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Estudo de CASO 1 - Multiculturalismo_ relações étnico-raciais Multiculturalismo e sua diversidade cultural Brasileira

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Multiculturalismo: relações étnico-raciais Multiculturalismo e sua diversidade cultural Brasileira
Ao se falar de multiculturalismo se faz necessário também falar de identidade. Identidade é a transformação contínua do sujeito por meio de interações sociais, construída pela pluralidade de experiências vivenciadas com seleção e filtragem de conhecimentos em contato direto com diferentes culturas. Cultura é a mistura de manifestações provenientes das relações sociais e o multiculturalismo é a resposta necessária a uma hegemonia etnocentrista, que se mostrou obsoleta com necessidade da ruptura desses padrões, vindo à tona com a Globalização.
Como exemplo disso podemos citar o Canadá, por lá o multiculturalismo é política oficial do governo desde 1971. Muitas universidades implementaram programas de idiomas, além dos oficiais inglês e francês e existem escolas públicas onde os alunos chegam a falar até quatro línguas. Outro exemplo é que algumas escolas com uma grande população muçulmana passaram a reconhecer feriados muçulmanos e criaram espaços dedicados à oração para os estudantes. A França também passou a ser referência de multiculturalismo com a Escola de negócios ESC Rennes School of Business, instituição francesa de Ensino Superior onde a diversidade de rostos, línguas e expressões que coexistem pelos corredores .a instituição considerada uma das 10 melhores escolas de negócios do país, orgulha-se do caráter internacional que assumiu desde sua fundação. Cerca de 50% de seus 4.048 estudantes são de fora da França, somando mais de 70 nacionalidades. Entre os professores, o quadro não é diferente: 85% deles são estrangeiros, congregando mais de 30 nacionalidades que vão de alemães, suecos e italianos a australianos e paquistaneses.
Aqui no Paraná, em especial no município de Foz de Iguaçu a diversidade cultural é imensa devido a sua região fronteiriça com Paraguai e Argentina, formando uma região metropolitana internacional onde habitam cerca de 1 milhão de pessoas. Neste espaço privilegiado, Foz do Iguaçu se destaca, sendo uma cidade que concentra cerca de 80 etnias pela região. Ali podemos citar a implantação da Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA), para promover a integração dos países da América Latina e também, assim como no Canadá, também foi implantado em uma instituição escolar, o projeto MULTICULTURALISMO COM ÊNFASE NA CULTURA ISLÂMICA EM FOZ DO IGUAÇU com atividades extracurriculares, como visita ao Centro de Cultura Islâmica em Foz do Iguaçu, Mesquita, e espaços gastronômicos procedentes da cultura islâmica, roda de conversa, atividades de leitura, construção de murais e discussão, enfatizando a cultura islâmica, uma das peculiaridades de Foz do Iguaçu e realidade de muitos de seus alunos. Os exemplos do Canadá, França e aqui em Foz do Iguaçu nos mostram que o multiculturalismo passa a ser visto como riqueza para construção de uma sociedade mais igualitária e o ambiente educacional, passa a ser o local propício para sua aplicabilidade. No ambiente escolar é valioso mostrar para uma criança um novo olhar do mundo em que se vive, permitindo à criança esse momento de reflexão sobre desconstruir estereótipos e sensibilizá-las a colocar-se no lugar do outro. 
Na rede privada de ensino no Município de Curitiba, pouco se fala na diversidade cultural brasileira de forma não folclórica, limitado a datas comemorativas onde o indígena ainda é tratado como ser mitológico e esquecido como sendo povo originário do Brasil. Mesmo diante da lei 11645/08 que torna obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena, pouco se aplica na prática e quando o feito é de forma superficial, rasa e por vezes ainda repleta de preconceitos. Diante desse cenário se faz urgente uma nova leitura de aplicabilidade sobre o tema. É preciso trazer para o dia a dia a diversidade cultural tão presente na formação do povo brasileiro mas que ainda é muito distante da realidade e do entorno dessas crianças. Os estudos regionais aprofundados de forma interdisciplinar seriam uma ótima ferramenta para entendimento e contato com a cultura desses locais, aproximando-as de outras realidades permitindo uma sensibilização com foco no respeito às diferenças. É importante também que o ensino resgate possíveis raízes muitas vezes esquecidas pela hegemonia cultural dominante e desconhecidas por estas crianças, focadas quase sempre na possibilidade de ter tido europeus como seus ancestrais. A formação docente sobre o tema também é fundamental para garantia da tratativa adequada e com qualidade, garantindo pedagogia libertadora, permitindo a criança agir e refletir sobre o mundo, visando modificá-lo frente à discriminação em especial das minorias ainda tão presentes nos dias atuais e principalmente no entendimendo do país como sendo multicultural. 
REFERÊNCIAS
SILVA, Carolina de Souza. O Multiculturalismo no Canadá e os desafios para o Brasil: As Políticas Educacionais Multiculturalistas. UniCEUB - Centro Universitário de Brasília. Brasília. 2013. Disponível em: https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/8069/1/51200134.pdf
Acesso em 21 abr. 2021 
PAIVA, Wilson Alves; SCOTT, David; GERELUK, Dianne. O Multiculturalismo Liberal de Kymlicka na Educação Canadense e o Contexto Brasileiro. Revista Educação & Realidade. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Faculdade de Educação. Porto Alegre. 2018. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-62362018000301149
Acesso em 19 abr. 2021
POZZO, Eloiza Dal; NIHEI, Oscar Kenji. A vida em comum em sociedades multiculturais: Análises das Relações Sociais e da Adaptação dos Alunos Estrangeiros da Unila em Foz do Iguaçu. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Foz do Iguaçu. 2018. Disponível em https://revistas.unila.edu.br/sures/article/view/905
Acesso em 21 abr. 2021
O Multiculturalismo presente na Tríplice Fronteira. Pop Hotel Foz, 2019. Disponível em https://www.pophotelfoz.com.br/o-multiculturalismo-presente-na-triplice-fronteira Acesso em 21 abr. 2021.
AFONSO, Nathália. Folha UOL Piauí, 2019. Disponível em https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2019/11/20/consciencia-negra-numeros-brasil/
Acesso em 21 abr. 2021.

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