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TrabI_parte III_Contrato de trabalho

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13. CONTRATO DE TRABALHO
13.1. CONCEITO
- “É a contraprestação pela qual um ou vários empregados, mediante certa remuneração, e em caráter não eventual, presta um trabalho pessoal em proveito e sob direção do empregador”. (Orlando Gomes)
13.2. MORFOLOGIA – Como se forma o CT? (art. 443, CLT)
- O CT pode se formar de modo:
a) Tácito
- Não há expressa manifestação de vontade, havendo presunção da formação do CT
- Ex> Pessoalidade O empregado não poderia se fazer substituir sem a concordância de seu empregador Mas se um médico substitui o seu colega no hospital e o dono deste deixa tal substituição acontecer, tacitamente formou-se o CT (os 2 médicos recebiam a contraprestação mas só 1 deles recebia os benefícios trabalhistas)
b) Expresso: há expressa manifestação de vontade
- Pode ser:
- Verbal: não há a formalização do CT – o que não significa que este não exista (se não assinou a CTPS mas trabalhou, houve CT verbal)
- Escrito
Obs> 
- Pode-se dizer que a assinatura da CTPS é uma forma de estabelecer o CT
- A obrigatoriedade é anotar a CTPS (prova de que o vínculo existe), não para formalizar o CT.
13.3. CARACTERÍSTICAS
a) Bilateral ou Sinalagmático: há direitos e obrigações recíprocos entre as partes
b) Consensual: o CT nasce do consentimento (tácito ou expresso)
c) Oneroso: se, para configuração da relação de emprego, deve haver o requisito onerosidade, e se o CT espelha a relação de emprego, o CT também é oneroso.
d) Comutativo: as partes já sabem de antemão quais as suas obrigações
e) Não solene: não exige forma especial (pode ser escrito ou verbal), em regra (o próprio 443 diz), salvo se houver alguma determinação exigida pela lei
f) De trato sucessivo: as obrigações não se extinguem em um só ato, elas se renovam no tempo É a regra no DTrabalho
 Obs> No DCivil, em regra, a obrigação se extingue com o cumprimento da mesma;
13.4. NATUREZA JURÍDICA 
> Qual a natureza da relação que liga empregado a empregador?
> Teorias:
a) T. Anticontratualistas:
- T. Institucionalista: a empresa é uma instituição – quando o empregado passa se incorpora à empresa, prestando seus serviços a ela, esse simples fato já configura o vínculo.
- T. da Relação de Trabalho: 
b) T. Mista – T. Contrato-Realidade
 natureza contratual vale a realidade: prestação de serviços
c) T. Contratualista (majoritária) 
- Evolução sobre o entendimento do tipo de contrato que unia as partes:
1ª) Arrendamento: o empregador arrenda a mão-de-obra do empregado
2ª) Compra e venda: o empregador compra a mão-de-obra do empregado
3ª) Mandato: o empregador nomeia o empregado, que age em seu nome 
4ª) Sociedade: empregador e empregado formam uma sociedade (crítica: uma sociedade é uma comunhão de interesses)
5ª) Contrato de Trabalho:
- Entende que os contratos do DCivil não se enquadram no DTrabalho
- Natureza jurídica da relação que une as partes: é contratual
- O contrato é de trabalho
13.5. ESPÉCIES DE CONTRATO DE TRABALHO
- Regra> CT por prazo indeterminado (pelo Princ. da Continuidade da Relação de Emprego)
- Exceção> CT por prazo determinado ou a termo (1) Apenas nas hipóteses legais E (2) de forma EXPRESSA, verbal e escrito.
 Alguns autores afirmam que o CT por prazo determinado deve ser escrito mas a profª não concorda com tal obrigatoriedade, apenas acha que é aconselhável que o seja, para que o empregador se resguarde	
Obs> Não confundir: Termo x Condição
 evento futuro e certo evento futuro e incerto 
- O contrato a termo pode ser:
I) Certus an et certus quando: certo quanto ao acontecimento e certo quanto ao momento do acontecimento (sei que vai acontecer e conheço o termo inicial e final)
II) Certus an et incertus quando: certo quanto ao acontecimento mas incerto quanto ao termo final (sei que vai acontecer mas não sei quando terminará) Vinculado a um termo de previsão aproximado
 Ex> Contrato para realização de uma escultura Não sei exatamente quando terminará, só sei que levará cerca de 2 anos e não ultrapassará esse prazo O termo final dica condicionado à realização da atividade
13.6. CONTRATO A TERMO (por prazo determinado)
a) Duração: art. 445, CLT
- Contrato a termo: 2 anos
- Contrato de experiência: 90 dias (que não é o mesmo que 3 meses)
b) Prorrogação: art. 451, CLT
- O CT a termo pode ser prorrogado apenas 1x (art. 452), desde que não ultrapasse o prazo máximo de 2 anos Então, se o prazo inicialmente avençado foi de 2 anos, não se admitirá prorrogação
- Atenção> O CT por prazo determinado tem que ser firmado de forma expressa, mas a prorrogação pode ser expressa ou tácita (art. 451) 
 Posição minoritária: para prorrogação, deve haver manifestação expressa. Embora + benéfica para o empregado, esta corrente não tem força pelo fato da própria CLT admitir a prorrogação tácita.
- O mesmo para o contrato de experiência
 - o CT por prazo determinado ultrapassa os 2 anos ou	 O CT converte-se em CT por prazo
- Se - o contrato de experiência ultrapassa os 90 dias ou	 indeterminado		
 - a prorrogação ocorre + de uma vez
> Atenção!
1) Se não havia cláusula avençada no contrato prevendo a prorrogação do CT e o prazo ultrapassou aquele inicialmente estipulado, sem que houvesse manifestação do empregador a respeito o CT por prazo determinado torna-se indeterminado (mesmo que o prazo máximo – de 90 dias ou 2 anos – não tenha sido ultrapassado)
 Assim, se o empregado trabalhou 1 ano e 1 mês, o empregador nada diz a respeito da prorrogação, e esta não era prevista no CT cujo prazo era de 1 ano, o CT converte-se em CT por prazo indeterminado, contado desde o dia em que o empregado começou a trabalhar.
2) Se havia cláusula no CT prevendo a possibilidade de prorrogar Admite-se a prorrogação tácita (as partes já estavam cientes de que o CT poderia ser objeto de prorrogação)
* Conclusão: o art. 451 só vale se havia cláusula que previa a prorrogação
> Qual a vantagem para o empregador que o CT seja indeterminado?
	O CT por prazo determinado não lhe dá direito a aviso prévio, 40% de FGTS, seguro-desemprego (mas com direito ao depósito de FGTS, férias e 13° proporcionais) – enfim, para o empregado, a terminação do CT por prazo indeterminado é + benéfica
c) Tipos:
I - Art. 443 § 2°, CLT> O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando de:
Serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo 
- Ex> Férias de um determinado empregado e empregador pretende contratar outro para substitui-lo Pode se valer do instituto da terceirização ou contratar diretamente, mediante CT a termo
Atividades empresariais de caráter transitório 
- A atividade da empresa só existe por determinado período ou a própria empresa só funciona para determinada atividade transitória
- Ex> Contrato de safra   
        c) Contrato de experiência.
II - Lei 9.601/98 (Lei de estímulos a novos empregos): trouxe + uma possibilidade de contratação por prazo determinado. Para este tipo de contratação, (1) para qq atividade, é obrigatória a (2) autorização por acordo / convenção coletiva e (3) desde que represente acréscimo no n° de empregados.
 Presença do sindicato: para que ele analise a situação, verificando se haverá realmente acréscimo no n° de empregados
 Art. 1° § 2° Cuidado! Este dispositivo quer dizer que a prorrogação poderá ocorrer + de 1 x (não está adstrito à limitação do art. 451) 
* Assim, se for fixado prazo certo fora dessas situações, haverá nulidade da cláusula, e o contrato vigorará por prazo indeterminado. O mesmo ocorrerá se o CT por prazo determinado contiver cláusula que garanta direito de rescisão antes do termo final ajustado.
> SUCESSÃO DE CONTRATOS A TERMO: Art. 452, CLT
- Para celebrar um outro contrato, deve-se esperar 6 meses, no mínimo, salvo se o fim do 1° contrato dependeu da execução de serviços especializados ou da realização de certos eventos. (*!)
- Ex> Se o empregado, contratado para realização de um serviço especializado, não o terminar dentro dos 2 anos, é possível a sucessãode contratos a termo sem que seja preciso esperar os 6 meses (desde que faltem 1 ou 2 meses no máx para finalização do serviço) Mas os juízes são bem rigorosos para admitir esta exceção na sucessão de contratos a termo
> OBRIGAÇÕES DECORRENTES DA EXTINÇÃO
a) Extinção Normal
- Não A.P.; não 40% FGTS
- Extingue-se o contrato a termo simplesmente com o fim do prazo, sem que seja devido o aviso prévio
b) Extinção Antecipada: v. arts. 479 a 480
- Havendo despedida sem justa causa antes do termo final, o empregador será obrigado a pagar ao empregado indenização equivalente à ½ da remuneração que seria devida até o final do contrato (art. 479).
- Caso o empregado queira se demitir, sem justa causa, antes do prazo, será obrigado a indenizar o empregador dos prejuízos porventura causados por essa rescisão antecipada (art. 480). Essa indenização não poderá exceder aquela que incumbiria ao empregador, nas mesmas condições (1/2 da remuneração que seria devida até o fim do contrato).
13.7. CONTRATO DE EQUIPE
- Requisitos: 
1) No momento da contratação: a equipe já se apresenta formada para o empregador
2) No momento da formalização do CT: um CT para cada um O Contrato de Equipe é composto por um feixe de contratos individuais, logo, nada impede que, por ex, um membro da equipe tenha seu CT extinto e, mesmo assim, a equipe continue com seus d+ membros (não compromete os d+ CT´s)
- Ex: Banda de música contratada com Carteira de Trabalho
- A classificação é + doutrinária porque, na prática, os CT´s são individuais (a conseqüência é a mesma).
13.8. REQUISITOS OU ELEMENTOS DE VALIDADE DO CT
1) Agente capaz 
1.a) Capacidade em função da IDADE (para o DTrabalho):
I) Capacidade plena - a partir dos 18 anos: não há restrições, pode exercer qq atividade
		 - art. 402, CLT e art. 7°, XXXIII, CF 
II) Relativamente incapaz: entre 16 e 18 anos (*)
- Pode prestar serviço, mas com as restrições do art. 7°, XXXIII, CF e da CLT (arts. 402 a 405)
- Art. 439, CLT: O menor de 16 anos pode validamente declarar que recebeu seu salário, menos quando na rescisão do CT Assistência de seus responsáveis legais para a validade do ato.
* Controvérsia: art. 439, CLT x art. 5° § único, V, CC: relativamente incapazes?
- O art. 5° § único, V, CC lista as causas de emancipação (= “Cessará a incapacidade para quem tiver relação de emprego reconhecida e com ela conseguir manter economia própria”) Então, o menor de 18 anos que se emancipa é capaz plenamente ou não? Será que, para o DTrabalho, após o NCC, foi extinta a parcela dos relativamente incapazes?
Na prática, esse raciocínio levaria à emancipação de vários menores. Há 2 correntes:
(1) Civilistas: a partir do NCC, fica claro que, para o DT, não existirá + o relativamente incapaz, o qual, uma vez tendo uma relação de emprego, se tornará capaz. O art. 439 estaria revogado.
(2) Visão majoritária no DT> continua = por 2 motivos:
- A lei geral (CC) não revoga a lei especial (CLT = protege o empregado)
- A proteção do CLT é em razão da IDADE e não em razão da capacidade (chega-se a essa conclusão com a mera leitura do art. 439)
III) Absolutamente incapaz: menor de 16 anos, salvo a partir dos 14 anos, na condição de aprendiz
- Ler art. 7°, XXXIII, CF - Direito dos Trabalhadores:
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 e de qq trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos
- Aprendiz Estagiário: 
- Estagiário: sem vínculo de emprego
- Aprendiz: tem vínculo, tem CT (mas é um CT especial - “CT de aprendizagem”), só a partir do 14 anos
1.b) Outras incapacidades do CC (art. 3°, II e III, CC) tb geram a incapacidade para o DT
2) Objeto Lícito
- O CT cujo objeto seja um crime / contravenção é nulo
- Ex. de objeto ilícito: Contratação de um médico por uma clínica para realizar aborto CT nulo (juiz julga improcedente a ação com julgamento do mérito); Apontador do jogo do bicho (= O.J. 199 SDI-1, TST)
- Ver O.J. 85 SDI-1 do TST
- Ver Súm. 363, TST
3) Forma prescrita ou não defesa em lei
- Art. 37, II, CF: Contratação na AP só por concurso público Se alguém for contratado diretamente pela AP, o vínculo não se formará pois o CT é nulo (Súm. 363, TST)
> Obs: O TST se manifesta de 2 formas: Súmula e OJ (nenhuma das 2 é vinculante)
 SDI = Sessão de Dissídios Individuais
* Conclusão importante:
1) Requisitos concomitantes
2) Ausência: Nulidade absoluta do CT O que é devido?
a) Regra: só os dias trabalhados - O.J.85 SDI-1, TST
b) Exceção: CT nulo por ausência de concurso público Apenas nessa hipótese específica, conf. Súm. 363, TST, o trabalhador terá direito aos dias trabalhados + FGTS
 A lei do FGTS (Lei 8.036/90) também prevê isso (art. 19-A e art. 20, II)
13.9. OBRIGAÇÕES DAS PARTES
- Obrigação precípua 		do empregado: prestar o serviço
 do empregador: pagar pelos serviços prestados e dar trabalho ao empregador

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