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psicopedagogia

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PSICOPEDAGOGIA
INSTITUCIONAL
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2.
1
© 2018 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida 
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou 
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Danielle Leite de Lemos Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Ricken Barbosa
Priscila Pereira Silva
Coordenador
Danielle Leite de Lemos Oliveira 
Revisor
Mariana Coralina do Carmo
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Daniella Fernandes Haruze Manta
Flávia Mello Magrini
Hâmila Samai Franco dos Santos 
Leonardo Ramos de Oliveira Campanini
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
 Zanão, Tamires Araujo
Z27p Psicopedagogia institucional / Tamires Araujo Zanão. – 
 Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
 110 p. 
 ISBN 978-85-522-0792-4
 
 1. Psicopedagogia. 2. Psicopedagogia institucional.
 I. Zanão, Tamires Araujo. II. Título. 
 CDD 370
Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491
2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
mailto:editora.educacional%40kroton.com.br?subject=
http://www.kroton.com.br/
Psicopedagogia Institucional 3
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 04
Tema 01 – Fundamentos da psicopedagogia institucional 05
Tema 02 – Linha histórica e concepção psicopedagógica 17
Tema 03 – Aprendizagem e fracasso escolar 30
Tema 04 – Prática psicopedagógica na instituição 41
Tema 05 – Âmbitos de atuação do psicopedagogo hospitalar 54
Tema 06 – Atuação multiprofissional X interdisciplinar: 
 interface saúde e educação 67
Tema 07 – O psicopedagogo e as ONGs 79
Tema 08 – Relação entre diferentes grupos envolvidos no processo 
 de ensino e aprendizagem na tarefa educativa 91
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
Psicopedagogia Institucional 3
Apresentação da disciplina
Ao iniciar o estudo dos “Fundamentos da Psicopedagogia Institucional” 
faz-se necessário refletir sobre a definição de “psicopedagogia” e de “ins-
tituição”. A Psicopedagogia é um campo de estudo e de atuação interdis-
ciplinar, compreendendo diferentes áreas do saber como a pedagogia, 
a psicologia, a medicina, a filosofia, a psicolinguística, a neurologia e a 
psicanálise. Trata-se ainda de uma habilitação obtida em nível de pós-
-graduação e, portanto, profissionais que trabalham em psicopedagogia 
podem possuir “backgrounds” diferentes, com formação em pedagogia, 
psicologia e fonoaudiologia, por exemplo. Em comum, esses profissionais 
possuem o interesse mútuo no estudo da aprendizagem e em como pro-
movê-la de forma otimizada (VISCA, 1991).
As instituições englobam organizações público ou privada que possuem 
um conjunto de regras estabelecidas que regulam o comportamento dos 
indivíduos que as frequentam ou utilizam-se delas. Essas normas e regras 
padronizam os comportamentos que são aceitáveis para a convivência de 
todos, determinando também os comportamentos inadequados e passí-
veis das punições cabíveis; regras fundamentais para o convívio social. 
A nossa sociedade está organizada em muitas instituições, como o ca-
samento, o Estado, as religiões, mas as de maior interesse para a 
Psicopedagogia Institucional, são a escola, a hospitalar e a empresarial. 
Nesta disciplina, abordaremos as diferentes formas de atuação do psico-
pedagogo institucional, desde os fundamentos básicos da psicopedago-
gia institucional, sua linha histórica, a aprendizagem e o fracasso escolar 
até a atuação do psicopedagogo em instituições não escolares, como hos-
pitais e ONGs e a interface entre educação e saúde.
4 Psicopedagogia Institucional
TEMA 01
FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA 
INSTITUCIONAL
Objetivos
• Definir psicopedagogia e instituição.
• Elucidar a prática da psicopedagogia institucional.
• Exemplificar a atuação do psicopedagogo na institui-
ção escolar.
Psicopedagogia Institucional 5
Introdução
A aprendizagem é uma das habilidades humanas mais fascinantes e está 
presente desde os primeiros dias até o final da vida. Ao longo dos anos 
nós aprendemos de muitos modos: observando os outros, imitando o 
comportamento alheio e por tentativa e erro, por exemplo. Assim como 
existem diferentes maneiras de aprender também existem particularida-
des dos indivíduos que fazem com que uma determinada técnica ou abor-
dagem seja mais adequada para a otimização do aprendizado que outra. 
Ora, somos mais de sete bilhões de humanos habitando o planeta Terra e 
facilmente podemos observar que algumas pessoas têm maior facilidade 
para trabalhar com números enquanto outros se saem melhor com pala-
vras. Alguns gostam de artes enquanto outros não dão muita importân-
cia para este tema. Essa diversidade toda se deve há muitos elementos 
como fatores psicológicos, história de vida, genética, ambiente social e as 
relações estabelecidas, e o psicopedagogo é o profissional essencial para, 
considerando todas essas variáveis, buscar a melhor maneira de promo-
ver o aprendizado, considerando as peculiaridades e particularidades de 
cada indivíduo. 
Assim, para atuar em possíveis dificuldades de aprendizado, o psicope-
dagogo deve inicialmente conseguir identificá-las. Nesta aula, iniciaremos 
com os fundamentos da psicopedagogia institucional, com as diferenças 
entre as práticas clínica e institucional, incluindo algumas das dificuldades 
de aprendizagem mais comuns e como o psicopedagogo pode exercer 
suas aptidões em instituições, principalmente a escolar.
6 Psicopedagogia Institucional
1. A psicopedagogia institucional
A Psicopedagogia surge como uma alternativa para sanar as dificuldades 
de aprendizagem relacionadas ao desenvolvimento neuropsicomotor, 
cognitivo e afetivo que pode estar relacionado com déficits da aquisição 
e manutenção do conhecimento do indivíduo. Nesse sentido, ela difere 
um pouco do termo educação, que seria algo não personalizado, igual 
para todos os indivíduos e que não considera a própria individualida-
de dos alunos. Visca (1991) define bem a particularidade do trabalho do 
psicopedagogo:
“[...] Psicopedagogia significava o conhecimento e o estudo do sujeito in-
dividual, enquanto educação significava o conhecimento da comunidade, 
da sociedade [...] conhecer verdadeiramente como o sujeito aprende é um 
conceito revolucionário, no sentido de aceitar o sujeito como ele é, fazer 
com que este sujeito aprenda de verdade, não fazendo de conta. Isso sig-
nifica uma modificação no sistema e na educação muito grande”. (VISCA, 
1991, p. 14)
O exercício da psicopedagogia pode-se dar basicamente de dois modos: 
através da prevenção, buscando evitar que as dificuldades apareçam, ou 
da terapêutica, de caráter curativo. Você aprenderá sobre essas duas im-
portantes abordagens e também verá algumas possíveis atuações do psi-
copedagogo institucional.
1.1. A atuação do psicopedagogo institucional
A psicopedagogia terapêutica busca reintegrar ao processo de aprendi-
zagem o sujeito que possui dificuldades que o impeçam ou prejudiquem 
o acompanhamento dos conteúdos dados em sala de aula, por exem-
plo. Já a psicopedagogia preventiva se ocupa de projetos pedagógicos e 
educacionais para tornar os procedimentos em sala de aula mais ade-
quados à promoção do conhecimento, buscando contornarpossíveis 
dificuldades pontuais para que o aluno aprenda o conteúdo desejado. 
Psicopedagogia Institucional 7
Por muito tempo a psicopedagogia terapêutica desenvolveu-se principal-
mente em consultórios particulares, com atendimento preferencialmente 
individual, mas pode-se dar também em instituições, como a escola e o 
hospital, por exemplo, e em grupos.
PARA SABER MAIS
Embora as primeiras escolas tenham sido fundadas na Europa 
no século XII, os gregos da antiguidade já ensinavam suas 
crianças de maneira informal, sem que as mesmas fossem 
divididas em séries. A própria palavra “escola” vem do grego 
“scholé” e quer dizer “lugar do ócio”. O significado se deve ao fato 
das pessoas daquela época irem às escolas em seu tempo livre. 
Fonte: Disponível no site Meu artigo/Brasil Escola.
1.1.1. A atuação do psicopedagogo na instituição escola
Dentro da atuação do psicopedagogo na instituição escola, este profis-
sional pode atuar de modo terapêutico em grupos de indivíduos com 
dificuldades semelhantes. É o que ocorre na recuperação das matérias 
tradicionais da maioria das escolas. Aqueles alunos que obtiveram notas 
baixas em matemática, por exemplo, frequentam aulas e atividades ex-
tras da disciplina. Tais atividades costumam gerar bons resultados, pois 
dá-se mais atenção a esses alunos, facilitando que os déficits sejam me-
lhor identificados e trabalhados (BOSSA, 2000).
O psicopedagogo também pode orientar pedagogos e professores para 
que estes estabeleçam vínculos saudáveis com seus alunos. Estes víncu-
los facilitam tanto na promoção do aprendizado como na identificação 
precoce de possíveis dificuldades.
8 Psicopedagogia Institucional
No que tange à prevenção, muito pode ser feito. Segundo Fagali (1993), 
algumas intervenções da psicopedagogia são:
• Reelaboração dos currículos escolares, focando em aspectos 
afetivo-cognitivos.
• Criação de materiais para uso do aluno, buscando o seu desenvolvi-
mento cognitivo.
• Treinamento de professores e atuação do aluno no seu processo de 
aprendizagem.
O psicopedagogo pode exercer seu papel em contextos diferentes, na clí-
nica ou nas instituições, com atendimento individual ou em grupo, e há 
ferramentas diferentes disponíveis tanto para “curar” problemas existen-
tes como para preveni-los. Imagine que você precise pendurar um quadro 
na parede e tem a sua disposição um martelo e uma chave de fenda. O 
que você escolhe? Talvez até seja possível fazer esse trabalho com a chave 
de fenda, mas o martelo trará um resultado muito mais rápido e adequa-
do, não é mesmo? O mesmo ocorre na atuação do psicopedagogo. Antes 
de atuar é preciso identificar o problema e por isso abordaremos na pró-
xima sessão os sinais que podem indicar dificuldades de aprendizagem e 
como elas podem ser abordadas e tratadas.
1.1.2. A atuação do psicopedagogo na instituição hospitalar
Crianças hospitalizadas precisam lidar não apenas com a doença causa de 
suas internações, mas também com alterações importantes de suas roti-
nas, como a diminuição de contato com pais e/ou familiares, a redução da 
ASSIMILE
Os psicopedagogos são profissionais responsáveis pela 
prevenção, diagnóstico e tratamento das dificuldades de 
aprendizagem.
Psicopedagogia Institucional 9
frequência e das modalidades de brincadeiras e a ausência da vida escolar 
e suas decorrências, podendo gerar traumas e dificuldades emocionais. 
Nesse cenário, em que as dificuldades das crianças vão muito além das 
vividas no ambiente escolar, o psicopedagogo pode fornecer um trabalho 
essencial para que não haja descontinuação da educação, respeitando, 
no entanto, o momento e a saúde da criança. A educação é um impor-
tante “meio de comunicação” entre o meio interno da criança e o meio 
externo em que esta vive e sempre que possível é muito importante que 
este contato não seja rompido. O psicopedagogo da instituição hospita-
lar pode atuar na promoção da educação nesse contexto tão delicado 
que envolve a internação de uma criança e auxiliá-la a passar por esse 
momento minimizando as dificuldades que esta enfrentará ao retornar 
à escola. A educação fornecida pelo psicopedagogo pode ainda ter efeito 
terapêutico em contextos de internação.
Como lidar com as dificuldades de aprendizagem
O psicopedagogo possui diferentes recursos para acessar as dificulda-
des de aprendizagem, tais como: atividades pedagógicas e lúdicas, que 
incluem testes, produção de desenhos e histórias que revelam dados re-
levantes sobre a criança, desde o seu modo de pensar, a maneira como 
articula a linguagem em suas diferentes formas de expressão (gestos, pa-
lavras, expressões, etc.) e seus aspectos psicológicos (BOSSA, 2000). 
É importante que o trabalho do psicopedagogo se dê de modo conjunto 
ao dos professores e que ambos fiquem atentos a dificuldades de apren-
dizagem que podem estar disfarçadas em comportamentos agressivos, 
de desatenção ou desinteresse, por exemplo. A autoaceitação pode ser 
muito difícil para alguns alunos e lidar com suas dificuldades muitas vezes 
é mais difícil do que parecer apenas “desinteressado” ou “rebelde”.
O psicopedagogo institucional poderá colaborar com a elaboração de um 
projeto pedagógico que englobe respostas para questões como o que e 
como ensinar para as crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem 
10 Psicopedagogia Institucional
e orientar os professores sobre diferentes formas de ensinar. É importan-
te que se lembre da individualidade de cada um e de que o que faz um 
aluno aprender pode ser diferente para outro aluno. A neurociência e a 
psicologia embasam esta ideia: nós atrelamos significados e sentimentos 
aos nossos aprendizados e as emoções servem como “termômetros” para 
o nosso aprendizado.
EXEMPLIFICANDO
O cérebro precisa selecionar aquilo que se lembrará, pois se-
ria inviável lembrarmos de tudo. Os sentimentos e emoções 
são importantes e servem como um “seletor” de memórias. É 
comum que as pessoas se lembrem onde estavam ou o que 
estavam fazendo quando recebem notícias de impacto. Se 
você tiver idade o suficiente provavelmente se lembrará do 
que estava fazendo quando ficou sabendo sobre o ataque 
das torres do “World Trade Center“, dos Estados Unidos. O 
vídeo a seguir explica de maneira simplifica como a memória 
se estabelece e a importância que a atenção tem na seleção 
do que será armazenado. 
Sabendo da importância dos aspectos emocionais e afetivos para a apren-
dizagem, os projetos pedagógicos poderão se utilizar da promoção de 
momentos positivos associados ao aprendizado. Nós lembramos melhor 
do que aconteceu quando bons sentimentos estão atrelados a lembran-
ças; são as situações que gostaríamos de viver novamente - ainda que 
também lembremos de eventos relacionados a sentimentos ruins, pois 
desejamos evitá-los, e lembremos muito menos de eventos ocorridos du-
rante emoções neutras, que não nos trazem nenhum tipo de “alerta”. 
Psicopedagogia Institucional 11
É importante lembrar que a criança não é um pequeno adulto. Ela possui 
outras formas de lidar com suas emoções e muitas vezes pode estar triste 
ou preocupada com questões que não são totalmente conscientes. Para 
promover bons sentimentos relacionados ao aprendizado o psicopeda-
gogo deve fazer uso, na medida do possível, de brincadeiras. O lúdico traz 
a possibilidade de vivenciar situações da vida adulta de modo seguro e 
desenvolve a criatividade e a capacidade simbólica do indivíduo. 
PARA SABER MAIS
Vygotsky foi um importante psicólogo e pensador que se de-
dicou ao estudo do desenvolvimento intelectual das crianças. 
Ele considerava que o brincar é fundamental para o desenvol-
vimento cognitivo e que a escolha das brincadeiras depende 
das tendências e motivações internas da criança, podendo dar 
outros significados aos objetos externos. Isto pode ser obser-
vado facilmente quando uma criança brinca que um pedaço 
de pano é uma boneca, por exemplo (ROLIM, 2008).
Embora o termo “competência” seja usado pelo senso co-
mum, há importantes discussões acercado que esta deno-
minação engloba em diferentes campos, inclusive o da edu-
cação. O artigo de Fleury trata da contextualização histórica 
e das aplicações do que se entende por competência. Link: 
Construindo o Conceito de Competência. FLEURY, Maria 
Tereza Leme; FLEURY, Afonso. Construindo o Conceito de 
Competência. Rev. adm. contemp. Curitiba, v. 5, n. spe, p. 
183-196, 2001. 
12 Psicopedagogia Institucional
2. Considerações finais
• A Psicopedagogia surge como uma alternativa para sanar as difi-
culdades de aprendizagem relacionadas ao desenvolvimento 
neuropsicomotor, cognitivo e afetivo que pode estar relacionado com 
déficits da aquisição e manutenção do conhecimento do indivíduo.
• O exercício da psicopedagogia pode-se dar basicamente de dois 
modos: através da prevenção, buscando evitar que as dificuldades 
apareçam, ou da terapêutica, de caráter curativo.
• A psicopedagogia terapêutica institucional busca reintegrar ao 
processo de aprendizagem o sujeito que possui dificuldades que 
o impeçam ou prejudiquem o acompanhamento dos conteúdos 
dados em sala de aula ou outras instituições.
• Por muito tempo a psicopedagogia terapêutica desenvolveu-se 
principalmente em consultórios particulares, com atendimento pre-
ferencialmente individual, mas pode-se dar também em instituições.
• Sabendo da importância dos aspectos emocionais e afetivos para a 
aprendizagem, os projetos pedagógicos poderão se utilizar da pro-
moção de momentos positivos associados ao aprendizado.
Com a globalização e a competitividade pais e professores têm se 
preocupado em oferecer o maior número de atividades às crianças 
para que estas aprendam mais sobre temas diversos. São aulas de 
inglês, de informática, de esportes diversos, etc., fazendo com que 
elas estejam ocupadas grande parte do período em que não estão 
na escola. No entanto, a falta de tempo para brincar e deixar a imagi-
nação fluir não poderia comprometer o aprendizado? Como balance-
ar as atividades extracurriculares com a importância do tempo livre 
para brincar e aprender de modo espontâneo?
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Psicopedagogia Institucional 13
Glossário
• background: palavra em inglês que significa contexto, pano de 
fundo e foi utilizado no texto com sentido de formação educacio-
nal prévia a pós-graduação.
• sanar: corrigir uma situação, solucionar, resolver um problema.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 01
1. Escolha a alternativa em que não há um exemplo de 
instituições:
a) casamento
b) igreja
c) Estado
d) aniversário
e) congresso
2. Considere as afirmações abaixo acerca do trabalho do psi-
copedagogo, classifique-as em verdadeiro e falso e esco-
lha a alternativa correta: 
I. O trabalho do psicopedagogo deve ser concentrado na 
prevenção de dificuldades de aprendizagem.
II. O trabalho do psicopedagogo deve ter caráter curati-
vo e terapêutico, atuando quando as dificuldades já se 
instalaram.
III. O psicopedagogo pode atuar em clínicas ou em institui-
ções, a atuação pode ter caráter preventivo ou curativo 
e deve se dar em conjunto com outros profissionais.
14 Psicopedagogia Institucional
IV. O psicopedagogo deve ser solitário e independente vis-
to que os professores e demais membros de institui-
ções podem prejudicar o seu desempenho.
V. Apenas psicólogos podem atuar como psicopedagogos.
a) V -V -F -V -V
b) V -F -V -F -V
c) F -F -V -F -F
d) V -V -V -V -V
e) F -F -F -F -F
3. Escolha a alternativa correta:
a) O brincar é uma atividade importante para a aprendi-
zagem, pois promove a imaginação e o desenvolvimen-
to cognitivo.
b) Os aspectos emocionais da criança não são relevantes 
para o seu aprendizado.
c) O psicopedagogo não deve atuar em escolas visto 
que os professores já exercem atividade similar nesta 
instituição.
d) A única instituição na qual o psicopedagogo pode tra-
balhar é a escola.
e) Psicopedagogo não deve atuar na identificação das dificul-
dades de aprendizagem, apenas na cura destas questões.
Referências Bibliográficas
BOSSA, Nadia. Dificuldades de Aprendizagem: o Que São? Como Tratá-las? Porto 
Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
FAGALI, Eloísa Quadros; VALE, Zélia Del Rio do. Psicopedagogia Institucional 
Aplicada: Aprendizagem Escolar Dinâmica e Construção na Sala de Aula. 
Petrópolis: Vozes, 1993.
FLEURY, Maria Tereza Leme; FLEURY, Afonso. Construindo o Conceito de Competência. 
Rev. adm. contemp., Curitiba, v. 5, n. spe, p. 183-196, 2001. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552001000500010&lng=e
n&nrm=iso>. Acesso em: 08 mar. 2018.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552001000500010&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552001000500010&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552001000500010&lng=en&nrm=iso
Psicopedagogia Institucional 15
ROLIM, Amanda Alencar Machado; GUERRA, Siena Sales Freitas; TASSIGNY, Monica 
Mota. Uma leitura de Vygotsky Sobre o Brincar na Aprendizagem e no Desenvolvimento 
Infantil. Rev. Humanidades, Fortaleza, v. 23, n. 2, p. 176-180, jul./dez. 2008. Disponível 
em: <http://brincarbrincando.pbworks.com/f/brincar+_vygotsky.pdf> Acesso em: 08 
mar. 2018.
SALES, Antonia de Jesus. A Escola Através dos Tempos. Brasil Escola, Meu Artigo. 
Disponível em <https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-escola-atra-
ves-dos-tempos.htm>. Acesso em: 25 mar. 2018.
VISCA, Jorge. Psicopedagogia: Novas Contribuições. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
1991.
VYGOTSKY, Lev Semyonovitch. A Formação Social da Mente. 6. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 1998.
Gabarito – Tema 01
Questão 1 – Resposta: D
Resolução:
Todas as demais alternativas trazem exemplos de instituições: casa-
mento, igreja, Estado e congresso.
Questão 2 – Resposta: C
Resolução:
O psicopedagogo pode trabalhar em clínicas ou em instituições como 
escolas, hospitais e ONG, a atuação pode ter caráter preventivo ou 
curativo e deve se dar em conjunto com outros profissionais, como 
professores.
Questão 3 – Resposta: A
Resolução:
O brincar é uma atividade importante para a aprendizagem, pois 
promove a imaginação e o desenvolvimento cognitivo. Vygotsky 
considerava que o brincar é fundamental para o desenvolvimento 
http://brincarbrincando.pbworks.com/f/brincar+_vygotsky.pdf
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-escola-atraves-dos-tempos.htm
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-escola-atraves-dos-tempos.htm
16 Psicopedagogia Institucional
cognitivo e que a escolha das brincadeiras depende das tendências e 
motivações internas da criança, podendo dar outros significados aos 
objetos.
2 Psicopedagogia Institucional
TEMA 02
LINHA HISTÓRICA E CONCEPÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA
Objetivos
• Apresentar a linha histórica da psicopedagogia no 
Brasil e no mundo e as concepções ao longo do tempo.
• Introduzir as contribuições da teoria piagetiana e da 
psicanálise para a psicopedagogia.
• Refletir sobre a influência da história da psicopedago-
gia para seu futuro.
Psicopedagogia Institucional 3
Introdução
A Psicopedagogia não é exatamente uma nova área de atuação, pois con-
ta com algumas décadas de existência tanto no Brasil quanto na Europa. 
No entanto, comparando-a com outras áreas do saber, como a matemá-
tica e a química, pode-se considerá-la como sendo bastante jovem. Esta 
“jovialidade” apresenta algumas características e especificidades que de-
ve-se estar atento. Uma das principais questões é: quem é e quem pode 
ser psicopedagogo? Quais os campos de atuação desses profissionais?
 Como acontece com outros profissionais, há algumas funções que se so-
brepõem. As funções de diferentes profissionais podem se sobrepor ou 
se confundir visto que algumas divisões do saber são artificiais, ou seja, 
não existe apenas um profissional responsável pelo estudo de uma área 
do conhecimento, mas diferentes áreas se dedicam a porções diferentes 
de um mesmo objeto de estudo. Assim, uma floresta pode ser estudada 
por um ecólogocom enfoque na preservação das espécies, enquanto um 
geógrafo se ocupará de estudar as formações do solo ou do clima da mes-
ma floresta.
EXEMPLIFICANDO
Dentro do nosso tema, uma criança com dificuldade de 
aprendizagem pode ser encaminhada para um psicopeda-
gogo, para um neurologista ou para um neuropsicólogo, de-
pendendo do enfoque dado ao problema.
Para compreendermos melhor o enquadramento funcional do psicope-
dagogo deve-se olhar para a história da psicopedagogia e como sua con-
cepção foi se alterando ao longo do tempo. 
4 Psicopedagogia Institucional
1. Linha histórica da psicopedagogia
Foram muitos os profissionais que se ocuparam com a investigação da 
compreensão e de soluções para crianças com dificuldades de aprendiza-
gem, entre esses, professores, médicos, fonoaudiólogos, psicólogos. Esse 
caráter interdisciplinar que resultou na psicopedagogia é bastante inte-
ressante e necessário, visto que muitos aspectos do indivíduo e do meio 
em que este indivíduo vive podem contribuir (ou não) para a sua aprendi-
zagem (BOSSA, 2000). 
Não podemos esperar que uma criança com alterações neurológicas 
aprenda da mesma maneira que um indivíduo sem essas perturbações, 
assim como uma criança que não tem as mínimas condições de cuida-
dos e de saúde estará mais propensa a não aprender tão bem como 
outra que receba os cuidados devidos. Há muitos fatores envolvidos na 
saúde (tanto física como mental) que podem interferir na qualidade da 
aprendizagem. Ao culpabilizar a criança que apresenta tais dificuldades, 
estamos muitas vezes ignorando todo um sistema bem mais complexo 
de desigualdades sociais, aspectos físicos e psicológicos que são res-
ponsáveis por essas alterações. A história sempre pode nos ajudar a 
aprender com os erros e acertos do passado. Na sessão seguinte você 
começará a ter contato com a história e a evolução da concepção da 
psicopedagogia.
1.1. Psicopedagogia na Europa
Entre as décadas de 20 a 60 a corrente pedagógica europeia considerava 
que o ideal seria que a educação fosse capaz de promover o ajuste do 
indivíduo à sociedade. 
Psicopedagogia Institucional 5
Por essa ótica, quando uma criança apresentava dificuldade de apren-
dizagem esta era responsabilizada por seus déficits. Na década de 60, 
principalmente na França, estudiosos da educação começaram a ques-
tionar os métodos de trabalho utilizados pelos primeiros centros psico-
pedagógicos em vigência. Entre os questionamentos estavam perguntas 
como: qual seria o propósito da reeducação e da recuperação imposto a 
essas crianças após receberem um diagnóstico? Estariam esses primeiros 
psicopedagogos forçando as crianças a se adequarem à sociedade a qual-
quer custo? E, se sim, quais seriam as implicações desses atos?
A década de 70 trouxe outro pesquisador importante para esta discus-
são: Bloch-Lainé, que argumentou que o grande número de alunos com 
fracasso escolar indicava que a problemática não residia em patologias 
dos alunos, mas sim nos aspectos sociais nos quais esses alunos estavam 
inseridos.
Assim sendo, podemos ver que ao longo da história a psicopedagogia eu-
ropeia, e principalmente a francesa, foi mudando o seu enfoque ao tentar 
solucionar problemas de aprendizagem.
PARA SABER MAIS
Segundo Mauco (1964), que foi diretor dos Centros 
Psicopedagógicos da Academia de Paris, o termo psicopeda-
gogo foi escolhido ao invés de médico-pedagógico, pois seria 
mais provável que os pais levassem seus filhos com dificul-
dades de aprendizagem a uma consulta com um profissional 
denominado psicopedagogo do que ao médico. As equipes 
desses centros eram formadas por diversos profissionais e 
realizavam, entre outros métodos, testes de Inteligência para 
fornecer o diagnóstico.
6 Psicopedagogia Institucional
1.2. Psicopedagogia nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos a psicopedagogia também passou por alterações im-
portantes ao longo das décadas. Na década de 20 do século XX surgem 
centros para atendimento de crianças consideradas delinquentes e há 
um aumento importante das escolas particulares que se ocupavam de 
ensinar crianças consideradas “lentas” para aprender. Posteriormente, 
Dewey foi um importante autor para a psicopedagogia norte-america-
na que possibilitou que se exigissem melhores qualidades para a educa-
ção, indo contra a lógica de patologias das dificuldades de aprendizagem 
(MONTEIRO et al., 2007).
1.3. Psicopedagogia na América do Sul
Em relação à psicopedagogia na América do Sul, a Argentina é conside-
rada pioneira através da atuação de Arminda Aberastury e Jorge Visca a 
LINK
A psicopedagogia existe há décadas no Brasil e no mundo e 
há diferentes formas de atuação do profissional desta área, 
sendo que uma boa formação profissional é fundamental 
para a excelência de seus serviços.
Sobre esse assunto, acesse:
MASINI, Elcie F. Salzano. Formação Profissional em 
Psicopedagogia: Embates e Desafios. Rev. psicopedag., São 
Paulo, v. 23, n. 72, p. 248-259, 2006. 
Psicopedagogia Institucional 7
partir da década de 50. Duas décadas depois, foram criados centros de 
saúde mental na capital argentina, com a utilização de técnicas psicanalí-
ticas e avaliações realizadas através do uso de testes. As crianças com di-
ficuldades de aprendizagem passaram a ser tratadas com escuta de suas 
questões e dificuldades baseada nas linhas teóricas psicanalíticas, com a 
compreensão de que o problema de aprendizagem poderia ser gerado 
por questões emocionais. Em uma sessão adiante, abordaremos as rela-
ções entre psicanálise e psicopedagogia.
1.3.1. Psicopedagogia no Brasil
O Brasil seguiu a tendência das mudanças das linhas teóricas mundiais na 
psicopedagogia, mesmo que as mudanças aqui tenham se dado algumas 
décadas depois. 
Na década de 50 a psicopedagoga Genny de Moraes, influenciada pelas 
ocorrências da França, foi responsável pela realização de um trabalho em 
grupo com crianças com dificuldade de escolaridade. Nesse grupo ela 
avaliava também a necessidade de cada um dos alunos de receber um 
acompanhamento individual. Genny ainda foi responsável pela formação 
de alunos em psicopedagogia.
Na década de 70, o curso de especialização em psicopedagogia passou a 
ser oferecido em São Paulo, com o intuito de formar profissionais. Nesse 
período, também se iniciaram pesquisas e estudos sobre aprendizado.
Na década seguinte, houve marcos importantes para a psicopedagogia, 
como associações estaduais de psicopedagogia, que ainda nesta década 
se tornaria a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), e a criação 
da revista Psicopedagogia, no início da década de 90 (Associação Brasileira 
de Psicopedagogia, 2013).
8 Psicopedagogia Institucional
É importante lembrar que existem sim alterações, distúrbios e transtor-
nos neurológicos que implicam ou resultam em transtornos de apren-
dizagem. Nesta aula não estamos abordando esses casos, mas sim de 
indivíduos saudáveis que por motivos outros a alterações neurológicas 
podem apresentar velocidades diferentes de aprendizagem ou mesmo 
necessitar de cuidados em outros aspectos, como sociais ou psicológicos, 
para que a aprendizagem seja possível. 
ASSIMILE
A Associação Brasileira de Psicopedagogia foi fundada em 12 
de novembro de 1980 e regula a atuação de profissionais que 
possuem condições de exercer o trabalho de psicopedago-
go, além de buscar a promoção do conhecimento, aprimora-
mento e atualização desses profissionais por meio de even-
tos, seminários, congressos e cursos (Associação Brasileira 
de Psicopedagogia, 2013).
PARA SABER MAIS
O símbolo escolhido para a psicopedagogia foi a fita de 
Moebüs com três voltas. Trata-se de uma fita simples com 
duas superfícies distintas de modo que haja duas dimensões 
e apenas um lado. Essa fita representa o olhar que o psico-
pedagogo deve ter em seu trabalho, sendo as voltas da fita 
a representação da aprendizagem do indivíduo. Há ainda 
dois círculos, um interno à fita representando o processo de 
aprendizagem, e um círculo externo que simboliza a trans-
formaçãoocorrida pela aprendizagem (Associação Brasileira 
de Psicopedagogia, 2013).
Psicopedagogia Institucional 9
1.4. Contribuições das teorias piagetiana e da psicanálise para a 
psicopedagogia
“[...] estou convencido de que chegará o dia em que a psicologia das fun-
ções cognitivas e a psicanálise estarão obrigadas a se fundirem em uma 
teoria geral que melhorará ambas e as corrigirá”. (PIAGET, 1985, p. 17)
Piaget foi um importante pensador do século XX, considerado o pai da 
pedagogia moderna. Dedicou grande parte de sua vida ao estudo do inte-
lecto e das funções cognitivas e como estes são construídos ao longo do 
tempo, da infância à fase adulta. 
Por outro lado, a Psicanálise é um método de investigação e tratamen-
to para questões psicológicas e de comportamento desenvolvido por 
Sigmund Freud. Segundo Freud, nesse método, engloba a investigação do 
psiquismo, seu funcionamento e tratamento de comportamentos preju-
diciais, que de alguma forma trazem sofrimento para o indivíduo ou para 
aqueles que o cercam.
No início desta sessão há uma frase de Piaget que mostra que havia uma 
polaridade entre o estudo das funções intelectuais e cognitivas, objetos 
de estudo de Piaget e o estudo das emoções proposto pela Psicanálise 
de Freud. O próprio Piaget diz acreditar que acreditava que um dia seria 
possível unir essas duas abordagens. 
É o que se propõe a fazer Visca (1991), responsável pela fundação dos 
Centros de Estudo Psicopedagógicos de algumas cidades na Argentina, 
como Buenos Aires, e também no Brasil, em Curitiba, Rio de Janeiro e São 
Paulo. Esse importante autor buscou integrar as teorias psicanalíticas e 
piagetianas em relação à aprendizagem, criando para isto alguns mode-
los, entre eles o esquema evolutivo da aprendizagem, que coloca que há 
quatro níveis de aprendizagem, sendo:
1. Protoaprendizagem: esta fase se inicia no nascimento e vai até quan-
do a criança começa a contactar seu grupo familiar. Nesta etapa, a re-
lação com a mãe é fundamental, pois é a mãe que está mais próxima 
10 Psicopedagogia Institucional
da criança e também é através dela que a criança pode acessar o mun-
do externo.
2. Deuteroaprendizagem: nesta etapa a criança se relaciona principal-
mente com os membros da família e as relações desses membros en-
tre si, com objetos inanimados e animados, o que irá condicionar a 
percepção do mundo. Se na protoaprendizagem a criança tem seu 
mundo limitado ao contato com a mãe, nesta fase a criança passa a 
conhecer um universo mais amplo, com a formação de uma hierar-
quia entre os objetos preferidos e os preteridos.
3. Aprendizagem assistemática: aqui, a criança irá se relacionar com 
uma comunidade restringida. Novos objetos e situações fazem parte 
da vida da criança e de seus afetos e intelecto. É a fase em que se dá 
início à vida pré-escolar, em que o ritmo e o nível de consciência são 
gradativos.
4. Aprendizagem sistemática: consiste na aprendizagem organizada 
através do nível escolar primário e possui subestágios: aprendizagens 
instrumentais, conhecimentos fundamentais, aquisições transcultu-
rais, formação técnica e de aperfeiçoamento profissional.
Outro modelo proposto por Visca (1991) que integra as concepções pia-
getianas e psicanalíticas é o modelo nosográfico. Neste modelo, o autor 
classifica os estados patológicos da aprendizagem em três níveis: semio-
lógico, onde há a caracterização dos sintomas em objetivos e subjetivos, 
o patogênico, em que o foco está nas estruturas e mecanismos que pro-
vocam os sintomas e, por último, o etiológico, que se preocupa com o 
contexto e a causa histórica dos sintomas apresentados. 
Os sintomas objetivos são aqueles que podem ser observados por outra 
pessoa que não o próprio sujeito e são subdivididos em aprendizagem 
assistemática e aprendizagem sistemática.
Esses são apenas alguns modelos que indicam ser possível unir teorias 
que se ocupam das questões emocionais da aprendizagem com aspectos 
cognitivos da aprendizagem. Isto ocorre porque somos seres complexos 
Psicopedagogia Institucional 11
e não podemos separar artificialmente as emoções da cognição e apren-
dizagem. Uma sempre influenciará a outra, indicando que a promoção e 
a preocupação com a saúde mental e emocional devem sempre acompa-
nhar os pensamentos do psicopedagogo que se ocupa da promoção da 
aprendizagem.
Como foi dito no início do texto, o estudo da história é muito im-
portante para que possamos aprender com os acertos e evitar os 
mesmos erros já cometidos. Agora que você compreende melhor as 
mudanças pelas quais a psicopedagogia passou, quais foram as mais 
relevantes? O que deve ser evitado e quais práticas devem ser ado-
tadas na atualidade?
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
2. Considerações finais
• Muitos foram os profissionais que se ocuparam com a investigação 
da compreensão e de soluções para crianças com dificuldades de 
aprendizagem, entre esses professores, médicos, fonoaudiólogos, 
psicólogos.
• Muitos fatores podem interferir na qualidade da aprendizagem.
• Nos primórdios da psicopedagogia, quando uma criança apresen-
tava dificuldade de aprendizagem ela era responsabilizada por seus 
déficits.
• O grande número de alunos com fracasso escolar indicava que a 
problemática não residia em patologias dos alunos, mas sim nos 
aspectos sociais nos quais esses alunos estavam inseridos.
• Jorge Visca buscou integrar as teorias psicanalíticas e piagetianas 
em relação à aprendizagem, criando para isto alguns modelos.
12 Psicopedagogia Institucional
Glossário
• Funções cognitivas: funções mentais superiores relacionadas à 
cognição, como linguagem, percepção, memória, funções executi-
vas e atenção
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 02
1. O estudo da história da psicopedagogia pode ser conside-
rado importante, pois:
a) nos ajuda a compreender as funções que o psicopeda-
gogo deve exercer.
b) é curioso.
c) é muito antigo, anterior às ciências básicas, como quí-
mica ou matemática.
d) faz parte da estrutura do curso.
e) não é importante.
2. Sobre a história da psicopedagogia é correto afirmar que:
a) Por ser uma nova abordagem, a psicopedagogia não 
sofreu alterações ao longo do tempo.
b) A psicopedagogia do Brasil é contemporânea a euro-
peia, ou seja, as mudanças ocorridas em países euro-
peus se deram ao mesmo tempo que as daqui.
c) Ao longo do tempo, o indivíduo deixou de ser consi-
derado o único responsável pelas suas dificuldades de 
aprendizagem.
d) Não há autores latino-americanos importantes para a 
pedagogia.
e) Piaget não contribuiu para a psicopedagogia.
Psicopedagogia Institucional 13
3. Os principais nomes apresentados no texto da teoria pia-
getiana, da psicanálise e da integração das duas teorias 
são, respectivamente:
a) Piaget, Jorge Visca e Freud.
b) Freud, Jorge Visca e Freud.
c) Jorge Visca, Freud e Piaget.
d) Piaget, Freud e Jorge Visca.
e) Jorge Visca, Piaget e Freud.
Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA. Diretrizes Básicas da Formação 
de Psicopedagogos no Brasil. Publicada em 19 de outubro de 2013. São Paulo: 
Comissão de Formação e Regulamentação do Conselho Nacional da ABPp, 2013.
BOSSA, Nadia. Dificuldades de Aprendizagem: o Que São? Como Tratá-las? Porto 
Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
BRITTO, Eduardo. Atendimento Psicopedagógico. São Paulo: Cengage Learning, 
2016.
FAGALI, Eloísa Quadros. Psicopedagogia “Por que” e “Como” - Psicopedagogia 
Institucional. São Paulo: Salesiana Dom Bosco, 1998.
MASINI, Elcie F. Salzano. Formação Profissional em Psicopedagogia: Embates e 
Desafios. Rev. psicopedag., SãoPaulo, v. 23, n. 72, p. 248-259, 2006. Disponível em 
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862006000 
300009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 15 mar. 2018.
MAUCO, G. L’inadaptation scolaire et sociale et ses remèdes. Cahiers de pédago-
gie moderne. Collection Bourrelier. Paris: Lib Armand Collin,1964.
MONTEIRO, et al. A Primeira Década da Psicopedagogia no Distrito Federal e a 
Educação. Rev. Psicopedagogia,São Paulo, v. 24, n. 75, 2007, p. 272-284.
PIAGET, J. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1985.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862006000300009&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862006000300009&lng=pt&nrm=iso
14 Psicopedagogia Institucional
PORTAL EDUCAÇÃO. Trajetória Histórica da Psicopedagogia nas Américas: 
EUA e Argentina. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/
artigos/biologia/trajetoria-historica-da-psicopedagogia-nas-americas-eua-e-
argentina/45603>. Acesso em: 01 jul. 2018.
VISCA, Jorge. Psicopedagogia: Novas Contribuições. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 
1991.
Gabarito – Tema 02
Questão 1 – Resposta: A 
Resolução:
Para compreendermos melhor o enquadra funcional do psicopeda-
gogo devemos olhar para a história da psicopedagogia e como sua 
concepção foi se alterando ao longo do tempo
Questão 2 – Resposta: C 
Resolução:
Ao longo do tempo, o indivíduo deixou de ser considerado o único 
responsável pelas suas dificuldades de aprendizagem e passou-se a 
olhar também para os aspectos sociais nos quais este está inserido.
Questão 1 – Resposta: D 
Resolução:
Piaget desenvolveu estudos e investigações acerca do desenvolvi-
mento cognitivo e intelectual, Freud é considerado o pai da psicanáli-
se e Jorge Visca buscou relacionar as teorias piagetianas e freudianas 
para compreender as dificuldades de aprendizagem.
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/trajetoria-historica-da-psicopedagogia-nas-americas-eua-e-argentina/45603
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/trajetoria-historica-da-psicopedagogia-nas-americas-eua-e-argentina/45603
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/trajetoria-historica-da-psicopedagogia-nas-americas-eua-e-argentina/45603
2 Psicopedagogia Institucional
TEMA 03
APRENDIZAGEM E FRACASSO 
ESCOLAR
Objetivos
• Apresentar a relação entre o psicopedagogo e os diag-
nósticos realizados diante do fracasso escolar.
• Exemplificar a relação entre cérebro e aprendizagem.
• Discutir os contextos do diagnóstico médico.
Psicopedagogia Institucional 3
Introdução
A escola faz parte (ou deveria fazer) da vida das pessoas desde muito cedo, 
e cada vez mais cedo. Devido a necessidades de trabalho dos pais, antes 
mesmo de ingressar na primeira série do ensino fundamental as crianças 
costumam ser matriculadas em pré-escolas, onde já vão se familiarizando 
com o ambiente escolar. São muitos anos até a formatura do Ensino Médio, 
anos estes em que a escola deve ser a atividade principal desses jovens. 
A escola, portanto, faz parte da vida dos indivíduos, de modo que fica di-
fícil separar as lembranças “da vida pessoal” e da “vida escolar”, pois uma 
e outra são a mesma. É na escola também que muitas experiências e re-
lações se estabelecem pela primeira vez e também se consolidam: sepa-
rar-se dos pais ou responsáveis por um período relativamente longo do 
dia; lidar com as diferenças hierárquicas e de poder existentes entre alu-
nos, funcionários, professores e diretores; relacionar-se entre pessoas do 
mesmo sexo e do sexo oposto, da mesma idade e de idades diferentes; 
responsabilidades assumidas, como tarefas e provas entre muitos outros. 
Resumindo, a escola é um local fértil tanto para descobertas, alegrias e 
amizades, como para frustrações, medos, angústias.
Quando acontece de um aluno fracassar na escola este é visto como o 
único responsável pelo seu insucesso, de modo que são produzidos sa-
beres e práticas que tornam o sistema político e social isentos da res-
ponsabilidade pela produção da desigualdade social. A presente aula se 
propõe a refletir sobre tais questões, analisando a implicação social dos 
problemas da educação escolar; as principais dificuldades que as crianças 
vêm enfrentando, sendo expostas questões acerca da interferência da 
Medicina e da medicalização de crianças como aspectos que influenciam 
na compreensão do fracasso escolar, bem como sugestões de possíveis 
alternativas que visem adequar as práticas educacionais com as deman-
das atuais, tanto no que se refere às necessidades da sociedade em rela-
ção à formação humana quanto às necessidades e desejos das crianças e 
adolescentes (MOYSES, 1992).
4 Psicopedagogia Institucional
1. Psicopedagogia e o diagnóstico diante do fracasso 
escolar
O fracasso escolar na educação brasileira tem sido caracterizado pelas 
altas taxas de evasão e/ou repetência de anos escolares, podendo ainda 
ser configurado pela aprovação automática sem que haja aprendizado 
dos conteúdos programáticos escolares. O fracasso escolar está associa-
do com as políticas de inclusão escolar das classes populares no Brasil e, 
portanto, apresenta-se ligado de modo intrínseco a questões sociais. 
PARA SABER MAIS
O Brasil passou por uma fase importante de progresso urba-
no e tecnológico nas últimas décadas e dentre estas altera-
ções do cenário brasileiro se encontram a adoção de várias 
políticas para erradicar o analfabetismo, diminuir a evasão 
escolar e a repetência. Essas políticas, no entanto, não têm se 
mostrado muito eficazes, com a insatisfação das classes mais 
pobres e a precariedade do ensino fundamental e médio pú-
blicos (PAULA; TFOUNI, 2009).
ASSIMILE
O termo “fracasso escolar” é utilizado para tratar fenômenos 
que englobam a evasão ou repetência escolar, mas também 
dificuldades de aprendizagem generalizadas ou específicas 
(em uma única disciplina escolar, por exemplo). O termo traz 
uma conotação bastante negativa e deve ser utilizado com 
cautela, uma vez que dificuldades ocasionais ou pontuais 
não devem ser entendidas como “fracasso” (MOYSES, 1992).
Psicopedagogia Institucional 5
Se por um lado o trabalho do psicopedagogo pode auxiliar na escolha de 
alternativas metodológicas para melhorar a educação e o aprendizado 
das crianças e jovens, por outro, pode também gerar a culpabilização do 
indivíduo como o único responsável pelo seu fracasso escolar. A culpa-
bilização do aluno é possível através do trabalho de avaliação individual 
feita por esses profissionais. Essas avaliações corroboram com práticas 
da sociedade capitalista e não consideram a capacidade transformadora 
da educação para a situação social do aluno, também discutida no tópico 
anterior. O trabalho dos psicopedagogos nas escolas deve ser sempre 
questionado, pois ao mesmo tempo em que é fundamental para auxiliar 
aqueles que sofrem, também pode ser utilizado para validar a manipula-
ção que coloca a culpa no aluno de questões que vão muito além da esfe-
ra individual e possuem caráter social. 
As tensões e contradições também não podem ser vistas como erros de 
percurso que não deveriam acontecer, já que a escola engloba uma gran-
de quantidade de conhecimentos e é até esperado que se tenha mais 
dificuldade em algumas matérias, por exemplo. Dificilmente temos facili-
dade para aprender todos os conteúdos o tempo todo, não é mesmo?
EXEMPLIFICANDO
Nem sempre há psicopedagogos para auxiliar nas tarefas de 
decisões importantes, como, por exemplo, se uma criança 
deve ou não ir para uma sala especial, e estas determinações 
acabam sendo realizadas pelo professor, que, muitas vezes, 
não possuiu condições de avaliar essas decisões, levando-se 
em conta os benefícios para a criança de ingressar ou sair de 
uma turma especial para uma regular e vice-versa.
Assim, em salas especiais há crianças “normais”, segundo padrões diag-
nósticos, que poderiam frequentar turmas regulares. Provavelmente, há 
também crianças que poderiam se beneficiar do trabalho em salas espe-
ciais (quando bem feito) que frequentam salas regulares. 
6 Psicopedagogia Institucional
Embora necessários e importantes, não é possível negar que os trabalhos 
diagnósticos realizados por psicólogos e acompanhados por psicopedago-
gos muitas vezes desconsideram os processos de subjetivação das crian-
ças e as tratam como se fossem as únicas responsáveis pelo seu “nãodesenvolvimento” padrão. O trabalho do psicopedagogo, nesse sentido, 
deve ser crítico e considerar o contexto no qual a criança está inserida não 
para procurar culpados, mas para viabilizar ações e comportamentos que 
propiciem que aquela criança se desenvolva da melhor maneira possível, 
respeitando as suas individualidades e trabalhando os receios, angústias 
e discriminações que são produzidas por esse sistema de catalogar e se-
parar as crianças “normais” das “anormais”, sem que nenhum trabalho 
que visasse a “recuperação” dessas crianças taxadas de “anormais” fosse 
realizado, nem um acompanhamento dos efeitos que a inserção de crian-
ças antes “não normais” em salas regulares poderia ter sobre ela e sobre 
os outros alunos e professora - por exemplo: haveria discriminação?
Tal acompanhamento não deve ser realizado apenas através de encami-
nhamentos – seja da criança para a classe regular, para a terapia, dos 
pais para orientação, etc. –, pois esses são perigosos, já que se pode criar 
impotências e culpas nos usuários quando estes não seguem a recomen-
dação, o que não acontece se um projeto for criado com o intuito de agir 
na produção do fracasso de cada um dos encaminhados.
Como dito anteriormente, as avaliações psicodiagnósticas acabam por 
transferir o problema social da aprendizagem para o indivíduo, tornando 
as crianças alvos fáceis para rotulações, tais como de distúrbios de apren-
dizagem. Este termo é genérico e se refere a um grupo heterogêneo de 
desordens, manifestadas por dificuldades diversas, como a aquisição e 
manipulação da fala, da escrita, do raciocínio matemático, etc., as quais 
se presumem ser resultados de disfunções do sistema nervoso central, 
tendo, portanto, como causa principal, a constituição biológica. Dessa for-
ma, distúrbios emocionais e sociais, bem como influências ambientais, 
tais como diferenças culturais, instruções inapropriadas, deficitárias ou 
insuficientes e fatores psicogênicos são deixados em segundo plano, con-
siderando-se que as desordens não seriam verdadeiramente causadas 
por estes últimos (ARAÚJO, 2006).
Psicopedagogia Institucional 7
No entanto, são muitos os fatores que interferem na ocorrência do fracas-
so escolar e não podemos deixar de considerar os aspectos sociais, que são 
grandes influenciadores das dificuldades escolares. Este tema é de interes-
se e deve ser conhecido dos profissionais que trabalham com educação. 
1.1. O cérebro e a aprendizagem
No entanto, é preciso salientar que o desenvolvimento cerebral de crianças 
tem características próprias, um ritmo próprio de desenvolvimento, que 
embora seja mais ou menos parecido entre crianças de mesma idade, esta 
afirmação nem sempre é verdadeira. Quando se fala de imaturidade de 
uma criança isto não pode ser entendido apenas como sinônimo de defi-
ciência, pois diferentemente do adulto, o cérebro da criança está ainda em 
desenvolvimento e a aprendizagem pode ocorrer em ritmos diferentes.
PARA SABER MAIS
A neuropsicologia é a ciência que estuda a relação entre o 
cérebro e o comportamento humano. A avaliação neurop-
sicológica pretendia chegar à identificação e localização de 
lesões cerebrais focais, mas atualmente baseia-se na locali-
zação dinâmica das funções cerebrais. Assim, a partir do co-
nhecimento do funcionamento normal do cérebro, podem-se 
identificar precocemente disfunções cognitivas e de compor-
tamento resultantes de lesões. A importância desses instru-
mentos reside, em teoria, na prevenção e detecção precoce 
de distúrbios de desenvolvimento e de aprendizagem, visan-
do intervenções terapêuticas precoces e precisas.
8 Psicopedagogia Institucional
1.2. O diagnóstico médico
A Medicina busca métodos para realizar a classificação das doenças, inclusive 
as mentais. A criação do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders 
(DSM) deixa clara essa intenção de facilitar os diagnósticos. Deve-se ter cau-
tela, no entanto, ao diagnosticar pessoas, em especial crianças, com um de-
terminado distúrbio ou doença, pois em alguns casos é como se colocassem 
todos em um mesmo “balaio de gatos”, homogeneizando-os. Não se deve 
deixar de considerar que cada uma das crianças possui uma história prévia 
ao diagnóstico e que ela não será apenas o diagnóstico (MOYSES, 1992). 
Cabe-se então a pergunta: será que médicos, famílias e escolas não esta-
riam medicando características que na verdade fazem parte dos traços 
de personalidade desses jovens, ou que ainda são elementos naturais da 
idade em que estes se encontram? A evolução da Medicina tem colocado 
a subjetividade dos pacientes em segundo plano, oferecendo soluções 
rápidas e mágicas para questões e problemas que simplesmente fazem 
parte da natureza humana. Não tem como viver sem ter decepções, sem 
sofrer, sem ter fracasso ao menos em algumas atividades. No entanto, 
para algumas pessoas, tudo o que foge de um equilíbrio idealizado e da 
extrema felicidade utópica é tratado como doença.
“Os elevados índices de dificuldades e distúrbios de aprendizagem existen-
tes na realidade brasileira nos convidam a pensar nos desdobramentos de 
diagnósticos indevidos, resultantes, em nossa opinião, de concepções ne-
gativas sobre a criança e seu desenvolvimento e de práticas educacionais e 
avaliativas que desconsideram a política educacional do país; a qualidade 
da escola oferecida aos seus usuários; a relação professor-aluno; a metodo-
logia de ensino, a adequação de currículo e o sistema de avaliação adotado; 
diferenças sociais e culturais que não são respeitadas no sistema de ensino; 
a família - que ainda é vista como aquela que desvaloriza a educação for-
mal em detrimento do trabalho, etc., responsabilizando a criança pelo não 
aprender. Estas concepções, pautadas numa visão organicista e naturali-
zada de homem e sociedade só pode conceber o não desabrochar das ca-
pacidades humanas tomadas como espontâneas como doença, patologia, 
inabilidade e incapacidade”. (TULESKI; EIDT, 2007)
Psicopedagogia Institucional 9
O exagero na medicalização, além de possíveis implicações biológicas, 
pode trazer também um péssimo exemplo para esses jovens, que são 
levados a crer que as drogas podem ser a solução para seus problemas 
emocionais. No entanto, em alguns casos os medicamentos podem enco-
brir traumas e questões psicológicas que não desaparecerão com o uso 
dos medicamentos, apenas ficarão silenciados enquanto os medicamen-
tos estiverem sendo ministrados e esses sintomas poderão ora ou outra 
voltar e com maior intensidade.
A sociedade atual impõe padrões que dificilmente são alcançados 
em todos os aspectos da vida, ou seja, para classificar alguém como 
bem-sucedido, frequentemente espera-se que este indivíduo não te-
nha problemas de cunho pessoal ou social. Por outro lado, devido 
às altas expectativas, os erros são pouco tolerados e cada vez mais 
pessoas sentem-se fracassadas. Levando-se em consideração que a 
aprendizagem também se dá por tentativa e erro, qual pode ser a 
influência dessas expectativas em relação à criança com dificuldade 
escolar? E quais os contextos e cuidados que devemos ter com o em-
prego do termo fracasso escolar?
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
2. Considerações finais
• A vivência escolar é muito importante, pois é na escola que mui-
tas experiências e relações se estabelecem e se consolidam. Muitas 
vezes, quando acontece de um aluno fracassar na escola, este é vis-
to como o único responsável pelo seu insucesso.
• O fracasso escolar na educação brasileira tem sido caracteriza-
do pelas altas taxas de evasão e/ou repetência de anos escolares, 
podendo ainda ser configurado pela aprovação automática sem que 
haja aprendizado dos conteúdos programáticos escolares.
10 Psicopedagogia Institucional
• Distúrbios emocionais e sociais, bem como influências ambientais, 
tais como diferenças culturais, instruções inapropriadas, deficitárias 
ou insuficientes e fatores psicogênicos devem ser levados em consi-
deração diante do fracasso escolar.
• O exagero na medicalização,além de possíveis implicações biológi-
cas, pode trazer também um péssimo exemplo para esses jovens, 
que são levados a crer que as drogas podem ser a solução para seus 
problemas emocionais.
• Deve-se ter cautela ao diagnosticar pessoas, evitando-se que haja 
desconsideração de suas características próprias, que vão além do 
diagnóstico.
Glossário
• Fatores psicogênicos: elementos relacionados a aspectos psicoló-
gicos do indivíduo; causas psíquicas que podem explicar compor-
tamentos do sujeito.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 03
1. Sobre o diagnóstico médico, podemos afirmar que:
a) não traz nenhum benefício para dificuldades de 
aprendizagem.
b) sempre é necessário quando há fracasso escolar.
c) deve ser realizado com cautela para não reduzir um in-
divíduo apenas ao diagnóstico recebido.
d) só é necessário em casos muito graves e irreversíveis.
e) pode ser realizado por profissionais não médicos.
Psicopedagogia Institucional 11
2. Assinale (V) para verdadeiro ou (F) para falso nas afir-
mações abaixo sobre fracasso escolar e as avaliações 
psicodiagnóstica.
( ) As avaliações podem transferir o problema social da 
aprendizagem para o indivíduo, tornando as crianças al-
vos fáceis para rotulações, tais como de distúrbios de 
aprendizagem. 
( ) O termo distúrbio de aprendizagem é genérico e se re-
fere a um grupo heterogêneo de desordens
( ) Distúrbios emocionais e sociais, bem como influências 
ambientais, tais como diferenças culturais instruções ina-
propriadas e deficitárias são sempre levadas em conside-
ração ao se avaliar uma criança.
Agora, assinale a sequência correta.
a) V – V – V.
b) V – F - F.
c) F – V - F.
d) F – F - V.
e) V – V – F.
3. Sobre a neuropsicologia, assinale a alternativa correta.
a) É a ciência que estuda a relação entre o cérebro e o 
comportamento humano.
b) Estuda o comportamento humano.
c) Estuda apenas o cérebro, sem se importar com o com-
portamento humano.
d) Estuda a relação entre cérebro e comportamento de 
macacos.
e) Não é uma ciência estudada em países em desenvolvi-
mento, como o Brasil.
12 Psicopedagogia Institucional
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, S. C. L. G. de. Formação do Pedagogo: Fundamentos Legais e Atribuições no 
Curso de Pedagogia (1939-2006). Anais do VI Seminário da Redestrado – Regulação 
Educacional e Trabalho Docente da UERJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, p. 1-9.
COSTA, D. I. et al. Avaliação Neuropsicológica da Criança. Jornal de Pediatria, v. 80, 
n. 2 (suplemento), 2004.
MOYSÉS, M. A. A. Fracasso Escolar: Uma Questão Médica? Série Idéias, n. 6. São 
Paulo: FDE, 1992.
PAULA, Fernando Silva; TFOUNI, Leda Verdiani. A Persistência do Fracasso Escolar: 
Desigualdade e Ideologia. Rev. bras. orientac. Prof., São Paulo, v. 10, n. 2, p. 117-
127,  dez.  2009. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1679-33902009000200012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 24 abr. 2018.
SEGATTO, C.; PADILLA, I; FRUTUOSO, S. Remédios demais? Revista Época, Tópico 
Sociedade, EDIÇÃO Nº 446, 2006, 118-115.
Gabarito – Tema 03
Questão 1 – Resposta: C
Resolução:
O diagnóstico médico pode ser importante diante a dificuldades de 
aprendizagem e fracasso escolar, mas deve ser realizado com cau-
tela, pois o indivíduo não deve ser confundido com o diagnóstico 
recebido.
Questão 2 – Resposta: E
Resolução:
As avaliações podem transferir o problema social da aprendizagem 
para o indivíduo, tornando as crianças alvos fáceis para rotulações, 
tais como de distúrbios de aprendizagem; termo genérico que se re-
fere a um grupo heterogêneo de desordens.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902009000200012&lng=pt&nrm=iso
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Psicopedagogia Institucional 13
 
Questão 3 – Resposta: A
Resolução:
A neuropsicologia é a ciência que estuda a relação entre o cérebro e 
o comportamento humano.
2 Psicopedagogia Institucional
TEMA 04
PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA NA 
INSTITUIÇÃO
Objetivos
• Elucidar o contexto de saúde e educação envolvido 
na função do psicopedagogo.
• Descrever possíveis atuações práticas do psicopeda-
gogo em instituições.
• Abordar o contexto de prática reflexiva.
• Descrever as práticas que o psicopedagogo pode 
desenvolver nessas instituições.
Psicopedagogia Institucional 3
Introdução
Para compreendermos as atribuições da prática psicopedagógica na ins-
tituição podemos consultar o Código de Ética do profissional. Segundo o 
artigo 1º, do capítulo I, do Código de Ética do Psicopedagogo:
“A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se 
ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, 
a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedi-
mentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos”. 
(ABPp, 2011)
Portanto, a prática da função do psicopedagogo tem grande amplitude 
e engloba não apenas o indivíduo em processo de aprendizagem e o de-
senvolvimento de suas funções cognitivas, mas também o ambiente em 
que a aprendizagem se dá, ou seja, a instituição, que é um espaço físico 
e psíquico da aprendizagem. Engloba ainda as pessoas com quem esse 
indivíduo em processo de aprender se relaciona, seja em seu contexto 
familiar ou fora dele.
PARA SABER MAIS
Funções cognitivas são habilidades mentais que permitem o 
raciocínio, a aquisição e a manutenção de conhecimentos, 
constituindo o intelecto. Entre essas funções estão a percep-
ção, a memória, a linguagem, a atenção e as funções execu-
tivas, de extrema importância para a aprendizagem. Não é 
possível aprender um conteúdo novo sem que a atenção es-
teja voltada para os estímulos que se quer assimilar ou que 
a memória mantenha as informações guardadas para serem 
utilizadas quando requeridas.
file:///C:\Users\tamir\Downloads\(ABPp
4 Psicopedagogia Institucional
Outra informação importante, fornecida já pelo artigo primeiro, é o fato 
da Psicopedagogia ser considerada um campo de atuação em educação 
e saúde. O aspecto da educação é bem mais conhecido e associado ao 
psicopedagogo, mas negligencia-se muitas vezes o caráter de atuação na 
saúde desta função. Talvez por associarmos o termo saúde apenas a ati-
vidades diretamente relacionadas com sobrevivência ou manutenção das 
funções vitais. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde não consiste 
apenas na ausência de enfermidades e afecções, mas no completo bem-
-estar físico, mental e social.
Embora essa definição possa parecer um pouco utópica e irreal (dificil-
mente as pessoas estão completamente bem em aspectos físicos, men-
tais e sociais o tempo todo ou por um período prolongado de tempo, não 
é mesmo?), fato é que o psicopedagogo pode auxiliar na promoção de 
saúde, principalmente nos aspectos sociais e mentais. 
Na presente aula você estudará algumas das diversas práticas possíveis 
ao psicopedagogo em instituições. É importante que você mantenha em 
mente a amplitude de suas funções tanto em caráter educativo como no 
campo da saúde.
1. As práticas e atuações do psicopedagogo
Lembre-se que a Psicopedagogia surge como uma alternativa para so-
lucionar dificuldades de aprendizagem relacionadas ao desenvolvimento 
neuropsicomotor, cognitivo e afetivo. Nesse sentido, ela difere um pouco 
do termo educação, que seria algo não personalizado, igual para todos 
os indivíduos e que não considera a própria individualidade do aluno. 
Acrescenta-se ao contexto educativo, como citado anteriormente, a esfe-
ra da saúde.
Psicopedagogia Institucional 5
A amplitude da atuação do psicopedagogo é confirmada pela argentina 
Ana Maria Rodriguez Muniz, que afirma que os limites do campo de in-
tervenção da psicopedagogia possuem demarcações muito amplas, visto 
que o processo de aprendizagem é composto por processos complexos.
Podemos considerar que as práticas do psicopedagogo são amplas tam-
bém devido à diversidade de contextos em que podem ser aplicadas e 
seuexercício poderá se dar através da prevenção, buscando evitar que 
as dificuldades apareçam ou por meio do caráter terapêutico, com cunho 
curativo (PORTO, 2006). 
Dentre essas práticas, o psicopedagogo escolar atua através do planeja-
mento e o assessoramento das atividades pedagógicas, através da elabo-
ração e reelaboração dos currículos escolares, que devem ser adequados 
para os aspectos afetivos e cognitivos que determinado grupo de crianças 
e jovens precisem desenvolver. A criação de materiais para uso do aluno 
que propiciem atingir os objetivos estabelecidos pelo currículo também é 
uma atribuição do psicopedagogo.
PARA SABER MAIS
Porto (2006) coloca que a psicopedagogia institucional está 
atrelada a uma concepção crítica da Psicopedagogia e da 
educação, contribuindo com as situações de não aprendi-
zagem na escola e suas consequências, incluindo a supera-
ção dessas dificuldades. Novamente, é importante salientar, 
como Porto o faz, que o papel da ação do psicopedagogo 
engloba não apenas o aluno, mas também os educadores 
que estão envolvidos em todo o processo de aprendizagem. 
Para isso, é necessário que seja construída a autonomia dos 
alunos e principalmente dos educadores, através de inter-
venções psicopedagógicas.
6 Psicopedagogia Institucional
Ao planejar os currículos escolares, é importante que o psicopedagogo 
considere a diversidade das habilidades cognitivas que devem ser desen-
volvidas pelos alunos e que estes sejam estimulados a desenvolver a ca-
pacidade de pensar criticamente.
Ainda, espera-se que esse profissional possa fornecer treinamentos de 
professores e acompanhar a atuação destes, bem como participar do 
desempenho e do desenvolvimento dos alunos em seus processos de 
aprendizagem. Sempre que houver necessidade, é importante que o psi-
copedagogo reavalie o projeto pedagógico e baseie sua avaliação nos ob-
jetivos propostos, comparando-os com os atingidos. Caso algo não esteja 
saindo como o esperado, como uma baixa taxa de aproveitamento dos 
conteúdos pelos alunos, por exemplo, deve-se buscar os motivos e suas 
consequentes soluções (CAZELLA; MOLINA, 2010).
PARA SABER MAIS
A Associação Brasileira de Psicopedagogia considera que o 
perfil profissional do psicopedagogo engloba a produção e 
divulgação de conhecimento científico e tecnológico, com 
compromissos de ética para a promoção de Educação com 
qualidade, bem como a articulação com outros profissionais 
tanto da Educação como da Saúde, buscando a construção 
de uma sociedade justa, que respeita a individualidade e o 
direito de todos aprenderem. Fonte: Associação Brasileira 
de Psicopedagogia. Aprender é Para Todos! Documentos e 
Diretrizes. 
Em resumo, o trabalho do psicopedagogo requer o fornecimento de apoio 
e a promoção de condições para uma alteração dos papéis tanto dos pro-
fessores como dos alunos. Ambos devem ser incluídos nas propostas 
Psicopedagogia Institucional 7
pedagógicas e ambos são agentes atuantes no processo do aprendizado: 
nem apenas o aluno é responsabilizado por suas dificuldades de aprendi-
zagem e nem o professor é tido como o único detentor do saber; promo-
ve-se a troca e o envolvimento dos dois lados. 
ASSIMILE
O psicopedagogo escolar deve auxiliar na formação de um 
ambiente propício para o aprendizado.
1.1. Prática reflexiva
Dentro da atuação do psicopedagogo, a prática reflexiva, como o próprio 
nome indica, consiste na estratégia para desenvolvimento de professores 
e educadores através da prática e ação reflexiva e compartilhada.
Gómez (1997) coloca que:
“No componente psicopedagógico é preciso distinguir duas fases princi-
pais: na primeira, adquire-se o conhecimento dos princípios, leis e teorias 
que explicam os processos de ensino-aprendizagem e oferecem normas e 
regras para a sua aplicação racional; na segunda, tem lugar a aplicação na 
prática real ou simulada de tais normas e regras, de modo que o docente 
adquira competências e capacidades requeridas para uma intervenção efi-
caz”. (GÓMEZ, 1997, p. 98)
Para que ocorram essas duas fases, Cazella e Molina (2010) consideram 
que se deve conceber um espaço institucional educativo que promova o 
trabalho prático e a formação de seus profissionais como uma atividade 
conjunta e integrada ao cotidiano da instituição, com espaços reflexivos 
coletivos de formação dos educadores em suas próprias instituições de 
atuação, onde haja, ainda, a possibilidade da reflexão e tomada de cons-
ciência das limitações inerentes à profissão.
8 Psicopedagogia Institucional
1.2. Prática psicopedagógica: um exemplo
No mesmo texto citado acima, Cazella e Molina (2010) trazem um exem-
plo da atuação de psicopedagogos em uma instituição escolar. Analisar 
esse exemplo é importante, pois permite que você compreenda como 
pode se dar a aplicação da teoria em uma situação real.
Os autores fizeram a intervenção com educadores, perguntando-lhes o 
que eles aprovavam na instituição e o que os deixava insatisfeitos. As de-
clarações desses profissionais foram anotadas e classificadas em diferen-
tes categorias, de acordo com a opinião dos próprios educadores. Entre 
as categorias havia: “queixas externas ao trabalho”, que incluíam insatis-
fações em relação à escassez de tempo e alterações de humor; “queixas 
de problemas de ordem individual”, como falta de material de apoio ade-
quado e comportamento inadequado dos alunos; “queixas de problemas 
a serem resolvidos”, incluindo falta de participação de todos os educado-
res em planejamento, entre outros.
Após o levantamento das queixas, realizou-se uma tarefa com os educa-
dores em que estes foram solicitados a fazer desenhos contendo duas 
figuras, uma do educador e outra do aluno, e contar uma história que en-
globasse os dois personagens. Essa técnica é chamada de “par educativo”. 
Na etapa seguinte, a grande maioria dos participantes relatou que seus 
desenhos representavam situações vividas nas instituições em que tra-
balham. Os participantes, posteriormente ao levantamento dessas ques-
tões, foram convidados a desenvolver um organograma no qual os acon-
tecimentos observados durante as oficinas fossem relacionados entre si. 
Ainda, houve trocas de ideias e visões acerca do que tinham observado. 
Ao final, as discussões e sugestões (como adequação do espaço para as 
práticas pedagógicas, organização de exposições artísticas, semanas te-
máticas e reorganização do cronograma de aulas) foram encaminhadas 
para a coordenação geral do projeto, com necessidade de reformulação 
Psicopedagogia Institucional 9
na produção do trabalho pedagógico com os educandos.
O exemplo dado acima ilustra uma possível atuação do psicopedagogo 
que intervém de modo direto com os educadores e de modo indireto com 
os educandos. 
Lembra no início deste texto quando você aprendeu sobre a amplitude 
da atuação do psicopedagogo? Está aqui um exemplo disto! Embora 
seja mais usual pensar no psicopedagogo atuando em contato direto 
com o aluno, o objetivo final de auxiliar na aprendizagem pode ser 
alcançado através de diferentes práticas e desenvolvido em outras es-
feras, como através da atuação direta com educadores e indireta com 
educandos.
EXEMPLIFICANDO
O psicopedagogo atua em diversas etapas, indo desde a iden-
tificação de possíveis problemas, auxiliando os próprios edu-
cadores a tomarem conhecimento e se sensibilizarem com o 
que está ocorrendo e principalmente os instigando a propor 
mudanças que refletirão na conduta que estabelecem com 
os alunos.
10 Psicopedagogia Institucional
2. Considerações finais
• A função do psicopedagogo tem grande amplitude e engloba não 
apenas o indivíduo em processo de aprendizagem e o desenvolvi-
mento de suas funções cognitivas, mas também o ambiente em que 
a aprendizagem se dá, ou seja, a instituição, que é um espaço físico 
e psíquico da aprendizagem.
• O aspecto da educação é bem mais conhecido e associado ao psico-
pedagogo, mas negligencia-se muitas vezes o caráter de atuação na 
saúde desta função.
• Parei Podemos considerarque as práticas do psicopedagogo são 
amplas também devido à diversidade de contextos em que podem 
ser aplicadas.
• Dentro da atuação do psicopedagogo, a prática reflexiva, como o 
próprio nome indica, consiste na estratégia para desenvolvimento 
de professores e educadores, através da prática e ação reflexiva e 
compartilhada.
Como você viu nesta aula, existem muitas áreas para a atuação do 
psicopedagogo, tanto no contexto da educação como no contexto 
da saúde. O termo saúde foi apresentado com a definição oferecida 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e engloba muito mais do 
que a preservação ou promoção das funções vitais, e sim no comple-
to bem-estar físico, mental e social. Como a atuação do psicopedago-
go pode auxiliar na promoção da saúde? Quais os aspectos da saúde 
que podem ser mais beneficiados pelo psicopedagogo? Você pode 
fornecer exemplos de atuação neste campo?
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Psicopedagogia Institucional 11
• Considera-se que se deve conceber um espaço institucional educati-
vo que promova o trabalho prático e a formação de seus profissionais 
como uma atividade conjunta e integrada ao cotidiano da institui-
ção, com espaços reflexivos coletivos de formação dos educadores 
em suas próprias instituições de atuação.
Glossário
• Afecções: sinais e sintomas patológicos que indicam doenças ou 
enfermidades, padecimento ou moléstia.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 04
1. Sobre as práticas do psicopedagogo, assinale a alternativa 
correta.
a) Engloba apenas a atuação na promoção da educação, 
trabalhando diretamente com os alunos.
b) Só é necessário quando há fracasso escolar.
c) É bastante ampla e pode se dar em diferentes contex-
tos e ambientes, dialogando com demais profissionais 
da educação e da saúde.
d) Atua apenas na promoção da saúde, incluindo o bem-
-estar físico, mental e social.
e) Ocorre apenas em escolas.
2. Assinale (V) para verdadeiro ou (F) para falso nas afirma-
ções a seguir.
( ) Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saú-
de não consiste apenas na ausência de enfermidades e afec-
ções, mas no completo bem-estar físico, mental e social.
12 Psicopedagogia Institucional
( ) No trabalho do psicopedagogo, professores e alunos 
devem ter papéis definidos: apenas o aluno é responsabili-
zado por suas dificuldades de aprendizagem e o professor 
é tido como o único detentor do saber.
( ) A psicopedagogia deve dialogar com demais profissio-
nais da educação e da saúde, visto que sua prática engloba 
ambos os aspectos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
a) V – V - V.
b) V – F – V.
c) F – V – F.
d) F – F – V.
e) V – V – F..
3. “ consiste na estratégia para desenvolvi-
mento de professores e educadores, através da prática e 
ação reflexiva e compartilhada”. Os termos que comple-
tam adequadamente a lacuna são:
a) Prática conservativa
b) Prática argumentativa
c) Prática exclusivista
d) Prática reflexiva
e) Prática refletiva
Referências Bibliográficas
ABPp. Código de Ética do Psicopedagogo. Disponível em: <http://www.abpp.com.
br/documentos_referencias_codigo_etica.html>. Acesso em: 25 jan. 2018.
ABPp - Associação Brasileira de Psicopedagogia. Diretrizes Básicas da Formação de 
Psicopedagogos no Brasil. São Paulo, 12 de dezembro de 2008.
http://www.abpp.com.br/documentos_referencias_codigo_etica.html
http://www.abpp.com.br/documentos_referencias_codigo_etica.html
Psicopedagogia Institucional 13
CASTANHO, Marisa. Psicopedagogia em Contextos Hospitalares e da Saúde: Três 
Décadas de Publicações na Revista Psicopedagogia. Revista Psicopedagogia. São 
Paulo, v. 31, ed. 94, 2014. Disponível em: <http://revistapsicopedagogia.com.br/
detalhes/88/psicopedagogia-em-contextoshospitalares-e-da-saude--tres-decadas-
de-publicacoes-na-revista-psicopedagogia>. Acesso em: 25 jan. 2018.
CAZELLA, Sarah; MOLINA, Rinaldo. A Intervenção Psicopedagógica Institucional na 
Formação Reflexiva de Educadores Sociais.  Rev. psicopedag.,  São Paulo,  v. 27,  n. 
82,  p. 78-91,  2010. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0103-84862010000100009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 30 abr. 2018.
GÓMEZ, A. P. O pensamento prático do professor: a formação do professor como 
profissional reflexivo. In: NÓVOA, A. (Org.). Os professores e sua formação. Lisboa: 
Publicações Dom Quixote, 1995, p. 93-114.
PORTO, O. Psicopedagogia Institucional. Rio de Janeiro: Wak, 2006.
SILVA, Marlene Alves da. Práticas Psicopedagógicas.  Psic,  São Paulo,  v. 9,  n. 2,  p. 
261-262, dez. 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1676-73142008000200016&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 25 abr. 2018.
Gabarito – Tema 04
Questão 1 – Resposta: C
Resolução:
A prática da função do psicopedagogo tem grande amplitude e en-
globa não apenas o indivíduo em processo de aprendizagem e o de-
senvolvimento de suas funções cognitivas, mas também o ambiente 
em que a aprendizagem se dá, ou seja, a instituição, que é um espa-
ço físico e psíquico da aprendizagem. Engloba ainda as pessoas com 
quem esse indivíduo em processo de aprender se relaciona, seja em 
seu contexto familiar ou fora dele.
Questão 2 – Resposta: B
Resolução:
As alternativas corretas são I - Segundo a Organização Mundial de Saúde 
(OMS), a saúde não consiste apenas na ausência de enfermidades e 
http://revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/88/psicopedagogia-em-contextoshospitalares-e-da-saude--
http://revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/88/psicopedagogia-em-contextoshospitalares-e-da-saude--
http://revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/88/psicopedagogia-em-contextoshospitalares-e-da-saude--
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862010000100009&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862010000100009&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-73142008000200016&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-73142008000200016&lng=pt&nrm=iso
14 Psicopedagogia Institucional
afecções, mas no completo bem-estar físico, mental e social - e III - A 
psicopedagogia deve dialogar com demais profissionais da educação 
e da saúde, visto que sua prática engloba ambos os aspectos.
Questão 3 – Resposta: D
Resolução:
Dentro da atuação do psicopedagogo, a prática reflexiva, como o 
próprio nome indica, consiste na estratégia para desenvolvimento 
de professores e educadores, através da prática e ação reflexiva e 
compartilhada.
2 Psicopedagogia Institucional
TEMA 05
ÂMBITOS DE ATUAÇÃO DO 
PSICOPEDAGOGO HOSPITALAR
Objetivos
• Elucidar os motivos e contextos atuais da atuação de 
psicopedagogos hospitalares.
• Elucidar o contexto histórico da atuação do psicope-
dagogo hospitalar no Brasil e em outros países.
• Enumerar e sintetizar os principais âmbitos de atua-
ção do psicopedagogo hospitalar.
Psicopedagogia Institucional 3
Introdução
Quando se pensa em educação e em ensino, automaticamente imagina-
-se um ambiente escolar. De fato, tradicionalmente, a escola é o local ade-
quado para o aprendizado, local este que deve ser frequentado por crian-
ças desde idade bastante precoce até o final da adolescência. No entanto, 
por muitos motivos diferentes, nem sempre é possível frequentar esse 
ambiente por todo o período ideal. 
Políticas públicas atuais facilitaram o acesso à escola e à educação, bus-
cando combater a evasão escolar devido ao trabalho infantil, por exem-
plo. Ainda assim, outros motivos maiores podem impedir as crianças e 
adolescentes de frequentar a escola, como problemas de saúde e a ne-
cessidade de internação em hospital. 
O psicopedagogo é um profissional que estuda e atua em contexto de 
saúde e educação, logo, este não pode se limitar apenas ao espaço tradi-
cional, o escolar. Seu papel na instituição hospitalar é essencial: a hospita-
lização muitas vezes leva a sofrimentos físicos e psíquicos e a psicopeda-
gogia pode atuar de modo a minimizar alguns

Outros materiais