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Rossana Cristine Floriano Jost Curador de conteúdo: Pedro Angelo Tittanegro 2019 DESENVOLVIMENTO GERENCIAL Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Ano/semestre Desenhistas Instrucionais Mariane Regina Vieira Mansur Garbuio (FAE) Claudia Leticia Filla (FAE) Katia Regina Paulino (FAE) Patrícia da Silva Tristão (FAE) Revisão Carolina Bontorin Ceccon (FAE) Mayara Drobot da Silva Portela (FAE) Projeto Gráfico Ana Maria Oleniki (FAE) Diagramação Ana Maria Oleniki (FAE) Débora Cristina Gipiela Kochani (FAE) Tiffany Bittencourt Silva (FAE) © 2019 FAE Centro Universitário Rua 24 de Maio, 135 CEP 80230-080 – Curitiba/PR CASA DE NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL – ORDEM DOS FRADES MENORES Presidente Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM Reitor Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM Vice-reitor Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM Pró-reitor de Administração e Planejamento Adriel de Moura Cabral Pró-reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão Dilnei Lorenzi Coordenador do Núcleo de Educação a Distância - NEAD Renato Adriano Pezenti Diretor Geral Jorge Apóstolos Siarcos A U T O R A Rossana Cristine Floriano Jost Doutora em Administração de Empresas pela Universidade Positivo, com tese desenvolvida sobre a Gestão da Emoção. Mestre em Organizações e Desenvolvimento pela FAE Centro Universitário. Graduada em Pedagogia pela Unisinos (São Leopoldo, RS). Professora de graduação da FAE em diversas áreas no âmbito do Comportamento Organizacional: desenvolvimento pessoal e profissional, capital humano e psicologia do trabalho e no âmbito da Administração de Empresas: avaliação de desempenho de pessoas, treinamento e capacitação de pessoas. Atua na iniciação científica sobre o tema sofrimento no trabalho. Ministrou treinamentos para gestores de várias empresas e módulos de pós-graduação em disciplinas como Gestão de Pessoas, Desenvolvimento Gerencial, Liderança Estratégica e Gestão do Comportamento Humano e Desenvolvimento Pessoal. Pedro Angelo Tittanegro (curador de conteúdo) Mestre em Administração pela PUC-SP. Graduado em Administração pela Universidade São Francisco. Experiência de mais de 20 anos em docência e mais de 30 anos em consultoria organizacional. Atua como docente, como coordenador de cursos a distância na Universidade São Francisco e como consultor organizacional. Tem experiência na área de consultoria organizacional, tendo atuado em empresas de diversos segmentos com padronização em franquias, treinamentos de equipe, implantação de sistemas, readequação de processos, profissionalização da gestão e sucessão familiar. Desenhistas Instrucionais Mariane Regina Vieira Mansur Garbuio (FAE) Claudia Leticia Filla (FAE) Katia Regina Paulino (FAE) Patrícia da Silva Tristão (FAE) Revisão Carolina Bontorin Ceccon (FAE) Mayara Drobot da Silva Portela (FAE) Projeto Gráfico Ana Maria Oleniki (FAE) Diagramação Ana Maria Oleniki (FAE) Débora Cristina Gipiela Kochani (FAE) Tiffany Bittencourt Silva (FAE) S U M Á R IO Tabela de Ícones 7 Informações gerais sobre a disciplina 9 Apresentação 11 COMPORTAMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAL/ GESTÃO DA MUDANÇA 13 LIDERANÇA, TOMADA DE DECISÃO, RELACIONAMENTO INTERPESSOAL E COMUNICAÇÃO 45 CRIATIVIDADE, APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 83 ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS/ NEGOCIAÇÃO/ FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES/ GESTÃO DE PESSOAS E SEUS SUBSISTEMAS 123 ATIVIDADE OBRIGATÓRIA Indica as orientações da Atividade Avaliativa da Unidade de Estudo. BIBLIOTECA DIGITAL Indica que o material está disponível na Biblioteca Digital. CALCULADORA FINANCEIRA Indica a utilização da calculadora HP 12C para resoluções mais precisas. CHECKLIST Indica um conjunto de ações para fins de verificação de uma rotina ou um procedimento (passo a passo) para a realização de uma tarefa. EXEMPLO Será utilizado sempre que houver necessidade de exemplificar um caso, uma situação ou conceito que está sendo descrito ou ensinado. GLOSSÁRIO Utilizado sempre que houver necessidade de entender o significado de uma palavra ou termo desconhecidos. HIPERLINK Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo impresso ou endereço de Internet. LEIS Indica a necessidade de aprofundamento da lei ou artigo referidos no texto. LEITURA OBRIG- ATÓRIA Indica os livros e textos de leitura obrigatória. PENSE Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a um questionamento. PESQUISE Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais informação. PLANILHA Indica a necessidade de se obter resolução utilizando a planilha Excel, tor- nando o trabalho mais rápido. REALIZE Determina a existência de atividade: um exercício, uma tarefa ou prática a ser realizada. Fique atento a ele. REVEJA Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente. SAIBA MAIS Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado, de forma a pos- sibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado. SUGESTÃO DE LEITURA Indica textos de referência utilizados no curso e também faz sugestões para leitura complementar. VÍDEOS Indica vídeos que lhe ajudarão a aprofundar seus conhecimentos sobre o conteúdo estudado. ÍC O N E S 8 Rossana Cristine Floriano Jost 9Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Informações gerais sobre a disciplina EMENTA Autoconhecimento, Motivação pessoal desenvolvimento de habilidades pessoais e profissionais, Autogestão de carreira; Processos de Mudança pessoal. Comportamento Humano nas organizações: Comunicação e percepção interpessoal. Personalidade e estilos pessoais de atuação. Liderança e Poder. Desenvolvimento de grupos e equipes. Conflitos e negociação. Processos de Tomada de decisão. Inteligência emocional no trabalho. Temas emergentes. OBJETIVOS Oportunizar reflexões que favoreçam seu processo de autoconhecimento e autogestão de carreira; oferecer subsídios teórico-práticos que o ajudem na compreensão de questões comportamentais nas relações de trabalho; contribuir com sua formação para o ingresso e manutenção da carreira profissional; apoiar seu desenvolvimento pessoal e interpessoal necessário para uma caminhada profissional coerente com seus valores. CARGA HORÁRIA 60 horas 10 Rossana Cristine Floriano Jost 11Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Apresentação Unidade de Estudo 1: COMPORTAMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAL/ GESTÃO DE MUDANÇA Entender aspectos e conceitos relevantes do campo de estudo do Comportamento Organizacional. Compreender as relações e inter-relações entre o Comportamento Organizacional e seus campos relacionados. Alinhar o conceito de Comportamento Organizacional com as questões comportamentais cotidianas presentes na organização. Reconhecer a mudança organizacional como necessidade e premissa para seu sucesso organizacional. Unidade de Estudo 2: LIDERANÇA, TOMADA DE DECISÃO, RELACIONAMENTO INTERPESSOAL E COMUNICAÇÃO Entender o conceito de liderança e sua importância no contexto organizacional. Identificar os estilos e os elementos da liderança. Compreender o impacto da liderança da condução de uma equipe para o alcance de objetivos em comum. Entender conceitos e aspectos relevantes sobre a tomada de decisão. Identificar as etapas de um processo decisório. Entender conceitos e principais aspectos da comunicação interpessoal. Unidade de Estudo 3: CRIATIVIDADE, APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Entender conceitos e aspectos relevantes dos campos de estudos da Inteligência Emocional e Inteligência Social. Desenvolver habilidades de compreensão e reação adequadas ao meio social em que o indivíduo está inserido. Desenvolver capacidades interativas. Influência da Inteligência Emocional e Inteligência Social na carreira profissional. Unidade de Estudo 4: ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS/ NEGOCIAÇÃO/FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES/ GESTÃO DE PESSOAS E SEUS SUBSISTEMAS Entender o conceito de conflito. Desenvolver as habilidades de administração de conflitos, compreendendo o que estimula tais situações. Analisar o processo do conflito. Identificar conflitos funcionais e disfuncionais. Entender o conceito e aspectos relevantes da negociação. Analisar o processo de negociação. Compreender a importância da negociação para resolução eficaz de conflitos. Definir equipe e identificar os tipos e suas principais características. Conhecer os fundamentos de equipes de alto desempenho. Analisar a importância do desenvolvimento do ser humano para as equipes de trabalho. Entender o processo das equipes voltadas para resultados. Compreender as questões de significado, cooperação, pertencimento e interdependência, fatores essenciais de uma equipe. Compreender a importância da diversidade em uma equipe de trabalho. 15Desenvolvimento Pessoal e Organizacional UNIDADE DE ESTUDO 1 COMPORTAMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAL/ GESTÃO DA MUDANÇA INTRODUÇÃO Alguma vez você já se percebeu perguntando a si mesmo porque as pessoas fazem o que fazem, em uma organização? Pois existe uma disciplina de estudo da área humana chamada Comportamento Organizacional (CO), que se interessa justamente por aquilo que as pessoas fazem nas organizações e como esse comportamento afeta o desempenho da organização (ROBBINS, 1998, p. 7). O fato é que cada um de nós, ao longo da vida – e mesmo sem nunca ter pensado sobre isso –, é um estudante do comportamento humano. Observamos as ações dos outros e, por vezes, até tentamos interpretá-las. No ambiente de trabalho, ainda mais. O comportamento do chefe (aquele que não é e nunca será um líder), as relações de poder existentes dentro da empresa, as comunicações entre os setores ou entre as próprias pessoas pertencentes a um setor, a rotina com aquele colega “sem noção”, que insiste em falar ao telefone com voz estridente e atrapalha a concentração dos demais, a pressão para dar conta dos prazos, os conflitos entre pessoas, entre departamentos, que mais se parecem verdadeiras “guerras de gangues”, tudo isso – e muito mais – passa pelo estudo da área do comportamento organizacional. Essas questões exigem ainda a compreensão dos aspectos que envolvem um assunto muito estudado e ainda pouco compreendido – a cultura organizacional. A Unidade 1 pretende ajudá-lo a compreender os diferentes aspectos do campo de estudo do Comportamento Organizacional e da Cultura Organizacional, bem como as relações e interrelações entre o CO e outros campos de estudo da área humana. Além disso, procuramos alinhar o conceito de CO às questões comportamentais cotidianas presentes na organização e conduzir uma reflexão sobre o que representa o processo de estudo do CO em seu projeto de vida. A Unidade também busca auxiliá-lo a compreender o papel e a importância da Cultura Organizacional nos processos organizacionais e na maneira como as pessoas se comportam e agem em organizações com diferentes culturas; discute ainda o que significa, como ocorre e quais os problemas do processo de mudança organizacional. 16 Rossana Cristine Floriano Jost 1 PROFISSIONALIZANDO A INTUIÇÃO? A busca por pesquisas e descobertas sobre o comportamento humano acabou se configurando como uma forma generalizada – senso comum – de se explicar porque as pessoas fazem o que fazem no ambiente de trabalho. Como entender isso? Na prática, ou seja, “observando, sentindo, questionando, ouvindo, lendo”, a partir de nossas próprias experiências ou das experiências dos outros, explica Robbins (1998, p. 7). Para explicar, o autor pontua uma série de crenças que usamos há muito tempo, por exemplo: Trabalhadores felizes são trabalhadores produtivos; Todos os indivíduos são mais produtivos se seus chefes forem amigáveis; Todos querem um trabalho desafiador; Você tem que amedrontar um pouco as pessoas para que façam seu trabalho; Todo mundo é motivado por dinheiro; As equipes de trabalho mais eficazes estão livres de conflitos. Para você, qual(is) informações acima é(são) verdadeira(s)? Robbins (1998) destaca que não costumamos fundamentar nossos julgamentos ou nosso ponto de vista em fatos, ou seja, o ser humano tem uma forte tendência intuitiva ao manifestar uma opinião ou mesmo tomar decisões. Ainda que as pessoas sejam (e são mesmo!) diferentes, existe certa semelhança em algumas ações, como, por exemplo, ao entrarmos em um elevador, nossa tendência é imediatamente virar de frente para a porta, nos colocando e permanecendo de costas para as pessoas. Todos fazemos isso, embora não esteja registrado em algum lugar. 17Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Outro exemplo, em uma sala de aula com 60 alunos, alguém quer perguntar algo ao professor. De certa maneira, é esperado que esta pessoa levante a mão e, após autorização (algum gesto do professor), prossiga com a pergunta. Porque ela não bate palmas e levanta? Ou ergue a perna? Ou grita? Porque todos nós aprendemos que levantar a mão, em uma situação como essa, é o comportamento adequado na escola. Para Robbins (1998, p. 7), “comportamento pode ser previsível se soubermos como a pessoa percebe a situação e o que é importante para ela”. Prever comportamentos em uma organização não descarta a intuição. É só uma forma de não reduzir as tomadas de decisão a “achômetros” ou lendas. Por isso a importância do respaldo das pesquisas e estudos na área do CO, para justamente tentar compreender o que faz as pessoas fazerem o que fazem, cotidianamente na organização, como suporte àquilo que sempre soubemos, “por intuição”. 2 COMPREENDENDO O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Comportamento organizacional, segundo Robbins (1998, p. 6), é uma área de estudos que “investiga o impacto de indivíduos, grupos e estrutura sobre o comportamento dentro das organizações, com o propósito de aplicar este conhecimento em prol do aprimoramento da eficácia de uma organização”. A atividade humana em organizações (físicas ou virtuais) tem merecido a atenção de estudiosos na tentativa de compreender os fatores que influenciam o desempenho das pessoas que estão em atividade no mercado de trabalho. Compreender o comportamento organizacional, deste modo, nunca foi tão importante para a gestão, face às mudanças que estão acontecendo nas organizações. Minorias estão entrando para o mercado, o que nos mostra novas configurações de contratos e relações de trabalho. Por exemplo, as organizações estão constantemente reorganizando suas divisões, desfazendo-se de negócios que não têm bom desempenho, subcontratando serviços e substituindo os funcionários permanentes por temporários. Para Robbins (1998), essas são alternativas importantes e adequadas para a sobrevivência do negócio que vulnerabilizam os laços históricos de lealdade entre funcionários e empregadores. Ou também a globalização, que afeta as habilidades humanas do indivíduo, como alguém que é transferido para uma unidade de sua organização, em outro país; ou como alguém que, mesmo em sua terra natal, precisa conviver com chefes e colegas Mas onde fica a intuição? 18 Rossana Cristine Floriano Jost que nasceram e/ou foram criados em culturas diferentes. Trata-se de um dos desafios mais importantes enfrentados pelas organizações: a diversidade da equipe de trabalho. As organizações estão se tornando cada vez mais heterogêneas (raça, etnia, credo, sexo etc.) e saber lidar com as diferenças pode decidir se o negócio continua no mercado ou sucumbe, conforme Cohen e Fink (2003). Sem contar a grande tendência de virtualização de tarefas, as modalidades home office e coworking que, por si só, já peculiarizam novas modalidades de trabalho e, consequentemente, uma nova visão de comportamento organizacional. Vivemos, desta maneira, em um mundo temporal, onde a administração das mudanças de um processo eventual passa a ser rotineira, impactando continuamentenas atividades e demandando das pessoas um processo contínuo de atualização de conhecimentos e habilidades. Portanto, o estudo do comportamento organizacional pode ajudar a entender esse novo âmbito de convivência e do que é esperado pelas organizações, como a superação das resistências e a criação de uma cultura organizacional saudável e compatível com esse novo firmamento das atuais demandas do mercado. 3 HISTÓRICO DO COMPORTAMENTO DAS PESSOAS NO TRABALHO Vamos fazer uma breve volta ao passado, observando como o comportamento humano foi encarado, ao longo dos anos. No século XIX, foi a Revolução Industrial o ponto de partida para a grande mudança no processo produtivo, momento em que o minucioso trabalho dos artesãos foi substituído pela produção em série, o que, de certa maneira, exigia dos trabalhadores poucas aptidões, uma vez que as máquinas controlavam o processo de produção (VECCHIO, 2008, p. 8). Assim surge a administração científica do trabalho, um método de produção que focava no tempo e movimento dos operários, vinculando o pagamento à produtividade de cada trabalhador. Os procedimentos padronizados representavam o que na época era considerado a melhor maneira para realizar uma tarefa. No entanto, continua Vecchio (2008), adotar um método científico para lidar com o comportamento dos trabalhadores foi duramente criticado, principalmente por autores como Adam Smith e Karl Marx, que sinalizavam a simplificação do processo de produção como uma forma inequívoca de alienação dos trabalhadores. No final do fordismo, surge outra abordagem da administração conhecida como a Escola das Relações Humanas, que enfatizava a importância da motivação e das atitudes para explicar o comportamento dos trabalhadores. 19Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Esses estudos foram conduzidos na fábrica Western Electric Company, localizada no bairro de Hawthorne, Chicago, Estados Unidos. A experiência foi importante na medida em que demonstrou que fatores sociais poderiam influenciar no comportamento dos trabalhadores, como a formação de grupos (e lideranças) informais, relacionamentos interpessoais entre os colegas de trabalho ou mesmo entre os subordinados e os gerentes, sem contar a atenção e o reconhecimento dispensados pelos pesquisadores aos grupos selecionados para tal estudo. Entra em cena, portanto, a natureza social dos colaboradores em lugar da abordagem econômica e racional da administração científica do trabalho. Nas duas últimas décadas do século XX, surgiram temas provenientes do crescimento das corporações do Japão, cuja gestão inspirava dedicação dos trabalhadores, ao mesmo tempo em que despendia flexibilidades em sua forma de produção. A cultura corporativa e o sistema de qualidade foram os dois principais pontos desta fase, também conhecida como modelo japonês ou toyotismo. A cultura corporativa dizia respeito a um “conjunto sólido de valores positivos partilhados ressaltando ao mesmo tempo qualidade, atendimento, desempenho elevado e flexibilidade” (VECCHIO, 2008, p. 12). O comportamento dos trabalhadores ganha significativo espaço, uma vez que era ligado ao sistema de qualidade. Em outras palavras, a alta qualidade era relacionada ao compromisso e à lealdade elevados da equipe, que tinham maior envolvimento na tomada de decisões. Creia, mudanças foram necessárias nas culturas corporativas vigentes, ressalta Vecchio (2008), com ênfase no trabalho em equipe e maior cooperação. 4 ÁREAS DE RELACIONAMENTO DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL O estudo do CO é uma ciência aplicada que se apoia na contribuição de outras disciplinas comportamentais: ▪ Ciências Políticas: analisa o macrocomportamento dos indivíduos e grupos; ▪ Psicologia: estuda o microcomportamento dos indivíduos; ▪ Sociologia: estuda o sistema social; ▪ Psicologia Social: estuda as influências entre indivíduos; ▪ Antropologia: as sociedades e seus comportamentos, diferenças e valores; 20 Rossana Cristine Floriano Jost O esquema a seguir sintetiza as áreas de relacionamento do CO: Ciências Políticas Psicologia Sociologia Psicologia Social Antropologia Macrocomportamento Microcomportamento Macrossistema social Macroinfluência Macrocompreensão FONTE: Robbins (1998, adaptado) Robbins (1998) destaca que a Psicologia é uma ciência que procura estudar e entender o comportamento individual. Os primeiros psicólogos industriais e organizacionais tinham como foco os problemas de fadiga, tédio e outros fatores que comprometiam a produtividade. Mais recentemente, a contribuição da psicologia na área do comportamento organizacional está se expandindo para incluir a aprendizagem, percepção, personalidade, treinamento, liderança eficaz, forças e necessidades motivacionais, satisfação com o trabalho, processos de tomada de decisão, avaliação de desempenho, entre muitos outros (ROBBINS, 1998, p. 12). A Sociologia, continua o autor, concentra-se no sistema social no qual os indivíduos desempenham seus papéis, estudando as pessoas em relação aos seus companheiros humanos, ou seja, o comportamento grupal nas organizações, sobretudo as formais e complexas. O CO se beneficiou com a Sociologia em áreas como dinâmicas de grupo, planejamento de equipes de trabalho, cultura organizacional, comunicação, poder, conflito, dentre outros. 21Desenvolvimento Pessoal e Organizacional A Psicologia Social consolida conceitos da Psicologia e da Sociologia, concentrando-se na influência que pessoas têm umas sobre as outras. Por exemplo: a questão da mudança, como enfrentá-la, implementá-la, reduzir as resistências. Outras áreas do CO que recebem influência direta da Psicologia Social é a mensuração, compreensão e mudanças de atitudes, padrões de comunicação, processos de tomada de decisão em grupo, dentre outras tantas. Já a Antropologia, enquanto estudo de sociedades, contribui com a CO no sentido de ajudar a entender as diferenças fundamentais com relação a valores, atitudes, comportamento entre pessoas de diferentes culturas, sejam países ou mesmo empresas. Aqui entram estudos como os da cultura e do ambiente organizacional. Por fim, as Ciências Políticas contribuíram com o CO no sentido de estudar o comportamento de indivíduos e grupos dentro de um ambiente político. As áreas que recebem influência são: a estruturação de conflito, a alocação do poder e como as pessoas manipulam o poder para satisfazer tão somente seus interesses, conclui Robbins (1998, p. 13). 5 CULTURA ORGANIZACIONAL As organizações são únicas, cada uma é diferente da outra, tem características próprias e, portanto, singulares, seu comportamento no mercado, sua mentalidade (forma como entende o ambiente), sua presença (nas mídias, nos ambientes em que atual), seu estilo de atuação, sua personalidade e seu DNA. Essas diferenças entre organizações nem sempre são físicas, concretas, tangíveis, visíveis ou mensuráveis pois, muitos desses elementos são frutos da sua cultura. O estudo e a compreensão da cultura organizacional, suas variáveis, efeitos e implicações são indispensáveis para a compreensão do comportamento organizacional (CO). A cultura organizacional é o que mais define e explica a organização, seu funcionamento e seu modo de agir, é, pois, o seu DNA, suas características “genéticas”. 5.1 DEFINIÇÕES DE CULTURA ORGANIZACIONAL Há diversos conceitos de Cultura Organizacional, segundo Chiavenato (2014, p. 319), alguns autores afirmam que ela: representa as normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos membros de uma organização no dia a dia e que direcionam suas ações para a realização dos objetivos organizacionais; outros autores dizem que é o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos por meio de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhados por todos os membros da organização; outros ainda entendem que é a maneira costumeira ou tradicional de pensar e fazer as coisas, que são compartilhadas pelos membros da organização.22 Rossana Cristine Floriano Jost Em sua maioria, as definições abordam temas como: valores, crenças, normas, atitudes, expectativas, hábitos, maneiras de fazer as coisas e de pensar, compartilhados pelos membros da organização e que orientam o seu comportamento. QUADRO1 – Diversos conceitos de cultura organizacional Cultura Organizacional representa as normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos membros de uma organização no dia a dia e que direcionam suas ações para realização dos objetivos organizacionais. Cultura organizacional é o conjunto de hábitos e crenças estabelecido por meio de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhados por todos os membros da organização. A cultura espelha a mentalidade que predomina em uma organização. Cultura organizacional é um padrão de aspectos básicos compartilhados – inventados, descobertos ou desenvolvidos por um determinado grupo que aprende a enfrentar seus problemas de adaptação externa e integração interna – e que funciona bem a ponto de ser considerado valido e desejável para ser transmitido aos novos membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação aqueles problemas. Cultura organizacional é a maneira costumeira ou tradicional de pensar e fazer as coisas, que são compartilhadas em grande extensão por todos os membros da organização e que os novos membros devem aprender e aceitar para serem aceitos no serviço da organização. FONTE: Chiavenato (2014) Vários fatores afetam a cultura organizacional: fatores econômicos, socioculturais, políticos, legais, fatores locais, regionais, nacionais e globais etc. Esses fatores afetam as variáveis culturais. As variáveis culturais afetam as atitudes básicas, da organização, em relação a como ela se relaciona, orienta e age, quanto a trabalho, normas, regras, tempo, pessoas e grupos, mudança e aprendizagem. Estas questões, por sua vez, afetarão a motivação e as expectativas das pessoas quanto ao trabalho e às relações grupais. E estas afetam os resultados que se pode esperar de cada pessoa. A cultura influencia e condiciona poderosamente as interações entre as pessoas e como se dá o processo de comunicação entre elas. A ilustração a seguir mostra esse conjunto de variáveis e sua correlação: 23Desenvolvimento Pessoal e Organizacional FIGURA 1 – Variáveis ambientais que afetam o comportamento organizacional Variáveis ambientais Sistema econômico Sistema legal Sistema político Tecnologia Variáveis socioculturais Religião Educação Linguagem Variáveis culturais Valores Normas Crenças Atitudes Trabalho Tempo Materialismo Individualismo Mudança Comportamentos no trabalho de indivíduos e grupos Motivação Produtividade Compromisso Ética FONTE: Chiavenato (2014, adaptado) A cultura organizacional não é palpável, mas seus efeitos são sentidos e percebidos em toda a organização, e lembram um iceberg, com uma parte visível, “fora d’água”, que inclui os elementos que refletem essa cultura, tais como: edifícios, salas (tamanhos e espaços para as mesas), tecnologias utilizadas, estrutura e descrição de cargos, métodos e procedimentos de trabalho, níveis hierárquicos etc. Abaixo do “nível d’água”, na parte menos visível e mais profunda, estão os aspectos psicológicos e sociológicos da cultura. 24 Rossana Cristine Floriano Jost FIGURA 2 – Iceberg da cultura organizacional Aspectos formais e abertos Estrutura organizacional Títulos e descrições de cargos Objetivos organizacionais e estratégias Tecnologia e práticas organizacionais Politicas e diretrizes de pessoal Métodos e procedimentos de trabalho Medidas de produtividade Medidas financeiras Aspectos informais e ocultos Padrões de influenciação e de poder Percepções e atitudes das pessoas Sentimentos e normas grupais Valores e expectativas Padrões de interações formais Relações afetivas Componentes visíveis e publicamente observáveis, orientados para aspectos operacionais e de tarefas cotidianas Componentes invisíveis e ocultos, afetivos e emocionais, orientados para aspectos sociais e psicológicos FONTE: Chiavenato (2014, adaptado) A cultura organizacional se apresenta em camadas de diferentes profundidades e, quanto mais profundas, mais difícil de mudar ou transformar (CHIAVENATO, 2014, p. 323). A compreensão dessas camadas possibilita ao líder entender os valores organizacionais refletidos no comportamento das pessoas e assim esclarecer que aspectos são importantes para a atividade das pessoas, na busca dos objetivos organizacionais. 25Desenvolvimento Pessoal e Organizacional FIGURA 3 – As diversas camadas da cultura organizacional Camada 1 Artefatos Tecnologia Prédios e instalações Produtos e serviços Camada 2 Padrões de comportamento Tarefas Processos de trabalho Normas e regulamentos Camada 3 Valores e crenças O que as pessoas dizem ou fazem cotidianamente Filosofias, estratégias e objetivos Camada 4 Pressuposições básicas Crenças inconscientes Percepções e sentimentos Concepção da natureza humana Pressuposições predominantes FONTE: Chiavenato (2014, adaptado) A cultura organizacional, para Chiavenato (2014), reflete a maneira como cada organização aprendeu a lidar com seu ambiente. É uma complexa mistura de pressuposições, crenças, comportamentos, histórias, mitos, metáforas e outras ideias que, juntas, representam o modo particular de uma organização funcionar e trabalhar (CHIAVENATO, 2014, p. 325). O autor cita ainda que a cultura apresenta um forte e crescente impacto no desempenho e nos resultados das organizações e que as organizações bem-sucedidas adotam culturas não somente flexíveis, mas sobretudo sensíveis a acomodar as diferenças sociais e culturais de seus parceiros, principalmente quando elas atuam em termos globais e competitivos, espalhando-se por diversas partes do mundo (CHIAVENATO, 2014, p. 328). 26 Rossana Cristine Floriano Jost O comportamento humano, isto é, dos membros da organização, reflete os valores organizacionais e permite entender a cultura da organização. Chiavenato (2014) afirma que as organizações procuram modelar o comportamento de seus membros e isso se dá, principalmente, pelas ações que visam ensinar as pessoas, pela observação do comportamento dos outros, ou seja, a organização busca padronizar os comportamentos. Desta maneira, os líderes podem utilizar a cultura como uma ferramenta de liderança, que esclarece os aspectos mais importantes para as atividades das pessoas. Essas atividades repetitivas com objetivo de reforçar o comportamento das pessoas e adequá-los aos objetivos organizacionais são chamados de rituais ou cerimônias e buscam passar um significado à essas pessoas, como mostra o quadro a seguir: QUADRO 2 – Ritos ou cerimônias comuns em organizações RITOS SIGNIFICADOS EXEMPLOS Ritos de passagem Demonstrar a mudança de status das pessoas Almoço de aposentadoria Entrega de diplomas de treinamento Ritos de fortalecimento Reforçar a realização das pessoas Prêmios ou certificados de vencedores de campanhas internas Ritos de renovação Enfatizar a mudança na organização e o compromisso com aprendizagem e cresci- mento Abertura de um centro de treinamento Início de uma universidade corporativa Ritos de integração Unir grupos ou equipes diversas e renovar o compromisso com organização Festival de fim de ano Piquenique anual Ritos de redução de conflitos Lidar com conflitos e desentendimentos que surgem naturalmente na organização Negociação de contratos sindicais Ouvidoria interna Ritos de degradação Punir visivelmente pessoas que falham em aderir aos valores e as normas da organização Demissão pública por conduta antiética Crítica pelo não alcance de objetivos FONTE: Chiavenato (2014, p. 324, adaptado) 5.2 CARACTERÍSTICAS DA CULTURA ORGANIZACIONAL Para Chiavenato (2014, p. 325), a cultura organizacional reflete como a organização lidacom o seu ambiente e se constitui de uma complexa mistura de crenças, comportamentos, histórias, pressupostos, metáforas e mitos, que representam a maneira como a organização funciona. (CHIAVENATO, 2014). As características estão ilustradas no quadro a seguir. 27Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 1. Regularidades nos comportamentos observados: as interações entre os participantes se caracterizam por uma linguagem comum, terminologias próprias e rituais relacionados com condutas e deferências que se mantém ao longo do tempo. 2. Normas: são padrões de comportamento e incluem guias sobre a maneira de fazer as coisas. As pessoas seguem essas normas. 3. Valores dominantes: são os principais valores que a organização advoga e espera que seus participantes compartilhem, como qualidade do produto, espírito de equipe, foco na inovação, baixo absenteísmo, alta eficiência. 4. Filosofia: são políticas que afirmam as crenças sobre como os funcionários ou clientes devem ser tratados. 5. Regras: são guias estabelecidos e relacionados com o comportamento na organização. Os novos membros devem aprender essas regras para serem aceitos no grupo. 6. Clima organizacional: é o sentimento transmitido pelo local de trabalho, como os participantes interagem entre si, como as pessoas tratam aos outros, clientes, fornecedores, e que definem o calor humano dentro da organização. FONTE: Chiavenato (2014, p. 324, adaptado) Para o autor, há dois tipos extremos de culturas com características bem definidas e vários níveis entre esses dois tipos: o estilo tradicional e autocrático e o estilo participativo e democrático de cultura. As características dos dois estilos estão confrontadas no quadro a seguir: QUADRO 3 – Diferenças de cultura organizacional ESTILO TRADICIONAL ESTILO PARTICIPATIVO Autocrático Participativo Hierárquico e verticalizado Igualitário e horizontalizado Impositivo Colaborativo Formal Informal Centralizado Descentralizado Trabalho isolado e individualizado Trabalho em equipes autônomas Analítico e cauteloso Intuitivo e ousado Conservador e avesso a riscos Inovador e disposto a riscos Orientado para custos e controles Orientado para serviços e qualidade Remuneração e promoção pelo tempo de casa Remuneração e promoção por desempenho e resultados alcançados FONTE: Chiavenato (2014, p. 324) O autor ainda lembra que, como cada um desses estilos extremos de cultura organizacional apresenta aspectos organizacionais típicos, dessas diferenças decorrem posições bem definidas, que estão sintetizadas nas figuras a seguir. 28 Rossana Cristine Floriano Jost FIGURA 4 – Perfil de características da cultura organizacional Cultura tradicional Cultura participativa Autocrática e impositiva Participativa e liberal Centralizada Descentralizada Muitos níveis hierárquicos Poucos níveis hierárquicos Pequena amplitude de comando Grande amplitude de comando Formal Informal Conservadorismo e manutenção do status quo Criatividade e inovação Mudanças lentas e progressivas Mudanças rápidas e radicais Horizonte de planejamento de longo prazo Horizonte de curto prazo Foco em lucros de curto prazo Foco em lucros a longo prazo Foco no controle de despesas Foco em qualidade e atendimento Recompensas baseadas no tempo de casa Recompensas baseadas no desempenho FONTE: Chiavenato (2014, p. 328) FIGURA 5 – Decorrências de cada estilo Decorrências da cultura tradicional Decorrências da cultura participativa Centrada na atividade Centrada no cliente Foco nas tarefas Foco em resultados por meio de pessoas Resistência a mudanças Abertura para mudanças Foco estreito: minha área Trabalho em equipe: apoio mútuo e cooperação Comunicação de cima para baixo Comunicação descendente e ascendente Política e cautela Confiança e abertura Baixas expectativas das pessoas Altas expectativas das pessoas As pessoas não decidem Senso de urgência para decidir As pessoas fazem o que é mandado: segurança Disposição para inovar: riscos As pessoas não se sentem vencedoras Orgulho de se sentir vencedora As pessoas necessitam de comando e direção Auto iniciativa das pessoas Baixa retroação: incerteza sobre o desempenho Autorretroação: autoavaliação do desempenho Incerteza quanto a metas e direção Certeza sobre metas e direção (visão comum) Sintomas de estresse e esgotamento Entusiasmo e sintomas sadios FONTE: Chiavenato (2014, p. 328) 29Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 5.3 VALORES ORGANIZACIONAIS Toda organização desenvolve, ao longo de sua existência, um conjunto de valores, tais como: transparência, ética, reputação, credibilidade, imagem, responsabilidade social, respeito ambiental, honestidade etc. Tais valores orientam a maneira como a organização faz seus negócios. Pascal e Athos (apud CHIAVENATO, 2014, p. 333) definiram o modelo 7S de valores organizacionais, como um guia para a mudança organizacional, a imagem a seguir reproduz esse modelo, que detalha os elementos que a organização deve mudar: FIGURA 6 – Valores básicos e modelo de organização 7S Shared values (teamwork) Para atender aos stakeholders: Clientes Funcionários e shareholders Fornecedores Comunidade Governo Strategy (diálogo) É o como os valores serão realizados Inclui planos para o futuro e direção Staff (reconhecimento) Inclui as pessoas, sua natureza e variedade para incrementar diversidade, satisfação no trabalho e motivação Skills (delegação) Inclui os talentos humanos, suas capacidades e competências Styles (honestidade) Expressos pelas cultura organizacional para definir liderança, negociação, conflito e relações interpessoais Systems (abertura) São os métodos ou procedimentos pelos quais os negócios são conduzidos para aumentar comunicação e colaboração Structure (participação) Refletida nos organogramas, organização do trabalho e administração para aumentar a interação das pessoas FONTE: Chiavenato (2014, p. 328) 30 Rossana Cristine Floriano Jost Finalmente, Chiavenato (2014, p. 339) resume a análise da cultura organizacional, nos seguintes termos: A compreensão da cultura organizacional é fundamental para o CO. De um modo geral, a cultura de uma sociedade compreende os valores compartilhados, hábitos, usos e costumes, códigos de conduta e tradições que são aprendidos das gerações mais velhas, impostas pelos membros atuais da sociedade e passadas sucessivamente para as novas gerações... A cultura organizacional envolve normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos membros de uma organização no seu cotidiano e que direcionam suas ações para a realização dos objetivos organizacionais. A cultura não é percebida ou observada em si mesma, mas por meio dos seus efeitos e consequências. Ela apresenta várias camadas que vão desde os artefatos visíveis, padrões de comportamento, valores e crenças até o nível mais profundo que são as pressuposições básicas. Cada organização tem a sua própria cultura, cujas características são: regularidades nos comportamentos, normas, valores dominantes, filosofia, regras e clima organizacional... Existem culturas conservadoras e adaptativas, culturas tradicionais e culturas participativas. A identificação dos valores culturais compartilhados constitui o início de todo processo de mudança organizacional... (CHIAVENATO, 2014, p. 339). 6 GESTÃO DA MUDANÇA Mudança significa passar de um estado ou situação para outra, alterar o status atual; representa uma alteração, transformação, interrupção, quebra, perturbação, movimento e geralmente desconforto e inquietação diante da incerteza. Sofremos, sentimos e geramos mudanças o tempo todo; ela está presente nas nossas vidas, na sociedade, na economia, nos hábitos das pessoas, nos produtos e serviços, no tempo, nas organizações, no trabalho e no nosso cotidiano. Mudança cria novos caminhos, novas formas defazer as coisas, novas soluções para os problemas, novos hábitos e novos comportamentos. A mudança pode acontecer rapidamente ou de maneira lenta e gradual; produzir transformações superficiais ou muito profundas; causar pouco ou muito impacto; rompe com o equilíbrio atual e cria um novo estado de equilíbrio. Nas organizações, observamos mudanças nas tecnologias, nos processos produtivos, nos métodos de trabalho, nos produtos e serviços, nos padrões de qualidade, na forma como as pessoas se comportam, aprendem e se relacionam. No ambiente organizacional mudam as políticas, as normas, as regras, os desejos e comportamentos dos consumidores, as estratégias, os desafios, enfim tudo muda, continuamente. Esses elementos estão sumarizados no quadro a seguir: 31Desenvolvimento Pessoal e Organizacional QUADRO 4 – Forças para a mudança Forças para a mudança Exemplos Tecnologia ▪ Computadores mais rápidos e mais baratos ▪ Redes abrangentes de informação ▪ Sof twares de relacionamento com clientes e fornecedores Força de trabalho ▪ Maior diversidade ▪ Necessidade de maiores competências ▪ pessoais ▪ Maiores exigências sobre as pessoas Competição ▪ Concorrência globalizada ▪ Crescimento do comércio eletrônico ▪ Fusões e consolidações de empresas Choques econômicos ▪ Desvalorização da moeda ▪ Mudanças nos preços do petróleo ▪ Recessão nos Estados Unidos, na Europa e ▪ no Japão Política internacional ▪ Colapso da União Soviética ▪ Abertura dos mercados na China ▪ Negros no poder na África do Sul FONTE: Chiavenato (2014, p. 328) Para Chiavenato (2014), a mudança ocupa um importante lugar no estudo da viabilidade organizacional, pois, se adequadamente feita, capacita a organização para se manter viável e competitiva, num ambiente mutável e incerto. Quando feita de maneira errada, pode destruir uma organização ao torná-la inviável. O autor ressalta que a obsolescência e a deterioração organizacional acontecem pelo fato de que muitas organizações evitam a mudança por temerem as suas consequências. Não mudar pode ser tão ruim quanto uma mudança malfeita. Chiavenato (2014) ainda alerta que de nada adianta pretender fazer mudanças organizacionais ou mudanças culturais, sem antes preparar as pessoas para fazer essas mudanças acontecerem, realmente, em seus comportamentos e práticas. As mudanças reais dentro das organizações somente ocorrem a partir das pessoas. Para fazer alguma mudança dentro da organização, o primeiro passo é mudar a cabeça das pessoas e prepará-las antecipadamente para a mudança. Mais do que isso, torna-se necessário preparar o ambiente psicológico adequado para a mudança e fazer as pessoas aprenderem a aprender e a inovar continuamente. Sem isso, a mudança será apenas ilusória e passageira e tudo voltará a ser como antes (CHIAVENATO, 2014, p. 378). 32 Rossana Cristine Floriano Jost A sobrevivência e o crescimento das organizações exigem que elas mudem rapidamente para se adaptarem ao ambiente e suas mudanças contínuas e constantes em termos de tecnologias, cenário competitivo, força de trabalho, política, economia e consumidores, entre tantas outras variáveis. A mudança organizacional se torna necessária por vários motivos (veja o quadro). A mudança organizacional se torna necessária quando há: ▪ Mudança no tamanho da organização em virtude de crescimento, consolidação ou redução. ▪ Mudança nas operações, nos produtos ou serviços, na clientela ou nos fornecedores. ▪ Mudança de pessoas-chave que podem alterar objetivos organizacionais, interesses e habilidades. ▪ Dificuldade em atingir objetivos, capitalizar as oportunidades ou ser inovadora. ▪ Inabilidade em executar as tarefas e operações em seu devido tempo. ▪ Centralização que congestiona o trabalho dos executivos de topo. ▪ Custos operacionais elevados ou orçamentos não cumpridos. ▪ Problemas éticos e morais. ▪ Hierarquia que inibe a agilidade, a liberdade no trabalho e o controle estratégico. ▪ Planejamento que se torna pesado e divorciado dos gerentes e de suas equipes. ▪ Falta de inovação em virtude do detalhamento nos controles e na monitoração. ▪ Soluções uniformes que são aplicadas a situações não uniformes. ▪ Dificuldade no relacionamento e conflitos entre as unidades, divisões ou subsidiárias. ▪ Duplicação de atividades ou de cargos. ▪ Subutilização de recursos materiais e financeiros. ▪ Aumento das reclamações de clientes e parceiros da organização. FONTE: Chiavenato (2014, adaptado) 33Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 6.1 CICLO DE VIDA DAS ORGANIZAÇÕES As organizações estão em constante mudança e crescimento, algumas atingem um estado de maturidade enquanto outras declinam e morrem. Acabamos de descrever o chamado Ciclo de Vida das Organizações, para Chiavenato (2014), as organizações atravessam um ciclo de vida que é aproximadamente comum a todas as formas de vida; o desenho organizacional, o estilo de liderança e os sistemas administrativos seguem um padrão altamente previsível ao longo dos vários estágios do ciclo de vida. Para Greiner (apud CHIAVENATO, 2014, p. 345), os estágios do ciclo de vida das organizações são sequenciais por natureza e têm uma progressão natural, em que cada estágio passa para o seguinte em função de crises: FIGURA 7 – Estágios de desenvolvimento de uma organização Grande Pequeno Estágio empreendedor Estágio de formalização Estágio de coletividade Estágio de elaboração Ta m an ho Criatividade Crise Necessidade de liderança Crise Necessidade de delegação Adição de sistemas internos Trabalho em equipe Orientações claras e objetivas Crise Necessidade de revitalização Agilização Declínio Maturidade continuada Crise Excesso de formalidade FONTE: Greiner (apud CHIAVENATO, 2014, p. 346) Como se observa no gráfico, cada estágio de desenvolvimento é seguido de um estágio de crise, que orienta o estágio seguinte, direcionando a organização para um novo estado de agilização, maturidade ou declínio. 34 Rossana Cristine Floriano Jost A FIG. 7 pode ser assim detalhada: QUADRO 5 – Estágios do ciclo de vida de uma organização 1. Estágio empreendedor: a organização nasce; a ênfase em criar um produto e sobreviver no mercado; fundadores são empreendedores e se dedicam às atividades técnicas de produção e marketing; organização é informal e não burocrática; controle baseado na supervisão dos donos; toda energia dedicada à sobrevivência e à produção de um único produto ou serviço. Crise: necessidade de liderança; crescimento exige número maior de funcionários; problemas de liderança; proprietários cuja orientação é criativa e técnica defrontam-se com problemas de gerenciamento, precisam ajustar a estrutura da organização para acomodar o crescimento contínuo. 2. Estágio de coletividade: organização cresce, começa a desenvolver metas e diretrizes claras, departamentos são criados, hierarquia de autoridade, atribuições de cargos, divisão do trabalho; funcionários se identificam com a missão da organização, se esforçam para o sucesso da empresa, se sentem parte da coletividade; comunicações e o controle ainda informais, alguns sistemas formais; a juventude da organização. Crise: necessidade de delegação. Nova direção bem-sucedida, funcionários dos níveis mais baixos constrangidos pela forte liderança de cima para baixo; gerentes desejam maior liberdade de ação; crise de autonomia, gerentes não querem delegar responsabilidade, a alta administração quer garantir coordenação e integração; coordenação das áreas sem a supervisão direta da cúpula; organização em sua meia-idade. 3. Estágio da formalização: utilização de normas, procedimentos e sistemas de controle; comunicação mais formal e especialistas são admitidos; direção focada em planejamento e estratégia, operações da empresa com a média gerência; grupos de produtos e unidadesdescentralizadas; sistemas de incentivo com base nos lucros para alcançar os objetivos da organização; organização crescendo. Crise: excesso de formalidades; proliferação de sistemas e programas, burocratização, e o pessoal de assessoria pode asfixiar os gerentes de nível médio; inovações são restringidas pelas normas e procedimentos burocráticos; organização grande e complexa. 4. Estágio de elaboração: a burocratização no limite máximo; gerentes aprendem a trabalhar dentro da burocracia sem aumentá-la; sistemas formais diminuídos e simplificados por equipes e forças-tarefa; busca pela colaboração das pessoas e o trabalho em equipe; divisões ou unidades de negócios. Crise: necessidade de revitalização; maturidade; períodos de declínio temporário que exigem renovação e revitalização; gerentes de alto nível substituídos, novas cabeças e ideias mudam a organização. FONTE: Greiner (apud CHIAVENATO, 2014, p. 346, adaptado) 35Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 6.2 O PROCESSO DE MUDANÇA Kurt Lewin (apud CHIAVENATO, 2014, p. 347) salienta que toda mudança ocorre dentro de um modelo composto de três etapas, conforme detalhamento no quadro a seguir: 1. Descongelamento: ocorre quando a necessidade de mudança faz a pessoa, grupo ou organização passar a entendê-la e aceitá-la. O descongelamento significa que as velhas ideias e práticas são derretidas e desaprendidas para serem substituídas por novas que devem ser aprendidas. 2. Mudança: ocorre quando há a descoberta e a adoção de novas atitudes, valores e comportamentos. A mudança é a fase em que as novas ideias e práticas são aprendidas de modo que as pessoas passam a pensar e executar de uma nova maneira. 3. Recongelamento: significa a incorporação de um novo padrão de comportamento por meio de mecanismos de suporte e de reforço, de modo que ele se torne a nova norma. O recongelamento significa que o que foi aprendido foi integrado à prática atual. Passa a ser a nova maneira que a pessoa conhece e faz o seu trabalho. FONTE: Kurt Lewin (apud CHIAVENATO, 2014, p. 346, adaptado) Para os autores, esse é um processo que deve acontecer continuamente: descon- gelamento – mudança – recongelamento e novo ciclo se inicia: descongelamento – mu- dança – recongelamento. Esse ciclo acontece conforme se detalha na figura a seguir: FIGURA 8 – As três fases do processo de mudança Descongelamento Identificação SuporteInternalização Reforço Velhas ideias e práticas são derretidas, abandonadas e desaprendidas Novas ideias e práticas são aprendidas Novas ideias e práticas são incorporadas definitivamente ao comportamento Mudança Recongelamento FONTE: Chiavenato (2014, p. 347, adaptado) 36 Rossana Cristine Floriano Jost 6.3 PRINCÍPIOS DA MUDANÇA Toda mudança organizacional sofre pressões positivas (a favor da mudança; de apoio) e pressões negativas (que são contra a mudança; de resistência). As pressões positivas precisam ser maiores que as negativas para que a mudança ocorra; assim, é necessário que as pessoas sejam motivadas para apoiar e participar da mudança, em outras palavras, é necessário que se estabeleça um processo claro de gestão da mudança (veja o quadro). Os dez princípios da gestão da mudança 1. Enfoque sistematicamente o lado humano da mudança. Verifique o que as pessoas pensam a respeito da mudança. Transforme barreiras ou perigos imaginários em objetivos pessoais. 2. Comece pelo topo. Envolva necessariamente a cúpula da organização como o principal responsável pela mudança. 3. Envolva todas as pessoas e comprometa-as. Desenvolva uma cultura que esteja se movendo a todo tempo. 4. Demonstre a necessidade urgente de mudança. 5. Crie os donos e proprietários de cada aspecto da mudança. 6. Comunique intensivamente a mensagem por meio de vários e redundantes canais de comunicação. 7. Identifique, valorize e utilize valores culturais, crenças, comportamentos e percepções, como fundamentação da necessidade da mudança. 8. Explicite a cultura organizacional como base para a mudança e como novo meio de fazer negócios. Pessoas, mercados, concorrentes costumam pregar peças e surpresas. Esteja preparado para isso. 9. Prepare-se para o inesperado. O imprevisível pode acontecer. 10. Fale com cada pessoa. A mudança é ao mesmo tempo uma tarefa organizacional e uma jornada pessoal. Cada pessoa precisa falar e ser ouvida para que a mudança possa acontecer. FONTE: Chiavenato (2014, adaptado) 37Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 6.4 RESISTÊNCIA À MUDANÇA Toda mudança ou tentativa de mudança pode sofrer resistência em distintos graus de intensidade, de pequenas objeções a paralisações de processos e atividades. Essa resistência, segundo Chiavenato (2014), pode decorrer de aspectos lógicos, psicológicos ou sociológicos, exemplificados no quadro a seguir: QUADRO 6 – Os três tipos de resistência a mudanças Os três tipos de resistência a mudanças Aspectos lógicos (objeções racionais e lógicas) ▪ Interesses pessoais: desejo de não perder condições conquistadas; ▪ Tempo requerido para ajustar-se às mudanças; ▪ Esforço extra requerido para reaprender as coisas; ▪ Custos econômicos da mudança; ▪ Questionamento da viabilidade técnica da mudança. Aspectos psicológicos (atitudes emocionais e psicológicas) ▪ Medo do desconhecido; ▪ Dificuldade em compreender a mudança; ▪ Baixa tolerância pessoal à mudança; ▪ Antipatia quanto ao agente de mudança; ▪ Falta de confiança nas outras pessoas; ▪ Necessidade de segurança íntima; ▪ Desejo de manter o status quo. Aspectos sociológicos (interesses de grupos e fatores sociológicos) ▪ Coalizões políticas; ▪ Valores sociais opostos; ▪ Visão estreita e paroquial; ▪ Interesses afetados; ▪ Desejo de reter os colegas atuais. FONTE: Chiavenato (2014, adaptado) É essencial que todo processo de mudança tenha “donos” – responsáveis pela mudança, pelas etapas ou passos da mudança; esses “donos” ou responsáveis pela mudança são chamados agentes de mudança e que exercem o papel de promotores da mudança e se responsabilizam pela gestão das atividades de mudança. Esses agentes são as pessoas que conduzem e guiam o processo de mudança; envolvem desde altos executivos da organização a consultores internos e externos. O processo de mudanças exige, segundo Chiavenato (2014), certos passos gradativos, como: reconhecimento do problema (estatísticas sobre: rotatividade de pessoal, absenteísmo, greves, baixa qualidade de produção etc.); identificação das causas (diagnóstico); busca de estratégias (mudanças na estrutura, nos processos, interpessoal ou organizacional); e avaliação da mudança (verificação da efetividade das mudanças). 38 Rossana Cristine Floriano Jost 6.5 METAS DA MUDANÇA A mudança organizacional exige metas bem definidas para que o processo possa ser adequadamente implementado. A figura a seguir resume as principais metas para a mudança organizacional. FIGURA 9 – As principais metas para a mudança organizacional Propósito Definir a missão e os objetivos Pessoas Agregar, reter e desenvolver talentos Tecnologia Melhorar equipamentos e fluxo de trabalho Tarefas e processos Melhorar desenho de tarefas para indivíduos e grupos Estrutura Definir desenho e mecanismos de coordenação Estratégia Definir planos estratégicos e operacionais Produtos/serviços Melhorar ou mudar produtos e serviços Cultura Definir crenças e valores organizacionais Metas de mudança FONTE: Chiavenato (2014, adaptado) Para Chiavenato (2014), toda menção à gestão da mudança organizacional somente se completa quando se aborda o DO (Desenvolvimento Organizacional), termo utilizado para englobar um conjunto de intervenções de mudança planejada, com base em valores humanísticos e democráticos, que visam a melhorar a eficácia organizacional e o bem- estar das pessoas (CHIAVENATO, 2014, p. 363). 39Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 6.6 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSODA MUDANÇA Os fatores críticos do sucesso organizacional, segundo Chiavenato (2014), e que estão predominando no início do século XXI, incluem aspectos completamente diferentes daqueles experimentados no passado, são eles: 1. Agilidade: aumento da rapidez e eficácia na resposta ao cliente. 2. Flexibilidade: pela capacidade de aprender e mudar tanto da organização como de todos os seus participantes. 3. Integração: conectividade para permitir mobilização integrada com iniciativa e participação das pessoas envolvidas. 4. Inovação: por meio da imaginação e criatividade para mudar rápida e eficazmente. FONTE: Chiavenato (2014, adaptado) Comparação entre os fatores críticos de sucesso do passado e os atuais: Os velhos fatores críticos Os novos fatores críticos Tamanho organizacional Velocidade Clareza do papel Flexibilidade Especialização Integração Controle Inovação FONTE: Chiavenato (2014, adaptado) 40 Rossana Cristine Floriano Jost 6.7 MUDANÇA COMO REINVENÇÃO DA EMPRESA O processo de mudança não acontece por acaso ou sem motivos bem definidos, no quadro a seguir temos a explicação desses objetivos e motivos, proposta por Chiavenato (2014): O mapa da mina Toda empresa precisa saber reinventar-se continuamente para sobreviver e vencer em um mundo de negócios altamente mutável e competitivo. A reinvenção de uma empresa deve ser o resultado de um conjunto drástico de mudanças que incluam: ▪ Uma diferente organização interna da empresa. ▪ Uma ação diferente de todos os funcionários. ▪ Um relacionamento diferente com clientes e consumidores. ▪ Um relacionamento diferente com fornecedores e distribuidores. ▪ Um relacionamento diferente com todos os stakeholders. ▪ Novas tecnologias e processos para suportar essas mudanças. ▪ Remoção dos impedimentos que criam barreiras às mudanças. Os principais impedimentos que criam obstáculos às mudanças e que precisam ser removidos são listados a seguir: Impedimentos à mudança: 1. Falta de visão e miopia; 2. Falta de visão correta e compartilhada; 3. Falta de julgamento; 4. Continuísmo e rotina; 5. Pensamento tradicional e obsoleto; 6. Cultura ultrapassada; 7. Foco no sucesso do passado; 8. Falta de confiança; 9. Falta de poder e de autoridade; 10. Fingimento e falsidades. Ação necessária para removê-los: 1. Ouvir o cliente: formular perguntas; 2. Proporcionar estrutura: disseminar; 3. Testar a realidade: analisar e agir; 4. Focalizar objetivos consensuais; 5. Educar: promover e incentivar; 6. Explicitar a nova cultura democrática; 7. Manter atenção e vigilância; 8. Assegurar princípios e honestidade; 9. Dar poder às pessoas e confiar nelas; 10. Identificar os indivíduos cínicos e fingidos. FONTE: Chiavenato (2014, p. 351-352, adaptado) 41Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 6.8 RESISTÊNCIA À MUDANÇA – ESTRATÉGIAS O processo de mudanças exige estratégias para superar resistências e as empresas devem utilizar um conjunto delas. No quadro a seguir podemos analisar um conjunto de sugestões de estratégias: QUADRO 7 – Estratégias para contornar a resistência à mudança Abordagem Conteúdo Quando utilizar Comunicação e educação Explicação da necessidade e da lógica da mudança às pessoas, aos grupos e à organização inteira ▪ A mudança é eminentemente técnica ▪ As pessoas necessitam de informação para compreender a mudança ▪ As informações sobre a mudança são ambíguas e inexatas Participação e envolvimento Solicitação às pessoas que ajudem a desenhar e implementar a mudança ▪ As pessoas precisam sentir-se envolvidas na mudança ▪ A mudança requer informação a partir das pessoas Facilitação e apoio Oferta de retreinamento, apoio emocional e de compreensão às pessoas afetadas pela mudança ▪ A mudança envolve vários departamentos ▪ A mudança requer realocação de recursos ▪ As pessoas resistem por causa de problemas psicológicos, emocionais e de ajustamento pessoal Negociação e acordo Negociação e barganha com os resistentes e aceitando sugestões ▪ O grupo tem poder e força sobre a implementação ▪ O grupo pode perder algo com a mudança Manipulação e cooptação Dando às pessoas-chave um papel importante no desenho e na implementação da mudança ▪ As pessoas têm poder e força para resistir à mudança ▪ As outras estratégias de mudança não funcionam bem ▪ As outras estratégias de mudança têm um custo elevado Coerção Ameaça com perda do cargo ou do emprego, transferência ou, ainda, perda de promoções ▪ Quando a rapidez é essencial para enfrentar a crise ▪ Os iniciadores da mudança têm poder sobre as pessoas ▪ Outras táticas de mudança não deram resultado FONTE: Chiavenato (2014, p. 358, adaptado) 42 Rossana Cristine Floriano Jost Finalizando, segundo Chiavenato (2014), o tema da mudança é bem amplo e complexo, e o autor afirma ainda que: [...] agora se pode ter uma pequena noção da complexidade e heterogeneidade da literatura sobre mudança organizacional. A mudança organizacional envolve tentativas para modificar a estrutura e os processos da organização ou os processos interpessoais. Quase sempre são mudanças focadas em cargos, pessoas, grupos de trabalho e na organização como um todo. E quase sempre são mudanças feitas no sentido de aumentar a eficácia interpessoal e na tarefa. O processo de mudança envolve um certo número de etapas. O problema precisa ser reconhecido, a causa deve ser devidamente diagnosticada, uma determinada estratégia deve ser implementada e a mudança, avaliada. Muita pesquisa sobre diagnóstico e implementação foi feita, mas os procedimentos de avaliação ainda precisam ser melhorados (CHIAVENATO, 2014, p. 376). 7 CO E MEU PROJETO DE VIDA O gestor do século XXI tem importantes desafios no que tange ao comportamento organizacional. Mais do que nunca, atender às expectativas do mercado é fundamental e isso pressupõe alguns investimentos sociais e psicológicos, como apresentamos a seguir, a partir de uma abordagem de Vecchio (2008). Administrar a diversidade: isso engloba não só aspectos étnicos e de gênero, mas ideias, crenças etc. A heterogeneidade de uma equipe não só faz parte de uma realidade em crescimento como pode ser considerada um ensejo para maior produtividade e competitividade, acreditam alguns gestores. Trabalhos temporários: contratos de tra- balho sazonais ganham importante espaço no mercado de trabalho, o que representa à empresa maior flexibilidade de economia de benefícios com o pessoal. Contrata-se pessoas para deter- minado projeto ou estação. Tão logo o projeto se extinga, desligam-se da empresa sem custos maiores trabalhistas. Comportamentalmente, isso impacta no ambiente de trabalho, sobretudo nos vínculos estabelecidos. 43Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Emoções no trabalho: o ambiente de trabalho, muitas vezes, torna-se palco de muitos dramas, comédias e até suspense! Nele se desenrolam verdadeiros longa-metragens cujos protagonistas podem ser qualquer funcionário da empresa ou um grupo tomado por forte emoção. Administrar esses comportamentos extremos é um grande desafio aos gestores do século XXI. E se você fosse um gestor? Como poderia lidar com o comportamento de sua equipe? O CO não é uma área óbvia e obtida pelo senso comum, como já dissemos. É fruto de pesquisas com resultados que demonstram o quão importante é saber administrar o comportamento humano. Premiar os funcionários vencedores pode ser uma ação baseada no estudo do comportamento humano, que os incentive a melhorar seu desempenho no futuro. Um trabalhador tenderá a gostar mais de um colega que demonstre apreciá-lo. Uma pessoa movida por desafios sente-se motivada com os novos projetos. Uma cultura organizacional saudável promove um ambiente também saudável, o que representa terreno fértil para a produtividade. Cada cultura contém peculiaridades que engendram comportamentos nas pessoas e o gestor precisa saberadministrar esse somatório de alegrias, frustrações, mau humor, excitação, desprezo, tristeza, dentre outros componentes do comportamento organizacional. Creia, não se sai de uma experiência humana, como a convivência com tantas pessoas diferentes, sem ter aprendido algo. E se o gestor que existe em você se dispuser a fazer a diferença na vida dos membros de sua equipe, a nós cabe o orgulho de ter partilhado esse momento juntos. CONCLUSÃO O objetivo da Unidade 1 foi ajudá-lo a entender os principais aspectos do campo de estudo do CO, bem como a compreender as relações entre o CO e seus diversos campos de estudo relacionados; a cultura organizacional e sua importância na compreensão dos comportamentos na organização; a gestão da mudança nas organizações, seu significado, dificuldades e exigências. Buscamos auxiliá-lo a alinhar o conceito de CO às diversas situações cotidianas que estão presentes na organização e que a cada dia apresenta, seguramente, mais e mais situações reais em um ambiente organizacional, assim como o reconhecimento das implicações da cultura na gestão organizacional; a mudança organizacional como necessidade e premissa para o sucesso organizacional. Por fim, procuramos incentivá-lo a entender a relação entre o CO, suas peculiaridades de estudo e seu projeto de vida, sobretudo se você almeja, um dia, assumir uma função de gestor e lidar com pessoas. 44 Rossana Cristine Floriano Jost REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. COHEN, Allan; FINK, Stephen. Comportamento organizacional: conceitos e estudo de casos. Rio de Janeiro: Campus, 2003. ROBBINS, Stephen. Comportamento organizacional. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998. VECCHIO, Robert. Comportamento organizacional: São Paulo: Cengage Learning, 2008.
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