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PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO TUTORIA 1 1) Analisar o processo inflamatório considerando o conceito, fisiologia e tipos 2) Relacionar inflamação e infecção 3) Explicar o tratamento não medicamentoso do caso 4) Explicar a farmacodinâmica e farmacocinética dos anti-inflamatórios VISÃO GERAL DA INFLAMAÇÃO A inflamação é uma resposta protetora que tem como objetivo livrar os organismos da causa inicial e consequências da injúria celular Sem a inflação, as infecções poderiam não ser despercebidas E os ferimentos poderiam nunca cicatrizar, além dos tecidos injuriados poderiam ficar permanentemente infeccionados INFLAMAÇÃO AGUDA Essa inflamação é uma resposta rápida do hospedeiro Com propósito de levar leucócitos e proteínas do plasma (anticorpos), para o local da infecção Esse tipo de inflamação tem 3 componentes: 1) Vasodilatação – aumenta fluxo sanguíneo 2) Mudanças no endotélio vascular – proteínas e leucócitos saem da circulação (edema) 3) Emigração de leucócitos da microcirculação – se acumula no foco da injúria para eliminar o agente agressor PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO ESTÍMULOS PARA A INFLAMAÇÃO AGUDA As reações inflamatórias agudas podem ser disparadas por uma variedade de estímulos Infecções (bacteriana, viral, fúngica, parasítica) e toxinas microbianas Necrose tecidual de qualquer causa (isquemia, trauma, injúria física e química) – as moléculas liberadas das células necróticas (ex. ácido úrico) pode provocar a inflamação Hipóxia – normalmente vem depois da injúria celular e induz resposta inflamatória mediada por uma proteína (produzida pela hipóxia) que ativa o fator de crescimento endotelial vascular (aumenta a permeabilidade) Corpos estranhos (lasca de madeira, sujeira, suturas) – causam a inflamação porque sejam uma injúria tecidual traumática ou transportam micróbios Reações de hipersensibilidade – podem estar ligadas a doenças autoimunes ou reações excessivas contra substâncias ou micróbios do ambiente REAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS Na inflamação os vasos passam por uma série de mudanças Afim de aumentar o movimento de proteínas plasmáticas e células da circulação para o local da infecção A saída de fluidos, proteínas e células sanguíneas do sistema vascular para dentro do interstício é chamado de exsudato O exsudato tem uma alta [ ] proteica e contém restos celulares – sua presença aumento da permeabilidade do vaso e, portanto, uma reação inflamatória O transudato por sua vez é um fluido com baixo conteúdo proteico resultado do desbalanço osmótico e hidrostático SEM aumento da permeabilidade vascular MUDANÇAS NO FLUXO E NO CALIBRE VASCULAR As mudanças no fluxo e calibre vascular se iniciam logo após a injúria Vasodilatação: surge no início da inflamação aguda e aumenta o fluxo sanguíneo, causando calor e vermelhidão (eritema) no local da inflamação. A vasodilatação é induzida por histamina e óxido nítrico, no músculo liso. Aumento da permeabilidade microvascular: segue a vasodilatação e causa extravasamento de proteína para o meio extracelular (causa o edema) O edema é resultado do excesso de fluido no espaço intersticial, pode ser um exsudato ou transudato O pus é um exsudato purulento rico em leucócitos (neutrófilos), células mortas e algumas vezes micróbios, sendo resultado de uma inflamação PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO Estase: causada pela perda de fluido e aumento do diâmetro do vaso o que gera uma lentidão do fluxo sanguíneo, aumentando a [ ] de hemácias no sangue – congestão vascular (causa o rubor) Diapedese: é a migração de leucócitos através do endotélio vascular para o tecido intersticial RESPOSTAS DOS VASOS LINFÁTICOS Na inflamação, o fluxo da linfa aumenta para ajudar na drenagem do edema Os vasos linfáticos podem se inflamar de forma secundária (linfagite) ou os linfonodos (linfadenite) Os linfonodos inflamados aumentam seu tamanho por causa da hiperplasia dos folículos linfoides e aumento do número de linfócitos – essa reação é conhecida como linfadenite reativa REAÇÕES DOS LEUCÓCITOS NA INFLAMAÇÃO Os leucócitos mais importantes na reação inflamatória é aquele capaz de fagocitar (ex. neutrófilos e macrófagos) Além da fagocitose os leucócitos produzem fatores de crescimento para auxiliar no reparo O ponto negativo da reação leucocitária são os danos provocados em tecidos normais caso sua ação seja exacerbada RECRUTAMENTO DOS LEUCÓCITOS 1) Adesão do leucócito ao endotélio A adesão dos leucócitos é mediada pelas citocinas (ex. TNF, IL-1) que são secretadas em resposta aos micróbios Para garantir que os leucócitos sejam recrutados para o tecido injuriado Essa etapa se divide em: marginação, rolamento e adesão A marginação refere-se ao processo dos leucócitos se acumularem na periferia do endotélio O rolamento é a aderência dos leucócitos ao endotélio – um processo de ligar e desligar da parede do vaso Por fim, os leucócitos ficam em repouso ao longo do vaso e ficam aderidas – processo de adesão A fase inicial do rolamento é mediada pelas selectinas que por sua vez é regula pela citocinas produzidas pela inflamação A firme adesão é mediada pelas integrinas Ao longo do processo de adesão as quimiocinas ativam os leucócitos em rolamento induzindo a conversão de integrinas (VLA-4 em LFA-1) Essa conversão faz com que os leucócitos parem de rolar e se reorganizem na superfície endotelial 2) Migração dos leucócitos através do endotélio A diapedese é o processo de passagem dos leucócitos através do endotélio Após atravessar o endotélio, os leucócitos atravessam a membrana basal e entram no tecido extravascular 3) Quimiotaxia dos leucócitos Após sair da circulação os leucócitos migram para o tecido injuriado através de ações quimiotáticas PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO As citocinas (ex. IL-8), componentes do sistema complemento (ex. C5a) e metabólitos do ácido araquidônico (ex. leucotrieno B4) podem agir como quimioatraentes A natureza do infiltrado de leucócitos varia de acordo com o tempo da resposta inflamatória e com o tipo de estímulo Na maioria das formas de inflamação aguda, os neutrófilos predominam no infiltrado inflamatório durante as primeiras 6 a 24 horas, sendo substituídos pelos monócitos em 24 a 48 horas Há várias razões para a preponderância inicial dos neutrófilos: eles são mais numerosos no sangue, respondem mais rapidamente às quimiocinas e podem ligar-se mais firmemente às moléculas de adesão que são rapidamente expressas nas células endoteliais, tais como P- e E-selectinas Após a entrada nos tecidos, os neutrófilos têm vida curta: entram em apoptose e desaparecem em 24 a 48 horas Os monócitos não apenas sobrevivem por mais tempo, como também podem proliferar nos tecidos e, então, tornar-se a população dominante nas reações inflamatórias crônicas. No entanto, eles são exceções a esse estereótipo de infiltração celular Em certas infecções – por exemplo, aquelas produzidas por bactérias Pseudomonas –, o infiltrado celular é dominado por neutrófilos continuamente recrutados por vários dias; em infecções virais, os linfócitos podem ser as primeiras células a chegar RECONHECIMENTO DOS ANTÍGENOS Receptores microbianos: receptores tipo Toll Receptores para opsoninas: receptor de complemento tipo 1 (CR1), FC ou C3 Receptores para citocinas: interferon-y (IFN- y) produzido pelas células natural killer - as IFN-y ativaos macrófagos REMOÇÃO DOS AGENTES AGRESSORES O reconhecimento dos micróbios pelos receptores induz a ativação leucocitária A resposta mais importante para destruição dos micróbios são a fagocitose e a morte intracelular FAGOCITOSE Envolve reconhecimento da partícula a ser ingerida, ingestão e degradação do material ingerido A eficiência da fagocitose é alta quando os micróbios são opsonizados por proteínas específicas ENGLOBAMENTO Após a partícula ser ligada ao receptor do fagócito, extensões do citoplasma (pseudópodos) fluem ao redor dela e a membrana plasmática se fecha para formar uma vesícula que engloba a partícula O fagossoma se funde com o lisossoma para iniciar a degradação Durante esse processo o fagócito libera grânulos para dentro do espaço extracelular – esse conteúdo participa da quimiotaxia MORTE e DEGRADAÇÃO É o passo final para eliminação dos agentes infecciosos e células necróticas PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO A morte microbiana é realizada por espécies reativas de oxigênio (ERO) e espécies reativas de nitrogênio (NO) Durante a eliminação dos micróbios e células mortas, os leucócitos, especialmente os macrófagos produzem fator de crescimento Que estimulam a proliferação de células endoteliais e fibroblastos, além de colágeno para remodelar os tecidos conjuntivos (reparo da injúria tecidual) A inflamação aguda acaba quando o agente agressor é neutralizado, ou seja, o grande marco da inflamação aguda é que ela tem fim Como as células envolvidas no processo inflamatório tem uma meia vida curta, caso o agente seja eliminado não vai ocorrer estímulo e assim, o processo inflamatório é encerrado (fim do agudo) Além disso, existem sinalizadores de fim de inflamação: TGF-beta, IL-10 RESULTADOS DA INFLAMAÇÃO AGUDA Redução completa: neutralização e eliminação do estímulo injuriante Fibrose: quando a injúria atinge tecidos incapazes de regeneração Progressão para resposta inflamatória crônica: ocorre quando a resposta aguda não pode ser resolvida pela persistência do agente injuriante MORFOLOGIA DA INFLAMAÇÃO AGUDA PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO SEROSA Ocorre pelo derramamento de fluido fino nas cavidades peritoneal, pleural e pericárdica – caracterizando a efusão A bolha que se forma após uma queimadura é um acúmulo de fluido seroso FIBRINOSA Com aumento na permeabilidade vascular, moléculas grandes (ex: fibrinogênio) podem passar pela barreira vascular e se depositar no espaço extracelular O exsudato fibrinoso é característico de inflamação no revestimento do corpo (ex. meninges, pericárdio e pleura) PURULENTA Produz grande quantidade de pus ou exsudato purulento formado por neutrófilos Bactérias (ex. estafilococos) produzem pus e são conhecidas como bactérias piogênicas (produtoras de pus) Um exemplo de inflamação supurativa aguda é a apendicite aguda ÚLCERAS Uma úlcera é um defeito local da superfície de um órgão ou tecido Ela é produzida por perda de tecido necrótico inflamado INFLAMAÇÃO CRÔNICA É a inflamação de duração prolongada (semanas a meses) Ela pode seguir a inflamação aguda ou pode se instaurar sem indício, como uma resposta de baixo grau CAUSAS DA INFLMAÇÃO CRÔNICA Infecções persistentes: microbactérias, certos vírus, fungos e parasitos são difíceis de erradicar e podem causar uma reação granulomatosa Doenças inflamatórias imunomediadas: presente na ativação excessiva do sistema imune – doenças autoimunes. Exposição prolongada a agentes tóxicos, exógenos ou endógenos: a sílica é um material exógeno que pode causar a silicose (doença inflamatória pulmonar), a aterosclerose é a inflamação crônica da parede arterial cauda por agentes endógenos e tóxicos do plasma CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS Infiltração com macrógafos, linfócitos e células plasmáticas Destruição tecidual – induzida por agente agressor persistente ou células inflamatórias Tentativa de cura para substituir o tecido danificado por tecido conjuntivo – proliferação de pequenos vasos (angiogênese) + fibrose PARTICIPAÇÃO DOS MACRÓFAGOS O macrófago é a célula predominante na inflamação crônica Os macrófagos são componentes do sistema mononuclear fagocítico e tem origem na medula óssea Na inflamação crônica, o acúmulo de macrófagos persiste como resultado do recrutamento contínuo e proliferação local no sítio da inflamação PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO OUTRAS CÉLULAS NA INFLAMAÇÃO CRÔNICA Linfócitos: são mobilizados em reações imunomediadas por anticorpos e por célula As citocinas dos macrófagos ativados (ex. TNF, IL-1 e quimiocinas) promovem recrutamento de leucócitos Linfócitos e macrófagos interagem numa via bidirecional, já que os macrófagos expõem os antígenos a células T e produzem citosinas para estimular a resposta da célula T As células T também produzem citocina (IFN- y) que recrutam monócitos Plasmócitos: se desenvolvem a partir dos linfócitos B ativados Eosinófilo: são abundantes nas reações mediadas por IgE e em infecções parasitárias Mastócitos: participam das reações inflamatórias aguda e crônica. Esse tipo de célula expressa na superfície o receptor para anticorpo IgE, a partir do momento que reconhece o antígeno os mastócitos liberam histamina e prostaglandinas INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA Essa inflamação é um padrão distinto da inflamação crônica É encontrada num número limitado de condições infecciosas e não infecciosas O granuloma propriamente dito é um esforço celular para conter um agente agressor difícil de erradicar Nessa tentativa ocorre uma forte ativação dos linfócitos T levando a ativação dos macrófagos que pode causar injúria aos tecidos normais A formação de granulomas é o marco da inflamação crônica, é como se fosse uma tentativa final de conter o agente agressor. Nesse caso o granuloma seria o esforço celular para conter o agente, esse granuloma é baseado em um grupo de macrófagos Existem dois tipos de granuloma: o de corpo estranho e os imunes Granuloma de corpo estranho: são incitados por corpos estranhos inertes e se formam em torno de materiais (ex. suturas) grandes o suficiente para impedir a fagocitose Granuloma imunes: são causados por uma variedade de agentes que induzem a resposta imune mediada por célula. Esse tipo de resposta imune produz PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO granulomas quando o agente agressor é facilmente degradado. Nesse tipo de resposta o macrófago engloba os antígenos, as processam e apresentam aos linfócitos T EFEITOS SISTÊMICOS DA INFLAMAÇÃO FEBRE: é umas das manifestações mais frequentes da fase aguda, principalmente quando associada a infecção As citocinas (ex. IL-1 e TNF) produzidas pelos leucócitos aumentam a enzima ciclo—oxigenase para converter ácido araquidônico em prostaglandinas No hipotálamo essas prostaglandinas (ex. PGE2) estimula neurotransmissores para manter a temperatura em níveis elevados PROTEÍNAS DE FASE AGUDA: são proteínas do plasma, sintetizadas no fígado, e podem aumentar várias vezes como parte da resposta inflamatória Exemplos de proteínas, C- reativa, fibrinogênio e proteína sérica amiloide que tem suas sínteses reguladas pela IL-6 e IL-1 ou TNF LEUCOCITOSE: comum nas reações inflamatórias, principalmente nas bacterianas. Inicialmente, esse processo ocorre por causa da liberação de células a partir da medula óssea e está associada a elevação do número de neutrófilos no sangue(desvio a esquerda) OUTRAS ALTERAÇÕES: pulsos e PA aumentados, suor diminuído, tremores, calafrios SEPSE: grande quantidade de TNF e IL-1 o que causam coagulação intravascular disseminada, falência cardiovascular e distúrbios metabólicos – choque séptico MEDIADORES DERIVADOS DE CÉLULAS HISTAMIA E SEROTONINA Essas aminas têm papel muito importante nos vasos e são os primeiros mediadores a serem liberados durante a inflamação As fontes mais ricas de histamina são os mastócitos, ela também é encontrada nos basófilos do sangue A liberação da histamina precede alguns estímulos, como: injúria tecidual, ligação de anticorpos aos mastócitos, fatores do complemento (C3a e C5a), proteínas liberadoras de histamina, neuropeptídios e citocinas (IL-1 IL-8) A histamina causa dilatação das arteríolas e aula a permeabilidade das vênulas A serotonina também é um mediador vasoativo e é liberada das plaquetas após o contato com complexos antígeno-anticorpo A liberação das plaquetas é o componente-chave da coagulação PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO PROSTAGLANDINAS, LEUCOTRIENOS E LIPOXINAS Quando as células são ativadas por diversos estímulos, como produtos microbianos e mediadores da inflamação O ácido araquidônico (AA) é convertido em prostaglandinas e leucotrienos Esses mediadores servem como sinais para afetar uma variedade de processos biológicos, como inflamação e hemostasia Os mediadores do AA são sintetizados por ciclo- oxigenases para gerar prostaglandinas e lipoxigenases para produzir leucotrienos e lipoxinas Prostaglandinas: produzidas por mastócitos, macrófagos e estão envolvidas na inflamação. Elas são produzidas pela ação de duas ciclo-oxigenases, COX-1 e COX-2, ela está envolvida na patogenia da dor e febre na inflamação Leucotrienos: são produzidos pela ação das enzimas lipoxigenases sobre leucócitos. A 5- lipoxigenase é predominante nos neutrófilos e converte AA em outro ácido quimiotático para neutrófilos e o precursor dos leucotrienos. Os leucotrienos são mais potentes que a histamina em aumentar a permeabilidade vascular e causam broncoespasmo Lipoxinas: também são geradas a partir do AA pela via da lipoxigenase, mas, ao contrário das prostaglandinas e leucotrienos, as lipoxinas são inibidores da inflamação. A primeira ação das lipoxinas é inibir o recrutamento dos leucócitos e os componentes da inflamação ÓXIDO NÍTRICO (NO) Também conhecido como fator de relaxamento derivado do endotélio que é produzido por macrófagos Ele age sobre algumas células que inicia uma série de eventos intracelulares levando ao relaxamento da musculatura lisa vascular O NO tem ação dupla na inflamação: ele relaxa o musculo liso vascular e promove vasodilatação – formando uma reação vascular Mas, ele também pode ser um inibidor do componente celular das respostas inflamatórias, já que ele reduz a agregação e adesão plaquetária, inibe a inflamação induzida por mastócitos e o recrutamento de leucócitos PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO CITOCINAS E QUIMIOCINAS FATOR DE NECROSE TUMORAL e IL-1 São as duas principais citocinas que medeiam a inflamação e são produzidos principalmente por macrófagos ativados Sua secreção pode ser estimulada por injúria física e uma variedade de estímulos inflamatórios Suas ações mais importantes na inflamação são seus efeitos no endotélio, leucócitos e fibroblastos O TNF também aumenta as respostas dos neutrófilos a outros estímulos, como endotaxia bacteriana QUIMIOCINAS São uma família de proteínas pequenas que agem primariamente como quimioatraentes para tipos específicos de leucócitos As quimiocinas CXC são induzidas por produtos microbianos e citocinas como IL-1 e TNF São secretadas por células como macrófagos e o endotélio vascular. O principal exemplo é a IL-8 e causa a ativação e quimiotaxia de neutrófilos As quimiocinas CC são quimioatraentes para monócitos, eosinófilos, basófilos e linfócitos e menos para os neutrófilos. SISTEMA COMPLEMENTO As proteínas do complemento estão presentes nas formas inativas no plasma e muitas delas são ativadas para ocorrer a degradação que dá origem a cascata enzimática O passo crítico na ativação do complemento é a proteólise do terceiro componente (e mais abundante), C3 A quebra do C3 pode ocorrer por 3 vias diferentes: clássica, que é a fixação do C1 no anticorpo (IgM ou IgG) que está ligado ao antígeno. A via PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO alternativa, que pode ser disparada pelas moléculas da superfície microbiana, veneno de cobra e outras substâncias na ausência de anticorpo. E a via da lectina, na qual a lectina do plasma ligante de manose se liga a carboidratos nos micróbios e ativa diretamente o C1 Por fim, qualquer uma das 3 vias levam a ativação do complemento e a formação de C3 convertase que se quebra em C3a e C3b O C3a é liberado e o C2b se liga a célula onde o complemento está sendo ativado FATOR DE ATIVAÇÃO PLAQUETÁRIA O PAF é um mediador derivado de fosfolipídeos que pode ser produzido por plaquetas, basófilos, mastócitos, neutrófilos, macrófagos e células endoteliais e podem produzí-lo tanto na forma secretada quanto ligada às células Causa vasoconstrição, agregação plaquetária e broncoconstrição Em baixas quantidades causa vasodilatação e aumento da permeabilidade venular CININAS São peptídeos vasoativos derivados de proteínas plasmáticas chamadas de cininogênio Depois de alguns processos proteolíticos, o cininogênio produz a bradicinina, a qual aumenta a permeabilidade vascular e causa contração de músculo liso, dilatação dos vasos sanguíneos e dor quando injetada na pele Os efeitos são similares àqueles da histamina. A bradicinina tem curta vida pois é rapidamente inativada pela enzima cininase e está presente como mediador em reações alérgicas importantes como na anafilaxia NEUROPEPTÍDEOS São secretados por nervos sensoriais e vários leucócitos, e têm participação na iniciação e na regulação de respostas inflamatórias. São produzidos no SNC e SNP. Os principais exemplos são a substância P (proeminente nos pulmões e no TGI e participa de funções como a transmissão de dor, regulação da PA, secreção hormonal e aumento da permeabilidade vascular) e a neurocinina A. INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO Para tratar uma inflamação opta-se por remédios anti-inflamatórios para reduzir o desconforto e os efeitos do processo inflamatório Na infecção, o médico avalia qual o tipo de micro-organismo que está causando a injúria para receitar a medicação adequada Infecção por bactérias: combatida com antibiótico Infecção por vírus: combatida com antivirais. Tem infecções virais que não são combatidas com medicamentos, como herpes, hepatite B, hepatite C, gripe e HIV Infecção por fungos: combatidas por antifúngicos Infecção por parasitas: combatidas por antiparasitários. Um exemplo de doença parasitária é a malária FORMAS DE CONTÁGIO DIRETO Pessoa para pessoa Animal para pessoa Mãe para filho ao nascer INDIRETO Muitos germes permanecem em um objeto, como mesa ou torneira Quando se tocar esses objetos e ele foi manuseado antes por alguém gripado, pode-se pegar os germes que ele deixou Caso você toque seus olhos, boca ou nariz antes de lavar as mãos, poderá se infectar PICADA DE INSETO Alguns germes dependem de insetos para serem transmitidos Passam de um hospedeiro para outro, esses insetos são conhecidos comovetores CONTAMINAÇÃO ALIMENTAR FARMACODINÂMICA DOS ANTI- INFLAMATÓRIOS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES FARMACOCINÉTICA Os AINEs são divididos em várias classes químicas Essa diversidade é responsável pela ampla variedade de características farmacocinéticas A maior parte desses fármacos é bem absorvida e sua biodisponibilidade não muito modificada pela presença de alimento Quase todos os AINEs sofrem excreção biliar e reabsorção pela circulação enterro-hepática No entanto, a excreção renal é a mais importante para eliminação final FARMACODINÂMICA A atividade anti-inflamatória dos AINEs é mediada principalmente pela inibição de prostaglandinas Vários desses fármacos tem ações adicionais, como regulação da produção de IL-1 O ácido acetilsalicílico bloqueia irreversivelmente a COX das plaquetas Enquanto que os AINEs não seletivos da COX são inibidores reversíveis Os AINEs seletivos da COX-2 não afetam a função plaquetária quando administrados em doses habituais PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO Por outro lado, os inibidores seletivos da COX- 2 aumentam as chances de evoluir com edema, hipertensão e um possível infarto do miocárdio Os AINEs diminuem a sensibilidade dos vasos sanguíneos a bradicinina e a histamina, e revertem a vasodilatação da inflamação Todos os AINEs, exceto os seletivos para COX- 2, inibem a agregação plaquetária Todos os AINEs são irritantes gástricos e podem causar úlceras Além de serem nefrotóxicos, já que interferem na autorregulação do fluxo sanguíneo renal, que é modulada pelas prostaglandinas EFEITOS COLATERAIS SNC: cafaleias, zumbido, tontura e raramente meningite asséptica CARDIOVASCULARES: retenção hídrica, hipertensão, edema e raramente infarto PULMONARES: asma RENAIS: insuficiência, falência, hiperpotassemia e proteinúria ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDES Conseguem reduzir radicalmente as manifestações da inflamação, pois reduz a concentração, distribuição e efetividade de leucócitos periféricos Além disso, age suprimindo citocinas e quimiocinas inflamatórias e outros mediadores da inflamação Os glicocorticoides agem também inibindo algumas proteínas de adesão nas células endoteliais Após a dosagem de um glicocorticoide de curta ação no organismo, ocorre um aumento da concentração de neutrófilos na circulação advindos da medula óssea, contudo há diminuição do recrutamento deles no local da inflamação, sendo que o saldo de neutrófilos no local da inflamação é negativo Ocorre também uma diminuição da contagem de linfócitos T e B no local de inflamação, pois os glicocorticoides promovem a migração deles para o tecido linfoide Os glicocorticoide também inibem as funções dos macrófagos e células apresentadoras de antígeno, de fagocitose e a produção de TNFalfa, IL-1, IL-12 e IFNgama. Inibem também a atividade da fosfolipase A2, diminuindo a produção de ácido araquidônico, precursor das prostaglandinas e leucotrienos e do fato de ativação de plaquetas (PAF) Inibem também a COX-2. Provocam vasoconstrição quando aplicados na pele pois reduzem a desgranulação de mastócitos e reduzem a PATRÍCIA RIBEIRO – 4º PERÍODO MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO e INFECÇÃO permeabilidade capilar ao reduzirem a quantidade de histamina circulante Não influenciam na ativação, mas na função do sistema complemento O uso de glicocorticoides podem causar: insônia, euforia, depressão, diminuição da ACTH, GH, TSH e LH Aumento da gordura visceral, facial, da nuca e supraclavicular. Podem interferir no efeito da vitamina D para absorção de cálcio Aumentam o número de plaquetas e eritrócitos. Os glicocorticoides podem ser usados em bebês prematuros que ainda não tiveram seus pulmões completamente formados. TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO CRIOTERAPIA Envolve o uso de frio como método de tratamento É uma modalidade terapêutica muito utilizada em lesões musculoesqueléticas e afecções traumáticas Utilizada principalmente no início de qualquer processo inflamatório Quando há uma exacerbação dos fenômenos inflamatórios, onde a aplicação da crioterapia diminui o edema e contribui para vasoconstrição e diminuição da dor e da inflamação O processo inflamatório tende a induzir um aumento da sensibilização dos nociceptores a estímulos mecânicos, térmicos ou químicos A crioterapia se torna benéfica para diminuição da dor, da condução nervosa, do metabolismo e do espasmo muscular, pela minimização do processo inflamatório, da lesão por hipóxia e pela liberação de mediadores inflamatórios com consequente ajuda na recuperação do tecido após o trauma LAVAGEM COM ÁGUA A limpeza das feridas diminui a taxa de infecção Não é indicado esfregar com força a ferida REFERÊNCIAS Patologia: bases patológicas das doenças. ROBBINS e Cotran, 8 ed. Farmacologia básica e clínica. KATZUNG e TREVOR, 13 ed.
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