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Rastreamento e Prevenção de Doenças

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Rastreamento 
Caderno de Atenção Básica 29 
Rastreamento: busca de casos quando não há sintomatologia. 
Ex: teste rápido HIV, prevenção ao CA de mama, prevenção de CA de próstata 
Quando não tem meta a ser cumprida, se chama rastreamento esporádico 
Diferente de diagnóstico precoce, pois no diagnostico precoce o paciente apresenta sinais e 
sintomas. 
Um programa de referência em rastreamento no brasil e exemplo internacional é do HIV. 
Conceitos teóricos 
1965: Leavell e Clarck publicaram um livro chamado: “A história natural da doença”. 
Em 1967, Clark D.W. afirmava que prevenção significava: evitar o desenvolvimento de um estado 
patológico e em um senso amplo inclui todas as medidas, entre elas terapias definitivas, que 
limitam a progressão da doença em qualquer um dos estágios. 
Em 1975 foi publicado o Conceito de Leavell e Clarck sobre os níveis de prevenção; 
 
 
Agente etiológico → meio ambiente → hospedeiro 
A doença em si, possui 4 possíveis evoluções; consequência do processo patológico quando há 
horizonte clínico: 
• Morte 
• Cura /recuperação 
• Cura + incapacidade/ Defeito ou invalidez. 
• Crônica 
O rastreamento busca identificar pessoas que estão sem sintomas abaixo do horizonte clínico; 
O diagnóstico precoce já busca identificar pessoas que estão no horizonte clínico, ou seja, 
apresentam sinais e sintomas; 
Exemplos: 
Diagnóstico precoce Rastreamento 
Paciente teve um quadro febril, diarreia, 
perda de peso, e procura a unidade de 
saúde para fazer o teste rápido para HIV, ou 
seja, o diagnóstico é baseado em sinais e 
sintomas da doença.” 
 
Um paciente jovem, procura a UBS para fazer 
o teste de HIV. Ele não apresenta nenhum 
sinal ou sintoma, só foi passar por um 
aconselhamento e uma testagem para a 
doença. 
Paciente apresenta tosse, falta de ar, febre, 
procura a unidade básica de saúde e faz o 
teste para Covid-19. 
Governo implementa a testagem rápida de 
Covid-19 em massa, para calcular a 
proporção de infectados no país. 
*Em relação ao Covid-19, o Brasil não está fazendo rastreamento (que seria o ideal), e sim 
diagnóstico precoce. Desta forma, pessoas assintomáticas continuam transmitindo o vírus por não 
saberem que o estão portando. 
A história natural da doença e as prevenções das doenças – Leavell e Clarck 
Prevenção primária Prevenção secundaria Prevenção terciaria 
Promoção a saúde Diagnóstico precoce Reabilitação 
Proteção específica 
(vacina) 
Tratamento x 
x Prevenção de 
incapacidades 
x 
 
Prevenção primária: 
Promoção à saúde: conjunto de ações ou uma ação com objetivo de melhorar a qualidade de 
vida, e não com o foco em uma doença específica. 
É uma questão de comportamento individual em busca de uma qualidade de vida; 
Ex.: Mudança de comportamento (caminhada). 
Ocorre através de: 
• Educação em saúde, 
• Informações, 
• Comunicação com profissional, 
• Promoção de direitos humanos. 
1986: 1ª Conferência internacional de Promoção a saúde – Ottawa/Canadá. 
 Para se atingir promoção a saúde, deve-se mobilizar as comunidades/grupos de pessoas; 
 Promoção é a capacidade da comunidade em identificar anseios, necessidades e 
transformar seu meio de forma favorável a qualidade de vida; 
 Promover a saúde, é empoderar a comunidade para que ela identifique as 
necessidades. 
Proteção específica: proteção à uma doença específica, antes que a pessoa adquira; 
Ocorre através de: 
• Imunização 
• Saúde ocupacional 
• Proteção contra acidentes (EPI, preservativo) 
Exemplo: Vacina contra a paralisia infantil 
Prevenção secundária: 
Diagnóstico precoce e tratamento imediato: São formas de prevenção; 
Quando a pessoa já tem sintomas clínicos da doença e procura uma unidade de saúde para 
diagnostico; 
Exemplo: paciente busca a unidade para fazer um teste rápido de sífilis após notar manchas 
vermelhas em seu corpo; 
Limitação de incapacidade: Evitar a progressão da doença até que a paciente desenvolta 
algum dano ou incapacidade; 
Exemplo: orientar ao paciente com hanseníase que utilize luvas para proteger do sol/evitar uma 
queimadura para evitar que tenha um dano. 
Prevenção terciaria: 
Reabilitação: Todo o suporte humanizado e especializado da sociedade para apoiar o 
paciente 
→ Reintrodução social 
→ Suporte especializado 
→ Humanização. 
Exemplo: Fisioterapia 
Prevenção quaternária: 
É a prevenção da iatrogenia ➔ erros médicos por excesso de intervenções 
médicas. 
Exemplo: senhora tem uma poli farmácia em casa e tem várias prescrições de 
múltiplas medicações que possuem interação medicamentosa. Medico da família 
analisa e reduz as medicações, evitando um dano. 
Prevenção: 
Do ponto de vista histórico, a prevenção migrou da saúde publica para a clínica 
das doenças. Assim sendo, a identificação de fatores de risco como parte da 
prevenção deu início a uma nova era na saúde pública e na medicina, e tornou-se 
uma atividade profissional para epidemiologistas. 
Tanto assim, que nos países desenvolvidos, o foco dos cuidados clínicos mudou da 
cura para a prevenção, ou seja, antecipar (condutas e atitudes) doenças futuras 
em indivíduos que se encontram saudáveis tornou-se prioridade sobre o tratamento 
(GERVAS;2008) 
Na prática brasileira, isso está retratado nas muitas unidades de APS que tem 
agendas priorizadas para grupos populacionais específicos, como por exemplo, os 
programas de hipertensos e diabéticos (demanda programada) e que resistem a 
ideia de acolher a demanda espontânea. ➔ a demanda programada não pode 
atrapalhar a agenda da demanda espontânea. A UBS não pode encaminhar todas 
as demandas espontâneas para a UPA, pois deve destinar uma parte de sua 
agenda para isso. 
Ressaltamos que a legitimidade de uma equipe de saúde se consolida ao oferecer 
cuidado efetivo frente a presença de sofrimento dos indivíduos, famílias e 
comunidades. 
É importante equilibrar essas ações de acordo com o perfil epidemiológico da 
população no planejamento, programação e avaliação das ações de saúde das 
equipes de Saúde da Família. 
Abordagem de alto risco e abordagem populacional: 
Encontrar um equilíbrio entre prevenção e tratamento passa a ser um desafio diário 
dos profissionais de saúde e dos serviços de APS. 
Dada a conjuntura, o Brasil, com situações de pobreza e má distribuição de 
riquezas, pode dar-se “ao luxo” de pensar em prevenção de doenças que exijam 
alta tecnologias?

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