escravi- 
zar os índios para utiliza-los como mão-de-obra. Devido aos maus 
tratos aos índios, os missionários impediam o acesso aos índios das 
missões. Esta política hostilizava ainda mais os colonos, cujos inves- 
timentos econômicos regrediram por falta de mão-obra, enquanto 
florescia a agricultura e a pecuária dos jesuítas. A atividade coletora 
tornou-se atraente para a população ̈ cabocla¨ devido às exigências 
mínimas de capital. Devido à falta de material e de contatos exter- 
nos, o coletor geralmente tinha que fazer um tipo de acerto com 
um comerciante local, a fim de adquirir os bens de que necessitava. 
No período de 1760 a 1822, mais da metade das exportações do 
Pará, provinha principalmente mais de fontes silvestres do que de 
plantações (agricultura). 
 
Povoamentos Indígenas nos séculos XVI a XVIII 
O desaparecimento das nações indígenas que viviam ao longo 
do Amazonas e sua substituição por índios descidos dos afluentes 
pelos colonizadores resultará numa etnografia diferente daquela 
encontrada pelos primeiros exploradores. Desaparecem padrões 
demográficos e organizacionais do povo original e surgem novos 
grupos. Isso levará ao desenraizamento e ao processo de acultura- 
ção intertribal e interétnica. Essa nova população irá assimilar no- 
vas técnicas essenciais ao manejo fluvial. Elas constituirão a cultura 
do tapuio ou caboclo, da qual também irá fazer parte a população 
branca e mameluca da região. 
O conhecimento dos povoados ribeirinhos do rio Amazonas co- 
meça com o mito das amazonas americanas e das terras de Omagua 
e El Dorado. Quando a ilusão de fabulosas riquezas acabou, france- 
ses, holandeses e ingleses estabelecem feitorias e relações de es- 
cambo na região. Os portugueses reagem e desalojam os invasores. 
A chegada a Belém de dois franciscanos através dos rios Napo e 
Amazonas mostrou a viabilidade de se chegar ao Peru através do 
Amazonas. 
Alguns povos principais das regiões do Alto e Médio Amazonas 
e suas principais características sobre as bases territoriais, etnias 
e relações genéticas, filiações linguísticas e traços culturais impor- 
tantes. 
A várzea faz parte do sistema fluvial do rio Amazonas; é um tipo 
de solo constituído de elementos depositados pelas inundações ca- 
racterísticas da área. É o leito maior dos rios, podendo ocorrer em 
suas duas metades ou somente em uma. Pode também inexistir em 
certos trechos, de acordo com a região. A várzea não é um ecossis- 
tema homogêneo; seu ciclo biótico depende do regime fluvial. Essa 
área concentra grande parte da história indígena do rio Amazonas. 
 
O descobrimento da região hoje formada pelos Estados do 
Amazonas e Pará foi de responsabilidade do espanhol Francisco de 
Orelhana. A viagem foi descrita apontando as belezas e possíveis 
riquezas do local, com os fatos e atos mais prováveis de chamar a 
atenção da coroa espanhola. Durante essa expedição (ocorrida à 
época 1541-42), os espanhóis teriam encontrado as mulheres ama- 
zonas guerreiras, sobre as quais há muita fantasia, mitos e folclores. 
 
A Expedição de Gonzalo Pizarro e Francisco de Orellana 
(1541–1542) 
Gaspar de Carvajal como relator. A partir desse momento, a 
viagem ganhou nova dimensão: foram descobertos os caudais que 
engrossam o rio Amazonas, batizado de o rio de Orellana, tanto 
pela direita quanto pela esquerda. 
Orellana batizou o rio Negro, após entrar em contato com esse 
rio, em 3 de junho, e o rio Madeira, em 10 de junho. Em 22 de 
junho de 1541, quase na foz do Nhamundá, aproximou-se da mar- 
gem do rio para abastecer a expedição e foi violentamente atacado 
pelas lendárias Amazonas. Segundo o relator Gaspar de Carvajal, 
as mulheres eram brancas e altas, com abundantes cabeleiras e de 
membros desenvolvidos; vestiam-se com pequenas tangas. Na rea- 
lidade, a expedição foi atacada pelos índios tapajós. Após essa luta, 
a expedição chegou ao Atlântico; Orellana partiu para a Espanha. 
 
A Expedição de Pedro de Úrsua e Lopo de Aguirre (1560-1561) 
A primeira expedição que navegou todo o rio Amazonas foi or- 
ganizada por Gonzalo Pizarro, governador de Quito e irmão de Fran- 
cisco Pizarro. Intentava conquistar o El Dorado e o País da Canela. 
Essa expedição foi composta por índios dos Andes, espanhóis de 
origens sociais diversas: nobres, militares e degredados. 
A expedição partiu de Quito e, após uma árdua luta contra o 
meio ambiente e com o tempo, devido a chuvas constantes, chegou 
ao povoado de Zimaco, nas proximidades do rio Coca, onde encon- 
traram o País da Canela. A região era farta de canela, mas as árvores 
eram dispersas, não compensando a atividade de exploração para o 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
3 
 
 
mercado. Passado um período de três meses, faltaram alimentos e, 
em função da insalubridade da região, muitos morreram. Comeram 
cães, cavalos, ervas desconhecidas e algumas venenosas. 
O comandante Gonzalo Pizarro era implacável, quando chega- 
va às aldeias e perguntava sobre o El Dorado e os índios não lhe 
sabiam responder, não poupava uma só vida. Mandava queimar os 
aborígines vivos ou os jogavam aos cães, que dilaceravam-lhes as 
carnes. Pizarro mandou construir um bergantim e colocou Francisco 
de Orellana como comandante e frei. 
A presença de desocupados, saqueadores, assassinos e outras 
escórias era muito grande na América. Eles eram enviados da Espa- 
nha. Para resolver esse problema social e político, o governador e 
vice-rei Andrés Hurtado de Mendonza decidiu utilizar-se dessa gen- 
te na jornada de conquista do El Dorado e dos omáguas. 
O governador passou a responsabilidade da empreitada a Pe- 
dro de Úrsua, que partiu de Lima, no Peru, rumo ao Atlântico. Pedro 
de Úrsua trouxe em suacompanhia a mestiça Ignez Atienza para 
lhe dar auxílio. Viúva, D.Ignez despertava paixões entre os tripulan- 
tes. Os descontentes acusavam-na de absoluta ascendência sobre o 
chefe. Esse foi o estopim do conflito no interior da expedição, resul- 
tando na morte do comandante Pedro de Úrsua. Em outubro 1560, 
a expedição alcançou o Marañon; em seguida, entrou em contato 
com as províncias de Machifaro e Iurimágua, no Solimões. 
Os soldados conjurados foram chefiados por Lopo de Aguirre, 
segundo os relatos de Francisco Vasquez, do capitão Altamirano e 
de Pedraria de Almesto, que participaram da expedição. A expedi- 
ção atingiu o Atlântico, em julho de 1561. 
 
Invasores na foz do Amazonas 
Após a ocupação do Maranhão, os portugueses resolveram di- 
rigir sua atenção para os invasores da foz do Amazonas, enviando 
uma expedição que fundou o Forte do Presépio, origem da cidade 
de Belém, para servir de base para suas ações Oficial Temporário 
da Marinha- militares. De lá, eles passaram a atacar os estabeleci- 
mentos dos ingleses, holandeses e irlandeses, enforcando os que 
resistiam e escravizando as tribos de índios que os apoiavam. Esta 
violência e a criação de uma flotilha de embarcações (que agia per- 
manentemente na região apoiando as ações militares e patrulhan- 
do os rios) garantiram o bom êxito e asseguraram a posse da Ama- 
zônia Oriental para Portugal. 
 
AS CONQUISTAS NA AMAZÔNIA 
 
Espanholas 
Em 1538 - Pedro de Anzurey reiniciou a abertura para Ama- 
zônia, com uma expedição com muitos índios, espanhóis, através 
dos Andes, mas não obteve sucesso. As várias intempéries de fator 
climático, temporal, geográfico e a falta de conhecimento da mata 
impossibilitaram o avanço da expansão territorial. No mês de fe- 
vereiro de 1541 - Pizarro partiu de Quito (Peru) para encontrar o 
“El Dorado”. Orellana que estava em Guaiaquil, chegou depois da 
expedição com fome e sem dinheiro, mas mesmo assim partiu em 
busca de seu líder. Pois as maiores dificuldades a serem enfrentadas 
eram os desafios da região tropical, desconhecida para o mundo 
europeu. 
Pizarro em sua expedição adoeceu de tal forma que foi acolhi- 
do por um cacique que lhe deu assistência necessária, com medica- 
ção e alimentos. Ali, com o índio, Pizarro permaneceu dois meses. 
Várias tentativas foram realizadas para continuar com a expansão 
espanhola, mas no séc.XVI os espanhóis deixaram a Amazônia. Mor- 
reram muitos espanhóis de sua expedição, bem como muitos índios 
que fizeram parte da mesma para auxiliarem no enfrentamento da 
mata com suas belezas naturais, mas difícil de ser enfrentada, prin- 
cipalmente para quem não conhecia. Contam os relatos de viagem, 
que a expedição, em certo momento não tinha mais nada a comer, 
pois os índios morreram de fome e de doenças e os que sobraram 
se recusaram a continuar a trabalhar com os espanhóis. 
No período de 1580 - 1640 devido a todo um contexto históri- 
co, social e político e a morte de D. Henrique, rei de Portugal, deu-se 
a anexação de Portugal a Espanha. Nessa época, isto é, em 1595, 
holandeses, ingleses, franceses, tentam a colonização da Amazônia. 
Foram realizadas inúmeras tentativas de colonização. Entre 1530 e 
1668 dezenas de expedições desceram dos Andes para a selva tro- 
pical enfrentando também todos os desafios da mata e dos rios. 
 
Novas Tentativas de Colonização. 
No ano de 1538 - o imperador Carlos V, da Espanha, outorgou 
aos comerciantes da cidade de Augsburg o direito de posse de uma 
parte da Venezuela, procurando assim uma tentativa estratégica 
para entrar na Amazônia. Várias expedições tentaram ocupá-la. Pe- 
dro de Candia e Pedro Anzurey tentaram explora-lá, em 1533 en- 
trando pelo rio Madre de Dios e o Beni (Bolívia). George de Spires, 
sucessor de Alfinger, em 1536, tentou uma outra expedição, porém 
não obteve lucros. Em abril de 1539, Alonso de Alvarado fundou a 
cidade que hoje é Chahapoyos, no vale do Marañon. Em 1541 - o 
alemão, Philip von Huten, viajou pelo rio Caquetá por quase 1 ano, 
sem sucesso. Ao voltar para o litoral da Venezuela, encontrou a po- 
voação alemã ocupada por piratas espanhóis, e foi decapitado. 
Pizarro confiara o cargo a Francisco Orellana para continuar a 
obra de conquista. Sua expedição detectou como se formava o rio 
Amazonas: ̈ pela direita e pela esquerda¨: Rio Negro e Rio Madei- 
ra, tentando desembarque nas aldeias indígenas em vários trechos 
do rio. Nessa mesma época de 1541, Orellana encontrou as índias 
Amazonas, diferentes das outras índias. Um ano depois atingiu o 
Antlântico. Orellana recebeu em 13 de fevereiro de 1544 o títu- 
lo de Adelantado, Governador e Capitão General das terras que 
colonizou, a Nova Andaluzia – depois chamada de Amazônia. Há 
controvérsias quanto a viagem de Orellana. Historiadores afirmam 
que ele teria entrado pelo rio Pará, e outros pelo Amazonas. Veio 
a falecer em 1546. Outros navegadores pretenderam chegar até a 
Amazônia, entrando pelo Atlântico: Luiz de Melo da Silva e o piloto 
francês João Afonso, sem, porém, alcançar o objetivo. Houve várias 
outras tentativas espanholas para ocupação da Amazônia em 1560: 
Pedro de Ursua, Gusman e Lope de Aguirre. Muitas lendas e histó- 
rias eram tecidas a respeito do Dorado recolhido. Entre muitas que 
eram contadas, se dizia que: havia tanta riqueza que era impossível 
medir; os templos, os palácios, a pavimentação das ruas da cidade 
de Manao eram construídos com ouro puro; o rei ao banhar-se, pe- 
las manhãs, banhava-se num lago de águas perfumadas, sobre as 
quais lançavam ouro em pó. 
 
Reação Portuguesa. 
A obra dos portugueses, nesse período foi muito vagarosa, pois 
havia pouca gente no reino de Portugal para vir ao Brasil, princi- 
palmente para trabalhar. Por volta de 1600, pelo lado do Atlântico 
começou a ser ocupada a terra do Amazonas. Holandeses, ingleses 
e franceses disputaram as terras invadindo a explorando o delta 
do rio comercializando com os nativos, como se fossem donos da 
região. Os portugueses partiram de Pernambuco à caça dos fran- 
ceses que estavam se fixando nas costas brasileiras, no Maranhão, 
onde S. Luiz era o sítio mais importante da colônia francesa. Eles 
atingiram a colônia em 1616. Nesse mesmo ano Francisco Caldeira 
Castelo Branco comandou uma expedição, expulsou os franceses 
do Maranhão e avançou para o norte, fundando o Forte do Presépio 
que se tornou o núcleo de origem da povoação de Belém e base de 
operações dos portugueses contra os estrangeiros. 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
4 
 
 
Em 1612 - os primeiros jesuítas entraram no Maranhão, onde 
se encarregaram da catequese dos nativos, submetendo-os aos tra- 
balhos aos colonizadores. 
 
Expedição de Pedro Teixeira 
No ano de 1621 - sob o comando de Pedro Teixeira, os por- 
tugueses esmagaram os últimos postos ingleses, irlandeses e ho- 
landeses. Além de Teixeira, sertanistas entraram no território ama- 
zonense. Estes avançaram muito mais que Teixeira. Partiram de 
Belém, Gurupá e Cametá, passando por Tapajós, pelo Ocidente, 
rumo aos limites com as colônias espanholas e adiantaram-se até 
o rio Solimões, com o objetivo de buscar ouro e drogas do sertão. E 
ao adentrarem na mata caçavam os índios. Porém, não foram bem 
sucedidos nas pesquisas para as descobertas das minas de ouro, 
colhiam com dificuldades as drogas do sertão. A caça ao índio era 
mais lucrativa, porém mais trabalhosa. Em 10 anos os portugueses 
se tornaram ocupantes da Amazônia. 
Entre 1600 e 1630 - os portugueses consolidaram o seu total 
domínio da boca do rio Amazonas. Em 28 de outubro de 1637 - sob 
o comando de Pedro Teixeira, a expedição partiu do Porto de Belém 
com toda segurança, obtendo sucessos. O Tratado de Tordesilhas 
foi violado em quase 1.500 milhas. 
Em 1669 - para impedir a passagem de navios holandeses que 
desciam do Orenoco para comercializar com os índios Omágua, o 
comandante Pedro da Costa Favela construiu a fortaleza da Barra 
de S. José do Rio Negro. Frei Teodoro (franciscano)foi responsável 
pelo aldeamento dos índios Tarumá, na boca do rio Negro, dando a 
origem ao povoado que no futuro seria a cidade de Manaus. 
Após tantas aventuras e descobertas, a região acabou ficando 
abandonada e caiu no esquecimento, até que os frades Domingos 
de Brieba e André Toledo, realizando uma nova descida para o rio 
Amazonas, alcançassem Belém do Pará, despertando o interesse 
de outros capitães portugueses. Quem assumiu a empreitada foi 
Pedro Teixeira, um dos maiores matadores de índios daqueles tem- 
pos, mesmo depois de a Câmara Municipal de Belém do Pará ter se 
manifestado contra a saída dos soldados. 
A viagem com destino aos confins da Amazônia é feita em 
1637, arrastando mais de 2 mil índios e tomando posse da região 
de Paianino a 16 de agosto de 1639. Desse modo foi justificada a 
expedição da Carta Régia, que criaria a capitania do Cabo do Norte, 
em 1637, por Felipe IV da Espanha. 
Todo o gasto empreendido pela expedição, no entanto, não 
era suficiente para salvar a Amazônia daquele tempo do abandono, 
principalmente o espaço físico enorme que ia da foz do rio Ama- 
zonas à província de Quito e dos altiplanos guianenses à Bacia do 
Mamoré – Guaporé. 
 
A atuação dos missionários na Amazônia nos sécs. XVII E XVIII 
As missões e os Fortes desempenharam papéis importantes no 
Vale do Amazonas quanto à expansão territorial e a consequente 
colonização. Contribuíram para fixar marcos da penetração portu- 
guesa naquele território disputado por outros povos. 
Durante o século XVII e boa parte do século XVIII, a metrópole 
portuguesa não tinha recursos nem pessoas suficientes para rea- 
lizar a ocupação do extenso território amazônico. Uma das alter- 
nativas para solucionar esse problema foi permitir que as ordens 
religiosas se instalassem na colônia. 
Eles ajudavam na conquista, pois a catequização dos povos in- 
dígenas ajudava no processo de ocupação e geração de riquezas. 
As ordens religiosas chegaram em épocas diferentes à região. 
Por exemplo: as carmelitas, em 1627, e os jesuítas, em 1636. Depa- 
ravam-se, porém, com os mesmos obstáculos como a competição 
entre os colonos e entre as próprias ordens religiosas pelo “direito 
de administrar o indígena”, visto tanto como mão-de-obra quanto 
como fiel servo de Deus. 
A disputa acirrada entre as ordens exigiu a intervenção gover- 
namental. 
Na tentativa de resolver esta contenda, que envolvia também 
a ocupação do Vale Amazônico, inúmeras Cartas Régias fixaram as 
áreas de atuação das ordens. 
- Os Franciscanos de Santo Antônio (Capuchos)receberam as 
missões do Cabo do Norte, Marajó e Norte do Rio Amazonas; 
- à Companhia de Jesus (Jesuítas) couberam as dos Rios Tocan- 
tins, Xingu, Tapajós e Madeira; 
- os Franciscanos ficaram com as da Piedade e do Baixo Amazo- 
nas, tendo como centro Gurupá; 
- os Mercedários com as do Urubu, Anibá, Uatumã e trechos do 
Baixo Amazonas; 
- e os Carmelitas com as dos Rios Negro, Branco e Solimões. 
 
Nos anos finais do século XVII as missões religiosas cobriam 
grande parte do espaço que viria a constituir a atual região amazô- 
nica brasileira. 
Esses religiosos tinham como principal missão converter os po- 
vos indígenas em cristãos. Os missionários procuravam convencer 
os indígenas a deixar suas aldeias e se transferirem para os Aldea- 
mentos. A esse deslocamento, chamamos Descimento. 
Nos aldeamentos, os indígenas aprendiam diversos costumes 
europeus e a religião Católica. Eles aprendiam sobre história de 
Santos, aprendiam também a rezar, a cantar músicas religiosas e 
até esculpir imagens de Santos Católicos. Esses ensinamentos eram 
importantes para os objetivos dos colonizadores, pois preparavam 
os índios aldeados para se tornarem trabalhadores muitas vezes es- 
cravizados. 
As missões não tinham apenas um caráter religioso. Os missio- 
nários receberam grandes propriedades da coroa portuguesa. Essas 
terras se tornaram muito produtivas, pois os religiosos utilizavam os 
indígenas como mão de obra. 
Essa prática, além de gerar riquezas para as ordens religiosas, 
fazia parte da doutrina cristã, pois, o trabalho era considerado uma 
salvação. 
Sempre de sentinela nas lonjuras do Vale estavam os fortes, 
instalados ao longo do século XVII: eram unidades pequenas, com 
poucos homens e escassas peças de artilharia. Isto, entretanto, não 
era empecilho para que enfrentassem os ataques frequentes de es- 
trangeiros ou de nativos. 
Os fortes de Orange e Nassau serviam de base para o contato 
e comércio com indígenas, bem como para que se desse início de 
plantio de cana-de-açúcar e tabaco. 
O papel do indígena na ocupação do Vale do Amazonas era de 
extrema importância. Não se dava um passo sem ele, pois conhe- 
cia o território, sabendo se movimentar naquela área desconhecida 
pelo europeu. 
 
Os nativos eram os guias pela floresta ou pelos rios. Canoei- 
ros, conduziam as embarcações nas longas expedições fortemente 
escoltadas, em meio a milhares de quilômetros, pelos cursos ema- 
ranhados d’água. Eram também caçadores, identificando a variada 
fauna, e coletores das “drogas do sertão”, pois conheciam como 
ninguém a flora local. 
A coleta se organizou no Vale sob a coordenação dos missioná- 
rios. Os padres, que monopolizavam o trabalho indígena, usavam 
um artifício para que os nativos extraíssem elementos da flora em 
grande quantidade. Alegavam que, além das partes destinadas aos 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
5 
 
 
adultos, aos velhos e às crianças, deveriam extrair outra, destina- 
da a Tupã. Esta fração - “Tupã baê” - acumulada nos depósitos das 
missões, era, posteriormente, exportada para a Europa onde seria 
comercializada com grande lucro. 
 
Conduzido pelos nativos, o “homem branco” penetrava em 
meio a terrenos submetidos a chuvas constantes que provocavam 
um aumento no nível das águas que, por sua vez, arrastavam e des- 
locavam grandes porções de terra próximas aos cursos dos rios. Por 
conta disto, a exploração detinha-se no que a floresta oferecia e 
possibilitava espontaneamente. 
Pelos cursos d’água - iam sendo coletadas especiarias diversas, 
aproveitadas e utilizadas no comércio: plantas alimentícias e aro- 
máticas como cravo, canela, castanha dita do Maranhão, salsapar- 
rilha, cacau etc. 
Também eram extraídas madeiras valiosas e produtos de ori- 
gem animal, desconhecidos, como uma espécie de óleo utilizado 
na alimentação e na iluminação, obtido dos ovos da tartaruga, ou o 
“manacuru” (peixe-boi), exportado salgado e seco. 
Aos olhos dos colonizadores, o Vale Amazônico apresentava- 
-se com possibilidades incalculáveis, inclusive dando a impressão 
de que seus produtos podiam substituir as especiarias das Colônias 
perdidas no Oriente. 
A colonização que ali se impôs, portanto, fundamentou-se nas 
atividades extrativas, compondo um sistema original e peculiar que 
constituiu e marcou a vida econômica da região. 
 
O estado do grão Pará e do Maranhão 
A região de Belém desenvolvera-se mais do que a de São Luís, 
por este motivo e por outros estratégicos, a capital desse novo Esta- 
do, redenominação do anterior, foi definitivamente transferida para 
Belém. 
As datas referentes a esta divisão administrativa foram: 
Criação 31.07.1751 
Extinção Legal 20.08.1772 
Extinção real 21.11.1772 
 
Este Estado estava quase que totalmente enfeudado a particu- 
lares, através das capitanias hereditárias doadas, no século anterior, 
e às Ordens Religiosas, que receberam terras e índios, em 1693 e 
1694, ficando a Coroa Portuguesa praticamente restrita ao governo 
da Capitania do Pará, com Belém e suas circunvizinhanças. 
Coube a Pombal a efetiva ocupação da Amazônia, como pro- 
priedade definitiva do Reino, o que ocorreu com a compra das capi- 
tanias e a expulsão de algumas das Ordens aqui estabelecidas, com 
seus gigantescos feudos religiosos. 
 
O primeiro ministro do Rei D. José I chamava-se Sebastião José 
de Carvalho e Melo e depois se tornaria o Marquês dePombal. 
Durante seu mandato, importantes reformas econômicas e ad- 
ministrativas foram implementadas em Portugal, em seu império 
colonial, e, especialmente na Amazônia. Pombal era um autêntico 
déspota esclarecido, ou seja, um governante que tinha uma forma 
de governar absolutista, mas que era influenciado pelo movimento 
iluminista. O iluminismo, ou movimento das luzes, apregoava a saí- 
da do ser humano do estado de trevas, da falta de esclarecimento, 
e defendia o uso da razão e da ciência, colocando o homem como o 
centro de suas preocupações. 
 
O governo de Pombal caracterizou-se por uma tentativa de ti- 
rar Portugal do atraso frente às demais potências europeias pela 
adoção de medidas inspiradas nas ideias iluministas. Seu objetivo 
principal era reaver o controle sobre todas as riquezas que vinham 
das colônias para Lisboa. Antes do governo de Pombal, Portugal dei- 
xava muito das riquezas coloniais cair nas mãos de holandeses que 
realizavam parte do comércio ou nas mãos de piratas que atacavam 
as embarcações portuguesas. Além deles, os jesuítas, por terem o 
controle sobre a mão-de-obra também tinham alcançado um poder 
muito grande nas colônias portuguesas. Com as reformas a nação 
portuguesa poderia se modernizar e restabelecer o domínio sobre 
o que restava de seu vasto império colonial. 
As principais medidas das reformas pombalinas foram as se- 
guintes: 
1) expulsão da ordem jesuíta de todas as colônias portuguesas; 
2) criação das companhias de comércio, iniciada pela Compa- 
nhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão; 
3) instituição do Diretório dos índios, que passava o controle da 
mão-de-obra para funcionários da coroa portuguesa; 
4) política de integração e assimilação dos indígenas aos colo- 
nizadores. 
 
A expulsão dos jesuítas 
A ordem jesuíta, criada no século XVI, no momento em que 
a Igreja Católica buscava uma resposta à Reforma Protestante, era 
diretamente subordinada ao Papa, e isto desagradava fortemente 
a Portugal. O restante do clero respondia primeiro à coroa portu- 
guesa, e só então ao Papa. A independência dos jesuítas abria pos- 
sibilidade de confronto de ideias na metrópole, e principalmente 
de confronto de ações nas colônias. Os jesuítas na Amazônia, por 
exemplo, possuíam uma grande riqueza e chegavam a rivalizar com 
o Estado português no poder econômico. 
No ano de 1734 embarcaram para Lisboa o total de 2:538 arro- 
bas de cacau e não pequena quantidade de cravo e salsa parrilha; 
(...) Destes gêneros, que extraíam do sertão, que produziam em 
suas roças e fábricas, os religiosos não pagavam dízimos ao Estado, 
nem direitos nas alfândegas da metrópole”1. 
A riqueza e a isenção de fiscal somadas ao controle da mão de 
obra e a presença dos jesuítas nas câmaras municipais, tornavam 
estes religiosos um grande obstáculo para a empreitada do Mar- 
quês de Pombal de modernizar Portugal. Expulsando-os ele pre- 
tendia reassumir o controle da mão-de-obra indígena, aumentar a 
produtividade dos domínios coloniais e aumentar a arrecadação de 
impostos. 
 
Tratado de Madri – 1750 - D. João V (Portugal) / D. Fernando 
VI (Espanha) – 13 de janeiro de 1750 
Desejando eficazmente consolidar e estreitar a sincera e cor- 
dial amizade e particularmente os que se podem oferecer com o 
motivo dos limites das duas Coroas na América, cujas conquistas 
se tem adiantado com incerteza e dúvida, por se não haverem ave- 
riguado até agora os verdadeiros limites daqueles domínios, ou a 
paragem donde se há de imaginar a Linha Divisória, por parte da 
Coroa de Portugal, se alegava que havendo de contar-se os 180º de 
sua demarcação, desde a linha para o Oriente, ficando para Espa- 
nha os outros 180º para Ocidente; contudo, se acha, conforme as 
observações mais exatas e modernas dos astrônomos se estende 
o domínio espanhol na extremidade Asiática do mar do sul, muito 
mais graus que os 180º da sua demarcação; e, por conseguinte, tem 
ocupado muito maior espaço do que pode importar qualquer ex- 
cesso que se atribua aos portugueses, no que talvez terão ocupado 
na América meridional, ao Ocidente da mesma Linha. 
Por parte da coroa de Espanha se alegava que, havendo de ima- 
ginar-se a linha de norte a sul a 370 léguas ao poente das ilhas de 
Cabo Verde, e ainda que por não estar declarado de qual das ilhas 
de Cabo Verde se hão de começar a contar as 370 léguas, e consen- 
tindo que se comece a contar desde a mais ocidental, que chamam 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
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de Santo Antão, apenas poderão chegar as 370 léguas à cidade do 
Pará e como a coroa de Portugal tem ocupado as duas margens do 
rio dos Amazonas, ou Marañon, subindo até a boca do rio Javarí 
sucedendo o mesmo pelo interior do Brasil com a internação que 
fez esta coroa até o Cuiabá e Mato Grosso. 
Vistas e examinadas estas razões pelos dois Sereníssimos Mo- 
narcas, resolveram pôr termo às disputas passadas e futuras, e 
esquecer-se, e não usar de todas as ações e direitos, que possam 
pertencer-lhes em virtude dos referidos tratados de Tordesilhas, 
Lisboa, Utrecht e da escritura de Saragoça, ou de outros quaisquer 
fundamentos, que possam influir na divisão dos seus domínios por 
linha meridiana. 
 
Tratado preliminar de limites - Sto. Ildefonso Dona Maria I 
(Portugal) / Carlos III (Espanha) 1º outubro de 1777 
Havendo a Divina Providência excitado nos augustos corações 
de Suas Majestades Fidelíssima (Portugal) e Católica (Espanha) o 
sincero desejo de extinguir as discórdias que tem havido entre as 
duas Coroas de Portugal e Espanha, e seus respectivos Vassalos no 
espaço de quase três séculos, sobre os limites de seus domínios 
na América e da Ásia. Para efeito, pois de conseguir tão importan- 
tes objetos, se nomeou os quais depois de haver se comunicado 
os seus plenos poderes, e de havê-los julgado expedidos em boa 
e devida forma, convieram nos artigos seguintes, regulados pelas 
ordens e intenções dos seus Soberanos. 
 
Criação das Companhias de Comércio 
Para desenvolver um modelo de produção econômica eficiente 
e que fosse válido para todo o império colonial, primeiro era neces- 
sário realizar um projeto pequeno em uma área colonial estratégi- 
ca, para depois, conhecendo os erros e acertos deste projeto-piloto, 
implantar o modelo em todas as colônias. A região escolhida para 
o “teste” foi a Amazônia e seu comandante, o novo governador do 
Grão-Pará e meio-irmão do Marquês de Pombal, Mendonça Furta- 
do. 
As finalidades da companhia eram introduzir escravos africa- 
nos para o trabalho, já que os indígenas seriam libertos e consi- 
derados súditos da coroa portuguesa; dinamizar a agricultura com 
novas técnicas e novos instrumentos de trabalho; e incrementar e 
dinamizar o comércio da região, voltando-o para a exportação e não 
só para o abastecimento interno. 
A Companhia e comércio do Grão-Pará e Maranhão recebeu 
direito exclusivo de todo o comércio e navegação na Amazônia por 
um período de vinte anos. Ao mesmo tempo o ministro declarou a 
expulsão de todos os pequenos comerciantes itinerantes conheci- 
dos como comissários volantes, que além de realizar um comércio 
pouco expressivo e ineficiente davam grande margem ao contra- 
bando. Concedendo privilégios e proteção aos grandes comercian- 
tes portugueses, Pombal acreditava que estes poderiam acumular 
capital para competir com os ingleses no comércio colonial como 
um todo. A expulsão dos comissários volantes foi uma tentativa de 
remover um elo-chave entre os comerciantes estrangeiros e os pro- 
dutores brasileiros. 
A escolha da Amazônia para começar o processo de diminuição 
da influência inglesa foi uma manobra muito inteligente. Os ingle- 
ses só perceberiam a ameaça a seus interesses uma década mais 
tarde, quando o modelo já está suficientemente testado para ser 
aplicado nas demais colônias portuguesas, inclusive nas mais im- 
portantes do nordeste brasileiro e da África. 
 
Instituição do Diretório dos Índios 
Ao mesmo tempo em quecriou o monopólio da Companhia de 
Comércio, Pombal decretou a liberdade e a integração da popula- 
ção indígena, retirando a autoridade religiosa e secular concedida 
aos missionários pelo regimento das missões de 1686. Os jesuítas 
foram, então, rapidamente substituídos por funcionários do Estado 
português que deveriam servir de ponte entre a vida submissa que 
os nativos levavam sob a direção dos jesuítas e a integração que era 
objetivo das medidas pombalinas. Em cada povoação haveria um 
diretor de índios, que zelaria pelo seu governo secular, enquanto 
o governo espiritual passaria às mãos dos padres nomeados pelos 
bispos locais. Na realidade, o diretório proporcionou apenas a troca 
de sujeitos opressores que continuavam a explorar as populações 
nativas através de formas de trabalho compulsório. 
Os índios, apesar de considerados livres pela legislação eram 
obrigados a plantar mandioca, feijão, milho e arroz não só para o 
próprio sustento como também para o abastecimento dos lugares, 
das vilas e das cidades. Eles eram obrigados a pagar a décima parte 
de tudo que cultivassem e adquirissem para o diretor, o qual era 
pago por mais um imposto que consistia na sexta parte de todos os 
produtos por eles produzidos. 
O Diretório estabelecia que o comércio deveria ser livre, fican- 
do as localidades próximas ao mar ou à margem dos rios destinadas 
à salga de peixes para o comércio, enquanto que os povoados pró- 
ximos às áreas de cacau, salsa ou cravo deveriam conduzir os índios 
a este ramo de negócios. O comércio no sertão seria realizado com 
índios que tivessem concluído o cultivo de suas roças. 
Os índios, apesar do status de “livres”, continuavam a ser re- 
partidos entre os moradores da seguinte forma. Da totalidade da 
mão de obra dividiam-se dois grupos. O primeiro deveria estar a 
serviço da coroa, cuidando da defesa do Estado; o segundo, a ser- 
viço dos moradores “não só para equipação das canoas, que vão 
extrair drogas do sertão, mas para ajudar na plantação de tabaco, 
cana-de-açúcar, algodão e todos os gêneros que podem enriquecer 
o Estado e aumentar o comércio”. 
 
Integração e assimilação dos indígenas 
Junto com o Diretório, a legislação listava uma série de objeti- 
vos que faziam parte de uma política mais ampla de integrar e as- 
similar os nativos à cultura do colonizador. Os portugueses, em sua 
grande maioria, consideravam-se superiores aos índios e buscavam 
trazê-los à “civilização”. Por isso alguns dos objetivos do Diretório 
eram: “a dilatação da fé, a extinção do gentilismo, a propagação do 
evangelho, a civilidade dos índios, o bem comum dos vassalos, o 
aumento da agricultura, a introdução do comércio, e, finalmente, a 
opulência e a total felicidade do Estado”. 
Para alcançar a integração e os objetivos acima descritos o di- 
retório estabelecia algumas ações mais específicas: proibição da 
língua materna de cada etnia, bem como a língua geral, o nheenga- 
tu, que era falada pela maioria da população; obrigava os índios a 
adotarem nomes e sobrenomes portugueses; obrigava os nativos a 
construir moradias no estilo dos brancos; obrigava o uso de roupas 
no estilo dos brancos; proibia os nus, muito comuns para alguns 
povos; 
Outras medidas adotadas no período pombalino também tra- 
balharam no sentido de integrar os índios à sociedade branca. As lo- 
calidades e povoações tiveram suas denominações modificadas dei- 
xando de usarem as denominações indígenas tradicionais em favor 
de nomes portugueses, a maioria nomes de cidades portuguesas. 
A incapacidade de compreender a cultura nativa aliada ao pres- 
suposto equivocado de que todo não-cristão era um “bárbaro”, e 
por isso, ignorante e infeliz, fazia com que os portugueses traba- 
lhassem para eliminar a cultura e a identidade do indígena. Por cau- 
sa disso, muitos povos línguas e culturas ricas e importantes foram 
dizimadas no processo de colonização europeia da Amazônia. Por 
não conseguir compreender o modo de vida e a maneira de pensar 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
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dos indígenas, os portugueses os achavam preguiçosos, porque não 
davam o mesmo valor que eles para o dinheiro e o lucro; violentos, 
porque buscavam resistir ao processo de colonização; e estúpidos, 
porque tinham uma lógica e uma sabedoria completamente dife- 
rentes daquela dos europeus. 
As reformas pombalinas buscavam modernizar Portugal e suas 
colônias. A Amazônia, como área estratégica em seu projeto, teve 
atenção especial por parte da administração colonial e conheceu 
um período de grande desenvolvimento, apesar da violência e dos 
abusos que continuaram sendo praticados contra as populações in- 
dígenas. 
Após a morte do rei D. José I, e com a consequente queda de 
seu primeiro-ministro, as políticas para região e as legislações pos- 
teriores, como o Corpo de Trabalhadores, não alcançaram nenhum 
sucesso. A região foi se despovoando e a população remanescente 
foi se tornando cada vez mais descontente. Muitas vezes, o nível de 
insatisfação vinha à tona em revoltas locais e petições ao governo 
central. Muitos anos depois a Cabanagem seria reflexo deste des- 
contentamento. Mesmo depois do fim do período colonial até início 
da expansão da economia da borracha, o projeto do Marquês de 
Pombal para a Amazônia continuava sendo a maior referência das 
populações locais de um tempo em que o governo central dedicava 
mais atenção à região. 
 
FRANCISCO XAVIER DE MENDONÇA FURTADO 
Nomeação 17.04.1751 
Posse 24.09.1751 
Término 02.03.1759 
 
Durante a existência da União Ibérica, criada por Felipe II, a 
fronteira portuguesa adiantara-se sobre alguns domínios espanhóis, 
principalmente na Amazônia, onde o meridiano de Tordesilhas fora 
arqueado ao máximo, pela ação colonizadora luso-brasileira. 
Com a Restauração, inúmeros pontos de atrito começaram a 
surgir no Uruguai, Filipinas, Japão, Molucas e Amazônia. A guerra da 
Sucessão Espanhola, terminada com a vitória dos aliados, levou os 
países beligerantes à assinatura dos dois Tratados de Utrecht. Pelo 
primeiro, celebrado em 1713, a França cedeu a Portugal o Cabo 
Norte, o atual Amapá, enquanto pelo 2º, de 1715, a Espanha entre- 
gava a Colônia do Sacramento. 
As fronteiras entre Portugal e Espanha não estavam definidas, 
principalmente na Amazônia. 
O Tratado de Madri, assinado, a 13 de janeiro de 1750, ainda 
no reinado de Dom João V, foi uma vitória da diplomacia lusitana. 
Firmado pelos plenipotenciários D. José de Carvajal Y Lencastre 
e Tomás da Silva Teles, alterava profundamente os limites entre os 
dois reinos. Em troca da Colônia do Sacramento, das Filipinas e da 
margem esquerda do Solimões, acima do Japurá, Portugal recebia 
da Espanha o território das Missões e lhe era reconhecida a posse 
definitiva das terras além da linha de Tordesilhas. 
Visando o cumprimento daquele tratado, foi criado o Estado do 
Grão Pará e do Maranhão, já no tempo de Pombal, a 31 de julho de 
1751, com séde em Belém, uma nova denominação do já existente 
Estado do Maranhão e do Grão Pará. 
Para tratarem dos preparativos das demarcações previstas fo- 
ram designados os governadores e capitães generais Francisco Xa- 
vier de Mendonça Furtado e Gomes Freire de Andrade, o primeiro 
para governar o Estado recém-criado, e o segundo, para o Estado 
do Brasil. 
Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, logo em- 
barcou para ocupar o seu cargo. Porém, foi pouco feliz na viagem, 
tendo naufragado nas costas do Maranhão, chegando a Belém, por 
terra, a 24 de setembro de 1751. 
No ano seguinte, a 30 de abril, juntamente com o espanhol 
Dom José de Iturriaga, foi escolhido para demarcar as fronteiras do 
Javari, Japurá, Negro e Madeira, cujas instruções lhe foram conferi- 
das pelo Tratado de Aranjuez de 24 de junho de 1752. 
Nesse mesmo ano chegaram a Belém, vindos dos Açores, 430 
pessoas conduzidas por um navio de casais. Esses emigrantes foram 
encaminhados para Ourem, Bragança e Macapá. 
Com o objetivode dar cumprimento às determinações do Tra- 
tado de Aranjuez, o Capitão General mandou executar uma derra- 
ma de farinha, a 9 de agosto de 1754, destinada ao sustento da 
expedição em apresto, para o rio Negro. A derrama não foi acatada 
pelos missionários, detentores do poder temporal das aldeias indí- 
genas, que com isto iniciaram a sua luta para dificultar o trabalho 
das demarcações. 
O Governador não desanimou e, no dia 2 de outubro de 1754, 
após ouvir missa na igreja de Nossa Senhora das Mercês, em Belém, 
partiu ao encontro de D. José de Iturriaga, com quem deveria man- 
ter contatos, no rio Negro, deixando o governo nas mãos do bispo 
D. Miguel de Bulhões, que permaneceria no cargo até a sua volta, a 
22 de dezembro de 1756. 
A expedição era uma das maiores até então formadas, na Ama- 
zônia, desde a de Pedro Teixeira. Compunha-se de vinte e três ca- 
noas, das quais a maior, tipo iate, possuía de uma câmara forrada 
de damasco e vinte e seis remeiros, pertencia ao Comando. Além 
delas, existiam outras menores encarregadas do abastecimento di- 
ário, utilizadas na pesca. 
Ao todo viajavam 1.025 pessoas, sendo 411 índios, 205 solda- 
dos, 24 pilotos e 62 criados. Durante a viagem 165 dos índios remei- 
ros desertaram, pelo trabalho excessivo do remo. 
Entre as pessoas importantes da comitiva destacavam-se: 
- Os ajudantes de ordens João Pereira Caldas e João Batista de 
Oliveira; 
- O secretário do Estado João Antônio Pinto da Silva; 
- O confessor padre José da Gama; 
- O físico-mor doutor Pascoal Pires; 
- Os cirurgiões Antônio de Matos, André Panelli, Domingos de 
Souza e Daniel Grunfeld; 
- Os ajudantes de engenhiro Felipe Sturn e Adão Peopoldo de 
Breuning; 
- Os astrônomos João Brunnelli e Miguel AntônioCiera; 
- O ajudante Henrique Antônio Galluzi; 
- O desenhista Antônio José Landi; 
- Os tenentes João Wilkens e Manuel Gotz; 
- O jesuíta Inácio Szentamartony, 
- O tesoureiro Lourenço de Anvers Pacheco. 
 
No percurso verificou-se a decadência da região fustigada pela 
grande epidemia de varíola de 1743/50, que, só em Belém, matara 
7.600 pessoas e, nas fazendas das Ordens, mais de 10.000, calcu- 
lando-se acima de 40.000 em todo o Estado. As missões religiosas 
e, em particular, as dos jesuítas, negavam remeiros e mantimentos. 
Embora possuíssem mais de 50.000 habitantes eram encontradas 
desertas. 
Alcançando o rio Negro a tropa deveria esperar Iturriaga, que 
viria pelo Orenoco. Para sede das negociações escolhera-se a aldeia 
Mariuá, onde, por iniciativa de Felipe Sturn, foram abertas ruas, er- 
guidos prédios e construídas pontes. 
Entre as obras executadas, mereciam destaque a residência do 
embaixador espanhol, o palácio das demarcações e a casa da espe- 
ra. Nela instalado, Mendonça Furtado esperou aquele embaixador, 
por quase dois anos, até 1756. 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
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Entre os atos governamentais expedidos de Mariuá, figura a 
instrução de 27 de maio de 1754, que ordenava ao tenente Antô- 
nio de Castro e Menezes estabelecer uma guarnição, em Trocano, a 
fim de bloquear o contrabando de ouro de Mato Grosso. Naquele 
local haviam sido presos os jesuítas Antônio José e Roque de Hun- 
dertpfund, acusados de auxiliarem esse tráfico e de possuirem um 
canhão. 
A 1.º de janeiro de 1756, a aldeia de Trocano foi elevada à 
categoria de vila, a primeira do Amazonas, com o nome de Borba, 
a Nova, recebendo todo o apoio governamental. Era a primeira lo- 
calidade do interior da Amazônia a ser organizada como uma vila 
portuguêsa. 
Ainda de Mariuá foram destacadas comissões para o reconhe- 
cimento e estudo das regiões contestadas do Guaporé, Japurá, Ne- 
gro, Javari, Juruá e Purus. 
No Guaporé os espanhóis tinham de novo estabelecido posi- 
ções com as missões de São Simão, no rio das Pedras, a cargo do 
padre Raimundo Laines; a de São Miguel nas margens do Guaporé, 
sob o curato de João Roiz e Francisco Xavier Pozzo e Santa Rosa, do 
padre Nicolau Medenilla. Após pequenas refregas, toda a margem 
direita do Guaporé foi evacuada e entregue aos portugueses, em 
1756, que ali erigiram o forte Príncipe da Beira. 
Dom José de Iturriaga, saído de Cadiz, a 15 de fevereiro de 
1754, somente chegou ao rio Negro, em 1759, quando Mendon- 
ça Furtado já se encontrava em Portugal. Tentando apoderar-se do 
alto rio Negro, foi expulso pelo capitão José da Silva Delgado, com o 
estabelecimento de fortificações acima de São Gabriel. 
Durante a permanência de Mendonça Furtado no rio Negro, na 
sua primeira viagem, que durou de 2 de outubro de 1754 a 22 de 
dezembro de 1756, inúmeras leis beneficiando a Amazônia foram 
expedidas pelo consulado pombalino. 
Como uma forma de confirmar o interesse da Coroa, pela re- 
gião foi primeiro criada a Capitania de São José do rio Negro, a 3 de 
março de 1755, cuja sede seria a vila de São Francisco Xavier do Ja- 
vari, depois Vila Nova de São José, a ser fundada na foz do rio Javari, 
depois transferida para Mariuá, pelo Alvará de 18 de junho de 1757. 
Deu-se conhecimento da legislação que promovia a integração 
racial entre portugueses e índios, assinada a 4 de abril de 1755. O 
casamento com os indígenas deixava de ser desabonador para os 
brancos e seus descendentes não seriam discriminados. E, já em 
outubro de 1756, cerca de 20 casais mistos foram mandados para 
Borba, vila recém instalada. Esses casais foram contemplados com 
fardas, camisa de pânico, saias de aniagem, machados, enxadas, foi- 
ces, serras, enxós, martelos e meio alqueire de sal. 
A criação do Diretório, estabelecido a 3 de maio do ano de 
1755, determinou que as aldeias passassem a ser governadas por 
um diretor nomeado, ou por um chefe indígena, que desde então 
puderam ser vereadores e juízes. 
As leis 6 e 7 de junho de 1755, foram outros tremendos golpes 
contra o poderio jesuíta, vez que concediam liberdade aos índios, 
cassavam os poderes temporais dos sacerdotes e determinavam a 
promoção de povoados e aldeias em todo o vale. O bispo Bulhões 
julgou acertado promulgá-las somente após o regresso do Governa- 
dor. A sua publicação foi a 28 de janeiro de 1757, juntamente com 
o Breve de Benedito IV, de 20 de dezembro de 1741, que proibia a 
escravidão indígena, sob a pena de excomunhão. 
Os Estatutos de 6 e o Alvará de 7 de junho de 1755, criavam 
a Companhia de Comércio do Grão Pará e do Maranhão, um dos 
marcos da filosofia mercantilista de Pombal. Organizada por José 
Francisco da Cruz, com um capital de 1.200.000 cruzados, instalada 
e dirigida em Belém, pelo capitão José Vieira da Silva, detinha o 
monopólio do comércio exterior de exportação e de importação, do 
tráfico negreiro e da navegação em toda a Amazônia. 
Durante a sua existência introduziu 25.365 escravos na região, 
sendo 9.229 de Bissau, 8.362 de Cacheu e 7.774 de Angola. A sua 
extinção verificou-se, a 25 de fevereiro de 1778, porém só entrou 
em liquidação no ano de 1914. É bom lembrar que de 1778 a 1792 
mais 7.606 escravos foram introduzidos no Estado. 
Os jesuítas, prejudicados com a criação da Companhia, puse- 
ram-se contra ela e o padre Manuel Balester chegou a dizer “quem 
entrar nesta Companhia, não entrará na de Cristo”. O padre foi por 
isto desterrado, como incurso em crime de lesa-majestade. 
Em sua luta contra a Companhia, os jesuítas chegaram ao ex- 
tremo de relacionar o terremoto de Lisboa com a sua criação, com o 
padre Malagrida, que tinha a fama de santo e vivido muitos anos no 
Pará, estabelecido este fato no livro “Juízo da Verdadeira Causa do 
Terremoto”, que lhe valeu a morte pela fogueira, num dos últimos 
atos do Santo Ofício. 
O terremoto de Lisboa, ocorrido no dia 1.º de novembro de 
1755, mataria mais de 40.000 pessoas e destruiria a maior parte 
da cidade, cuja reconstrução levou em torno quinze anos, custando 
ao Brasil mais de 200 milhões de cruzados, arrancados através de 
impostos. 
A 1.º de março de 1757, a guarnição deixada em Mariuá re- 
belou-se pelo atraso do pagamento de seus soldos. O comandanteGabriel de Souza Filgueiras foi feito refém. Ao movimento aderiu o 
destacamento de Manaus e os 120 revoltosos, temendo represá- 
lias, subiram o Içá e internaram-se nas Missões de Maynas, no Peru. 
Ainda em 1757, o índio Domingos, da povoação Dari, tendo 
sido separado de sua amante pela carmelita frei Raimundo Barbo- 
sa, aliciou os chefes João Damasceno, Ambrósio e Manuel para uma 
revolta, ocupando a 1. ° de junho do mesmo ano aquela povoação. 
A seguir tomaram Caboquena e, a 26 de setembro, Bararoá, que 
apesar de defendida por 20 soldados, não lhes resistiu. Prosseguin- 
do, invadiram o Lugar da Barra de onde roubaram os vasos sagrados 
da igreja e a imagem do Senhor Crucificado. Dispunham-se atacar 
Mariuá, quando o capitão Miguel de Siqueira os derrotou. Os três 
Chefes implicados foram enforcados em 1758, após a realização de 
uma devassa. 
Talvez essas revoltas fossem uma reação à destruição do V Im- 
pério, à laicização da Amazonia, à sua retomada aos religiosos. 
A 15 de janeiro de 1758, Mendonça Furtado iniciou uma nova 
viagem ao rio Negro, deixando o Governo nas mãos do bispo Miguel 
de Bulhões. No dia seguinte zarpou de Belém, iniciando o cumpri- 
mento das Instruções de 6 e 7 de junho de 1755, que determinavam 
a elevação de categoria das povoações do Estado. Estas passavam 
a receber denominações portuguesas, costume que continuou por 
toda a administração pombalina. Na realidade esta ação correspon- 
dia a transformação de antigas missões, em poder dos religiosos, 
em núcleos leigos, agora ligados ao Estado Português, e a obriga- 
toriedade da língua portuguesa na Amazônia, tanto no nome das 
localidades, como na linguagem diária, afastando a língua geral. 
 
Forte de São José do rio Negro 
A fortaleza de São José do rio Negro foi construída pelo colo- 
nizador português para assegurar o controle da confluência do rio 
Negro com o rio Amazonas e controlar o portão de entrada da Ama- 
zônia ocidental, que pertencia à Espanha pelo Tratado de Tordesi- 
lhas. Não se parecia muito com uma fortaleza, mas sim com peque- 
no fortim com formato quadrangular e muros baixos, com quatro 
canhões de pequeno calibre, cujas ruínas sumiram da paisagem da 
cidade há mais de 100 anos. Esse fortim era a marca da colonização 
e símbolo do nascimento da cidade. Na fachada do belo edifício 
em que funcionou durante muitos anos a Secretaria de Fazenda, na 
antiga rua do Tesouro, hoje Monteiro de Souza, há uma placa com a 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
9 
 
 
seguinte inscrição: “Neste local, em 1669, foi construída a Fortaleza 
de São José do Rio Negro, sob a inspiração do Cabo de tropas Pedro 
da Costa Favela. Os construtores foram o capitão Francisco da Mota 
Falcão e seu filho Manuel da Mota Siqueira. O prédio, atualmente, 
pertence à administração do Porto, e o acesso a área é restrito. 
Em 1669, os portugueses fundaram o forte de São José do Rio 
Negro, e em 1695, as carmelitas ergueram a primeira capela em ho- 
menagem a Nossa Senhora de conceição. Surgiu, assim, o primeiro 
povoado de Manaus, a princípio um aldeamento de índios descidos 
do Japurá, os bares; do Japurá/Içá, os passes; do rio Negro, os ba- 
nibas e os temidos Manaus. O colonizador foi estendendo seus do- 
mínios sobre o miracanguera dos antepassados dos manauenses, o 
grande cemitério indígena que cobria o grande largo da Trincheira. 
No lugar, abriram as ruas Deus Padre, Deus Filho e Deus Espírito 
Santo. Eram ruas estreitas, tortuosas e lamacentas, onde estava à 
matriz, a casa do vigário, do comandante e de outras praças. As ca- 
sas eram humildes, feitas de taipa, chão batido, cobertas e cercadas 
de palha. A mão-de-obra indígena garantia a produção de anil, algo- 
dão, arroz, café, castanha, salsa e tabaco. 
Em 1757, ocorreu uma rebelião dos índios do rio Negro que 
destruiu as aldeias dos caboquenas, bararoás e lama longas, e apa- 
vorou os moradores da Barra. Em 1743, o cientista francês Charles- 
-Marie de La Condamine viajou pelo rio Marañon e todo o rio Ama- 
zonas – de Jaén, Peru, a Belém – e registrou os contrastes existentes 
entre a prosperidade das missões portuguesas, que ele visitou ao 
longo de sua viagem, e a de Belém. 
 
Incorporação da Amazônia ao estado nacional brasileiro 
A ocupação do Amazonas se deu em povoamento esparso, por 
causa da floresta densa. O Estado do Maranhão virou “Grão-Pará 
e Maranhão” em 1737 e sua sede foi transferida de São Luís para 
Belém do Pará. O tratado de Madride 1750 confirmou a posse por- 
tuguesa sobre a área. Para estudar e demarcar os limites, o gover- 
nador do Estado, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, instituiu 
uma comissão com base em Mariuá em 1754. Em 1755 foi criada a 
Capitania de São José do Rio Negro, no atual Amazonas, subordi- 
nada ao Grão-Pará. As fronteiras, então, eram bem diferentes das 
linhas retas atuais: o Amazonas incluía Roraima, parte do Acre e 
se expandia para sul com parte do que hoje é o Mato Grosso. O 
governo colonial concedeu privilégios e liberdades para quem se 
dispusesse a emigrar para a região, como isenção de impostos por 
16 anos seguidos. No mesmo ano, foi criada a Companhia Geral do 
Comércio do Grão-Pará e Maranhão para estimular a economia lo- 
cal. Em 1757 tomou posse o primeiro governador da capitania, Joa- 
quim de Melo e Póvoas, e recebeu do Marquês de Pombal a deter- 
minação de expulsar à força todos os jesuítas (acusados de voltar os 
índios contra a metrópole e não lhes ensinar a língua portuguesa). 
Em 1772, a capitania passou a se chamar Grão-Pará e Rio Negro 
e o Maranhão foi desmembrado. Com a mudança da Família Real 
para o Brasil, foi permitida a instalação de manufaturas e o Amazo- 
nas começou a produzir algodão, cordoalhas, manteiga de 28 tarta- 
ruga, cerâmica e velas. Os governadores que mais trabalharam pelo 
desenvolvimento até então foram Manuel da Gama Lobo d’Almada 
e João Pereira Caldas. Em 1821, Grão Pará e Rio Negro viraram a 
província unificada do Grão-Pará. No ano seguinte, o Brasil procla- 
mou a Independência. 
Em meados do século XIX foram fundados os primeiros núcleos 
que deram origem às atuais cidades de Itacoatiara, Parintins, Ma- 
nacapuru e Careiro e Moura. A capital foi situada em Mariuá (en- 
tre 1755-1791 e 1799-1808), e em São José da Barra do Rio Negro 
(1791-1799 e 1808-1821). Uma revolta em 1832 exigiu a autonomia 
do Amazonas como província separada do Pará. A rebelião foi sufo- 
cada, mas os amazonenses conseguiram enviar um representante à 
Corte Imperial, Frei José dos Santos Inocentes, que obteve no má- 
ximo a criação da Comarca do Alto Amazonas. Com a Cabanagem, 
em 1835-1840, o Amazonas manteve-se fiel ao governo imperial e 
não aderiu à revolta. Como espécie de recompensa, o Amazonas se 
tornou uma província autônoma em 1850, separando-se definitiva- 
mente do Pará. Com a autonomia, a capital voltou para esta última, 
renomeada como “Manaus” em 1856. 
No período em que ocorreu a Independência do Brasil, em 
1822, a Amazônia pertencia à Coroa portuguesa, como uma uni- 
dade político-administrativa, ou seja, como uma colônia, dividida 
em duas capitanias: Pará e Rio Negro, subordinadas à Província 
do Grão-Pará. A elevação do Estado do Brasil à categoria de Reino 
Unido a Portugal e Algarves, em 1815, não modificou a estrutura 
política anterior. 
O Grão-Pará só foi incorporado ao Brasil em 11 de agosto de 
1823, quando as tropas do almirante inglês John Pascoe Greenfel 
assassinaram vá-rios paraenses, que, por sua vez, encontravam-se 
num conflito com os portugueses. 
A guerra civil que ocorreu no Pará e no Amazonas, a Cabana- 
gem, foi um movimento revolucionário com características popu- 
lares. 
A participação de tapuios, caboclos e negros, aparte mais po- 
bre da população que habitava as cabanas, deu origem ao nome 
do movimento. Essa população era explorada violentamente pelos 
fazendeiros e pelas autoridades políticas, militares e religiosos lo- 
cais. A revolta foi uma tentativa de modificar sua situação miserávele de injustiça social. Tomaram parte na revolta Alberto Patronni, o 
Cônego Batista Campos, Félix Clemente Malcher, os irmãos Vinagre, 
Lavor Papagaio, Eduardo Angelim e outros. A guerra tomou, impe- 
tuosamente, o território paraense e, depois, o amazonense. O líder 
no Amazonas foi Bernardo de Sena. 
O general Soares Andrea foi responsável por reprimir o movi- 
mento no Pará. No Amazonas, os cabanos tomaram a vila de Ma- 
naus; posteriormente, Maués, Parintins, Silves e Borba. O repres- 
sor do movimento, no Amazonas, foi Ambrósio Aires, o Bararoá. 
Ambrósio Aires formou um exército de voluntário se ao retornar 
de Autazes foi atacado por sete canoas dos cabanos, grande parte 
compostas por índios muras, onde foi morto. 
O último foco do movimento foi a cidade de Maués. Nesse 
período, destacou-se o comandante Miranda Leão, que pôs fim ao 
movimento no Amazonas. 
 
A cabanagem (1835-1840) 
 
A Capitania 
Com a separação do Brasil em dois governos administrativos 
por Filipe IV da Espanha, a parte norte, representada pelo gover- 
no do Maranhão (incluindo os atuais Estados do Pará e Amazonas), 
com sede em São Luís, ficou destacada do governo do Brasil. De- 
pois desse golpe veio a criação da Capitania do Cabo Norte, tornada 
realidade pela carta-régia expedida em 1637 e cujo governo fora 
dado a Bento Maciel Parente. O sentimento de distância, que preo- 
cupava aos governantes, não impediria que lentamente fosse ocu- 
pada a região com a implantação dos núcleos urbanos. Daí que a 
instalação de mais fortalezas se segue numa ordem quase contínua: 
S ão José de Marabitanas, em 1762, no rio Negro; 
São Francisco Xavier de Tabatinga, em 1766 o forte de registro 
e em 1770 o forte real que caiu em ruínas até os nossos dias; 
Forte de São Joaquim do Rio Branco, em 1775, levantado por 
Felipe Sturn; 
Santo Antônio do Iça em 1754; Castelo, em Barcelos, capital da 
Capitania em 1755; e em 1776 é fundado o forte Príncipe da Beira. 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
10 
 
 
Esse círculo de defesas militares nas linhas com países estrangeiros demonstra a preocupação do governo em defender e consolidar 
o espaço físico conquistado. A criação da Capitania de São José do Rio Negro, assegurada pela carta-régia de 3 de março de 1755, sob 
a influência política e prestígio de Francisco Xavier de Mendonça Furtado, primeiramente governador do Pará, mais tarde na qualidade 
de Comissário de Limites e Demarcações, trouxe para a Amazônia benefícios sem conta em todas as áreas: administrativa, econômica, 
financeira, cultural, mas principalmente como criação de núcleos ativos, considerando-se a enormidade de população indígena entrada na 
mestiçagem. A dois homens de pulso e de visão deve o Amazonas daquele tempo a sua tentativa de expansão socioeconômica; a Mendon- 
ça Furtado como criador e incentivador dos novos núcleos e a Manuel da Gama Lobo D’Almada, governador da Capitania, partilhando da 
implantação de serviços administrativos e de indústrias (o gado do hoje Território Federal de Roraima) que vieram socorrer a situação de 
miséria do homem amazônico. Deve-se a Mendonça Furtado a fundação da Vila de Mariúra (Barcelos), criada a 6 de maio de 1758; Borba, 
criada em 1756; e outras a seguir. A capital da Capitania ficou sediada em Barcelos (Mariuá d’Almada), até que Manuel da Gama Lobo 
D’Almada, já na governança da Capitania de 1786 a 1799, transferisse a capital para o lugar da Barra, atualmente Manaus. 
 
 
 
A Comarca e a Independência 
A Independência do Brasil não trouxe logo reais benefícios ao setentrião. A Comarca do Amazonas, subordinada ao Grão-Pará, teve a 
sua hegemonia política prejudicada pela execução do Código de Processo Penal, uma história muito cumprida que envolve a participação 
da Igreja, da milícia e dos cidadãos de Manaus. Quando Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil, as unidades federadas denomi- 
nadas Províncias mantiveram seus limites internos e suas prerrogativas de autonomia. O atual Estado do Amazonas era simples Comarca 
da Província do Grão-Pará, que então se denominava Capitania do Grão-Pará. O governo central solicitou a esses núcleos que mandassem 
representantes à Corte. A correspondência enviada do Amazonas foi toda retida em Belém do Pará e por isso perdemos a oportunidade de 
alcançar a hegemonia sonhada. Continuou a Comarca do Alto Amazonas a depender da Província do Pará. Os amazonenses não aceitaram 
sem protesto a nova situação, que era humilhante. Uma revolta chefiada pelos patriotas sacerdotes Inácio Guilherme da Costa, Joaquim 
de Santa Luzia e frei José dos Santos Inocentes, a dos civis João da Silva Craveiro, coadjuvados pelo militar tenente Boa Ventura Ferreira 
Bentes promoveu a independência do Rio Negro, positivando o fato com o artilhamento ostensivo da região denominada Lajes, próxima 
ao encontro das águas Amazonas-rio Negro. 
Uma expedição enviada do Pará nos barcos Santa Cruz e Independência, comandada pelo tenente-coronel Domingos Simões da 
Cunha Baiana, forçou a passagem com avariar grossas na barca, Independências, atingida pela artilharia dirigida pessoalmente pelo padre 
Santa Luzia. Contudo a situação não se modificaria até 1850. 
 
A Província do Amazonas 
A Lei n.° 582 de 5 de setembro de 1850 criou a Província do Amazonas, propiciando a sua emancipação política com relação ao Pará. 
O território da Província seria o mesmo da antiga Capitania de São José do Rio Negro, e a sede seria a Cidade da Barra. A província surgiu a 
partir da necessidade da ocupação definitiva do Alto Amazonas e para impedir a expansão do Peru que, apoiado nos EUA, desejava inter- 
nacionalizar o rio Amazonas, que se encontrava fechado às navegações internacionais desde o tratado de Madri. 
Reivindicava-se a posse da margem esquerda do rio Solimões entre Japurá, Tabatinga e os territórios o sul do Amazonas e Acre. 
O Brasil conseguiu neutralizar essas pretensões em 23 de outubro de 1851, quando foi assinado um tratado com o Peru, que cedia 
a região pretendida no Solimões e concordava em manter o rio Amazonas fechado à navegação estrangeira. E, para reforçar as posições 
conseguidas no sentido de proteger o nosso território, o Império apressou-se em instalar a Província do Amazonas, empossando como 
primeiro presidente João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, que viajou para Manaus no Vapor Guapiaçu e instalou a província, em 1 
de janeiro de 1852. Economicamente, as atividades da província eram inexpressivas. Dois anos após sua instalação, os principais produtos 
de exportação eram a piaçava, a borracha, a salsaparrilha, o pirarucu, o café, o tabaco, a manteiga de ovos de tartaruga, o peixe-boi, o 
cacau, etc. 
 
Comarca do Alto Amazonas 
O governo regencial instituiu o Código do Processo Criminal, em 1832, instrumento jurídico que tinha por finalidade unificar a legis- 
lação no território brasileiro. No dia 25 de junho de 1833, o governo da Província do Pará baixou um decreto que dividiu a Província em 
três Comarcas: a do Grão-Pará, a do Alto Amazonas e a do Baixo Amazonas. A criação da Comarca do Alto Amazonas, em substituição à 
antiga Capitania de São José do Rio Negro, reduzia o território do outeiro de Maracá-Açu até a Serra de Parintins e contrariava as aspirações 
autonomistas. O decreto paraense também elevava o Lugar da Barra à condição de Vila de Manaus e ganhava a prerrogativa de sede da 
Comarca do Alto Amazonas. Ao termo de Manaus ficavam subordinadas as seguintes freguesias: Saracá (Silves), Serpa (Itacoatiara) e Santo 
Elias do Jaú (Airão) e as povoações de Amatari, Jatapu e Uatumã. A população total era de 15.775 habitantes. Manaus, de vila a cidade A 
Assembleia Provincial do Pará editou a Lei n.° 147, de 24 de outubro de 1848, elevando a Vila de Manaus à categoria de Cidade da Barra 
de São José do Rio Negro, fazendo retornar a antiga denominação do povoado que havia começado em 1669. Em 4 de setembro de 1856, 
a cidade receberia a sua denominação definitiva de Manaus. 
HISTÓRIA E GEOGRAFIADO AMAZONAS 
11 
 
 
Agitações autonomistas – 1821 
No dia 29 de setembro de 1821, o governador Manuel Joaquim 
do Paço foi deposto por se recusar a jurar a Constituição do Porto 
de 1820. A população, em resposta, destruiu as principais obras pú- 
blicas realizadas pelo governador deposto, entre as quais podemos 
citar: a capela de Nossa Senhora dos Remédios e o passeio público, 
arborizado com tamarindeiros. Daí em diante, por todo o período 
colonial até os primeiros anos do império, o governo passou a ser 
exercido por sucessivas juntas provisórias. A luta pela autonomia 
do rio Negro tinha forte conotação nativista, favorecendo a propa- 
gação do movimento pró-independência do Brasil. 
A notícia da proclamação da Independência do Brasil chegou à 
Barra do Rio Negro com mais de um ano de atraso, em novembro 
de 1823; no mesmo dia, foi proclamada a adesão do Rio Negro à 
Independência. 
 
O conflito de Lages 
Na noite de 12 de abril de 1832, o soldado Joaquim Pedro da 
Silva liderou um levante no quartel da Barra, motivado pela falta 
de pagamento do soldo às praças. Dois meses depois, no dia 22 
de junho do mesmo ano, houve uma memorável demonstração de 
civismo: o povo rebelou-se contra a subordinação política do Rio 
Negro ao Grão-Pará, e foi proclamada a Província do Rio Negro. 
Os grandes articuladores do movimento foram: frei José dos San- 
tos Inocentes, frei Joaquim de Santa Luzia e frei Inácio Guilherme 
da Costa. As vilas de Serpa e Barcelos aderiram à Província do Rio 
Negro, mas Borba recusou-se, guardando fidelidade ao foi governo 
do Grão-Pará. Os rebeldes entrincheiraram-se em Lages e nos sí- 
tios de Bonfim, com um contingente de mil homens e 30 peças de 
artilharias vindas do forte Tabatinga, enfrentando as forças legalis- 
tas designadas pelo governo da Província do Pará. A expedição, co- 
mandada pelo coronel Domingos Simões da Cunha Bahiana, saiu de 
Belém no dia 5 de maio, com 50 soldados, a canhoneira de guerra 
“Independência”, recebendo o reforço de mais dois navios durante 
o percurso: o “Patagônia”, em Cametá, e Andorinha, em Santarém. 
Frei José dos Inocentes, ao ser enviado à Corte como representante 
da Província do Rio Negro, teve seu navio interceptado no Mato 
Grosso e foi obrigado a regressar à Barra. 
 
A Província 
A humilhação sofrida pela comarca do Alto Amazonas não 
abateria os ânimos dos patriotas, que agora passaram a lutar pela 
autonomia dos patriotas, que passaram pela autonomia no Sena- 
do do Império. Nomes que ficaram inscritos na memória dos ama- 
zonenses - tais como Ângelo Custódio, ministro Honório Hermeto 
Carneiro Leão, Souza Franco, Paula Cândido, Miranda Ribeiro, João 
Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, João Enrique de Matos, João 
Inácio Roiz do Campo, Dom Romualdo, Marquês de Santa Cruz - se 
bateram contra as alegações formuladas, que eram de escassez de 
população e de carência de rendas públicas. Mas o projeto vingou e 
o primeiro presidente na nova Província, chamada de Amazonas, foi 
o ínclito João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha. Foi a Província 
constituída por Lei Imperial no. 1592, de 5 de setembro de 1850. 
Com a instalação da nova província, em 1 de janeiro de 1852, a 
situação de atraso da antiga comarca do Alto Amazonas melhorou. 
Foi criada a Biblioteca Pública. O Primeiro jornal foi fundado em 5 
de setembro, com o 1 número circulando a 3 de maio de 1851, e 
substituído pelo nome de “Estrela do Amazonas”, do mesmo pro- 
prietário, o cidadão Manuel da Silva Ramos. Depois destes, outros 
jornais apareceram: o “Amazonas”, por exemplo, fundado pelos 
jornalistas Antônio da Cunha Mendes, jornal que seria, com o an- 
dar do tempo, o veículo dos atos oficiais e o pensamento expresso 
dos governos provinciais. Seria também a primeira casa editora do 
Amazonas, editando o romance marítimo “A Fragata Diana”, do Al- 
mirante Paulino Von Hoonholtz, em 1877. O jornal como a Biblio- 
teca Pública foram as bases dos desenvolvimentos da cultura local, 
junto ao teatro e às escolas de caráter profissional. Tenreiro Aranha 
idealizou o Instituto de Educandos Artífices, que funcionou em Ma- 
naus durante muitos anos e formou técnicos em várias profissões. 
O seminário episcopal, por sua vez, ofereceria uma espécie de cur- 
so secundário até que fosse criado o Ginásio Amazonense Pedro II, 
antigo Liceu. 
A província do Amazonas também ofereceu ao Brasil exemplos 
de interesse maior pela situação dos escravos africanos, partindo 
daqui as primeiras leis manumissivas, posto que realmente a es- 
cravatura na região não tivesse a expressão que teve no Maranhão, 
Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, onde 
a agricultura sustentava a economia nacional. Não tivemos agricul- 
tura. A região sempre se favoreceu do sistema coletor primário e 
até hoje esse sistema vigora com sua componente - a troca, a per- 
muta, a carência de numerário, de valor circulante. Tanto as socie- 
dades manumissivas encarregadas de alforriar escravos, como as 
sociedades de letras e artes, existentes no passado, e vivendo de 
sua própria constituição orgânica para o homem da Bacia Amazô- 
nia, em termos de cultura e de direitos humanos, que se refletiria 
no futuro. É inegável que foi durante a Província, isto é, em 1852 
até 1889, que o entusiasmo pelo teatro floresceu, bem como pelas 
academias de artes e letras. Tivemos menos de cinco teatros antes 
da construção do moderno Teatro Amazonas, idealizado em 1881 
e inaugurado em 1896. Grandes artistas internacionais se exibiram 
em teatros de Manaus, mesmo antes da construção do atual edifí- 
cio, o que prova que havia necessidade de derivados sadios e uma 
evasão cultural digna de nota. 
É na Província que começam a circular navios de grande ca- 
botagem e as linhas internacionais para a Europa e a América do 
Norte, porque é também nesse período que a goma elástica possui 
maior procura, e vai enriquecer os cofres do Estado. O Amazonas 
viveu seus dias de esplendor afastado do Rio de Janeiro e de São 
Paulo, ligado à cultura europeia. Desde os primeiros dias da Provín- 
cia que os filhos de famílias apossadas vão para a Europa Estudar, 
mesmo aqueles destinados à Igreja. 
Manaus povoa-se de construções magníficas, que vão substi- 
tuindo as casinhas de taipa com telhados de palha. A Europa - In- 
glaterra, França, Portugal e outros países fornece pontes de ferro, 
casas de ferro pré-fabricadas, fontes ornamentais, material elétrico, 
bondes, automóveis, moveis, vestidos, sapatos, tudo quanto Paris e 
Londres anunciavam como novidades. Os primeiros cinemas “Her- 
vet” foram montados em Manaus e o povo pôde assistir, com dife- 
rença de dias, Santos Dumont sobrevoar Paris ou cenas da guerra 
russo-japonesa. A par de toda essa criatividade e expansão material 
cultural, a defesa e garantia do Estado passa a constituir uma pre- 
ocupação do governo central, que instala em Manaus uma Capita- 
nia dos Portos e um Comando das Armas, uma flotilha de guerra e 
outros elementos de destaque na segurança nacional. O Amazonas 
participou da Campanha contra o Paraguai, enviando seus filhos os 
Voluntários da Pátria, e nomes como Luís Antony ou Benjamim Sil- 
va, para citar como exemplo, deram provas de bravuras e amor à 
Pátria, morrendo na luta e recebendo a consagração universal do 
País. O Amazonas também compareceu com um Batalhão da Polícia 
Militar à Campanha de Canudos e comandados pelo valoroso Coro- 
nel Candido Mariano. Esta Polícia Militar foi a primeira a entrar no 
arraial de Canudos, mas lá ficaram enterrados alguns dos briosos 
componentes. A bandeira nacional transportada pelo 1 Batalhão de 
Polícia conserva-se no quartel do mesmo, e podem-se ver os dilace- 
ramentos provocados pela metralha e as manchas de sangue. 
HISTÓRIA E GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
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Não poderíamos deixar de enumerar os grandes surtos cultu- 
rais dos últimos dias da província nos legaram e que foram malba- 
ratados: o Museu Botânico do Amazonas,

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