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Millena Batista / batistamillena@gmail.com / P4 – Enfermagem CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Em outubro 1988, foi promulgada a Constituição Federal, que aprovava a criação do SUS incorporado das propostas das emendas populares do movimento Reforma Sanitária, acompanhadas da participação dos seguimentos interessados. A separação da saúde e da previdência é determinada pelo Art. 194: “A seguridade social compreende um conjunto de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e a assistência social”. O direito da saúde a todos os cidadãos vem expresso no Art. 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Art. 197 define as ações e serviços de saúde como sendo de relevância pública. Art. 198 constitui o SUS, referindo como rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços públicos de saúde, cuja organização pauta-se nas diretrizes: descentralização com direção de cada esfera de governo; atendimento integral, priorizando atividades preventivas sem prejuízo das curativas; e participação comunitária. Art. 199 mantém a assistência à saúde livre à iniciativa privada, porém como participação do SUS de forma complementar, segundo suas diretrizes. Art. 200 Apresenta as competências do SUS e suas atribuições. Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; Ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde; Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; Saúde Coletiva CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 NASCIMENTO DO SUS mailto:batistamillena@gmail.com Millena Batista / batistamillena@gmail.com / P4 – Enfermagem Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DE 88 A competência para cuidar da saúde deixa de ser hegemônica da União. Inicia-se o processo de descentralização. CRIAÇÃO DAS LEIS ORGÂNICAS DE SAÚDE Tudo que está na Constituição de 88 sobre a saúde se torna lei. Duas Leis Orgânicas: LEI N° 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Explicita que o SUS compreende “o conjunto de todas as ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, de administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder público, além da participação da iniciativa privada de maneira complementar”. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES Universalização do Direito de todos. Descentralização com direção única para o Sistema. Integralidade da atenção à saúde. Art. 2° “A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. §1° - O dever do Estado de garantir a saúde consiste na reformulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.” Art. 4° “O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde-SUS. §2° - A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde-SUS, em caráter complementar.” Art. 5° → “Dos objetivos do SUS: A identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; A formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social; A assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas.” Art. 6° → “Estão incluídas ainda no campo de atuação do SUS: A execução de ações de vigilância sanitária, de vigilância epidemiológica, de saúde do trabalhador e de assistência terapêutica integral.” Art. 7o → “As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde - SUS são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no artigo 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: I - Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II - Integralidade de assistência, entendida como um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV - Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V - Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; 8080/90 8142/90 Regulamenta as determinações da Constituição. Consagra os princípios de descentralização das ações e serviços de saúde. Define papéis e atribuições dos gestores nos três níveis de saúde. mailto:batistamillena@gmail.com Millena Batista / batistamillena@gmail.com / P4 – Enfermagem VI - Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário; VII - Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII - Participação da comunidade; IX - Descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;” LEI ORGÂNICA DA SAÚDE N° 8.142/90 Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Cada esfera de governo deve contar com instâncias colegiadas com participação da comunidade: o Conselho de Saúde é o órgão que vai fiscalizar a implementação e utilização dos recursos de forma geral; o Conferências de Saúde é responsável pela formulação de novas propostas para o Sistema Único de Saúde, que acontece a cada 4 anos. Essa lei também trata a questão do financiamento do Sistema Único de Saúde. Diz respeito à transferência regular e automática de recursos do Governo Federal para Estados e Municípios e Distrito Federal. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Princípios doutrinários: filosofia do conceito de saúde e da idéia de direito à saúde. Princípios organizativos: orientam a forma como o sistema deve funcionar. PRINCÍPIOS ÉTICOS/DOUTRINÁRIOS DO SUS UNIVERSALIDADE: Reconhecimento da saúde como um direito fundamentaldo ser humano, cabendo ao Estado garantir as condições indispensáveis ao seu pleno exercício e o acesso a atenção e assistência à saúde em todos os níveis de complexidade. Para isso, é preciso eliminar barreiras jurídicas, econômicas, culturais e sociais que se interpõem entre a população e os serviços. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS; Interfere nas transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde; Estabelece as instâncias colegiadas e os instrumentos de participação social em cada esfera de governo – Conferências e Conselhos de Saúde. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Sistema: Formado por várias instituições dos três níveis de governo e do setor privado contratado e conveniado. Saúde: Seria prioridade a preservação da saúde. Único: Possui a mesma doutrina, a mesma filosofia de atuação em todo o território nacional. Princípios do SUS IDEOLÓGICOS ou doutrinários UNIVERSALIDADE INTEGRALIDADE EQUIDADE ORGANIZACIONAIS DESCENTRALIZAÇÃO REGIONALIZAÇÃO HIERARQUIZAÇÃO mailto:batistamillena@gmail.com Millena Batista / batistamillena@gmail.com / P4 – Enfermagem EQUIDADE: Diz respeito à necessidade de se “tratar desigualmente os desiguais” de modo a se alcançar a igualdade de oportunidades de sobrevivência, de desenvolvimento pessoal e social entre os membros de uma dada sociedade. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades distintas. Em saúde, especificamente, as desigualdades sociais se apresentam como desigualdades diante do adoecer e do morrer, reconhecendo-se a possibilidade de redução dessas desigualdades, de modo a garantir condições de vida e saúde mais iguais para todos. – É TOTALMENTE DIFERENTE DE IGUALDADE. INTEGRALIDADE: Considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações de: Promoção da saúde; Prevenção/Proteção de riscos e agravos; Recuperação/Tratamento a doentes. PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS/OPERATIVOS DO SUS DESCENTRALIZAÇÃO: Implica na transferência de poder de decisão sobre a política de saúde do nível federal (MS) para os estados (SES) e municípios (SMS). Esta transferência ocorre a partir da redefinição das funções e responsabilidades de cada nível de governo com relação à condução político- administrativa do sistema de saúde em seu respectivo território (nacional, estadual, municipal), coma transferência, concomitante, de recursos financeiros, humanos e materiais para o controle das instâncias governamentais correspondentes. REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO: Os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente, dispostos numa área geográfica delimitada e com a definição da população a ser atendida. Isto implica na capacidade dos serviços em oferecer a uma determinada população todas as modalidades de assistência, bem como o acesso a todo tipo de tecnologia disponível, possibilitando um ótimo grau de resolubilidade (solução de seus problemas). Regionalização: constituição de regiões de saúde considerando as características semelhantes, e também considerando a rede de atenção à saúde, características populacionais, situação de saúde, indicadores e outros fatores objetivando a melhor gestão do sistema e favorecendo ações mais localizadas para minimizar os problemas da comunidade. Hierarquização: estabelece a organização da rede de atenção à saúde em serviços de níveis de complexidade: atenção primária, atenção secundária e atenção terciária de saúde. PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE: É a garantia constitucional de que a população, através de suas entidades representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. Essa participação deve se dar nos Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde. Além do dever de as instituições oferecerem as informações e conhecimentos necessários para que a população se posicione sobre as questões que dizem respeito à sua saúde. COMPLEMENTARIEDADE DO SETOR PRIVADO Quando por insuficiência do setor público, for necessário a contratação de serviços privados, isso deve se dar sob três condições: mailto:batistamillena@gmail.com Millena Batista / batistamillena@gmail.com / P4 – Enfermagem A celebração de contrato, conforme as normas de direito público, ou seja, interesse público prevalecendo sobre o particular; A instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS. Prevalecem, assim, os princípios, como se o serviço privado fosse público, uma vez que, quando contratado, atua em nome deste; A integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica organizativa do SUS, em termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. Dessa forma, em cada região, deverá estar claramente estabelecido, considerando-se os serviços públicos e privados contratados, quem vai fazer o que, em que nível e em que lugar. Dentre os serviços privados, devem ter preferência os serviços sem fins lucrativos ou filantrópicos, para depois contratar o serviço privado de fato. DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES Art. 5° São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS: I. A identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; II. A formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1o do art. 2° desta lei; III. A assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. Art. 6° Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): I. A execução de ações: a) de vigilância sanitária; b) de vigilância epidemiológica; c) de saúde do trabalhador; e d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; II. A participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico; III. A ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde; IV. A vigilância nutricional e a orientação alimentar; V. A colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho; VI. A formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; VII. O controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde; VIII. A fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; IX. A participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; X. O incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico; XI. A formulação e execução da política de sangue e seus derivados. POR QUE SISTEMA ÚNICO? Porque ele segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob a responsabilidade das três esferas autônomas de governo federal, estadual e municipal. Assim, o SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem para um fim comum. Esses elementos integrantes do sistema, referem-se ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. mailto:batistamillena@gmail.com Millena Batista / batistamillena@gmail.com / P4 – Enfermagem mailto:batistamillena@gmail.com
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