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Doença de Chagas 1 Trypanossoma cruzi: • Causa doença de Chagas; • Duas linhagens: o Linhagem 1: ciclos domésticos; o Linhagem 1 e 2: ciclos silvestres. • Protozoário/parasita de ciclo heteróxeno: o Multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado; o Multiplicação extracelular no inseto vetor (triatomíneos). • Cinetoplasto: o Organela singular; o Constitui uma mitocôndria modificada; o Alto conteúdo de DNA. • Encontrado em 3 formas principais que interagem com as células do hospedeiro vertebrado: o Amastigota (intracelular); o Tripomastigota (sanguíneos); o Epimastigota (vetor triatomíneos e cultura). Amastigota: • Intracelular (homem e outros vertebrados); • Forma arredondada ou ovoide; • Possui cinetoplasto próximo ao núcleo (15 a 30% do DNA total do parasita); • Reprodução por divisão binária no interior das células infectadas (sistema fagocítico mononuclear); • Núcleo grande, redondo e excêntrico; • Possui flagelo interno; • Ao exteriorizar o flagelo é chamado esferomastigota. Tripomastigotas: • Formas extracelulares; • Encontradas na: o Corrente sanguínea. • Alongados, com cinetoplasto posterior ao núcleo e flagelo; • Flagelo forma uma membrana ondulante em toda a extensão da célula; • Incapazes de se dividir; • Tripomastigota metaciclico: transição do epimastigota para tripomastigota. Epimastigotas: • Extracelulares; • Encontrados no vetor (Hemípteros hematófagos) no intestino médio ou em culturas; • Alongados; • Flagelo com membrana ondulante não em toda extensão; • Dividem por fissão binária longitudinal. Mecanismos de transmissão: Transmissão pelo vetor: • Maior importância epidemiológica; • Infecção ocorre pela penetração de tripomastigotas metacíclicos: o Eliminados nas fezes ou urina de triatomíneos, durante o hematofagismo. Transfusão sanguínea: • Maior importância em cidades grandes; • O controle adequado de transfusões sanguíneas ainda é falho em alguns países da América Latina. Transmissão congênita: • Ocorre quando existem ninhos de amastigotas na placenta que liberam tripomastigotas que alcançam a circulação fetal; • Essa infecção tem sido relatada com todas as linhagens genéticas, exceto TcIV. 2 Acidentes de laboratório: • Pesquisadores e técnicos que trabalham com o parasita; • Contato do parasita com a pele lesada, mucosa oral ou ocular ou autoinoculação; • Necessário uso de medidas de segurança. Transmissão oral: • Ingestão de alimentos e líquidos contaminados com fezes ou urina de triatomíneos infectados; • Essa forma de transmissão cresceu na Amazônia em função do extrativismo das florestas, principalmente do açaí; • Está mais relacionada a parasitas das linhagens TcI e TcIV; • Aleitamento materno. Coito: • Nunca provado na espécie humana. Transplante: • Pode desencadear fase aguda grave devido ao uso dos imunossupressores. Ciclo: Doença de Chagas: Fase aguda: • Pode ser sintomática ou assintomática; • Mais frequente; • Forma aguda sintomática é a mais frequente na primeira infância; • Inicia-se através das manifestações locais quando o T. cruzi penetra na conjuntiva (sinal de Romaña) ou na pele (chamagoma de inoculação); • Comprometimento dos linfonodos- satélite; • Sinal de Romaña caracteriza-se por: o Edema bipalpebral unilateral; o Congestão conjuntival; o Linfadenite-satélite; o Linfonodos pré-auriculares; o Celulite do tecido gorduroso periorbitário e palpebral; o Presença de parasitos extra e intracelulares em abundância. • Complexo cutâneo-linfonodal caracteriza-se por: o Aparecimento do chagoma primário e da linfadenite-satélite; o Chagoma primário é representado pela inflamação aguda local na derme e epiderme no ponto de inoculação. Fase Crônica Assintomática: • Forma Indeterminada: o Após a fase aguda, os pacientes passam por um período assintomático (10 a 30 anos); o Fase conhecida como latente, caracteriza-se: Positividade de exames sorológico e/ou parasitológico; Ausência de sintomas e/ou sinais da doença; Eletrocardiograma convencional normal; Coração, esôfago e cólon radiologicamente normais. o Do ponto de vista anatomopatológico, mostram lesões muito semelhantes às da fase aguda, menos na intensidade das lesões; 3 o A miocardite é muito discreta, na maioria dos casos, mas apresenta desnervação do SNA; o Do ponto de vista imunológico, essa forma parece estar em atividade, pois apresenta anticorpos líticos. Fase Crônica Sintomática: • No decorrer do tempo apresentam sintomatologia relacionada a: o Sistema cardiocirculatório (forma cardíaca); o Sistema digestivo (forma digestiva); o Mudanças na fisionomia anatômica do miocárdio e tubo digestivo (esôfago e cólon, principalmente); • Forma cardíaca: o Cardiopatia chagásica crônica sintomática: Fato clínico principal: ICC; Diminuição da massa muscular destruída devido à substituição por áreas de fibrose interrompendo fibras e fascículos; A destruição do SNA simpático e parassimpático e ao próprio exsudato inflamatório em atividade são responsáveis pelos sintomas; Lesão vorticiliar ou aneurisma, ou seja, lesão encontrada no ápice dos ventrículos são responsáveis pela arritmia; Pode haver fenômenos tromboembólicos; O comprometimento do SNA regulador das contrações cardíacas pode gerar arritmias e bloqueios dos nódulos AV e SA; A compensação cardíaca incapaz causa dispneia de esforço, insônia, congestão visceral e edema dos membros inferiores. Evolui para dispneia continua, anasarca e morte. Patogenia e patologia: Fase aguda: • Formais mais frequentes parasitadas: o Macrófagos; o Células de Schwann; o Micróglia; o Fibroblastos; o Células musculares lisas estriadas. • A infecção deve ser a célula que tem mais chances de adesão; • Ao se multiplicar, o parasito pode sofrer degeneração ocorrendo a liberação do mesmo no interstício (na forma amastigota, epimastigota ou tripomastigota); o Devido a esses imunógenos íntegros ou degenerados e outra substancias liberadas pela célula hospedeira surge uma inflamação aguda focal; o Na segunda semana estabelece-se a imunidade. • O coração pode ser lesado intensamente; • Podem-se encontrar ninhos de amastigotas: o Células musculares; o Histiócitos; o Fibroblastos; o Células da glia; o Raramente nos neurônios dos plexos nervosos. • A miocardite surge em correspondência com os ninhos rompidos; • O aumento da área cardíaca é devido ao: o Hidropericárdio; o Coração se mostra globoso, flácido e congesto; 4 o A inflamação ocorre nos três folhetos: pericárdio, miocárdio e endocárdio. Fase crônica: • Forma indeterminada: o Indivíduos que sobreviveram à fase aguda assintomática ou sintomática evoluem para fase crônica; o Podem permanecer assintomáticos ou com infecção latente por vários anos ou durante toda a vida. • Forma Cardíaca: o Macroscopicamente: Aumentado de volume e mais pesado que normal; Congesto com espessamentos nodulares branco-peroláceos no epicárdio ao longo das coronárias; Hipertrofia das paredes ventriculares e atriais; Dilatação dos anéis das válvulas tricúspide e mitral; Presença das chamadas lesões vorticilar ou aneurisma de ponta. o Histologicamente: Miocardite crônica fibrosante em focos sintetizados e uma fibrilopoese difusa intersticial interfascicular; Desopopulação neuronal grave causada por perineurite, periganglionite e ganglionite; Fenômeno regressivos intensos das miocélulas (lesão de Magarinos Torres); Raros ninhos de amastigotas. Imunidade: • A infecção mobiliza a resposta imune inata e adaptativa, mas não elimina o parasita do hospedeiro; • Resulta em uma baixa parasitemia e persistenteparasitismo tecidual; • Diagnóstico: Clínico: • Presença dos sinais de porta de entrada: o Sinal de Romaña e/ou Chagoma de inoculação; o Febre irregular ou ausente; o Adenopatia-satélite ou generalizada; o Hepatoesplenomegalia; o Taquicardia; o Edema generalizado ou dos pés (suspeita da fase aguda). • Fase crônica: alterações cardíacas acompanhadas de sinais de IC confirmadas pelo ECG e alterações digestivas e do esôfago e do cólon. Laboratorial: • IgG alto em fase crônica; • IgM alto em fase aguda; • Enzime-linked immunosorbent assay (ELISA); • Reação de imunofluorescência indireta (RIFI); • Exame de imagem: Raio-X; • Moleculares: reação em cadeia da polimerase (PCR); • Xenodiagnóstico: o Usado para detectar o parasito na fase crônica da doença; o Pode ser natural ou artificial. 5 Tratamento: • Nifurtimox: o Age contra formas sanguíneas e parcialmente contra formas teciduais; o Via oral; o Efeitos colaterais: anorexia, emagrecimento, náuseas, vômitos, alergia cutânea, parestesias irreversíveis, polineuropatia; o Recentemente retirado do mercado. • Benzonidazol: o Utilizado nas formas sanguíneas; o Feitos colaterais: anorexia, perda de peso, vertigens, dermatites urticariformes, cefaleia, sonolência e dores abdominais, hiperexcitabilidade, depressão medular, poluneuropatia. 6
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