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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E FARMACOLOGIA BACHARELADO EM ODONTOLOGIA DISCIPLINA: FARMACOLOGIA PARA ODONTOLOGIA HERISON REINALDO ARAÚJO JULIA RAQUEL OLIVEIRA DE ABREU MATHEUS FEITOSA XAVIER RAMOS COLINÉRGICOS E BLOQUEADORES COLINÉRGICOS TERESINA - PI MAIO - 2021 HERISON REINALDO ARAÚJO JULIA RAQUEL OLIVEIRA DE ABREU MATHEUS FEITOSA XAVIER RAMOS COLINÉRGICOS E BLOQUEADORES COLINÉRGICOS Relatório de aula prática sobre Colinérgicos e Bloqueadores Colinérgicos para complementação de avaliação da segunda unidade da disciplina de Farmacologia para Odontologia. Orientadora: Profª Dra. Maria Zenaide de Lima Chagas Moreno Fernandes. TERESINA – PI MAIO - 2021 SUMÁRIO 1. DISCUSSÃO..........................................................................................................03 REFERÊNCIAS..........................................................................................................09 3 1. DISCUSSÃO O funcionamento dos fármacos, sua interação com o organismo e seus resultados, são de extrema importância como objeto de estudo para a farmacologia, uma vez que o desempenho adequado de um medicamento é vital para a restauração do organismo. Portanto, é necessário compreender o mecanismo de ação dessas substâncias que interagem quimicamente com os seus receptores, muscarínicos e nicotínicos, e produzem respostas sobre or- ganismo em si. Para a produção dessa discussão, serão analisados os receptores M2 e B1, encontrados no coração, A1 e M3, nos vasos viscerais e A1, B2 e M3 nos vasos musculares, após a administração de diferentes fármacos, sendo eles, a acetilcolina, pilocarpina, neostigmina e atropina, observando os efeitos desses medicamentos sobre a frequência cardíaca, vasoconstrição ou vasodilatação e a pressão arterial para um cão de 10 quilogramas. É importante ressaltar que, anteriormente ao início do experimento, foram observados os níveis basais da frequência cardíaca, pressão arterial e a dilatação dos vasos para a compara- ção com os resultados obtidos após a administração dos fármacos. A primeira substância introduzida para dar início ao experimento foi a acetilcolina, em uma dose de 20mg e que representa um neurotransmissor do parassimpático, uma substância endógena. Após a administração da acetilcoli- na, nota-se que ela é agonista total e liga-se aos receptores muscarínicos M2, presente no coração, e M3 presentes nos vasos viscerais e musculares. Como consequência disso, a acetilcolina reduz a frequência cardíaca devido à ligação a um receptor inibitório, ou seja, gera bradicardia devido à inibição da adenilil ciclase, diminuindo o cálcio disponível para contração muscular cardíaca. Além desse efeito cardíaco, há também diminuição da força de contra- ção e da condução atrioventricular. Logo, provocou inotropismo, cronotropismo e dromotropismo negativos. A acetilcolina provoca vasodilatação nos vasos viscerais e musculares e, em decorrência da diminuição do débito cardíaco e da resistência vascular periférica, gera hipotensão com a queda da pressão arterial. No entanto, as estruturas retornam de forma rápida aos seus níveis basais devido à rápida metabolização enzimática da acetilcolina. 4 Em seguida, foi feita a introdução de pilocarpina 1,5mg um alcalóide na- tural que atua no parassimpático com ação colinérgica direta sobre os recepto- res muscarínicos M2 e M3, presentes no coração e nos vasos viscerais e mus- culares respectivamente. A pilocarpina demonstrou um comportamento seme- lhante à acetilcolina, uma vez que gerou diminuição da frequência cardíaca, através da diminuição da condução atrioventricular, provocou vasodilatação visceral e muscular e, consequentemente, uma hipotensão com a queda da pressão arterial. No entanto, foi observado um platô nos efeitos dessa substân- cia, uma vez que isso se deve ao fato de que a pilocarpina possui uma bio- transformação mais lenta que a acetilcolina, provocando uma ação prolongada devido ao maior tempo de contato com o receptor. Além disso, outro fator determinante para a ação prolongada é a meta- bolização da pilocarpina que se dá por via hepática, por meio do complexo en- zimático citocromo p450, promovendo uma eliminação mais lenta, que se dá por via renal, enquanto que a acetilcolina é metabolizada por hidrólise enzimá- tica, ou seja, gera uma eliminação mais rápida. De tal forma, observa-se efeitos semelhantes entre acetilcolina e pilocarpina, ambos agonistas totais, porém esta é uma substância exógena com efeitos mais duradouros. Outra droga administrada foi a neostigmina (0,5mg), um fármaco sintéti- co que também é um éster do ácido carbônico, um anticolinérgico, que é um agonista colinérgico de ação indireta. Ela se ligou aos receptores muscarínicos M3 nos vasos viscerais e musculares e M2 no coração e foi possível observar uma pequena ação como agonista parcial, fazendo com que a frequência car- díaca e a pressão arterial reduzissem. No entanto, sua principal função é dimi- nuir a biotransformação da acetilcolina. Colocando a acetilcolina na presença da neostigmina com a enzima ace- tilcolinesterase ativada, ele tem potencial de aumentar a ação da acetilcolina é possível perceber esse efeito pela vasodilatação acentuada e bradicardia. Isso acontece porque ocorre a exacerbação da acetilcolina, que aumenta a atuação do sistema nervoso parassimpático. Como ela não está sendo biotransformada e está mais presente do receptor, ela tem mais tempo de ação e seu efeito é potencializado. Após esse processo é notável uma queda da pressão arterial e 5 a formação de um platô. Assim, depois que o seu tempo de duração de ação, que é de 30 minutos a 2 horas, a acetilcolinesterase retornou a sua atividade e degradou a acetilcolina voltando aos seus níveis basais. Por fim, foi-se administrado a atropina que é um alcalóide amina terciária da beladona com alta afinidade pelos receptores muscarínicos. Liga-se compe- titivamente à ACh e impede sua ligação a esses receptores. A atropina atua central e perifericamente. Nesse experimento, percebeu-se que ela inibia o sis- tema nervoso parassimpático, sendo assim um antagonista competitivo e re- versível dos receptores muscarínicos, sendo esses bloqueados pela atropina. A inibição dos receptores muscarínicos faz com que aconteça um au- mento da frequência cardíaca e a atropina liga-se aos receptores e bloqueia a ação da acetilcolina. Isso acontece porque nesse processo a atropina retira a ação do sistema nervoso parassimpático e potencializa a do simpático. Após observar esses efeitos, triplicou-se a dose de acetilcolina, eram 20mg e passou a ser 60mg, nesse momento como os receptores muscarínicos estavam ocupados a acetilcolina se liga ao gânglio e ativa os receptores nicotí- nicos na medula adrenal liberando adrenalina e estimulando o sistema nervoso simpático, esse libera noradrenalina e adrenalina na medula e foi absorvido pelos receptores B2. A noradrenalina liberada pelo neuronio pós-glanglionar simpático tem afinidade com alfa 1, alfa 2 e B1. Dessa forma, entende-se que a acetilcolina conseguiu realizar sua função mesmo na presença da atropina que é um anta- gonista por causa dessa ativação dos receptores a nível ganglionar liberando adrenalina e causando no vaso visceral uma vasoconstrição e no vaso muscu- lar uma vasodilatação. Dessa forma, foi possível ver na prática o que Rajan Radhakrishnan e Thomas B. Whalen afirmaram: “A atropina produz efeitos divergentes no siste- ma cardiovascular, dependendo da dose. Em doses baixas, o efeito predomi- nante é a diminuição da frequência cardíaca. Esse efeito resulta do bloqueio dos receptoresM1 nos neurônios pré-juncionais (ou pré-sinápticos) inibitórios, permitindo assim aumento da liberação de ACh. Dosagens mais altas de atro- 6 pina causam aumento progressivo na frequência cardíaca pelo bloqueio dos receptores M2 no nódulo sinoatrial.” À vista disso, é perceptível que no fim quando a Atropina é degradada e biotransformada, ela perde o seu efeito. Além disso, é preciso altas doses de outras drogas para que seja possível atuar na presença da atropina, como foi mostrado que apenas com o triplo da dose padrão de acetilcolina foi possível exercer os seus efeitos. Além disso, a atuação da atropina pode variar, dependendo da quantidade da dose utilizada, de uma leve depressão cardíaca; alguma xerostomia; inibição da sudorese até alucinações e delírio; coma. Assim, pequenas doses são recomendadas para prevenir os efeitos cardiovasculares de outros fármacos, como os dos agonistas α -2 adrenoceptores, que provocam bradicardia e arritmias cardíacas. A fim de comparar os resultados obtidos é necessário observar o estado de normalidade que os órgãos juntamente aos seus receptores pós- ganglionares apresentam. No coração são visualizados os receptores M2 e B1, os vasos sanguíneos musculares possuem receptores A1, B2 e M3, enquanto os viscerais estão presentes apenas A1 e M3. A atropina é um bloqueador muscarínico com alta afinidade por esses receptores, enquanto que o hexametônio é um bloqueador ganglionar. Este age através do mecanismo de competição farmacológica com a acetilcolina pelos receptores nicotínicos na sinapse ganglionar, impedindo também a ligação de fármacos exógenos, de modo prolongado. Para comparar os efeitos foi simulado o uso de Atropina 10mg nos receptores supracitados e Hexametônio 20mg. Os efeitos produzidos por cada bloqueador de modo individual são: Atropina Hexametônio • Antimuscarínico • Antinicotínico ganglioplégico • Bloqueio dos recepto- res:M2 (coração), M3 (va- sos sanguíneos muscula- res) e M3 (vasos sanguí- neos das viscerais). • Bloqueio de receptores nicotínicos ganglionares (simpático e paras- simpático). • Demais receptores: sem • Receptores pós-ganglionares: sem 7 No efeito vascular há duas forças que se contrapõem em estado fisiológico, uma para dilatar o vaso e outra para constrição. Ao passo que se administra o Hexametônio adquire-se um estado de vasodilatação visceral e muscular, ocorrendo mesmo bloqueado as ações parassimpáticas e simpáticas, devido à facilidade que o vaso sanguíneo encontra na vasodilatação em relação à vasoconstricção que demanda um maior mecanismo fisiológico de ação do musculo liso. A partir disso, outros efeitos da aplicação do bloqueador ganglionar são observados. Dentre estes, a pressão sanguínea é reduzida em decorrência do fenômeno vascular, o que preconizou inicialmente a aplicação desse fármaco no tratamento da hipertensão. Contundo, caiu em desuso, sobretudo, pela taquicardia reflexa à hipotensão, já que o bloqueio causado retirou o controle homeostático cardíaco promovido pelo sistema nervoso simpático e parassimpático. A hipotensão gerada é consequência da atividade dos barorreceptores os quais identificam a variação da pressão arterial e respondem de forma a contrabalancear os efeitos percebidos. Após administração do Hexametônio, administrando a Atropina, há o bloqueio dos receptores muscarínicos dos vasos sanguíneos e do coração. No entanto, o bloqueio não provoca alterações fisiológicas significativas, uma vez que o antinicotínico ganglioplégico realiza um bloqueio alto à nível de gânglio, bem como a medular espinal. Logo, sua ação tem maior amplitude que a Atropina a qual é muito mais seletiva, só atuando nos receptores muscarínicos, em relação ao Hexametônio que impede a ação colinérgica e adrenérgica, por impedir a continuação do estímulo nervoso ganglionar até a ação neuroefetora. ação. ação. • Efeito cardíaco: taquicar- dia. • Efeito cardíaco: taquicardia. • Efeito na pressão arterial: sem efeito, inalterada • Efeito na pressão arterial: diminui- ção. • Efeito vascular nas vísce- ras e músculos: sem alte- ração • Efeito vascular dos músculos: va- sodilatação. • Efeito vascular das vísceras: vaso- dilatação 8 Devido ao amplo bloqueio ocasionado pelo Hexametônio, mesmo administrando Nicotina 300mg não haverá efeitos farmacológicos nos receptores dos vasos sanguíneos e do coração, tampouco quando é injetado Acetilcolina 2mg, permanecendo os efeitos individuais do Hexametônio. 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HOWLAND, R. D. Farmacologia Ilustrada. Tradução Augusto Langelo. 3ª ed.Editora Artmed, 2007. SILVA, P. Farmacologia. Editora Guanabara Koogan, 8ª edição, 2010.
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