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Consumismo X Meio Ambiente

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RESUMO
Este artigo fundamenta-se em análise acerca da hodierna sociedade que se baseia na produção e no consumo, a qual suscita impactos ambientais, causados pela modernização industrial. Considera-se o progresso científico e tecnológico determinantes pelas maiores agressões ao meio ambiente, uma vez que, os modos de produção adotados pelo homem moderno não foram capazes de proporcionar um convívio equilibrado e uma interação saudável sociedade /natureza. Assim sendo, parte do processo de industrialização surgida na Europa no século XVIII ao progresso científico tecnológico dos dias atuais, relacionando tal fato aos impactos ambientais gerados, bem como a formação de uma sociedade consumista, consolidada pelo capitalismo puramente lucrativo indissociável com a preservação ambiental. Espera-se uma reflexão a respeito das sociedades industriais contemporâneas, de forma a emergir uma visão de que o homem como parte integrante do meio ambiente possa mudar paradigmas em busca da sustentabilidade. Isso implica o não esquivar-se da responsabilidade própria, tornando os problemas ambientais alheios apenas ao poder público, mas sim por toda a sociedade. Logo urge a necessidade de rupturas de conceitos, na busca de um padrão de vida melhor a todos, a qual prevaleça um equilíbrio entre homem/natureza/economia.
INTRODUÇÃO
A industrialização atual resulta de um processo evolutivo iniciado com a Revolução Industrial ocorrida na Europa e particularmente na Inglaterra a partir do século XVIII. Esse período industrial significou a passagem de uma sociedade rural e artesanal para uma sociedade urbana e industrial.
Paralelamente à industrialização desenvolveu-se o capitalismo, o qual conheceu inicialmente o estágio concorrencianal (livre concorrência) e a seguir o estágio monopolista (segunda metade do século XIX em diante).
Decorrente de um desenvolvimento que não considerou os impactos relevantes da revolução industrial e a finitude dos recursos naturais o século XX testemunhou o maior e mais rápido avanço tecnológico da história da humanidade e também as maiores agressões ao meio ambiente.
Produtos que consomem uma enorme variedade de recursos extraídos da natureza, não são oferecidos como necessidades, e tornaram-se emblemáticos na sociedade de consumo que se traduz como democrática, pois teoricamente, todo esse poder está ao alcance dos ricos e dos pobres.
O meio ambiente vem se constituindo em uma das mais importantes dimensões da vida humana e é objeto de análise de diferentes grupos e classes que compõe a sociedade contemporânea. Sociedade esta que se baseia na produção e no consumo, gerando incertezas quanto a possibilidade de inventar ou recompensar os problemas causados pela modernização industrial.
A complexidade da vida está muito associada ao processo de globalização. Por um lado este é o modelo de desenvolvimento econômico que acentua as desigualdades e a exclusão social, por outro, é a expressão de movimento de tomada de consciência dos limites naturais, da eliminação das fronteiras entre as nações como resultado dos avanços tecnológicos e científicos.
Dentre as dificuldades para consolidar uma agenda ambiental no atual palco político, encontramos o desafio posto de compreender as circunstâncias nas quais será possível conjugar consumo, defendido pelas grandes empresas e potências mundiais, contrapondo-se a sustentabilidade ambiental necessária manutenção das reservas e da vida.
Para alguns pesquisadores, além de uma gestão racional e ecológica dos recursos, ambientais, é preciso uma reeducação ecológico-ambiental sem desprezar as reais necessidades da sociedade no que se diz respeito ao consumismo, onde se compreenda os critérios de interdisciplinaridade científica, as leis de sobrevivência do planeta, bem como as perspectivas diferenciadas da cultura, do ser e do pensar humano.
REFERENCIAL TEORICO
PROGRESSO E DESEQUILIBRIO AMBIENTAL
Historicamente, o capitalismo subsidiado pela ciência e pela tecnologia moderna consolidou processos de desumanização da natureza e desnaturamento do homem, elaborados pelas etapas da construção da ciência moderna, baseada no racionalismo, confirmando externalidades recíprocas entre o homem e a natureza, ou seja, o homem entendido como ser excluído do conceito de natureza, estando acima desta, pela superioridade de sua propriedade racional, legitimando a degradação da natureza, percebida meramente como fonte inesgotável dos mesmos recursos, pois, considerava-se que a natureza possuía mecanismos e engrenagens, tal como as máquinas, que a capacitava a reproduzir-se eternamente de maneira homogênea. Esta visão orientou, por exemplo, o capitalismo mercantil responsável pelos primeiros projetos de exploração do território brasileiro. (MORAES,2002).
O mundo atual nos apresenta a soberania da ciência e da tecnologia através dos avanços científicos jamais registrados anteriormente pela história da humanidade. A ciência e a tecnologia confirmaram benefícios para o homem, mas também possibilitou comprometimentos negativos relativos ao ambiente social e natural (SOARES, 2004).
Os modos de produção adotados pelo homem moderno não foram capazes de proporcionar um convívio equilibrado e uma interação saudável sociedade /natureza. A percepção que a sociedade humana sempre teve e ainda traz consigo da natureza é uma visão antropocentrista e de dominação, onde ela reina e comanda sobre tudo e todos. Contudo o modo de produção capitalista, fundamentado na exploração do trabalhador e da natureza, não se apresenta como o modelo de desenvolvimento que busque a sustentabilidade ambiental.
O capitalismo está fundamentado no lucro e no consumismo sendo o mesmo incompatível com a conservação da natureza ( FILHO e SAMPAIO,2004).
Como mostram MELO e OLIVEIRA (2000) “A exploração do trabalho, a fome, a xenofobia, a exclusão social e a degradação ambiental, são problemas recorrentes, motivados, dentro de um sistema cujas causas se misturam às conseqüências, pelo desordenamento econômico”.
A MODERNA SOCIEDADE CONSUMISTA
A socióloga Valquíria Padilha (2007), explica que o cidadão foi reduzido a consumidor através de uma série de estratégias que construíram o capitalismo e o neoliberalismo. O consumo acabou se tornando um fator importante de construção de representações sociais.
Para alguns pesquisadores, consumir é indispensável para fazer a economia girar e os países se desenvolverem. Para outros, o consumo desenfreado é uma grave doença moderna, com complicadas conseqüências para a sociedade e para o meio ambiente. Consumir geraria demanda, que por sua vez geraria maior produção por parte das indústrias, estimulando o surgimento de novos empregos, o aumento de salários e até mesmo o investimento em novas tecnologias para aprimorar a produção. Por muito tempo, essa foi uma corrente de pensamento econômico predominante nos países capitalistas. Mas esse modelo neoliberal, que tinha os Estados Unidos como seu principal representante, está sendo cada vez mais questionado ( RUSCHEINSKY, 2006).
Para Sachs (1986), o meio ambiente deveria ser a base ecológica do processo de desenvolvimento.
Até a década de 1980, havia um relativo consenso de que os atuais níveis de degradação do meio ambiente provinham, basicamente, das relações capitalistas. Contudo, nas décadas predecessores, uma corrente de pensadores da Teoria Social pôs em movimento reflexões sobre padrões de produção numa escala mais ampla. Houve, assim, a necessidade de buscar novas explicações para os níveis de degradação, haja vista situação ambiental dos países do então mundo socialista (SILVA e RODRIGUEZ,2001).
Christiansen and Sandoe (2000) concordam em que é inegável a influência da questão ambiental no mundo dos empreendimentos, a tal ponto que as empresas que compreenderem tal realidade irão obter vantagens estratégicas.
O INDUSTRIALISMO E A QUESTÃO AMBIENTAL
À época, o conceito industrialismo, e seus correlatos, foram eleitos como ferramenta teórica para explicar a questão, uma vez que abarcava tanto o capitalismoquanto o socialismo. Seu vigor explicativo, contudo, enfrentou críticos como Giddens. Segundo GOLDBLATT (1996), ao analisar os argumentos publicados em “The Nation-State and Violence”, lançado em 1985, o conceito sociedade industrial é incompleto em dois pontos: Primeiro, não consegue explicar a qualidade dinâmica da modernidade, os seus poderes de transformação inerentes e contínuos e a aceleração da escala e velocidade das transformações sociais. Nenhuma das descrições habituais da sociedade industrial, nem mesmo a descrição do industrialismo de Giddens conseguem dar uma explicação para estes fatos. Segundo, a noção de uma sociedade industrial deveria sugerir que o industrialismo, na sua qualidade de ordem produtiva, tem um efeito considerável na constituição e organização de outras estruturas sociais.
A procura de um novo paradigma de desenvolvimento, contraposto ao modelo de crescimento econômico dos países centrais, vem-se tornando cada vez mais urgente, diante de um cenário agravado por um contexto mundial em rápida mutação, marcado pela integração desigual dos mercados, pela movimentação espetacular dos fluxos financeiros, pela produção e consumo desenfreados, pela pressão exponencial sobre o meio ambiente, pela uniformização de valores de atitudes, de comportamentos, de produtos, de estilos de vida. São fatos que revelam a insustentabildade do modelo de desenvolvimento socioeconômico capitalista, então prevalecente, sobretudo diante da insuportável desigualdade e exclusão da maioria (RAMALHO FILHO, 2000, in: SACHS, 2000).
GOLDBLATT (1996), crítica os ecologistas verdes, ao identificar como causa estrutural da degradação ambiental o capitalismo em lugar do
industrialismo, mas distante do marxismo, porquanto salienta, com muita propriedade, o papel da cultura e da política, dando como exemplo a sociedade urbana.
A Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo de 1972, projetou mundialmente a necessidade de tomadas de posição dos países, em especial os industrializados, frente ao modelo de desenvolvimento vigente, caracterizado pelas ações econômicas que consideravam os recursos naturais como fonte inesgotável de riqueza, levando à degradação ambiental e humana (Albuquerque, 2006).
A Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo de 1972, projetou mundialmente a necessidade de tomadas de posição dos países, em especial os industrializados, frente ao modelo de desenvolvimento vigente, caracterizado pelas ações econômicas que consideravam os recursos naturais como fonte inesgotável de riqueza, levando à degradação ambiental e humana.
A posição pró-ativa de industriais em relação à questão ambiental é, entretanto, fato recente. Conforme GOMES (1998), é recente também o impacto causado pela atividade industrial humana no ambiente global. Para o autor, a empresa, que a pouco mais de um século mantinha um interesse quase insignificante em relação à natureza, o que propunha uma visão irresponsável de desenvolvimento, evoluiu para uma nova postura, o gerenciamento dos recursos naturais e de exame atento dos projetos em relação a seus futuros impactos ambientais.
Inúmeras tendências teóricas tendem a aceitar a suposição de que o maior responsável pelo quadro do momento é a sociedade industrial.
GOLDBLATT (1996), recoloca a questão, distinguindo o industrialismo do capitalismo, mas demonstrando a interface constituída na modernidade entre estes dois pólos e a impossibilidade de se dissociarem essas dimensões, para efeito de entendimento da questão ambiental e de seus desdobramentos sobre a sociedade.
LOUREIRO (2002), explica que o industrialismo é compreendido como fator de produção e de tecnologia, que tem reflexos na mobilização de recurso na produção e circulação de bens e a sua mecanização, além de interferir na especialização das atividades no trabalho e nos avanços permanentes no campo da ciência e da tecnologia. Entendido dessa forma, fica evidente o quanto o processo de mecanização e de concentração em centros urbanos acarreta danos, decorrentes diretamente da dinâmica industrial. Mas, em termos de análise rigorosa, colocar o industrialismo como determinante, é dizer que tudo o que resulta
deste processo é prejudicial ao ambiente e que a relação sociedade/natureza apresentou sinais de degradação e de dominação humana sobre a natureza só no período de industrialização.
Se o processo industrial e a base tecnológica são os responsáveis pela devastação, a alternativa seria a defesa de uma sociedade inexistente e romanticamente idealizada por grupos de contracultura, na década de 60, quando se vislumbrava uma vida alternativa em pequenas comunidades.
GIDDENS (1991), promove uma separação epistemológica entre capitalismo e industrialismo, declarando que “devemos ver o capitalismo e industrialismo como ‘feixes organizacionais’ ou dimensões diferentes envolvidos nas instituições da modernidade” .
GIDDENS (1991),defende o industrialismo como componente central da degradação ambiental na modernidade, posto que, tanto no capitalismo como no dito socialismo real, esta foi a Tônica do desenvolvimento. Adotamos outra perspectiva de análise, baseando-nos no argumento que a dinâmica de produção e de inovação tecnológica transformadora da natureza não ocorre como fatos históricos abstratos, mas como o resultado da composição do industrialismo com a estrutura capitalista de sociedade.
Os padrões econômicos de consumo excessivo e de degradação do ambiente têm raízes em suposições culturais especificas das nossas relações com o mundo. A noção de que a natureza é um recurso explorável e consumível está tão profundamente enraizada na cultura industrial moderna que, talvez, seja difícil imaginar uma relação alternativa entre os seres humanos e o equilíbrio da comunidade da Terra ( KLUCKHOHN,F.R.1953).
[…] A indústria moderna, modelada pela aliança da ciência com a tecnologia,transforma o mundo da natureza de maneiras inimagináveis às gerações anteriores. Nos setores industrializados do globo – e, crescentemente, por toda parte – os seres humanos vivem num ambiente criado, um ambiente de ação que, é claro, é físico, mas não mais apenas natural. Não somente o ambiente construído das áreas urbanas mas a maioria das outras paisagens também se torna sujeita à coordenação e controle humanos GIDDENS (1991).
PHIERRE (2006), afirma que é necessário frisar que a sociedade é o lugar do conflito, e não da harmonia. É nela que estão os verdadeiros desequilíbrios, e não na natureza, como nos acostumamos a perceber. E nas sociedades estratificadas em condições injustas invariavelmente existem estruturas de poder em constante e acirrada disputa pela prevalência de seus interesses.
MEIO AMBIENTE COMO PRIORIDADE SOCIAL E ECONÔMICA
A questão ambiental impõe as sociedades uma busca nova e pensar e agir, individual e coletivamente de novos caminhos e modelos de produção de bens para suprir necessidades humanas e relações sociais que não perpetuem tantas desigualdades e exclusão social, e ao mesmo tempo, que garantam a sustentabilidade ecológica (Parâmetros Curriculares Nacional, MEC/98).
A questão da qualidade de vida, qualidade ambiental, tão presente nas preocupações ambientais e, portanto presente em uma Educação Ambiental, pode ser facilmente cooptada pelo discurso dominante, reivindicando essa qualidade para segmentos sociais, nações e blocos econômicos, integrantes desta nova ordem mundial, escamoteando, contudo, o sentido de exclusão presente nesta reestruturação do mercado mundial (GUIMARÃES, 1995).
No contexto político, contemporâneo, as coletividades difusas são os novos atores, os determinantes são a igualdade, a liberdade, a solidariedade e a “qualidade de vida”. A questão ambiental é um canal de abertura para a participação sociopolítica que abre possibilidades de influenciadas classes de diferentes estratos diversos da sociedade, no processo deformação de decisões políticas (LONDERO,1999).
As forças sociais e econômicas dominantes,que se opõe ás mudanças na educação, são muito poderosas, desde o momento em que somos formados na escola, preparada para reproduzir e aceitar passivamente a ordem social estabelecida FREIRE (1970) e GIROUX (1986).
É preciso levar em conta algumas das características da sociedade moderna, dentre as quais se destaca o consumismo desenfreado, como símbolo de status, isolamento, passividade política; falta de comunicação, valorização da segurança, aceleração dos acontecimentos que não permite a reflexão, superestimação e saturação da informação recebida, como fato instantâneo e não como um processo, o que impossibilita a sua análise crítica, substituição das referências de valor, definindo como fundamental o “ter” e não o “ser” (MEDINA,1994).
Estamos frente a uma crise generalizada e global não somente econômica, ecológica ou social; é uma crise do próprio sentido da vida e de nossa sobrevivência como espécie, é uma crise de nossa forma de pensar e agir no mundo. Sobreviveremos a ela na medida em que formos capazes de construir uma nova racionalidade ambiental, que possa responder aos desafios presentes (FÓRUM GLOBAL 92,s.d.,p.194-6).
A crise ambiental contemporânea tem suas raízes na dimensão cultural, suas causas na dimensão econômica (relações sociais, produtivas e mercantis) e suas conseqüências na dimensão ecológica e social. Isso quer dizer que, por definição, a questão ambiental é de natureza complexa, não tangível por uma ou outra disciplina isoladamente ( POMIER,1996).
“As teorias de desenvolvimento econômico do século XX, assim como as políticas decorrentes, sempre ignoraram a condicionalidade ambiental, considerada apenas uma externalidade” (VIEIRA, 2002).
Diante disso LEFF (2000), afirma que a crise ambiental é acima de tudo um problema de conhecimento.
GOLDBLATT (1996), destaca que “as políticas propostas para impedir a atual crise ecológica devem depender do modo como diagnosticamos as suas origens”.
SANTOS, (1999) parti da hipótese de que a Teoria Social contemporânea acumulou conhecimentos que permitem: a) uma fonte de consulta para entendermos as atuais relações sociais permeadas pela problemática ambiental, tendo como parâmetros a Ciência, a economia e a política; b) indicar caminhos para políticas públicas de proteção dos recursos naturais,tendo em perspectiva a conservação ambiental, social e cultural.
HENRIQUE LEFF (2001) defende que a temática ambiental seja por excelência eleita para promover a ruptura com o atual paradigma. O autor destaca que:
“o processo civilizatório da modernidade fundou-se em princípios de racionalidade econômica e instrumental que moldaram as diversas esferas do corpo social”.
Essa organização social, pautada na racionalidade econômica, deve ser repensada e suplantada, a nova racionalidade, fundada a partir da temática ambiental, seria a racionalidade ambiental onde homem e natureza seriam pensados integradamente.
CORTINA (1998), por sua vez, apresenta abordagem sintética sobre o relacionamento entre economia e meio ambiente. Argumenta ser difícil, para não dizer impossível, proteger o meio ambiente sem o uso de instrumentos econômicos. Afirma, ainda, que o meio ambiente sempre fora abordado de maneira subordinada e suplementar nos estudos econômicos, o que foi modificado por nova configuração paradigmática, em que a economia passaria a ser integrada e não conflitiva em relação às questões ecológicas. Avalia, ainda, que os choques do petróleo, nos anos 70 do século passado, e os acidentes nucleares, radioativos e de
vazamento de combustíveis fósseis, que expuseram a evidência de perigos à sobrevivência dos ecossistemas, além da possibilidade de esgotamento de recursos naturais escassos, produziram transformações importantes nos conceitos estritamente econômicos, principalmente os afetos à questão do crescimento. Enfatiza, também que, em nossos dias, desde as teorias ortodoxas de economia (liberais, neoliberais e neoclássicas), passando pelas teorias keynesianas e neokeynesianas e chegando às heterodoxas, como a marxista, coexistem e são interpenetradas pelos novos conceitos oriundos da “economia ambiental”, que procura embutir nos processos econômicos os ciclos biofísicos do planeta.
LEFF (2000) assinala que “(…) a crise ambiental leva-nos a interrogar o conhecimento do mundo, (…) corporifica um questionamento da natureza e do ser no mundo, com base na flecha do tempo e na entropia vistas como leis da matéria e da vida, com base na morte vista como lei limite na cultura que constitui a ordem simbólica do poder e do saber. (…) A complexidade ambiental inaugura uma nova reflexão sobre a natureza do ser, do saber e do conhecer, sobre a hibridização de conhecimentos na interdisciplinaridade e na transdisciplinaridade; sobre o diálogo de saberes e a inserção da subjetividade, dos valores e dos interesses nas tomadas de decisão e nas estratégias de apropriação da natureza.”
Hoje, o trinômio econômico-social-ambiental constitui a base do desenvolvimento sustentável e as decisões empresariais devem ser avaliadas à luz dos impactos ambientais, fazendo parte da estratégia corporativa da gestão ambiental em um conjunto de atividades e ações integradas dentro de um complexo paradigma ecológico (FIO CRUZ, 1998; FERREIRA, 2000).
No entanto, para além das decisões técnicas e planejadas somente pela perspectiva administrativa e econômica, temos praticamente uma visão unânime de que as variáveis ambientais devem ser consideradas sobre qualquer perspectiva de projetos de desenvolvimento. Nessa perspectiva, surgiu a idéia, hoje corrente e seriamente estudada, do desenvolvimento “sustentável” ( GOMES, 1998)
LEFF (2001), afirma que ” a questão ambiental não é ideologicamente neutra nem distante dos problemas sociais e interesses econômicos “.
“O grande desafio do nosso tempo: criar comunidades sustentáveis – isto é, ambientes sociais e culturais onde podemos satisfazer as nossas necessidades e aspirações sem diminuir as chances das gerações futuras” (CAPRA, 1996).
Para Sachs (1986), o meio ambiente deveria ser a base ecológica do processo de desenvolvimento. O meio ambiente é fator estratégico do desenvolvimento. Esta concepção prega: o meio ambiente é capital não fixo, tem limites, é esgotável, não é só recurso, mas também: serviços, espaço, genética, cultura etc., heterogêneo, dialético. Sachs diz ainda ser preciso mudar o paradigma do desenvolvimento,pois corremos o risco de esgotamento dos recursos, dos serviços, de alteração ecológica generalizada,de colapso social.

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