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Teoria Geral do Crime Interpretação da Lei Penal I. Formas de Interpretação Dentre as formas de interpretação, destacam-se as seguintes: • Quanto ao sujeito que a elabora: → Autentica ou legislativa – Realizada pelo próprio texto legal/código; feita pelo legislador. → Doutrinária – Feita por doutores, parlamentares, estudiosos do direito. → Judicial – Realizada pelos tribunais (STF, TST, STJ, etc), através da jurisprudência, ou seja, repetição constante de decisões em um mesmo sentido. • Quanto aos meios empregados: → Gramatical – Interpreta-se considerando somente o que esta expresso na norma, sem procurar entender qual foi a vontade do legislador. → Lógica – Interpreta-se considerando a intenção, a vontade do legislador, a “ratio legis”. Observa-se a ampla aplicação da interpretação lógica no direito comparado. Busca-s entender o que o legislador quis dizer/defender. • Quanto ao Resultado: → Declarativa – Quando a duvida surgida no texto legal é resolvida pela própria leitura da lei, ou seja, a vontade da lei está demonstrada na própria lei. Ex: O artigo 141,III, CP prevê que “... a pena aumenta quando o crime for cometido na presença de varias pessoas...” → Restritiva – Quando a linguagem utilizada no texto da norma parece dizer mais do que o pretendido pela sua vontade, então tem se o cuidado de observar o que exatamente a lei quis dizer. Os incisos, I e II, do CP, restringi-se o conteúdo do Artigo 28, descrevendo que se a embriaguez for patológica, exclui-se a imputabilidade do agente. Desse modo, em razão do próprio sistema penal, há necessidade de restringir o tipo. → Extensiva – Ocorre quando o texto da lei é ampliada para que corresponda a sua vontade; vai alem do que estava previsto. → Analógica – É verificada toda vez que a norma apresenta uma “formula genérica” seguido de uma “formula casuística” ou vice e versa. • Conflito Aparente de Normas II. Analogia Trata-se da aplicação da lei penal a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante. “O legislador, através da Lei A regulou Fato B e necessita regular fato C, existem semelhanças entre fato B e fato C, então por analogia ele utiliza da Lei A para regular Fato C.” A analogia possui fundamento na LICC, e não é considerada uma forma de interpretação da lei. Para a aplicação da analogia é necessário: → Ausência de regulamentação legislativa a fato. → Existência de regulamentação legislativa a fato semelhante ao fato que não foi regulado. → Existência de ponto comum entre a situação regulada e a não prevista. Devem ser feitas algumas observações sobre analogia: • A analogia não pode criar lei penal, pois sua incidência limita-se à normas penais permissivas, não atingindo as normas penais incriminadoras. • É vedada a analogia “in malan parten”. • Conclui-se que, em nosso sistema jurídico, existe somente a analogia “in bona parten”. III. Conflito Aparente de Normas Ocorre quando duas ou mais normas, aparentemente são aplicadas ao mesmo fato. Possui quatro elementos, que são: → Unicidade de fato. → Pluralidade de Normas. → Aparente aplicação de todas as Normas. → Aparente de somente uma norma. Para solucionar o conflito aparente de normas, deve-se obedecer aos seguintes princípios: • Especialidade – Se tratando de conflito entre uma norma geral e uma especial, aplica-se a especial. • Subsidiariedade – a norma mais ampla engloba a norma mais específica. A norma subsidiária, descreve um grau menor de violação de um mesmo bem jurídico, ou seja, um fato menos amplo e menos grave, que definido como delito autônomo é também compreendido como fase normal de execução de um crime mais grave. Exemplo: o crime de ameaça é subsidiário ao de constrangimento ilegal. Portanto, só aplica-se esse princípio quando a norma principal for mais grave que a subsidiária. Existem duas espécies de subsidiariedade: → Expressa: Quando se apresenta expressa na norma, muitas vezes através da expressão “... se o fato não constituir crime mais grave...” → Tácita: Quando um delito menos amplo integra a descrição típica de mais amplo, por exemplo, o furto é subsidiário ao crime de roubo. Assim, comprovado o fato principal, afasta se o subsidiário, comprovado o roubo, afasta se o furto. • Alternatividade – Ocorre quando uma norma descreve varias forma de realização da figura típica em que a realização de uma ou todas configura um único crime. Por exemplo, o artigo 12 da Lei de Tóxicos prevê 18 formas de trafico. Mesmo que o agente pratique mais de um dos verbos, responderá somente por um crime toxico. • Consunção – É aplicado para resolver conflito aparente de normas de modo que o fato mais grave consome os menos graves com a finalidade de evitar o bis in idem, já que a norma aplicada ao fato mais grava já pune os de menor gravidade. O principio da consunção possui três espécies: → Crime progressivo – Ocorre quando o agente, objetivando, desde o início, produzir o resultado mais grave, pratica, por meio de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico. Há uma única conduta comandada por uma só vontade, mas compreendida por diversos atos. O último ato, causador do resultado inicialmente pretendido, absorve todos os anteriores, que acarretaram violações em menor grau. “O peixão engole o peixinho” Para existir o crime progressivo quatro elementos devem ser constatados: Unicidade de elemento subjetivo, unicidade de fato, pluralidade de atos, progressividade da lesão. → Crime complexo – É o que resulta da fusão de dois ou mais delitos autônomos, que passam a funcionar como elementares ou circunstâncias no tipo complexo. Um exemplo é o Latrocínio, que consiste na fusão de roubo + homicídio. → Progressão criminosa – Compreendida em três espécies: → sentido estrito – Nessa hipótese, o agente deseja inicialmente produzir um resultado e, após atingi-lo, decide prosseguir e reiniciar sua agressão produzindo uma lesão mais grave. Distingue-se do crime progressivo, porque, enquanto neste há unidade de desígnios (desde logo o agente já quer o resultado mais grave), na progressão criminosa ocorre pluralidade de elemento subjetivo, ou seja, pluralidade de vontades (inicialmente quer um resultado e, após atingi- lo, muda de ideia e resolve provocar outro de maior gravidade). Neste caso, o crime mais grave absolve os fatos anteriores. → ante factum impunível – Sempre que um fato anterior menos grave for praticado como meio necessário para a realização de outro mais grave, ficará por este absorvido. → pos factum impunível – Ocorre quando, após realizada a conduta, o agente pratica novo ataque contra o mesmo bem jurídico, visando apenas tirar proveito da prática anterior. O fato posterior é tomado como mero exaurimento. Como por exemplo roubar algo e depois vender ou destruir, o agente responde apenas por roubar. ratio legis → Finalidade da lei; escopo visado pela norma jurídica. normas penais permissivas → afastam a ilicitude ou antijuridicidade da conduta do agente (arts. 23, 24 e 25, CP) ou eliminam a culpabilidade, isentando o agente de pena. Normas penais incriminadoras → descreve crimes e comina penas. in malan parten → Em prejuízo da parte in bona parten → Em beneficio da parte bis in idem → repetição de uma sanção sobre mesmo fato ante factum impunível → Fato anterior não punível pos factum impunível → Fato posterior não punível
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