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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 2 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA .............................................. 4 3 O QUE É PSICOMOTRICIDADE ................................................................... 11 4 A PSICOMOTRICIDADE E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA................................ 15 4.1 Esportes adaptados para pessoas com deficiência ................................ 19 5 LUDICIDADE E O BRINCAR ......................................................................... 27 5.1 Atividades lúdicas como forma de trabalho educacional e social ............ 31 6 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA ....................................................... 36 3 1 INTRODUÇÃO O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Fonte: ibfpos.com A Resolução n°. 4, de 2 de outubro de 2009, define a pessoa com deficiência como aquela com [...] impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial [...] (BRASIL, 2009ª, documento on-line apud CORRÊA; CHEQUIM, 2018) que, diante de diversas barreiras, podem ter a sua participação plena e efetiva restringida na escola e na sociedade. O conceito de deficiência vem sendo discutido por diferentes segmentos sociais: médicos, psicólogos, educadores, terapeutas e pais. A sua definição acompanha a evolução histórica, social e científica, e pode ser compreendida tanto pela ótica da incapacidade (traço expresso somente pelo sujeito) como pelos condicionantes socioculturais. Nesse contexto, a convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência (BRASIL, 2009ª apud CORRÊA; CHEQUIM, 2018) apresentou pela primeira vez um conceito mais amplo de deficiência. Esse conceito considera tanto os fatores intrínsecos 5 (fruto da incapacidade física e orgânica) quanto os extrínsecos (efeito da produção social representada pelas barreiras e pelos apoios). Portanto, a deficiência deve ser compreendida a partir da interação desses dois fatores. Ao considerar a deficiência como uma expressão da interação entre indivíduo, sociedade e ambiente, as limitações passam a ser compreendidas numa perspectiva de funcionamento individual, inseridas num contexto social. Em outras palavras, o que deve ser classificado não é o nível da deficiência (antigamente categorizada como leve, moderada e severa), e sim o nível de apoio (mediadores entre o indivíduo e as suas possibilidades). Esse conceito de deficiência está em harmonia com a concepção de desenvolvimento e aprendizagem proposta por Vygotsky. A singularidade do desenvolvimento da pessoa com deficiência está nos efeitos positivos da deficiência, ou seja, nos caminhos encontrados para a superação do déficit. Dessa forma, a pessoa com deficiência não é inferior aos seus pares, apenas apresenta um desenvolvimento qualitativamente diferente e único. O meio social pode facilitar ou dificultar a criação desses novos caminhos de desenvolvimento (MARQUES, 2001, p. 85 apud CORRÊA; CHEQUIM, 2018). Observe que compreender a deficiência sob a ótica das relações sociais possibilita entendê-la como um processo de atribuição social. Logo, desloca- -se o olhar do indivíduo e passa-se a considerar as influências do ambiente nesse processo. Assim, a deficiência é interpretada por meio da reação do grupo social. Essa concepção poderá implicar agravamento da deficiência pelo preconceito ou incompreensão ou alívio pela empatia ou compreensão (BEYER, 2005 apud CORRÊA; CHEQUIM, 2018). Nessa perspectiva, as interações que o sujeito estabelecer com o ambiente é que vão determinar a qualidade de suas aprendizagens e do seu processo de desenvolvimento. No âmbito escolar, podemos observar com maior frequência a presença de alunos com deficiência intelectual, visual, auditiva, física, múltipla e transtorno de espectro autista (TEA). De acordo com o CID-10, a deficiência intelectual corresponde a um desenvolvimento incompleto do funcionamento intelectual, caracterizando prejuízos cognitivos que interferem diretamente na capacidade de aprender e compreender (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1995 apud CORRÊA; CHEQUIM, 2018). O DSM 5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014 apud CORRÊA; CHEQUIM, 2018) estabelece três critérios (A, B, C) para a identificação da deficiência 6 intelectual e enfatiza que, além da avaliação cognitiva, é fundamental avaliar a capacidade funcional adaptativa. O critério A diz respeito a déficits no funcionamento intelectual e nas habilidades gerais, isto é, o quociente de inteligência (QI). O critério B refere-se a déficits no funcionamento adaptativo em três domínios: os conceituais (como habilidades acadêmicas), os sociais (como linguagem, comunicação, habilidades interpessoais) e os práticos (como habilidades de vida, autocuidado). O critério C define o início no período de desenvolvimento, antes dos 18 anos. Para Corrêa e Chequim (2018), após apresentar a definição do modelo clínico de deficiência intelectual, é importante considerar que a proposta de educação inclusiva é norteada principalmente pela concepção interacionista da aprendizagem e do desenvolvimento, cujos principais representantes são Piaget e Vygotsky. Ela aponta a necessidade de discutir a construção de um novo espaço discursivo no campo da deficiência intelectual na escola, de forma a superar a ideia de que as competências das pessoas com deficiência intelectual se restringem a ações mecânicas e repetitivas de aprendizagem. A deficiência visual caracteriza aqueles indivíduos que apresentam perda total ou parcial da visão. É causada por diversas anomalias ou doenças oculares que ocasionam lesões ou prejuízos na capacidade de percepção visual. A deficiência visual pode ser categorizada como: cegueira — tem como consequência a perda total da visão (CORRÊA; CHEQUIM, 2018). Pode ser congênita, quando a incapacidade visual ocorre antes do nascimento ou nos primeiros meses do bebê, ou adquirida, que pode ter origem orgânica ou ser decorrente de um acidente que cause lesões. baixa visão ou visão subnormal — é uma condição complexa e variável, na qual há comprometimento funcional da visão, mas o indivíduo mantém resíduos visuais. Na prática, pessoas com visão subnormal veem os objetos, mas podem ter dificuldade em reconhecê-los (visão embaçada). Além disso, não conseguem ler sem recursos ópticos ou material impresso 7 ampliado e em geral apresentam limitações para enxergar, dependendo da iluminação do ambiente. Para determinar se uma pessoa tem cegueira ou baixa visão, são necessárias informações precisas sobre a acuidade visual ou o campo de visão. Ainda conforme Corrêa e Chequim (2018), a deficiência auditiva corresponde à perda parcial ou total da habilidade de detectar sons, que pode ter causas genéticas, como má formação,ou ser decorrente de lesões no ouvido ou na composição do aparelho auditivo. Já a surdez caracteriza o indivíduo com ausência total da audição. Na prática, um indivíduo surdo é aquele que, por não escutar som algum, interage com o mundo a partir de uma experiência visual. Por isso, diz-se que o seu instrumento natural de comunicação é a língua de sinais, e a segunda língua é a escrita. A deficiência física refere-se ao comprometimento dos órgãos responsáveis pela locomoção (sistemas osteoarticular, muscular e nervoso), a qual pode ser ocasionada por lesões ou doenças. A limitação física pode ser manifestada em diferentes graus de complexidade, de acordo com o tipo de lesão ocorrida e as partes corporais atingidas. Na prática, a deficiência física está relacionada a limitações e dificuldades nas capacidades básicas de mobilidade e locomoção. Esse tipo de deficiência pode ser definitivo, temporário ou progressivo, e pode vir ou não associado a déficits nas áreas cognitiva, sensorial e perceptiva, na linguagem e na adaptação social (BRASIL, 2006 apud CORRÊA; CHEQUIM, 2018). De acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, deficiência física pode ser compreendida a partir da tríade deficiência, atividade e participação. Essa conceituação estabelece uma relação entre as condições de saúde e o meio sociocultural, de modo que a deficiência pode levar a diferentes graus de incapacidade, dependência e limitação no desempenho funcional do sujeito (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2003 apud CORRÊA; CHEQUIM, 2018). O transtorno global do desenvolvimento, atualmente chamado de transtorno do espectro autista (TEA) caracteriza-se, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014 apud CHEQUIM, 2018), pela presença de alterações qualitativas numa tríade de dificuldades: interação social, comunicação e comportamento restrito-repetitivos. Esse conceito 8 considera que os indivíduos podem apresentar diferentes níveis de comprometimento dentro do espectro. A pessoa com TEA é considerada uma pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. A deficiência múltipla caracteriza aqueles indivíduos que têm mais de uma deficiência associada. Trata-se de uma condição heterogênea que pode revelar diversas combinações de deficiências, as quais afetam o funcionamento individual e o relacionamento social do sujeito em diferentes graus. Pessoas com deficiência múltipla constituem um grupo com características específicas e peculiares e, consequentemente, com necessidades únicas (CORRÊA; CHEQUIM, 2018). Fonte: gridaflnan7.live/5.com Para Silva (2017), a estrutura de ação em educação especial tem como objetivo principal informar sobre políticas e guias para ações governamentais. Ela atende a organizações internacionais ou agências nacionais de auxílio, organizações não governamentais e outras instituições na implementação das diretrizes propostas na Declaração de Salamanca. Essa estrutura tem como base a experiência dos países participantes e as resoluções, recomendações e publicações do sistema das Nações Unidas e outras organizações intergovernamentais, especialmente o documento 9 Procedimentos Padrões na Equalização de Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiência. Leva em consideração, também, as propostas, direções e recomendações originadas nos cinco seminários regionais preparatórios da Conferência Mundial. Os princípios orientadores dessa estrutura são ( DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994 apud SILVA, 2017 ): Qualquer pessoa com deficiência tem o direito de expressar seus desejos com relação à sua educação, de acordo com as possibilidades de estes serem realizados. Da mesma maneira, os pais possuem o direito de serem consultados sobre a forma de educação mais apropriada às necessidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças. Todas as crianças têm o direito de serem acomodadas na escola regular, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras, incluindo as crianças deficientes e superdotadas, as crianças de rua e que trabalham, as de origem remota ou de população nômade, as pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais e as crianças de outros grupos desfavorecidos ou marginalizados. O termo “necessidades educacionais especiais” se refere a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de aprendizagem e, portanto, possuem necessidades educacionais especiais em algum ponto durante a sua escolarização (SILVA, 2017). A educação especial assume que as diferenças humanas são normais e que a aprendizagem deve ser adaptada às necessidades da criança. Portanto, não se deve adaptar a criança às ideias preconcebidas a respeito do ritmo e da natureza do processo de aprendizagem. Assim, se reduz a taxa de desistência e repetência escolar e, ao mesmo tempo, se garante índices médios mais altos de rendimento escolar. O desenvolvimento de estratégias que procuram promover a genuína equalização de oportunidades deveria ser incentivado. 10 Medidas legislativas deveriam ser adotadas nos campos de saúde, bem- - estar social, treinamento vocacional e trabalho. O objetivo disso é promover apoio e gerar total eficácia à legislação educacional, reconhecendo o princípio de igualdade de oportunidade para crianças, jovens e adultos com deficiências na educação primária, secundária e terciária, sempre que possível em ambientes integrados. Ainda conforme Silva (2017), para as crianças com necessidades educacionais especiais, uma rede contínua de apoio deveria ser providenciada, com variação desde a ajuda mínima na classe regular até programas adicionais de apoio à aprendizagem dentro da escola. O treinamento pré-profissional deveria fornecer a todos os estudantes de pedagogia, de ensino primário ou secundário, orientação positiva frente à deficiência, desenvolvendo um entendimento daquilo que pode ser alcançado nas escolas por meio dos serviços de apoio disponíveis na localidade. O treinamento especializado em educação especial deveria ser integrado com ou precedido de treinamento e experiência como uma forma regular de formação de professores. A educação de crianças com necessidades educacionais especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais, pois aqueles necessitam de apoio para que possam assumir seus papéis de pais de uma criança com necessidades especiais (SILVA, 2017). O envolvimento comunitário deveria ser buscado no sentido de suplementar atividades na escola, de prover auxílio na concretização de deveres de casa e de compensar a falta de apoio da família. A mídia possui papel fundamental na promoção de atitudes positivas frente à integração de pessoas portadoras de deficiência na sociedade. Ela deve contribuir para a superação de preconceitos e má informação e difundir com mais otimismo e imaginação as capacidades das pessoas portadoras de deficiência. 11 O objetivo dessas propostas é tornar a educação um direito que abranja realmente todas as pessoas, no sentido de dar visibilidade às pessoas com deficiência e garantir os seus direitos. Por meio de uma educação que inclua e integre, esses indivíduos alcançarão uma maior participação na sociedade. Isso ocorre por meio da escolarização, da prática da cidadania e da preparação e inserção dessas pessoas no mercado de trabalho, garantindo a igualdade de direitos e oportunidades (SILVA, 2017). 3 O QUE É PSICOMOTRICIDADE Fonte: portaleducacao.com Segundo Miguel (2019), a psicomotricidade é baseada em uma visão global do ser humano e, como ciência, busca a integração entreas diversas funções humanas: cognitivas, emocionais, simbólicas, psicolinguísticas e motoras. Psicomotricidade é a ciência que estuda o homem e as suas relações com seu corpo e seus movimentos, além de considerar as relações que surgem da interação com o outro e o ambiente. Em 1925, o médico e psicólogo Henri Wallon estudou o movimento humano, reconhecendo sua categoria fundante como instrumento na construção do psiquismo. 12 Essa diferenciação permitiu a Wallon relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo. Em 1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolveu um exame psicomotor para fins de diagnóstico, indicação da terapêutica e prognóstico. Em 1947, o psiquiatra Julian de Ajuriaguerra redefiniu o conceito de debilidade motora, considerando-a como uma síndrome com suas próprias particularidades. Foi quem delimitou com clareza os transtornos psicomotores que oscilam entre os âmbitos neurológico e o psiquiátrico. Com essas novas contribuições, a psicomotricidade passou a se diferenciar de outras disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia (MIGUEL, 2019). Com o entendimento de que as dificuldades motoras podem existir mesmo que não haja uma deficiência neurológica no ser humano, o uso do termo psicomotricidade ganhou força em 1970, explicar tais acontecimentos durante o desenvolvimento, sobretudo o infantil. Nessa década, diferentes autores definiram a psicomotricidade como uma motricidade de relação, considerando a íntima ligação dos aspectos afetivos aos aspectos motores dos sujeitos. A partir daí, começou a ser delimitada a diferença entre uma postura reeducativa e uma postura terapêutica. Ao se desligar da técnica instrumentalista e se ocupar do "corpo de um sujeito", a abordagem terapêutica dá, progressivamente, maior importância à relação entre mente e coração, bem como ao entendimento do sujeito como um todo. Tal entendimento perdura até os dias atuais. De acordo com Fonseca (2008 apud MIGUEL, 2019), são várias as classificações e as terminologias utilizadas para denominar as funções psicomotoras. De qualquer forma, os conceitos são basicamente os mesmos; o que muda é a forma de classificar e agrupar esses conceitos. As terminologias mais utilizadas no Brasil e os seus respectivos conceitos são apresentados a seguir. Esquema corporal: é o saber pré-consciente a respeito do seu próprio corpo e de suas partes, permitindo que o sujeito se relacione com espaços, objetos e pessoas que o circundam. As informações proprioceptivas ou cinestésicas é que constroem esse 13 saber acerca do corpo, e, à medida que o corpo cresce, acontecem modificações e ajustes no esquema corporal. Exemplo: a criança sabe que a cabeça está em cima do pescoço e sabe que ambos fazem parte de um conjunto maior, que é o corpo, conforme descreve Fonseca (2008 apud MIGUEL, 2019). Imagem corporal: é a representação mental inconsciente que fazemos do nosso próprio corpo, formada a partir do momento em que esse corpo começa a ser desejado e, consequentemente, passa a desejar, bem como ser marcado por uma história singular e pelas inscrições materna e paterna. Um exemplo de como se dá sua construção é o estágio do espelho, que começa aos 6-8 meses de idade, quando a criança já se reconhece no espelho, sabendo que o que vê é sua imagem refletida. A imagem, portanto, vem antes do esquema — portanto, sem imagem, não há esquema corporal, conforme aponta Le Bouch (1992 apud MIGUEL, 2019). Tônus: de acordo com Sampaio (2009 apud MIGUEL, 2019), é a tensão fisiológica dos músculos que garante equilíbrio estático e dinâmico, coordenação e postura em qualquer posição adotada pelo corpo, esteja ele parado ou em movimento. Exemplo: a maioria das pessoas portadoras da Síndrome de Down possui uma hipotonia, ou seja, uma tonicidade ou tensão menor do que a normal, o que faz com que haja um aumento da mobilidade e da flexibilidade e uma diminuição do equilíbrio, da postura e da coordenação. Coordenação global ou motricidade ampla: é a ação simultânea de diferentes grupos musculares na execução de movimentos voluntários, amplos e relativamente complexos. Exemplo: para caminhar, utilizamos a coordenação motora ampla, em que membros superiores e inferiores se alternam coordenadamente para que haja deslocamento, de acordo com Le Bouch (1992 apud MIGUEL, 2019). Motricidade fina: é a capacidade de realizar movimentos coordenados utilizando pequenos grupos musculares das extremidades, conforme define Le Bouch (1992 apud MIGUEL, 2019). Exemplo: escrever, costurar, digitar. Organização espaço-temporal: é a capacidade de se orientar adequadamente no espaço e no tempo. Para isso, é preciso ter a noção de perto, longe, em cima, 14 embaixo, dentro, fora, ao lado de, antes, depois. Alguns autores estudam a organização espacial e a organização temporal separadamente. Fonseca (2008 apud MIGUEL, 2019) cita como exemplo a brincadeira “Batatinha frita 1, 2, 3”. Ritmo: é a ordenação constante e periódica de um ato motor. Para ter ritmo, é preciso ter organização espacial, segundo Fonseca (2008 apud MIGUEL, 2019). Exemplo: pular corda. Lateralidade: é a capacidade de vivenciar os movimentos utilizando-se, para isso, os dois lados do corpo, ora o lado direito, ora o lado esquerdo. Por exemplo: a criança destra, mesmo tendo sua mão direita ocupada, é capaz de abrir uma porta com a mão esquerda. É diferente da dominância lateral, que é a maior habilidade desenvolvida em um dos lados do corpo devido à dominância cerebral — ou seja, pessoas com dominância cerebral esquerda têm maior probabilidade de desenvolverem mais habilidades do lado direito do corpo e, por isso, são destros. Com os canhotos, acontece o inverso, já que sua dominância cerebral é do lado direito, conforme destaca Sampaio (2009 apud MIGUEL, 2019). Equilíbrio: é a capacidade de se manter sobre uma base reduzida de sustentação do corpo, utilizando uma combinação adequada de ações musculares, parado ou em movimento. Um exemplo de equilíbrio dinâmico é caminhar sobre uma prancha, e de equilíbrio estático é manter-se sentado corretamente, conforme Sampaio (2009 apud MIGUEL, 2019). Para o psicomotricista, o sujeito constitui sua unidade a partir das interações com o mundo externo e nas ações do outro (mãe e substitutos) sobre ele. A especificidade do psicomotricista se situa, assim, na compreensão da gênese do psiquismo e dos elementos fundadores da construção da imagem e da representação de si. Uma criança que não consegue organizar seu corpo no tempo e no espaço não conseguirá sentar-se em uma cadeira, concentrar-se, segurar um lápis com firmeza e reproduzir em um papel o que elaborou em pensamento. Autores como Oliveira (2015 apud MIGUEL, 2019) indicam que o primeiro dicionário é escrito no corpo, reforçando, assim, a importância do movimento enquanto base para outras novas aquisições das etapas do desenvolvimento humano. 15 Corroborando com isso, Le Boulch (1985 apud MIGUEL, 2019) indica que o ato antecipa a palavra, e a fala é uma importante ferramenta psicológica organizadora, pois é por meio da fala que a criança integra os fatos culturais ao desenvolvimento pessoal. Logo, a partir do momento em que ocorrem falhas no desenvolvimento dos movimentos dessa criança, podem também ocorrer falhas na capacidade de aquisição da linguagem verbal e/ou escrita. Com isso, o psicomotricista, primeiramente, pode atuar na educação infantil, estimulando o desenvolvimento infantil a partir do trabalho das habilidades motoras e das capacidades físicas, com vistas ao aprimoramento das questões sociais e afetivas. Tanto que alguns autores sugerem a importância do trabalho do psicomotricista nos primeiros cinco anos de idade da criança, como se houvesse uma espécie de “janela” aberta parao melhor desenvolvimento das mesmas nesse período (MIGUEL, 2019). 4 A PSICOMOTRICIDADE E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA A forma como a sociedade lida com as pessoas portadoras de deficiência é uma construção cultural que se transforma ao longo da história. Os sentidos que são atribuídos aos sujeitos portadores de deficiência, assim como o modo de produção dessa comunidade, são alguns dos elementos fundamentais que determinam que tipo de atitude será tomada com relação a eles (ANTUNES, 2020). A exclusão e a inclusão social são conceitos complexos, assim como é a sociedade contemporânea, e não há compreensões absolutamente fechadas para se tratar desses termos. Podemos dizer que excluídos são todos aqueles que são rejeitados em nosso sistema social e cultural, por não se enquadrarem nas concepções de valores dominantes. São rejeitados física, geográfica, cultural e materialmente e impedidos de acessar plenamente a convivência, o trabalho, as relações, enfim, as diversas instâncias da vida humana (WANDERLEY, 2001 apud ANTUNES, 2020). Tem-se atribuído a René Lenoir a invenção dessa noção em 1974. Homem pragmático e sensível às questões sociais, [...] teve, com sua obra, o mérito de suscitar o debate, alargando a reflexão em torno da concepção de exclusão, não 16 mais como um fenômeno de ordem individual, mas social, cuja origem deveria ser buscada nos princípios mesmos do funcionamento das sociedades modernas (WANDERLEY, 2001, p. 23 apud ANTUNES, 2020). Olhando mais uma vez para a história, veremos que, durante o período medieval, um período até então claramente marcado pela exclusão das pessoas com deficiência, iniciaram-se as primeiras atitudes de caridade por parte de ordens religiosas e nobres para com pessoas portadoras de deficiência. Esse fato marcou o início da segregação, já que foram criados locais para abrigar esses sujeitos — esses locais foram os precursores de hospícios e albergues. Em paralelo a essa atitude piedosa, havia também uma ideia de que os deficientes representavam uma ameaça para as pessoas e para a sociedade. A reclusão dos sujeitos nesses espaços se dava em condições desumanas; eles eram impedidos de sair ou ter contato social com outras pessoas fora do local onde moravam e viviam em condições de miséria e abandono (SILVA, 2009 apud ANTUNES, 2020). No período pós-renascentista, novas concepções passaram a determinar a forma como a sociedade lida com essa questão. Primeiro, passou-se a ter consciência de que não se pode confundir as deficiências, em especial, a deficiência mental, com desordens ou doenças mentais. Isso implicou em uma radical transformação, implantando a noção de que esses sujeitos não deviam mais ser foco de tratamento, por meio da reclusão em manicômios, mas, sim, ser foco da educação. Nesse mesmo período, surgiu o movimento da escola nova, que, a partir de uma perspectiva mais ampla, criticou fundamentalmente a concepção de infância e o método de trabalho da escola convencional e elaborou conceitos como “criança ativa” e “trabalho psicológico”, em contraposição à ideia de aluno passivo e instrução escolarizada. Posteriormente, esse movimento passou a debater também a escola democrática e seu papel na construção de uma sociedade verdadeiramente democrática (BASTINI, 2000 apud ANTUNES, 2020). Com relação às pessoas com deficiência, médicos educadores fundadores desse movimento passaram a dar atenção à educação desse grupo de sujeitos, acreditando na sua possibilidade de desenvolvimento. Entre alguns nomes, podemos citar Jean Marc 17 Gaspard Itard, Édouard Séguin e Maria Montessori. A partir desse momento, começaram a surgir instituições que se dedicavam ao ensino específico de pessoas com deficiência. Apesar da crescente preocupação com a educação destes alunos, cuja intervenção decorria de um diagnóstico médico-psicopedagógico, o processo de colocá-los numa escola de ensino especial ou numa classe especial não deixava de ser um processo segregativo (SILVA, 2009, documento on-line apud ANTUNES, 2020). Cabe uma pequena pausa para nos debruçarmos um pouco sobre estes dois conceitos que são intermediários entre a exclusão e a inclusão, a saber: a segregação e a inserção social. A segregação diz respeito ao ato de separar, separar, marginalizar, isolar o contato ou distanciar indivíduos e grupos considerados diferentes. O próximo passo histórico foi, então, buscar uma atitude de integração social, que pode ser entendida como uma abertura à participação desses sujeitos na sociedade. De acordo com Silva (2009 apud ANTUNES, 2020), esse movimento incluiu o questionamento da institucionalização das pessoas com deficiência e se desenvolveu por meio do fortalecimento de associações de pais, deficientes e voluntários, além de documentos como a Declaração dos Direitos Humanos e a Declaração dos Direitos da Criança. […] defendia-se um atendimento educativo diferenciado e individualizado, de forma que cada aluno pudesse atingir metas semelhantes, o que implicava a necessidade de adequar métodos de ensino, meios pedagógicos, currículos, recursos humanos e materiais, bem como os espaços educativos, tendo em conta que a intervenção junto destes alunos, respeitando a sua individualidade, deveria ser tão precoce quanto possível e envolver a participação das famílias (SILVA, 2009, documento on-line apud ANTUNES, 2020). Apesar dos muitos avanços em virtude da busca de integração social de pessoas com deficiência, esse movimento exigiu um pouco da sociedade e não conseguiu atender plenamente às necessidades sociais de convivência, desenvolvimento e participação no mundo do trabalho desse grupo. Isso porque se esperava das pessoas com deficiência que se adaptassem à sociedade “normal”, e não o contrário — criar uma sociedade realmente acolhedora das diferenças e com oportunidades para todos. Com isso, surgiu um novo movimento, que busca a inclusão social desses indivíduos, entendendo que: 18 A aceitação e a valorização da diversidade, a cooperação entre diferentes e a aprendizagem da multiplicidade são, assim, valores que norteiam a inclusão social, entendida como o processo pelo qual a sociedade se adapta de forma a poder incluir, em todos os seus sistemas, pessoas com necessidades especiais e, em simultâneo, estas se preparam para assumir o seu papel na sociedade (SILVA, 2009, documento on-line apud ANTUNES, 2020). A turma que convive com essa pessoa com deficiência, sua presença é uma rica oportunidade para o aprendizado da resiliência, da perseverança, da paciência e do respeito às diferenças. Com relação a essa questão, é importante ressaltar que alguns autores têm apontado a educação socioemocional como um elemento no mínimo tão importante para o desenvolvimento da vida adulta dos indivíduos quanto o desenvolvimento do intelecto (WATSON; PRANIS, 2015 apud ANTUNES, 2020). Em busca de uma melhor qualidade de vida e de inserção social (longe de pré- julgamentos), cada vez mais pessoas com deficiências físicas e/ou são quaisquer atividades ou esportes que levem em consideração todos os potenciais que o indivíduo possui, incluindo suas limitações físico-motoras e sensoriais. Assim, promove-se participação por meio de lazer, diversão e adesão à prática, utilizando o meio esportivo para alcançar avanços pessoais (aumento de potencialidades e habilidades) (AZEVEDO; BARROS, 2004 apud LISBOA, 2020). O esporte é um fenômeno mundial e sociocultural que se manifesta de diversas maneiras. O esporte adaptado mostra-se como uma possibilidadede obter sucesso em diversos objetivos. Ele desempenha papel fundamental na estimulação de questões físicas, psicológicas e sociais, que promovem a independência, a competição, a motivação e a relação social com outras pessoas (MELO; ALONSO LÓPEZ, 2002 apud LISBOA, 2020). O esporte adaptado teve início na necessidade de reabilitação físicae mental para amenizar o tédio e o ócio hospitalar e fornecer novas possibilidades, habilidades e eficiência diária (ARAÚJO, 1997 apud LISBOA, 2020). Hoje, a prática de atividades e esportes adaptados para pessoas com deficiência física e/ou motora tornou-se uma oportunidade de ascensão social. A prática dessas atividades testa novos potenciais e limites. Ao desenvolver novas propostas, o educador deve entender as características individuais de cada praticante, além de seus aspectos físicos e psicológicos. Além disso, é de extrema importância conhecer as possibilidades esportivas, as regras e as adaptações (AZEVEDO; BARROS, 2004 apud LISBOA, 2020). 19 Pessoas com deficiência física possuem particularidades, às quais o esporte adaptado deve adaptar-se. A partir disso, sugere-se uma teoria geral na prática de esportes adaptados, tecendo considerações sobre inter-relações entre secções que convergem no esporte e possibilitando compreender os fundamentos do esporte adaptado. Estudos sobre a influência do esporte adaptado no âmbito psicológico apontam grandes melhorias, principalmente em relação à autoestima e ao autoconceito, além da promoção de valorização pessoal. É consenso que a deficiência interfere não apenas na pessoa com deficiência (relações, personalidade, funcionalidade, etc.), mas também no profissional que conduzirá a tarefa esportiva, o qual deve estar capacitado para isso (DIEHL, 2008; FIGUEIRA, 2012 apud LISBOA, 2020). 4.1 Esportes adaptados para pessoas com deficiência O esporte adaptado é o esporte voltado às populações que necessitam de um atendimento diferenciado, como as grávidas, os cardíacos, os transplantados e a terceira idade, não apenas às pessoas incluídas nos grupos com deficiência motora, sensorial ou mental. Aqui, abordaremos o esporte adaptado voltado a pessoas com deficiência, mais especificamente, a deficiência física, público-alvo das paralimpíadas. Diversos esportes passaram a ter suas regras adaptadas para possibilitar às pessoas com deficiência a sua prática e treinamento. Assim, a utilização de termos diferenciados são explicitados por Araújo (1998 apud MARTINS, 2020). O autor define o termo “atividade adaptada” utilizando as palavras de Rodrigues (1996 apud ARAÚJO, 1998, p. 18–19 apud MARTINS, 2020): Este termo parece sugerir que a atividade é estandardizada e que, para ser praticada por pessoas com deficiência necessita ser adaptada. Esta lógica funciona, por exemplo, para referir ao basquete em cadeira de rodas, mas será que verdadeiramente a podemos usar com, por exemplo, a boccia, que foi criado exclusivamente para pessoas com paralisia cerebral? Talvez sim, dado que o termo adaptação tem também conotação que se identifica com a manipulação de variáveis ecológicas. A atividade, os materiais, os estilos de ensino, os enquadramentos, etc., tem que ser adaptados porque a pessoa tem menos possibilidade de adaptação. Adaptar uma atividade, em sentido lato, pode ser, 20 pois, construir uma atividade para um objetivo definido — por exemplo, desenvolver a consciência corporal. Adaptação ou usando um termo mais genérico — a adaptabilidade pode se referir a modificações numa atividade padronizada. Referente a um desporto, pode criar um envolvimento específico de atividade não padronizada e pode ainda criar um contexto com objetivos claramente terapêuticos ou reeducativos. Assim, percebe-se que a atividade adaptada pode acontecer diariamente e não apenas para as pessoas com deficiência, mas em todos os momentos e para todos os grupos que apresentarem necessidade de modificações das atividades ou de materiais para possibilitar sua execução. Outro termo definido é o desporto adaptado, que pode ser entendido como: […] experiências esportivas modificadas ou especialmente designadas para suprir as necessidades especiais de indivíduos. O âmbito do esporte adaptado inclui a integração de pessoas portadoras de deficiência com pessoas “normais”, e lugares nos quais se incluem apenas pessoas com condição de deficiência (WINNICK, 1990 apud ARAÚJO, 1998, p. 18 apud MARTINS, 2020). Nesse conceito, estão incluídas as modalidades que são baseadas em esportes existentes e conhecidos, em que ocorrem adaptações de regras para que essas modalidades possam ser praticadas por pessoas com deficiência. Além disso, são incluídos esportes que foram criados exclusivamente para a população com deficiência (ARAÚJO, 1998 apud MARTINS, 2020). Entende-se, assim, que o esporte para a pessoa com deficiência, seja ele adaptado de uma modalidade já existente ou criado exclusivamente para a prática de um determinado grupo, passa a integrar o tema esporte, entendido como um fenômeno que influencia a sociedade e por ela é influenciado. Dessa forma, o esporte praticado pelas pessoas com deficiência pode integrar os temas trabalhados no esporte no âmbito escolar, passando a compor o currículo da educação física escolar. Ao pensar no esporte como fenômeno social, o esporte para pessoas com deficiência, adaptado ou criado para essa população, apresenta-se como uma vivência dentro desse tema. Dessa forma, percebe-se que a evolução da área da educação física deve-se à tentativa de englobar os mais diferentes públicos, oportunizando desde a vivência até o treinamento das diferentes atividades que compõem os conhecimentos que a educação física oferece (DARIDO, 2003 apud MARTINS, 2020). 21 No âmbito escolar, discussões acerca da disciplina educação física ocupam-se de quais temas devem ser tratados nos anos escolares. A educação física escolar foi um momento excludente dentre as disciplinas desse espaço (DARIDO, 2003 apud MARTINS, 2020). A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) não deve ser considerada como um modelo, mas como referência para as escolas, os municípios e os estados elaborarem seus currículos e oferecerem, aos professores, referenciais de conteúdos que devem ser incluídos nas aulas, bem como aspectos a serem privilegiados na prática educacional, respeitando as características de cada sociedade. Sobre esse assunto, Boscatto, Impolcetto e Darido (2016 apud MARTINS, 2020) afirmam que: As peculiaridades regionais devem ser valorizadas quando os currículos forem elaborados. Porém, observa-se que, embora a BNCC tenha sido elaborada com uma proposta de formação reflexiva, promoção da cidadania e avanço social relacionada às competências e às dimensões do conhecimento, [...] quando priorizadas pela base revelam uma realidade que pode ser divergente e que se aproximam do ensino em conformidade com os paradigmas tradicionais [...] (ALVARENGA; GUERRINI; ROCHA, 2018, p. 27 apud MARTINS, 2020). Para Alvarenga, Guerrini e Rocha (2018 apud MARTINS, 2020), o documento reflete desequilíbrio na construção do conhecimento em relação às práticas corporais quanto à apropriação e à construção do conhecimento científico, com as observações, vivências e gestos de essencial importância para a participação do professor. Este deve promover o equilíbrio entre os conhecimentos teóricos e práticos, para que as relações sejam construídas e reconstruídas. Quanto à inclusão da pessoa com deficiência nas aulas de educação física, não há menção da BNCC especificamente. A BNCC cita que deve haver compromisso com alunos com deficiência, reconhecendo as práticas inclusivas, em especial, quanto à existência de currículos diferenciados para o atendimento dessa demanda (BRASIL, 2017 apud MARTINS, 2020). A BNCC apresentou um tímido avanço ao tentar sugerir ideias na elaboração dos currículos educacionais, carecendo de bases teóricas mais consistentes para promover o desenvolvimento educacional. No caso da educação física, são necessárias a inclusão de conhecimentos científicos, observações específicas e vivências e, principalmente, a mediação do professor — ponto fundamental para o equilíbrio entre teoria e prática.22 A deficiência visual é a redução ou a perda total da capacidade de ver com o melhor olho, mesmo após a melhor correção óptica. Para ser considerada uma pessoa com alguma deficiência visual, esta deverá ter um comprometimento em relação à acuidade visual e seu campo de visão restrito (DIEHL, 2006 apud MARTINS, 2020). Pode-se dividir a deficiência visual em cegueira e visão subnormal, que serão determinadas por meio de um procedimento específico utilizado pelos médicos oftalmologistas, chamado de acuidade visual (BICAS, 2002; CAZÉ; OLIVEIRA, 2008 apud MARTINS, 2020). A dança auxilia e traz benefícios, tanto físicos como sociais, para quem a pratica. Estudos revelam que a dança interfere na postura, melhora a agilidade e a flexibilidade, possibilita melhorias no equilíbrio corporal e na coordenação motora. Além disso, proporciona autoconfiança, desenvolve a expressão e a consciência corporal e promove a melhora da orientação e da mobilidade, o que auxilia no cotidiano e na vida em sociedade (CINTRA, 2002; DIEHL, 2006; FIGUEIREDO; TAVARES; VENÂNCIO, 1999 apud MARTINS, 2020). Alguns estudos mostram que a dança promove, aos cegos, a melhoria de suas capacidades físicas e habilidades motoras, propicia uma vida mais ativa e independente, possibilita uma melhor noção de espaço e consciência corporal. Assim, são promovidos novos padrões motores, que possibilitam novas aprendizagens e aquisição da autonomia. Além disso, a dança auxilia na melhora da socialização e da realização pessoal (BRAGA et al., 2002 apud MARTINS, 2020). Portanto, ao estimular os componentes da capacidade funcional, a dança torna-se também um instrumento de inclusão social, e a autonomia e a independência proporcionam uma participação mais ativa em sociedade (SEBASTIÃO et al., 2008 apud MARTINS, 2020). As pessoas com deficiência visual utilizam mecanismos de adequação à vida que, segundo Hoffmann (1999 apud MARTINS, 2020), possibilitam-lhes realizar atividades básicas, e também auxiliam no seu desenvolvimento ao lazer, à saúde, à educação e ao trabalho, o que sustenta sua autonomia. Devem ser feitas adaptações necessárias e específicas para que se desenvolvam suas atividades da vida diária com autonomia, independência e produtividade. 23 Hoffmann (1999 apud MARTINS, 2020) afirma que o aprendizado de deslocamentos com orientação e mobilidade e da informação escrita por meio do sistema Braille assume posição relevante dentro da reabilitação desses indivíduos. Para o deslocamento e a mobilidade nos espaços, utiliza-se a orientação de bengala, cão-guia ou guia vidente. O meio mais utilizado é a bengala de Hoover (assim denominada com o nome do médico que a desenvolveu), que é compreendida, pelos indivíduos cegos, como uma extensão de seu corpo, possibilitando o deslocamento e a melhora de sua autonomia. A deficiência auditiva é um tipo de privação sensorial, cujo sintoma comum é uma reação anormal diante do estímulo sonoro (GAGLIARDI; BARRELLA, 1986 apud MARTINS, 2020). A surdez é, portanto, caracterizada pela perda, maior ou menor, da percepção normal dos sons, havendo vários tipos de deficiência auditiva, em geral classificadas de acordo com o grau de perda da audição. Esta perda é avaliada pela intensidade do som, medida em decibéis (dB), em cada um dos ouvidos (MARCHESI, 1996 apud MARTINS, 2020). Quanto à população de pessoas com deficiência auditiva nas escolas, embora não se tenha uma estatística geral, sabe-se que é grande a incidência de casos de surdez. O Censo Escolar/2004 computou 62.325 crianças surdas matriculadas nas escolas de todo o Brasil — um aumento considerável de alunos com essa deficiência. Para uma pessoa surda, sua limitação fundamental seria a percepção do som, o que pode ou não prejudicá-la de diferentes maneiras, mas não se devem associar outras deficiências a priori. A influência estará mais ligada à época em que ocorreu a surdez e à profundidade, sendo que, no caso de surdez congênita, a criança já nasce com a deficiência (INEP, 2005 apud MARTINS, 2020). Segundo o documento que orienta o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade do Ministério da Educação e Cultura (BRASIL, 2003 apud MARTINS, 2020) e de acordo com Aranha (2003 apud MARTINS, 2020), a surdez leve/moderada é a perda auditiva de 25 a 70 dB. Há necessidade do uso de aparelho de amplificação sonora individual e/ou implante coclear, bem como de acompanhamento especializado. A pessoa com essa surdez, em geral, utiliza naturalmente a Língua Brasileira de Sinais como primeira língua e o português como segunda língua — bilinguismo (BRASIL, 2003 apud MARTINS, 2020). 24 No caso da surdez severa, é mais frequente a dificuldade na coordenação motora, na noção espaço-temporal e no equilíbrio — psicomotricidade. Nesse contexto, a prática de atividade física é de extrema importância para um bom desenvolvimento motor da criança com deficiência auditiva (MARCHESI; PALÁCIOS; COLL, 1995; WINNICK, 2004 apud MARTINS, 2020). O que de fato determina o desempenho de cada criança é sua história, e, sem dúvida, o professor e a escola terão papel decisivo na realização do aluno. Outro fator importante está associado ao fato de os pais serem ou não surdos (OLIVEIRA, 2002 apud MARTINS, 2020). Assim, o déficit auditivo constitui um fator importante, pois acarreta problemas que vão além do comprometimento de fala, percebendo-se, em alguns casos, atrasos no desenvolvimento cognitivo e social. Entretanto, a surdez, mesmo afetando algumas experiências de vida, não limita a inteligência, a capacidade emocional ou o desenvolvimento e a maturação normais. Esses aspectos mantêm certa sintonia com o desenvolvimento de crianças ouvintes (SANTOS et al., 2017 apud MARTINS, 2020). A problemática fundamental deste trabalho é identificar como se dá a participação do aluno com deficiência auditiva do ensino fundamental nas aulas de educação física, verificar como a formação dos professores dessa disciplina tem influenciado a inclusão das pessoas com deficiências em suas aulas e o que eles têm feito para se adequarem a essa realidade. Por fim, a intenção também é averiguar o quanto as instituições e os gestores das escolas estão preocupados com o que preconiza o Ministério da Educação (MEC), por meio das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº. 2/2001, no artigo 2º, o qual determina que os sistemas de ensino matriculem todos os alunos. Nesse sentido, cabe à escola organizar- se para dar a todos os alunos uma educação de qualidade (BRASIL, 2001 apud MARTINS, 2020). A capoeira angola é um jogo repleto de rituais ancestrais, de caráter não competitivo em si. Ela é uma prática de resistência a qualquer forma de opressão, mesmo dentro da própria capoeira; sendo assim, o desafio é perceber de que forma ela pode contribuir para a construção de um ser autônomo. Para Silva e Ferreira (2012 apud MARTINS, 2020), a dialogia corporal dos seres humanos é um processo social de interação do próprio corpo com o dos outros, que, na capoeira, configura-se na interação do indivíduo com a forma específica de lidar com esse 25 mecanismo, tensionando os vários corpos ao mesmo tempo de forma diferente, o que possibilita várias leituras em uma dinâmica radical. Segundo os autores, esse processo forma a corporeidade do indivíduo capoeirista. Assim, as experiências corporais vividas em conjunto nas relações da roda de capoeira proporcionam tensões, criando problemas a serem superados. Como um instrumento de ação e luta (no sentido de resistência e perseverança), a capoeira é uma prática que transita entre a arte e a luta (no sentido marcial), em uma perspectiva de atividade física e defesa pessoal. Porém, quando exclusiva ou fortemente contextualizada como prática esportiva, tem seu potencial libertário afetado de maneiranegativa (CESSE NETO; MORAES, 2011 apud MARTINS, 2020). Portanto, a prática esportiva como instrumento educacional visa ao desenvolvimento humano e capacita o sujeito a lidar e desenvolver suas competências, além do fato de o esporte ser um instrumento pedagógico. O esporte está, cada vez mais, revolucionando as escolas do País. A primeira preocupação educativa deve ser uma organização correta da percepção e do controle do próprio corpo. Visando à importância do esporte na educação e no desenvolvimento humano, e em consequência da falta de prática esportiva nas escolas, são feitas reflexões iniciais no trabalho (MARTINS, 2020). Para Lisboa (2020), muitas vezes, as pessoas com deficiência física são privadas de muitas oportunidades, situações que não são enfrentadas por pessoas que não possuem deficiências. Em relação ao esporte, as oportunidades são ainda mais restritas devido à necessidade de utilização do corpo. Então, a partir do surgimento e maior alcance dos esportes adaptados, houve o aumento de possibilidades de acesso desse público aos diversos benefícios propiciados pelo esporte (de ordem corporal, social ou psicológica). É necessário, então, que a atividade física adaptada receba adaptações e adequações estratégicas para o melhor desempenho de determinadas habilidades motoras. No cenário de políticas públicas de esporte e lazer, deve-se sempre levar em consideração que a prática de um esporte e a obtenção de lazer são direitos sociais (BRASIL, 1988 apud LISBOA, 2020). Porém, para isso, é necessária acessibilidade 26 metodológica acerca desse conteúdo, a qual é inerente também no âmbito de esportes adaptados, a fim de atender as condições específicas físicas e/ou motoras. A Associação Nacional de Desporto para Deficientes (Ande), responsável pelo desporto adaptado no País, aponta que o Brasil ainda carece de informações com embasamento científico sobre esse tema. É preciso aprofundar-se para originar mais políticas públicas para essa população. Nos últimos anos, o governo federal incentivou que a educação superior ministrasse disciplinas sobre esportes adaptados, a fim de fomentar conhecimento sobre essa área (SLONSKI et al., 2013 apud LISBOA, 2020). A maioria dos esportes adaptados pode ser praticada com foco no lazer, bem como em âmbito profissional (desempenho). Em relação à aplicação dos esportes adaptados em meio escolar, é relevante uma ideologia de escola inclusiva, sem discriminações. Para isso, a aprendizagem deve ocorrer de maneira colaborativa, oferecendo igualdade e oportunidades a todos. Além disso, deve-se traçar uma estratégia para atingir o potencial de todos os alunos. O que ainda parece ser uma dificuldade para o meio escolar é a disponibilidade de materiais, bem como a formação específica de professores nessa área. Uma característica comum a todos os meios e maneiras de praticar atividades e esportes adaptados é o fato de a educação inclusiva ser um processo que necessita de dinamismo e continuidade, implicando que todos estejam envolvidos (tanto o praticante quanto o professor). Logo, a disponibilidade de profissionais qualificados é de extrema importância, para que seja transmitida, ao aluno, a boa prática de exercícios físicos, bem como respeito e segurança (CUNHA, 2013 apud LISBOA, 2020). 27 5 LUDICIDADE E O BRINCAR Fonte: saofranciscodoconde.ba.com De acordo com Ferreira (2018), em relação ao lúdico, estamos habituados a ouvir frases como: “Ensine de uma maneira lúdica!” ou “Trabalhe com a ludicidade”, e tal pensamento está correto, pois existe familiaridade entre ambas as frases. De acordo com Luckesi (2000 apud FERREIRA, 2018), ludicidade foca a experiência lúdica como uma experiência interna do sujeito que a vivencia. No entanto, as buscas sobre um conceito definitivo não são encontradas nos dicionários. Alguns autores descrevem a ludicidade como (BROUGÈRE, 2003 apud FERREIRA, 2018) a atividade lúdica; o sistema de regras bem definidas (que existem independentemente dos jogadores) e o objeto (instrumento ou brinquedo) que os indivíduos usam para jogar. Já a palavra jogo, relacionada à ludicidade, é de origem latina e significa “gracejo”. Desse modo, além das características que favorecem o desenvolvimento no processo de aprendizagem, os jogos proporcionam prazer e diversão. Sendo assim, 28 podemos dizer que as atividades lúdicas promovem a imaginação, a integração desde a educação infantil, sendo de grande importância na transformação do sujeito. Quando tratamos do lúdico e do brincar, é importante que saibamos que há legislação e diretrizes educacionais que contemplam essas ações. Veja algumas observações importantes sobre quem proporciona a brincadeira e o espaço de brincar. Os agentes do brincar são as pessoas que, com conhecimento e competência, criam as oportunidades para que as crianças brinquem livremente. Podem ser: jovens, pais, educadores, profissionais, estudantes, voluntários de organizações da sociedade civil, pessoas na terceira idade, etc. Em um ambiente adequado para brincar, as crianças farão escolhas acerca do que elas brincam e com quem brincam. Nesses momentos poderão ser apoiadas e estimuladas pelo Agente do Brincar – um animador e facilitador das oportunidades lúdicas. [...] Espaços para brincar e aprender são aqueles que oferecem oportunidades e atividades lúdicas em um ambiente saudável e amoroso para as crianças interagirem com adultos e outras crianças, desenvolvendo um relacionamento de confiança com eles. Os espaços comunitários oferecem oportunidades lúdicas e apoiam as crianças no desenvolvimento das habilidades sociais. As crianças aprendem umas com as outras, sem se preocuparem com autoridade (pais/adultos). São ambientes informais onde as brincadeiras devem ser livres (IPA, 2013, p. 13 apud FERREIRA, 2018). As crianças precisam ter a oportunidade de brincar em pátios, praças e espaços abertos, além de viver diferentes experiências que as aproximem da natureza, como semear, plantar e colher os frutos da terra. Desse modo, a criança poderá construir uma relação de identidade e respeito com a natureza. Além disso, o acesso a espaços culturais também é um direito da criança – práticas culturais da comunidade, participação em apresentações musicais e teatrais, visitas a bibliotecas, museus e outros espaços públicos (BRASIL, 2013, documento on-line apud FERREIRA, 2018). Essas colocações ilustram o quanto o lúdico e o brincar são importantes ao longo do desenvolvimento humano, evidenciado não só pelo prazer que proporciona, mas também por sua intencionalidade. Para Vygotsky (apud FERNANDES, 2010, p. 26 apud FERREIRA, 2018), a criança: “[...] é introduzida no mundo adulto pelo jogo e a sua imaginação (estimulada por meio dos jogos) pode contribuir para expansão de suas habilidades conceituais”. Conforme Braga; Araújo e Haas (2015, p. 2 apud FERREIRA, 2018), o: 29 […] jogo, por ocorrer em situações sem pressão, em atmosfera de familiaridade, segurança emocional e ausência de tensão ou perigo, proporciona condições para aprendizagem das normas sociais em situações de menor risco. O comportamento lúdico oferece oportunidades para experimentar vivências que, em situações normais, jamais seriam tentadas pelo medo do erro ou da punição. Sendo assim, o jogo constitui uma expressão em sua maioria espontânea que agrega situações de experimentação de descoberta. O brincar está presente em nossas vidas desde tenra idade. Uma atividade muito importante para a criança pequena é a brincadeira. Brincar dá à criança oportunidade para imitar o conhecido e para construir o novo, conforme ela reconstrói o cenário necessário para que sua fantasia se aproxime ou se distancie da realidade vivida, assumindo personagens e transformando objetos pelo uso que deles faz (BRASIL, 2013, p. 87 apud FERREIRA, 2018).Quando tratamos do brincar, em um primeiro momento nos vêm à mente a infância, porém o brincar está presente ao longo da vida em situações e níveis diferentes. Vários adultos já se viram brincando de casinha com um filho, sobrinho ou outra criança, e até mesmo o professor, em sua atuação, passa a ser agente participativo desses momentos, o que facilita a observação do desenvolvimento dos alunos, pois, assim como o lúdico, o brincar está atrelado ao desenvolvimento em vários aspectos. Quem nunca ouviu a frase: “Aprender brincando”? Conforme WINNICOTT (1975, p. 80 apud FERREIRA, 2018), “[...] é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral, e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o seu eu”. Além das novas tecnologias, o cotidiano corrido dos pais proporciona brincadeiras tecnológicas, pois os jogos eletrônicos e a internet são emergentes. Desse modo, brincadeiras mais antigas, como pega-pega, esconde-esconde, entre outras, apresentam-se desconhecidas para as novas gerações. Não se pode negar que os jogos eletrônicos atuem também como ferramentas no campo de ensino e aprendizagem, mas há questões, como a socialização entre os pares, que alguns desses jogos on-line não proporcionam. É impossível falar sobre o brincar sem falar sobre brinquedos. Uma das diretrizes do Ministério da Educação é: “[...] prever a oferta de brinquedos e equipamentos 30 que respeitem as características ambientais e socioculturais da comunidade” (BRASIL, 2010, p. 24 apud FERREIRA, 2018). Cabe à creche e à pré-escola, espaços institucionais diferentes do lar, educar a criança de 0 a 5 anos e 11 meses com brinquedos de qualidade, substituindo-os, quando quebram ou já não despertam mais interesse. Para adquirir brinquedos, é fundamental selecionar aqueles com o selo do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia), que já foram testados em sua qualidade com critérios apropriados às crianças. A seleção de brinquedos envolve diversos aspectos: ser durável, atraente, adequado e apropriado a diversos usos; garantir a segurança e ampliar oportunidades para o brincar; atender à diversidade racial, não induzir a preconceitos de gênero, classe social e etnia; não estimular a violência; incluir diversidade de materiais e tipos ― brinquedos tecnológicos, industrializados, artesanais e produzidos pelas crianças, professoras e pais (KISHIMOTO, 2010, p. 2 apud FERREIRA, 2018). Relações entre o brincar e jogar De acordo com Ferreira (2018), o brincar relaciona-se ao objeto e ao imaginário, no entanto, o jogo pode se tornar uma atividade mais complexa que envolve regras. Essas relações tornam-se mais evidentes em circunstâncias de competições e gincanas, nas quais existe a brincadeira, mas também a necessidade de obedecer a regras para que se chegue a um objetivo, seja para um grupo ou individualmente. Desse modo, podemos notar que, de acordo com a idade e a maturidade das crianças, é possível avançarmos com atividades de jogar e brincar, a fim de ampliar seu desenvolvimento. A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em outras situações que não jogos. Ao utilizar de modo metafórico a forma lúdica (objeto suporte de brincadeira) para estimular a construção do conhecimento, o brinquedo educativo conquistou espaço definitivo na educação infantil (KISHIMOTO, 1996, p. 37-38 apud FERREIRA, 2018). Em se tratando de brincar e de brinquedos, é importante que o educador ou recreacionista saibam quais os brinquedos adequados por idade, garantindo assim a segurança da criança, principalmente dos bebês, que levam objetos até a boca e batem- nos nas mãos ou em outras partes do corpo ao explorá-los. Nas embalagens dos 31 brinquedos, embora haja a indicação de idade, nem sempre o objetivo do brinquedo fica evidente (FERREIRA, 2018). 5.1 Atividades lúdicas como forma de trabalho educacional e social Fonte: br.depositphotos.com Gonçalves (2018), afirma dentre as possibilidades de realização de atividades lúdicas, encontramos com maior incidência aquelas que são realizadas com fins educacionais e sociais. Dessa forma, é comum que tais atividades se apresentem em instituições educacionais, uma vez que os objetivos primordiais da educação são justamente a instrução e a socialização, preparando os indivíduos para a vida cidadã. Assim, as unidades escolares se mostram promotoras de atividades lúdicas que promovem esses aspectos. A visão pedagógica que parte de Basedow e de Erasmo, acerca do jogo e do brincar, se dá no sentido de que estes podem proporcionar um auxílio na aprendizagem, fazendo com que a criança seja ensinada sem perceber que o está, e ainda desfrutando de momentos de prazer e entretenimento. 32 Entretanto, o brincar no contexto escolar não se basta apenas pela possibilidade de proporcionar um “fingimento”. Nessa perspectiva, o jogo é fundamental para a criação de situações imaginárias, em que o sujeito se coloca em posições que ensaiam aquelas vividas por eles na realidade concreta e na compreensão dessas ações. Assim, no contexto escolar e educacional, as contribuições teóricas partem com maior relevância dos referenciais propostos por Lev Vygotsky e Jean Piaget, uma vez que dedicaram seus estudos a partir dos processos psicológicos da aprendizagem (GONÇALVES, 2018). O jogo na perspectiva de Vygotsky Para Vygotsky, cada indivíduo interage no processo educacional desempenhando um papel de igual importância e não sendo caracterizado apenas como sujeito ativo ou sujeito passivo. O brincar ganha espaço nessa dimensão, atuando como uma forma de promover a interação entre os sujeitos e entre o objeto de saber. Dessa forma, assevera que é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos (VYGOTSKY, 1989, p. 109 apud GONÇALVES, 2018). A partir dessa compreensão, o brincar ganha uma possibilidade de aprendizado que parte da dimensão social para a dimensão subjetiva e, com isso, sendo algo que é formado e formador da cultura compartilhada por cada indivíduo. Para Vygotsky, o brincar é uma atividade típica da infância e ganha maior potência quando as crianças já conseguem elaborar situações imaginárias, em que conseguem criar uma realidade que ainda não participaram. O autor cita que nas brincadeiras características de faz de conta, a criança sempre se coloca como protagonista de uma situação que está à frente de seu tempo, de modo que, durante o jogo, demonstram um estágio de amadurecimento que ainda não demonstram em outras atividades. Tal amadurecimento acontece porque o ato de brincar, no qual se encontram as atividades lúdicas, se mostra como um ensaio da vida real, de papéis, de realidades e de comportamentos que prepararão a criança para a vida adulta. 33 Vygotsky (1991 apud GONÇALVES, 2018) baseou seus estudos a partir dos conceitos de zonas (ou níveis) de desenvolvimento. Para o autor, o aprendizado pode ser encontrado em três estágios: zona de desenvolvimento real, proximal ou potencial. A zona de desenvolvimento real diz respeito a experiências, saberes, vivências e habilidades já consolidadas pelo sujeito. A zona de desenvolvimento potencial faz referência a possibilidades de desenvolvimento de cada sujeito ou saberes que precisam, mas ainda não foram consolidados. Por fim, a zona de desenvolvimento proximal é o nível em que ocorre a passagem do real para o potencial. Dessa forma, a zona de desenvolvimento proximal é sempre dinâmica,haja vista que, após a consolidação dos saberes, há um novo potencial a ser alcançado (VYGOTSKY, 1991 apud GONÇALVES, 2018). Dentro da perspectiva sociointeracionista de Vygotsky, o brincar, no âmbito educacional, é um dos meios em que o educador deve conduzir os estudantes na zona de desenvolvimento proximal, que parte do aspecto social para o individual. Importante salientar que Vygotsky preconiza que o vínculo entre o educador, o estudante e o objeto de saber deve ser estabelecido a partir de interações que gerem laços afetuosos. Assim, as atividades devem surgir a partir de um caráter lúdico e de um ambiente em que o estudante tenha total liberdade para interagir com os objetos e sujeitos, de forma a concretizar as possibilidades de aprendizagem objetivadas (GONÇALVES, 2018). O jogo na perspectiva de Piaget Para Piaget, a aprendizagem ocorre à medida que a criança, ao se desenvolver biologicamente, vai construindo a capacidade de interagir com os objetos. Assim, a criança, ainda que dependa da interação com outros seres e objetos, tem papel ativo na aprendizagem. O jogo é essencial na aprendizagem, sendo uma das condições ao desenvolvimento infantil, uma vez que, ao brincar, o indivíduo assimila a realidade, qualidade fundamental para poder transformá-la (PIAGET, 2010 apud GONÇALVES, 2018). Assim, os jogos exercem papel fundamental nos conceitos que Piaget aborda sobre assimilação e acomodação (PIAGET, 2010 apud GONÇALVES, 2018). A assimilação consiste no processo em que a criança, ao passo que vai se desenvolvendo, 34 vai compreendendo e incorporando elementos do mundo externo e subjetivando-os. Já a acomodação é o processo em que a criança modifica o seu estágio mental a partir das respostas que ocorrem à assimilação. A partir desses dois conceitos, desenvolve seis características que fundamentam os jogos e que estimulam as capacidades cognitivas: O jogo encontra sua finalidade em si mesmo; o jogo é considerado uma atividade espontânea; o jogo é uma atividade que dá prazer; ele tem uma relativa falta de organização; o jogo caracteriza-se por um comportamento livre de conflito, uma vez que ignora o conflito; é uma atividade que envolve uma supra motivação ou motivação intensa (PIAGET, 2010, p. 209 apud GONÇALVES, 2018). Outra importante contribuição de Piaget surge a partir de seu entendimento de que, para cada fase da vida, existe um formato de jogo diferente. Do nascimento ao aparecimento da linguagem, os bebês experimentam os jogos de exercício sensório- motor, que consistem em atividades utilitárias básicas, como trazer algo próximo ao corpo ou rolar uma bola. Após essa fase e até os seis anos de idade, aproximadamente, surgem os jogos simbólicos, que, além das atividades dos jogos de exercício, contemplam as atividades simbólicas que permitem a criação e a representação a partir de situações que experimenta no seu contexto social. A partir dos sete anos, aproximadamente, surgem os jogos de regras, que consistem em seguir ordens e valores estabelecidos e a manipulação de regras, essenciais ao convívio social e que se estenderá por toda a vida adulta. Assim, a visão de Piaget se aproxima à de Vygotsky em relação ao jogo quando ambos compreendem que o brincar e os jogos são fundamentais aos desenvolvimentos cognitivo e social. Entretanto, há o entendimento de que suas visões se afastam quando abordam as formas como as interações acontecem para desencadear o processo de desenvolvimento da inteligência (GONÇALVES, 2018). As contribuições acerca do jogo e do brincar, nas concepções de Piaget e Vygotsky, tornam essas atividades mais do que meros entretenimentos, sendo potentes formas de desenvolvimento, essenciais ao aprendizado. Como vimos na primeira seção deste capítulo, por muitos anos o jogo e o divertimento foram compreendidos como distrações que afastam os indivíduos de suas tarefas consideradas essenciais, como o trabalho. Essa visão, de certa forma, ainda pode ser encontrada em alguns ambientes 35 sociais, como a escola. Nessa perspectiva, Kishimoto (2001, p. 54 apud GONÇALVES, 2018) afirma que: [...] é preciso resgatar o direito da criança a uma educação que respeite seu processo de construção do pensamento, que lhe permita desenvolver-se nas linguagens expressivas do jogo, do desenho e da música. Estes, como instrumentos simbólicos de leitura e escrita de mundo, articulam-se ao sistema de representação da linguagem escrita, cuja elaboração mais complexa exige formas de pensamento mais sofisticadas para sua plena utilização. Entretanto, os estudos acerca de como o jogo pode ser essencial à construção do intelecto mostra que este, também, deve ser parte integrante das atividades diárias de qualquer unidade de educação formal ou não formal. Além das contribuições do jogo que se aproximam do aprendizado aos conteúdos que são propostos pela escola, as brincadeiras possibilitam que as crianças aprendam as noções de esforço, participação, criação, reflexão e socialização. Desse modo, o brincar, como atividade individual ou coletiva, é uma possibilidade de reflexão acerca da sociedade. Desde pequenos, os seres humanos, ao participarem de brincadeiras, têm a possibilidade de compreender todos os fenômenos que experimentam e recriá-los, de tal forma que se utilizem dessas atividades como ensaio para que, mais tarde, possam contribuir com ações que visem à transformação da sociedade. Assim, os educadores, em geral, devem estar atentos às possibilidades que o lúdico pode oferecer ao aprendizado e à socialização, promovendo e mediando momentos para que as atividades expressem o máximo de suas potencialidades (GONÇALVES, 2018). 36 6 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Fonte: gestaoescolar.org.br A educação dá-se em qualquer lugar, na família, em indústrias, escolas, instituições esportivas, hospitais, em todos os cantos do mundo. Nessa perspectiva, Freire (1999, p. 25 apud RESENDE, 2018) afirma que: ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou a sua construção. Nesse sentido, deve-se entender a educação como um progresso dinâmico e flexível, que possibilite ao ser humano interagir diretamente com a sociedade, desenvolver suas potencialidades, decidir sobre seus objetos e ações. Sendo assim, o lúdico pode ser considerado uma ferramenta positiva no desenvolvimento e no estímulo da educação. O lúdico faz parte da nossa base epistemológica desde a pré-história, pois já havia sinais de ludicidade, diretamente ligada à afetividade, a cultura e ao lazer (CABRERA; SALVI, 2005, p. 2 apud RESENDE, 2018). A palavra ‘lúdico’ vem do latim “ludus”, que significa “jogo”. 37 Para Dantas (1998, p. 111 apud RESENDE, 2018), “[...] o termo lúdico refere-se à função de brincar (de uma forma livre e individual) e jogar (no que se refere a uma conduta social que supõe regras) ”. Compreende-se que o jogo é parte integrante do cotidiano do indivíduo, podendo ser encontrado em diversas atividades que podem integrar o seu dia a dia ao longo da história da humanidade. Assim, encontra-se o lúdico na filosofia, na arte, na pedagogia, na poesia e em diversas formas que utiliza para se expressar. Depreende-se, então, dessa colocação que, em sua essência, o lúdico, tendo como atividades as brincadeiras e os jogos, não precisa, necessariamente, de um vencedor e um perdedor. Comumente, se pensa que uma atividade lúdica é uma atividade divertida. Poderá sê-lo ou não. O que caracteriza uma atividade lúdica é a “plenitude da experiência” que ela propicia a quem a pratica. É uma atividade em que o sujeito se entrega à experiência sem restrições mentais, de qualquer tipo. Existem atos divertidos que não são lúdicos para todos os participantes de uma experiência (RESENDE, 2018). Por exemplo, quando, num grupo de amigos, alguns realizamuma prática de “tirar sarro” dos outros. Isso pode até ser divertido, mas não tem nada de lúdico, pois manifesta o poder de uns sobre os outros e, pior, um poder desqualificador. O que mais caracteriza a ludicidade é a experiência de plenitude que ela possibilita a quem a vivencia em seus atos, como, por exemplo, quando nos entregamos totalmente a uma atividade que possibilita a abertura de cada um de nós para a vida (LUCKESI, 2016 apud RESENDE, 2018). Para Freitas e Salvi (2015 apud RESENDE, 2018): O lúdico é uma estratégia insubstituível para ser usada como estímulo na construção do conhecimento humano e na progressão das diferentes habilidades operatórias, além disso, é uma importante ferramenta de progresso pessoal e de alcance de objetivos institucionais. Feijó (1992, p. 02 apud RESENDE, 2018) afirma que “o lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, fazendo parte das atividades essenciais da dinâmica humana caracterizada por ser espontânea, funcional e satisfatória”. 38 Para Santos (1999 apud RESENDE, 2018), o lúdico é uma maneira que o indivíduo tem de expressar-se e integrar-se ao ambiente que o cerca. Por meio das atividades lúdicas, ele assimila valores, adquire conhecimento em diversas áreas do conhecimento, desenvolve o comportamento e aprimora as habilidades motoras. Também aprende a assumir responsabilidades e se torna sociável e mais crítico. Por meio do lúdico, o raciocínio é estimulado de forma prazerosa e a motivação para aprender é resgatada. Kishimoto (1999 apud RESENDE, 2018) fala sobre as percepções froebelianas na educação, do homem e da sociedade, pois estão intimamente vinculadas ao brincar. [...] a brincadeira é uma atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típico da vida humana enquanto todo – da vida natural/interna do homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, e paz com o mundo [...] a criança que brinca sempre, com determinação autoativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de autossacrifício para de seu bem e dos outros [...] O brincar, em qualquer tempo, não é trivial, é altamente sério e de profunda significação (FROEBEL apud KISHIMOTO, 1999, p. 23 apud RESENDE, 2018). Brincando, a criança mostra que é dotada de criatividade, habilidade, imaginação e inteligência, compreende o que é ser ela mesma e, ao mesmo tempo, pertencer a um grupo social. Com a brincadeira, a criança descobre e vivencia a realidade de forma prazerosa. Experimenta diferentes maneiras e situações, tenta compreender, fazendo, refazendo, trocando de papéis. Brincado, aprende. No faz-de-conta, vive o mundo concretamente, pois confere aos brinquedos sentimentos reais de amor e agressão (RESENDE, 2018). O conhecimento é adquirido pela criação de relações e não por exposição a fatos e conceitos isolados, é através da atividade lúdica que a criança o faz. A participação da criança, a natureza lúdica e prazerosa, fornece dados relevantes no nosso agir, como educadores. O brinquedo encoraja a criança a reconhecer as limitações do elemento competitivo. O ser humano nasce com o espírito para brincar. Jogos ou divertimentos, sem orientação de um animador consciente, ao invés de educar ou proporcionar alegria sadia entre as crianças, podem estimular a delinquência infantil e juvenil. Como descrito por Resende (2018), a escola é entendida como sendo de todos, independentemente de origem social, de religião ou de etnia. Os alunos com 39 necessidades especiais de aprendizagem recebem atendimento individualizado, de modo que possam superar suas dificuldades. Essas adaptações favorecerão uma ação docente que visa à promoção e ao desenvolvimento de todos os alunos, com necessidades educativas especiais ou não. A escola deve repensar o seu papel, modificar os critérios de avaliação, as atividades, elaborar e atualizar o seu projeto político pedagógico, de maneira que contemple a sua ação enquanto escola inclusiva. A educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas, de modo que estas respondam à diversidade de alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos. Uma escola é inclusiva quando todos da equipe escolar – diretores, professores, secretaria, serviços gerais – participam ativamente desse projeto (RODRIGUES, 2008 apud RESENDE, 2018). A vivência escolar tem demonstrado que a inclusão pode ser favorecida quando observa as seguintes providências: preparação e dedicação dos professores; apoio especializado para os que dele necessitam; e a realização de adaptações curriculares e de acesso ao currículo, se pertinentes (CARVALHO, 1999, p. 52 apud RESENDE, 2018). O aluno com deficiência, na convivência com seus pares da mesma idade, estimula seu desenvolvimento cognitivo e social, demonstrando maior interesse pelo ambiente que o cerca e apresenta comportamentos próprios para sua idade. O professor deve estar atento à interação estabelecida entre os alunos com e sem deficiências, promovendo não só as aprendizagens acadêmicas, mas também o relacionamento entre eles e o aumento da autoestima da criança com deficiência, auxiliando sua integração na classe. A segregação ou integração dependem do tipo de relação estabelecida entre a pessoa com deficiência e aquela que não a apresenta (RODRIGUES, 2008 apud RESENDE, 2018). Para tanto, as atividades lúdicas podem tornar-se uma ferramenta positiva na facilitação dessa relação. A atividade lúdica é uma importante fonte ao educador, trazendo informações sobre os interesses de seus alunos, suas interações, suas habilidades de 40 adaptação às regras etc. Com base nessas observações, o educador tem a oportunidade de programar atividades pedagógicas direcionadas (LIMA, 1991 apud, RESENDE, 2018). Ao programar as atividades, é interessante que o educador associe também alguns questionamentos relativos às limitações, às necessidades especiais, à idade, às preferências, às capacidades e a outras particularidades, visando o prazer e os efeitos positivos que o jogo proporciona na Educação Especial Inclusiva. Outra questão importante, além de tratar-se de um dos pontos de preocupação dos educadores infantis, refere-se à organização de um espaço adequado para a realização da atividade, para que o jogo possa ser explorado em sua totalidade (KISHIMOTO, 2002 apud, RESENDE, 2018). A inclusão do aluno que apresenta alguma limitação tem que ser realizada de maneira que ele se sinta incluído na escola, participe das atividades que são desenvolvidas na escola, como está nos PCN, “é fundamental que o aluno se sinta valorizado e acolhido em todos os momentos de sua escolaridade e, no ciclo inicial, em que seus vínculos com essa instituição estão se estabelecendo, o fato de poder trazer algo de seu cotidiano, de sua experiência pessoal, favorece sua adaptação à nova situação” (BRASIL, 1997, p. 47 2002 apud, RESENDE, 2018). Qualquer tipo de atividade lúdica, brincadeiras, jogos ou brinquedos cantados, favorece o processo de inclusão, pois, durante a brincadeira, há o processo de integração entre as crianças, elas estão aprendendo a compartilhar, a ser cooperativas umas com as outras, a respeitar os limites impostos por elas mesmas que participam da brincadeira ou do jogo, “a ludicidade constitui um traço fundamental das culturas infantis. Brincar não é exclusivo das crianças, é próprio do homem e uma das suas atividades sociais mais significativas” (NHARY, 2006 2002 apud, RESENDE, 2018)
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