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Vírus: Seres Vivos ou Não?

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Universidade Nove de Julho – São Bernardo do Campo 
Beatriz de Paula | @plannedmed | MAD1 
- Os vírus são seres vivos? 
 
QUAL É O CRITÉRIO PARA DEFINIR 
VIDA? 
- De acordo com o dicionário: “o estado ou a 
qualidade que distingue seres ou organismos 
vivos dos mortos e da matéria orgânica, 
caracterizada principalmente por metabolismo, 
crescimento e capacidade de reproduzir e 
responder a estímulos”. 
- De acordo com os livros de biologia, coisas 
vivas: 
- São altamente organizadas comparadas a 
objetos naturais inanimados 
- Exibem homeostase, mantendo um meio 
interno relativamente constante 
- Reproduzem-se, crescem e se desenvolvem a 
partir de princípios simples 
- Tomam energia e matéria a partir do meio e a 
transformam 
- Respondem a estímulos e mostram adaptação 
ao seu meio. 
 
- Os vírus são parasitas intracelulares 
obrigatórios. 
- Não respiram, não se movem, não crescem e 
não possem metabolismo de forma 
independente. 
- Possuem entre 20 e 300nm, ou seja, são 
minúsculos (1/10 de uma bactéria, por 
exemplo). 
- Os vírus têm tamanhos e formatos 
(morfologia) diferentes. 
 
 
 
- Os vírus evoluem e se adaptam. 
- Podemos defini-los como um genoma 
funcional. 
- São desprovidos de qualquer estrutura celular 
(são acelulares). 
- São constituídos basicamente pelo ácido 
nucléico (DNA/RNA) recoberto por uma 
camada proteica. 
- Eles utilizam-se da maquinaria celular do 
hospedeiro para replicar, empacotar e 
preservar seu material genético e produzir 
novas partículas virais. 
- Sozinhos, os vírus não fazem nada. 
 
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Beatriz de Paula | @plannedmed | MAD1 
 
- Alguns vírus possuem o envelope, mas não 
todos, o que divide os vírus de 2 classes: os 
envelopados e os não envelopados. 
- O envelope é formado por lipídeos. 
- O capsídeo é formado por proteínas. 
 
- Os vírus não se encaixam em nenhum 
domínio e nenhum reino. 
- São acelulares. 
 
 
ENVELOPE VIRAL: 
- Tem como função a adesão celular. Por 
exemplo: influenza, caxumba, sarampo e HIV. 
 
- Os vírus envelopados utilizam a glicoproteína 
de seu envelope para serem reconhecidos pela 
célula através dos seus receptores, que se 
encontram na superfície da célula. 
- As glicoproteínas variam seu formato de 
acordo com o vírus que fazem parte. 
 
 
- Cada receptor na superfície da célula é 
específico. Assim, cada um só reconhece um 
tipo de glicoproteína. 
- Os vírus de aproveitam de cada receptor 
específico para conectar suas glicoproteínas 
àquelas células que lhes convém. 
- Por exemplo, o coronavírus tem uma proteína 
chamada Spike (chave) que se liga ao receptor 
eca2 (fechadura) das células, que naturalmente 
é um receptor para a angiotensina 2 no corpo 
humano, mas o vírus se aproveita dele. 
- Essa preferência dos vírus por determinadas 
células (que têm os receptores adequados a 
eles) é chamada de tropismo. 
- Falamos que “tal vírus” tem tropismo por “tal 
célula”. 
 
VÍRUS ENVELOPADO x VÍRUS NÃO 
ENVELOPADO: 
- Em um vírus envelopado, o reconhecimento 
se dá através das proteínas encontradas no 
envelope. 
 
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Beatriz de Paula | @plannedmed | MAD1 
- Em um vírus não envelopado, o 
reconhecimento ocorrerá através do capsídeo, 
que também é formado por proteínas e serve, 
portanto, para proteção e reconhecimento. 
 
 
 
- Os vírus envelopados tem menor resistência 
ao meio ambiente. Devido seu caráter lipídico, 
apenas com água e sabão é possível dissolver 
esse envelope e destruí-lo. 
- Os vírus não envelopados são mais 
resistentes, para que o capsídeo seja degradado 
é preciso usar outros mecanismos, como alta 
temperatura, radiação e desinfetantes potentes. 
 
TER OU NÃO ENVELOPE ITNERFERE 
NA FORMA DE TRASMISSÃO VIRAL? 
- Envelopado: transmissão parenteral, sexual 
e transplacentária, por exemplo. (Fluídos: 
sangue, sêmen e saliva, por exemplo). 
- Não envelopado: transmissão pela ingestão 
de alimentos contaminados e oral-fecal, por 
exemplo. 
 
CAPSÍDEO: 
- Composto por subunidades: capsômeros 
(formados por uma ou mais proteínas 
distintas). 
- Tem como função proteger o DNA/RNA 
contra nucleases. 
- Em vírus não envelopados fazem a adesão 
viral às células do hospedeiro. 
 
 
MATERIAL GENÉTICO: 
- O material genético é formado por ácidos 
nucléicos. 
- Os vírus podem ter o material genético de 
DNA ou de RNA. 
- O DNA pode ser de dupla fita (dsDNA - 
double strand DNA) ou fita simples (ssDNA – 
single strand DNA). 
- O DNA pode ser orientado no sentido 
positivo 5’-3’ ou negativo 3’-5’. 
 
- Classificação de Baltimore: agrupa os vírus 
de acordo com o seu material genético. 
 
- A estratégia de replicação do vírus depende 
da natureza do genoma. 
- O grupo 6 e o 7, por exemplo, carrega consigo 
a Transcriptase Reversa, que faz toda diferença 
na replicação do vírus. 
 
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1) Reconhecimento 
2) Penetração 
3) Desnudamento* 
4) Biossíntese 
5) Montagem 
6) Liberação 
- Essas principais etapas ocorrem com todos os 
vírus. Porém, a replicação é distinta para os 
diferentes genomas virais. 
 
1) RECONHECIMENTO / 
ADSORÇÃO: 
- É a interação das proteínas virais com 
receptores presentes na membrana celular. 
- Proteínas de superfície dos vírions: 
proteínas do capsídeo (vírus não envelopado – 
nu – VP) ou glicoproteínas (vírus envelopados 
– GP). 
- Receptores celulares: proteínas 
(glicoproteínas) ou carboidratos. 
 
 
 
2) PENETRAÇÃO: 
- Ocorre através de: 
- Endocitose: englobamento da membrana 
celular mediada por receptores (o vírus induz a 
célula a endocitar). 
- Fusão de membranas: fusão através do 
envelope ou capsídeo na membrana e inserção 
do material genético para dentro da célula. 
 
 
 
3) DESNUDAMENTO / 
DESCAPSIDAÇÃO: 
 
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- Desintegração parcial ou total do capsídeo 
viral e consequente liberação do ácido nucléico 
e enzimas. 
- Ocorre nos vírus que entram com o capsídeo 
íntegro na célula. 
- As vezes os vírus fazem o desnudamento e as 
vezes a própria célula hospedeira faz esse 
processo. 
- Portanto, é a quebra do capsídeo e liberação 
do genoma no citoplasmas (na maioria das 
vezes a célula do hospedeiro destrói o 
capsídeo). 
 
 
4) BIOSSÍNTESE: 
- Depende do ácido nucléico / do genoma do 
vírus. 
- Nada mais é do que a produção de proteínas 
virais e multiplicação do material genético do 
vírus. 
 
VÍRUS ssRNA+ (fita simples no sentido 
positivo 5’-3’): 
- Só passa pelo processo de tradução, o RNA 
será imediatamente lido nos ribossomos e as 
proteínas serão produzidas, formando então o 
capsídeo, envelope e mais cópias do material 
genético. 
- Isso ocorre no citoplasma. 
- Vai direto para o processo de tradução, pois 
o ssRNA+ é igual ao RNA humano. 
 
 
VÍRUS ssRNA- (fita simples no sentido 
negativo 3’-5’): 
- O sentido da fita terá que ser transformado em 
5’-3’ por complementariedade das bases para 
que as proteínas possam ser sintetizadas. 
- O sentido é mudado por uma enzima e a partir 
daí ocorrerá o processo de tradução, o RNA 
será lido nos ribossomos e as proteínas serão 
produzidas, formando então o capsídeo, 
envelope e mais cópias do material genético. 
- Isso ocorre no citoplasma. 
 
 
 
 
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VÍRUS dsRNA (dupla fita): 
- Primeiro a fita tem que ser aberta e essa 
abertura é feita por enzimas que o próprio vírus 
carrega. 
- Quando a fita é aberta e as pontes de 
hidrogênio são desfeitas, a fita 5’-3’ é 
traduzida, sendo produzidas novas proteínas e, 
a outra fita orientada no sentido 3’-5’ é 
utilizada como molde para produzir umafita 
complementar e refazer esse RNA dupla fita, 
multiplicando assim o material genético do 
vírus. 
- Isso ocorre no citoplasma. 
 
 
• Vale lembrar que vírus de RNA 
causam processos infecciosos agudos 
que duram apenas um período. 
 
VÍRUS dsDNA (dupla fita): 
- Precisará passar pelos processos de 
transcrição e tradução. 
- Ele vai direto para o núcleo passar pelo 
processo de transcrição (DNA -> RNA), 
utilizando a RNApolimerase e de lá vai para o 
citoplasma para que ocorra a tradução, nos 
ribossomos, e sejam sintetizadas as proteínas 
virais. 
 
 
VÍRUS ssDNA (fita simples): 
- Para que ele consiga fazer a tradução e a 
transcrição, ele precisa duplicar sua fita. 
- Para que ocorra essa duplicação da fita, esse 
vírus carrega uma enzima que é responsável 
por produzir uma fita complementar de DNA 
3’-5’. 
- Depois que tiver duplicado sua fita, ele vai 
para o núcleo para passar pelo processo de 
transcrição, utilizando a RNApolimerase e, de 
lá, vai para o citoplasma para que ocorra a 
tradução e sem sintetizadas, nos ribossomos, as 
proteínas virais. 
 
 
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• Vale lembrar que os vírus de DNA 
causam infecções persistentes. 
• Você terá processos de reativação viral 
ao longo da sua vida inteira. 
• Alguns vírus de DNA têm como 
estratégia se integrar no genoma 
humano, não tendo mais como retirá-lo 
do nosso DNA, sendo assim as células 
terão informações para sintetizar 
proteínas virais o resto da vida. 
• “Ao contrário do amo, a herpes é para 
sempre”. 
 
5) MONTAGEM: 
- Ocorre no citoplasma da célula hospedeira. 
- É reunir tudo que foi produzido e formar uma 
partícula viral. 
 
 
6) LIBERAÇÃO: 
- Podem ser liberados por: lise, exocitose ou 
brotamento. 
- Lise: rompimento da membrana plasmática 
da célula hospedeira (geralmente ocorre com 
os vírus não envelopados). A célula hospedeira 
morre. 
 
- Exocitose: ocorre através da utilização de 
transportadores vesiculares (golgi e RE). A 
célula hospedeira morre por esgotamento. 
 
- Brotamento: saída através da membrana 
plasmática e captação de componentes da MP. 
Eles levam um pedaço da membrana 
plasmática que será o envelope do vírus 
(geralmente ocorre com os vírus envelopados). 
A célula hospedeira morre por esgotamento. 
 
 
- Os vírus podem ser agrupados de acordo com 
as suas propriedades físico-químicas e 
biológicas, assim como as das células que 
infectam. 
- Bunyaviridae (animais e plantas); 
- Partitiviridae (plantas e fungos); 
- Reoviridae (animais e plantas); 
- Rhabdoviridae (animais e plantas); 
- Phycodnaviridae (protozoários e plantas); 
- Picornaviridae (animais e plantas); 
- Totiviridae (protozoários, fungos e insetos). 
 
- Picornaviridae = “vírus pequenos”. 
- Hepadnaviridae = “DNA vírus que infectam 
células hepáticas”. 
- Retroviridae = “vírus que utilizam a enzima 
transcriptase reversa para replicação”.

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