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MEDICINA VETERINÁRIA PATOLOGIAS ORAIS Algumas doenças são comuns em todas as espécies, como a fenda palatina (palatosquise), que é um defeito no fechamento do palato duro, podendo se estender até o palato mole. Ocorre a não fusão do palato duro e mucosa. Quando adulto pode ocorrer em função de traumas, ou o animal nasce com a doença. Ocorre a comunicação das cavidades oral e nasal. Ocorre a dificuldade em se alimentar, gerando deficiências nutricionais. O animal desenvolve uma falsa via e pode ocorrer uma rinite secundária. A planta mimosa tenuiflora ou jurema preta é teratogênica e causa mal formação nos fetos (fenda palatina está entre elas). Inflamação oral – estomatites: os gatos tem um processo infeccioso oral que pega todos os tecidos moles presentes na boca. Geralmente as lesão são bilaterais que pegam gengiva, palato duro e mole, faringe, língua e as regiões da bochecha. Essa inflamação é chamada de complexo gengivite- estomatite-faringite felina. Tem causa idiopática, mas existem causas que fazem com que o animal fique mais suscetível à doença. Especula-se que a causa sejam imunodeficiências e infecções virais como FIV, FeLV, calicivírus. causa uma lesão oral grave, simétrica e bilateral, ulcerativas e sanguinolentas. Em função das lesões, os animais não conseguem deglutir e ficam desnutridos. A dentição decídua persistente é a permanência do “dente de leite” chamado de dente decíduo. É comum em pequenos animais e há predisposição em cães da raça poodle. O dente de leite vai reabsorvendo a raiz e o outro dente vai nascendo por cima. O natural é que o dente fique com mobilidade devido à sua raiz sendo reabsorvida. A persistência desse dente causa uma má oclusão (o animal sente dor quando vai mastigar ou fechar a boca) e o maior acúmulo de placa dentária (começam a juntar restos de alimento em um espaço pequeno). Dente de leite é mais branco, fino e delicado. O dente permanente tem a ponta mais grossa. A gengiva é extremamente vascularizada e contém muitas bactérias, assim, é muito comum haver infecções orais microbianas. Essa microbiota faz com que haja processos infecciosos orais principalmente em animais imunossuprimidos que fazem uso de quimioterápicos, por exemplo. A gengivite é secundária de muitas patologias como infecções virais e quimioterapias, mas principalmente de placas dentárias. O sinais clínicos são: hiperemia, edema e fácil sangramento. As placas dentárias são o acúmulo de bactérias nos dentes. Existem 2 tipos de microbiota: aeróbia (Streptococcus spp e Staphylococcus spp) e anaeróbia (Fusobacterium spp). A microbiota aeróbica prevalece em animais jovens, mas quando ficam mais velhos são formados túneis nas gengivas (bolsas subgengivais) onde a concentração de oxigênio é nula ou baixíssima, facilitando a concentração de anaeróbicas. As bactérias formam colônias que colonizam a superfície do dente. São chamadas vulgarmente de tártaro. Essas placas começam com um biofilme bacteriano, que MEDICINA VETERINÁRIA passam para uma placa e depois o cálculo, que é a mineralização. As bactérias presentes no dente, caem na gengiva por vasodilatação e ganham a circulação sanguínea podendo atingir outros órgãos. As predisposições para as placas dentárias são: raças braquicefálicas, raças de pequeno porte como poodle, Yorkshire, pinscher, maltes, etc. Alimentos poucos abrasivos, imunodepressão (sem controle do processo infeccioso na boca) e a idade (animais mais velhos). As consequencias são: cálculo dentário e infecções locais (periodontites) e sistêmicas (rim – nefrite infecciosa bacteriana, coração -endocardite bacteriana, fígado -abcessos e hepatite, cérebro -encefalite bacteriana, articulações – artrites sépticas). Periodontite – É o acúmulo de placas dentárias. As placas dentárias estão expostas na superfície do dente. O dente é composto por 3 camadas: esmalte (mais externa), dentina (média) e polpa (interna. É onde estão os vasos e nervos). O periodonto é um ligamento que faz o dente ficar firme no alvéolo dentário. O processo infeccioso vai descendo pelo dente e vai pegando as estruturas que ligam o dente ao alvéolo, assim, a primeira coisa que o dente irá apresentar é a mobilidade. A placa vai lesando as estruturas de gengiva e vai afundando e o sulco chamado de sulco subgengival vai se aprofundando cada vez mais. A profundidade do sulco irá determinar a gravidade da periodontite. Em animais, como a infecção é muito grande, ele precisa tomar antibiótico antes da remoção das placas. Ocorre a retração gengival, lesão do ligamento periodonto e perda dentária. Em grandes animais as estomatites virais ocorrem com mais frequência. Elas são infecções orais causadas por vírus. Tem uma importância econômica grande, pois sempre que o animal tem essa doença ele para de comer, perde peso e deixa de produzir. É de fácil contágio. É causada principalmente pelo poxvírus que acomete mais animais jovens pós desmame ou em lactação e possui um contágio direto. É zoonose e ocorre em ovinos e caprinos. O contato direto causa uma lesão que no inicio não é grave, mas associada a imunossupressão e contaminações bacterianas secundárias ocorre um processo infeccioso grave. O ectima contagioso tem lesões nodulares por poxvírus com contaminação bacteriana secundária. Outra doença parecida é a febre aftosa que é extremamente importante para animais de produção, principalmente os biungulados (animais de casco dividido como ruminantes e suínos). O contágio se dá por via aerógena em adultos, oral em bezerros. Sua etiologia é pelo picornavírus. O vírus entra no pulmão pela via aerógena, do pulmão vai para o sangue e ali o vírus se atrai pela camada germinativa de tecido epitelial da boca, casco e mamas. Na camada germinativa ele se multiplica e formando uma vesícula, onde em certo momento essa bolha se rompe e libera os vírus na boca do animal, que começa a salivar e espalhar o vírus pelo ambiente e contaminando tudo o que está próximo dele, incluindo outros animais. MEDICINA VETERINÁRIA As vesículas se formam principalmente na boca, mas também podem ocorrer no casco (gerando laminite) e úbere. Tem um conteúdo aquoso, claro e límpido com uma alta carga viral e formam-se 72 horas após a infecção. Quando elas se rompem, no local, causam uma lesão ulcerativa (afta). Os sintomas são: febres e aftas, salivação intensa e manqueira. É diagnóstico diferencial para a estomatite vesicular, que ocorre em equinos, bovinos e suínos, sendo causada pelo vesiculovírus. Causa lesões orais, na para e no úbere, com diminuição da produção e perda econômica. O animal tem afta, febre e ulceras, porém, são menos graves que a febre aftosa. As neoplasias orais são comuns e tem consequencias graves como anorexia/hiporexia e metástases. As mais comuns são o papiloma e epúlide (neoplasia do ligamento periodonto) como benignas e melanoma, carcinoma epidermóide e osteosarcoma como malignos. O melanoma tem crescimento rápido, é infiltrativo e invasivo, normalmente tem pigmentação e pode ser metastático. O epúlide é parecido com o papiloma, mas o papiloma é mais rugoso e o epúlide mais liso. Ele também sempre fica ao lado do dente e o papiloma pode dar na bochecha, língua e palato. diferenciar da hiperplasia gengival. As glândulas salivares também apresentam problemas, tendo como principal a obstrução do ducto salivar. Essa obstrução pode ser cervical (sialocele) ou sublingual (rânula). A principal lesão é a formação de pedras por precipitações das substâncias salivares. Essas substâncias cristalizam e viram cálculos, obstruindo os ductos salivares. Geralmente é unilateral e dificilmente é bilateral. O outro problema das glândulas salivares são as neoplasias, como a glândula é de origem epitelial podem ocorrer os adenomas e adenocarcinomas. É diagnóstico diferencial para câncere abcessos dentários. O diagnóstico diferencial é feito por uma punção, se vier pús é abcesso, se for mais maciço ou muito líquido é feita a citologia para ver se é câncer e se for mais viscoso e hemorrágico é a sialocele. Na rânula, o processo é pior, pois o animal não consegue comer. Na rânula a boca do animal fica entre aberta e ele não consegue fechar. Gera dor, inflama, o animal não consegue até mesmo beber água em função da dor. PATOLOGIAS DO ESÔFAGO O esôfago conduz o alimento da boca ao estômago. O processo de contração do esôfago é o que conduz o alimento ao estômago, junto da gravidade e de um processo de peristaltismo. A musculatura é circular que contrai e relaxa e também é MEDICINA VETERINÁRIA longitudinal, que também contrai e relaxa. Existem também uma rede de neurônios que mandam o sinal para o SNA afim de realizar a contração involuntária do esôfago. Nos ruminantes há o peristaltismo reverso, onde o bolo alimentar volta para a boca afim que os animais ruminem o alimento. O esôfago exibe o epitélio estratificado pavimentoso, a maioria das espécies é não queratinizada, mas os animais que possuem uma dieta muito grosseira como cães de rua e bovinos possuem um esôfago queratinizado ou parcialmente queratinizado. A porção proximal tem a musculatura estriada esquelética e a porção distal tem a musculatura lisa. Possuem poucas glândulas, que promovem proteção contra alimentos abrasivos, fazendo a lubrificação do esôfago e protegendo a mucosa. As doenças são divididas em inflamatórias, degenerativas, obstrutivas e distúrbios de motilidade. A esofagite é o processo inflamatório do esôfago. Geralmente o esôfago inflama em função de um componente químico (ingestão ou refluxo do HLCL presente no estômago). Na esofagite de refluxo, quando o HCL passa pelo esôfago, normalmente ele não está preparado para receber o ácido corrosivo, assim também irá corroer a mucosa do esôfago, gerando um processo inflamatório, podendo haver tosse, vômito, etc. O refluxo ocorre geralmente pelo aumento da acidez ou relaxamento do cardia. Um outro problema são as enzimas pancreáticas do duodeno, onde pode haver o relaxamento do piloro e a bile que contem as enzimas digestivas, pancreáticas e sais biliares que fazem o processo de digestão podem ir para o estômago e ele pode rejeitar essa bile devido ao relaxamento do piloro. Esse processo inflamatório geralmente culmina com hiperemia de mucosa e se essa inflamação persistir, podem ocorrer ulceras que podem até ser necrosantes dependendo da gravidade da situação. Quando a ulcera chega a pegar todas as camadas do epitélio, ela é chamada de úlcera perfurativa. Se a ferida for mais discreta e menos extensa, ocorre uma complicação que é a estenose cicatricial. O processo de cicatrização tem uma fase de contratilidade, que quando ocorre em órgãos tubulares pode estreitar a luz do túbulo, fazendo uma estenose cicatricial. Quando o animal volta a comer normalmente, quando o alimento vai passar pelo esôfago e há dificuldade de passagem, pois o local está estreito e o animal sente dor ao comer, podendo regurgitar o alimento. A esofagite química se dá pela ingestão de produtos químicos, onde ocorre uma lesão direta como envenenamentos, carrapaticidas e lambeduras (principalmente produtos aplicados em gatos que realizam lambedura diária). A esofagite por corpos estranhos também ocorre. Em pequenos animais ocorrem principalmente pela ingestão de brinquedos pequenos demais e em grandes animais ocorre principalmente por alimentos grosseiros. Quando o objeto ingerido não é perfurante, ele pode ser obstrutivo e nesses casos, se for em grandes animais vai gerar um grande problema onde será MEDICINA VETERINÁRIA obstruída a passagem dos gases que saem do rúmen (timpanismo obstrutivo ou secundário/seco). Um outro caso de obstrução desse tipo é com o caroço de manga, que ocorre geralmente em caprinos e ovinos. A esofagite parasitária ocorre em função de parasitas, que são diferentes de acordo com a espécie. Spirocerca lupi em cães (mais importante e frequente), Gongylonema em ruminantes, Gasterophilus em equinos e Sarcocystis em ovinos. O problema é que os parasitas causam a formação de nódulos obstrutivos. Na espirocercose canina (s. lupi) são formados nódulos que começam pequenos de coloração avermelhada (parasita é vermelho) que evoluem para nódulos maiores formando um granuloma crônico que pode se transformar em neoplasia (sarcoma de esôfago de origem mesenquimal devido a parasitose do Spirocerca lupi). Os nódulos causam obstruções, causando dificuldade de alimentação do animal, a passagem do bolo alimentar é dolorosa e mutas das vezes o animal regurgita. Podem ser observados áreas vermelhas com nódulos lisos e a presença dos parasitas vermelhos, espiralados e grandes. Uma doença muito comum em animais, mas principalmente em pequenos animais (cães) é o megaesôfago. Não é uma doença frequente, mas é comum. É quando ocorre a dilatação do esôfago. Também pode ser chamado de acalasia. Essa dilatação pode ser parcial ou total do órgão e pode ser classificado em congênito (geralmente os filhotes tem regurgitação do alimento mais sólido, pois há perda do peristaltismo esofágico) ou adquirido. A causa principal é um distúrbio que pode ser neurológico (mais comuns e há perda da inervação do esôfago. Todas as doenças infecciosas e inflamatórias do SNC podem afetar a inervação do esôfago -encefalite, intoxicações, botulismo, etc-) ou muscular. Uma outra causa são os distúrbios endócrinos, onde há uma diminuição dos hormônios que estimulam a peristalse esofágica - hipotireoidismo e hiperadrenocorticismo. A ultima causa é a persistência do 4º arco aórtico direito, onde ocorre o estrangulamento do esôfago. O principal método de diagnóstico é o raio x, pois o esôfago normalmente não tem imagem radiográfica, assim o esôfago é visto com mais evidência no raio x quando há o megaesôfago. Essa imagem radiográfica pode ser contrastada. nos casos onde o megaesôfago vai até o coração o diagnóstico é clássico de persistência do 4º arco aórtico direito. MEDICINA VETERINÁRIA O megaesôfago encontrado no cão é a miastenia, que também pode ser congênita ou adquiria. Ela é uma desordem neuromuscular de fundo autoimune. No caso da congênita essa característica autoimune não é muito observada, mas em casos adquiridos sim. Nesses casos, os anticorpos são produzidos contra os receptores de acetilcolina na junção neuromuscular. Nessas junções, existem ramificações dos neurônios, que na placa motora há a liberação e neurotransmissores que estimulam a contração muscular. Para que haja a passagem dessa informação, é necessário receptores que se ligam ao neurotransmissores. A acetilcolina se liga aos neurotransmissores e essa ligação estimula a contração. Nesses animais, há essa lesão pelos anticorpos na musculatura estriada esquelética do sistema locomotor, como também na musculatura do esôfago. Como o animal não consegue comer, existem algumas técnicas de manejo para o animal conseguir se alimentar. O animal precisa passar a comer em cadeirinha de bebê, para que o animal coma em pé (força da gravidade para ajudar). O megaesôfago em ruminantes é raro, mas as causas são as mesmas. Persistência do 4º arco aórtico, lesão do nervo vago, congênita ou por obstruções. As neoplasias de esôfago podem ser diagnosticadas por raio x, mas não irá dar para saber suas características, assim o diagnóstico é feito por endoscopia, onde se avalia o formato e tamanho e pode ser feita a histopatologia com a retirada do material. As neoplasias podem ter origem epitelial (carcinomas – mais comuns), mesenquimal (musculo liso como leiomioma e estriado como rabdomioma) e também pode ser o papiloma. A espécie mais atingida é a bovina, pois eles podem comer espontaneamentea samambaia, que é uma planta chamada Pteridium aquilinum, que libera algumas toxinas que estimulam a neoplasia ou hiperplasia das células do esôfago. O papiloma pode se transformar em um carcinoma de células escamosas. PATOLGOIAS DO RÚMEN Os ruminantes possuem o estômago divididos em compartimentos. Os pré- estômagos (faz o processo digestivo fermentativo. Rúmen, retículo e omaso) e possuem o estômago. O pré estômago possui um epitélio escamoso estratificado queratinizado. São uma câmara de fermentação e absorção e o processo fermentativo é dado por microrganismos como bactérias gram negativas, fungos e protozoários. É uma relação de simbiose, que digerem celulose e fazem a fermentação de proteínas e carboidratos e também produzem gás, que é expulso através das eructações. No rúmen o alimento é amolecido e ocorre a digestão da celulose, no retículo é formado pequenas porções do alimento que retornarão para a boca, no omaso é onde acontece a absorção de água e minerais e no abomaso é onde ocorre a digestão química com ação de diversas enzimas digestivas. O pré estomago desses animais não é químico, mas tem um pH MEDICINA VETERINÁRIA levemente ácido, porque na quebra da celulose, amido e açúcar é liberado ácido lático devido ao processo de fermentação, libera ácido butílico devido o mesmo processo e também libera ácido acético e propiônico. O impacto desse processo de fermentação é grande no meio ambiente. Esse processo produz muitos gases, como ácidos graxos voláteis. Por animal, a produção de gás é de 600 litros por dia, entretanto, os ácidos não são importantes para o meio ambiente do ponto de vista para o efeito estufa, mas os outros gases produzidos como o dióxido de carbono e o metano são extremamente danosos para o meio ambiente. Em comparação com veículos, os bovinos apresentam mais emissão de gases que os automóveis, pois estes produzem metano em pouca quantidade e apenas quando estão em uso, já bovinos emitem metano em grandes quantidades o tempo todo. Em contrapartida, o boi não é totalmente o vilão, pois combustíveis fósseis e o desmatamento também contribuem para o efeito estufa produzindo gás carbônico, além de que o arroz cultivado imundado e a pecuária produzem o metano, os fertilizantes e conversão do uso da terra produzem óxido nitroso e refrigeradores e processos industriais produzem clorofluorcarbonetos. O pH tem a tendência a acidez e tem 5,5 a 7,0 de pH. As eructações ocorrem pela eliminação do excesso de gás através do peristaltismo esofágico reverso ativo que é controlado pelo SNA. Uma alteração muito comum é o desprendimento da mucosa do rúmen que é uma alteração cadavérica e não está relacionada à alguma doença específica. No rúmen também podem ser achados corpos estranhos devido à uma alimentação pouco seletiva. Isso pode acarretar dois problemas, obstruções com objetos redondos, frutas ou caroços de manga e também o impedimento da eliminação dos gases. Além disso, os objetos pontiagudos podem causar perfurações, levando bactérias causam pleurite, pericardite e peritonite. O processo inflamatório do rúmen é raro em função do seu epitélio queratinizado, que protege de processos inflamatórios. Ela ocorre mais quando o animal tem acidose, os ácidos começam a corroer a mucosa e assim há um processo inflamatório, que pode levar à hiperemia, sangramentos, etc. Além disso, pode inflamar por doenças vasculares, papiloma e substâncias químicas ingeridas como veneno, ácido sulfúrico, soda cáustica, etc. O timpanismo é uma doença muito comum, ela é o acúmulo de gás no rúmen oriundos da fermentação. Pode ser primário (espumoso ou úmido) e secundário (seco ou gasoso). A expansão é extremamente rápida. Sempre que há um processo obstrutivo, pode haver o timpanismo. Um outro motivo é o aumento do processo fermentativo, fazendo com que haja uma produção maior de gás sem a sua eliminação. O timpanismo primário é o mais comum e ocorre quando há uma maior produção de gás devido ao processo fermentativo. Alguns alimentos como alfafa, trevo doce, deitas ricos em saponinas e pectinas. As saponinas e pectinas aumentam a viscosidade do líquido ruminal e por isso as bolhas de gás que sobem na parte líquida do rúmen e eliminam na parte gasosa, começam a ser produzidas em maior quantidade e elas são estáveis, não conseguindo se romper e MEDICINA VETERINÁRIA eliminar o gás. As bolhas formadas formam uma espuma. Se no rúmen há alimentos que aumentem a concentração desse gás, haverá aumento do gás dentro das bolhas que não se rompem, fazendo com que ocorra uma altíssima produção de gás devido ao processo de fermentação de algumas substâncias, principalmente de carboidratos finamente moídos - concentrado - (altera a tensão superficial), isso também ocorre com proteínas solúveis de material vegetal como alfafa e trevo doce. Outras possíveis causas são aquelas que alteram a viscosidade do líquido ruminal, mas são menos comuns como bactérias produtoras de muco (o muco altera a viscosidade), alimentos finamente moídos, causas hereditárias e por plantas tóxicas (possuem substâncias que aumentam a viscosidade). A maior probabilidade de ocorrer a doença são em animais confinados e alimentados em animais cuja dieta é concentrada (cevada ou soja). A saliva tenta fazer um processo de tampão para degradar as proteínas solúveis e estabilizar o pH, assim o animal começa a babar mais. A evolução é muita rápida, sendo uma doença súbita que possui morte aguda. O timpanismo secundário é menos comum e pode ser chamado de seco ou gasoso, pois não produz espuma. Ocorre em função de um processo obstrutivo, seja por estenose, corpos estranhos como caroços de manga, neoplasias (samambaias induzem a formação de carcinomas). Pode ser total ou parcial. A obstrução impede a eructação, sendo o rúmen expandido de tal maneira que pode levar a consequencias muito graves. Tanto na obstrução quando na não eliminação, ocorre a distensão do rúmen, fazendo com que o animal tenha problemas graves, como a compressão do diafragma, assim, o animal tem dificuldades respiratórias, diminuindo a oxigenação do sangue que diminui a oxigenação dos tecidos (o animal fica taquipneico). A segunda compressão é a da veia cava caudal, fazendo com que haja uma dificuldade de retorno de sangue venoso, o sangue então congestiona nos órgãos e assim há um acúmulo de sangue venoso, podendo haver lesão nos órgãos e também pode levar à uma ascite devido a dilatação excessiva desses vasos que estão congestionados. Além da ascite, quando a compressão for mais grave, os vasos dilatam muito e se rompem, causando hemorragias. Pode haver também edema pulmonar em função da lesão pulmonar que vai sobrecarregar o pulmão, aumentando a carga respiratória e com a compressão há congestão dos vasos e extravasamento e o animal então irá morrer se não houver uma assistência veterinária. O animal tem uma parada cardíaca devido a deficiência cardiovascular e dificuldade respiratória que leva à hipóxia não apenas pela respiração, mas dificuldade de circulação sanguínea. Na necropsia há congestão de órgãos abdominais, principalmente baço e fígado, mas também o intestino em casos mais graves. Necrose intestinal, ascite, edema e hemorragias. A acidose ruminal ocorre quando há dietas com excesso de carboidratos altamente fermentáveis. O timpanismo gera uma alteração do líquido ruminal aumentando a tensão superficial e viscosidade do líquido, a acidose se dá na fermentação excessiva devido a administração de carboidratos altamente fermentáveis (geralmente alimentos ricos em amido, pois ele gera uma fermentação mais lata que os outros MEDICINA VETERINÁRIA alimentos – cereais, trigo, aveia, milho, sorgo). Essa dieta aumenta muito o pH ruminal, mas não altera a tensão superficial e viscosidade, pois quando isso ocorre gera umtimpanismo espumoso e quando não altera, porém há uma fermentação excessiva liberando muito gás e produção de muito ácido, ocorre uma acidose que vai além dos limites fisiológicos ( > 5,5). Alimentos concentrados induzem uma fermentação mais rápida que alimentos volumosos. Quando se aumenta a quantidade de concentrado do animal, principalmente os altamente fermentáveis, haverá um pico de produção de ácido muito alto. O ácido acético é o ácido que mais aumenta. O que favorece o aparecimento da acidose é a mudança brusca na dieta, a segunda é essa mudança sem um período de adaptação. A adaptação é muito importante, que deve ser lenta, pois se for brusca haverá um pico de fermentação alta com um pico de liberação de ácido alto, gerando a acidose. A evolução clínica da acidose é de 12 a 48 horas, sendo muito aguda. Quando chegar ao pH 5, haverá a morte das bactérias gram negativas e dos protozoários, havendo uma parada no processo digestivo. Além disso, há a multiplicação das bactérias gram positivas, principalmente Streptococcus bovis. Assim, há uma mudança na microbiota intestinal. Se ainda assim, a acidose continua o pH continua a diminuir, e ocorre a multiplicação de outra bactéria chamada de Lactobacillus acidophilus. Essa bactéria começa a produzir mais ácido, S. bovis multiplica em excesso e o ácido então começa a ser produzido de maneira intensa, diminuindo excessivamente o pH. Nesse momento, ocorre perca da contração do rúmen, havendo a atonia ruminal. A acidose leva a uma corrosão da mucosa e a área queratinizada é lesada, fazendo com que o ácido comece a penetrar na mucosa, causando uma inflamação. Nesse momento ocorre uma ruminite química, estando inflamado e hiperemico, os vasos estarão dilatados, que absorverão o ácido de dentro do rúmen para o sangue. A partir desse momento, o animal começa a ter uma acidose metabólica. Juntamente a isso, o organismo pega toda a água presente no plasma e joga no rúmen para diluir o ácido (dentro do rúmen, a quantidade de ácido presente lá dentro aumenta a pressão osmótica, assim sempre que há um ambiente com pressão osmótica maior e um menor, a tendência é que eles se equilibrem, passando o ácido para o sangue e jogando água de dentro do sangue para dentro do rúmen), essa eliminação de água do sangue para o rúmen leva a uma desidratação e acidose metabólica, assim, o animal entra em choque hipovolêmico (devido a perda de água) e tóxico (devido ao aumento de ácido). Com a acidose metabólica, as enzimas param de funcionar, o metabolismo para de funcionar, ocorre parada cardíaca por choque e acidose metabólica. Os processos infecciosos do rúmem são raros, mas pode haver uma ruminite infecciosa necrobacilar pela Fusobacterium spp. principalmente na parte ventral do rúmen. As papilas ficam enegrecidas e moles e há produção de exsudato inflamatório. Além disso pode haver a inflamação micótica, que é mais grave e pode ocasionar peritonite. As 3 espécies que podem infectar o rúmen são: Mucor spp, Rhizopus spp e Absidia spp. As patologias do retículo são raras, mas pode ocorrer a reticulo pericardite MEDICINA VETERINÁRIA traumática e neoplasias. No omaso pode ocorrer o processo infeccioso por actinobacilose, as neoplasias por papilomas e linfomas, hipoplasia, hiperqueratose, etc. No abomaso o epitélio é glandular e a principal alteração é a torção e o deslocamento e formação de úlceras (por ser um compartimento que produz ácido), pode ocorrer agenesia e hipoplasia, corpos estranhos e neoplasias como adenomas, leiomioma, etc. As lesões de abomasite devido a uma altíssima produção de ácido são úlceras, necrose, hiperemia intensa e hemorragias. Na torção de abomaso há focos hemorrágicos e necrose. A formação de úlceras pode ocorrer em pequenos pontos ou em áreas maiores em extensão que são deprimidas (perderam a camada da mucosa). As ulceras podem perfurar e causar peritonite. ESTÔMAGO DE MONOGÁSTRICOS O estômago possui o orifício cárdia onde ele se abre e fecha na passagem do alimento para evitar que o conteúdo do estômago volte para o esôfago (nos equinos é extremamente forte), o corpo ou fundo e o orifício piloro (passagem do alimento do estômago para o duodeno, podendo haver refluxo de bile). Tem um epitélio escamoso estratificado. É formado por 4 camadas: serosa (mais externa), muscular (faz com que o estômago se contraia para expulsar o alimento de dentro dele), submucosa (é repleta de vasos sanguíneos que são necessários para que haja muito sangue na área para absorver os nutrientes dos alimentos e produção de HCl e substâncias protetoras) e a mucosa (possui invaginações de membrana para aumentar a sua superfície – favelas gástricas). Nos processos inflamatórios, pode haver lesão profunda das camadas, que podem perfurar o órgão. Estenose e hipertrofia do piloro – Pode ocorrer em animais idosos ou pode ser congênito. O piloro é um músculo circular, se ele aumenta de volume, sua parte interna estenosa e isso retarda o esvaziamento gástrico porque o alimento tem mais dificuldade de passar pelo esfíncter e se o alimento fica retido ali, pode fermentar e ficar muito ácido. O alimento retido tem tendência a voltar, assim o animal têm vômitos recorrentes e se for em filhotes (mais comum que em idosos) pode haver um retardamento no crescimento. Em idosos pode decorrer de traumas sucessivos e gastropatia hipertrófica pilórica. Os corpos estranhos são muito comuns em filhotes (em gatos ocorre muito a ingestão de corpo estranho linear). Se o corpo estranho for perfurativo, ele pode perfurar a parede do estômago, levando a hemorragias e processos mais graves, mas se ele não for perfurativo, pode induzir a processos obstrutivos. O problema da perfuração é que há sangramentos, mas o principal problema é a peritonite porque o conteúdo gástrico irá cair na cavidade abdominal, inflamando o peritônio (o tratamento é complicado) e o animal sente muita dor. A inflamação do estômago é chamada de gastrite. A gastrite pode ocorrer por uma infecção por uma bactéria chamada H. pylori. Essa bactéria pode ser encontrada em animais saudáveis, mas quando ocorre um descontrole na sua população, principalmente em situações de estresse, as bactérias liberam certas enzimas como a urease e protease que digerem e matam as células MEDICINA VETERINÁRIA epiteliais do estômago, gerando um processo inflamatório com a liberação de citotoxinas, havendo atração de leucócitos na área, gerando uma gastrite infecciosa por H. pylori. As proteases digerem as vilosidades, a urease digere os compostos presentes na membrana celular e as citotoxinas, de maneira geral, irão lesar a mucosa. O H. pylori consegue penetrar a mucina, camada protetora do estômago. A torção gástrica é muito importante, pois leva a uma morte súbita nos animais. Ocorre em cães de grande porte que comem de maneira inadequada, que sofrem um processo de sobrecarga alimentar. Geralmente ocorre quando o animal come apenas uma vez ao dia, que quando ele vai se alimentar, come de maneira muito rápida, o estômago dilata muito e ao fazer exercício ou movimentos bruscos, o estômago não acompanha o movimento do corpo, pois está muito pesado, ocorrendo a torção gástrica. Quando o estômago torce, leva com ele o baço e as duas áreas do cárdia e piloro são estranguladas, e o alimento que estava ali em grande quantidade começa a fermentar, produzindo muito gás, levando a um timpanismo secundário. É um timpanismo exagerado pela enorme quantidade de comida presente no estômago. Com a expansão do estômago, ocorre a compressão do diafragma, da veia cava causal, hipóxia generalizada, congestão, hemorragia e morte (ocorre a mesma coisa que no timpanismo secundário). Se o animal sobrevive, ele fica com lesões graves no estômago e na maioria das vezes é necessário a esplenectomia. As gastrites são muitoscomuns em todas as espécies. Nas gastrites agudas ocorre o aumento da secreção ácida e ocorre de forma repentina. Quando o animal apresenta vômito, é necessário pensar na coloração do vômito, pois a gastrite produz mais secreção ácida ou diminui a proteção mucosa. Perdendo essa camada, o animal tende a vomitar (exceto pelos equinos). Quando os animais vomitam o alimento ácido, há um alívio na acidez estomacal, mas os cavalos não conseguem vomitar, assim, o processo inflamatório persiste no estômago. Os animais podem ter o aumento da secreção ácida pelas células parietais, causando uma gastrite e os animais vomitam com uma coloração amarelada. Na diminuição da proteção ocorre a diminuição da produção pelas células mucosas, que diminuem também a produção do bicarbonato. As gastrites crônicas são causadas principalmente por anti-inflamatórios não esteroidais ou esteroidais utilizados a longo prazo, pois inibem a ação das prostaglandinas, diminuindo a produção de muco. As úlceras são formadas desde a boca até o ânus, podendo ser superficiais ou profundas. Sempre que uma célula é lesada, ela libera fosfolipídeos, que é o principal componente da membrana celular. A fosfolipase transforma os fosfolipídeos em ácido araquidônico (mas essa degradação gera uma grande quantidade de substâncias pro inflamatórias que irão atrair os leucócitos, aumenta a permeabilidade vascular, aumenta a dilatação do vaso, hiperalgesia, febre, dor, etc), do ácido araquidônico haverá a ação de duas enzimas: lipoxigenase e cicloxigenase, que irão gerar os produtos inflamatórios. Os anti inflamatórios agem inibindo essas 3 enzimas, mas os AIES são bem mais potentes e inibem a lipoxigenase. Os AIES inibem as cicloxigenases (COX-1 e COX-2), que produzem MEDICINA VETERINÁRIA as prostaglandinas, que estimulam a produção do muco (COX-1) e também participam do mecanismo inflamatório (COX-2). Além da causa medicamentosa, que é a mais comum, as gastrites crônicas também podem ocorrer estresse (diminuição do muco), refluxo duodenal e isquemia gástrica (cortisol diminui produção de muco e enfraquece o sistema imunológico). As gastrites crônicas podem causar ulcerações, que causam complicações e hemorragias, pois as ulceras expõe submucosa que é cheia de vasos, esse sangue vai para o estômago, fazendo o animal vomitar sangue e quando a ulcera perfura todas as camadas, ela entra em contato com a cavidade abdominal, levando a uma peritonite e consequente morte. Podem ser achados hiperplasia das células mucosas, pois o muco tenta aumentar a sua produção e ela é classificada de acordo com a secreção que produz (catarral, hemorrágica ou fibrinosa). Os parasitas do estômago são diferentes entre as espécies> Gasterophilus em equinos, Habronema, Macracanthorhinchus nos suínos e Physaloptera em felinos. As neoplasias que podem ocorrer são: adenomas, leiomioma, fibromas e linfoma. PÂNCREAS Na maioria dos animais está localizado no duodeno. É dividido em cauda (mais apical), corpo e cabeça. Está sempre relacionado com a digestão e a parte hormonal. Produz o suco pancreático que ganha os canais e desembocam no duodeno para fazer o processo digestivo e é produzido pelas células acinares que produzem as enzimas digestivas que caem nos ductos, ainda existem as ilhotas de Langerhans, que produzem hormônios (insulina e glucagon) que vão para o sangue atuando no controle da glicemia. Assim, o pâncreas é dividido nas partes endócrina (ácinos pancreáticos) e exócrina (ilhotas pancreáticas). Nas ilhotas pancreáticas, há 3 tipos de células: delta (produzem somatostatina, que controla a produção de HCl), alfa (produzem glucagon) e beta (mais importantes, pois produzem insulina). Os ácinos pancreáticos produzem o suco pancreático. Nos ácinos pancreáticos existem células no centro e na periferia, as células: centroacinares e acinares (produzem grânulos secretores e enzimas). As enzimas são produzidas em sua forma inativa, pois elas degradam proteínas, gorduras e fosfolipídeos (assim elas iriam destruir as células acinares). O pâncreas exócrina compreende a 80 - 85 % do pâncreas e produz amilase (digere açúcar e carboidrato), lipase (lipídeos) e fosfolipase (fosfolipídeos) e as peptidases (proteínas e peptídeos). A incapacidade de digerir gorduras é um sinal clínico muito importante em animais que estão com insuficiência pancreática (esteatorréia – fezes pastosas e grande quantidade de gordura nas fezes). A pancreatite aguda é uma inflamação grave de evolução rápida que lesa a parte endócrina gerando um descontrole da glicemia, além de afetar o processo de digestão. Muitas vezes pode levar um processo de necrose em função da liberação MEDICINA VETERINÁRIA de enzimas ativas. Essa necrose é substituída por tecido fibroso e perde sua função. A capacidade de regeneração do pâncreas é baixa. Mais comum em cães com obesidade e sedentarismo, a raça predisposta é no Cocker Spaniel. Pode ser causada por obesidade (excesso de trabalho leva a uma exaustão do pâncreas), diabetes melitus, hipotireoidismo (diminuição metabólica levando a uma obesidade) e o consumo de uma dieta rica em gorduras. Também pode ser por outras causas, porém menos comuns: refluxo de conteúdo duodenal no ducto pancreático (as enzimas são ativadas e inflamam o órgão), neoplasias pancreáticas (lise celular, inflamação), infecção ascendente por bactérias intestinais, quimioterápicos (podem lesar as células), organofosforados e anticonvulsivantes (causam lesão e necrose), além de obstrução do ducto pancreático (causa retorno do suco pancreático). Pode ocorrer por traumas diretos, via hematogênica, transporte biliar retrógrado e transporte ductular retrógrado. Os sinais clínicos são dor abdominal aguda principalmente acompanhada de perda de score corporal, emagrecimento, fezes gordurosas (esteatorréia), diarreias e vômitos. Os aspectos macroscópicos são: inflamação com hiperemia e edema, hemorragias, necrose de gordura com perda de função e podendo chegar a uma peritonite fibrinosa e aderente em outros órgãos. A pancreatite crônica é uma lesão decorrente da falta de tratamento da pancreatite aguda ou seu aparecimento recorrente. É mais grave, pois as células se degeneram e como o pâncreas tem pouca capacidade de regeneração, haverá a substituição do tecido por colágeno afuncional. Assim, a consequência de uma pancreatite crônica é a perda da função irreversível proporcional ao grau de lesão, levando a uma fibrose para formar a cicatriz no local. Como consequência disso, há uma diminuição do tecido funcional, levando o órgão à uma atrofia parenquimatosa. O aspecto macroscópico da pancreatite crônica é o órgão como uma massa nodular contraída. O aspecto microscópico é a deposição de tecido conjuntivo e calcificação. O órgão entra em insuficiência na parte endócrina e exócrina. As neoplasias pancreáticas possuem lesões não neoplásicas, podendo ser encontrada uma hiperplasia nodular e confundidas com inflamação crônica. As neoplasias mais comuns são o carcinoma (pode ser ductal ou das células acinares) e insulinoma (o mais comum). O adenoma é mais raro. O insulinoma é uma neoplasia que afeta as células beta, produtoras de insulina. Essas células se transformam em células neoplásicas e se multiplicam em grande quantidade, que também faz com haja uma grande quantidade de produção de insulina, gerando um pico de produção de insulina, gerando uma hipoglicemia que pode levar a uma morte instantânea por falta de glicose. Os sinais clínicos são: dor abdominal, letargia, fraqueza, ataxia, mudanças de comportamento, convulsões, coma e morte. Microscopicamente há perda da arquitetura e da referência anatômica. Macroscopicamente há nódulos. A atrofia pancreática exócrina é uma doença de caráter hereditário (autossômico recessivo) com predisposição em pastor alemão e colliesjovens de 6 a 12 meses. MEDICINA VETERINÁRIA Começa a haver a diminuição do pâncreas, fazendo com que o animal emagreça demais e tenha problemas hormonais. Histologicamente há perda dos ácinos e ilhotas pancreáticas. INTESTINOS O intestino é formado pelo intestino delgado e grosso. O delgado é comporto pelo duodeno onde há a solubilização de gorduras e no jejuno e íleo a absorção de nutrientes. O intestino grosso é dividido em ceco e cólon responsáveis pela reabsorção de água e fermentação e o reto é o compartimento de armazenamento. O intestino possui microvilosidades para aumentar a superfície de contato e absorção de água e nutrientes. Microscopicamente o intestino é comporto por células caliciformes produtoras de muco que fazem a lubrificação do intestino e protegem a mucosa contra os microrganismos, além disso há as células e de paneth, que também participam da defesa e há os enterócitos, as células que formam a mucosa intestinal. O intestino é muito vascularizado, pois recebe muitos nutrientes e necessita de sangue para absorção dos mesmos. As enterites bacterianas ocorrem quando há um desequilíbrio da microbiota, onde é mais comum haver mortalidade das bactérias boas e multiplicação das ruins, que se multiplicam no pH mais ácido. Entretanto o animal pode se contaminar com outras bactérias. A colibacilose é causada pela Escherichia coli e pode levar a morte muito rápida principalmente quando há combinação com vírus. É uma doença de importância em filhotes principalmente em bovinos e suínos com menos de 3 semanas, porque a sua imunidade ainda está em desenvolvimento. A bactéria pode ser adquirida devido à uma falta de higiene do local onde o animal está e a não ingestão do colostro irá prejudicar sua imunidade. Existem duas cepas de E. coli, as enterotoxigênicas (produzem toxinas letais para as células intestinais e se aderem as células. Vai causar necrose pela ação da toxina, ocorrendo sangramento. Como o sangue pode ser um meio de cultura, as bactérias se multiplicam e podem invadi-lo, causando septicemia) e as enteroinvasivas (também causam necrose das células epiteliais e invasão no sistema sanguíneo através da invasão de células epiteliais). A enterite hemorrágica pode ser causada por vermes, fungos, vírus ou bactérias. Haverá edema intestinal, presença de sangue nas alças intestinais, linfonodos mesentéricos hemorrágicos ou necrosados dependendo do nível e também reativos. A clostridium spp. também causa enterotoxemia (existe uma toxina no intestino que causa lesão ou inflamação). Existem bactérias produtoras de toxinas como as C. botulinum (toxinas neurológicas) e C. perfringens (enterotoxemia), havendo vários tipos que produzem toxinas diferentes, o que ajuda no diagnóstico, porque a clostridium faz parte da microbiota normal do intestino, assim, para o diagnóstico é feita a dosagem de toxinas alfa, beta, épsilon e iota, e assim se descobre o tipo de toxina. MEDICINA VETERINÁRIA A clostridium é uma bactéria formadora de esporos que produzem toxinas em condições que facilitem sua multiplicação, principalmente alta concentração de carboidratos fermentáveis e proteínas. Portanto, é comum os animais com acidose haver lesão intestinal por acidificação do meio intestinal e há predisposição da multiplicação do clostridium. O animal pode ter diarreia (marrom, preta ou sanguinolenta) ou morrer antes de ter diarreia em casos mais agudos, pode apresentar também desidratação, taquicardia, choque séptico, toxico ou endotóxico e morte. A doença é chamada de enterotoxemia por clostrídios. Macroscopicamente há a inflamação do intestino, congestão e hemorragias. As toxinas lesão o endotélio e provocam distúrbios de coagulação, causando petéquias, equimoses e sufusões. Há também acúmulo de gás, esplenomegalia e o rim ficar com aspecto amolecido quando houver multiplicação de C. perfringens tipo D. As infecções virais são mais contagiosas do que as bacterianas e levam a uma gastroenterite, principalmente os filhotes. Além disso, predispõe a infecções bacterianas e causam a destruição do epitélio rompendo os enterócitos. Causa desidratação, infecções secundárias, hemorragias, choque e morte. geralmente a infecção viral é primária e a infecção bacteriana é secundária. O parvovírus é o mais patogênico e agressivo nos animais. Em cães causa a parvovirose e em felinos causa a panleucopenia felina. Acomete mais animais jovens e causa diarreia sanguinolenta fétida aguda – enterite hemorrágica. O vírus causa lesão de microvilosidades, caso o animal sobreviva, pode haver atrofia dessas microvilosidades, diminuindo a absorção dos nutrientes. Além de provocar lesões no intestino delgado, também provoca alterações cardíacas. O coronavírus causa gastroenterite em suínos com desinteria dos terneiros, tem alta morbidade e mortalidade e deixa a parede intestinal fina, atrofiando a mucosa e causando a síndrome da má absorção lesões de intestino delgado. O rotavírus causa enterite dos terneiros e tem uma evolução mais rápida. As infecções parasitárias podem ser causadas por dois grupos: Os que conseguimos ver e os que não conseguimos ver. Dos primeiros, formam cistos visíveis a olho nu e só podem ser diagnosticados com exames específicos de fezes, através da microscopia, são eles: Giardia spp. e coccidiose. A Giardia é um protozoário flagelado que habita o duodeno e tem uma multiplicação patológica. A coccidiose causa má absorção dos nutrientes e perda da produção Eimeria, Isospora e Cryptosporidium. O segundo tipo de vermes é composto pelos ascarídeos e Estrongilídeos, eles causam obstruções. O ascarídeos são os: Parascaris spp, Toxocara spp e áscaris spp, que são vermes grandes. Eles podem ser transmitidos via mamária ou transplacentária. Como os vermes são muitos grandes, quando crescem causam obstruções e intussuscepções (quando uma alça aumenta o peristaltismo e “engole” a si mesma e nesse ponto ocorre necrose) através de “bolos” parasitários. Ainda pode haver torsão do intestino, levando ao infarto de todas as alças intestinais. MEDICINA VETERINÁRIA CÓLICA EQUINA Os cavalos possuem uma anatomia que predispõe a cólica, sendo uma dor abdominal aguda. O estômago de cavalos é muito pequeno, comendo pequenas quantidades várias vezes ao dia. Se o animal fica muito tempo sem comer, quando ele come, faz de maneira muito rápida. Além disso, as flexuras diminuem quando o intestino faz a dobra. Outra coisa que contribui para a cólica são as válvulas cecais, onde o alimento pode ficar retido e por último, o cólon maior que é muito móvel. Além dessas coisas, o ceco não elimina gás com facilidade. O sintoma clínico da cólica consiste em: sudorese intensa, o animal também pode se jogar e se debater, pode deitar também e rolar, respirando ofegante. Ele também pode adotar uma posição onde ele afasta os membros posteriores para aliviar a dor. Além dos fatores anatômicos, outros fatores contribuem para a cólica equina: a idade, quanto maior a idade do animal, maior o número de periodontite, que reduz a mastigação e ele começa a comer o alimento mais grosseiro, que não tem a mesma digestibilidade, diminuindo o fluxo do alimento no intestino. O animal mais velho tem tendencia a ter cólicas recorrentes, fazendo com que ocorra lesão crônicas, animais com privação de água também, fazendo com que o bolo alimentar fique mais grosseiro. O animal mais velho faz menos exercícios, o que diminui o fluxo intestinal. A dieta também é muito importante, pois quanto maior o número de concentrado, maior a fermentação. Além disso, alimentação volumosa e seca que tenha baixa digestibilidade. capim coast-cross. Devido ao processo de fermentação começam a aparecer lesões no estômago. Um outro caso de etiologia da cólica equina são as torções, caracterizada pela rotação doceco em equinos e flexão do cólon. É mais grave e há a necessidade de intervenção cirúrgica. Na torção há necrose, estrangulamento e gangrena das alças. Outras causas menos comuns são: sablose (acúmulo de areia), obstruções por parasitas, bezoários, etc e também o stress, confinamento, transporte, e outros problemas de manejo. As infecções parasitárias se dão principalmente pelos Strongylus vulgaris que pode causar aneurisma da artéria aorta e ramos, levando a cólica por obstrução. Obstrução, intussuscepção, necrose e ruptura da alça. As impactações são fatais para equinos e é comum no ceco. Em animais idosos se dá pela dentição que aumenta o volumoso seco e grosseiro, também pode ser causada pela privação de água e o ceco entra atonia cecal. No intestino grosso há a formação de concreções ou bezoários sendo formadas por cálculos minerais (enterócitos), pelos (piloconreções), fibras vegetais (fitoconcreções) e corpos estranhos (fecaloma). As alterações inflamatórias são: tiflite (ceco), colite (cólon) e proctite (reto). As neoplasias podem ser: adenoma e adenocarcinoma na glândula perianal e também lipomas e leiomioma. As alterações adquiridas do resto, a principal doença é o prolapso de reto, quando há a extravasamento do meio interior para o meio exterior provocado por forças muito intensas. Pode ocorrer por alta carga MEDICINA VETERINÁRIA parasitária, constipação onde o animal faz muita força para evacuar, corpos estranhos e hiperplasia prostática. Dependendo do tamanho e momento realizado, há um estrangulamento do ânus, fazendo com que haja uma congestão de sangue, edema e necrose das alças. As hérnias são projeções de vísceras abdominais para fora da cavidade abdominal sem ruptura de suas estruturas. Os tipos são classificados pela localização anatômica e podem ser: umbilical (filhotes), perineal (idosos e adultos), inguinal, escrotal e diafragmática (sua ruptura pode causar compressão do pulmão e coração). Quando a hérnia é rompida, ocorre a evisceração. Para ser hérnia precisa haver conteúdo herneário (gordura ou órgão abdominal) e um anel herneário (área onde houve a passagem do conteúdo) e saco herneário (formado pela pele e peritônio). A parte mais perigosa da hérnia é o estrangulamento.
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