Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sumário Produção e consumo sustentáveis ...................................................................... 4 Introdução ...................................................................................................... 4 Meio Ambiente e Desenvolvimento ................................................................. 4 Produção sustentável ..................................................................................... 5 Ferramentas/linhas de atuação ...................................................................... 6 Prevenção da poluição ................................................................................... 7 Ferramentas de Prevenção da Poluição .......................................................... 8 Avaliação do ciclo de vida (ACV) ..................................................................... 9 Aplicação da ACV ......................................................................................... 10 Softwares de ACV ......................................................................................... 10 Ecodesign .................................................................................................... 11 PSS (Sistema Produto-Serviço) e Meio Ambiente ......................................... 13 Eficiência energética .................................................................................... 14 Eficiência energética em sistemas de iluminação ......................................... 15 Medidas de eficiência energética em sistemas de iluminação ....................... 16 Economia Verde ........................................................................................... 18 Logística Verde ............................................................................................ 20 Construção sustentável ................................................................................ 21 Projeto de construção sustentável ................................................................ 22 Varejo sustentável ........................................................................................ 26 Agricultura sustentável ................................................................................ 27 Selos de agricultura sustentável ................................................................... 29 Conceitos iniciais de consumo ..................................................................... 30 Direitos e deveres dos consumidores ............................................................ 31 5R - repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar ........................................ 35 Logística reversa .......................................................................................... 35 Rotulagem ambiental e selos verdes ............................................................. 36 Compras sustentáveis .................................................................................. 39 Compras sustentáveis no setor privado ........................................................ 40 Compras Públicas Sustentáveis - CPS .......................................................... 40 Encerramento .................................................................................................... 42 Referências Bibliográficas ................................................................................. 43 4Produção e consumo sustentáveis Produção e consumo sustentáveis Introdução Meio Ambiente e Desenvolvimento O crescimento e o desenvolvimento da humanidade estão diretamente ligados à história social, econômica e cultural, refletidas nas interrelações do homem com o ambiente. Em outras palavras, a forma como a humanidade concebe e utiliza a natureza serve de suporte ao nosso modo de vida, de produção e de consumo. Assim sendo, essa relação sociedade/ambiente nos proporcionou incríveis avanços ao longo dos diversos períodos de desenvolvimento humano. Nesse sentido, a transformação da relação ambiente/sociedade, da maneira como concebemos crescimento e desenvolvimento, é a chave para a melhoria da qualidade de vida da humanidade e da manutenção dos sistemas naturais. Nota-se, atualmente, que crescimento econômico e conservação do meio ambiente podem conviver em harmonia, num cenário de práticas de produção e consumo sustentáveis. Durante um longo período a humanidade utilizou a natureza a favor de um tipo de crescimento e desenvolvimento que não previu a escassez dos recursos naturais e o impacto da poluição e da degradação ambiental. Entretanto, podemos transformar nossa relação com o ambiente, com os termos crescer e desenvolver incorporando novos conceitos ligados à qualidade de vida das populações e de relações sustentáveis entre as necessidades de produção e consumo, com as potencialidades dos ambientes naturais. 5Produção e consumo sustentáveis Você sabia? Existem indicadores de desempenho ambiental que já são mundialmente utilizados, tais como a Pegada Ecológica, Pegada de Carbono, Pegada Hídrica e muito mais. NOTANOTA Produção sustentável Hoje temos todas as condições para produzir e consumir, satisfazendo nossas necessidades, em uma relação sustentável de uso e conservação dos recursos naturais. O conceito de Produção Sustentável amplamente utilizado é relativo à incorporação, ao longo de todo o ciclo de vida de bens e serviços, das melhores alternativas possíveis para minimizar custos ambientais e sociais. Acredita-se que essa abordagem preventiva melhore a competitividade das empresas e reduza o risco para saúde humana e meio ambiente. Sob uma perspectiva planetária, a produção e consumo sustentáveis incorporam a noção das possibilidades do uso e conservação dos recursos naturais, minimizando os impactos da ação humana. NOTANOTA A seguir, apresentaremos algumas estratégias que têm sido em função da produção e consumo sustentáveis. 6Produção e consumo sustentáveis Ferramentas/linhas de atuação A partir do conceito de Produção Sustentável, pode-se enumerar as diferentes ferramentas/linhas de atuação utilizadas em favor da sustentabilidade nos meios de produção. Algumas dessas ferramentas/linhas de atuação serão apresentadas ao longo do curso: Todas as ferramentas de produção sustentável devem estar de acordo com o tripé da sustentabilidade, as três bases fundamentais: econômica, social e ambiental. A partir dessa abordagem é possível compreender que produção sustentável enseja o alcance dos três níveis. 7Produção e consumo sustentáveis Prevenção da poluição Na década de 60, século XX, organizações mundiais começaram a incorporar as noções de geração de resíduos e escassez relativa dos recursos naturais. Dessa forma, foram criadas entidades internacionais para transformar essas noções em ações práticas. Entre essas instituições criadas estavam a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO); o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP); e a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos da América (EPA). Frente aos desastres ambientais ocorridos entre os anos de 1960 e 1980, como os ocorridos com usinas nucleares na Pensilvânia (1979, Estados Unidos) e o de Chernobyl (1984, Ucrânia), a EPA anunciou, em 1990, uma política para diminuir a quantidade dos resíduos industriais a serem tratados no final do processo (fim de tubo), com a ideia de estimular um pensamento inovador: reduzir o desperdício na fase inicial, na aquisição da matéria-prima e também durante o processo produtivo (BISHOP, 2000). Para entender o conceito de Prevenção da Poluição, é preciso compreender a palavra Poluição. “Poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energiaem desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”. (BRASIL, 1981) 8Produção e consumo sustentáveis A Norma Brasileira (NBR) ISO 14001:2004 define Prevenção da Poluição como: “O uso de processos, práticas, técnicas, materiais, produtos, serviços ou energia para evitar, reduzir ou controlar (de forma separada ou combinada) a geração, emissão ou descarga de qualquer tipo de poluente ou rejeito, para reduzir os impactos ambientais adversos”. (ABNT, 2004) Dessa forma, a partir da definição, fica evidente que a Prevenção da Poluição incorpora tanto elementos relacionados com a modificação de processos industriais com foco na minimização de desperdícios, quanto na implementação de práticas de sustentabilidade voltadas para o uso e a conservação dos recursos naturais. Essa estratégia, que deve ser considerada como uma ferramenta da gestão ambiental, pode partir da mudança de um insumo, de processos ou até padrões de gerenciamento que atuam para reduzir ou eliminar os poluentes e resíduos na fonte geradora. Ferramentas de Prevenção da Poluição Produção mais limpa (p+l) Produção mais Limpa (P+L) é uma das ferramentas utilizadas para melhorar o desempenho das empresas e também adicionar ganhos ambientais, econômicos e técnicos, incorporando os princípios da sustentabilidade. Produção Mais Limpa, ou P+L, é uma abordagem metodológica criada em 1994, pela UNIDO/UNEP, para tratar da prevenção da poluição nas indústrias. Reduzir a poluição, ou seja, a degradação da qualidade ambiental, é o combustível motivador das medidas de P+L. Dessa forma, a Produção Mais Limpa sempre vai detectar a origem dos resíduos e das emissões, evitando o uso das técnicas de fim de tubo. Nesse sentido, a proteção ambiental se integra à ideia do produto, bem como do processo produtivo. Os resultados da implantação de uma P+L são diretos: redução do consumo de material; economia de energia e água; redução de riscos ambientais; melhoria da imagem da empresa; e cumprimento do princípio constitucional do desenvolvimento sustentável. 9Produção e consumo sustentáveis Avaliação do ciclo de vida (ACV) O conceito de avaliação do ciclo de vida surgiu no intuito de identificar as possibilidades e alternativas sustentáveis no âmbito da produção e consumo de bens e serviços. Esse novo paradigma se configura como uma visão sistêmica, ou seja, completa, uma visão do todo, da relação do produto ou serviço com o meio ambiente, considerando todas as etapas do seu ciclo de vida. Com relação às etapas do ciclo de vida de um produto a partir da perspectiva ambiental, desde a extração dos recursos naturais até o fim de vida do produto, podemos observar: 10Produção e consumo sustentáveis Aplicação da ACV O principal objetivo da aplicação da ferramenta do ciclo de vida é fornecer dados, por meio de indicadores, para oportunidades de eliminação ou minimização dos impactos ambientais. De uma forma geral, a ACV é usada para subsidiar decisões que promovam o aumento da ecoeficiência dos produtos, a partir da redução do uso de recursos e da geração de resíduos em todas as fases do seu ciclo de vida. Ecoeficiência: A ecoeficiência é uma das principais medidas que contribuem para um futuro sustentável. Esse conceito se refere à disponibilização de serviços e bens capazes de satisfazer as necessidades humanas e proporcionar qualidade de vida sem causar impactos ambientais e gastando o mínimo dos recursos naturais não renováveis. O objetivo da ecoeficiência é trazer mais rentabilidade, utilizando menos matérias-primas. (www.https://www.ecycle.com.br) Hawkins (2013) constatou, por meio de um estudo de ciclo de vida comparativo entre veículos convencionais e elétricos, que os carros elétricos emitem menos Gases de Efeito Estufa (GEE) do que os veículos convencionais a combustão, mesmo usando energia elétrica gerada a partir de fonte fóssil. EXEMPLOEXEMPLO Softwares de ACV Estudos de ACV envolvem uma grande quantidade de dados de inventário, portanto, demandam tempo da equipe para o levantamento desses dados. Dessa forma, os softwares e bases de dados são ferramentas imprescindíveis na ACV, pois auxiliam e viabilizam a condução do estudo de forma mais prática e rápida, além de garantir cálculos e conclusões com menores chances de erros. 11Produção e consumo sustentáveis Existem diversos softwares e base de dados disponíveis no mercado, a exemplo do Simapro, Umberto e Gabi. EXEMPLOEXEMPLO Ecodesign O design é aplicável a diversas áreas, como serviços, produtos e processos produ- tivos. São bem amplas as possibilidades de sua aplicação e, por isso, é muito im- portante que você compreenda seu conceito e o relacione com a questão ambien- tal. A pessoa que atua na área do design é chamada de designer, e se dedica a “desenhar” produtos, ou seja, projetar a forma dos produtos para que atendam aos requisitos do consumidor e também aos demais aspectos de seu desenvolvimento. São vários aspectos que devem ser considerados para a realização de um bom design, que, segundo Venzke (2002), podem ser ergonômicos, tecnológicos, econômicos, ambientais, sociais, estéticos e antropológicos. O termo Ecodesign surgiu na década de 1990, quando a indústria eletrônica dos EUA procurava minimizar o impacto no meio ambiente decorrente de sua atividade. Dessa forma, a Associação Americana de Eletrônica (American Electronics Association) buscou desenvolver projetos com a preocupação ambiental. A partir de então, o interesse pelo assunto cresceu e os termos Ecodesign e Design for Environment (desenho para o meio ambiente) passaram a ser incorporados em programas de gestão ambiental (BORCHARDT et al., 2007 apud BORCHARDT et al, 2008). 12Produção e consumo sustentáveis Ventilador de teto convencional com 4 paletas e o inovador com 2 paletas; Cadeira de sala de estar convencional e a inovadora (pequena e com pouco material); Carro de passeio convencional e um carro de passeio inovador (pequeno e leve); Garrafa de água mineral plástica convencional (resistente) e a inovadora (leve e mais frágil, ou seja, verdadeiramente descartável). EXEMPLOEXEMPLO Avaliando os critérios, observamos que não basta ser menor para ser mais sustentável. Se a embalagem maior for capaz de amaciar uma quantidade maior de roupas (rendimento), então pode ser que a embalagem menor seja mais impactante, pois serão necessários vários amaciantes de embalagem menor para chegar ao resultado maior de lavagem. Ou seja, não basta olhar apenas um aspecto do produto, temos que avaliar critérios que agregam sustentabilidade à produção e consumo. Estes são alguns princípios de Ecodesign, de acordo com o MMA: Escolha de materiais de baixo impacto ambiental Advindos de produção sustentável, reciclados, reutilizados, ou que requerem menos energia na fabricação. Eficiência energética Utilizar processos de fabricação mais eficientes. Qualidade e durabilidade Produzir produtos que durem mais tempo e funcionem melhor a fim de gerar menos resíduos sólidos. Modularidade Criar objetos cujas peças possam ser trocadas em caso de defeito, pois assim não é todo o produto que é substituído, o que também gera menos resíduos sólidos. 13Produção e consumo sustentáveis PSS (Sistema Produto-Serviço) e Meio Ambiente Utilizar a tecnologia a nosso favor é uma das estratégias adotadas frente aos desafios impostos pela busca da sustentabilidade. A proposta do sistema denominado Sistema Produto-Serviço (PSS) é valorizar a função e a utilidade do produto, associando produto e serviço (IPT, 2011). Existem três categorias em que o sistema PSS normalmente é dividido (Turkker, 2004 citado em Borchardt, et. al.,2010): • PSS orientado ao produto/serviço: o produto é vendido e é oferecida assessoria para obter um uso mais eficiente. Exemplo: manutenção de máquinas; • PSS orientado ao uso: um produto é disponibilizado para uso, mas o provedor (empresa fabricante) mantém direito sobre o bem e oferece manutenção, reparo e controle; paga-senormalmente taxa. Exemplo: Sinal digital das TVs à cabo. • PSS orientado ao resultado: parte das atividades de uma empresa é terceirizada - o consumidor não compra um produto e, sim, o resultado. Exemplo: pagar pela cópia impressa à empresa que realiza o serviço. Estratégias de controle de qualidade são aplicadas desde a origem do produto, no design (ecodesign) até na sua destinação final. Devemos entender que, ao associar produtos e serviços, o produto ganha em eficiência e sustentabilidade (Ideia Sustentável, 2010). Uma das estratégias do PSS é conservar recursos naturais/ energéticos associada ao crescimento econômico. Podemos citar a experiência de algumas empresas que modificaram seus produtos para atender o PSS e diminuir o impacto gerado com a produção de resíduo: 14Produção e consumo sustentáveis Eficiência energética Como o próprio nome diz, Eficiência Ener- gética é a utilização de energia de forma mais eficiente, com menor desperdício, menor consumo e melhor rendimento. O conceito de Eficiência Energética está inti- mamente ligado com o conceito de Energia, cuja ori- gem vem do grego, energeia, que significa “operação, atividade”. Eficiência Energética é a utilização de energia de forma eficiente, minimizando seu consumo. 15Produção e consumo sustentáveis Todo equipamento já sai de fábrica com o valor de sua Potência Elétrica, e, normalmente, já conta com placas indicativas ao fundo ou no manual. Através da placa indicativa do equipamento é possível saber, dentro de uma mesma categoria, que eletrodoméstico consome menos energia; ou seja, aquele que apresenta um melhor nível de eficiência energética. Trata-se do que chamamos de “Selo PROCEL Eletrobrás de Economia de Energia”, ou simplesmente Selo PROCEL. É um programa de conservação de energia elétrica que, por meio do seu selo, indica a eficiência energética de um eletrodoméstico. De acordo com seus níveis de eficiência energética, os aparelhos são classificados pelo Inmetro em categorias que vão de “A” a “G”. O Inmetro é o órgão executor do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), cujo principal produto é a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE). Normalmente, os produtos contemplados com o Selo Procel são caracterizados pela faixa “A” da ENCE. Eficiência energética em sistemas de iluminação A iluminação representa o maior percentual de consumo de energia elétrica nas indústrias e consome 19% de toda a eletricidade do mundo (LIGHTING PHILIPS, 2014). É também muito utilizada em residências, vias públicas etc., e, por isso, é necessário conhecer bem as lâmpadas para saber que tipo utilizar. Quanto menos watts uma lâmpada consome e mais luz ela emite, mais eficiente ela é. 16Produção e consumo sustentáveis Medidas de eficiência energética em sistemas de iluminação Já existem várias soluções/medidas de eficiência energética para iluminação de diferentes ambientes pelas empresas fabricantes de lâmpadas, onde até a escolha da tonalidade da cor da luz que a lâmpada emite é importante, pois vai gerar temperaturas diferentes. Observe algumas medidas de eficiência energética no uso das lâmpadas: Utilize lâmpadas que emitam muita luz e consumam menor quantidade de energia. Utilize lâmpadas que possuam uma maior vida útil. Aproveite sempre a iluminação natural (luz do dia). É aconselhável a insta- lação de telhas translúcidas ou transparentes em galpões. Estude a viabilidade de substituir as lâmpadas incandescentes pelas fluo- rescentes e LED, que são mais econômicas. Limpe as lâmpadas e luminárias periodicamente. A poeira acumulada na superfície reduz o fluxo de luz. Verifique a possibilidade de instalação de sensores de presença em ambientes como halls, banheiros, corredores, almoxarifados etc. Use luminárias espelhadas para aumentar a eficiência da iluminação. Assim, você pode reduzir o número de lâmpadas por luminárias e obter economia de energia. Desligue as lâmpadas ao se ausentar da sala ou local de trabalho. Eficiência energética em edificações Os edifícios - sejam residências, escritórios, hospitais, indústrias etc. - consomem uma grande quantidade de energia, não apenas com o sistema de iluminação, mas também com o sistema de aquecimento ou resfriamento, com a movimentação de máquinas etc. O aspecto da eficiência energética deve ser pensado desde a concepção da construção de um edifício. Ou seja, o projeto já deve estimar a 17Produção e consumo sustentáveis posição adequada para um melhor aproveitamento de ventilação natural, o uso de energias renováveis, como o aproveitamento da luz solar em painéis solares, dentre outras medidas. Medidas de eficiência energética em edificações - Projetar a localização do edifício de acordo com os pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste), visando o aproveitamento da luz solar e ventilação natural. - Incentivar o uso de energias renováveis como utilização de energia solar térmica e energia solar fotovoltaica. * Energia Solar Térmica. A energia do sol pode ser captada através de painéis solares e transferida para um meio portador de calor (água ou o ar), aquecendo esses meios, e, se necessário, gerar vapor para posterior produção de energia elétrica. * Energia Solar Fotovoltaica. Consiste na transformação direta da energia solar em energia elétrica. É possível devido às propriedades de materiais semicondutores de eletricidade por meio das células fotovoltaicas, que tem como material básico o silício. - Utilizar materiais de isolamento adequado para prevenir perdas de calor, evitando maior consumo de energia pelo uso de ventiladores e aparelhos de ar condicionado. - Substituir elevadores convencionais elétricos pelos elevadores hidráulicos de última geração. Podemos destacar como benefícios: a redução dos custos de produção no caso de uma indústria; a redução do valor da conta de luz, no caso de uma residência; a redução de consumo de fontes de energia; a diminuição da contaminação ambiental, que, no caso de empresa, estará cumprindo com requisitos solicitados pelas normas internacionais: ISO 9000, ISO 14000 e a mais recente, ISO 50001; e a melhoria da imagem da empresa frente a seus clientes, pois demonstra o seu comprometimento com o meio ambiente. 18Produção e consumo sustentáveis Economia Verde O conceito de Economia Verde foi lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, United Nations Environment Programme (UNEP). A Eco- nomia Verde pode ser definida como “aquela que resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e promove a produção e consumo sustentáveis”; em síntese, uma economia de baixo-carbono, eficiente no uso de recursos naturais e social- mente inclusiva (UNEP, 2011, p.16). Possui três estratégias principais: a redução das emissões de carbono, uma maior eficiência energética e no uso de recursos, evitando a perda de biodiversidade e conservando os serviços ecossistêmicos. Assim, a Economia Verde é constituída de mecanismos que estão relacionados a três vertentes: 19Produção e consumo sustentáveis Para centralizar os esforços na Economia Verde, foram priorizados alguns temas. Energia e Mudanças Climáticas: A Economia Verde promove ações relacionadas ao combate às mudanças climáticas, além de impulsionar mecanismos que promovam processos produtivos limpos e de geração de energia limpa, com a priorização de energias sustentáveis para todos. Cidades Habitáveis - Construção Civil e Transporte Sustentável: Envolve melhorias em transporte público e na construção civil, por meio de compromissos de governos, instituições financeiras internacionais, autoridades locais e comunidades, buscando uma melhor qualidade de vida nas cidades, por meio do fortalecimento dos serviços prestados à sociedade. Assim, planejamento urbano focado na melhoria da mobilidade para usuários de transporte público, ciclistas e pedestres; aumento da eficiênciano uso da água; melhoria da qualidade dos empreendimentos de habitação de interesse social, eficiência energética nas habitações, bem como redução do impacto nos ecossistemas naturais, foram temas inseridos na agenda da Economia Verde para promoção de cidades habitáveis. Podemos citar como exemplo o Transporte de Baixo Carbono, como trens e ônibus elétricos, e o o sistema BRT (Bus Rapid Transit), sistemas de transporte sustentáveis, compostos por ônibus de alta capacidade que circulam por corredores exclusivos. Agricultura e Alimentos: A Economia Verde busca disseminar boas práticas agrícolas usando tecnologias acessíveis a pequenas propriedades rurais e à agricultura familiar, objetivando cultivos sustentáveis e o aumento na produção de comida e na renda de pequenos agricultores. Oceanos e Pesca: Segundo a ONU (2012), 85% de todas as espécies de peixes estão sobre-exploradas, esgotadas, em recuperação ou plenamente exploradas, assim foi enfatizada a necessidade de ações nesse segmento, que envolvam governos, a ONU e as organizações regionais e não governamentais para conter a sobrepesca. 20Produção e consumo sustentáveis Indústria, Químicos e Resíduos: Em relação ao setor industrial, há proposição de ações que busquem ampliar o uso de fontes de energia ou de matérias- primas renováveis, alternativas não contaminantes ou substituição de produtos perigosos aos ecossistemas, uso mais eficiente dos recursos ambientais (energia, materiais, solo, água etc.) e a redução de qualquer forma de desperdício (resíduos, efluentes, gases de efeito estufa etc.). Florestas e Uso da Biodiversidade: A Economia Verde propõe atividades que avisam o uso e conservação das florestas e da biodiversidade, considerando que essas práticas são indutoras de emprego, além de gerarem benefícios relacionados à produção e conservação dos serviços ecossistêmicosflorestais, que incluem o gerenciamento de carbono e a regulação do clima, a manutenção da qualidade da água, o fornecimento de energia, bem como todas as atividades planejadas de turismo na natureza. Os serviços ecossistêmicos são conservados quando o homem trabalha para a preservação do ecossistema, executando um serviço ambiental. Essas práticas promovem a manutenção da qualidade de vida no planeta (clima, qualidade dos recursos hídricos e manutenção da biodiversidade). Logística Verde A Logística, segundo Simonato (2011, p.123), é “um conjunto de recursos (mão de obra, recursos de produção, máquinas, elementos de movimentação e armazenagem) empregados para desenvolver fisicamente todas as operações de fabricação, espaço físico para armazenagem e movimentação, que permitam assegurar o fluxo de matérias desde os fornecedores até o cliente”. Quando a gestão ambiental é aplicada à Logística, passa a denominá-la de Logística Verde, que, segundo Donato (2013): “É a área da logística que se preocupa com os aspectos e impactos da atividade logística sobre o seu entorno (comunidade e meio ambiente). Esse é o termo usado para definir um instrumento de gestão que irá mensurar os aspectos e impactos da atividade 21Produção e consumo sustentáveis logística e dessa forma criar mecanismos para: conter o aumento abusivo de emissão de resíduos ao meio ambiente, o armazenamento desprotegido de materiais, melhorar a eficiência nas formas de uso, reaproveitando materiais e energia por meio da reciclagem, reuso e redução na demanda.” São várias as ações a serem tomadas para garantir um sistema logístico verde. Definir roteiros mais curtos para reduzir o gasto de combustível, pneu, óleo, baterias, dentre outros itens relacionados ao transporte, assim como as emissões atmosféricas; utilizar combustível renovável ou com baixa emissão de carbono, a exemplo do álcool, biodiesel e gás natural; reciclar os resíduos gerados, tais como pneu, óleo lubrificante e baterias; utilizar transporte menos impactante considerando não somente rodovia, mas também as hidrovias, ferrovias e aéreo, entre outros. EXEMPLOEXEMPLO A Logística Verde, além de ajudar na proteção ambiental, pode conferir ganhos econômicos às empresas porque reduz os gastos, inclusive com acidentes ambientais, emissões atmosféricas, dentre outros; melhora a imagem da empresa para todas as partes interessadas (comunidade, clientes, governo...) e confere melhor qualidade de vida à população. Construção sustentável A construção civil vem ganhando destaque por promover a construção de edificações, obras viárias, infraestrutura (rodoviária e portuária) e industriais sustentáveis, que visa conciliar ganho financeiro, proteção ao meio ambiente e qualidade de vida por meio da adoção de práticas de produção e consumo de bens e serviços mais eficientes, e é um dos setores econômicos que mais gera emprego em nosso país. 22Produção e consumo sustentáveis De acordo com a Agenda 21 para a Construção Sustentável em países em desenvolvimento, o conceito de construção sustentável é “um processo holístico que aspira a restauração e manutenção da harmonia entre os ambientes natural e construído, e a criação de assentamentos que afirmem a dignidade humana e encorajem a equidade econômica”. A construção sustentável tem como principal compromisso a redução de possíveis impactos ambientais que possam vir a surgir com as construções, desde a fase de obra até o seu uso. Essa nova tendência foi inicialmente disseminada em 1992, quando o evento Rio-92 abordou as possíveis práticas sustentáveis na construção civil. Naquele momento se estabeleceu diretrizes para alcançar um modelo de edificações que refletisse as características do ambiente natural, aliando aos processos da construção o conceito de ecologia. Após a Rio-92, encontros e conferências foram realizadas para discutir esse novo modelo, e, em 1998, no Reino Unido, foi lançada a primeira entidade de certificação de prédios sustentáveis no mundo a BREEAM – Building Research Establishment Environmental Assessment Method, que significa Método de Avaliação Ambiental do Estabelecimento de Pesquisa para Edifícios (IDHEA, 2014). Projeto de construção sustentável Para conseguir vencer os desafios, e realizar projetos de construções sustentáveis, é necessário que haja adoção de práticas sustentáveis, desde a elaboração do projeto até a execução da obra. Pensando nas estratégias sustentáveis para a construção, foi lançado, em 2010, pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o Programa de Construção Sustentável. Os sete temas definidos pela CBIC como prioritários para a elaboração de projetos sustentáveis na construção civil (CBIC, 2014) são: 23Produção e consumo sustentáveis Meio ambiente, infraestrutura e desenvolvimento urbano: esse tema propõe associar os aspectos ambientais e sociais na elaboração dos projetos, tendo em vista a elaboração de propostas sistêmicas em harmonia com o ambiente. Uma estratégia a ser utilizada é o planejamento do uso e ocupação do solo, essencial para a sustentabilidade, propondo soluções para adensamento populacional, alteração de paisagem natural, desmatamento, desvio de cursos d´água, formação de barreiras arquitetônicas, alteração de microclimas, mobilidade urbana e gerenciamento de resíduos sólidos. Nesse tema, algumas das ações sugeridas pelo Programa de Construção Susten- tável são: Incentivo a iniciativas para a recuperação de áreas degradadas com o estabelecimento de critérios e procedimentos para agilizar processos de recupera- ção; estímulo a iniciativas para aproveitamento da madeira apreendida pelo Ibama; valorização das boas práticas e dos atores dos municípios para a formulação de políticas públicas em sintonia com necessidades e interesses dos habitantes das cidades. Água: as estratégias devem promover o uso eficiente da água, proporcionando diminuição do custo e redução dos impactos socioambientais. São exemplos de algumas ações: formulação de políticas públicas que estimulem o reaproveitamento das águas pluviais em edifíciosresidenciais, comerciais e públicos; propor uma legislação para a medição individual de consumo nas edificações novas e construídas; reduzir perdas na distribuição e etc. Energia: as estratégias de ação devem se preocupar em oferecer qualidade de vida ao consumidor e cuidado ambiental com redução de consumo de energia. Podemos citar como ações prioritárias: capacitar atores e consultores que atuam na cadeia produtiva; uso de fontes renováveis e da criação de redes que permitam o compartilhamento da energia local excedente nas edificações. Mudanças climáticas: a estratégia de ação é a aquisição de materiais de construção oriundos de produção sustentável, com baixa emissão de CO2, um dos fatores responsáveis pelas mudanças climáticas. Podemos citar como ações: estímulo à legislação específica, inclusive nos códigos de obras e elaboração de ferramentas para produção de inventários de gases de efeito estufa. 24Produção e consumo sustentáveis Materiais e sistemas: a estratégia é utilizar materiais reciclados ou ecológicos na estrutura e no acabamento, tornando a construção mais sustentável. Sugere-se como ações: reforçar a obrigatoriedade de compra de produtos em conformidade com as Normas ABNT (PSQs – do SiMAC/PBQP-H), visando garantir padrões mínimos de qualidade e fomentar a pesquisa, desenvolvimento e inovação de novos materiais, com menor impacto ambiental. Resíduos: a estratégia é incentivar a gestão dos resíduos, e, como ações, podemos citar a promoção de parcerias público-privadas para implementação das áreas de manejo de resíduos e estabelecer, efetivamente, a logística reversa, por parte dos fornecedores, a ser prevista nos acordos setoriais. Desenvolvimento Humano: a estratégia prevê identificar a demanda e disseminar boas práticas de responsabilidade social com vistas à promover a qualificação profissional por meio de ações como: mapeamento socioeconômico e capacitação de profissionais para aplicação da Lei 11.888/2008, que assegura às famílias de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social. Os estudos e planejamentos são realizados desde o momento de elaboração do projeto até a execução e uso do espaço a ser utilizado para construção. Algumas inovações e alternativas que são utilizadas para viabilizar as construções sustentáveis, como a certificação de práticas sustentáveis e os selos, estimulam a implementação de práticas sustentáveis. Como exemplos, podemos citar: O Selo AQUA (Alta Qualidade Ambiental) Desenvolvido em 2008, primeiro selo de certificação de construções sustentáveis no Brasil; e o Selo Casa Azul CAIXA, desenvolvido em 2009, para racionalizar o uso dos recursos naturais e reduzir os custos de manutenção dos edifícios. 25Produção e consumo sustentáveis Selo PROCEL EDIFICA, voltado à Eficiência Energética das Edificações – EEE Tem como meta o desenvolvimento de um conjunto de projetos visando (ELOBRAS,2014): investir em capacitação tecnológica e profissional com o objetivo de estimular a pesquisa e o desenvolvimento de soluções adaptadas à realidade brasileira, de forma a reduzir o consumo de energia elétrica nas edificações; atrair um número cada vez maior de parceiros ligados aos diversos segmentos da construção civil, para melhorar a qualidade e a eficiência das edificações brasileiras; divulgar os conceitos e práticas do bioclimatismo, por meio da inserção dos temas conforto ambiental e eficiência energética nos cursos de Arquitetura e Engenharia, para formar uma nova geração de profissionais compromissados com o desenvolvimento sustentável do País; disseminar os conceitos e práticas de EEE entre os profissionais de arquitetura e engenharia, e aqueles envolvidos em planejamento urbano; apoiar a implantação da regulamentação da Lei de Eficiência Energética (Lei 10.295/2001) no que toca às edificações brasileiras; e orientar tecnicamente os agentes envolvidos e técnicos de Prefeituras, para adequar seus Códigos de Obras e Planos Diretores. Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) Existe também a certificação LEED, que atesta que a obra (antes, durante e depois) atende aos princípios da sustentabilidade para a construção civil. No Brasil, a certificação LEED é representada oficialmente pelo Green Building Council Brasil (GBC-Brasil), que certifica empreendimentos e construções em quatro níveis, sendo avaliado: a eficiência energética; o uso racional da água, materiais e recursos; a qualidade ambiental interna; os espaços sustentáveis; as inovações e tecnologias; e, os créditos regionais (GBC, 2014). Para assegurar que o empreendimento esteja em conformidade com a sustentabilidade, além dos selos, existe a certificação das empresas do setor pelo Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras (SIAC), do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). Enfim, um projeto de construção sustentável deve satisfazer ao consumidor, ser viável economicamente para os investidores e ser produzido com técnicas que proporcionem a proteção ao meio ambiente. 26Produção e consumo sustentáveis Varejo sustentável Operações e lojas sustentáveis: optando por construções mais sustentáveis e adoção da gestão ambiental; Gerenciamento da cadeia produtiva: o setor de varejo pode incentivar seus fornecedores a desenvolver produtos sustentáveis. Educação e informação para os consumidores: o varejo pode incentivar os consumidores a realizarem compras sustentáveis, além de educá-los no uso e descarte de produtos de maneira adequada. O varejo é composto por uma gama de empresas que tem como objetivo vender produtos e serviços que atendam uma necessidade pessoal do consumidor final (PARENTE, 2000, p.22 apud AMADEU JUNIOR, 2009). Trata-se da principal ligação entre a indústria (produção) e o consumidor (consumo), ou seja, é o local onde ocorre boa parte das transações de mercado. Segundo o Fórum de Varejo e Consumo Sustentável realizado pela Fundação Getúlio Vargas, o varejo sustentável é aquele em que: (...) por meio da promoção de produtos mais eficientes e menos poluentes, da mobilização da cadeia produtiva e da educação e informação dos seus consumidores, o varejista irá atender ao anseio dos consumidores que buscam consumir de forma a produzir menores impactos sociais e ambientais (FGV, 2009). Dessa maneira, podemos dizer que varejo sustentável corresponde à atividade varejista preocupada com a comercialização de produtos ambientalmente corretos, além de contribuir com o processo de sensibilização dos consumidores a comprar produtos que sejam menos impactantes ao meio ambiente. 27Produção e consumo sustentáveis Outro fator que contribui para o desenvolvimento de ações sustentáveis no setor de varejo é a imagem perante a sociedade. As empresas que são negligentes com o meio ambiente podem ter sua imagem comprometida no mercado, gerando efeitos negativos na lucratividade. Em contrapartida, empresas preocupadas com as questões ambientais podem ganhar visibilidade e maior competitividade em relação aos seus concorrentes. Agricultura sustentável A agricultura é uma atividade muito importante para a sociedade e para economia, pois ao tempo que produz alimentos de qualidade e necessários à vida humana, fortalece a economia do País. No entanto, alguns aspectos relacionados à produção na agricultura causam impactos ambientais e, dentre eles destacamos: consumo de água, uso de produtos químicos no solo e nas plantações, alterações nos padrões de uso e ocupação de solo, eutrofização de mananciais, e geração de resíduos de embalagens de produtos químicos. Esses aspectos, por sua vez, podem gerar impactos na qualidade do solo e da água superficial e subterrânea; contribuir com a escassez da água; e, por meio da cadeia alimentar, contaminar o ser humano. Com o tempo, despertamos para a necessidade de desenvolver boas práticas agrícolas, que assegurem um meio ambiente saudávele estabeleçam um padrão de desenvolvimento sustentável que equilibre a produção e o consumo de alimentos. O conceito de agricultura sustentável surge após o Relatório de Brundtland, que abordou a questão da sustentabilidade para os mais distintos ramos, inclusive a agricultura. Em 1987, o relatório já chamava a atenção para os insustentáveis padrões de produção e consumo. Assim, a agricultura sustentável visa a conservação dos recursos naturais (solo, água) e recursos genéticos (animais e vegetais) com o uso de técnicas apropriadas que assegurem o desenvolvimento econômico e social com a proteção ambiental. Conforme a Agenda 21 (Capítulo 14, p 175): “O principal objetivo do desenvolvimento rural e agrícola sustentável é aumentar a produção de alimentos de forma sustentável e incrementar a segurança alimentar. Isso envolverá iniciativas na área da educação, o uso de incentivos econômicos e o desenvolvimento de tecnologias 28Produção e consumo sustentáveis novas e apropriadas, dessa forma assegurando uma oferta estável de alimentos nutricionalmente adequados, o acesso a essas ofertas por parte dos grupos vulneráveis, paralelamente à produção para os mercados; emprego e geração de renda para reduzir a pobreza; e o manejo dos recursos naturais juntamente com a proteção do meio ambiente.” Dessa forma, o desafio da agricultura sustentável é estimular modelos de sistemas agrícolas inovadores, que promovam o desenvolvimento rural socialmente justo e que busquem associar o conhecimento técnico e científico ao conhecimento tradicional existente. É preciso destacar que o termo agroecologia é bastante utilizado quando se trabalha com o tema da agricultura sustentável. A Agroecologia é uma ciência que se propõe a manejar os sistemas agrários de forma integrada e sustentável, através da construção de estratégias de desenvolvimento rural, com produção, consumo e comercialização sustentáveis dos alimentos (RIECHMANN, 2002 apud EMBRAPA, 2006). NOTANOTA Ao sugerir alternativas de manejo dos recursos naturais, de forma sustentável, com participação social e equilíbrio entre produção e consumo, surge a Agroecologia, que propõe a aplicação dos princípios ecológicos à produção agropecuária, e incorporação de técnicas para diversificação de sistemas de produção com redução da degradação e impacto ambiental (EMBRAPA, 2006). A Agroecologia possui várias linhas de ações que buscam estabelecer uma prática que contribua para alcançar uma Agricultura Sustentável. O entendimento é de que a agroecologia é de extrema importância, pois a base para seus principais sistemas de produção são os conhecimentos tradicionais. Existe na literatura diferentes nomenclaturas para os sistemas da agricultura ecológica. Vamos conhecer de forma mais detalhada as mais abordadas, que, segundo a EMBRAPA (2006), são: 29Produção e consumo sustentáveis Agricultura Orgânica Vertente mais conhecida da agroecologia que se baseia na adoção de boas práticas para manter a fertilidade do solo e a saúde das plantas. Diversificam as culturas, realizam a rotação de culturas, adubação orgânica (adubos verdes e compostagem), fazem manejo ecológico de pragas e doenças. Permacultura Esse método se preocupa em criar sistemas agrícolas integrados com o ambiente natural, com disposição espacial das espécies vegetais semelhante ao encontrado na natureza e associadas à produção animal. Assim como em outros sistemas, busca- se a cooperação do homem com a natureza, respeita-se os princípios da natureza e valoriza o conhecimento tradicional. Uma característica marcante da permacultura é o paisagismo, que normalmente busca criar um ambiente saudável e sustentável, inspirado nas cadeias alimentares. As edificações e infraestrutura (energia, água) necessárias ao ambiente humano poderão estar presentes, associadas às plantas e animais, e às áreas de preservação ambiental. Sistema Agroflorestal – SAF Prática utilizada há bastante tempo pelos indígenas que consiste na exploração dos solos com modelos que mais se aproximem do sistema natural, com uso sustentável do ecossistema e que combinem espécies florestais, culturas agrícolas e/ ou com a pecuária (CEPLAC, 2014). O sistema agroflorestal se caracteriza por combinação de cultivos agrícolas com plantações de árvores frutíferas ou florestais, com 1 ou 2 espécies de plantas (ou plantas e animais), utilizando técnicas de cultivos e manejo que valorizam a cultura tradicional da região. Selos de agricultura sustentável Para assegurar que o produto foi produzido a partir de sistemas que preconizam a agricultura sustentável, a agroindústria se submete aos sistemas de certificação para obtenção de selos. Dessa forma, os consumidores têm a garantia da qualidade dos produtos e da preservação ambiental. No Brasil, um exemplo de empresa certificadora, é o Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD). Esse instituto verifica se o produto está sendo cultivado e/ou processado de acordo 30Produção e consumo sustentáveis com as normas de produção orgânicas e seu certificado é aceito no mundo inteiro. Os seguimentos certificados pelo IBD são os mais diversos possíveis, podemos citar como exemplos: apicultura, cosméticos, vinho, alimentos, pousadas, hotéis, silvicultura e produtos extrativistas etc. Por seguir as normas nacionais e internacionais, os produtos certificados são reconhecidos na Europa, Estados Unidos e Japão. De fundamental importância no processo de incentivo à agricultura ecológica, o processo de certificação traz como novidade o envolvimento de projetos de pesquisas e assessoramento técnico aos produtores, promovendo consciência ecológica e fortalecendo o desenvolvimento sustentável. É importante termos conhecimento de como a agricultura brasileira é sustentável. Hoje, o Brasil figura entre os maiores produtores de alimentos do mundo, mantendo mais de 60% da vegetação nativa conservada, a maior biodiversidade do planeta e um estoque de 20% da água doce potável do mundo. IMPORTANTEIMPORTANTE Conceitos iniciais de consumo O padrão de vida socioeconômico é um dos pontos que mais influencia o padrão de consumo das pessoas. Por exemplo, quanto maior o poder aquisitivo, maior o consumo que, por sua vez, acarreta aumento na demanda de energia, água e outros elementos naturais. Assim, é preciso discutir alguns conceitos para definir práticas que visem o consumo sustentável. Consumo e consumismo: Cada vez mais ouvimos nos meios de comunicação as palavras consumo e consumismo. Enquanto o consumo é a necessidade de obter um serviço ou produto para atender a uma finalidade específica, o consumismo não analisa a real necessidade. Cabe destacar que o consumo interage diretamente com a sustentabilidade e pode ser um poderoso instrumento para alcançá-la. Já o consumismo vem a ser o ato de consumir, em excesso, produtos e serviços que, na 31Produção e consumo sustentáveis maioria das vezes, o consumidor não tem necessidade alguma de adquirir. Muitos de nós não paramos para pensar de que forma compramos, por que compramos e o que pode estar associado ao ato de comprar. - Consumo verde: Ao escolher produtos sustentáveis o consumidor tem a possibilidade de valorizar seu poder de compra e influenciar o mercado produtor. Nessa estratégia, as empresas investem em inovação e tecnologia para a produção de produtos verdes. No entanto, esses produtos se tornaram mais caros, não atingindo a maioria da população. O consumidor passa a trocar de marcas e continua a consumir na mesma velocidade, mas, por outro lado, passa a dar preferência a produtos ambientalmente corretos. - Consumo consciente e responsável: A proposta do consumo consciente e responsável, também conhecido como consumo ético, é a mudança individual no padrão de consumo considerando não somente o aspecto ambiental, mas, também, o social. Esse consumidor se preocupa com suas escolhas, pesquisa informações, analisa o produto e dá preferência por empresas sérias, comresponsabilidade ambiental e que sejam socialmente justas, economicamente viáveis e ambiental e socialmente corretas, de acordo com os princípios da sustentabilidade. - Consumo Sustentável: O consumo sustentável é uma proposta mais ampla que as anteriores, pois além das inovações tecnológicas e das mudanças nas escolhas individuais de consumo, enfatiza ações coletivas e mudanças políticas, econômicas e institucionais para fazer com que os padrões e os níveis de consumo se tornem mais sustentáveis. Direitos e deveres dos consumidores A construção do padrão consciente de consumo exige relações mais estreitas entre governo, produtores, comerciantes e consumidores em busca de formas alternativas e solidárias de produção, articulando experiências de mercados limpos e justos com o movimento de consumidores. Normalmente o consumo e a cidadania são pensados juntos e o ato de adquirir um bem de consumo segue as forças do mercado que influenciam e direcionam 32Produção e consumo sustentáveis muitas de nossas ações. Para se proteger, o consumidor deve ser crítico, ético e responsável por suas atitudes, ter interesse pelos problemas coletivos, se associar e sempre reivindicar novos direitos. Quando o consumidor, após adquirir um produto, ficar insatisfeito, perceber que foi ou poderá ser lesado, ele poderá agir de duas formas: individualmente, buscando um ressarcimento pelo dano causado ou coletivamente, se possuir informações necessárias para uma análise crítica e perceber que o produto adquirido ou o serviço contratado não é seguro ou traz prejuízos sociais e ambientais, entrando com ação coletiva contra a empresa ou acionando o Ministério Público, ou seja, agindo de fato como um cidadão. Podemos citar como estratégias de proteção do consumidor: 33Produção e consumo sustentáveis Perceba que no momento em que as insatisfações são identificadas e discutidas coletivamente, temos a possibilidade de contribuir para uma sociedade mais justa. Para assegurar nosso direito enquanto consumidores, várias leis foram elaboradas para garantir o direito do consumidor e uma relação saudável entre as empresas e a sociedade. No Brasil, no início dos anos de 1990, iniciou a vigência da mais importante lei para os consumidores, o Código de Defesa do Consumidor, que institui vários tipos de proteção para quem adquire produtos e serviços no mercado. O documento prevê também padrões de conduta, prazos e penalidades em caso de desrespeito à lei (BRASIL, 2009). Os direitos dos consumidores, em geral, têm consagração no artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, Lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, sintetizados da seguinte forma: • Proteção da vida, saúde e segurança; • Educação para o consumo; • Informação adequada e clara sobre produtos e serviços; • Proteção contra a publicidade enganosa e abusiva e métodos comerciais ilegais; • Proteção contra práticas e cláusulas abusivas nos contratos; • Prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais; • Adequação e prestação eficaz dos serviços públicos em geral; • Acesso à justiça e aos órgãos administrativos e facilitação da defesa em favor do consumidor. 34Produção e consumo sustentáveis Além do mercado, o setor público também começou a atuar com essas pautas, pois, como grande consumidor, consegue influenciar na produção e consumo sustentáveis dos bens e insumos. Segundo o Guia Nacional de Contratações Sustentáveis (Advocacia Geral da União – AGU, 2020), estima-se que as contratações públicas federais no Brasil representam 20,2% do Produto Interno Bruto (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Participação da Despesa de Consumo das Administrações Públicas em Relação ao Produto Interno Bruto. Séries Históricas e Estatísticas). Dessa forma, a licitação/contratação sustentável constitui significativo instrumento do qual dispõe a Administração Pública para exigir que as empresas que pretendam contratar com o Poder Público cumpram requisitos de sustentabilidade social, econômica e ambiental, desde a produção até a distribuição de bens, assim como na prestação de serviços e na realização de obras de engenharia. A A3P é um programa de responsabilidade socioambiental, de adesão voluntária, e se destina às três esferas de governo (federal, estadual e municipal) e aos três poderes da república (executivo, legislativo e judiciário). O programa tem por objetivo estimular os gestores públicos a incorporar princípios e critérios de gestão sustentável em suas atividades rotineiras. Baseado em eixos temáticos, visa reduzir gastos institucionais por meio do uso racional dos recursos naturais e dos bens públicos, da gestão adequada dos resíduos, e de outros princípios. É importante destacar que a A3P tem como foco a mudança de comportamento e que a redução de gastos é consequência de uma gestão eficiente, e não o seu objetivo final. SAIBA MAISSAIBA MAIS Essas ações embasam e estruturam os seis eixos temáticos da A3P. A Agenda se encontra em harmonia com o princípio da economicidade, que se traduz na relação custo-benefício positiva e, ao mesmo tempo, atende ao princípio constitucional da eficiência na administração pública, incluído no texto da Carta Magna (art. 37) por meio da Emenda Constitucional nº 19/1998. 35Produção e consumo sustentáveis A A3P pode ser considerada como o marco indutor de adoção da gestão ambiental no âmbito da Administração Pública brasileira. É um programa de cará ter voluntá- rio, sem natureza impositiva e regulatória. O que se busca é uma ação exemplar do gestor público a partir da compreensão do que é a responsabilidade organizacional nos âmbitos social, econômico e ambiental. 5R - repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar A Agenda Ambiental do Ministério do Meio Ambiente prioriza como um dos seus princípios a política dos 5 Rs: Repensar a necessidade de consumo e os padrões de produção e descarte adotados. Recusar possibilidades de consumo desnecessário e produtos que gerem impactos ambientais significativos. Reduzir significa evitar os desperdícios, consumir menos produtos, preferindo aqueles que ofereçam menor potencial de geração de resíduos e tenham maior durabilidade. Reutilizar é uma forma de evitar que vá para o lixo aquilo que não é lixo, reaproveitando tudo o que estiver em bom estado. É ser criativo, inovador usando um produto de diferentes maneiras. Reciclar significa transformar materiais usados em matérias-primas para outros produtos por meio de processos industriais ou artesanais. Logística reversa A palavra “reversa” é para indicar o “retorno”, ou seja, a logística reversa visa garantir o retorno do resíduo sólido para o processo produtivo, como matéria-prima, ou para outra forma de destinação final ambientalmente adequada. Veja a seguir o conceito de logística reversa, segundo a Lei Federal nº 12.305, de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em seu Art. 36Produção e consumo sustentáveis 3º: “A logística reversa é o instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).” São muitos os ganhos com a reciclagem e eles são possíveis devido à ajuda da logística reversa. A redução: (i) do consumo de recursos naturais como matéria- prima; (ii) do consumo de energia; (iii) da perda da biodiversidade com a exploração de recursos naturais; (iv) da geração de resíduos sólidos, efluentes e emissões atmosféricas; e do (v) custo de tratamento dos resíduos, podem ser citados como ganhos com a prática de reciclagem. Já os ganhos econômicos, apesar do custo com o sistema logístico, consistem em obter uma matéria-prima mais barata. NOTANOTA Além de todas as contribuições em relação aos ganhos ambientaise econômicos, somente com a PNRS, a logística reversa passou a ser considerada e instituída como um instrumento de gestão dos resíduos sólidos. Sendo assim, não somente o governo é responsável pela gestão dos resíduos, mas, também, as empresas e consumidores. A essa responsabilidade pela gestão dos resíduos dá-se o nome de responsabilidade compartilhada. Rotulagem ambiental e selos verdes Os termos rotulagem e selos ambientais, também conhecidos como rotulagem ecológica e selos verdes, estão relacionados com certificação de produtos adequa- dos ao uso e que apresentam menor impacto no meio ambiente em relação a outros produtos comparáveis disponíveis no mercado. Os selos, como também outras atividades dos programas de rotulagem ambiental, servem a uma variedade de propósitos e têm como objetivo um público específico (BARBOZA, 2001). 37Produção e consumo sustentáveis Com o despertar para a relevância das questões ambientais, alguns países desen- volvidos saíram na frente em relação à Rotulagem Ambiental. O primeiro selo ver- de foi o “Anjo Azul” (Blauer Engel), em 1978, selo do governo alemão, certificava os produtos que eram provenientes de reciclagem, com baixa toxicidade, sem CFC (clorofluorcarbonetos) etc. Proliferaram, assim, rótulos e declarações de desempe- nho ambiental, quer voluntários ou quer obrigatórios. Dessa forma, mesmo com a variedade de rótulos ambientais a rotulagem ambiental se tornou um poderoso instrumento de mercado, pois as empresas que passam a reconhecer as preocupações ambientais ganharam vantagem competitiva e come- çaram a despertar o interesse do consumidor, sendo diferencial para escolha na hora da compra. Essa iniciativa alcançou grande repercussão e houve a preocu- pação com a credibilidade e a busca pela imparcialidade. Assim, foram formadas organizações públicas (entidades governamentais) e privadas (entidades indepen- dentes) com o objetivo de validar produtos e serviços rotulados. Nesse contexto, em 1993, foi criada a série de Normas ISO 14020. Esta série surge como resultado da necessidade de normatizar a relação entre produtos e consumi- dores, ou seja, as relações B2B (Business to Business) a nível internacional. Des- sa maneira, além dos rótulos ambientais, os produtores passaram a apresentar a metodologia de avaliação e verificação geral, fazendo autodeclarações ambientais de que os seus produtos são ambientalmente orientados, através de instrumento denominado “declaração ambiental” (BARRETO, 2007). A rotulagem ambiental, de acordo com a norma ISO 14020, determinou um conjunto de critérios para avaliar os esquemas de rotulagem ambiental que busca estimular a procura de produtos e serviços por meio de um conjunto de informações indica- tivas e relevantes sobre os seus desempenhos ambientais, conforme veremos a seguir: Rotulagem Tipo I – Rótulos ambientais certificados ou Programas de Selo Verde – ISO 14024 Os rótulos ambientais (Tipo I) são utilizados por produtos ou embalagens, verificados por uma parte independente da produção ou venda dos produtos, podendo esta ser executada por instituições governamentais, do setor privado ou organizações 38Produção e consumo sustentáveis sem fins lucrativos. Também são conhecidos por programas de 3ª parte que estabelecem critérios de forma independente, proporcionando assim credibilidade e transparência à certificação do processo. Atualmente, no Brasil, somente de agricultura orgânica são cerca de 20 selos no mercado. Em relação à faixa de consumo de energia dos eletrodomésticos, o país apresentou importantes avanços com o selo “Procel”, por exemplo, do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Na área de manejo florestal, se instalaram no Brasil algumas das certificadoras internacionais, tais como: Forest Stewardship Council (FSC), o maior certificador de mundial, que aqui chama-se Conselho Brasileiro de Manejo Florestal. Rotulagem Tipo II – Autodeclarações Ambientais - ISO 14021 As Rotulagens Tipo II, conhecidas como “autodeclarações”, são feitas pelos produtores, importadores ou distribuidores, de modo a comunicar informação sobre aspectos ambientais dos seus produtos e serviços. São também chamadas de Programas de 1ª Parte, pois envolvem rotulagem de produtos ou embalagens, declarados diretamente por aqueles que serão beneficiados, que geralmente são: fabricantes, varejistas, distribuidores ou comerciantes do produto. Esses rótulos ou declarações surgiram no final dos anos 80 e início dos anos 90 e são feitos pela parte que faz a reivindicação ambiental, uma empresa ou instituição, que declara sem verificação independente. Entretanto, existe a Norma ISO 14021, que “especifica os requisitos para autodeclarações ambientais, incluindo textos, símbolos e gráficos, no que se refere aos produtos”. Rotulagem Tipo III – Declarações Ambientais de Produto (EPDs) A Rotulagem Tipo III, ou Declaração Ambiental de Produto (Environmental Product Declaration, EPD), é um conjunto de dados ambientais quantificáveis ao longo do ciclo de vida do produto ou serviço, através de diagramas que apresentam indicadores ambientais (aquecimento global, depleção de recursos, resíduos, entre outros), acompanhados da sua respectiva interpretação, baseados nos requisitos específicos para as diferentes categorias de produto. 39Produção e consumo sustentáveis São também chamados de 2ª parte, pois não é o próprio produtor, nem uma terceira parte desinteressada da venda do produto quem garante as informações prestadas, mas um grupo de pessoas ou empresas que se reuniu para definir alguns critérios a fim de que os produtos adquiram o selo. Esse tipo de rotulagem é definido pela norma NBR ISO 14025, a qual estabelece categorias de parâmetros para a elaboração de declarações ambientais do produto e é desenvolvida por iniciativa da própria indústria, por associações comerciais, ou por determinados segmentos empresariais que se responsabilizam pelo fornecimento das informações contidas nos selos. Esses rótulos não estão consolidados tecnicamente, pois somente incluem as categorias de impacto que já foram estudadas no âmbito de cada produto e as linhas diretrizes para o estudo do Avaliação do Ciclo de Vida - ACV. Compras sustentáveis Falando em conceitos, a palavra rastreabilidade tem o seu significado vinculado à capacidade de seguir o rastro, a pista, a vida anterior do produto comprado. Essa noção está ligada à Avaliação do Ciclo de Vida, e é a forma do consumidor ou do comprador entender a origem do produto adquirido. Rastreabilidade é um tema muito interessante e já vem sendo trabalhado no Brasil para garantir, por exemplo, a procedência (origem) da madeira através do Documento de Origem Florestal (DOF). Para o consumidor é importante observar o rótulo do produto, pois esse deve conter as informações da empresa e do seu conteúdo; pesquisar sobre a empresa também é uma postura consciente, pois muitas apresentam diversas certificações ambientais, rótulos de projeção internacional e, também, sistemas de gestão reconhecidos pelos seus pares. Por outro lado, é difícil fazer a escolha do produto ou do serviço baseando-se nesses critérios, pois, para o cidadão que também é consumidor, os parâmetros de preço e custo-benefício ainda são os mais importantes. 40Produção e consumo sustentáveis Compras sustentáveis no setor privado O olhar focado em preço, prazo e qualidade faz parte da interminável jornada do comprador institucional (BETIOL et al., 2012). Nesse sentido, ainda segundo os autores, “a aquisição de bens e serviços pode representar mais de 50% dos gastos de uma empresa, podendo ultrapassar a marca dos 80% em setores como o varejo e as indústrias eletrônica e automotiva” (BETIOL et al., 2012). No setor privado, o processo de aquisição é relativamente mais simples, seguindo geralmente o critério de “menor preço”, não incluindo o sistema licitatório observado no setor público. Dessa forma, diversosfatores podem ser levados em consideração dentro das organizações, além do ciclo de vida do produto, a localidade do produto/ serviço, o tipo de descarte e tantos outros. Dentro da lógica que atenda aos critérios da sustentabilidade, o setor público (que efetua um grande volume de aquisições anualmente) também começou a aderir às compras sustentáveis, mas com uma nomenclatura diferente: Compras Públicas Sustentáveis (CPS). Compras Públicas Sustentáveis - CPS Por que é tão importante para o setor público realizar compras sustentáveis? De acordo com o ICLEI (2014), “as compras e contratações públicas movimentam entre 10 e 20 % do PIB nos países latino-americanos”, conforme divulgado pela Rede Interamericana de Compras Governamentais. Ainda, segundo a rede, ao constatar alternativas inovadoras e adotar novos conceitos e critérios, “é possível incentivar um desenvolvimento mais sustentável por meio da ampliação de oferta de produtos mais sustentáveis e inovadores pelo mercado” (ICLEI, 2014). IMPORTANTEIMPORTANTE 41Produção e consumo sustentáveis De acordo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, “a prática de CPS permite atender as necessidades específicas dos consumidores finais através da compra do produto que oferece o maior número de benefícios para o ambiente e para a sociedade”. As compras públicas sustentáveis são um subtema dentro da proposta das compras sustentáveis que merecem um destaque diferenciado, pois adiciona requisitos especiais nas aquisições, uma vez que são feitas exclusivamente pelo setor público. Outrossim, os compradores do setor público precisam cumprir as determinações relativas à Lei nº 8666/1993, que determina a compra por meio de processo de licitação, com as aplicações do Decreto nº 7746/2012, que permite a adoção de critérios e práticas de sustentabilidade nas aquisições públicas. Adicionar critérios de sustentabilidade nas aquisições públicas não é mais uma novidade no mundo e no nosso país, pois já vem sendo adotado por alguns estados e até pela federação. Dessa forma, amadurecer alguns processos, adotar sistemas de gestão e aliar-se a empreendedores sustentáveis tem sido uma inteligente medida do setor público. 42Produção e consumo sustentáveis Encerramento Parabéns! Você concluiu a leitura do conteúdo deste curso. Realize as atividades propostas na página inicial do curso e obtenha seu certificado. Até o próximo curso. 43Produção e consumo sustentáveis Referências Bibliográficas AECA – Asociación Española de Contabilidad y Administración de Empresas. Documentos - AECA serie Responsabilidad Social Corporativa. Marco Conceptual de la Responsabilidad Social Corporativa. Documento nº 1. Madrid – España, 2004. ALMEIDA, LUCIANA TOGEIRO DE. Economia verde: a reiteração de ideias à espera de ações. Estudos Avançados. Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, v. 26, n. 74, p. 93-103, 2012. Disponível em: <http://hdl.handle. net/11449/6392>. AMADEU JUNIOR, A. Varejo e Sustentabilidade: desafios e oportunidades para a promoção do consumo sustentável por meio do setor varejista. Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. Monografia. Especialização em Gestão de Sustentabilidade. 2009. 53 f. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) NBR ISO 14044:2009 – Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Requisitos e orientações. (ISO 2006). BARBOZA, E.M.F.ROTULAGEM AMBIENTAL Rótulos ambientais e Análise do Ciclo de Vida (ACV). 2001. Disponível em: <http://acv.ibict.br/publicacoes/realtorios/ Rotulagem%20Ambiental.pdf > Acesso em: 10 out. 2014. BARRETO, A.P.L.; COELHO, E.; MELO, H.S.; CASTELO, L.A. e ALCANTARA, S.S. Ciclo de vida dos produtos: certificação e rotulagem ambiental. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção, XXVII, 2007, Foz do Iguaçu. Anais... PR: Associação Brasileira de Engenharia de Produção, 2007. Disponível em: <http://www.abepro. org.br/biblioteca/enegep2007_tr650479_9289.pdf> Acesso em: 05 Set. 2014. BISHOP, P.L. (2000). Pollution prevention: fundamentals and practice. Singapore: McGraw-Hill. BORCHARDT et al. Considerações sobre ecodesign: um estudo de caso na indústria eletrônica automotiva. 2008. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/asoc/v11n2/ v11n2a09> Acessado em:06 de julho de 2014. http://hdl.handle.net/11449/6392 http://hdl.handle.net/11449/6392 44Produção e consumo sustentáveis BRASIL. 2010 Lei nº 12.305 de 2010. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Diário Oficial da União, Brasília, 3 ago. 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/ lei/l12305.htm>. Acesso em: 9 jun. 2014. BRASIL,1981. Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA). Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l6938.htm acesso em 14 de maio de 2014. Câmara Brasileira da Industria da Construção. 2014. Desenvolvimento com Sustentabilidade - Construção Sustentável. Disponível em: <http://www.cbic.org. br/sites/default/files/Programa-Construcao-Sustentavel.pdf> Acesso em: 07 jul. 2014. CEPLAC. Sistemas agroflorestais como uso sustentável dos solos: conceito e classificação. 20--. Disponível em: <http://www.ceplac.gov.br/radar/semfaz/ conceiroeclassificacao.htm> Acesso em: 08 jul 2014. RIECHMANN, J. Cultivos e Alimentos Transgênicos. Ano: 2002.Editora: vozes. DONATO. V. Logística Verde. 2013 Disponível em: http://www.sitedalogistica.com. br/products/logistica-verde-entrevista-com-o-prof-vitorio-donato/> Acesso em: 22 ago 2014. ELOBRAS. Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL. Disponível em <http://www.eletrobras.com/ELB/main.asp?TeamID={A8468F2A- 5813-4D4B-953A-1F2A5DAC9B55}#> Acesso em: 21 de Agosto de 2014. FGV – GVcev. Fórum de Varejo e Consumo Sustentável: experiência, debates e desafios. Coordenação Juracy Parente, Jacques Gelman, Roberta Cardoso; redação, edição e revisão: Luiz Macedo, Maria Furlan da Silva Telles e Roberta Cardoso. São Paulo: FGV, 2009. GBC. Certificação Internacional LEED. Brasil. 2014. Disponível em: <http://www. gbcbrasil.org.br/?p=certificacao>Acesso em: 10 jul. 2014. 45Produção e consumo sustentáveis HAWKINS, T. R., B. Singh, G. Majeau-Bettez, and A. H. Strømman. 2012. Comparative environmental life cycle assessment of conventional and electric vehicles. Journal of Industrial Ecology DOI: 10.1111/j.1530-9290.2012.00532.x Vol. 17, Issue 1, 158– 160, Article first published online: 16 JAN 2013 ICLEI. 2014. Compras Públicas Sustentáveis. Disponível em: <http://sams.iclei. org/what-we-do/promovemos-a-acao-local/programas/compras-publicas- sustentaveis.html>. Acesso em: 17 set. 2014. Ideia Sustentável – Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade. Especial tendência 4 – Desmaterialização. 2010. Disponível em: < http://www.ideiasustentavel.com. br/2010/09/especial-tendencia-4-desmaterializacao/>. Acessado em: 22 maio de 2014. IDÉIA SUSTENTÁVEL. 2014. O Código Florestal e a Agricultura Familiar. Disponível em: <http://www.ideiasustentavel.com.br/2011/09/o-codigo-florestal-e-a- agricultura-familiar/>. Acesso em: 20 jul 2014. IDHEA. 2014. Construção Sustentável. Disponível em: <http://www.idhea.com.br/ construcao_sustentavel.asp> Acesso em: 08 jul. 2014. Instituto de Pesquisa Tecnológica. 2011. Desmaterialização do Produto. Disponível em: < http://www.ipt.br/noticias_interna.php?id_noticia=333> Acessado em: 21 maio de 2014. LIGHTING PHILIPS. (2014). Acesso em 24 de Junho de 2014, disponível em http:// www.lighting.philips.com.br. PNUMA- Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. 2011. Rumo a uma economia verde: caminhos para o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza – síntese para tomadores de decisão. Disponível em: <http://www.pnuma. org.br/admin/publicacoes/texto/1101-GREENECONOMY-synthesis_PT_online. pdf> Acesso em:01 Jul. 2014. POLONSKY, M.J. Green Marketing Regulation in the US and Astralia: The Australian Checklist. Greener Management International 5, 44-53: 1994. http://www.lighting.philips.com.br http://www.lighting.philips.com.br 46Produção e consumo sustentáveis SIMONATO. E. B. O que é Logística? Revista das Faculdades Integradas Claretia- nas. No 4. Janeiro – Dezembro/2011. Disponível em:<http://sm.claretiano.edu.br/ upload/4/revistas/sumario/pdf/152.pdf> Acessado em: 14 de abril de 2014. UNEP. 2011. Decoupling natural resource use and environmental impacts from economic growth. Disponível em: <http://www.unep.org/resourcepanel/decoupling/ files/pdf/Decoupling_Report_English.pdf> Acesso em: 03 jun. 2014. VENZKE, C. S. O Ecodesign no setor moveleiro do Rio grande do Sul. REAd, edição especial 30, vol 8, N 6, nov-dez de 2002. Disponível em:<http://www.lume.ufrgs.br/ bitstream/handle/10183/19604/000348940.pdf?sequence=1> Acessado em: 04 de julho de 2014. Produção e consumo sustentáveis Introdução Meio Ambiente e Desenvolvimento Produção sustentável Ferramentas/linhas de atuação Prevenção da poluição Ferramentas de Prevenção da Poluição Avaliação do ciclo de vida (ACV) Aplicação da ACV Softwares de ACV Ecodesign PSS (Sistema Produto-Serviço) e Meio Ambiente Eficiência energética Eficiência energética em sistemas de iluminação Medidas de eficiência energética em sistemas de iluminação Economia Verde Logística Verde Construção sustentável Projeto de construção sustentável Varejo sustentável Agricultura sustentável Selos de agricultura sustentável Conceitos iniciais de consumo Direitos e deveres dos consumidores 5R - repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar Logística reversa Rotulagem ambiental e selos verdes Compras sustentáveis Compras sustentáveis no setor privado Compras Públicas Sustentáveis - CPS Encerramento Referências Bibliográficas
Compartilhar