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GLOMERULONEFRITES SECUNDÁRIAS Como fazer um screening para evidenciar uma glomerulonefrite secundária? Incialmente, devemos afastar causas infecciosas: pedir sorologias para HIV, hepatite B e C e sorologia para esquistossomose. Pedir VDRL. Pesquisar de vasculites: P anca e C anda. Pesquisar LES: pedir FAN, C3, C4 e CH50. Junto desses, pedimos também o fator reumatoide Pesquisamos também paraproteinemias, com o exame de eletroforese de proteínas séricas e urinárias. NEFRITE LÚPICA O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença multissistêmica, caracterizada pela produção de autoanticorpos e inflamação que envolve todos os órgãos do corpo O preenchimento de no mínimo 4 critérios conferem sensibilidade de especificidade; são 11 critérios totais. Envolvimento renal: - Presença de proteinúria persistente acima de 500 mg em 24h ou presença de cilindros celulares no EAS, desde que outras possíveis causas sejam afastadas. A doença renal é uma manifestação clínica frequente do LES, e pode se desenvolver na ocasião do diagnóstico ou durante o seguimento clínico. A prevalência da nefropatia pode ser maior que 90%; Mesmo sem evidência clínica, uma biópsia renal pode apresentar alterações glomerulares, que nesse caso será o depósito a imunofluorescência. A prevalência de LES: 15-50 casos por 100.000 habitantes; acomete principalmente mulheres jovens A nefrite lúpica é uma complicação frequente da LES. a) Patogênese e fisiopatologia Se dá pela formação de imunocomplexos e sua deposição glomerular, levando à ativação do complemento e quimiotaxia de células inflamatórias. Os imunocomplexos podem se depositar já formados no glomérulo, ou podem se formar já nesses glomérulos. O imunocomplexos mais comum é o formado pela ligação do DNA de dupla hélice com seu autoanticorpo, o anti-DNAds. A ativação do complemento é REGRA na glomerulonefrite lúpica, demonstrada pela deposição de C3, C4 e C1q. isso indica o envolvimento da via clássica e da via alternativa. A imunofluorescência mostra, ainda, depósitos de IgA, IgG e IgM. Segundo a OMS, os pacientes com LES podem apresentar as seguintes alterações renais (1) Glomérulos normais (2) Alterações mesangiais puras (3) Glomerulonefrite proliferativa segmentar e focal (4) Glomerulonefrite difusa (pior prognóstico) (5) Glomerulonefrite membranosa (6) Glomerulonefrite esclerosante avançada A histopatologia da nefrite lúpica é variável; é característico que a histopatologia mude com a evolução ou involução do padrão histológico. Atualmente, a nefrite lúpica pode ser classificada em 6 classes: b) Manifestações clínicas As manifestações dependem do tipo histológico da glomerulopatia Dentre os 11 critérios, como dito, precisamos de 4 para ter uma suspeita concreta para o diagnóstico de LES; a seguir, temos alguns desses critérios: - Rash malar - Fotossensibilidade - Rash discoide - Úlceras orais - Artrite - Serosite (pleurite ou pericardite) - Desordem renal – paciente com proteinúria maior que 500 mg/24h ou mais que 3 cruzes, se não quantificado; ou cilindros celulares - Desordem neurológica – psicose ou convulsões - Desordem hematológica – anemia hemolítica; reticulcitose; leucopenia; Linfopenia - FAN – a partir do FAN, se positivo, pedimos os desdobramentos do FAN; anti-DNA, anti-SM, anti-LA, anti-P - Desordens imunológicas – anti-DNA; anti-SM O anti-DNA, principalmente o de dupla hélice, é o mais ligado as manifestações renais. c) Marcadores de atividade do LES Atividade: hipercelularidade endocapilar; infiltração de leucócitos; depósitos hialinos; crescentes celulares; infiltrado intersticial; necrose fibrinóide. Cronicidade: esclerose glomerular; crescentes fibróticos; fibrose intersticial. Essas são alterações vistas na biópsia renal. A presença de anti-DNAds está intimamente ligada com o desenvolvimento de lesão renal; a doença pode ser monitorada pelo aumento de anti-DNAds e também pela redução dos níveis séricos de complemento (C3, C4 e CH50). O prognóstico depende do tipo histológico. d) Evolução clínica Como dito, o prognóstico depende essencialmente da classe histológica, além de proteinúria e azotemia. Quando biopsiar um rim de um paciente com LES? - Presença de anormalidades leves no exame de urina, não sugestivas de uma classe específica, mas refratária às doses de prednisona – diferencias a classe - Proteinúria nefrótica com escórias normais – diferencias classe - Aumento lentamente progressivo das escórias – diferenciar classe. e) Tratamento da lesão renal O tratamento é baseado com corticoide e imunossupressores O tratamento tem duas fases: indução da remissa e manutenção. Na indução, o imunossupressor de escolha é a ciclofosfamida; é a chamada pulsoterapia, de acordo com a gravidade. São altas doses de corticoide, em pulsos de injeção. Na manutenção, a droga de escolhe é o mofetil micofenolato e a azotioprina. INFECÇÃO POR VÍRUS B – HEPATITE B A população pediátrica que apresenta lesão glomerular apresenta evolução benigna em 80% dos casos. A remissão ocorre nos primeiros 6 meses do clareamento do HBeAg. Se não há mais o vírus, não há mais formação de imunocomplexos. Em adultos, a evolução pode ser mais arrastada. Manifestações extra hepáticas e extra renais, como artrite e crioglobulinemia, são descritas. A manifestação clínica é proteinúria, com ou sem síndrome nefrótica. Há forte associação entre hepatite ativa e GN membranosa. O tratamento da nefropatia por vírus B é controverso. Em crianças, com alto índice de remissão, o tratamento é sintomático. Em adultos, o tratamento com corticoides e imunossupressões é CONTRAINDICADO, pois favorecem a maior replicação viral. O uso de antivirais não é consistente. Os pacientes com hepatite B podem desenvolver 4 grandes síndromes renais: (1) Glomerulopatia membranosa (2) Glomerulonefrite membranoproliferativa tipo 1 (3) Nefropatia por IgA (4) Poliartrite nodosa clássica INFECÇÃO PELO VÍRUS C – HEPATITE C Há a associação entre infecção por hepatite C e desenvolvimento de glomerulonefrite. Pode ocorrer mesmo sem a doença hepática evidente Manifestações predominantes: síndrome nefrótica com insuficiência renal leve a moderada O achado histológico é membranoproliferativa tipo 1; o menos comum é: proliferativa mesangial e membranosa Pode se associar a crioglobulinemia. A patogênese: deposição de imunocomplexos contendo antígeno HCV e o anticporo anti-HCV Esquemas terapêuticos com corticoides e imunossupressões não são eficazes na doença renal, e podem até agravar a viremia e hepatopatia. O esquema terapêutico visa negativa a viremia, reduzindo os precipitados. NEFROPATIA POR HIV A nefropatia associada ao vírus é a forma mais comum de doença renal crônica em pacientes soropositivos. Quadro clínico: síndrome nefrótica e déficit da função renal; edema; hematúria. Complementos estão normais. HIVAN: complicação tardia do HIV, evidenciada pela redução do CD4 ou por infecção oportunista prévia. As dimensões renais podem estar aumentadas, mesmo após a cronicidade. Lesões habituais que o HIV causa no rim: GESF colapsante; GN proliferativa por imunocomplexos (HIVIC); nefropatia túbulo-intersticial. A nefropatia ocorre pela desregulação da interação vírus-hospedeiro O vírus pode infectar diretamente as células, exercendo efeito citopático -> estimula citocinas e propicia a produção de matriz e esclerose mesangial A infecção pelo HIV pode intensificar a apoptose, intensificando a polaridade celular, causando dilatação tubular microcística, característica dessa nefropatia. O tratamento se baseia na terapia antirretroviral. Corticoides, IECA e imunossupressões não mudam a sobrevida renal. Pacientes com nefropatias tratados tardiamente tem remissão parcial da proteinúria devido a esclerose mesangial já instalada e pode evoluir lentamente para DRC. NEFROPATIA DA ESQUISTOSSOMOSE Os agentes etiológicos: Schistosoma mansoni; japonicum e haematobium A forma clínica mais comum: síndrome nefrótica, com graus de insuficiência renal Hematúria microscopiaestá quase sempre presente; pode ocorrer HAS. Hepatomegalia, esplenomegalia e hipertensão portal. A fase inicial é assintomática; o envolvimento renal é constatado com proteinúria e hematúria no EAS. O diagnóstico é feito com pesquisa de ovos nas fezes Hematúria, proteinúria, hipertensão artéria, baixos níveis de C3, gamaglobulinemia sérica aumentada, hepatomegalia e esplenomegalia em pacientes de área endêmica. Tipos histológicos mais comuns: - GN membranoproliferativa ou proliferativa mesangial com imunofluorescencia para IgM e C3 em mesângio e alças capilares - A GN membranoproliferativa é a lesão mais comum, sobretudo quando há o estado Hepatoesplenomegalia da doença. - A forma mesangial é mais encontrada quando há a forma hepatointestinal e em assintomáticos; à microscopia eletrônica, vemos duplo contorno na membrana basal glomerular. Como ocorre: o antígeno atinge a corrente sanguínea, dando origem a anticorpos; esses Ac formarão imunocomplexos solúveis e se depositarão no glomérulo · A detecção do antígeno reforça o diagnóstico. A nefropatia evolui progressivamente, mesmo com o tratamento da esquistossomose; assim, devemos controlar a pressão arterial e reduzir a proteinúria. Assim, impedimos a progressão da insuficiência renal.
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