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Direito Natural e o Pensamento Moderno

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Direito Natural e o Pensamento Moderno: Independência dos Estados Unidos da América
A conexão entre a revolução norte-americana, o julgamento do caso Marbury v. Madison e a Constituição dos Estados Unidos da América.
	Sobre a análise do caso Marbury v. Madison, nosso então Ex-ministro do STF Joaquim Barbosa ressalta a decisão fundamental à cerca do direito constitucional, uma decisão que marca o controle de constitucionalidade. Um outro ponto apontado pelo ministro, é a importância de que a decisão coloca em acessão mostrando pela primeira vez a relevância do poder Judiciário dos USA que naquela época era uma pequena nação irrelevante, que até então, não tinha força é estava colocando em prática novos modelos de organização. O caso em questão entrou para a história como leading case do judicial review na Suprema Corte dos Estados Unidos da América, mas o que podemos observar é uma decisão que, além de seu conteúdo jurídico, teve forte conteúdo político. Sobre um contexto político dos primeiros anos do século XIX nos Estados Unidos a decisão do chief justice Marshall trouxe à tona, a disputa política e a afirmação de poder que estão por detrás da assertiva jurídica da Suprema Corte como guardiã da Constituição. Num período histórico em que os órgãos estatais da nascente república norte-americana ainda estavam se estruturando e disputando seus poderes, a decisão de Marbury v. Madison afirma uma importante competência da Suprema Corte americana, construindo juridicamente sua competência para o controle de constitucionalidade, mas, sobretudo, politicamente assegurando para a jovem Suprema Corte uma nova e importante esfera de poder. 
	No caso do judicial review uma análise do cenário político dos primeiros anos do século XIX nos Estados Unidos da América pode revelar a maestria e o teor político da decisão de Marshall e suas consequências. A tumultuada eleição presidencial de 1800, que deixa clara a derrota dos federalistas ao mesmo tempo em que se estende os resultados da eleição que acabou sendo decida pela Câmara dos Representantes, deixando espaço para que Adams e seus aliados perdedores tomassem medidas para garantir influência federalista no Estado, especialmente através da criação de vários cargos no Judiciário. Os midnight judges (O juiz da meia noite), como são chamados, são nomeados às pressas, no apagar das luzes do mandato presidencial, no entanto nem todos recebem seu ato de instituição há tempo, ainda que nomeados alguns amanhecem em 04 de março de 1801, dia da posse do novo presidente, sem sua instituição em mãos. O novo presidente, Thomas Jefferson, nega a instituição aqueles que haviam sido nomeados pelo seu antecessor, mas não receberam os respectivos documentos. Dentre estes está Marbury que ingressa na Suprema Corte contra o Secretário de Estado republicano Madison, a pretensão de Marbury era de que Madison confirmasse a posse a ele no cargo de juiz de paz. Isso não aconteceu. Marbury afim de ter seus direitos resguardados, impetrou um "Writ of mandamus" (conhecido no Direito Brasileiro como Mandado de Segurança), na suprema corte pois, segundo ele, a competência se fazia desta para atos contra o secretário do Estado (equivalente a um chefe da casa civil no Brasil). Então, postos os fatos e armado o cenário da mais importante e famosa decisão da Suprema Corte Americana. 
	A análise do texto desta importante decisão deixa claras certas opções políticas do chief justice Marshall. Desde a ordem de exposição das questões até certas análises jurídicas, como sobre o controle jurisdicional de atos do Executivo, demonstram que ali está uma decisão mais importante pelo seu desenvolvimento que propriamente pela decisão final da questão pleiteada por Marbury. O direito de Marbury em última conclusão não é garantido pela decisão, mas esta afirma um poder muito maior à Suprema Corte. Não é nenhuma novidade do século XX ou XXI encontrar teor político em decisões da Suprema Corte Americana. Voltando ao início do XIX encontramos na Suprema Corte americana o nascimento do judicial review como artifício político. Na disputa de poder entre Federalistas e Republicanos, entre Presidente e Suprema Corte, afirmar a competência da Suprema Corte para interpretar a Constituição e para o controle de constitucionalidade foi parte de uma disputa política por poder. 
	A compreensão da decisão Marbury v. Madison nos mostra a disputa política que se passava à época e como Marshall tem a sagacidade de afirmar para a Suprema Corte aquela que nos séculos seguintes seria talvez sua mais importante competência, sem, contudo, tornar-se alvo de represália de seus inimigos ou tivesse que temer a eficácia de sua decisão. Os federalistas acabaram saindo na vantagem nesta "batalha" política pois agora tinham a suprema corte americana ao seu lado para auxiliar naquilo que fosse preciso. Ao final, John Marshall assume que errou ao dar poder de mais aos juízes.
Tal caso gerou imensa repercussão jurídica em decorrência da nova forma de exercer controle sobre atos normativos inconstitucionais.
	Alexy Tocqueville trata da importância de conhecer a organizacional do Judiciário Americano. Segundo o autor, não há nenhum acontecimento político que aconteça onde não é inserido a autoridade do juiz. Podemos então concluir que assim a figura do juiz se mostra uma das primeiras forças políticas, ao contrário do parlamento francês. Os americanos preservaram no poder judiciário todas as características dos costumes. A primeira característica do poder judiciário em todos os povos é servir de autoridade para que ocorra a ação dos tribunais sendo assim indispensável é necessário que haja contestação. Para que apareça a figura de um juiz é necessário haver processo. Enquanto uma lei não der lugar a uma queixa ou reclamação, o poder judiciário não pode ocupar-se dela. Quando um juiz, a fim de um processo, questiona uma lei relativa a esse processo, ele amplia o círculo de suas atribuições, mas não sai dele, pois de certa forma precisou analisar e julgar a lei para chegar a julgar o processo. Quando acontece se articula sobre uma lei sem partir de um processo, sai completamente do seu círculo e adentra no poder legislativo. 
	Analisando a segunda característica do poder judiciário podemos perceber que é pronunciar sobre casos particulares, não sobre princípios gerais. Se um juiz, resolvendo uma questão particular, desviar de um princípio geral causando graves consequências no núcleo desse princípio ele se tomará estéril, ele continuará na esfera natural de sua ação; mas se o juiz atacar diretamente o princípio geral e o destruir sem ter em vista um caso particular, sai do círculo em que todos os povos concordaram em encerrá-lo, toma-se algo mais importante, mais útil talvez que um juiz, porém para de representar o poder judiciário. 
	A terceira característica do poder judiciário é só agir quando chamado, ou, conforme a expressão legal, quando provocado. Essa característica não é muito encontrada de maneira tão geral quanto as outras duas anteriores. Porem acredito que, apesar das exceções, podemos considerá-la essencial por sua natureza, assim o poder judiciário não tem ação; é preciso colocá-lo em constante movimento para que ele se mexa. Se caso denunciamos um crime, e se julgado ele pune o culpado, se o convocamos a corrigir uma injustiça, ele a corrige, se lhe submetemos um ato, ele prontamente o interpreta, mas não vai por conta própria perseguir os criminosos, e sim busca procurar a injustiça e examinar os fatos. 
	O poder judiciário mudaria de certa forma, essa natureza passiva, se ele mesmo tomasse a iniciativa e se ele se atentasse a favor das leis. Os americanos conservaram no poder judiciário essas três características distintivas. O juiz americano não pode se pronunciar, a não ser quando há litígio. Ele trata exclusivamente de um caso particular e, para agir, deve sempre esperar que o tenham o solicitado. O juiz americano se parece pois perfeitamente com os magistrados das outras nações. No entanto é dotado, de um imenso poder político.

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