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HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO GOVERNO ITAMAR FRANCO (1992 - 1995) Alexandre Alves ESTRUTURA DE CONTEÚDO Governo Itamar Franco (1992-1995) Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) Governo Fernando Collor de Mello (1990-1992) ASPECTOS POLÍTICOS DA VICÊ-PRESIDÊNCIA A PRESIDÊNCIA DEFINITIVA INTRODUÇÃO Itamar Franco fará um breve governo na História do Brasil. Contudo, durante seu mandato ocorrem importantes eventos para nossa história recente. Mineiro de Juiz de Fora (na realidade, Itamar nasceu em Águas Brasileiras, em alto mar. Contudo, como foi registrado em Minas Gerais ficou conhecido no país como sendo mineiro), Itamar governou de forma interina, quando do afastamento de Collor por conta da aprovação do processo de impedimento na Câmara dos Deputados e de forma definitiva após a consolidação do processo e perda do mandato e dos direitos políticos de Collor. Dessa forma, faremos um estudo do Governo Itamar Franco em três etapas: na vice presidência, na presidência interina e na presidência definitiva. Analisaremos ainda, os aspectos econômicos, contudo, em um tópico a parte. VICÊ-PRESIDÊNCIA Como Vice-Presidente de Collor, Itamar foi colocado de lado na elaboração da política econômica e não foi consultado sobre as principais decisões tomadas pelo presidente. Nesse sentido, tão logo começou o mandato de Collor, iniciou-se pequenos atritos entre titular e vice que seriam exaltados em meios públicos. Por exemplo, podemos citar a discordância pública de Itamar em relação a privatização da Usiminas. O então Vice- Presidente alegou que sua venda seria prejudicial para a economia do Estado de Minas Gerais. As privatizações foram um importante fator de discordância nesse momento. Enquanto Collor via na venda de empresas estatais uma forma de arrecadação de fundos para o Governo e uma forma de fortalecimento da Sociedade e não do Estado (como mencionado por ele em debates antes das eleições), Itamar via com maus olhos a venda de empresas estatais que ainda fossem lucrativas. VICÊ-PRESIDÊNCIA Cabe destacar aqui que Itamar Franco não era contra as privatizações ou a política neoliberal de Collor. A sua oposição se baseava em dois pontos: As privatizações deveriam ocorrer, contudo, as empresas lucrativas deveriam ficar de fora dessa lista; e os fundos obtidos com a venda dessas empresas deveriam ser destinados a área social, como em educação, saúde e segurança pública. Como veremos mais adiante, no Governo Itamar, uma série de empresas estatais serão vendidas. IMAGEM 01 - Itamar Franco, presidente do Brasil entre 1992 e 1995. Fonte: Governo Federal. Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a- presidencia/acervo/galeria-de-presidentes/itamar-augusto-cautiero-franco/view Acesso em 15 de setembro de 2021. https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a-presidencia/acervo/galeria-de-presidentes/itamar-augusto-cautiero-franco/view VICÊ-PRESIDÊNCIA “Outra importante divergência aconteceu ainda em julho de 1991. Itamar defendeu a instituição de uma política salarial que protegesse as classes menos favorecidas, proposta por técnicos da área econômica, mas recusada por Collor com base em parecer do ministro da Justiça, Jarbas Passarinho, que defendia a manutenção do princípio da livre negociação preconizado pela ministra da Economia, Zélia Cardoso de Melo. A preocupação com os níveis de emprego o levou, pouco tempo depois, a defender a adoção de uma estratégia de combate à inflação que, mantendo-a em níveis razoáveis, permitisse ao país retomar o desenvolvimento econômico.” (Verbete Itamar Cautiero Franco. FGV CPDOC, 2021. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/itamar-augusto-cautiero-franco Acesso em 09 de setembro de 2021) http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/itamar-augusto-cautiero-franco VICÊ-PRESIDÊNCIA Nessa onda de discordâncias, Itamar se desligou do partido do governo em 1992. Assim, deixou o PRN – Partido da Reconstrução Nacional. Além de criticar fortemente a reforma ministerial feita pelo presidente naquele ano. Para ele, a presença de elementos conservadores nas pastas ministeriais era algo ruim para o Brasil. Ainda em 92, uma série de denúncias, como vimos, levaram o presidente Collor para uma situação bastante delicada. Como se opôs desde o início ao presidente, Itamar usou essa postura como indicativo da sua legalidade em assumir. Vejamos melhor. VICÊ-PRESIDÊNCIA IMAGEM 02 - Presidente Itamar Franco em 1993. Fonte: G1. Disponível em: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/dia-do-fusca-e- sancionado-em-juiz-de-fora.ghtml Acesso em 15 de setembro de 2021. https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/dia-do-fusca-e-sancionado-em-juiz-de-fora.ghtml PRESIDÊNCIA INTERINA Com as denúncias de corrupção e a possibilidade cada vez mais latente de abertura do processo de impeachment de Collor na Câmara dos Deputados, Itamar fez questão de acentuar as suas diferenças com relação ao presidente. Ademais, se declarou como isento de qualquer responsabilidade frente as acusações feitas à Collor. Isso porque, alguns questionaram se o vice poderia assumir em caso de afastamento. Raciocínio feito pelo então governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, por exemplo. PRESIDÊNCIA INTERINA Itamar defendeu a legalidade e o respeito e a Constituição do Brasil. Nesse sentido, vale destacar a chamada “República dos Senadores” ou o “Cinturão do Itamar”, nomenclatura designada para se referir a um grupo suprapartidário formado no Senado Federal para dar suporte e apoio a Itamar em caso de impedimento definitivo de Collor. Nesse momento, Itamar já era presidente do Brasil em caráter interino, enquanto Collor aguardava a conclusão do processo. PRESIDÊNCIA INTERINA Se formou nesse momento uma complexa rede de apoiadores em torno de dois pontos principais: Levar o processo de impedimento de Collor e garantir seu afastamento e garantir a posse de Itamar no cargo, respeitando a constituição. Além da República dos Senadores cujos principais nomes são: Pedro Simon (PMDB-RS), Maurício Correia (PDT- DF), Alexandre Costa (PFL-MA) e José Sarney (PMDB-AP), além do deputado Jamil Haddad (PSB-RJ), Itamar contou com apoio de outros partidos, como o PT de Lula, por exemplo. Itamar tentou mudar sua imagem junto aos empresários. Para isso, fez questão de mostrar seu posicionamento a favor da política neoliberal, então em curso em diversas nações europeias e EUA. PRESIDÊNCIA INTERINA IMAGEM 03 - Presidente Itamar Franco acenando no Congresso. Fonte: Universidade Federal de Juiz de Fora Notícias. Disponível em: https://www2.ufjf.br/noticias/2021/06/30/memorial-itamar-franco-promove-mesa-on-line-10-anos-sem-itamar/ Acesso em 15 de setembro de 2021. https://www2.ufjf.br/noticias/2021/06/30/memorial-itamar-franco-promove-mesa-on-line-10-anos-sem-itamar/ PRESIDÊNCIA INTERINA Itamar articulava com diversas lideranças políticas e estava se preparando para assumir de forma definitiva. Já que o impedimento do então presidente Collor era praticamente certo. Contudo, o mineiro cuidou para não esboçar em público uma figura que conspirava contra o seu próprio governo. Como vimos, Collor de fato sofreu o impeachment e foi afastado do cargo e perdeu os direitos políticos por oito anos. Com todo esse apoio, Itamar que estava atuando como presidente interino, assumiu o cargo de forma definitiva com a responsabilidade de concluir os anos de mandato de Collor e sobretudo, atuar na área econômica, prioridade nesse momento. ASPECTOS POLÍTICOS O PLEBISCITO DE 1993 INTRODUÇÃO A partir desse momento, Itamar já governo o Brasil em caráter definitivo. Com a conclusão do processo de impedimento de Collor, caberia a Itamar concluir o mandato do titular, bem como mandava a Constituição Federal de 1988. O assunto mais comentado da presidência definitiva de Itamar é a estabilização da economia através do Plano Real. Contudo, houve um processoanterior a chegada de Fernando Henrique Cardoso – FHC ao cargo de Ministro da Fazenda. Dessa forma, trataremos do Plano em um tópico separado. Em termos políticos, ocorreu durante o mandato de Itamar o Plebiscito de 1993 previsto pela Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da CF 88. A CONSTITUIÇÃO DE 1988 Segundo o Art. 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. “No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País.” (BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm ). Dessa forma, a Carta Magna de 1988 deixou margem para que o povo pudesse escolher a forma e o sistema de governo através de um plebiscito. O Plebiscito é uma das formas de exercício de democracia direta permitida pela lei máxima do Brasil. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm CONCEITOS NO PLEBISCITO DE 1993 A Monarquia é uma forma de governo onde o Chefe de Estado é um monarca. Essa pessoa recebe o título de rei ou imperador. Uma característica desse modelo é que o cargo de rei é hereditário e vitalício. A República por sua vez, é uma forma de governo onde o Chefe de Estado é normalmente um presidente. Essa pessoa, no entanto, é eleita pelo povo e exerce o poder de forma temporária. Além disso, os poderes não se concentram em sua pessoa, geralmente sendo dividido em Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. No caso da República, ela pode ser presidencialista (quando as atribuições de chefe de estado e chefe de governo estão na mesma pessoa) ou parlamentarista (quando essas funções estão separadas em pessoas diferentes). Outro ponto importante é que no parlamentarismo, a principal fonte de exercício de poder está no Parlamento (legislativo) que escolhe o primeiro-ministro. O PLEBISCITO DE 1993 VÍDEO 01 - Relembre o Plebiscito de 1993: Monarquia x República. https://www.youtube.com/watch?v=BdOSc-muQwE https://www.youtube.com/watch?v=BdOSc-muQwE RESULTADO Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, ao final do plebiscito, 66,26% do eleitorado escolheu a forma republicana de governo, 10,25% escolheram a Monarquia, 10,29% votaram em branco e 13,20% foram nulos. Com relação ao sistema de governo 55,67% votaram pelo sistema presidencialista, 24,91% preferiram o parlamentarismo, 4,85% votaram em branco e 14,58% nulos. Portanto, a população votante escolheu a República como forma de governo e o presidencialismo como sistema. O resultado pode ser melhor visualizado no portal do TSE na internet. O PLEBISCITO DE 1993 IMAGEM 04 - Resultado do Plebiscito de 1993. Fonte: TSE (editado pelo autor). Disponível em: https://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/plebiscito-de-1993/rybena_pdf?file=https://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/plebiscito-de- 1993/at_download/file Acesso em 15 de setembro de 2021. https://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/plebiscito-de-1993/rybena_pdf?file=https://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/plebiscito-de-1993/at_download/file VAMOS TREINAR - QUESTÃO 01 Ano: 2009 Banca: ESAF Órgão: MPOG Prova: ESAF - 2009 - MPOG - Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental - Prova 2 Em 1993, o Brasil realizou um plebiscito sobre a forma e sobre o sistema de governo a vigorarem no país a partir de então. Os seguintes enunciados se referem ao resultado dessa opção dos eleitores brasileiros. Indique o único correto. A. No plebiscito, a campanha foi conduzida por frentes que representavam o Parlamentarismo com República, o Presidencialismo com República e o Parlamentarismo com Monarquia. B. A derrota da opção pela monarquia era previsível, porque os herdeiros de D. Pedro II não puderam fazer campanha eleitoral. C. Nas repúblicas parlamentaristas, os presidentes têm maior poder que nas repúblicas presidencialistas, porque pertencem ao partido com maioria no Legislativo. D. Nas repúblicas presidencialistas, os chefes de Estado contam com maioria automática no Legislativo, por isso são mais estáveis que as parlamentaristas. E. A maioria dos eleitores optou pela república e pelo presidencialismo, porque são forma e sistema de governo mais democráticos que os demais. VAMOS TREINAR - QUESTÃO 01 Ano: 2009 Banca: ESAF Órgão: MPOG Prova: ESAF - 2009 - MPOG - Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental - Prova 2 Em 1993, o Brasil realizou um plebiscito sobre a forma e sobre o sistema de governo a vigorarem no país a partir de então. Os seguintes enunciados se referem ao resultado dessa opção dos eleitores brasileiros. Indique o único correto. A. No plebiscito, a campanha foi conduzida por frentes que representavam o Parlamentarismo com República, o Presidencialismo com República e o Parlamentarismo com Monarquia. B. A derrota da opção pela monarquia era previsível, porque os herdeiros de D. Pedro II não puderam fazer campanha eleitoral. C. Nas repúblicas parlamentaristas, os presidentes têm maior poder que nas repúblicas presidencialistas, porque pertencem ao partido com maioria no Legislativo. D. Nas repúblicas presidencialistas, os chefes de Estado contam com maioria automática no Legislativo, por isso são mais estáveis que as parlamentaristas. E. A maioria dos eleitores optou pela república e pelo presidencialismo, porque são forma e sistema de governo mais democráticos que os demais. QUESTÃO 01 - COMENTÁRIO Questão relativamente simples. A resposta correta é a letra A. A população participou do plebiscito onde poderia escolher a forma e o sistema de governo. Era possível escolher a república presidencialista, a república parlamentarista ou uma monarquia parlamentarista. Como se sabe, venceu a república presidencialista. Sistema e forma de governo que vigoram até hoje. A alternativa B não poderia ser marcada, uma vez que tanto a monarquia, como os adeptos do presidencialismo e do parlamentarismo fizeram campanha por suas ideias. A assertiva C pode causar certa confusão. Nas repúblicas parlamentaristas o Primeiro Ministro tem a maioria no legislativo e não o presidente. Dessa forma, está incorreta. Nas repúblicas presidencialistas, o presidente pode ter a maioria no legislativo, mas isso não é regra. Afirmação que nos faz descartar a letra D. Por fim, não podemos dizer que a república presidencialista é mais democrática que a parlamentaristas. Elas são diferentes. Assim sendo, assinalar a E como resposta não seria possível. ASPECTOS ECONÔMICOS O PLANO REAL E A ESTABILIZAÇÃO DA ECONOMIA INTRODUÇÃO Na presidência em caráter definitivo, os principais desafios de Itamar Franco estavam centrados na necessidade de controle inflacionário e na retomada da atividade econômica no Brasil. Mesmos desafios dos presidentes anteriores, todos mal sucedidos em suas empreitadas. Contudo, como veremos no tópico a seguir, no Governo Itamar teremos a estabilização da nossa economia, o controle inflacionário e a retomada da atividade. IMAGEM 05 - Fernando Henrique Cardoso e Itamar. Fonte: Memorial da Democracia. Disponível em http://memorialdademocracia.com.br/card/plano-real- vence-batalha-contra-a-inflação Acesso em 15 de setembro de 2021. http://memorialdademocracia.com.br/card/plano-real-vence-batalha-contra-a-inflação INÍCIO DO GOVERNO DEFINITIVO Assim que assumiu a presidência em caráter definitivo, Itamar apresentou seu plano econômico atribuído a Paulo Haddad. As principais medidas iam de encontro ao programa liberal do governo anterior. Eram elas: distribuição de alimentos para combater a miséria, construção de casas populares e programa de saneamento básico. Ajuste fiscal para controlar a alta inflacionária e investimentos em áreas como habitação, estradas e telecomunicações. Essa última com objetivo de retomar o crescimento econômico.Itamar ainda propunha alterar as regras de privatização. O presidente seria dotado de poderes para decidir cada caso e estabelecer o valor exigido em dinheiro vivo para conclusão do negócio. Além disso, propôs algumas medidas que visavam proteger os empregados das empresas estatais de possíveis demissões em massa. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Apesar das tentativas, muitas das medidas de Itamar e Paulo Haddad, como a possibilidade de intervenção do presidente nas privatizações, não foram adiante. Criticado por Itamar que disse publicamente conceder apenas três meses para que a inflação fosse controlada, Paulo Haddad pediu demissão do cargo de Ministro da Fazenda. Para seu lugar foi nomeado o presidente da Eletrobrás: Eliseu Resende. Eliseu apresentou mais um Plano Econômico que visava reduzir a especulação financeira e retomar o crescimento econômico. Porém, sua empreitada dura muito pouco. Acusado de ter favorecido uma empreiteira em contratos de obras do governo, Eliseu Resende pediu demissão do cargo, sendo substituído pelo então Ministro de Relações Exteriores do Brasil, Fernando Henrique Cardoso. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO IMAGEM 06- Fernando Henrique Cardoso – FHC e Itamar Franco. Foto tirada no dia da posse de FHC como Ministro da Fazenda de Itamar no ano de 1993. Fonte: Terra. Disponível em: https://www.terra.com.br/economia/real-era-pre-condicao-para-projeto-de-pais-diz- ricupero,53c44bef3d696410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html Acesso em 10 de setembro de 2021. https://www.terra.com.br/economia/real-era-pre-condicao-para-projeto-de-pais-diz-ricupero,53c44bef3d696410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html PLANO REAL FHC recebeu carta branca de Itamar para atuar na área econômica. Sua análise estava baseada na ideia de que o combate inflacionário deveria estar atrelado a um enfrentamento do déficit crônico das contas do Governo. As medidas iniciais incluem o chamado Plano de Ação Imediata cuja meta era reduzir fortemente os gastos. Com isso a área social foi fortemente impactada. Ademais, houve um corte de três zeros na moeda nacional, além de sua substituição. O Cruzeiro (Cr$) foi substituído pelo Cruzeiro Real (CR$). O dólar passou a flutuar livremente sem a interferência do Banco Central. PLANO REAL Com relação as privatizações, a nova regra colocava a vendas das empresas estatais sobre o clivo do Ministério da Fazenda, porém ampliava o número de empresas passíveis de serem privatizadas. Nesse momento, com essa medida, especulou-se que o presidente Itamar e Fernando Henrique Cardoso estavam em desacordo com a maioria das medidas propostas. FHC ainda apresentou proposta para extinguir alguns ministérios, cortar despesas do Governo e aumentar os impostos. As medidas visavam reduzir os gastos do governo e na mesma linha, aumentar a arrecadação. PLANO REAL Foi proposto ainda a criação do Fundo Social de Emergência, dispositivo que desvinculava os recursos orçamentários de suas destinações finais previstas pela constituição. Elevou-se a taxa de juros e implementou a cobrança do IPMF Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira. Além disso, foi aprovada uma nova tabela de imposto de renda. As medidas eram preparatórias para estabelecer a Unidade Real de Valor – URV e em seguida o Real (R$) uma nova moeda. A URV foi implementada como um novo indexador para a economia e seu objetivo era auxiliar no controle inflacionário e reduzir a hiperinflação. Além disso, previa preparar uma transição de um regime de alta inflação para um regime de baixa inflação. Todas essas medidas visando preparar o caminho para a substituição da moeda. Sendo essa medida bastante inovadora nos planos que ocorreram até então. PLANO REAL Com o novo indexador, a inflação foi caindo de forma gradual. Quando a URV chegou ao valor equivalente a 2750 Cruzeiros-Reais, a mesma foi substituída pelo Real. Vale destacar ainda que esse valor era equivalente a cotação do dólar. Dessa forma, a troca de moeda foi estabelecida na proporção de 2750 URV para 1 Real para 1 dólar. Em determinados momentos pós-plano real, a nossa moeda chegou a valer mais que o dólar. Claro que essa medida estava sendo sustentada pelo Governo e não poderia durar por um longo período. PLANO REAL VÍDEO 02 - 20 anos de Plano Real. https://www.youtube.com/watch?v=jIRzw5ChqJ0&t=139s https://www.youtube.com/watch?v=jIRzw5ChqJ0&t=139s PLANO REAL VÍDEO 03 - Ep. 08 da série 'ECONOMIA BRASILEIRA' : 1994 – 2002 – O Plano Real (with English subtitles). https://www.youtube.com/watch?v=m2aiA8NC66A https://www.youtube.com/watch?v=m2aiA8NC66A CONCLUSÃO “Após 15 dias da implantação do real, já era flagrante a vertiginosa queda da inflação. Alguns dos segmentos mais pobres da população se atreveram a incrementar suas compras, provocando uma corrida ao crediário, apesar da manutenção das taxas de juros em patamares muito altos.” (Verbete Itamar Cautiero Franco. FGV CPDOC, 2021. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/itamar-augusto-cautiero-franco Acesso em 10 de setembro de 2021) http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/itamar-augusto-cautiero-franco CONCLUSÃO O sucesso do Plano foi evidente. A redução da inflação e a retomada do crescimento e da atividade econômica foi atingido. Dessa forma, o sucesso do Plano iria influenciar de maneira decisiva nas eleições presidenciais de 1994. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disputou a vaga principalmente contra Luís Inácio Lula da Silva (PT) e Enéias Carneiro (PRONA) vencendo logo no primeiro turno. Mas esse é o assunto da próxima aula. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, Reinaldo. A entrevista que Pedro concedeu à VEJA há 20 anos e que está na raiz do ódio que Fernando Collor tem da revista. Revista Veja. 31 de julho de 2020. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/a- entrevista-que-pedro-concedeu-a-veja-ha-20-anos-e-que-esta-na-raiz-do-odio-que-fernando-collor-tem-da-revista/ Acesso em 06 de agosto de 2021. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm CEZARINi, Victor. O Programa Nacional de Desestatização na década de 90. Jornal Terraço Econômico. 25 de maio de 2020. Disponível em: https://terracoeconomico.com.br/o-programa-nacional-de-desestatizacao-na-decada-de-90/ Acesso em 06 de agosto de 2021. FAUSTO, Boris. História do Brasil. 12 edição. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo – EdUSP, 2006. ISBN: 85-314-0240-9. O que é neoliberalismo. Politize! 1 de julho de 2016. Disponível em: https://www.politize.com.br/neoliberalismo-o-que- e/ Acesso em 06 de agosto de 2021. https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/a-entrevista-que-pedro-concedeu-a-veja-ha-20-anos-e-que-esta-na-raiz-do-odio-que-fernando-collor-tem-da-revista/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://terracoeconomico.com.br/o-programa-nacional-de-desestatizacao-na-decada-de-90/ https://www.politize.com.br/neoliberalismo-o-que-e/ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Plano Collor. Memória Globo. Disponível em: https://memoriaglobo.globo.com/jornalismo/coberturas/plano- collor/plano-collor-ii/ Acesso em 06 de agosto de 2021. Plebiscito de 1993. Tribunal Superior Eleitoral – TSE, 2021. Disponível em: https://www.tse.jus.br/eleicoes/plebiscitos- e-referendos/plebiscito-1993/plebiscito-de-1993 Acesso em 10 de setembro de 2021. Resultado do Plebiscito de 1993. Tribunal Superior Eleitoral – TSE, 2021. Disponível em: https://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/plebiscito-de- 1993/rybena_pdf?file=https://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/plebiscito-de-1993/at_download/file Acesso em 10 de setembro de 2021. SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. Verbete biográfico Fernando Collor. FGV CPDOC, 2021. Disponível em:http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/collor-fernando Acesso em 06 de agosto de 2021. https://memoriaglobo.globo.com/jornalismo/coberturas/plano-collor/plano-collor-ii/ https://www.tse.jus.br/eleicoes/plebiscitos-e-referendos/plebiscito-1993/plebiscito-de-1993 https://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/plebiscito-de-1993/rybena_pdf?file=https://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/plebiscito-de-1993/at_download/file http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/collor-fernando REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Verbete biográfico Itamar Cautiero Franco. FGV CPDOC, 2021. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/itamar-augusto-cautiero-franco Acesso em 10 de setembro de 2021. Verbete Caras Pintadas. FGV CPDOC, 2021. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete- tematico/caras-pintadas Acesso em 06 de agosto de 2021. Verbete Plano Collor. FGV CPDOC, 2021. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete- tematico/plano-collor Acesso em 06 de agosto de 2021. Verbete Plano Real. FGV CPDOC, 2021. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete- tematico/plano-real Acesso em 10 de setembro de 2021. http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/itamar-augusto-cautiero-franco http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/caras-pintadas http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/plano-collor http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/plano-real OBRIGADO PELA ATENÇÃO!
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