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NOVO Curso Completo de Legislação do SUS Epidemiologia, Saúde Pública e SUS (TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS) 14ª AULA – Indicadores de Saúde Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28 NOVO Curso Completo de Legislação do SUS INDICADORES DE SAÚDE Para que a saúde seja quantificada e para permitir comparações na população, utilizam-se os indicadores de saúde. Estes devem refletir, com fidedignidade, o panorama da saúde populacional. É interessante observar que, apesar desses indicadores serem chamados Indicadores de Saúde, muitos deles medem doenças, mortes, gravidade de doenças, o que denota ser mais fácil, às vezes, medir doença do que medir saúde. Esses indicadores podem ser expressos em termos de frequência absoluta ou como frequência relativa, onde se incluem os coeficientes e índices. Os valores absolutos são os dados mais prontamente disponíveis e, frequentemente, usados na monitoração da ocorrência de doenças infecciosas; especialmente em situações de epidemia, quando as populações envolvidas estão restritas ao tempo e a um determinado local, pode assumir-se que a estrutura populacional é estável e, assim, usar valores absolutos. Entretanto, para comparar a frequência de uma doença entre diferentes grupos, deve-se ter em conta o tamanho das populações a serem comparadas com sua estrutura de idade e sexo, expressando os dados em forma de taxas ou coeficientes. O uso de indicadores para o diagnóstico e acompanhamento de condições sociais, ambientais e de saúde parte de um processo de simplificação dos objetos estudados. Os indicadores têm um caráter instantâneo e simplificado, mas devem representar processos dinâmicos e complexos. Os indicadores que permitem a análise de situação de saúde e a avaliação de tendências devem ser produzidos com periodicidade definida e baseados em critérios constantes e padronizados (para permitir a comparação). São requisitos para a formulação de indicadores: • disponibilidade de dados; • simplicidade técnica; • uniformidade; • sinteticidade; e • poder discriminatório. Os indicadores de saúde são medidas diretas que devem refletir o estado de saúde da população de um território. A OMS divide os indicadores de saúde em cinco grandes grupos: • Indicadores de política de saúde; Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28 NOVO Curso Completo de Legislação do SUS • Indicadores socioeconômicos; • Indicadores de provisão de serviços de saúde; • Indicadores de provisão/cobertura de serviços de atenção básica de saúde; • Indicadores básicos de saúde. Em geral, a mensuração do estado de saúde de uma população se faz negativamente, por meio da frequência de eventos que expressam a ‘não-saúde’: morte (mortalidade) e doença (morbidade). Assim, a quantidade de pessoas que morrem e a quantidade de pessoas que adoecem em uma determinada população, durante um determinado período, são usadas como medida da saúde daquela população naquele período. O número absoluto de pessoas que morrem e adoecem são medidas cujo significado está limitado ao tempo e à população considerada. A comparação de medidas de mortalidade ou de morbidade de diferentes populações (ou da mesma população em diferentes momentos) requer sua transformação em valores relativos (sua ponderação). Os indicadores de saúde são medidas relativas de mortalidade e de morbidade, estão sempre referidos a uma população específica e a um intervalo de tempo determinado; correspondem a quocientes (frações) que assumem dois formatos genéricos, os coeficientes e proporções. Coeficientes são quocientes em que o número absoluto de eventos ocorridos em uma população específica durante um período determinado, o numerador, é ponderado pelo total de eventos da mesma espécie teoricamente possíveis, o denominador. Proporções são quocientes que expressam a parcela dos eventos que possui um certo atributo ou característica específica, o numerador, em relação ao total de eventos da mesma natureza ocorridos na população e no período considerados, o denominador. MORTALIDADE O número absoluto de óbitos ocorridos em uma determinada população durante um certo período, ponderado pelo tamanho da população no meio do período, é o coeficiente geral de mortalidade dessa população no período considerado. CGM = Total de óbitos ocorridos na população durante o período (x 1.000) População total no meio período Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28 NOVO Curso Completo de Legislação do SUS A informação fornecida pelo coeficiente geral de mortalidade é limitada, a análise da mortalidade de uma população requer a construção de indicadores específicos, que forneçam informação a respeito de quem morre, e sobre as causas dos óbitos. Os indicadores específicos de mortalidade, segundo as características das pessoas que morrem (idade, sexo, raça, ocupação, renda etc.) assumem os formatos genéricos já descritos: Coeficiente de mortalidade específico das pessoas com o atributo ‘X’, em uma população específica, durante um determinado período: CMEa = n. óbitos de pessoas com o atributo ‘X’ na população e no período (x 1.000) Total de pessoas com o atributo ‘X’ na população no meio período Mortalidade proporcional das pessoas com o atributo ‘X’, em uma população específica, durante um determinado período: MPa = n. óbitos de pessoas com o atributo ‘X’ na população e no período (x 100) Total de óbitos na população durante o período Mortalidade segundo a idade A idade das pessoas que morrem constitui informação de grande relevância na análise da mortalidade. A mortalidade infantil é um indicador tradicional da qualidade de vida e das condições de saúde de uma população; diz respeito aos óbitos de crianças menores de 1 ano e admite dois componentes: mortalidade neonatal (crianças até 28 dias) e mortalidade infantil tardia (crianças entre 28 dias e 1 ano). Os coeficientes de mortalidade infantil empregam como denominador (ponderador) o número de nascidos vivos na população durante o período considerado. Coeficiente de mortalidade infantil de uma população específica, durante um período determinado: CMI = óbitos de menores de 1 ano ocorridos na população e no período (x 1000) Total de nascidos vivos na população durante o período Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28 NOVO Curso Completo de Legislação do SUS Mortalidade segundo a causa Assim como na análise das características das pessoas que morrem, o estudo da mortalidade segundo a causa se faz através da construção de coeficientes e de proporções. Coeficiente específico de mortalidade pela causa ‘C’ em uma determinada população em um certo período: CMc = Total de óbitos devidos a C ocorridos na população e no período (x 10n) População sob risco de morrer devido a C durante o período Mortalidade proporcional pela causa (ou grupo de causas) ‘C’ em uma população em um certo período: MPc = Óbitos devidos à causa C ocorridos na população e no período (x 100) Total de óbitos (todas as causas) ocorridos na população e no período MORBIDADE Assim como a mortalidade, a morbidade está sempre referida a uma população e a um período de tempo determinado. Os indicadores habituais de morbidade referem-se sempre a uma doença (ou grupo de doenças) específica. A frequência da doença A quantidade de casos existentes de uma doença em uma determinada população em um certo momento é a prevalência da doença. Teoricamente o ‘momento’ corresponde a um ‘ponto’ no tempo (prevalência instantânea). Em circunstâncias operacionais, o ‘momento’ pode ser estabelecido tomando-se diferentes unidades de tempo (semana, mês, ano). A prevalência sugere ‘volume’. O coeficiente de prevalência corresponde à quantidadede pessoas afetadas pela doença em questão no ‘momento’ especificado, em relação à população total. Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28 NOVO Curso Completo de Legislação do SUS Coeficiente de prevalência da doença D em uma população específica em um certo momento: CPD = Total de casos da doença ‘D’ existentes na população no momento (x10n) População total no momento considerado Uma segunda medida da frequência de uma doença é dada pela incidência, que corresponde à quantidade de casos novos, ocorridos em uma determinada população durante um certo período. Sugere ‘velocidade’ ou ‘intensidade’. O número absoluto de casos novos de uma doença, ocorridos durante um certo período, em uma população sob risco de adquirir a doença, é o coeficiente de incidência da doença na população, no período considerado. Coeficiente de incidência da doença D em uma população específica em um certo período: Cid = n. de casos novos da doença ‘D’ na população e no período (x 10n) População exposta ao risco de contrair a doença ‘D’ durante o período Tomado como uma relação entre a quantidade de eventos ocorridos (casos novos) e o universo de eventos possíveis (a população sob risco) o coeficiente de incidência pode ser interpretado como medida geral e simplificada de risco (de probabilidade). A interpretação e o uso das medidas de prevalência e de incidência pede que se leve em conta a duração média da doença, definida como período médio entre o diagnóstico e o desfecho do processo (cura, morte etc.). Enfermidades de curta duração (agudas) tendem a apresentar baixa prevalência mesmo quando a incidência é alta. Enfermidades de longa duração (crônicas) podem apresentar alta prevalência mesmo quando a incidência é baixa. A gravidade da doença A gravidade de uma doença é a função matemática da magnitude dos eventos indesejáveis que ela provoca. A maneira tradicional de medir a gravidade de uma Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28 NOVO Curso Completo de Legislação do SUS doença é a letalidade, expressa pela proporção de doentes que morrem em consequência do processo mórbido, em relação ao total de doentes observados. Taxa de letalidade: Total de óbitos devidos a ‘D’ (x100) Total de doentes com ‘D’ A letalidade é uma característica própria de cada doença, há doenças com alta letalidade (raiva, tétano, infarto cardíaco, certos tipos de câncer), outras cuja letalidade é muito baixa (gripe, hepatite A). Um segundo fator que tem forte influência sobre a letalidade é a qualidade da atenção prestada aos doentes, uma letalidade particularmente alta e localizada é sugestiva de atenção de má qualidade. Observe-se que, de modo geral, os indicadores da gravidade das doenças (a proporção de eventos ‘indesejáveis’) podem ser ao mesmo tempo indicadores da qualidade da atenção médico-sanitária oferecida. Passemos para a resolução de questões: 1. (SESACRE/FUNCAB/2013) Considerando as características desejáveis de um indicador de saúde, preencha a Segunda Coluna de acordo com a opção correspondente na Primeira. Primeira Coluna (1) Disponibilidade (2) Adaptabilidade (3) Estabilidade (4) Rastreabilidade Segunda Coluna ( ) capacidade de resposta às mudanças. ( ) permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica. ( ) facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção. ( ) facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo. A sequência correta é: a) 1, 2, 3 e 4. b) 4, 3, 1 e 2. c) 1, 4, 2 e 3. Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28 NOVO Curso Completo de Legislação do SUS d) 3, 2, 4 e 1. e) 2, 3, 4 e 1. COMENTÁRIOS: Vamos relacionar os termos com as definições: (2) Adaptabilidade: capacidade de resposta às mudanças. (3) Estabilidade: permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica. (4) Rastreabilidade: facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção. (1) Disponibilidade: facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo. Nesses ermos, a sequência correta é 2, 3, 4 e 1. Portanto, gabarito letra E. 2. (Prefeitura de Vassouras-RJ/FUNCAB/2014) Os indicadores de saúde são parâmetros utilizados com o objetivo de avaliar, sob o ponto de vista sanitário, as diversas situações de saúde da população e suas variáveis. Dentre os indicadores acompanhados pelo Ministério da Saúde, está a Taxa de Mortalidade na Infância, que por 1.000 nascidos vivos, considera: a) o número de óbitos de menores de 1 ano. b) o número de óbitos de menores de 5 anos. c) o número de óbitos na idade de 7 a 27 dias. d) o número de óbitos na idade de 0 a 6 dias. d) o número de óbitos no período perinatal. COMENTÁRIOS: Reduzir a mortalidade de crianças é uma das principais metas das políticas para a infância em todos os países. A atenção se concentra principalmente no primeiro ano de vida, faixa em que ocorre a maior parte dos óbitos. Usadas como indicadores básicos de desenvolvimento humano, a taxa de mortalidade infantil, número de crianças que morrem antes de completar 1 ano de vida para cada mil nascidos vivos, e a taxa de mortalidade de menores de 5 anos, também chamada de taxa de mortalidade na infância, revelam muito sobre as condições de vida e a assistência de saúde em um país. Nesses termos, o gabarito da questão é a letra B. Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28 NOVO Curso Completo de Legislação do SUS 3. (EBSERH/HUPAA-UFAL/IDECAN/2014) A mortalidade materna é um bom indicador de saúde. A partir das análises das condições de óbitos de mulheres, pode-se avaliar o grau de desenvolvimento de uma determinada sociedade. Para elaborar o cálculo desse indicador de saúde, o número de óbitos de mulheres em decorrência de situações associadas à gravidez deve ser dividido pelo (a) a) total de óbitos. b) população local. c) número de nascidos vivos. d) total de óbitos de população adulta. e) número de habitantes da macrorregião de saúde COMENTÁRIOS: Em 1994, a Organização Mundial de Saúde (OMS), na 10ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), definiu morte materna como “a morte de mulheres durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais”. Esta definição é aceita pelas associações de ginecologia e obstetrícia, internacionais e nacionais, entre elas, a International Federation of Gynecology and Obstetrics (FIGO) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Razão de Mortalidade Materna (RMM) - relaciona apenas as mortes maternas obstétricas diretas e indiretas com o número de nascidos vivos e é expressa por 100.000 nascidos vivos. Nesses termos, o gabarito da questão é a letra C. 4. (EBSERH/HUPAA-UFAL/IDECAN/2014) Para a efetivação do cálculo da mortalidade infantil e da mortalidade materna, é correto afirmar que a divisão do número de óbitos em específico seria pelo número a) de nascidos vivos. b) total de habitantes. c) de menores de 5 anos. d) de menores de 18 anos. e) de mulheres em idade fértil. Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28 NOVO Curso Completo de Legislação do SUS COMENTÁRIOS: Coeficiente de mortalidade infantil de uma população específica, durante um período determinado: CMI = óbitos de menores de 1 ano ocorridos na população e no período (x 1000) Total de nascidos vivos na população durante o período Razão de Mortalidade Materna (RMM) - relaciona apenas as mortes maternas obstétricas diretas e indiretas com o número de nascidos vivos e é expressa por 100.000 nascidos vivos. Visto isto, concluímos que o gabarito é a letraA. Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28 NOVO Curso Completo de Legislação do SUS Lista de Questões 1. (SESACRE/FUNCAB/2013) Considerando as características desejáveis de um indicador de saúde, preencha a Segunda Coluna de acordo com a opção correspondente na Primeira. Primeira Coluna (1) Disponibilidade (2) Adaptabilidade (3) Estabilidade (4) Rastreabilidade Segunda Coluna ( ) capacidade de resposta às mudanças. ( ) permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica. ( ) facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção. ( ) facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo. A sequência correta é: a) 1, 2, 3 e 4. b) 4, 3, 1 e 2. c) 1, 4, 2 e 3. d) 3, 2, 4 e 1. e) 2, 3, 4 e 1. 2. (Prefeitura de Vassouras-RJ/FUNCAB/2014) Os indicadores de saúde são parâmetros utilizados com o objetivo de avaliar, sob o ponto de vista sanitário, as diversas situações de saúde da população e suas variáveis. Dentre os indicadores acompanhados pelo Ministério da Saúde, está a Taxa de Mortalidade na Infância, que por 1.000 nascidos vivos, considera: a) o número de óbitos de menores de 1 ano. b) o número de óbitos de menores de 5 anos. c) o número de óbitos na idade de 7 a 27 dias. d) o número de óbitos na idade de 0 a 6 dias. d) o número de óbitos no período perinatal. Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28 NOVO Curso Completo de Legislação do SUS 3. (EBSERH/HUPAA-UFAL/IDECAN/2014) A mortalidade materna é um bom indicador de saúde. A partir das análises das condições de óbitos de mulheres, pode-se avaliar o grau de desenvolvimento de uma determinada sociedade. Para elaborar o cálculo desse indicador de saúde, o número de óbitos de mulheres em decorrência de situações associadas à gravidez deve ser dividido pelo (a) a) total de óbitos. b) população local. c) número de nascidos vivos. d) total de óbitos de população adulta. e) número de habitantes da macrorregião de saúde 4. (EBSERH/HUPAA-UFAL/IDECAN/2014) Para a efetivação do cálculo da mortalidade infantil e da mortalidade materna, é correto afirmar que a divisão do número de óbitos em específico seria pelo número a) de nascidos vivos. b) total de habitantes. c) de menores de 5 anos. d) de menores de 18 anos. e) de mulheres em idade fértil. Gabarito 1. E 2. B 3. C 4. A Izaura Caroline Medeiros Costa - 103.335.134-28