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ANTIMICROBIANOS • O que são agentes antimicrobianos? Agentes antimicrobianos podem ser definidos como compostos químicos que matam ou inibem o crescimento de microrganismos, eles podem ser classificados em naturais ou sintéticos. As diferenças bioquímicas entre microrganismos e seres humanos são essenciais para a eficácia dos fármacos antimicrobianos, já que eles são seletivamente tóxicos; ou seja, têm capacidade de lesar ou matar os microrganismos invasores sem prejudicar as células do hospedeiro. A concentração do fármaco precisa ser cuidadosamente controlada, pois a toxicidade seletiva é relativa, em vez de absoluta, então o fármaco precisa atingir o microrganismo enquanto ainda está sendo tolerado pelo hospedeiro (CLARK, 2013). No século XX foi descoberta a penicilina por Alexander Fleming e houve grandes avanços no desenvolvimento de medicamentos antibacterianos. No entanto, tão logo drogas antibacterianas foram implantadas, as bactérias responderam, manifestando várias formas de resistência (NOGUEIRA et al., 2017). A resistência bacteriana aos antimicrobianos é um problema multifatorial com implicações microbiológicas, terapêuticas, epidemiológicas e de saúde pública (SCHER, BOTONI e COSTA-VAL; 2016). • Quais os mecanismo de ação dos antimicrobianos? Os antimicrobianas podem ser classificadas como bactericidas ou bacteriostáticos. Enquanto os fármacos bactericidas atuam, eliminando o micro-organismo diretamente, os bacteriostáticos inibem o crescimento e a multiplicação bacteriana, possibilitando que as defesas imunológicas do hospedeiro eliminem os patógenos (NOGUEIRA et al., 2017). Os agentes antimicrobianos, utilizados para o tratamento de infecções bacterianas, podem ser classificados, também, de acordo com o principal mecanismo de ação. Existem cinco principais modos de atuação: 1) inibição da síntese da parede celular; 2) inibição da síntese de proteínas; 3) desestabilização da membrana da célula bacteriana; 4) interferência na síntese de ácido nucleico; 5) inibição da síntese de folato (NOGUEIRA et al., 2017). Figura 1. Sítios básicos de atividade dos antibióticos. FONTE: MURRAY, 2017. • Inibição da Síntese da Parede Celular O mecanismo mais comum de atividade antibiótica é a interferência na síntese da parede celular bacteriana. A maioria dos antibióticos que atuam na parede celular bacteriana é classificada como β-lactâmicos (p. ex., penicilinas, cefalosporinas, cefamicinas, carbapenêmicos, monobactâmicos, inibidores de β-lactamase) (MURRAY, 2017). Os antibióticos beta-lactâmicos inibem o crescimento de bactérias sensíveis inativando enzimas localizadas na membrana celular bacteriana, que estão envolvidas no terceiro estágio da síntese da parede celular. É durante esta fase que os fios lineares de peptídeoglicano são cruzados em um polímero semelhante a uma rede de arrastão que circunda a célula bacteriana e confere estabilidade osmótica no meio hipertônico do paciente infectado. Beta-lactâmicos inibem não apenas uma única enzima envolvida na síntese da parede celular, mas uma família de enzimas relacionadas (quatro a oito em bactérias diferentes), cada uma envolvida em diferentes aspectos da síntese da parede celular. Essas enzimas podem ser detectadas por sua ligação covalente de penicilina radioativamente rotulada (ou outros beta- lactams) e, portanto, têm sido chamadas de proteínas de ligação à penicilina (PBPs) (LETOURNEAU, 2021). Outros antibióticos que interferem na síntese da parede celular bacteriana incluem vancomicina, daptomicina, bacitracina, e os seguintes agentes antimicobacterianos: isoniazida, etambutol, cicloserina e etionamida (MURRAY, 2017). Figura 2. Estrutura e mecanismo de ação dos antibióticos Beta-lactâmicos. FONTE: CLARK, 2013. • Inibidores da Síntese Proteica Bacteriana Os inibidores da síntese proteica exercem efeito atuando sobre os ribossomos bacterianos. O ribossomo bacteriano consiste de duas subunidades 50S e 30S, ao passo que os ribossomos dos mamíferos são formados pelas subunidades 60S e 40S. Essa diferença confere a base para a seletividade destes fármacos na inibição da síntese proteica (NOGUEIRA etal., 2017). Contudo, os ribossomos das mitocôndrias dos eucariotos se assemelham estruturalmente aos das células bacterianas, e, portanto, o uso destes antimicrobianos em concentrações elevadas, pode interferir na síntese proteica mitocondrial do hospedeiro. Essa classe de fármacos tem como representantes os aminoglicosídeos, tetraciclinas, anfenicóis, macrolídeos, lincosamidas e oxazolinidona (NOGUEIRA et al., 2017). Figura 3. Principais inibidores de síntese proteica e seus espectros de atividade FONTE: MURRAY, 2017. • Desestabilizadores da membrana citoplasmática bacteriana As polimixinas são os principais fármacos que atuam desestabilizando a membrana citoplasmática. As polimixinas são moléculas anfipáticas tensoativas, constituídas por uma cadeia lateral de ácidos graxos, ligada a um anel peptídeo policatiônico, composta de oito a dez aminoácidos que interagem com os lipopolissacarídeos (LPS) da membrana da célula bacteriana (NOGUEIRA et al., 2017). Os antimicrobianos, dessa classe, agem sobre estas membranas removendo moléculas de cálcio e magnésio que estabilizam a membrana. Deste modo, essa desestabilização, provocada pelas polimixinas, promove o aumento da permeabilidade e liberação dos componentes celulares, levando a morte celular bacteriana (NOGUEIRA et al., 2017). • Antibacterianos que interferem na síntese de DNA Para que ocorra a replicação do DNA bacteriano, os filamentos individuais do DNA de dupla-hélice devem ser separados de modo a permitir que a atuação da DNA-polimerase ocorra. A partir da atuação da DNA-helicase, que separa os filamentos individuais da dupla fita de DNA, ocorre a formação de superespirais positivos no DNA em frente à forquilha de replicação e que, se não interrompida, impede a continuidade do processo (NOGUEIRA et al., 2017). Essa classe de antimicrobianos, inibem a DNA topoisomerase do tipo II (girase) ou topoisomerase do tipo IV, necessárias para a replicação, a recombinação e o reparo do DNA bacteriano. (MURRAY, 2017). • Antibacterianos que interferem na formação do folato Diversas espécies de bactérias necessitam sintetizar folatos, uma vez que são impermeáveis a estes compostos, e, portanto, não conseguem captá-los do meio externo. As sulfonamidas constituem a classe de antimicrobianos que atuam inibindo a síntese de folato e atua como um fármaco bacteriostático. Já a trimetoprima é um antimicrobiano que atua como inibidor da dihidrofolatoredutase bacteriana, enzima que catalisa a conversão do ácido di-hidrofólico em ácido tetrahidrofólico, atuando também como um fármaco bacteriostático (NOGUEIRA et al., 2017). REFERÊNCIAS: • CLARK, M. A. et al. Farmacologia Ilustrada: Porto Alegre: Artmed, 2013. • LETOURNEAU, Ayssa R. Beta-lactam antibiotics: Mechanisms of action and resistance and adverse effects. UPTODATE, 2021. • MURRAY, Patrick R.; ROSENTHAL, Ken S.; PFALLER, Michael A.. Microbiologia Médica. 8 ed. Rio De Janeiro: Editora Elsevier Ltda, 2017. • NOGUEIRA, Hadison Santos et al. Antibacterianos: principais classes, mecanismos de ação e resistência. Unimontes Científica, v. 18, n. 2, p. 96- 108, 2017. • SCHERER, Carolina Boesel; BOTONI, Larissa Silveira; COSTA-VAL, Adriane Pimenta. Mecanismos de ação de antimicrobianos e resistência bacteriana. Veterinária, v. 4, n. 13, p. 12-20, 2016.
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