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farmacodinâmica • Conceito de mecanismo de ação surgiu no final do século XIX e início do século XX. • “Os efeitos da maioria dos fármacos resultam da sua interação com componentes macromoleculares funcionais do organismo dando início a uma cadeia de eventos bioquímicos que levam aos efeitos observados”. componentes macromoleculares – alvos farmacológicos • Receptores – receptores β1 cardíacos, muscarínicos • Enzimas – cicloxigenase, fosfodiesterase • Proteinas transportadores – furosemida • Proteinas estruturais – tubulina, colchicina • Canais iônicos – anestésicos locais • Acidos nucleicos – antineoplásicos • Fármacos que não atuam através de um componente macromolecular especifico – laxante, antiácidos • Locais der ligação inerte: albumina plasmatica – molécula não reguladora o Não é uma molécula receptora porque ela é promiscua (não apresenta especificidade) e sua ligação com o fármaco não gera efeito biológico • Em geral, apresentam natureza proteica • Tipo de interação química entre os alvos farmacológicos e os fármacos – pode haver mais de 1 o Covalente – ligação irreversível (muito forte) o Iônica o Ligação de hidrogênio o Interações hidrofóbicas (Wan der Walls) força reversível duração da ação dos fármacos • Efeito dura apenas enquanto o fármaco ocupa a molécula receptora • Ação pode persistir após o fármaco ter se dissociado – moléculas acopladoras capazes de amplificar e prolongar o sinal – receptores acoplados à ptn G por meio da ação de mensageiros secundários • Efeito pode persistir ate que o complexo fármaco-molécula receptora seja destruída propriedades desses componentes moleculares • Afinidade: determina com que avidez o fármaco se liga ao seu alvo terapêutico, mediante enorme gama de locais de ação quimicamente diferentes existentes no corpo • Especificidade: determina o quão especifica vai ser essa ligação fármaco-componente macromolecular – alterações na estrutura de um fármaco podem aumentar ou diminuir acentuadamente sua especificidade pelo alvo – tamanho molecular, geometria, carga elétrica. Ex: talidomida (S= teratogênico) • Saturabilidade: a afinidade do componente macromolecular pela ligação a um fármaco determina a quantidade deste necessária para formação de um número significativo de complexos fármacos-componentes macromolecular e o número total de componentes macromoleculares limita com frequência o efeito máximo que um fármaco pode produzir. • Especificidade da resposta celular: a ativação de um mesmo subtipo de receptor (ou enzima ou molécula transportadora) em tecidos diferentes podem causar efeitos diferentes. Ex: receptores β2 no fígado e no musculo liso brônquico seletividade* - determina a segurança de um fármaco • Significa que determinado fármaco pode ativar ou inibir preferencialmente um subgrupo de receptores (ou enzimas, ou moléculas transportadoras, etc) em concentrações que não vão ativar outros subgrupos. • Em geral, quanto maior a afinidade e especificidade de um fármaco pelo seu receptor, mais seletivo ele se apresenta • Em linhas gerais, um fármaco é descrito pelo seu efeito predominante ou pela ação considerada como base daquele efeito, o que não significa que ele possa ter outros sítios de atuação. À medida que se aumenta a dose desse fármaco, ele vai ficando menos seletivo e começa a atuar em outros sistemas – efeitos adversos. sinalização celular e alvos farmacológicos • Principais alvos moleculares de fármacos: enzimas ou receptores • Enzimas como alvos primários para ação de fármacos: fármacos atuam primariamente na inibição das enzimas por meio de diferentes mecanismos, como: inibição competitiva, substratos alternativos • Receptores como alvos primarios para ação de fármacos: o Associados à proteína G ▪ Apresentam 7 segmentos transmembranares ▪ Acoplados à ptn G – elo entre proteina receptora e proteínas efetoras (adenilato ciclase, fosfolipase c ou fosfolipase a2) ou canais iônicos (controlados por fosforilação ou diretamente pela proteína G) ▪ Resposta amplificada, porém mais lenta devido à complexidade da estrutura ▪ Proteina G – formada pelas subunidades α, β e γ – pode ser classificada em subgrupos: • Gs – ativa adenilato ciclase ↑ AMPc intracelular (2° mensageiro) – receptores β1 e β2 o ↑ AMPc ativa Ptn quinase A (PKA) • Gi/0 - inibe a adenilato ciclase ↓ AMPc (2° mensageiro) – receptores M1, D2 e α2 • Gq – ativa fosfolipase C, que cliva diacilglicerol (DAG) e inositol trifosfato (IP3) –IP3, que chega aos receptores de rianodina no RE, liberando Ca2+ no citosol, ativando PKC – IP3 e Ca2+ (2° mensageiro) – receptores M1, M3 e α1 ▪ Receptores metabotrópicos – acoplados à ptn G – ativam moléculas efetoras e geram cascatas de sinalização intracelular, resultando em efeito biológico definido o Receptores inotrópicos, que permite trânsito de íons • Constituem canais iônicos – são formados por subunidades, que se juntam, formam um poro permeável a íons • Ex: receptor nicotínico, através da ligação de 2 moléculas de acetilcolina às subunidades α, permite a abertura de um poro permeável a Na+ • Resposta mais rápida, em decorrência da maior simplicidade da estrutura • Ex: GABA A o Receptores tirosina quinase ou serina quinase ▪ Apresentam ação enzimática em sua porção carboxi terminal intracelular ▪ Sofrem dimerização na presença de EGF, fosforilação da região carboxi-terminal e de outras moléculas intracelulares, levando a uma resposta biológica especifica ▪ Ex: insulina, fatores de crescimento e citocinas o Receptores citoplasmáticos ▪ Ligante precisa ser lipofílico para atravessar a membrana ▪ Ligante atravessa a membrana, encontra seu receptor e desencadeia respostas de aumento ou diminuição da transcrição gênica. Temo para início do efeito feito prolongado (efeito envolve transcrição genica). ▪ Ex: glicocorticoides dessensibilização dos receptores • As respostas mediadas por receptores a agonistas frequentemente se dessensibilizam com o tempo • Normalmente reversível e transiente • O receptor não é internalizado • Ocorre quando altas concentrações do agonista são utilizadas • Ex: Beta-adrenoreceptor – gera mudança conformacional e parte deste receptor fica sujeito à fosforilação pela ação da B-adrenoreceptor cinase (BARk). Essa parte do receptor que está fosforilada se liga a uma b-arrestina. Essa ligação reduz a resposta ao agonista. Com a retirada do mesmo há reversão do processo. • Posteriormente à dessensibilização pode ocorrer a down-regulation – internalizado em vesículas, podendo depois sofrer degradação lisossomal ou ser reinserido na membrana o Ex: uso continuo de broncodilatadores – tolerância farmacodinâmica (agonistas β2 – internalização de receptores). • Up regulation de receptores – uso prolongado de algum β-bloqueador daquele receptor, o organismo entende que aquele receptor é insuficiente, fazendo com que haja um aumento da expressão daquele receptor na superfície do tecido. o Retirada gradual para evitar efeito reboot princípio da interação fármaco-receptor • Teoria da ocupação – Clarck (1920) o O efeito de um fármaco é diretamente proporcional à fração de receptores ocupados. O efeito máximo só será alcançado quando todos os receptores forem ocupados o 0¢ de ocupação – 100% de efeito ou efeito máximo o Fração intermediária de receptores ocupados – efeito intermediário • CE50: concentração do fármaco que produz 50% do seu efeito máximo • DE50: dose do fármaco que produz 50% do seu efeito máximo • Clarck não explicava porque alguns fármacos nunca produziam efeitos máximos, mesmo que todos os receptores tivessem ocupados • Atividade intrínseca – Ariens (1954) o Introduz o conceito de atividade intrínseca – capacidade do fármaco de se ligar ao receptor, ativá-lo e transduzir o sinal o Agonista: ligante que se acoplaa um receptor e produz um efeito (ex: histamina) o Antagonista: ligante que se acopla a um receptor e não produz efeito (ex: anti-histamínicos) o Agonista inverso: ligante se liga ao receptor e causa uma redução do nível de ativação constitutiva - beta carbolinasai e sistema benzodiazepínico – se aplica a receptores com atividade basal, mesmo na ausência do agonista (receptor já apresenta atividade constitutiva/basal. Ex: GABA A, com agonistas inversos os níveis vão abaixo do basal) • 𝛼 − 𝐸 𝐸 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 𝑥 𝑎𝑔𝑜𝑛𝑖𝑠𝑡𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 o α = 1 (agonista total) o α = 0 (antagonista) o 0 < α < 1 (agonista parcial) • Eficácia intrínseca (Sthephenson – 1956, Furchgott – 1966, Kenakin – 1987) o Evolução do conceito anterior de atividade intrínseca – eficácia intrínseca – depende de características do fármaco e do tecido máx máx o Ariens e Furchgott são diferentes – é possível que 2 agonistas tenham atividade intrínsecas iguais e diferentes eficácias receptores de reserva • Em alguns tecidos, agonistas com grande eficácia podem produzir efeito máximo mesmo que somente uma fração dos receptores seja ocupada. • Consequência: Não-linearidade entre ocupação dos receptores e efeito CE50 < Kd representação gráfica • Curva concentração x efeito • Curva log concentração x efeito • Potência: a potência designa a concentração (CE50) ou dose (DE50) de um fármaco necessária para produzir 50% do efeito máximo – (o mais potente e aquele que tem DE50/CE50 menor) • Eficácia: está relacionada ao efeito máximo (Emáx) • Inclinação da curva: dá informações a respeito da ligação do fármaco ao receptor tipos de antagonistas • Antagonismo: O efeito de um fármaco é diminuído ou abolido pela presença de outro fármaco o Superável: A inibição exercida pelo antagonista é vencida quando se aumenta suficientemente a concentração do agonista ▪ Característica da Representação Gráfica nessa situação: • Ocorre deslocamento da curva para a direita • Ocorre manutenção do Efeito Máximo • ↑ da CE50 ↓ potência • Possível Mecanismo Molecular envolvido: antagonismo competitivo reversível o Não-Superável: a inibição exercida pelo antagonista não é vencida mesmo quando se aumenta suficientemente a concentração do agonista. ▪ Característica da representação gráfica nessa situação: • Não ocorre deslocamento da curva para a direita • ↓ E máx • CE50 – manutenção ou aumento • Possíveis mecanismos moleculares envolvidos: o 1) Antagonismo competitivo irreversível – fenoxibenzamina – antagonista irreversível dos receptores alpha adrenérgicos o 2) Antagonismo não-competitivo/alostérico – antagonismo alostérico (antagonista se liga em outro sítio que não seja aquele do agonista e gera modificação conformacional do sítio ativo que perde a afinidade pelo ligante). o Químico: um fármaco pode antagonizar as ações de um segundo fármaco ligando- se a ele e inativando-o. Ex: protamina e heparina o Fisiológico: dois agonistas influenciam o mesmo fenômeno em direções opostas Ex: insulina combate os efeitos hiperglicêmicos dos glicocorticoides acoplamento receptor-efetor • Modelo Estático: Chave e Fechadura (desuso) Modelo • Dinâmico: ligação levaria a mudança conformacional do receptor e desencadearia uma cascata de eventos que levaria a um efeito. o Modelo do Ajuste Induzido - a ligação acontece e gera uma mudança conformacional do receptor. Uma parte de sua estrutura ativa outras proteínas intracelulares, ou abre canal iônico, etc. Torna-se ativo em função da ligação. o Modelo dos dois estados ▪ Hipótese: o receptor já preexiste sob a forma de 2 conformações possíveis (uma majoritária e outra minoritária ativa), independente da presença ou não do fármaco. ▪ O fármaco pode ter afinidade para uma forma ou outra. análise de curvas dose-resposta quantais • Curvas dose-efeito quantais: Usada quando a resposta farmacológica for um evento tudo ou nada Ex: prevenção de convulsões, arritmias ou morte. o Dose Mediana Eficaz: dose em que 50% dos indivíduos apresentam o efeito quantal especificado (DE50) o Dose Tóxica Mediana: dose em que 50% dos indivíduos apresentam efeito tóxico especificado (DT50). Se esse efeito for a morte – DL50. o Dose Tóxica Mínima (DT1) o Dose Efetiva Mínima (DE99) o Índice Terapêutico (IT) = margem de segurança de um fármaco utilizado para produzir efeito especificado ▪ IT pode ser considerado baixo quando se tem uma diferença menor que 2 vezes entre os valores de DL50 e DE50, ou existe uma diferença menor que 2 vezes entre as doses tóxicas (letais) mínimas e as doses efetivas mínimas no sangue.
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