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Radiologia e tomografia do abdome RADIOLOGIA: 1- Indicações: • Obstrução intestinal – buscar dilatações de alças do cólon, delgado e estomago • Perfurações das vísceras ocas, pois quando há perfuração o ar passa pra dentro da cavidade (o que não é comum) – buscar pneumoperitoneo e retropneumoperitoneo • Patologias renais, rins com calcificações, aumentado, diminuído • Abdome agudo • Localização de corpo estranho – busca de corpos opacos • Detecção de calcificações 2- Anatomia do abdome no raio x: • Os órgãos que estão mais visíveis no raio-x são aqueles que tem ar, de modo que muitos órgãos, no caso os órgãos sólidos, não são tão bem vistos, o que se vê mais são suas sombras, como o fígado, rins e baço; o raio-x não é tão delimitado como a tomografia • Considerar, na posição ortostática, que o paciente está “olhando para você”, isso é útil para distinguir o lado esquerdo do direito • Dividir o abdome em algumas regiões (9 quadrantes) = passar uma linha a partir da linha hemiclavicular direita e esquerda (vertical) e duas linhas horizontais, uma mais ou menos sobre a crista ilíaca e a outra sobre o rebordo costal inferior > hipocôndrio direito, epigástrio, hipocôndrio esquerdo, flanco direito, mesogástrico, flanco esquerdo, Fossa ilíaca direita, FIE, e hipogástrio • Ou ainda, pode-se dividir em quadrantes > QSD, QSE, QID, QIE - Uma linha horizontal e uma vertical que se cruzam perpendicularmente na cicatriz umbilical. ➢ Geral: ➢ O estomago > no quadrante superior esquerdo ou na região hipogástrica esquerda • Bolha gástrica > pode ir até debaixo da cúpula Imagem da direita está com contraste, a da esquerda sem contraste e em posição ortostática, observar a bolha gástrica No Raio-x com contraste por via oral, também dá pra observar o pregueamento da mucosa gástrica ➢ O cólon e o delgado • O delgado ocupa uma região mais central enquanto o cólon circunda esse delgado (nem sempre isso fica tão certinho, tão visível) A imagem da esquerda mostra o cólon emoldurando o delgado, mas o que é mais comum de ser visto é a imagem da direita, aonde não fica tão delimitada essa emolduração É comum ter ar no delgado e no reto sigmoide, desde que não haja nível hidroaéreo ➢ Rins e Psoas • Do lado dos rins > psoas; os rins não são tão visíveis no raio-x de abdome, mas aparecem as sombras deles e devemos saber sua localização; os ureteres também não são tão visíveis mas é importante saber que eles ficam próximos aos processos transverso ➢ Fígado, baço e pâncreas ➢ Bases pulmonares ➢ Elementos ósseos: • Olho > pedículos • Nariz > processo espinhoso • Orelha > processo transverso • Cara > corpo ➢ Pelve 3- O que buscar no raio x simples de abdome: • Calcificações anormais: O osso tem cálcio, nos outros lugares geralmente não tem depósito de cálcio, ele pode aparecer no pâncreas em casos de pancreatite crônica; pode-se achar em cálculo nos rins, pelve renal, ureter, cálices renais e no interior da bexiga; também podem ser vistas calcificações no intestino como na apendicolite que leva a apendicite, pode ter calcificações na vesícula também Formação de pedras, cálculos renais = litíase • Presença de gás: > O estomago tem ar e tem líquido e contém o chamado nível hidroaéreo (separação entre esse ar e água) > O intestino delgado tem ar, mas apenas 2 ou 3 lupins (bolsinhas) com ar, ou seja, ele tem pouco ar > Cólon > tem ar, geralmente bastante, composto por ar e fezes; quando o ar está entremeado com as fezes cria-se uma figura chamada miolo de pão • Ar extraluminal: - Não é para ter ar na cavidade abdominal, ele só vai existir quando há perfurações das vísceras ocas Geralmente o raio-x de abdômen deve vir acompanhado de um raio-x de tórax para avaliar a existência de ar nas cúpulas frênicas. 4- ABCDE do abdome A > AR – Reparar a distribuição geral de gás no abdome, procurar ar fora do lugar (pneumoperitoneo, retropneumoperitoneo, aeroportia e aerobilia); o ar deve estar dentro das alças intestinais, um pouco nas alças de delgado, um pouco no reto, o ar nesses locais também não devem estar dilatados; no estomago vê-se a bolha gástrica; Na foto da esquerda a presença de ar é bem óbvia, já na da direta só percebemos esse ar (quando não temos muita experiencia) ao lembrarmos que o rim, órgão sólido, não deveria estar tão claro no raio-x, o que ocorre é que tem ar ao lado dele, delimitando-o, como o rim fica no retroperitoneo, o ar é retroperitoneal B > Bordas - Avaliar as bordas/margens dos órgãos sólidos, principalmente das alças intestinais > procurar essas alças, ver se ela está dilatada (3, 6, 9) ou espessada; nesse momento procura-se volvo, hérnias, dilatação das alças ou estomago, ou mesmo um fecaloma; Na inflamação do cólon, por exemplo, as haustrações são deformadas, parecendo como um tubo reto; É interessante também observar as bordas dos órgãos sólidos, para procurar por exemplo esplenomegalia, hepatomegalia, etc. - Sinal do J invertido > quando há uma alça intestinal dilatada, com dois níveis hidroaéreos, um mais baixo e um mais alto > forte indício de obstrução C > Calcificações Reparar se há calcificações clinicamente significantes > cálculo na vesícula, nos rins, nefrocalcinose, calcificações pancreáticas ou aórticas (aneurisma) D > Dispositivos Procurar dispositivos e corpos estranhos, sondas, drenos, cateteres, “objetos”, clipes/fios cirúrgicos, filtros, diu, etc > ou seja, tudo que não é próprio do paciente E> esqueleto (e esquecidas) Repare no esqueleto e colunas, procure por fraturas, lesões líticas/escleróticas, verifique o alinhamento, altura dos corpos e identifique os pedículos; na parte de esquecidas, olhar as bases pulmonares, regiões inguinais, periferia do filme 5- Necessidades: • Raio-x em decúbito dorsal • Ortostática – incidência AP (anteroposterior) • Decúbito lateral > serve para ver níveis líquidos dentro da cavidade peritoneal, como na ascite, ou ar na cavidade peritoneal; essa é uma exceção de solicitação, não é rotineiro • Com contraste > o contraste pode ser administrado por via oral, retal ou injetável; quando é por via oral objetiva-se ver ulcerações, falhas de enchimento, dilatação do esôfago, anormalidades no pregueamento da mucosa gástrica; já pela via retal é possível ver falhas de enchimento do intestino grosso (como em neoplasias, presença de ulcerações extensas, doença diverticular) • O contraste intravenoso é usado mais para tomografia do que para raio-x do abdome • Cúpulas frênicas O raio x de abdome não deve ser colimado, de maneira que deve ter todo seu abdome, sem cortes (incluindo as bases pulmonares, a sínfise púbica e as paredes laterais) ➢ Decúbito dorsal, ortostático e nível hidroaéreo Esse paciente está em decúbito dorsal, sabe-se disso pois não é possível observar a bolha gástrica; ademais, aqui estamos vendo ar e fezes no colo ➢ Quando esse tubo está ortostático vemos os níveis hidroaéreos, ou seja, quando se ve a separação entre ar e líquido sabe-se que o paciente está em posição ortostática ➢ Quando esse tubo está em decúbito dorsal não se vê na placa de captação a separação entre ar e líquido > quando não se vê a bolha gástrica também sabe-se que o paciente está em decúbito dorsal 1- Sabe-se que esse paciente está em posição ortostática (bolha gástrica circulada), além dofato de ele ter vários níveis hidroaéreos (essa escadinha) 2- Esse paciente está com obstrução intestinal – não há ar no reto uma vez que a obstrução impede sua passagem 1- Paciente com ar entre as cúpulas diafragmáticas e o fígado (círculo vermelho); círculo verde indica a bolha gástrica > houve um pneumoperitoneo decorrente de perfuração de víscera oca 2- A posição é ortostática (bolha gástrica) 1- O intestino grosso tem algumas alças com meso longo (estrutura de delimitação do peritoneo parietal) que permitem que ele mude de local, nesse caso desse raio-x ele mudou de lugar para envolver um apêndice inflamado, tentando “protege-lo”, assim observa- se as alças e bolhas de ar sobre a fossa ilíaca direita 6- Intestino delgado, intestino grosso e estomago (comparações) - Pontos importantes dessa tabela: • No IG o transverso e o sigmoide tem posição bem variável • No estomago quando o paciente está em posição ortostática há o nível hidroaéreo, bolha gástrica • Regra pra ter ideia do tamanho > o estomago varia de acordo com a dieta; o ID é normal até 30mm e o IG até 60 e o ceco 90 > regra do 3,6,9 Como funciona a regra do 3,6,9: o limite do diâmetro do delgado é 3, o limite do diâmetro do grosso é 6 e do ceco é 9 (podemos pensar que o ceco é a porta de entrada, que recebe toda a “bomba” assim ele poderia dilatar mais, por isso é o 9) 7- Intestino delgado versus Intestino grosso: ➢ Como diferenciar os dois intestinos: • Id quando dilatado deixa aparente as válvulas coniventes, quando tiver líquido elas não são vistas; essas válvulas são mais próximas uma das outras do que as haustras do colo, atravessam o intestino lado a lado dando aspecto de pilha de moedas; • No intestino grosso > haustrações e pregas semilunares (ligam as haustrações) > são mais grossas que no delgado; as dobras haustrais são incompletas, ou seja, não atravessam até o outro lado Raio-x com contraste, seta vermelha indica as pregas e as dobras estão em verde 8- Hepatomegalia e Esplenomegalia Notar o espaço diminuído entre o fígado e a crista ilíaca 9- Mais sobre os rins: • Os rins são frequentemente visíveis no raio-x de abdome, mas não muito delimitados já que se trata de um órgão sólido • Eles ficam situados entre T12-L3 e lateralmente ao músculo ilio-psoas • As vértebras torácicas até T12 estão juntas com as costelas, a partir daí sabemos que são as lombares • O rim direito é mais baixo devido ao fígado localizado no hipocôndrio direito • Deve-se observar nos raios-x na avaliação de rins: posição, tamanho e a presença ou não de calcificações • Um método de contraste usual para avaliação dos rins é a urografia excretora que ocorre por via endovenosa > esse contraste é injetado e vai ser excretado pelo rim (algumas estruturas como os ureteres e os cálices só são observados no raio-x com o uso desse contraste) Avaliação desse raio-x com contraste: 1- Tamanho: o rim direito está menor 2- Calcificação: não da para enxergas os cálices superiores e médio, provável que algo os tenha fechado, podendo ser inflamação ou calculo 3- Posição: normal TOMOGRAFIA: - Exame com uma qualidade de resolução espacial superior ao raio-x no entanto seu custo é maior - É a escolha diagnóstica para a maioria das anormalidades abdominais, muito usada no abdome agudo uma vez que é capaz de distinguir processos inflamatórios e líquido intraperitoneal; detecta gás fora das alças intestinais; avalia a evolução de várias doenças 1- Contraste endovenoso - A finalidade da TC com contraste é encontrar a patologia aumentando o contraste entre uma lesão e as estruturas circundantes normais. - Utilidade: • Habilidade na identificação de pequenas diferenças de densidade em uma imagem; (mais cinza, mais preto, mais branco) • Avaliação da presença e/ou caracterização de massa; • Trauma: buscar ruptura dos órgãos (hemorragias internas); • Dor abdominal (infarto isquêmico); • Detecção de aneurisma ou dissecção aorta. - Imagem sem contraste: útil na detecção de calcificações, gordura em tumores, gordura em processos inflamatórios como como apendicite, diverticulite, etc. 2- Corte axial de uma tomografia de abdome • Algumas anotações anatômicas ➢ Lembrar que a cavidade abdominal é basicamente dividida naquelas estruturas peritoneais e retroperitoneais (separadas pelo peritoneo) ➢ No espaço retroperitoneal: • Pâncreas – fica “enroscado” com o duodeno • Duodeno – sua segunda porção Observar que o pâncreas e a segunda porção do duodeno são retroperitoneais, e o estomago e o jejuno são intraperitoneais • Rim direito e esquerdo • Aorta • Veia cava inferior • Cólon ascendente e descendente Esse espaço retroperitoneal ainda pode se dividir em espaço pararrenal posterior, pararrenal anterior e perirrenal > quem manda nisso é o rim, o que está ao lado dele é perirrenal; na frente é o espaço pararrenal anterior e posterior ao rim é pararrenal posterior Estomago, duodeno e intestino grosso: Observar > corpo do estomago > antro > piloro > duodeno (faz um C, atravessa a linha média e volta); o círculo azul mostra o jejuno, suas prega são mais evidentes e o laranja o íleo Pâncreas: Observar que a cauda chega no baço e a cabeça fica enroscada com a segunda porção do duodeno Geral: 1- Bolha gástrica 2- Intestino grosso 3- Baço 4- Artéria aorta descendente 5- Vértebra 6- Fígado Aplicação do contraste em fases: • Divide-se em 4 fases que permitem o estudo específico de situações • Fase arterial precoce > Esta é a fase onde o contraste ainda está nas artérias e não realçou órgãos e outros tecidos moles: então, como ela está só nos vasos, torna-se importante para detectar anomalias venosas como detecção de dissecção aorta e sangramento arterial; injeta-se o contraste e de 15 a 20 segundos a maquina deve iniciar os cortes 1- Tronco celíaco 2- Artéria esplênica 3- Artéria hepática comum Reparar que a aorta descendente está com contraste • Fase arterial ➢ 35-40 seg p/ imagem; ➢ Realce de estruturas com suprimento de sangue arterial; ➢ Detecção lesões hipervascularizadas, como tumores hipervasculares; estômago, IG, pancreas, baço, cortical renal 1- Vesícula biliar 2-Pancreas 3-Veia cava 4-Rins 5-Aorta descendente • Fase pancreática ➢ Um pouco mais tardia que a arterial, cerca de 40 segundos depois ➢ Nessa fase o parênquima pancreático está no seu apice de realçamento > aqui é possível identificar tumores pancreáticos, que estarão menos realçados; também se detecta necroses pancreáticas • Fase hepática ou portal tardia ➢ 70-80 segundos após a injeção ➢ Contraste está passando pelas veias mesentéricas ➢ Realce do parênquima hepática ➢ Identifica as lesões hipovasculares do fígado 1- Pâncreas 2- Aorta descendente 3- Rins 4- Veia cava inferior • Fase nefrogênica ➢ 100 seg após a injeção ➢ Realce do parênquima incluindoa medula renal 1- Rins 2- Pelve renal 3- Aorta descendente 4- Veia cava 5- Alça do intestino 6- Retroperitoneo • Fase tardia > é a fase na qual o contraste está sendo excretado, preenche cálices, ureter, bexiga ➢ Possível avaliar falhas na excreção ➢ Avalia-se anomalias congênitas Vantagens e desvantagens da TC: 1- Vantagens: • Menor tempo de execução dos exames • Maior disponibilidade • Menor custo quando comparado com a RM • Avaliação das estruturas em planos axiais (transversos), sem superposição dessas estruturas • Facilidade no estudo de lesões de forma dinâmica a partir do contraste 2- Desvantagens: • Utiliza radiação ionizante • Em pacientes com historia de alergia ao contraste iodado • Exames não fica bom em pacientes obesos e gestantes • Pacientes com insuficiência renal com clearence entre 30 e 15, ou seja, pré-dialiticos não devem fazer esse exame pois o contraste pode prejudicar mais o rim fazendo com que o pré-dialitico torne-se dialitico • Já o dialítico pode realizar o exame já que a hemodiálise que vai filtrar esse contraste depois Alguns exemplos de TC: 1- Imagem alta do abdome: • Observar o estomago com nível hidroaéreo (ele foi contrastado por contraste via oral) • Observar a cauda do pâncreas próxima ao baço • A estrutura marcada com o X são os pilares diafragmáticos 2- 3-
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