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meio aos estertores mortais a que rapidamente o lançaram os
ataques magistrais de Brentano — que o sr. Gladstone teria re-
tocado o relato do seu discurso no Times de 17 de abril de 1863,
antes de ser publicado em Hansard, para fazer sumir uma pas-
sagem que seria um tanto comprometedora para um Chanceler
do Tesouro inglês. Quando Brentano, por meio de uma compa-
ração minuciosa dos textos, provou que os relatos do Times e de
Hansard coincidiam em excluírem de modo absoluto o sentido
que a citação ladinamente isolada imputava às palavras de Glads-
tone, então Marx bateu em retirada sob o pretexto de falta de tempo!”
Esse era, finalmente, o osso enterrado! E assim se refletiu, glorio-
samente, na fantasia cooperativista de Cambridge, a campanha anônima
do sr. Brentano no Concórdia! Assim se postava ele, e assim ele brandia
a sua espada,74 “num ataque conduzido magistralmente”, este São Jorge
da União dos Fabricantes Alemães, enquanto o dragão dos infernos, Marx,
estertorava a seus pés “rapidamente em meio a agonias mortais”.
No entanto, toda essa descrição épica a Ariosto só serve para
encobrir os truques desse São Jorge. Aqui já não se fala de “acréscimos
mentirosos”, de “falsificação”, mas de “citação capciosamente isolada”
(craftily isolated quotation). Toda a questão tinha sido deslocada, e
São Jorge e seu escudeiro cambridgeano sabiam muito bem por quê.
Como o Times recusou publicar a réplica, Eleanor Marx encami-
nhou-a à revista mensal To-Day de fevereiro de 1884, reconduzindo o
debate ao único ponto de que se tratava: Marx havia ou não “acres-
centado mentirosamente aquela frase”? O sr. Sedley replicou:
“A questão de saber se determinada frase constou ou não no
discurso do sr. Gladstone era”, na sua opinião, “de importância
muito subalterna” na disputa entre Marx e Brentano, “se com-
parada com a questão de saber se a citação fora feita com a
intenção de reproduzir ou de deformar o sentido de Gladstone”.
E, então, ele admite que o relato do Times “contém de fato uma
contradição nas palavras”; mas, o resto do contexto explicaria, mos-
traria, corretamente, isto é, no sentido liberal-gladstoniano, o que o
sr. Gladstone teria desejado dizer (To-Day, março de 1884). O cômico
é que o nosso homenzinho de Cambridge empenha-se agora em não
citar o discurso conforme Hansard, como seria “costumeiro”, segundo
o anônimo Brentano, mas conforme o relato do Times, designado pelo
mesmo Brentano como “necessariamente malfeito”. Naturalmente, já
que a frase fatal falta no Hansard!
MARX
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74 Engels faz aí uma variação em torno das palavras do fanfarrão e covarde Falstaff, que
conta como ele teria, sozinho, lutado contra cinqüenta pessoas. (SHAKESPEARE. Henrique
IV. Parte Primeira. Ato II. Cena IV.) (N. da Ed. Alemã.)

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