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A incidência de abortos submetidos a curetagem na unidade municipal materno infantil de Teixeira de Freitas -na

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10
 
2.0 O ABORTO 
 
2.1 ASPECTOS SOCIOHISTÓRICOS 
Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde – OMS (1994), dos quarenta 
a setenta milhões de abortos que ocorrem mundialmente, mais da metade ocorre em 
países de terceiro mundo, nos quais está associado com falta de assistência 
médica, falta de acesso a informações e a métodos contraceptivos (SCHOR; 
ALVARENGA, 1994). 
Segundo Canesqui (1998 ), o aborto constituía um problema universal, que afetava a 
saúde pública e provocava a desintegração da família gerando problemas de 
diferentes ordens à mulher. Dessa forma, tem-se que a constituição da política de 
planejamento familiar no Brasil é fator que pode evitar a prática do aborto. 
O aborto foi associado a crime e doença, transformando-se num problema médico-
social que incidia principalmente na faixa de mulheres entre 25 e 29 anos. As causas 
principais do aborto são o atraso cultural, a falta de educação sexual, a paternidade 
"irresponsável" e a ignorância do uso de métodos anticoncepcionais (SCHOR; 
ALVARENGA, 2008). 
Estudos realizados por Cavalcanti, Andrade e Teixeira (1999) concluíram que a 
prática do aborto provoca conseqüências adversas para as mulheres, a exemplo da 
morte por causa de procedimentos inseguros e sem higiene, que ocasiona 
infecções, ou em longo prazo problemas ginecológicos e esterilidade. 
Embora com toda a atenção médica que o assunto tem recebido não se tem 
conseguido reduzir a ocorrência dessa prática social, devido a gama de fatores que 
são encontrados em sua ocorrência e no processo de atendimento à questão. A 
efetiva política de planejamento familiar ou reprodutivo pode ser um elemento 
essencial na minimização e na análise desse problema, porque, a mulher passaria a 
ser vista em sua totalidade. 
Para Hutchinson (apud OLIVEIRA, 2008), o aborto se situa entre os diversos tabus 
se manifestam numa sociedade e em alguns contextos, são rotulados como atos 
vergonhosos, principalmente, entre as classes mais altas. Mas a prática de tal ato 
como método limitador da família não é exclusivo de nenhum grupo econômico ou 
social. 
 11
 
O aborto provocado pode ser realizado por médicos e em clínicas especializadas, 
por procedimentos feitos por pessoas não habilitadas ou até mesmo pelas próprias 
gestantes através de métodos tradicionais, como a ingestão de ervas ou fármacos 
com efeito abortivo, até atividade física excessiva ou violência física direta 
(MILANESI, 1968). 
O Abortamento provocado é ilegal no Brasil, exceto em 2 situações: gestação 
decorrente de estupro e gestação com risco materno. É de difícil estimativa. Quando 
realizado clandestinamente é alta a incidência de morbimortalidade materna devido: 
perfuração uterina e de vísceras abdominais, hemorragia, infecção localizada ou 
sistêmica, choque séptico, esterilidade, sinéquias. 
No Brasil, há apenas dois casos, previstos por Lei, em que se autoriza a realização 
do aborto: o chamado aborto terapêutico (feito para salvar a vida da gestante) e 
aborto sentimental (resultante de estupro). 
Segundo código penal (1940), dos crimes contra vida contidos no Art. 128 Não se 
pune o aborto praticado por médico; Aborto necessário: 
 I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez 
resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da 
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal 
O abortamento legal em caso de risco materno (aborto terapêutico), requer laudo de 
2 obstetras e 1 especialista na patologia que está motivando a interrupção, além do 
consentimento informado (gestante e familiares). Não é necessário comunicar ao 
CRM, porém, é necessária a notificação à comissão de ética do hospital. Em caso 
de pós estupro (aborto honroso ou moral), o atendimento por equipe habilitada ou 
por serviço de referência e requer apresentação de Boletim de Ocorrência Policial. 
Não é necessário laudo de IML ou autorização judicial. Em caso de má formação 
grave ou incompatível com a vida (aborto eugênico), requer autorização judicial 
(Ministério Público). Após confirmação diagnóstica, juntamente com Laudo assinado 
por três profissionais do serviço de Medicina Fetal e autorização familiar, deve ser 
dada entrada com processo juntamente ao Ministério Público e aguarda parecer da 
Justiça. Interrupção somente diante de parecer favorável. 
Estudo realizado por Oliveira (2008),em São Paulo, no período de agosto de 2005 a 
agosto de 2006 sobre a legalidade do aborto, observou que 28,58% dos 
 12
 
entrevistados acham que o aborto deveria ser realizado em caso de violência sexual, 
seguido por risco de vida da mãe e/ou má formação do feto. 42,03% dos 
entrevistados consideram a prática do aborto condenável, mas necessária. O 
referido estudo constatou também que 61,50% dos entrevistados também se 
posicionaram contra a legalização do aborto, e a justificativa mais freqüente foi a de 
que ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém, seguida pelo aspecto religioso, 
pois afirmam ser um ato pecaminoso. 
Para Fonseca (1996), o aborto é“[...] Indução do aborto é legalmente permitida no 
Brasil somente quando necessária para salvar a vida da mulher ou quando a 
concepção ocorreu a partir de estupro”. Essa condição torna o aborto um assunto 
ainda mais complexo que merece uma atenção maior pela sociedade. 
O aborto é uma das principais questões de saúde pública devido à alta incidência 
(15 a 20%), à incidência elevada na camada jovem (22,5%) do total de internamentos 
por abortamento, se realizado em condições inseguras quando provocado e, apesar 
da falta de dados confiáveis, incidência de morbimortalidade alta nos países onde é 
realizado de forma clandestina (OMS, 1994). 
De acordo Jorge de Rezende (2003, pág. 749) “[...] cerca de 15% das gestações 
terminam entre 4 a 20 semanas, e a incidência de abortamento entre 18 a 20 
semanas de gestação seja de ate 62%”.Não se sabe ao certo quantos abortos no 
total são realizados no Brasil, pois muitos são feitos de forma clandestina e ilegal. 
. .Para Giffin (1999 pág. 286), no Brasil, a discussão sobre o aborto ainda apresenta 
um caráter complexo e controverso. Ao mesmo tempo em que o índice exato de 
abortamentos é desconhecido, é evidente que um grande número de mulheres, em 
todo o país, são hospitalizadas a cada ano, em função de complicações de 
procedimentos abortivos inseguros. 
A faixa etária cada vez mais vem diminuindo o que indica a maior incidência na 
camada adolescente, e sugere a necessidade de uma política mais eficiente para 
esclarecer e orientar essa faixa etária sobre a questão e suas implicações No 
nordeste as mulheres pobres, jovens são mais vulneráveis aos abortos inseguros no 
Brasil, onde no ano passado a média diária foi de 686 internações no Sistema Único 
de Saúde (SUS) para tratamento de complicações pós-aborto. Isso reforça a tese de 
 13
 
que o número elevado de abortos no Brasil é sobretudo um problema 
socioeconômico. “O Nordeste é a região mais pobre do Brasil, onde as mulheres têm 
menos acesso à informação, menos acesso aos meios de evitar uma gravidez e que 
portanto mais propensas a alta incidência do aborto. ( não entendi) 
Na ausência de uma oferta efetiva de meioscontraceptivos no País, as políticas 
públicas em relação à saúde reprodutiva deixam a desejar. A existência de uma 
proposta específica voltada para a saúde da população feminina, elaborada desde 
1983, a partir do Ministério da Saúde e consolidada, através do Programa de 
Assistência Integral à Saúde da Mulher - (PAISM), muito pouco contribuiu para que 
esse panorama sofresse uma ação mais firme por parte das instâncias gestoras das 
políticas públicas, no sentido de que as mudanças no padrão de fecundidade da 
mulher brasileira fossem acompanhadas de melhor qualidade de vida. As ações do 
PAISM permanecem, após 14 anos, tímidas e escassas e, certamente, não é 
através delas, ou graças a elas, que se consegue explicar essa brusca mudança dos 
padrões demográficos brasileiros. 
2.2 CLASSIFICAÇÃO 
Segundo Rezende (2005), os abortos podem ser classificados em: 
a) ameaça de abortamento: quando há sangramento de pequena intensidade, com 
ou sem cólicas, colo uterino impérvio, útero compatível com idade gestacional. 50% 
dos casos evoluem para abortamento. Recomenda-se hCG: dosagens seriadas 
(monitorizar evolução). É preciso repouso com restrição de atividade física e a 
conduta: apoio psicológico, orientação sobre ausência de terapêutica eficaz, 
analgésicos, etc. Deve-se solicitação: ABO/RH, VDRL, anti HIV 
b) Abortamento inevitável: quando se verifica sangramento mais intenso, com 
coágulos, cólicas mais fortes que na ameaça de aborto, útero compatível com a 
idade gestacional, colo uterino pérvio. Nesse caso, o diagnóstico é essencialmente 
clínico. Ocorre quando a gestação completa 12 semanas e recomenda-se a 
curetagem uterina cruenta ou por vácuo aspiração (AMIU). Muitas vezes esse tipo 
de aborto é confundido coma menstruação, porém é diferenciado pela quantidade de 
sangue. 
 14
 
 c) Abortamento completo: e um abortamento freqüente ate 8 semanas de gestação, 
após a expulsão do ovo, o sangramento reduz-se a perdas muito discretas e com 
diminuição das cólicas, só a evolução do caso confirma o diagnostico. Faz-se o 
acompanhamento clínico com objetivo de observar a diminuição do sangramento, 
cólicas, permeabilidade do colo uterino, involução uterina, solicitar ultra-sonografia: 
se há dúvidas útero vazio ou imagens sugestivas de coágulos. 
d) Abortamento incompleto: quando ocorre sangramento e cólicas com intensidade 
variável, colo uterino pérvio. A ultra-sonografia evidencia imagem sugestiva de restos 
ovulares e a conduta é igual a do abortamento inevitável. 
e) Abortamento retido: Quando o sangramento e discreto ou ausente, colo impérvio, 
útero menor que o esperado. Há regressão dos sinais/sintomas de gestação com 
hCG em níveis decrescentes. A ultra-sonografia revela produto conceptual sem 
vitalidade ou ausência. A conduta nesse caso é o internamento, o acesso venoso, 
exames laboratoriais, Misoprostol: 200 mg. Diagnosticada a morte do ovo, deve ser 
o útero evacuado. Sendo importante antes de intervir, a obtenção de sangue para 
estudo hematológico. 
f) Abortamento infectado (séptico): geralmente acontece após manipulação uterina 
com instrumentos. Pode ter a seguinte evolução se não tratado adequadamente: 
endometrite parametrite peritonite septicemia e choque séptico. Pode ocorrer no 
abortamento completo, incompleto ou retido. O quadro clínico fica variável a 
depender da evolução: febre (geralmente > 38ºC), pulso acelerado, sudorese, 
hipotensão, sangramento de odor fétido, dor à manipulação do colo uterino, coleção 
liquida em fundo de saco posterior, irritação peritonial. Há possibilidade de 
perfuração uterina e alças intestinais. Recomenda-se nesse caso, aplicar após 48 
horas afebril: antibiótico por via oral para anaeróbio por 7 dias. Não há necessidade 
de manutenção de antibiótico por via oral após alta hospitalar. 
g) Abortamento espontâneo: tem seu diagnóstico no inicio da gestação, com 
incidência incerta e de dificuldade percepção devido à omissão de informação. 
h) Abortamento habitual: 3 ou mais consecutivos. Ocorre com 0,5 a 3% dos casais. 
Diagnóstico etiológico: só em 50% dos casos. Cerca de 3 8% dos casais possuem 
anomalias cromossômicas identificáveis. O Cariótipo do produto da concepção 
orienta futuras gestações 
 15
 
i) Incompetência istmo cervical: Dar-se com a abertura do orifício interno, havendo 
insuficiência na musculatura ístmico e cervical. E uma das principais causas de 
abortamentos tardios, interrupção a partir de 16 semanas. Caracteriza-se pelo 
sangramento variável, cólicas leves ou ausentes, com feto vivo ou falecido na 
expulsão. 
2.3 TRATAMENTO 
O tratamento tradicional para aborto incompleto é a curetagem, que consiste no 
esvaziamento uterino, com ou sem dilatação cervical mecânica, através da 
raspagem da cavidade endometrial, por meio de curetas e apreensão e retirada do 
conteúdo ovular, sob efeito de anestesia, requerendo o internamento das pacientes 
por várias horas. Entres os riscos desse procedimento estão os inerentes a 
anestesias e ao esvaziamento uterino e à exposição das pacientes sob permanência 
prolongada à infecção, que podem contribuir para o acréscimo da mortalidade 
materna. No caso de abortamento infectado (séptico), além do procedimento 
realizado (curetagem uterina) é indispensável o uso de antimicrobianos para 
combater a infecção (HOLAND et al, 2003). 
A curetagem apresenta vantagem no tratamento do aborto incompleto, como a 
primazia de utilizar instrumentos de fácil manuseio, técnica simplificada, satisfação e 
aceitabilidade do método pelas pacientes e profissionais, além do o uso de 
analgésico local em substituição ao analgésico geral, diminuição da permanência 
hospitalar e, conseqüentemente, a redução da mortalidade materna (HOLANDA et 
al, 2003). 
O uso de aspiração manual a vácuo (AMV) no tratamento do aborto incompleto é 
prática bastante difundida em países desenvolvidos. Vários estudos nesses países 
indicam que o uso da técnica de aspiração manual a vácuo (AMV) pode conservar 
recursos do sistema de saúde e melhorar a qualidade do tratamento do aborto. No 
Brasil, o uso da AMV é procedimento de rotina nos hospitais e clínicas privados. 
Entretanto, na maioria dos hospitais da rede pública é utilizada somente a técnica de 
dilatação e curetagem. O tratamento do aborto incompleto, provocado ou 
espontâneo, em hospitais públicos, é responsável pela utilização de parte 
 16
 
substancial de recursos do sistema de saúde, em países da América Latina 
(FONSECA; MISAGO FERNANDES, 1997). 
3.0 PLANEJAMENTO FAMILIAR 
A Constituição Federal Brasileira de 1988 afirma que a saúde é direito de todos e 
dever do estado (artigos 196 a 200). No art. 226, §7°, reconhece e garante a 
contracepção como um direito do (da) cidadão (ã) e afirma o direito de escolha 
reprodutiva como um direito de mulheres e de homens (ÁVILA, 2000). 
 § 7° - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, 
competindo ao estado propiciar recursos educacionais e científicos para o 
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de 
instituições oficiais ou privadas (BRASIL, 1988). 
 Este artigo é regulamentado pela lei N° 9.263 de 12 de janeiro de 1996 em que 
estabelece que as instâncias gestoras do (SUS) Sistema Único de Saúde, em todos 
os seus níveis devem garantir (as) cidadãos (ãs) o direito no planejamento das suas 
famíliastanto com relação à contracepção quanto em relação aos meios para 
assistir à concepção, incluindo questão da infertilidade. 
Art. 2. Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como um conjunto 
de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de 
constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo 
casal. 
Art.3. O planejamento familiar é parte integrante do conjunto de ações de 
atenção à mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma visão de atendimento 
global e integral à saúde (BRASIL, 1996). 
Esta lei, conhecida como Lei do Planejamento Familiar, compõe um conjunto de 
ações de atenção à mulher, ao homem e ao casal oferecendo atenção integral à 
saúde. 
Quanto ao direito à regulação da fertilidade, a Constituição Federal estabelece, em 
seu artigo 227, parágrafo 7º, que: “O Planejamento Familiar é livre decisão do casal, 
competindo ao Estado propiciar recursos educativos e científicos para o exercício 
desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituição particular ou 
privada”. 
http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%255edlibrary&format=iso.pft&lang=i&nextAction=lnk&indexSearch=AU&exprSearch=FONSECA,+WALTER
http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/?IsisScript=iah/iah.xis&base=article%255edlibrary&format=iso.pft&lang=i&nextAction=lnk&indexSearch=AU&exprSearch=FERNANDES,+LUCILIA
 17
 
O planejamento familiar pode ser entendido como uma tomada de decisão 
consciente, tornando possível para os que desejarem programar quando e quantos 
filhos terão; permitem-lhes ainda a oportunidade de escolher entre ter ou não filhos 
de acordo com os planos e as expectativas (CEOLIN, CASARIN, HECK, 2008). 
De acordo com Ávila (2000), em 1983, o planejamento familiar foi garantido como 
direito das mulheres, com a criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da 
Mulher (PAISM). O governo brasileiro estabeleceu Programa de Planejamento 
Familiar, oficialmente, em 1986. Sabe-se que no Brasil e em muitos outros países do 
Hemisfério Sul, o acesso à contracepção ainda não está bem definido. 
Para que o planejamento familiar tenha efetividade, ele precisa dispor de métodos e 
práticas que possibilitem as mulheres e homens o direito da paternidade, 
acompanhamento clínico-ginecológico, ações educativas que permitam escolhas 
conscientes. No que se refere à contracepção, deve disponibilizar para mulheres e 
homens, todos os métodos anticoncepcionais que o Ministério da Saúde preconiza. 
3.1 ASSISTÊNCIA À CONTRACEPÇÃO. 
A assistência na anticoncepção envolve atividades educativas, aconselhamento e 
atividades clínicas. A atividade educativa tem como objetivo os conhecimentos 
necessários para que o cliente juntamente com o profissional de saúde possa optar 
pela utilização do método anticoncepcional mais adequado e propiciar um maior 
esclarecimento de dúvidas relacionado à anticoncepção e à sexualidade. Sua prática 
deve ser precedida a primeira consulta, preferencialmente em grupos (MINISTERIO 
DA SAÚDE, 2006). 
É de suma importância a integração e participação da população, na troca de 
informações e experiências, buscando sempre o uso de uma linguagem acessível e 
precisa. 
O aconselhamento entende-se como um processo centrado de escuta ativa 
individualizado, em que o profissional busca conquistar a confiança do cliente, 
avaliar suas necessidades, dúvida e medos relacionados à anticoncepção e 
planejamento familiar. 
A atividade clínica ocorre após as ações educativas, baseia-se numa primeira 
consulta que inclui uma anamnese, exame físico geral e ginecológico, analise 
 18
 
escolha e indicação do método anticoncepcional. Consultas subseqüentes são 
realizadas pra reavaliar o método em uso e identificar qualquer intercorrência. 
A escolha de um método anticoncepcional é influenciada por diversos fatores como 
historia pessoal (idade, freqüência das relações sexuais, paridade, aleitamento); 
condição clinica que possam contra-indicar algum método; vulnerabilidade a 
infecções de transmissão sexual; custo e acesso ao método; intenções reprodutivas; 
comunicação com o parceiro, ale de questões culturais e mitos sobre anticoncepção 
(BEMFAM, 2003). 
 3.2 MÉTODOS COMPORTAMENTAIS 
Os métodos comportamentais são técnicas para obter ou evitar a gravidez, 
baseando-se na identificação do período fértil da mulher, abstendo-se relações 
sexuais nesse período. 
Não existem condições clinicas que restrinjam o uso dos métodos comportamentais. 
Entretanto, Existem condições ou obstáculos que podem afetar a função ovariana ou 
a regularidade dos ciclos menstruais ou alterar os sinais e sintomas de fertilidade, 
que dificultam a aprendizagem ou o uso desses métodos.. 
Os métodos comportamentais têm uma taxa de falhas de 3 a 20% dependendo da 
utilização correta e das condições do ciclo menstrual. (BENFAM 2003). 
Podem ser divididos em: 
a) Coito Interrompido – método que consiste na retirada do pênis da vagina e suas 
proximidades antes da ejaculação. 
b) Método sinto - térmico: consiste na combinação de múltiplos fatores que indicam 
a ovulação, tendo como objetivo definir o período fértil com maior precisão. Este 
método leva em consideração sintomas relacionados à temperatura basal 
corporal e o muco cervical, e também sintomas físicos e psicológicos como dor 
abdominal, variações de humor, mamas inchadas e doloridas, enxaquecas ate 
mesmo a acne. 
c) Método rítmico ou ogino-knaus (do calendário ou tabelinha) - calcula-se o início 
e o fim do período fértil e somente é adequado para mulheres com ciclo menstrual 
regular. A mulher deve ser orientada, inicialmente, a marcar no calendário os 
 19
 
últimos 6 a 12 ciclos menstruais com data do primeiro dia e duração, calculando 
então o seu período fértil e abstendo-se de relações sexuais com contato genital 
neste período. 
d) Método do colar: consiste numa simplificação do método de Ogino-Knaus, facilita 
e encurta o tempo estimado para aprender a utilizar a abstinência periódica e 
proporciona maior facilidade pra que o casal identifique o período fértil do ciclo 
menstrual. Mulheres com ciclos menstruais menores que 27 e maior que 31 não 
podem utilizar esse método. 
e) Temperatura basal: método que consiste na observação das alterações 
fisiológicas da temperatura corporal ao longo do ciclo menstrual. Após a ovulação, 
a temperatura basal aumenta entre 0,3 e 0,8o C (ação do progesterona). A 
paciente deve medir a temperatura oral, durante 5 minutos, pela manhã (após 
repouso de no mínimo 5 horas) antes de comer ou fazer qualquer esforço, e 
anotar os resultados durante dois ou mais ciclos menstruais. Esse procedimento 
deve ser realizado desde o primeiro dia da menstruação até o dia em que a 
temperatura se elevar por 3 dias consecutivos. Depois de estabelecer qual é a 
sua variação normal, e o padrão de aumento, poderá usar a informação, evitando 
relações sexuais no período fértil. 
f) Método do muco cervical (Billing): baseia-se na identificação do período fértil 
pelas modificações cíclicas do muco cervical, observado no auto-exame e pela 
sensação por ele provocada na vagina e vulva. A observação da ausência ou 
presença do fluxo mucoso deve ser diária. O muco cervical aparece cerca de 2 a 
3 dias depois da menstruação (OSIS, 2008; COSTA, 2008). 
3.3 MÉTODOS DE BARREIRA 
a) Preservativo masculino é um envoltório de látex que recobre o pênisdurante o ato 
sexual e retém os espermatozóides, impedindo a penetração destes no canal 
vaginal. Alem de evitar a gravidez, previne também as DSTS (doenças sexualmente 
transmissíveis). Sua eficácia é de 97% quando usado corretamente. Deve ser 
colocado antes da penetração após ereção do pênis, não deixando acumular ar em 
seu interior (MINISTERIO DA SAÚDE 2006). 
 20
 
b) Preservativo feminino consiste em um tubo poluiretano com uma extremidade 
fechada e outra aberta, acoplada a dois anéis flexíveis também de 
poliuretano.Forma uma barreira entre o pênis e a vagina onde fica depositado o 
esperma, impedindo o seu contato com a vagina. Também previne as DSTS, pode 
ser colocado em qualquer momento, desde que seja antes da penetração peniana, e 
retirada após o ato sexual com traquilidade (MINISTÉRIDO DA SAÚDE, 2006). 
c) Diafragma – Método contraceptivo de uso feminino que consiste num anel flexível 
coberto no centro com uma membrana de látex ou silicone em forma de cúpula que 
se introduz na vagina cobrindo o colo uterino, impossibilitando a passagem dos 
espermatozóides para útero e trompas. A taxa de falha nos primeiros 12 meses de 
uso do método varia de 2,1 % quando utilizado corretamente, a 20% em uso habitual 
(OSIS, 2008). 
d) A geleia espermaticida são substâncias químicas que recobrem a vagina e o colo 
do útero impedindo a penetração dos espermatozóides no canal vaginal, 
imobilizando-os e destruindo-os. (VIEIRA, 2008). 
3.4 MÉTODOS HORMONAIS ORAIS. 
A contracepção hormonal pode ser alcançada utilizando tanto métodos combinados 
(estrógenos + progesterona) quantos aqueles contendo apenas progesterona. 
Os anticoncepcionais hormonais orais combinados se subdividem em: monofásicas, 
bifásicas e trifásicas. (MINISTERIO DA SAÚDE, 2002). 
a) Monofásicas: a dose dos esteróides é constante nos 21 ou 22 comprimidos da 
cartela. 
b) Bifásicas: contêm dois tipos de comprimidos com os mesmos hormônios em 
proporções diferentes. 
c) Trifásica; contêm três tipos de comprimidos com os mesmos hormônios em 
proporções diferentes. 
As minipílulas: são anticoncepcionais orais somente à base de progesterona. No 
Brasil. Previnem a gravidez por inibição da ovulação, diminuição do muco cervical, 
atrofia do endométrio e luteólise prematura. São menos eficazes do que os 
anticoncepcionais combinados orais (ACO), apresentando falhas de 1,1% a 13,2%. 
 21
 
No período da amamentação, as minipílulas alcançam quase 100% de efetividade, 
além de não alterarem a qualidade do leite. 
3.5 ANTICONCEPÇÃO HORMONAL INJETÁVEL 
Os anticoncepcionais hormonais injetáveis são anticoncepcionais hormonais que 
contém progesterona ou associação de estrogênios, para administração parenteral 
(intramuscular ou IM), com doses hormonais de longa duração. (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2002). 
a) Anticoncepcional hormonal injetável com progestogênio isolado – Consiste na 
administração de progestogênio isolado, via parenteral (I.Mcom a finalidade 
contraceptiva por períodos de até três meses). 
b) Anticoncepção hormonal injetável combinado – Baseia-se na associação de 
estrogênio e progestogênio, de uso mensal, parenteral pela via (I.M.). 
3.6 CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA. 
Contracepção de emergência: o levonorgestrel (Postinor – 2â) é utilizado para 
contracepção ocasional de pós-coito desprotegido. Sua apresentação é sob forma 
de comprimidos de 0,75mg. O primeiro comprimido deve ser tomado logo após o 
coito desprotegido, até no máximo 72 horas. O segundo comprimido deve ser 
tomado 12 horas após a primeira dose. Não devem ser administrados a mulheres 
que tenham a gravidez confirmada, pois não são eficazes após ter ocorrido o 
processo de implantação. Previne a ovulação, a fertilização e a implantação. Age 
nos seguintes sítios de ação: eixo hipotalâmico-pituitário-ovariano; fator endometrial 
(inibição direta da implantação ou efeito direto sobre a blástula); fator tubário 
(alteração da motibilidade tubária); inibição da capacitação do espermatozóide 
(última fase de amadurecimento dos espermatozóides no organismo feminino). 
Após um único ato de coito desprotegido há probabilidade de falha de cerca de 2% 
das mulheres que usam corretamente o levonorgestrel.(26) A eficácia é 
significativamente e inversamente relacionada ao tempo desde o coito desprotegido. 
O tratamento iniciado dentro de 48h de coito desprotegido tem índice de gravidez de 
intenção de tratamento de 2,9% com o regime de levonorgestrel. (26) De maneira 
geral, as pílulas contraceptivas de emergência são menos eficazes que os métodos 
 22
 
contraceptivos regulares. As pílulas contraceptivas de emergência não podem ser 
utilizadas regularmente porque o índice de falha durante um ano completo de seu 
uso seria mais elevado que aqueles contraceptivos hormonais regulares. 
3.7 DISPOSITIVO INTRA-UTERINO (DIU) 
Os Dius são artefatos de polietileno, aos quais podem ser adicionados cobre ou 
hormônios, que são inseridos na cavidade uterina exercendo sua função 
contraceptiva. Atuam impedindo a fecundação, tornando difícil a passagem do 
espermatozóide pelo trato reprodutivo feminino. Deve ser colocado pelo médico e é 
necessário um controle semestral (MINISTERIO DA SAUDE, 2002). 
3.8 MÉTODOS DEFINITIVOS 
A esterilização é um método contraceptivo cirúrgico e definitivo, realizado na mulher 
através da ligadura ou corte das trompas impedindo, o encontro dos gametas 
masculino e feminino ligadura tubária ou laqueadura. No homem, ocorre à ligadura 
ou corte dos canais deferentes (vasectomia), o que impede a presença dos 
espermatozóides no líquido ejaculado. (FIGUEREDO, 2004 pág. 85 e 86). 
Quando houver indicação de contracepção cirúrgica masculina e, principalmente, a 
feminina deve ser baseada em critérios rígidos, observando-se a legislação vigente. 
4.0 METODOLOGIA DA PESQUISA 
 
4.1 TIPO DA PESQUISA 
Foi realizada uma pesquisa descritiva de caráter quantitativo, que visa identificar a 
incidência de abortos com realização de curetagem uterina na rede pública. Além 
disso, foi feita uma pesquisa de campo com enfermeiros das unidades básicas de 
saúde do município de Teixeira de Freitas com o objetivo de analisar a qualidade do 
programa de planejamento familiar. 
A pesquisa descritiva procura observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os 
fatos ou fenômenos (variáveis), sem que o pesquisador interfira neles ou os 
 23
 
manipule. Este tipo de pesquisa tem como objetivo fundamental a descrição das 
características de determinada população ou fenômeno. Ou, então, o 
estabelecimento de relações entre variáveis, isto é, aquelas que visam estudar as 
características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de 
escolaridade, estado de saúde física e mental, e outros. Procura descobrir, com a 
precisão possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e 
conexão com os outros, sua natureza e características (LAKATOS; MARCONI, 
1991). 
 4.2 LOCAL DA PESQUISA 
Num primeiro momento, como campo de pesquisa foi utilizado a UMMI, Unidade 
Municipal Materno Infantil. Localizada no município de Teixeira de Freitas. 
Posteriormente, foram utilizadas como pesquisa de campo 27 das 35 unidades 
básicas de saúde situadas no município de Teixeira de Freitas.Teixeira de Freitas é uma cidade que possui uma população de 118.702 mil 
habitantes, localizado no estado da Bahia na região do extremo sul, a 884 km da 
capital salvador. 
 4.3 SELEÇÃO DA AMOSTRA 
Para este estudo participaram as mulheres que foram submetidas à curetagem, no 
período de janeiro a dezembro de 2007, e os enfermeiros das unidades básicas de 
saúde. 
 4.4 COLETA DE DADOS 
A coleta de dados foi realizada após a aprovação da direção da UMMI, através de 
pesquisa em prontuários. No segundo momento utilizou-se um formulário contido no 
Apêndice A, aplicado aos enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde. 
Segundo Oliveira (1997), a escolha do método e técnica utilizada, depende do 
objetivo da pesquisa, dos recursos financeiros disponíveis, da equipe e elementos 
no campo da investigação. Em nosso estudo, optamos pelo uso do questionário. O 
questionário é um conjunto de perguntas, que a pessoa lê e responde sem a 
 24
 
presença de um entrevistador. No questionário estruturado não disfarçado: o 
respondente sabe qual é o objetivo da pesquisa, e o questionário é padronizado, 
usando principalmente questões fechadas. As vantagens do uso do método do 
questionário em relação às entrevistas é que se utilizam menos pessoas para ser 
executado e proporcionam economia de custo, tempo, viagens, com obtenção de 
uma amostra maior e não sofre influência do entrevistador (MARCONI; LAKATOS, 
1991). 
 
4.5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS 
É importante salientar que os dados a seguir não incluem abortos causados por 
neoplasias trofoblásticas, espessamento endometrial e abortos completos. Apenas 
participaram da pesquisa abortos que necessitaram de cureta, pois os outros citados 
não possuem livros de registro. O total de curetagens de janeiro a dezembro de 
2007 totalizou-se em 327. 
Primeiramente foram coletados dados referentes ao número de mulheres 
submetidas à curetagem no período de janeiro a dezembro de 2007, distribuindo em 
faixa etária, como mostra o gráfico 1. 
 
Gráfico 1 – N° de mulheres que realizaram curetagem no período de janeiro a dezembro de 2007. 
 
Observa-se que do total de 327 curetagens decorrentes de aborto, a maior 
incidência ocorreu na faixa etária de 20 a 30 anos, ou seja, em mulheres jovens. 
O número de unidades básicas de saúde que participaram da pesquisa foi de 27 no 
total, sabendo que no município de Teixeira de Freitas possui 35 instalações. Porem 
< de 15 anos
De 15 a 19 anos
De 20 a 24 anos
De 25 a 30 anos
>de 30 anos
Idade não identificada
 25
 
não foi possível a realização da pesquisa nas demais unidades devido a ausência 
dos profissionais enfermeiros que encontravam fora do município. 
Como objetivo da pesquisa em relaciona a incidência de abortos com a qualidade do 
programa de planejamento familiar, os gráficos abaixo representam a qualidade da 
assistência à mulher em idade fértil. 
 
Gráfico 2 – Sua Unidade de saúde oferece o programa de planejamento familiar? 
Nota-se que 100% das unidades pesquisadas disponibilizam do programa de 
planejamento familiar. Quando os entrevistados foram questionados se existia a 
consulta ao planejamento familiar ou apenas entrega do método, visualizou-se que 
todas as unidades básicas de saúde oferecem consulta de planejamento familiar. 
100%
0%
sim
não
 26
 
 
 Gráfico 3 - Existe consulta de planejamento familiar ou apenas entrega do método? 
Quando os entrevistados foram questionados se existia a consulta de planejamento 
ou apenas entrega do método, visualizou-se que 85% dos enfermeiros realizam a 
consulta de planejamento familiar na entrega do método. 
O gráfico 4 representa a porcentagem das Unidades que oferecem todos os 
métodos contraceptivos preconizados pelo Ministério da Saúde. 
 
85%
15%
sim
não
 27
 
 
Gráfico 4 - A Unidade disponibiliza de todos os métodos contraceptivos que o programa preconiza? 
Diante dos resultados, verificou-se que 74% das unidades referidas oferecem todos 
os métodos contraceptivos preconizados. 
Porém, uma porcentagem de 63% das unidades entrevistadas não atendiam a 
demanda que procuram o serviço, como demonstrado no gráfico 5. 
74%
26%
sim
não
 28
 
 
 Gráfico 5 - A disponibilidade de métodos atende a demanda? 
Conclui-se que, portanto que 63% das unidades de saúde não apresentam 
quantidade suficiente para a eficácia do programa. 
A Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, no o § 7º do art. 226 da Constituição 
Federal, que trata do planejamento familiar decreta. (BENFAM,2003). 
Art. 1º O planejamento familiar é direito de todo cidadão, observado o disposto nesta 
Lei. 
Um fato surpreendente foi observado quando a amostragem da pesquisa, afirma que 
existe uma adesão da população ao programa representado no gráfico 06. 
37%
63%
sim
não
 29
 
 
 Gráfico 6 - Há procura da população pelo programa? 
Tal fato e relativo, pois cada unidade possui uma população sexualmente ativa que 
necessitam da assistência para contracepção. Considerando que para a eficácia do 
programa é necessária a procura de 100% da população sexualmente ativa, sabe-se 
que essa adesão total da população e um grande desafio para a saúde pública, já 
que o programa não oferece métodos suficientes para a demanda que procura o 
serviço. 
100%
0%
sim
não
 30
 
 
 Gráfico 7 - A Unidade realiza ações educativas sobre métodos contraceptivos? 
Pode-se perceber que há uma preocupação dos entrevistados na realização das 
ações educativas sobre os métodos contraceptivos. 
Conforme aponta o Ministério da Saúde, as ações educativas devem ser 
desenvolvidas com o objetivo de oferecer à clientela os conhecimentos necessários 
para a escolha e posterior utilização do método anticoncepcional mais adequado. 
(MINISTERIO DA SAUDE 2006). 
 
74%
26%
sim
não
 31
 
 
 Gráfico 8 - Qual a incidência maior de idade de mulheres que procuram o programa? 
É interessante o resultado apresentado no gráfico 08 relacionando a faixa etária dos 
clientes que procuram o programa já que 96% das unidades afirmam que a maior 
incidência é na faixa etária de maior que 20 anos. Tal resultado contradiz com o que 
foi apresentado no gráfico 01, pois 54,1 % das mulheres que foram submetidas à 
curetagem também apresentam essa faixa etária. 
Para finalizar o gráfico 9 demonstra como é realizada a distribuição do método pelo 
município. 
0%
4%
96%
<de 15 anos
De 15 a 20 anos
> de 20 anos
 32Gráfico 9 - O município oferece apenas métodos distribuído pelo Ministério da Saúde? 
Nota-se que há uma diferenciação na distribuição dos métodos para as unidades, 
pois a porcentagem de 37% afirmaram receber apenas os métodos distribuídos pelo 
Ministério da Saúde. Enquanto 63% relatam o fornecimento do método não só pelo 
Ministério da Saúde, mas como também de forma não-governamental, (BENFAM). 
63%
37%
sim
não
 33
 
5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao final deste estudo, após análise e avaliação dos dados coletados observam-se 
algumas controvérsias em relação aos resultados da pesquisa. 
Como demonstrado anteriormente, a faixa etária de maior índice de mulheres que 
realizaram curetagens decorrentes de abortos no período de janeiro a junho de 
2007, é a mesma que procuram pela assistência do programa de planejamento 
familiar nas unidades de saúde. 
Outro índice relevante é o alto número de mulheres jovens que foram submetidas á 
curetagem uterina. 
Portanto, torna-se necessário uma investigação quanto à qualidade no atendimento 
assistencial e contraceptivo realizados nas Unidades Básicas de Saúde Familiar, já 
que foi detectada pela amostragem da pesquisa em que 100% das unidades 
apresentam o Programa de Planejamento Familiar, em que, a maioria destas oferece 
ações educativas. 
Como estratégia para reduzir a incidência de curetagens decorrentes do aborto, 
pensa-se em uma reestruturação na prática do programa, atendendo os princípios 
priorizados pelo Ministério da Saúde. Dentre suas prioridades esta o acesso de 
todas as mulheres e homens em idade fértil a métodos e meios para regulação de 
sua fecundidade no serviço público, os resultados esperados com a iniciativa estão à 
prevenção da gravidez indesejada entre adolescentes, jovens e adultos, e as 
reduções do número de abortos provocados e das mortes maternas decorrentes 
deles. 
Para isso e necessário uma ação conjunta do Ministério da Saúde, Secretaria 
Municipal de Saúde e profissionais vinculados ao programa, na elaboração de 
estratégias para qualificar o atendimento assistencial nas redes publicas. 
Diante da realidade seguem algumas recomendações relativas a implementação da 
assistência ao planejamento familiar efetiva, integral e humanizada: 
- Promover medidas de humanização do serviço; 
- Garantir que a equipe trabalhe de forma multidisciplinar e integrada no Programa 
de Planejamento Familiar; 
- Incentivar a participação masculina no planejamento familiar; 
 34
 
- Promover a reflexão sobre a pratica atual do Programa de Planejamento Familiar , 
relacionando-a à qualidade das ações educativas oferecidas; 
- Sensibilizar e capacitar os gestores e profissionais de saúde com relação à 
importância da implantação do Programa de Planejamento Familiar em 
conformidade com as normas técnicas do Ministério da Saúde. 
- Capacitar os profissionais atuantes nas unidades de saúde através de oficinas de 
sensibilização que trabalhem a compreensão da sexualidade e das relações de 
gênero; 
- Garantir que os seguintes elementos considerados de fundamental importância 
para a qualidade do serviço sejam disponibilizados: 
• Informações para os (as) usuários (as) 
• Ampliar o leque de opções contraceptivas disponíveis para a clientela SUS e 
a garantia de regularidade no envio de acordo com a demanda local de cada 
unidade de saúde , possibilitando a escolha livre e informada dos métodos 
• Ampliar o acesso das mulheres, homens e casais a informações e métodos 
para o planejamento familiar no contexto da assistência integral à saúde. 
• Competência técnicas – Domínio dos profissionais. 
 35
 
5 REFERÊNCIAS 
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 38
 
APÊNDICES 
 39
 
APÊNDICE A: FORMULÁRIO DE PESQUISA 
Trabalho de Pesquisa: Estratégias devem ser utilizadas para reduzir a incidência do 
aborto nos hospitais e clínicas em município de Teixeira de Freitas 
Questionário 
1. Idade: _______________ 
2. Escolaridade: 
a ( ) analfabeta 
b ( ) escreve o nome 
c ( ) 1o.grau incompleto 
d ( ) 1o.grau completo 
e ( ) 2o.grau incompleto 
f ( ) 2o.grau completo 
g ( ) superior 
3. Renda familiar: 
a( ) menos de 1 salário mínimo 
b( ) 1 salário mínimo 
c( ) 2 salários mínimos 
d( ) 3 salários mínimos 
e( ) mais de 3 salários mínimos 
4 Situação conjugal: _________ 
a) Nº de abortos: ____________ 
b) Nº de gestações: _________ 
 40
 
c) Nº de partos: ____________ 
5. A sua gravidez foi planejada? ( )sim ( )não 
6. Você utiliza algum método para não engravidar? ( )sim ( )não 
7. Você participa de alguma ação educativa? ( )sim ( )não 
8. Seu parceiro aceita o uso de preservativos? ( )sim ( )não 
9. O posto de saúde oferece métodos para não engravidar? ( )sim ( )não 
10. Quantas semanas de gestação ocorreu o aborto? _____________ 
11. Foi necessário a realização da curetagem? __________________ 
 41
 
APÊNDICE B – 
 
Eu,______________________________________________________________, 
após ser informada de que: 
a) a pesquisa de que irei participar intitula-se Estratégias devem ser utilizadas 
para reduzir a incidência do aborto nos hospitais e clínicas em município de 
Teixeira de Freitas, e está sendo desenvolvida pelas acadêmicas do curso de 
Enfermagem da Faculdade Teixeira de Freitas (Factef); 
b) os objetivos da pesquisa são identificar e analisar as estratégias devem ser 
utilizadas para reduzir a incidência do aborto nos hospitais e clínicas em município 
de Teixeira de Freitas; 
c) minha participação na pesquisa é voluntária e, portanto, não sou obrigada a 
fornecer as informações requeridas; 
d) se decidir não participar da pesquisa, ou se resolver posteriormente desistir dessa 
participação, não sofrerei nenhum dano ou prejuízo, nem haverá modificação da 
assistência que venho recebendo; 
e) por ocasião da publicação dos resultados da pesquisa, será assegurado o meu 
anonimato; 
f) este documento assinado por mim será guardado em poder dos responsáveis pela 
pesquisa e, em nenhuma circunstância, ele será dado a conhecer a outra(s) 
pessoa(s), dou o meu consentimento para participar da pesquisa. 
TERMO DE CONSENTIMENTO
 42
 
Teixeira de Freitas, ___ de _____________ de 2008.

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