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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS Coordenação do Curso de Engenharia de Materiais ESTUDO DE NANOCRISTAIS DE ZnWO4 EM PROCESSO DE FOTOCATÁLISE FRENTE A CONTAMINANTES DE EFLUENTES INDUSTRIAIS ELIEZER COSTA SILVA MANAUS - AM 2019 2 Ficha Catalográfica Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo autor. S586e Estudo de nanocristais de ZnWO4 em processo de fotocatálise frente a contaminantes de efluentes industriais / Eliezer Costa Silva. 2019 62 f.: il. color; 31 cm. Orientadora: Içamira Costa Nogueira TCC de Graduação (Engenharia de Materiais) - Universidade Federal do Amazonas. 1. Semicondutor. 2. ZnWO4. 3. Fotocatálise. 4. Efluentes têxteis. I. Nogueira, Içamira Costa II. Universidade Federal do Amazonas III. Título Silva, Eliezer Costa II 3 ELIEZER COSTA SILVA ESTUDO DE NANOCRISTAIS DE ZnWO4 EM PROCESSO DE FOTOCATÁLISE FRENTE A CONTAMINANTES DE EFLUENTES INDUSTRIAIS ORIENTAÇÃO: Profa. Dra. IÇAMIRA COSTA NOGUEIRA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia de Materiais, da Universidade Federal do Amazonas, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Materiais. Linha de Pesquisa: Ciência dos Materiais Área de concentração: Cerâmica Avançada MANAUS - AM 2019 III 4 DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS Coordenação do Curso de Engenharia de Materiais Estudo de nanocristais de ZnWO4 em processo de fotocatálise frente a contaminantes de efluentes industriais Eliezer Costa Silva Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia de Materiais, da Universidade Federal do Amazonas, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Materiais. Aprovado em, 16 de dezembro de 2019. COMISSÃO EXAMINADORA Profa. Dra. Içamira Costa Nogueira Universidade Federal do Amazonas Departamento de Física Orientadora Profa. Dra. Juliana De Jesus Rocha Pardauil Universidade Federal do Amazonas Departamento de Química Prof. Dr. Mateus Meneghetti Ferrer Universidade Federal do Amazonas Programa de Pós-Graduação em Química IV 5 A Deus pela graça de chegar até aqui. A minha mãe Menaide Rodrigues Costa e ao meu pai Elias Neto Sarmento da Silva, essa vitória é por vocês; Aos meus irmãos Eliézio, Eloyza e Elizângela; A minha segunda família que ganhei em Manaus, Iolanda, Antônio, Thaís e Thainá. A dona Luizinha e Profa. Sagama (ambas in memorian), pelo incentivo, torcida e afeto que tinham por mim. Dedico. V 6 AGRADECIMENTOS Inicialmente à Deus, pelo dom da vida, por sua misericórdia que me alcança dia após dia e pela a oportunidade de concretizar mais essa vitória. A minha família (Elias, Menaide, Eliézio, Eloyza, Elizângela e João Elias) por entender e apoiar a necessidade de sair de casa em busca de um sonho. A minha segunda família em Manaus (Iolanda, Toinho, Thainá, Thais e Murilo) que deram todo o suporte para minha estadia durante esse tempo de graduação, sem vocês parte dessa vitória não teria sido concretizada. A minha estimada orientadora e amiga Profa. Dra. Içamira, pela paciência, amizade, apoio e por ter confiado e acreditado no meu potencial desde o primeiro Projeto de Iniciação Científica até este Trabalho de Conclusão de Curso. Aos integrantes do nosso grupo de pesquisa Antônio, Vitória, Vinícius, Daniel, Igor, Rodrigo, Beatriz, Ananias e Victória. Aos amigos (as) e colegas do curso de Bacharelado em Engenharia de Materiais pela troca de conhecimento, ajuda, colaborações e apoio, vocês serão excelentes profissionais, eu acredito! Agradeço aos professores da Universidade Federal do Amazonas, sobretudo aos do departamento de Engenharia de Materiais que foram a base desse aprendizado. E em nome dos membros dos Laboratório de Pós-Graduação em Físico-Química (DQ/UFAM) e Laboratório de Processamento de Materiais Tecnológicos (FT/UFAM), agradeço a todos os laboratórios e parceiros que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho. VI 7 O que quer que você faça, faça bem feito. Faça tão bem feito que, quando as pessoas te virem fazendo, elas queiram voltar e ver você fazer de novo e queiram trazer outros para mostrar o quão bem você faz aquilo que faz. Walt Disney VII 8 RESUMO Neste estudo, nanocristais de ZnWO4 foram preparados com sucesso pelo método de precipitação química para aplicação na degradação/descoloração de corantes têxteis via processo de fotocatálise heterogênea. O ZnWO4 foi precipito a partir de soluções aquosas de tungstatos de sódio e nitrato de zinco à temperatura ambiente. O precipitado apresentou fase amorfa, com partículas nanométricas dispersas e aglomeradas. A análise térmica do precipitado amorfo indicou dois picos exotérmicos em 367 °C e 514 °C referentes às possíveis transformações de fase para formação final do ZnWO4. Com os tratamentos térmicos realizados, observou-se por difração de raios x (DRX) que até 300 °C por 3 horas o material ainda apresentou-se na forma amorfa. De 350 a 450 °C por 3 horas os difratogramas apresentaram picos cristalinos de fases intermediárias, não identificadas. A partir de 500 °C por 3 horas foi possível obter a fase cristalina do ZnWO4. O padrão de DRX em conjunto com o refinamento de Rietiveld, mostraram que a amostra é monofásica, sendo indexado à fase ZnWO4 com estrutura monoclínica, pertencente ao grupo espacial P2/c. O espectro Raman apresentou bandas bem definidas e intensas, características de cristais com boa ordem estrutural a curta distância, com 17 modos vibracionais ativos, referentes aos clusters de WO6 e ZnO6. A caracterização no UV-Vis por reflectância difusa permitiu calcular a energia de “band gap” da amostra utilizada para avaliação fotocatalítica (tratada termicamente a 500 °C por 90 minutos), obtendo Egap de 3,1 eV. O estudo fotocatalítico para degradar/descolorir as moléculas dos corantes Rodamina B, Azul de Metileno, Azul de Bromofenol e Alaranjado de Metila em solução aquosa na presença de radiação UVc, mostrou que os nanocristais de ZnWO4 apresentaram elevada performance fotocatalítica, com percentual de degradação/descoloração de 74, 91, 92 e 92% respectivamente. Pôde-se verificar ainda que a velocidade do processo de degradação/descoloração das soluções dos corantes variou, sendo que a Rodamina B e o Azul de Metileno apresentaram cinética de degradação/descoloração mais rápidas nos experimentos. Palavras chave: Semicondutor, ZnWO4, Fotocatálise, Efluentes Têxteis. VIII 9 ABSTRACT In this study, ZnWO4 nanocrystals were successfully prepared by the chemical precipitation method for application in the degradation/discoloration of textile dyes via heterogeneous photocatalysis process. The ZnWO4 was precipitated from aqueous solutions of sodium tungstate and zinc nitrate at room temperature. The precipitate showed amorphous phase, with dispersed and agglomerated nanometric particles. Thermal analysis of the amorphous precipitate indicated two exothermic peaks at 367 °C and 514 °C regarding the possible phase transformations for final ZnWO4 formation. With the heat treatments performed, it was observed by X-ray diffraction (XRD) that up to 300 °C for 3 hours the material was still in amorphous form. From 350 to 450 °C for 3 hours the diffractograms showed unidentified intermediatephase crystalline peaks. From 500 °C for 3 hours the crystalline phase of ZnWO4 could be obtained. The XRD pattern together with the Rietiveld refinement showed that the sample is single phase, being indexed to the ZnWO4 phase with monoclinic structure, belonging to the P2/c space group. The Raman spectrum presented well defined and intense bands, characteristics of crystals with good structural order at close range, with 17 active vibrational modes, referring to the clusters of WO6 and ZnO6. The UV-Vis characterization by diffuse reflectance allowed to calculate the band gap energy of the sample used for photocatalytic evaluation (heat treated at 500 °C for 90 minutes), obtaining Egap of 3.1 eV. The photocatalytic study to degrade/discolor the dye molecules Rhodamine B, Methylene Blue, Bromophenol Blue and Methyl Orange in aqueous solution in the presence of UVc radiation, showed that ZnWO4 nanocrystals showed high photocatalytic performance, with degradation percentage/discoloration of 74, 91, 92 and 92% respectively. It was also verified that the speed of the degradation/discoloration process of the dye solutions varied, and Rhodamine B and Methylene Blue showed faster degradation/discoloration kinetics in the experiments. Keywords: Semiconductor, ZnWO4, Photocatalysis. IX 10 LISTRA DE FIGURAS Figura 2.1 – Relação entre desenvolvimento e poluição ambiental ......................................... 20 Figura 2.2 – Geração de resíduos na produção industrial ............................................................ 21 Figura 2.3 – Ciclo da contaminação no meio ambiente ................................................................. 21 Figura 2.4 – Exemplos de grupos cromóforos e auxocromos ..................................................... 22 Figura 2.5 – Estrutura química do corante Rodamina B ............................................................... 23 Figura 2.6 – Estrutura química do corante Azul de Metileno ...................................................... 24 Figura 2.7 – Estrutura química do corante Alaranjado de Metila .............................................. 25 Figura 2.8 – Estrutura química do corante Azul de Metileno ...................................................... 25 Figura 2.9 – Esquema ilustrativo do processo de fotocatálise heterogênea utilizando um material semicondutor ............................................................................................................................... 26 Figura 2.10 – Representação da célula unitária dos tungstatos tipo wolframita ................ 28 Figura 4.1 – Representação do processo de síntese dos nanocristais de ZnWO4 ................ 32 Figura 5.1 – Padrão de DRX da amostra após a síntese por precipitação .............................. 36 Figura 5.2 – Micrografias de FEG-SEM da amostra obtida por precipitação a temperatura ambiente .......................................................................................................................................................... 36 Figura 5.3 – (a) Espectroscopia de Raios X por Dispersão de Energia (EDS) e (b) Microscopia Eletrônica de Transmissão ............................................................................................. 37 Figura 5.4 – DSC da amostra obtida por precipitação a temperatura ambiente .................. 38 Figura 5.5 – Padrão de DRX do precipitado tratado termicamente entre 250 e 550 °C por 3 horas .............................................................................................................................................................. 39 Figura 5.6 – Micrografias de FEG-SEM dos nanocristais de ZnWO4 (a, b) tratados termicamente a 300 °C por 3h; (c, d) tratados termicamente a 400 °C por 3h, e (e, f) tratados termicamente a 550 °C por 3h. ............................................................................................. 40 Figura 5.7 – Evolução estrutural das amostras tratadas a 500 °C por 30, 60, 90 e 180 minutos ............................................................................................................................................................ 41 Figura 5.8 – Refinamento Rietveld dos nanocristais de ZnWO4 tratados termicamente a 500 °C por 90 minutos obtidos pelo método de precipitação a temperatura ambiente .. 42 Figura 5.9 – Representação da célula unitária do ZnWO4 obtidos pelo método de precipitação .................................................................................................................................................... 44 Figura 5.10 – Espectro Raman dos nanocristais de ZnWO4 obtidos pelo método de precipitação .................................................................................................................................................... 44 Figura 5.11 – Micrografias dos nanocristais de ZnWO4 tratados termicamente a 500 °C por 90 minutos .............................................................................................................................................. 46 Figura 5.12 – Espectros de UV-Vis dos nanocristais de ZnWO4 a 500 °C/90min ................ 47 Figura 5.13 – Fotólise dos corantes têxteis a) Rodamina B, b) Azul de Bromofenol, c) Azul de Metileno e d) Alaranjado de Metila ................................................................................................. 48 X 11 Figura 5.14 – Ensaio fotocatalítico na degradação/descoloração do corante, a) Rodamina B, b) Azul de Metileno, c) Azul de Bromofenol e d) Alaranjado de Metila com a amostra tratadas à 500 °C por 90 minutos .......................................................................................................... 49 Figura 5.15 – Taxa de degradação/descoloração do corante na atividade de fotólise (a, c, e, g) e cinética da degradação/descoloração do corante na atividade de fotólise (b, d, f, h) durante 120 minutos .................................................................................................................................. 51 Figura 5.16 – a) Comparação da degradação/descoloração aparente dos corantes e b) cinética de degradação/descoloração dos corantes na presença de catalisador de ZnWO4 ............................................................................................................................................................... 52 XI 12 LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 – Reagentes utilizados na obtenção dos nanocristais de ZnWO4 ......................... 31 Tabela 5.1 – Parâmetros de rede, volume da célula e índices de qualidade obtidos após o refinamento de Rietveld ............................................................................................................................ 43 Tabela 5.2 –Dados das atividades de fotólise e fotocatálise ........................................................ 52 XII 13 LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES Ѳ – Ângulo de difração Å – Angstrom Α, β e ϒ – Ângulos internos da célula unitária e- – Elétron ℎ+ – Buraco ℎν – Radiação λ – Comprimento de onda ° – Ângulo °C – Celsius AB – Azul de Bromofenol AM – Azul de Metileno BaWO4 – Tungstato de Bário BC – Banda de Condução Bi2WO6 – Tungstato de Bismuto BV – Banda de Valência C – Concentração C0 – Concentração inicial CoWO4 – Tungstato de Cobalto DRX – Difração de Raios X EDS – Espectroscopia de Energia Dispersiva Egap – Energia do band gap FT – Faculdade de Tecnologia H2O2 – Peróxido de Hidrogênio ICE – Instituto de Ciências Exatas ICSD – Inorganic Crystal Strucuture Database JCPDS – Joint Committee on Powder Diffraction Standards Yobs – Intensidade experimental Ycalc – Intensidade teórica Yobs - Ycalc – Resíduo 𝑘 – Constante de velocidade aparente XIII 14 LIEC – Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica MEV – MicroscopiaEletrônica de Varredura Na₂WO4•2H₂O – Tungstato de Sódio Dihidratado NiWO4 – Tungstato de Níquel nm – Nanômetro mW - Milivolts pH – Potencial de Hidrogênio PL – Fotoluminescência POA’s – Processos Oxidativos Avançados R2 – Coeficiente de Determinação Linear UV-Vis – Ultravioleta Visível T – Temperatura t – Tempo TEM – Microscopia Eletrônica de Transmissão TG – Termogravimetria TiO2 – Óxido de Titânio u.a – Unidade Arbitrária UFSCar – Universidade Federal de São Carlos UVc – Radiação Ultravioleta Curta WO4 – Óxido de Tungstênio ZnO – Óxido de Zinco ZnWO4 – Tungstato de Zinco Zn(NO₃)₂•6H₂O – Nitrato de Zinco Hexa-Hidratado XIV 15 SUMÁRIO RESUMO ........................................................................................................................................................ VIII ABSTRACT ....................................................................................................................................................... IX LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................................... X LISTA DE TABELAS ...................................................................................................................................... XII LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ........................................................................................................ XIII 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 17 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................... 20 2.1. Indústria, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável .............................................. 20 2.2. Corantes Têxteis ................................................................................................................................. 22 2.2.1. Rodamina B (RhB) ...................................................................................................................... 23 2.2.2. Azul de Metileno (MB) ............................................................................................................... 24 2.2.3. Alaranjado de Metila (AM) ....................................................................................................... 24 2.2.4. Azul de Bromofenol (AB) ......................................................................................................... 25 2.3. Fotacatálise Heterogênea aplicada a remediação de contaminação ambiental ........ 25 2.4. Tungstatos de Zinco (ZnWO4) e os semicondutores inorgânicos ................................... 27 3. OBJETIVOS ................................................................................................................................................. 30 3.1. Geral ........................................................................................................................................................ 30 3.2. Específicos ............................................................................................................................................ 30 4. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................................................... 31 4.1. Síntese dos nanocristais catalisadores de ZnWO4 ................................................................ 31 4.2. Caracterização dos nanocristais catalisadores de ZnWO4 ................................................. 32 4.2.1. Difração de Raios X ..................................................................................................................... 32 4.2.2. Microscopia Eletrônica de Varredura ................................................................................. 33 4.2.3. Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM) e Espectroscopia de Raios X por Dispersão de Energia (EDS) ................................................................................................................ 33 4.2.4. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) .................................................................... 33 4.2.5. Refinamento Rietveld (RR) ...................................................................................................... 33 4.2.6. Espectroscopia Raman (FT-Raman) .................................................................................... 34 4.2.7. Eficiência Energética no Tratamento Térmico ................................................................ 34 4.2.8. Espectroscopia óptica nas regiões do ultravioleta e visível (UV-Vis) ..................... 34 4.2.9. Ensaios Fotocatalíticos .............................................................................................................. 35 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................................................. 36 5.1. Obtenção dos nanocristais catalisadores de ZnWO4 ............................................................ 36 16 5.2. Evolução estrutural e morfológica dos precipitados tratados termicamente ........... 38 5.3. Eficiência energética no tratamento térmico e parâmetros estruturais ...................... 41 5.4. Cálculo do band gap óptico dos nanocristais .......................................................................... 46 5.5. Potencial fotocatalítico dos nanocristais de ZnWO4 frente a corantes têxteis .......... 47 6. CONCLUSÃO .............................................................................................................................................. 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................... 55 17 1. INTRODUÇÃO Da energia a vapor ao desenvolvimento da energia elétrica inúmeras mudanças marcaram o setor industrial. Os avanços tecnológicos possibilitaram produção em massa, aumento da produtividade e automação nas indústrias. Atualmente as tecnologias digitais estão modificando as relações entre diferentes setores industriais, e o conceito de indústria 4.0 permite unir as então tecnologias operacionais e a moderna tecnologia da informação. O intuito da indústria 4.0 é unificar máquinas e dispositivos físicos complexos, com o auxílio de sensores e softwares, permitindo prever, controlar e planejar melhorias nos resultados empresarial e social [1]. Visto que as revoluções no setor industrial e a relação com a sustentabilidade nem sempre foram positivas, essa nova revolução precisa acontecer de maneira sustentável, e as questões ambientais acrescidas desse processo devem ser o foco das organizações industriais. A prevenção dos recursos naturais e o controle da contaminação ambiental são questões recorrentes na sociedade moderna. A conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável [1], a Rio +20, objetivou renovar o compromisso político com o desenvolvimento sustentável, e o setor produtivo brasileiro, comprometeu-se em buscar soluções sustentáveis para conciliar a expansão industrial à conservação do meio ambiente. Diante disto, inúmeras pesquisas vêm sendo realizadas objetivando a contínua redução da emissão de poluentes, reciclagem e reutilização de materiais, uso consciente da água, utilização de materiais vegetais, aumento da eficiência energética e preservação dos recursos hídricos, em diversos setores industriais, como: químico, mineração, cosmético, automobilístico, cimenteiro, setor de celulose e papel, agrícola e têxtil [2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9]. Apesar de ser uma fonte renovável, o fornecimento de água limpa e potável mundialmente está diminuindo.O relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2017, afirma que cerca de três a cada dez pessoas não têm acesso a água potável em casa [10]. Esta situação sinaliza para o controle da poluição da água, sobretudo das águas residuais das indústrias têxteis com vários corantes inorgânicos e orgânicos. Muitos dos corantes têxteis são quimicamente ou fotoquimicamente resistentes à degradação em condições ambientais, e muitas técnicas físicas convencionais (adsorção em carvão ativado, osmose reversa, ultrafiltração, troca iônica em resinas adsorventes 18 sintéticas e coagulação por agentes químicos) [11, 12, 13, 14] apenas transferem os compostos da água para outra fase, ocasionando poluição secundária. À vista disso, dentre os mecanismos de baixo custo, ambientalmente amigáveis e viáveis para remoção eficaz de contaminantes de águas residuais destacam-se os Processos Oxidativos Avançados (POAs), que proporcionam a capacidade de degradar compostos orgânicos tóxicos presentes em efluentes, reduzindo-os ou mineralizando-os completamente. Dentre os POAs, a fotocatálise heterogênea acelera uma reação pela absorção de fótons de radiação ultravioleta, visível ou infravermelho por um catalisador. De maneira simples, o mecanismo geral da reação da fotocatálise heterogênea é baseado na existência de descontinuidade de energia entre a banda de valência (BV) e a banda de condução (BC) de um semicondutor [15,16]. Quando uma radiação (hν) com energia igual ou superior a descontinuidade entre as bandas incidi sobre o semicondutor, elétrons são promovidos da BV para a BC e deixam buracos (falta de um elétron em uma determinada posição) originando um par elétron/buraco (ebc-/hbv+) que podem recombinar-se diretamente ou migrarem para a superfície do semicondutor, induzindo reações de oxidação-redução. Os semicondutores das famílias de óxidos ternários de tungstênio, como o Tungstato de Zinco, possuem boa estabilidade química e física, disponibilidade comercial barata e ampla gama de aplicação em vários campos, destacando-se a fotocatálise heterogênea. Vários semicondutores de óxidos de tungstênio obtidos por diversos métodos de sínteses são reportados na literatura em aplicações fotocatalíticas, como Ag2WO4, NiWO4, CoWO4, ZnWO4, AgWO4 [17, 18, 19, 20]. O Tungstato de Zinco, pode ser obtido por diferentes métodos de sínteses, físicos ou químicos, como as sínteses mecanoquímica, reação de estado sólido, irradiação ultra- sônica, combustão autopropagável, sonoquímica e hidrotérmica. Porém, tais métodos exibem várias deficiências, como, consumo excessivo de energia, procedimento complexo, longo ciclo de reação e consequentemente, altos custos de síntese. O método químico de precipitação têm sido recentemente bastante utilizados na preparação de diferentes semicondutores micro e nanoestruturados, com diferentes propriedades, recebendo considerável atenção por parte da comunidade científica. Diante do exposto, neste projeto é proposto a síntese de nanocristais de ZnWO4 pelo método químico de precipitação, para estudo como fotocatalisador na remediação da contaminação do meio ambiente por efluentes da indústria têxtil, utilizando a técnica de 19 fotocatálise heterogênea. O estudo da eficiência energética no processo de tratamento térmico (tempo e temperatura de síntese) será um fator importante na economia de recursos naturais. A análise estrutural por Difração de Raios X, Refinamento de Rietveld e Espectroscopia Raman, permitirá determinar a estrutura cristalina e os parâmetros de rede dos nanocristais de ZnWO4 após o tratamento térmico. Os aspectos morfológicos (formato e tamanho) dos nanocristais de ZnWO4 serão analisados por Microscopia Eletrônica de Varredura e Microscopia Eletrônica de Transmissão. Será determinado o “band gap” dos nanocristais por intermédio da Espectroscopia Eletrônica nas regiões do ultravioleta e visível (UV-Vis). E por fim, o estudo da performance fotocatalítica do semicondutor na degradação/descoloração de corantes têxteis ocorrerá em solução aquosa, utilizando radiação artificial UVc com comprimento de onda de 253,5 nm. 20 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Indústria, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável O boom econômico pós-Segunda Guerra Mundial intensificou o crescimento do sistema produtivo, motivado pelo efeito acentuado do consumismo. Cerca de dez anos após, esse padrão industrial chega ao Brasil, indústrias incorporando padrões tecnológicos avançados em vários setores, porém com poucas metodologias voltadas às questões da poluição ambiental [16]. O surgimento de avanços tecnológicos aliado ao crescente padrão consumista eleva a produção industrial de produtos e serviços (Fig. 2.1). Para sustentar esse clico vicioso elevadas quantidades de recursos energéticos e de matérias-primas são exigidos, provocando desequilíbrio dos ecossistemas e desgaste dos recursos naturais, gerando poluição ao meio ambiente. Figura 2.1 – Relação entre desenvolvimento e poluição ambiental. Fonte: Modificado de [21]. Em aspectos gerais, os impactos da poluição ambiental remete a alterações indesejáveis nas características biológicas, químicas ou físicas do meio de determinada localidade. Segundo a resolução do CONAMA n° 01/1986 [22], esses impactos afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e V - a qualidade dos recursos ambientais. A qualidade ambiental de uma região é determinada pelos resíduos industriais gerados, sejam sólidos, líquidos ou gasosos [23, 24]. A preocupação com a geração de 21 resíduos deve compreender todo o ciclo de vida de um produto, da extração das matérias- primas a logística reversa do produto em fim de vida útil, como mostrado na Figura 2.2. Figura 2.2 – Geração de resíduos na produção industrial. A quantidade e toxicidade dos resíduos gerados nos processos produtivo trouxe à tona a temática Desenvolvimento vs Meio Ambiente, pois dependendo da quantidade e toxicidade dos resíduos industriais emitidos (Fig. 2.3), estes comprometem as condições ambientais, destroem ecossistemas, culminam em bioacumulação de substâncias ao longo da cadeia alimentar e geram prejuízos à saúde humana a curto e longo prazo [21, 25]. Figura 2.3 – Ciclo da contaminação no meio ambiente. Fonte: Modificado de [21]. A preocupação com a poluição aquática destaca-se mundialmente, pois atividades como mineração, agricultura, indústria farmacêutica e têxtil, metalurgia e atividades domésticas lançam diariamente elevadas quantidades de efluentes no meio ambiente. Entre os impactos gerados na qualidade das águas por tais efluentes, destacam- se: contaminações por produtos biológicos; metais pesados como chumbo e mercúrio; nutrientes, dentre eles fósforo e nitrogênio; alterações na temperatura provocadas por 22 descargas de efluentes de águas utilizadas para resfriamentos; produtos farmacêuticos e compostos químicos como solventes, agrotóxicos e corantes têxteis [26, 27]. O setor têxtil é um dos ramos mundialmente de maior tradição, pois detém uma facilidade muito grande no seu processo produtivo, porém são utilizadas elevadas quantidades de águas, fibras de origem animal, vegetal e sintética, corantes e produtos químico ao longo do processo produtivo, colocando-a no topo das atividades poluidoras de efluentes [28, 29]. Os efluentes do setor têxtil exibem alta coloração (mesmo em concentrações muito baixas, como 1 ppm) devido apresentarem moléculas de corantes que não se fixam durante o processo de tingimento [30]. 2.2. Corantes Têxteis Os corantes têxteis são moléculas orgânicas com elevada coordenação estrutural que apresentam alto poder de contaminação. Por serem de difícil degradação na natureza, provocam alteraçõesem ciclos biológicos, afetando principalmente o processo de fotossíntese das plantas e as vidas aquáticas, devido a redução da penetração de luz nos corpos aquáticos e do consumo de oxigênio. Além disso, algumas classes de corantes e seus subprodutos podem ser carcinogênicos e/ou mutagênicos, portanto, antes de serem descartados no meio ambiente, os efluentes devem ser tratados [31, 32]. Os corantes utilizados na indústria têxtil são divididos segundo duas principais categorias: I – segundo os grupos cromóforos (estrutura química) e II – de acordo com as estruturas responsáveis pela fixação às fibras têxteis. As moléculas dos corantes são formadas em sua maioria por hidrocarbonetos aromáticos, porém os grupos hidrocarbonetos são incolores, dessa forma a adição de átomos ou grupos de átomos insaturados (grupos cromóforos e auxocromos) que promovem a deslocalização de elétrons através de sistemas conjugados de ligações duplas e simples, são os responsáveis pela coloração dos corantes. Os principais grupos são: Nitrila, Aminados, Hidroxilas, Cetônicos, Nitrosilas ou Nitrogenados, Metoxilos, Sulfônicos e Carbóxilos (Fig. 2.4). Figura 2.4 – Exemplos de grupos cromóforos e auxocromos. 23 Quanto a fixação dos corantes às fibras, a classificação é dada como [33, 34]: Corantes Ácidos (aniônicos) – grupo de corantes portadores de grupos sulfônicos que se ligam à fibra através de troca iônica envolvendo o par de elétrons livres dos grupos amino e carbóxilo das fibras. Corantes básicos (catiônicos) – esses corantes apresentam baixa solubilidade em água, e a ligação iônica é formada entre os cátions das moléculas do corante e os sítios aniônicos das fibras. Corantes Diretos – são corantes caracterizados por serem solúveis em água e tingem as fibras através de interações de Van der Waals. Corante Reativos – corantes que contém grupos reativos capazes de formarem ligações covalentes com átomos de O, N ou S das fibras, sob influência do calor e pH. Corante Pré-Metalizados – possuem pouca ou nenhuma afinidade com as fibras. Fixam-se devido a adição de um agente mordente, produto químico que combina os corantes com as fibras. Corantes de Enxofre – classe de corantes que após aplicação apresentam compostos macromoleculares com presença de pontes de polissulfetos (-Sn-), os quais são altamente insolúveis em água. Estima-se que existam aproximadamente 100.000 (cem mil) tipos de corantes e pigmentos sendo utilizados no setor industrial, representando consumo anual de 7x105 toneladas no mundo [31]. Dentre os principais corantes têxteis utilizados em estudo de atividade fotocatalítica destacam-se: 3.2.1. Rodamina B (RhB) O corante Rodamina B (Fig. 2.5) apresenta fórmula molecular [C28H31N2O3Cl], massa molecular 479,02 g/mol e quando em solução aquosa apresenta coloração rosa intensa, com absorção máxima no espectro eletromagnético nos comprimentos de onda entre 543 e 557 nm. Figura 2.5 – Estrutura química do corante do Rodamina B. 24 É classificado como corante básico (catiônicos) e possui aplicação em diversos setores da indústria como: tingimento de ágatas, tecidos e cartuchos para impressora. A toxicidade desse corante está associada com irritações na pele de animais e seres humanos, nos olhos e nas vias respiratórias [35, 36]. Estudos realizados mostram que esse corante possui carcinogenicidade e neurotoxidade [37, 38, 39]. 3.2.2. Azul de Metileno (MB) O Azul de Metileno (Fig. 2.6), também é um corante básico (catiônico) muito utilizado em aplicações como tingimento de fibras, tinturas temporárias para cabelos, corante bacteriológicos e como indicador. Possui fórmula molecular [C16H18N3SCl], massa molar 319.85 g/mol, com absorção máxima no espectro eletromagnético aproximadamente no comprimento de onda de 664 nm. Figura 2.6 – Estrutura química do corante Azul de Metileno. É um composto aromático sólido de cor verde escuro, quando solubilizado em água produz uma solução azul e inodora. O azul de metileno possui aplicação na área da medicina, mostrando boa eficiência fotodinâmica na morte de células cancerígenas, sendo excitado por luz mono e policromática dentro da janela terapêutica, tendo ainda possibilidade de aplicações farmacológicas [40, 41]. Ainda que não seja tóxico tal como os metais pesados, a exposição prolongada pode causar efeitos à saúde tais como arritmia cardíaca, náusea, cefaleia e vômito [42]. 3.2.3. Alaranjado de Metila (AM) O Alaranjado de Metila é um corante ácido (aniônico), com fórmula molecular [C14H14N3NaO3S] (Fig. 2.7) e massa molar 327,34 g/mol. Este corante é solúvel em água, sendo amplamente utilizado nas indústrias têxtil, farmacêutica, alimentar, papel e em laboratórios de pesquisas [43, 44]. Apresenta absorção máxima no espectro eletromagnético aproximadamente no comprimento de 464 nm. 25 Figura 2.7 – Estrutura química do corante Alaranjado de Metila. São vários os efeitos nocivos causados por esse corante aos seres humanos, como irritação na pele e nos olhos, problemas gastrointestinais como náusea, vômito e diarreia, além de ser conhecido como substância cancerígena [45]. Assim como os demais corantes, apresenta estrutura química complexa e não biodegradável naturalmente na natureza. 3.2.4. Azul de Bromofenol (AB) Este corante possui fórmula molecular [C19H10Br4O5S] (Fig. 2.8), massa molar 669,96 g/mol. É bastante utilizado em laboratórios como marcador de pH para monitorar migração de moléculas. Também é amplamente utilizado nas indústrias têxtil, alimentar, farmacêutica, cosmético e de tintas para impressão [46]. Figura 2.8 – Estrutura química do corante Azul de Metileno. Em caso de ocorrência de contato deste corante com a pele/olhos, inalação ou ingestão podem surgir efeitos tantos agudos como retardados como irritações, dificuldade respiratória, dores abdominais, vômito, vertigem e náusea. 2.3. Fotocatálise Heterogênea aplicada à remediação de contaminação ambiental Devido as implicações ambientais a remoção de contaminantes de efluentes industriais por processos limpos e de baixo custo favorece a pesquisa em novas tecnologias. Os métodos de remoções de poluentes em meio líquido baseados em processos físicos e químicos, como: adsorção, ultrafiltração, coagulação/floculação e decantação, embora efetivos em alguns casos, somente transferem os poluentes de uma fase para outra, sem que estes sejam reduzidos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Carbono https://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrog%C3%AAnio https://pt.wikipedia.org/wiki/Bromo https://pt.wikipedia.org/wiki/Oxig%C3%AAnio https://pt.wikipedia.org/wiki/Enxofre 26 Dessa forma, os Processos Oxidativos Avançados (POAs) representam uma alternativa para degradar/descolorir contaminantes em efluentes. Os POAs transformam substâncias persistentes e de difícil eliminação em substâncias ecologicamente inofensivas, biologicamente degradáveis, ou em alguns casos, essas substâncias passam a ser mais facilmente eliminadas por processos físicos ou químicos convencionais [47, 48]. Geralmente a alta eficiência dos POAs deve-se a geração de radicais hidroxila (HO•), radical altamente reativo, não seletivo, capaz de oxidar e decompor substâncias tóxicas, além de iniciar reações em cadeia [48, 49]. Em relação a energia utilizada para gerar radicais reativos em POAs destacam-se: química – utilizam-se íons para oxidar moléculas como o H2O2, gerando hidroxila; mecânica – onde o emprego de energia ultrassônica gera cavitação de bolhas que colapsam gerando radicais livres e pontos de turbulência e calor; elétrica – pela passagem de ar ou oxigênio entre dois eletrodos gera-se ozônio, este é instável em água decompondo-se em radicais hidroxilas; e fotocatalítico – onde a radiação UV é utilizada para fotoativar um semicondutor gerando radicais reativos [50]. Os semicondutores são sólidos, geralmente cristalinosde condutividade elétrica intermediária entre condutores e isolantes elétricos, sendo que sua condutividade elétrica é sensível a condições ambientais. A Figura 2.9 ilustra o princípio de funcionamento do processo fotocatalítico na superfície de um semicondutor. Figura 2.9 – Esquema ilustrativo do processo de fotocatálise heterogênea utilizando um material semicondutor. 27 Quando um fóton de energia igual ou superior a banda proibida é absorvido pelo semicondutor, um elétron da banda de valência é promovido para a banda de condução, originando um par elétron(ē)/buraco(h+). O buraco gerado apresenta valores positivos capaz de gerar radicais HO• a partir de moléculas de H2O adsorvidas na superfície do semicondutor (eq. 1-3), que oxidam as substâncias contaminantes. A eficiência fotocatalítica do semicondutor é avaliada mediante a competição entre a retirada de elétron da superfície do semicondutor e o processo de recombinação do par elétron/buraco, o que resulta na liberação de calor (eq. 4). 𝑆𝑒𝑚𝑖𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟 + ℎ𝑣 → Semicondutor (ēBC + h+Bv) (1) h+Bv + H2O(ads) → HO• + H+ (2) h+Bv + OH-(ads) → HO• (3) Semicondutor (ēBC + h+Bv) → Semicondutor + ∆t (4) ēBc + O2 → O2•- (5) O2•- + H+ → HO2• (6) As equações 5 e 6 demostram que o mecanismo de degradação de contaminantes utilizando fotocatálise heterogênea também ocorrem por outras espécies radicalares derivadas de oxigênio (O2•-, HO2-, etc) oriundas da captura de elétrons da banda de valência. [51, 52]. São vários os campos de aplicação da fotocatálise de semicondutores: geração de combustível através da redução do dióxido de carbônico (CO2) [53, 54], produção de oxigênio (O2) e hidrogênio (H2) a partir da água [55, 56], e degradação de poluentes orgânicos de efluentes [57, 58]. 2.4. Tungstato de Zinco (ZnWO4) e os semicondutores inorgânicos É conhecido que as famílias dos tungstatos são materiais que têm atraído o interesse em muitos campos tecnológicos e áreas científicas, devido ao seu amplo potencial para aplicações industriais, incluindo fibras ópticas, cintiladores, baterias, sensores de umidade, catalisadores, lasers no estado sólido, dispositivos fotoluminescentes, atividade fotocatalítica, materiais de lâmpadas fluorescentes, magnéticos, e outro materiais funcionais [59, 60, 61, 62, 63, 64, 65]. Os tungstatos do tipo MeWO4 cristalizam-se em estruturas do tipo scheelita (Me = Ca, Ba, Pb, Sr) ou tipo wolframita (Me = Fe, Mn, Co, Ni, Mg, Zn), sendo que o tipo de estrutura depende do tamanho do raio iônico dos cátions Me [66]. As scheelitas possuem estrutura cristalina tetragonal grupo espacial I41/a, onde os cátions Me apresentam-se coordenados a 8 íons de oxigênio (MeO8) e os cátions de W 28 apresentam-se coordenados a 4 íons de oxigênio (WO4), de modo que a célula unitária apresenta quatro unidades MeWO4 por célula unitária [67, 68]. As wolframitas possuem estrutura cristalina monoclínica, grupo espacial P2/c, sendo que os cátions Me apresentam-se coordenados a 6 íons de oxigênio (MeO6) e os cátions de W apresentam- se coordenados a 6 íons de oxigênio (WO6), resultando em poliedros octaédricos e uma célula unitária (Fig. 2.10) com duas unidades da fórmula MeWO4 [69, 70, 71]. Figura 2.10 – Representação da célula unitária dos tungstatos tipo wolframita [63]. Por apresentar distâncias curtas de difusão entre partículas, área superficial relativamente grande com locais de superfície altamente ativos, materiais nanoestruturados podem adsorver e degradar moléculas [72, 73]. As propriedades dos nanomateriais podem ser definidas e modificadas através dos métodos de sínteses. Várias rotas de síntese são utilizadas para obter materiais nanoestruturados, como métodos de mistura de óxidos ou reação do estado sólido [74], combustão autopropagável, irradiação ultrassônica e crescimento de cristais “Czochralski” a alta temperatura e pressão [75]. Entretanto, estes métodos necessitam de elevadas temperaturas, longos tempos de processamento e equipamentos sofisticados com elevado custo de manutenção. Uma possível alternativa para atenuar estes fatores e obter nanomateriais com diferentes tamanhos, morfologias e propriedades, é a substituição por métodos químicos, como sol-gel [70, 71], precursor polimérico [76], precipitação [77, 62] e hidrotermal [63, 78, 79]. Em particular o método de precipitação se destaca por ser utilizado, tanto em escala laboratorial quanto industrial, devido sua pequena razão custo/benefício [80]. O Tungstato de Zinco é um semicondutor do tipo wolframita que exibe boas propriedades química e física [81, 82]. Em atenção à remediação ambiental, várias 29 pesquisas dedicam-se a síntese de nanoestruturas de ZnWO4 como promissor fotocatalisador para degradação de corantes têxteis. PAVITHRA et al (2018) [83] relataram que a eficiência catalítica das nanopartículas de ZnWO4 varia de acordo com a concentração do corante, pois em altas concentrações a penetração da luz diminui, atenuando o processo de formação do par elétron/buraco. Em relação a quantidade de semicondutor, altas concentrações podem aglomerar e sedimentar as partículas, diminuindo a área superficial. LI et al (2013) [84] relataram a degradação de 98,0 % do corante Rodamina B após 360 minutos de irradiação UVc, utilizando o ZnWO4 obtido por precipitação assistida por micro-ondas a 140 °C por 5 minutos. O resultado da atividade fotocatalítica foi associado à cristalinidade, área superficial e dimensões das partículas. O uso de surfactante na síntese por precipitação segundo MADDAHFAR et al (2016) [85] diminuiu o tamanho de partículas e aumentou a degradação do corante Alaranjado de Metila. De acordo com RAHMANI et al (2019) [86] o corante Azul de Metileno foi desmineralizado em 93,5 % após 180 minutos de irradiação UVc. A descoloração da solução foi atribuída a desmetilação fotooxidativa do corante, quando o fotocatalisador de ZnWO4 obtido pelo método sol-gel com partícula inferiores a 100 nm e área superficial de 5,81 m2•g-1 foi adicionado ao sistema. O nanocompósito AgBr-ZnO sintetizado pelo método de precipitação por AHMED et al (2018) [72] degradou em 50 minutos 89,3% do corante Azul de Bromofenol, quando em pH menor que 9, devido as moléculas do corante adsorverem-se mais facilmente à superfície do fotocatalisador por forças de atração. XIONG et al (2019) [87] utilizando nanocristais de ZnWO4 dopado com impurezas de lítio sintetizados pelo método de estado sólido à alta temperatura, obtiveram acréscimo na degradação do corante Rodamina B em relação ao ZnWO4 puro, devido aos íons de lítios funcionarem como coletores de elétrons, atrasando o processo de recombinação do par elétron/buraco. 30 3. OBJETIVOS 3.1. Geral O presente trabalho tem como objetivo central o estudo da performance fotocatalítica de nanocristais de ZnWO4 obtidos pelo método de precipitação química a temperatura ambiente, visando aplicação na purificação de efluentes industriais contendo moléculas de corantes têxteis, mediante Processo Oxidativo Avançado (POA). 3.2. Específicos ✔ Obter nanopartículas amorfas de ZnWO4 pelo método de precipitação química à temperatura ambiente; ✔ Avaliar o efeito da temperatura de tratamento térmico para obtenção da fase cristalina de ZnWO4 e sua implicação na evolução estrutural e morfológica das amostras; ✔ Estudar a eficiência energética no tratamento térmico e os aspectos morfológicos (tamanho e forma) dos nanocristais de ZnWO4; ✔ Calcular o “band gap” óptico do ZnWO4 por espectroscopia eletrônica nas regiões do ultravioleta e visível (UV-Vis); ✔ Investigar o potencial fotocatalítico dos nanocristais de ZnWO4 na degradação/descoloração de soluções aquosas de corantes têxteis (Rodamina B, Azul de Metileno,Azul de Bromofenol e Alaranjado de Metila), utilizando radiação artificial. 31 4. METODOLOGIA 4.1. Síntese dos nanocristais catalisadores de ZnWO4 Na síntese química de precipitação para obtenção dos nanocristais de ZnWO4 foram utilizados reagentes de grau analítico. As empresas fornecedoras e graus de pureza estão listados na Tabela 4.1. Tabela 4.1 - Reagentes utilizados na obtenção dos nanocristais de ZnWO4. Reagentes Fórmula molecular Fornecedor Pureza (%) Tungstato de sódio Na₂WO4•2H₂O Stream chemical 99,0 Nitrato de zinco Zn(NO₃)₂•6H₂O Isofar 98,0 No processo de síntese os precursores de Na₂WO4•2H₂O e Zn(NO₃)₂•6H₂O foram estequiometricamente pesados em balança analítica na proporção 1:1, com concentrações molares de 3x10-3. A reação de formação dos nanocristais de Tungstato de Zinco (ZnWO4) é precedida pela dissolução dos sais: tungstato de sódio dihidratado (Na2WO4 • 2H2O) com solubilidade 74,2 g/100 mL (25 °C) e nitrato de zinco hexahidratado (Zn(NO3)2 • 6H2O) com solubilidade 137,7 g/100 mL (25 °C), em béqueres distintos contendo 50 ml de água destilada, sendo mantidos sob agitação constante durante todas as etapas da preparação. As equações de dissolução são explicadas nas equações 7 e 8. Na2WO4 • 2H2O(s) → 2Na+(aq) + WO42−(aq) + 2H2O(l) (7) Zn(NO3)2 • 6H2O(s) → Zn2+(aq) + 2NO3−(aq) + 6H2O(l) (8) Após a dissolução desses sais, a solução com íons (Zn2+ e NO3-) foi adicionada à solução contendo íons (Na+ e WO2-) à temperatura ambiente. A reação foi mantida em agitação constante por 30 minutos para garantir que ocorresse reações entre todos os íons da solução. Após esse período, a suspensão formada foi mantida em repouso para precipitação das partículas. O precipitado foi lavado com água destilada e acetona em centrífuga para remoção dos íons Na+ e NO3- residuais, e seco a 70 °C em estufa por 8h. Após isso o precipitado passou por tratamento térmico entre 250 a 550 °C para obtenção dos nanocristais de ZnWO4. O esquema presente na Figura 4.1 apresenta de forma resumida o processo de síntese e obtenção dos nanocristais catalisadores de ZnWO4. 32 Figura 4.1 – Representação do processo de síntese do nanocristais de ZnWO4. 4.2. Caracterizações dos nanocristais catalisadores de ZnWO4 4.2.1. Difração de Raios X A caracterização estrutural das amostras foram realizadas por meio da técnica de DRX, em um Difratômetro de Raios X modelo Empyrean da PANalytical, com radiação CuKα1 de 1,5406 Å. O equipamento foi operado sob as condições de 50 kV e 100 mA, e taxa de varredura de 0,02 °/s, para intervalo de 2θ de 10 até 80°. Os difratogramas obtidos foram analisados a partir dos padrões de difração encontrados nas fichas cristalográficas JCPDS (Joint Committee on Powder Diffraction Standards). As análises foram realizadas no Laboratório de Materiais – LabMat, do Instituo de Ciências Exatas (ICE) da UFAM. 4.2.2. Microscopia Eletrônica de Varredura Para poder estimar com precisão a morfologia obtida das partículas em estudo foi utilizada a técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV). Esta análise foi realizada por intermédio de um microscópio eletrônico de varredura com canhão de elétrons por emissão de campo (FEG-SEM) modelo Supra 35-VP (Carl Zeiss, Alemanha) operado com um feixe de elétrons incidentes de 6kV. As medias foram realizadas no Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica – LIEC da UFSCar, São Carlos- SP em colaboração com o Prof. Dr. Edson Roberto Leite. 33 4.2.3. Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM) e Espectroscopia de Raios X por Dispersão de Energia (EDS) A Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) é uma ferramenta indispensável na caracterização de materiais em escala nanométrica. A Espectroscopia de Raios X por Dispersão de Energia (EDS) realiza uma coleta de dados qualitativos dos elementos químicos presentes na região de cada ponto de varredura. As análises foram realizadas em um microscópio eletrônico de transmissão JEOL JEM 2100F operado a 200 kV. As medidas foram realizadas no Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica – LIEC da UFSCar, São Carlos-SP em colaboração com o Prof. Dr. Edson Roberto Leite. 4.2.4. Calorimetria Exploratória Diferencial A técnica de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC – Diferential Scanning Calorimetry) foi utilizada a fim de avaliar o comportamento térmico do precipitado, acompanhar as perdas de massa e identificar as transições que acompanham as liberações e/ou absorção de calor. A medida de DSC foi realizada em uma célula Netzsch, modelo DSC 3500 Sirius, operando sob fluxo de N2 a 50 ml por minuto, com razão de aquecimento e resfriamento 10 °C por minuto, na faixa de temperatura ambiente a 600 °C. Foi empregado cadinho de alumina e a massa média de amostra utilizada no experimento foi de 10 mg. A medida de DSC foi realizada no Laboratório de Termociências da Faculdade de Tecnologia (FT) da UFAM. 4.2.5. Refinamento pelo Método de Rietveld A análise do refinamento de Rietveld é uma ferramenta voltada para a interpretação dos padrões de difração de raios X ou de nêutrons. O Método de Rietveld é baseado na construção de padrões de difração calculados de acordo com o modelo estrutural. Neste trabalho, o método de Rietveld foi aplicado para determinação de fases cristalográficas, parâmetros de rede e volume da célula unitária. O programa utilizando para aplicação do Método Rietveld foi desenvolvido por LARSON & DREELE e denomina- se GSAS (General Structure Analysis System) com interface gráfica EXPGUI [88]. Os parâmetros refinados foram: os parâmetros de perfil (largura à meia altura, parâmetro de assimetria, parâmetro de orientação preferencial) e os parâmetros estruturais (fator de escala, parâmetros de rede, posições atômicas, deslocamentos atômicos e fatores de 34 temperatura). O padrão difratométrico usado no refinamento foi retirado do banco de dados ICSD (Inorganic Crystal Structure Database). 4.2.6. Espectroscopia Raman (FT-Raman) A espectroscopia Raman é baseada no espalhamento inelástico de fótons, que ao colidir com a amostra perde energia por vibrações excitantes. É uma poderosa ferramenta para estudar as estruturas de materiais. A medida de espectroscopia Raman com transformada de Fourier (FT-Raman) foi realizada em temperatura ambiente com o auxílio de um espectrômetro modelo XploRA PLUS (HORIBA Scientific), equipado com um laser de Nd:YAG (λ = 1064 nm) operando em 100 mW. A medida foi coletada na região de 100 a 1100 cm-1, com 10 varreduras e resolução espectral de 4 cm-1. O espectro Raman da amostra foi obtido no A no Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica - LIEC da UFSCar. 4.2.7. Eficiência energética no processo de tratamento térmico A eficiência energética no processo de tratamento térmico dos pós amorfos obtidos pelo método químico de precipitação tem a finalidade de alterar sua microestrutura e/ou propriedades. As condições de tempo e temperatura no tratamento térmico foi avaliada a cada ciclo térmico realizado em um forno tubular modelo FT-1200 (Inti) de 4500 W de potência, com taxa de aquecimento de 10 °C por minuto. 4.2.8. Espectroscopia óptica nas regiões do ultraviola e visível (UV-Vis) A determinação do “band gap” óptico dos nanocristais de ZnWO4 foi determinados através do espectro de UV-Vis utilizando a equação proposta por Kubelka e Munk [89]. De acordo com estes autores, a energia do “gap” óptico está relacionada com a absorbância e com a energia do fóton. A análise por espectroscopia no UV-Vis dos nanocristais de ZnWO4 foi realizada a temperatura ambiente em um espectrômetro modelo Cary 5G (Varian, Estados Unidos), programado em modo de reflectância difusa. O espectro foi obtido na faixa de 200 a 800 nm. A calibração do equipamento foi ajustada com o uso das esferasintegradoras, onde o padrão branco (SRS-99-010) tem aproximadamente 99% de refletância, e o padrão preto (SRS-02-010) apresenta apenas 0,2%. A análise foi realizada no Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica - LIEC da UFSCar. 35 4.2.9. Avaliação da atividade fotocatalítica A avaliação da eficiência fotocatalítica dos nanocristais foi estudada mediante ensaios de fotodegradação em solução aquosa. Para tanto, utilizou-se a seguinte condição experimental: I. 50 mg do catalisador de ZnWO4 para 50 mL de solução 1 x 10–5 mol L–1 dos corantes Rodamina B, Azul de Metileno, Azul de Bromofenol e Alaranjado de Metila. As suspensões com contrações iniciais de 5 ppm (tempo -10 minutos) foram primeiramente agitadas em banho ultrassônico durante 10 minutos (tempo de -10 a 0 minutos) para garantir o equilíbrio de adsorção, depois disso levadas à câmara fotocatalítica. O ensaio fotocatalítico teve duração de 130 minutos, e nos tempos de -10, 0, 5, 12, 25, 50, 80 e 120 minutos uma alíquota de 1 mL foi coletada. As alíquotas foram centrifugadas por 5 minutos a 5000 rpm. Posteriormente os máximos das bandas de absorção das alíquotas foram analisados em um espectrômetro UV-vis. A câmara fotocatalítica [90] consiste de uma caixa de madeira com janela frontal de vidro revestido por película, dois miniventiladores, seis lâmpadas fluorescentes germicidas de comprimento de onda de 253,7 nm, distribuídas no interior da caixa, refletidas por espelhos fixos direcionados ao reator fotocatalítico de quartzo produzindo 578 Lux de incidência luminosa, utilizando um agitador magnético para homogeneizar a solução e uma bomba de aquário para oxigenação da solução. Os ensaios fotocatalíticos foram realizados no Laboratório de Pesquisa/Pós-Graduação em Físico-Química do ICE da UFAM. 36 5. RESULTADOS 5.1. Obtenção dos nanocristais catalisadores de ZnWO4 Após a síntese da amostra pelo método de precipitação a temperatura ambiente, a mesma foi submetida a medida de Difração de Raios X. A Figura 5.1 apresenta o padrão de difração da amostra obtida. Figura 5.1 - Padrão de DRX da amostra após a síntese por precipitação. Através do difratograma obtido, observa-se que o precipitado apresentou característica de material amorfo, ou seja, o material não apresentou ordenamento cristalino a longa distância. Para identificar a morfologia das partículas formadas no precipitado amorfo foram realizadas imagens de microscopia eletrônica de varredura (Fig. 5.2). Figura 5.2 - Micrografias de FEG-SEM da amostra obtida por precipitação a temperatura ambiente. a) b) 37 A Figura 5.2a evidencia dois tipos de partículas presentes no material sintetizado. Na Figura 5.2b observa-se de forma mais evidente partículas nanométricas com morfologias do tipo esferas e partículas bem compactadas com superfície aparentemente lisas. Considerando a limitação da técnica de MEV, foi realizada a caracterização por Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM) do precipitado amorfo (Fig. 5.3) para melhor definir as características morfológicas das superfícies das nanoestruturas, bem como para confirmar o resultado obtido no padrão de difração de Raios X de que se trata de um precipitado com estrutura amorfa. Figura 5.3 – (a) Espectroscopia de Raios X por Dispersão de Energia (EDS) e (b) Microscopia Eletrônica de Transmissão do precipitado amorfo de ZnWO4. Para avaliar a distribuição dos elementos presentes no precipitado, foi realizado Espectroscopia de Raios X por Dispersão de Energia (Fig. 5.3a). A área selecionada para realizar o EDS está indexada no gráfico da Figura 5.3a. Nota-se pelo espectro de EDS que na região avaliada os elementos Zn, W e O encontram-se homogeneamente distribuídos. O espectro confirma que não há picos relacionados a elementos dos reagentes precursores da síntese ou de qualquer outro contaminante, evidenciado que o material amorfo é composto somente por zinco, tungstênio e oxigênio, e através da imagem de microscopia eletrônica de transmissão (Fig. 5.3b) verifica-se que não há a existência de planos cristalinos (ordenamento a longa distância). Para obtenção da fase cristalina de ZnWO4, o precipitado amorfo precisa ser submetido a tratamento térmico. Para compreender os eventos térmicos que ocorrem durante a transição da fase amorfa para cristalina e determinar as temperaturas de tratamentos térmicos para obtenção dos nanocristais de ZnWO4, o precipitado foi 38 submetido a técnica de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) como ilustrado no gráfico da Figura 5.4. Figura 5.4 - DSC da amostra obtida por precipitação a temperatura ambiente. A curva DSC revelou três eventos térmicos: um endotérmico e dois exotérmicos. O primeiro evento térmico (endotérmico) ocorre a aproximadamente 150 °C, correspondente à perda de massa por eliminação de água e gases adsorvidos. Os dois eventos exotérmicos em aproximadamente 367 °C e 514 °C correspondem a transições de fases, sendo provável que o segundo evento esteja relacionado à formação da fase cristalina do ZnWO4. Dessa forma, definiu-se as temperaturas de tratamento térmico do precipitado amorfo de 250 °C a 550 °C para estudo da evolução estrutural. 5.2. Evolução estrutural e morfológica dos precipitados tradados termicamente O tratamento térmico do precipitado amorfo foi realizado nas temperaturas de 250, 300, 350, 400, 450, 500 e 550 °C por 3 horas. Após os tratamentos térmicos as amostras foram submetidas à Difração de Raios X para acompanhar a sua evolução estrutural. A Figura 5.5 apresenta os padrões de difração das amostras tratadas termicamente. 39 Figura 5.5 - Padrão de DRX do precipitado tratado termicamente entre 250 °C e 550 °C por 3 horas. Os padrões de difração de Raios X das amostras tratadas termicamente, mostram que até 300 °C por 3 horas, não são observados picos de difração, mostrando que o material continua amorfo, como esperado pelo resultado de DSC. Após tratamentos térmicos entre 350 a 450 °C por 3 horas observam-se picos de difração definidos, alguns alargados e outros estreitos evidenciando uma ou mais fases cristalinas intermediárias, porém não identificada(s). A partir de 500 °C observa-se a formação de picos de difração intensos, estreitos e bem definidos, sendo indexados ao sistema cristalino monoclínico, grupo espacial P2/c, de acordo com a ficha cristalográfica JCPDS n° 15-774 [91]. Além disso, nenhuma fase adicional foi observada no difratograma a partir de 500 °C, indicando que o método de síntese por precipitação é efetivo na obtenção de ZnWO4 a 500 °C. Para compreender a evolução morfológica dos nanocristais de ZnWO4 obtidos pelo método de precipitação a temperatura ambiente e posterior tratamento térmico a 300, 400 e 550 °C por 3 horas, as imagens de microscopia eletrônica de varredura (Fig. 5.6) foram de essenciais importância. 40 Figura 5.6 – Micrografias de FEG-SEM dos nanocristais de ZnWO4 (a, b) tratados termicamente a 300 °C por 3h; (c, d) tratados termicamente a 400 °C por 3h, e (e, f) tratados termicamente a 550 °C por 3h. As Figuras 5.6a e 5.6b apresentam a morfologia da amostra após tratamento térmico a 300 °C por 3h. Nesta temperatura a amostra ainda apresenta-se amorfa como evidenciado pelo DRX, sendo nítido que a morfologia não sofreu alteração, apresentado numerosas aglomerações de partículas nanométricas. 41 As micrografias (Fig. 5.6c e 5.6d) demonstram que nessa temperatura de tratamento térmico (400 °C por 3 horas) há o crescimento e maior aglomeração das nanopartículas. As Figuras 5.6e e 5.6f, referentes a amostra tratada termicamente a 550 °C por 3 horas (a partir de 500 °C já houve a formação da fase cristalina de ZnWO4) revelam maior crescimento das nanopartículas, sendo que a energia térmica fornecida ao sistema favorece uma maiormobilidade atômica, dando início ao processo de sinterização no estado sólido, evidenciado pela formação de empescoçamento entre as nanopartículas com morfologia semelhante a bastões irregulares. 5.3. Eficiência energética no tratamento térmico e parâmetros estruturais Como mencionado, o método químico de precipitação apresentou-se como um método simples, econômico, de baixa temperatura, alta pureza química, sendo efetivo na formação da fase desejada. No entanto, a estrutura cristalina monoclínica de ZnWO4 somente é obtida após tratamento térmico do precipitado amorfo. Através dos padrões de difração de Raios X das amostras tratadas termicamente (Fig. 5.6) em diferentes temperaturas, foi observado que a partir da temperatura de 500 °C foi possível obter a fase única do ZnWO4. Para otimizar também o tempo de tratamento térmico, estabelecendo um menor tempo de obtenção da fase cristalina, foram realizados tratamentos térmicos a 500 °C com tempos de 30, 60, 90 e 180 minutos, como mostrado na Figura 5.7. Figura 5.7 – Evolução estrutural das amostras tratadas a 500 °C por 30, 60, 90 e 180 minutos. 42 Os difratogramas mostraram que todas as amostras possuem ordenamento a longa distância. A amostra tratada termicamente a 30 minutos exibiu uma ou duas fases intermediárias entre o precipitado amorfo e a fase cristalina de ZnWO4, as mesmas não apresentaram picos associados a ficha cristalográfica JCPDS n° 15-774 [91], e esta não foi identificada. A amostra tratada termicamente a 60 minutos apresentou mistura das fases ZnWO4 e fase não identificada. No entanto, de acordo com a ficha cristalográfica JCPDS n° 15-774 do ZnWO4 a fase cristalina monoclínica, grupo espacial P2/c somente foi obtida de forma isolada a partir de 90 minutos de tratamento térmico. O estudo da eficiência energética no processo de tratamento térmico demostrou- se positivo, 50% foi o ganho na economia de energia e na redução do tempo necessário para obter a fase monoclínica de ZnWO4, devido a isso a amostra tratada a 500 °C por 90 minutos foi utilizada para as demais caracterizações. Os parâmetros de rede, volume da célula unitária e coordenadas atômicas dos nanocristais de ZnWO4 obtidos pelo método de precipitação a temperatura ambiente com posterior tratamento térmico a 500 °C por 90 minutos foram determinados por refinamento estrutural usando o Método de Rietveld. A Figura 5.8 ilustra o resultado gráfico do refinamento. Figura 5.8 – Refinamento pelo Método Rietveld dos nanocristais de ZnWO4 tratados termicamente a 500 °C por 90 minutos obtidos pelo método de precipitação a temperatura ambiente. 43 O gráfico de refinamento Rietveld obtidos por intermédio do programa GSAS com interface gráfica EXPGUI consiste em uma sobreposição do padrão observado sob o padrão calculado, segmentos de linha verticais que mostram as posições dos picos de Bragg para cada fase e, mais abaixo, apresenta a diferença entre o difratograma observado e o calculado. A intensidade dos picos foi ajustada adequadamente aos padrões Inorganic Crystal Strucuture Database (ICSD) n° 84540 [91]. A diferença entre os perfis dos padrões de DRX observados e o calculado é muito pequena na escala de intensidade, como ilustrado pela linha (YObs-YCalc), havendo uma boa correlação entre os padrões de difração, as intensidades e as posições dos picos de Bragg. Portanto, o resultado do refinamento de Rietveld confirmou a presença da fase pura dos nanocristais de ZnWO4. Além da visualização gráfica, a Tabela 5.1 apresenta os valores dos índices estatísticos de qualidade do refinamento (Rp, Rwp, RBragg and X2). Constata-se que eles estão de acordo com os valores aceitáveis para um refinamento estrutural com boa qualidade. Tabela 5.1 – Parâmetros de rede, volume da célula e índices de qualidade, obtidos após o refinamento pelo Método de Rietveld. ZnWO4 Parâmetros de Rede Volume (A)3 RBragg (%) X2 Rwp (%) Rp (%) a (Å) b(Å) c (Å) α=γ (°) β (°) 500 °C por 90 minutos 4,6931(20) 5,7249(21) 4,9312(18) 90 90,638(30) 132,48(7) 2,16 1,17 8,79 6,61 ZnWO4 (ICSD 84540) [91] 4,6926(5) 5,7212(7) 4,9280(5) 90 90,6320(9) 132,30 - - - - Ainda, na Tabela 5.1, é listado os valores dos parâmetros de rede e volume da célula unitária para os nanocristais de ZnWO4 tratados termicamente a 500 °C por 90 minutos e os valores referentes à literatura [87]. Pode-se observa que estes valores estão em concordância. Através dos dados obtidos após o refinamento pelo Método de Rietveld e com o auxílio do programa Diamond Crystal and Molecular Structure Visualization (Versão 3.2 para Windows) [92], foi possível simular a estrutura cristalina da célula unitária do Tungstato de Zinco (Fig. 5.9). 44 Figura 5.9 – Representação da célula unitária do ZnWO4 obtidos pelo método de precipitação. A célula unitária do ZnWO4 é composta por cátions de Zn e W coordenados com seis átomos de oxigênio formando quatro clusters octaédricos de WO6 e dois clusters octaédricos de ZnO6. Os clusters possuem configurações de 6 vértices, 6 faces e 12 arestas. A ordem e desordem estrutural a curta distância de um material pode ser avaliada analisando os modos ativos do Raman. A Figura 5.10 apresenta o espectro Raman da amostra de ZnWO4 sintetizada pelo método de precipitação química com tratamento térmico a 500 °C por 90 minutos. A presença de bandas bem definidas e intensas são características de cristais com boa ordem estrutural. Figura 5.10 – Espectro Raman dos nanocristais de ZnWO4 obtidos pelo método de precipitação. 45 Com base nos cálculos da teoria de grupos e nas simetrias de tungstatos e molibdatos com estruturas monoclínicas do tipo wolframita, essas estruturas possuem 3N = 36 graus de liberdade para N = 12 átomos presentes no interior da célula unitária (monoclínica) [93], conforme a equação (9). Γ (Raman + Infravermelho) = 8Ag + 10Bg + 8Au + 10 Au (9) Ag e Bg são modos vibracionais ativos no espectro Raman e Au e Bu são modos vibracionais ativos no espectro de Infravermelho. Deste modo, apenas 18 modos vibracionais ativos dos nanocristais de ZnWO4 são identificados no espectro Raman, conforme a equação (10): Γ (Raman) = 8Ag + 10Bg (10) Os 18 modos vibracionais ativos apresentam-se entre 50 e 1100 cm-1 do espectro, no entanto, apenas 17 modos vibracionais foram identificados neste trabalho. Os modos vibracionais no espectro Raman dos tungstatos são categorizados em dois grupos, internos e externos. No ZnWO4 os modos vibracionais internos são atribuídos aos octaedros [WO6], e os externos aos octaedros de [ZnO6]. As frequências de fônons internos associados às ligações [W-O] são mais altas que os modos externos, devido a ligação covalente interna deste octaedro ser mais forte que a ligação externa da rede [Zn-O] [93, 94]. Como mostrado na inserção da Figura 5.10, os modos ativos intensos localizados em 903,3, 344 e 347 cm-1 são atribuídos aos estiramentos simétricos do (← O ← W → O →), os modos Ag e Bg em 781,6 e 705,2 são relativos a vibrações assimétricas do (→ O → W → O →). Os modos vibracionais 672,9 (Bg), 543,8 (Ag), 513,0 (Bg) e 403,5 (Bg) cm-1 são conferidos aos modos de alongamentos da ligação W-O. Já os modos vibracionais presente no espectro em 269,9 (Ag), 277,3 (Ag) e 309,9 (Bg) cm-1 são referentes as vibrações das regiões catiônicas, enquanto os modos 120,1 (Ag), 145,7 (Bg), 161,5 (Bg), 188,5 (Bg) e 194,1 (Ag) cm-1 estão relacionados com o alongamento simétrico das ligações (← O ← Zn → O →) [93, 94, 95, 96, 97]. Para analisar a morfologia dos nanocristais de ZnWO4 obtidos pelo método de precipitação a temperatura ambiente e posterior tratamento térmico a 500 °C por 90 minutos, foram realizadas medidas de microscopia eletrônica de varredura, como mostrado na Figura 5.11. 46 Figura 5.11 – Micrografias dos nanocristais de ZnWO4 tratadostermicamente a 500 °C por 90 minutos. As micrografias da amostra tratada termicamente a 500 °C por 90 minutos revelaram nanopartículas aparentemente esféricas e bastante aglomeradas, sem a presença aparente do processo de sinterização no estado sólido, não sendo possível acrescentar mais informações sobre a morfologia devido a limitação do equipamento. Dessa forma o método de síntese de precipitação mostrou-se viável para obtenção da fase cristalina de ZnWO4 tratado termicamente a 500 °C por 90 minutos. 5.4. Cálculo do band gap óptico dos nanocristais de ZnWO4 A reação fotocatalítica depende da ativação de um semicondutor por radiação igual ou superior ao valor da sua energia de band gap. A determinação da energia do band gap óptico dos nanocristais de ZnWO4 foi realizada transformando o espectro de reflectância difusa em absorbância, utilizando a equação (11) de KUBELKA-MUNK [89]. 𝐹(𝑅∞) = (1−𝑅∞) 2 2𝑅∞ 𝑘 𝑠 (11) Nesta equação, F(𝑅∞) é a função de Kulbelka-Munk, 𝑅∞ é a reflectância difusa da amostra quando esta é infinitamente espessa, a constante k e s são os coeficientes de absorção molar e de espalhamento, respectivamente. O cálculo do coeficiente de absorção linear para óxidos semicondutores pode ser calculado pela equação (12) de WOOD E TAUC [98], onde α é o coeficiente de absorção linear do material, hν é a energia do fóton, C1 é a constante de proporcionalidade e n é uma variável que está associada com os diferentes tipos de transição eletrônica (n = 0,5 47 para permitida direta, n = 2, permitida indireta, n = 1,5, para proibida direta e n = 3 para proibida indireta). αhν = C1(hν - Egap)n (12) A transição eletrônica do ZnWO4 é permitida direta [79], dessa forma (αhν) é linear, e a extrapolação do ajuste linear no eixo das abscissas (Energia do fóton) determina o valor da energia de band gap (Egap). A amostra tratada termicamente a 500 °C por 90 minutos apresentou Egap = 3,1 eV (Fig. 5.12). Figura 5.12 – Espectros de UV-Vis dos nanocristais de ZnWO4 a 500 °C por 90 minutos. O perfil do espectro UV-Vis indicou comportamento óptico típico de estrutura cristalina estruturalmente ordenada. Esse valor de Egap está em proximidade com os reportados na literatura [99, 100, 101, 102, 103]. Variações nos valores de Egap podem ocorrer dependendo da morfologia das partículas, método de síntese e tempo e temperatura de tratamento térmico. Essas variações podem ser atribuídas ao grau de concentração de defeitos estruturais, onde estruturas mais arranjadas minimizam a presença de níveis intermediários de energia dentro da faixa de energia proibida, aumentando o valor de band gap [17]. 5.5. Potencial fotocatalítico dos nanocristais de ZnWO4 frente a corantes têxteis Para comparar a eficiência do semicondutor ZnWO4 frente a degradação/descoloração dos corantes têxteis foi realizado a fotólise (Fig. 5.13), processo de degradação dos corantes utilizando unicamente a presença de radiação UVc. Neste 48 processo a absorção de fótons pelas moléculas dos corantes excita elétrons específicos formando radicais livres, dando início a reações em cadeia. Figura 5.13 – Fotólise dos corantes têxteis a) Rodamina B, b) Azul de Bromofenol, c) Azul de Metileno e d) Alaranjado de Metila. Observa-se na Figura 5.13 que os picos de máxima absorbância das soluções dos corantes apresentaram pequenas diminuições, após exposição de 120 minutos sob irradiação UVc, inferindo à alta estabilidade que os corantes têxteis exibem quando presentes em efluentes no meio ambiente. Os resultados dispostos na Figura 5.14 correspondem aos ensaios fotocatalíticos frente à degradação/descoloração dos corantes Rodamina B, Azul de Metileno, Azul de Bromofenol e Alaranjado de Metila, durante 120 minutos de exposição à radiação UVc 49 com comprimento de 253,7 nm, na presença de nanocristais catalisadores de ZnWO4 tratados termicamente a 500 °C por 90 minutos. Figura 5.14 – Ensaio fotocatalítico na degradação/descoloração do corante, a) Rodamina B, b) Azul de Metileno, c) Azul de Bromofenol e d) Alaranjado de Metila com a amostra tratadas à 500 °C por 90 minutos. Quando o catalisador composto por nanocristais de ZnWO4 foi adicionado ao sistema, observa-se que os máximos de absorbância dos corantes diminuiu rapidamente em relação a fotólise. Os decaimentos das absorbâncias estão ligados as quebras dos grupos cromóforos conjugados dos corantes têxteis, descolorindo as soluções [18]. MONTINI et al (2010) [102] compararam as atividades fotocatalíticas de tungstatos de metais de transição (Co, Cu, Zn e Ni) obtidos por precipitação frente a degradação dos corantes têxteis Azul de Metileno e Alaranjado de Metila. Verificou-se que o Tungstato de Zinco apresentou atividade fotocatalítica altamente superior aos demais tungstatos estudados. 50 A partir das análises dos máximos de absorbâncias no decorrer do tempo, foram plotadas as curvas de taxa de degradação/descoloração aparente (DA) dos corantes em função do tempo, das atividades de fotólise e fotocatálise (Fig. 5.15a, c, e, g), com base na equação 13: DA = ( 𝐶𝑜−𝐶 𝐶𝑜 ) (13) Onde C0 representa a concentração inicial do corante (t = - 10 minutos) e C representa a concentração das soluções dos corantes em determinados tempos de degradação (t = 0, 5, 12, 25, 50, 80 e 120 minutos). 51 Figura 5.15 – Taxa de degradação/descoloração do corante na atividade de fotólise (a, c, e, g) e cinética da degradação/descoloração do corante na atividade de fotólise (b, d, f, h) durante 120 minutos. As taxas de degradação/descoloração aparente foram utilizadas para obter informações das cinéticas das reações dos processos, para isso os dados foram linearizados [20], em reações de pseudo-primeira ordem utilizando a equação 14, para obter as constantes de velocidade k. − 𝑙𝑛 ( 𝐶𝑜−𝐶 𝐶𝑜 ) = 𝑘 . 𝑡 (14) Os resultados gráficos de (-ln (C0-C/C0)) em função do tempo (t), gera uma linha reta com inclinação k (constante de velocidade), como apresentando na Figura 5.15 (b, d, f, h). Os valores das constantes de velocidade (k), degradação/descoloração aparente (DA) e coeficiente de determinação linear (R2) para a fotólise e fotocatálise são apresentados na Tabela 5.2. 52 Tabela 5.2 – Dados das atividades de fotólise e fotocatálise Fotólise Fotocatálise Corante k x 10-4 (min-1) DA R2 k x 10-2 (min-1) DA R2 Rodamina B 7,785 12 0,9591 2,006 92 0,9818 Azul de Bromofenol 4,958 7 0,9487 1,941 91 0,9958 Azul de Metileno 12,401 16 0,9331 1,956 92 0,9257 Alaranjado de Metila 8,852 13 0,9411 1,052 74 0,9949 Os valores de R2 indicam em percentagem o quanto a linearização da degradação/descoloração aparente conseguem explicar os valores observados. Para ambas as atividades os valores de R2 são satisfatórios, indicando que os dados obtidos se ajustam a equação (14), confirmando que as reações de degradação/descoloração dos corantes têxteis ocorrem de acordo com cinéticas de pseudo-primeira ordem. Os corantes têxteis Rodamina B e Azul de Metileno foram os que apresentaram maior velocidade cinética de reação (k), com 2,006 x 10-2 e 1,956 x 10-2 min-1, e o corante Alaranjado de Metila foi o que obteve menor velocidade cinética de reação, 1,956 x 10-2 min-1. A baixa performance fotocatalítica do corante Alaranjado de Metila (Fig. 5.16a) pode estar relacionado ao fato de que quando em solução, o corante forma uma espécie de escudo, absorvendo os fótons da radiação UVc, impedindo o processo de formação do par elétron/buraco no semicondutor [19]. Figura 5.16 – a) Comparação da degradação/descoloração aparente dos corantes e b) cinética de degradação/descoloração dos corantes na presença de catalisador de ZnWO4. Observa-se na Figura 5.1b6, que a medida que as reações de degradação/descoloração
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