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Saúde sexual e reprodutiva das mulheres

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Cilene Roque
_________________________________________________________________________________________________________________
1. Conhecer e diferenciar os Direitos Sexuais e Reprodutivos
2. Aprender os principais marcos sociopolíticos que fundamentaram
os Direitos Sexuais e Reprodutivos no Brasil
3. Identificar e entender leis e programas de políticas públicas no
Brasil, com foco na APS, para garantir e monitorar os direitos
sexuais e reprodutivos da mulher, a fim de manter a autonomia e
integridade à saúde (inclusive infertilidade)
4. Diferenciar: planejamento reprodutivo e controle da natalidade.
5. Conhecer os métodos contraceptivos disponibilizados no SUS e a
anticoncepção de emergência.
6. Conhecer a Norma Técnica de Atenção Humanizada ao
Abortamento, evidenciando os direitos das mulheres e também do
profissional médico
7. Compreender a legislação atual sobre o aborto legal (CP e
Conselho de medicina) e a conduta médica a ser adotada.
8. Compreender a importância da equipe multidisciplinar no aborto
legal
9. Diferenciar menopausa e climatério, além de definir
sintomatologia envolvida nesta fase.
10. Conhecer as estratégias de atenção ao climatério / menopausa no
SUS.
Cilene Roque
1. Conhecer e diferenciar os Direitos Sexuais e Reprodutivos
O que são direitos sexuais e direitos reprodutivos?
São Direitos humanos já reconhecidos em leis nacionais e documentos
internacionais.
➔ Direitos reprodutivos
● Direito das pessoas de decidirem, de forma livre e responsável, se
querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que
momento de suas vidas.
● Direito a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não
ter filhos.
● Direito de exercer a sexualidade e a reprodução livre de
discriminação, imposição e violência.
➔ Direitos sexuais
● Direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem
violência, discriminações e imposições e com respeito pleno pelo
corpo do(a) parceiro(a).
● Direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual.
● Direito de viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha,
culpa e falsas crenças.
● Direito de viver a sexualidade independentemente de estado civil,
idade ou condição física.
● Direito de escolher se quer ou não quer ter relação sexual.
● Direito de expressar livremente sua orientação sexual:
heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade, entre
outras.
● Direito de ter relação sexual independente da reprodução.
● Direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez indesejada e
● Direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez indesejada e de
DST/HIV/AIDS.
● Direito a serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e
atendimento de qualidade e sem discriminação.
● Direito à informação e à educação sexual e reprodutiva
Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos
anticoncepcionais / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento
de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível
em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/direitos_sexuais_reprodutivos_metodos_ant
iconcepcionais.pdf. Acesso em: 06 de maio de 2021.
2. Aprender os principais marcos sociopolíticos que
fundamentaram os Direitos Sexuais e Reprodutivos no Brasil
A história dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos tem início junto
com a luta das mulheres pela igualdade de gênero, com ênfase nos direitos
à educação e ao voto durante meados do século XIX e primeira metade do
século XX. Até a década de 60, persistiu a luta pela igualdade, baseada nas
relações sociais de poder entre homens e mulheres, que se fortaleceu nos
anos 60 e 70, momento em que os grupos feministas começaram com a
luta para romper com a opressão da mulher e com um intenso trabalho
para demonstrar as construções sociais dos papéis de mulheres e homens e
na sociedade.
Nesse período a luta das mulheres se focalizou na conquista do direito para
decidir sobre seu próprio corpo, permitindo que as mulheres pudessem:
● Conhecer e/ou (re)conhecer seu próprio corpo;
● Pensar e refletir pela primeira vez nas questões relacionadas à
vivência da sexualidade,
● (Re) conhecer o direito ao prazer sexual
Refletir sobre a construção dos papéis de homens e mulheres na sociedade.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/direitos_sexuais_reprodutivos_metodos_anticoncepcionais.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/direitos_sexuais_reprodutivos_metodos_anticoncepcionais.pdf
Cilene Roque
No Brasil, os movimentos de mulheres tiveram uma atuação fundamental
ao longo dos anos 80, lutando pelos direitos das mulheres pela justiça
social e pela democracia, incorporando como prioritário na sua agenda, o
tema da saúde da mulher e dos direitos reprodutivo.
No Brasil, nos anos de 1960 e 1970, as políticas internacionais de controle
da natalidade foram apresentadas como políticas de “planejamento
familiar” ou “paternidade responsável”. Naquele período, as ações de
planejamento familiar consistiram, basicamente, em ações de distribuição
maciça de métodos contraceptivos entre mulheres em idade fértil (pílulas,
DIU, diafragmas etc.) – principalmente entre aquelas de classes menos
favorecidas que não poderiam obtê-los com recursos próprios – e na
prática sistemática de esterilização cirúrgica de mulheres. (Bonan, 2002).
Nos anos 1980, década da transição democrática e do contexto da
expansão de direitos, o governo brasileiro se posicionou oficialmente sobre
o planejamento familiar, rejeitando a perspectiva do controle demográfico
e do exercício da sexualidade atrelado à reprodução.
É lançado pelo Ministério da Saúde o Programa de Assistência Integral à
Saúde da Mulher (PAISM).
Referências:
Vivendo a Adolescência. Direitos reprodutivos. Disponível em:
http://adolescencia.org.br/. Acesso em: 07 de maio de 2021.
Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). PLANEJAMENTO REPRODUTIVO: o que há
de novo e além do planejamento familiar?. Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/29862/2/PLANEJAMENTO%20REPRODU
TIVO_O%20QUE%20H%C3%81%20DE%20NOVO%20E%20AL%C3%89M%20DO%20P
LANEJAMENTO%20FAMILIAR.pdf. Acesso em: 06 de maio de 2021.
3. Identificar e entender leis e programas de políticas públicas no
Brasil, com foco na APS, para garantir e monitorar os direitos
sexuais e reprodutivos da mulher, a fim de manter a autonomia
e integridade à saúde (inclusive infertilidade)
DIREITOS REPRODUTIVOS
● Assistência à anticoncepção:
A atuação dos profissionais de saúde na assistência à anticoncepção
envolve, necessariamente, três tipos de atividades:
● Atividades educativas
● Aconselhamento
● Atividades clínicas
Essas atividades devem ser desenvolvidas de forma integrada, tendo-se
sempre em vista que toda visita ao serviço de saúde constitui-se numa
oportunidade para a prática de ações educativas que não devem se
restringir apenas às atividades referentes à anticoncepção, no enfoque da
dupla proteção, mas sim abranger todos os aspectos da saúde integral da
mulher.
Deve-se, ainda, promover a interação dos membros da equipe de saúde, de
forma a permitir a participação dos diversos elementos nessas atividades,
de acordo com o de responsabilidade requerido em cada situação.
● ATIVIDADES EDUCATIVAS
As atividades educativas devem ser desenvolvidas com o objetivo de
oferecer à clientela os conhecimentos necessários para a escolha e
posterior utilização do método anticoncepcional mais adequado, assim
como propiciar o questionamento e reflexão sobre os temas relacionados
com a prática da anticoncepção, inclusive a sexualidade.
As ações educativas devem ser preferencialmente realizadas em grupo,
precedendo a primeira consulta, e devem ser sempre reforçadas pela ação
educativa individual.
Existem diferentes metodologias de trabalho de grupo. Cada serviço deve
utilizar a que melhor se adapte às suas disponibilidades de pessoal, de
http://adolescencia.org.br/
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/29862/2/PLANEJAMENTO%20REPRODUTIVO_O%20QUE%20H%C3%81%20DE%20NOVO%20E%20AL%C3%89M%20DO%20PLANEJAMENTO%20FAMILIAR.pdfhttps://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/29862/2/PLANEJAMENTO%20REPRODUTIVO_O%20QUE%20H%C3%81%20DE%20NOVO%20E%20AL%C3%89M%20DO%20PLANEJAMENTO%20FAMILIAR.pdf
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/29862/2/PLANEJAMENTO%20REPRODUTIVO_O%20QUE%20H%C3%81%20DE%20NOVO%20E%20AL%C3%89M%20DO%20PLANEJAMENTO%20FAMILIAR.pdf
Cilene Roque
tempo e de espaço, bem como às características e necessidades do grupo
em questão.
Seja qual for a metodologia utilizada, é de fundamental importância que as
práticas educativas tenham um caráter participativo, permitindo a troca de
informações e experiências baseadas na vivência de cada indivíduo do
grupo. A linguagem utilizada pelo profissional de saúde deve ser sempre
acessível, simples e precisa.
● ACONSELHAMENTO
O aconselhamento é entendido como um processo de escuta ativa
individualizado e centrado no indivíduo. Pressupõe a capacidade de
estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores visando o
resgate dos recursos internos do indivíduo para que ele tenha possibilidade
de reconhecer-se como sujeito de sua própria saúde e transformação" (CN
DST/AIDS – MS, 1997).
Esta prática pressupõe:
(1) a identificação e acolhimento da demanda do indivíduo ou casal,
entendida como suas necessidades, dúvidas, preocupações, medos e
angústias entre outras, relacionadas às questões de planejamento familiar
e prevenção das DST/AIDS;
(2)avaliação de risco individual ou do casal, para a infecção pelo HIV e
outras DSTs; e
(3) o reconhecimento pelo profissional de que o sucesso a ser alcançado
depende da ação conjunta dos interlocutores (profissional e indivíduo ou
casal). Implica, portanto, na promoção de um diálogo no qual a mensagem
é contextualizada às características e vivência da(s) pessoa(s) e na
necessidade de participação ativa nesse processo. A ideia demarcada no
aconselhamento é a troca. Dessa forma torna-se possível o
desenvolvimento de uma relação de confiança, condição básica para a
realização dos procedimentos presentes no processo de aconselhamento.
● ATIVIDADES CLÍNICAS
As atividades clínicas devem ser realizadas levando-se em conta que todo e
qualquer contato que a mulher venha a ter com os serviços de saúde deve
ser utilizado em benefício da promoção, proteção e recuperação da sua
saúde. De tal forma que a primeira consulta deve ser feita após as
atividades educativas incluindo: a anamnese; exame físico geral e
ginecológico, com especial atenção para a orientação do auto-exame de
mamas e levantamento de data da última colpocitologia oncótica para
avaliar a necessidade de realização da coleta ou encaminhamento para tal;
análise da escolha e prescrição do método anticoncepcional.
As consultas subseqüentes ou consultas de retorno visam um atendimento
periódico e contínuo para reavaliar a adequação do método em uso, bem
como prevenir, identificar e tratar possíveis intercorrências.
● ESCOLHA DO MÉTODO ANTICONCEPCIONAL
A assistência em anticoncepção pressupõe a oferta de todas as alternativas
de métodos anticoncepcionais aprovadas pelo Ministério da Saúde, bem
como o conhecimento de suas indicações, contra-indicações e implicações
de uso, garantindo à mulher, ao homem ou ao casal os elementos
necessários para a opção livre e consciente do método que a eles melhor se
adapte.
Pressupõe, ainda, o devido acompanhamento clínico-ginecológico à
usuária, independentemente do método escolhido.
Na decisão sobre o método anticoncepcional a ser usado devem ser levados
em consideração os seguintes aspectos:
● A escolha da mulher, do homem ou do casal
● Características dos métodos
● Fatores individuais e situacionais relacionados aos usuários do
método
Características dos métodos:
● Eficácia.
● Efeitos secundários.
● Aceitabilidade.
● Disponibilidade.
● Facilidade de uso.
● Reversibilidade.
Cilene Roque
● Proteção à Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e infecção
pelo HIV.
- Eficácia
Todos os métodos anticoncepcionais apresentam uma taxa de falha que é
calculada com o número de gestações não desejadas entre os usuários de
um determinado método anticoncepcional nos primeiros 12 meses de uso.
Dessa forma, duas taxas podem ser encontradas para cada método: uma
mostra a taxa de falha entre os usuários de uma forma geral de uso, isto é,
sem considerar todas as dificuldades que possam ter sido encontradas
durante o uso (uso habitual). Outra taxa é aquela que leva em conta apenas
os usuários que fizeram o uso correto e consistente do método escolhido
(uso correto).
- Efeitos secundários
A inocuidade, ou seja, a ausência de quaisquer efeitos secundários
adversos, seria condição ideal, ainda não conseguida nos
anticoncepcionais até os dias atuais. Por outro lado, é também verdade que
determinados métodos ocasionam mais efeitos secundários adversos que
outros, sendo direito da/o usuária/o ser corretamente informada/o a
respeito dessas diferenças.
Além disso, o profissional de saúde deve estar capacitado para prevenir e
tratar tais efeitos, assim como avaliar os riscos que o uso de determinados
métodos possam acarretar à saúde.
- Aceitabilidade
A aceitação do método, o grau de confiança que nele se tem, a motivação
para seu uso e uma correta orientação do profissional de saúde são
importantes fatores para o sucesso do método escolhido. Por outro lado, a
inadaptação psicológica e cultural a determinado método pode ser a maior
causa de seu fracasso ou de mudança para outro método.
- Disponibilidade
O acesso gratuito aos métodos anticoncepcionais é condição fundamental
para que a escolha do método se realize livremente, sem restrições. Isso é
particularmente importante considerando que grande parte da população
não tem condição de pagar pelo método. Assim, nas situações em que a
oferta de determinado método não seja possível, é de maior importância
considerar o seu custo, avaliando a possibilidade da/o usuária/o arcar com
ele. Obviamente, isso só é válido para os métodos não existentes nos
serviços de saúde da rede pública, pois nenhum profissional ou serviço
pode cobrar da/o usuária/o qualquer tipo de honorário ou taxa por
métodos ou procedimentos visando a sua colocação ou realização.
- Facilidade de uso
De nada adiantará a indicação de um método que tenha todas as
qualidades anteriormente descritas se sua utilização for difícil, complexa
ou não assimilada por grande parte da população. No entanto, é
igualmente verdade que a maior parte das dificuldades relacionadas ao uso
do método podem ser resolvidas com o adequado suporte do profissional
de saúde.
● Reversibilidade
O ideal é que os métodos anticoncepcionais sejam completa e
imediatamente reversíveis, e que uma vez interrompido seu uso, haja
recuperação total da fertilidade correspondente à faixa etária do/a
usuário/a.
● Proteção a Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e
Infecção pelo HIV
A ocorrência de casos de infecção pelo HIV traz consequências para o
exercício da sexualidade e da reprodução e produz uma série de desafios e
desdobramentos para a área da saúde reprodutiva e sexual.
Torna-se urgente estimular a prática da dupla proteção, ou seja, a
prevenção simultânea das doenças sexualmente transmissíveis, inclusive a
infecção pelo HIV/AIDS, e da gravidez indesejada. Isso pode se traduzir no
uso dos preservativos masculino e feminino ou na opção de utilizá-los em
Cilene Roque
associação a outro método anticoncepcional da preferência do indivíduo
ou casal. Nesse sentido, é de fundamental importância que os profissionais
de saúde conversem com o indivíduo ou casal sobre DST e AIDS,
propiciando assim percepção a respeito de situações de risco para essas
infecções e uma reflexão sobre a necessidade de sua prevenção,
favorecendo a adesão ao uso do preservativo. Considerando o fato de
existirem os recursos disponíveis para tratamento ou controle de DST e
AIDS, o diagnóstico para essas infecções deve ser oportunizado e garantido
também nos serviços de planejamento familiar.
Fatores individuais relacionadosaos usuários do método:
● Condições econômicas.
● Estado de saúde.
● Características da personalidade da mulher e/ou do homem.
● Fase da vida.
● Padrão de comportamento sexual.
● Aspirações reprodutivas.
● Fatores outros, como medo, dúvidas e vergonha.
CRITÉRIOS CLÍNICOS DE ELEGIBILIDADE
Foram classificadas 4 categorias que estabelecem a conveniência ou
restrição ao uso de um método anticoncepcional, descritas a seguir:
● Categoria 1: O método pode ser usado sem restrição.
● Categoria 2: O método pode ser usado com restrições. As
condições listadas na categoria 2 significam que o método em
questão pode ser utilizado com alguma precaução. São situações
nas quais as vantagens de usar o método geralmente superam os
riscos. As condições da categoria 2 fazem com que o método não
seja a primeira escolha e, se usado, deve ser acompanhado mais de
perto.
● Categoria 3: Os riscos decorrentes do seu uso, em geral superam
os benefícios do uso do método. Quando há uma condição da
categoria 3 para um método, este deve ser o método de última
escolha e, caso seja escolhido, é necessário um acompanhamento
rigoroso da/o usuária/o.
● Categoria 4: O método não deve ser usado, pois apresenta um
risco inaceitável.
Nas situações em que a usuária apresenta mais do que uma condição da
categoria 3, o método não deve ser usado. Também, nas situações em que
não é possível um acompanhamento rigoroso da usuária, recomenda-se
que as condições listadas na categoria 3 sejam consideradas como da
categoria 4, ou seja, o método não deve ser usado.
Quando a/o usuária/o apresenta, para o método escolhido, mais de uma
condição da categoria 2, em geral o método deve ser considerado de última
escolha, de uso excepcional e sob controle rigoroso.
Os métodos comportamentais de planejamento familiar são técnicas para
obter ou evitar a gravidez mediante a auto-observação de sinais e sintomas
que ocorrem no organismo feminino ao longo do ciclo menstrual.
Baseando-se na identificação do período fértil da mulher, o casal pode
concentrar as relações sexuais nesta fase, caso deseje obter uma gravidez,
ou abster-se de ter relações sexuais, caso deseje espaçar ou evitar a
gravidez. Como métodos anticoncepcionais a taxa de falha, no primeiro
ano de uso, atinge até 20%, em uso habitual. Entre usuários adaptados ao
método (uso correto) este índice cai para 0,5 a 9%.
Este manual constitui um dos quatro pilares de orientação em
planejamento familiar da Organização Mundial da Saúde (OMS). Juntos,
os quatro pilares dão suporte ao fornecimento e utilização seguros e
eficazes dos métodos de planejamento familiar.
Os dois primeiros pilares fornecem aos planejadores de políticas públicas e
aos gestores de programas recomendações que possam ser utilizadas no
estabelecimento ou na atualização de diretrizes e políticas de programas
nacionais. Os Critérios Médicos de Elegibilidade para Uso de Métodos
Anticoncepcionais (3ª edição, 2004) fornece orientação com relação à
segurança e eficácia do uso de métodos contraceptivos específicos para
pessoas portadoras de determinadas condições ou problemas médicos. As
Recomendações Práticas Selecionadas para Uso de Métodos
Cilene Roque
Anticoncepcionais (2ª edição, 2005) respondem a perguntas específicas
sobre como utilizar diversos métodos contraceptivos. Ambos os conjuntos
de orientações resultam de reuniões de Grupos de Trabalho com
especialistas convocadas pela OMS. O terceiro pilar, a Ferramenta para
Tomada de Decisões para Clientes e Serviços de Planejamento Familiar,
incorpora as orientações dos dois primeiros pilares e reflete a
comprovação científica quanto ao melhor modo de atender às
necessidades de planejamento familiar das clientes. Destina-se ao uso
durante o aconselhamento. A ferramenta conduz o profissional e a cliente
a percorrerem um processo estruturado, porém sob medida, que facilita a
escolha e a utilização de um método de planejamento familiar. A
Ferramenta para Tomada de Decisões também auxilia a orientar as
consultas de retorno.
Como quarto pilar, o Planejamento Familiar: um Manual Global para
Serviços de Saúde oferece informações técnicas para auxiliar os serviços de
atendimento à saúde a fornecer métodos de planejamento familiar de
forma correta e eficaz. Sendo um completo guia de referência, o manual
fornece orientação específica a respeito de 20 métodos de planejamento
familiar tratando de muitas das necessidades dos serviços de saúde, desde
a correção de interpretações equivocadas ao controle de efeitos colaterais.
Da mesma forma que na Ferramenta para a Tomada de Decisões, este
manual incorpora as orientações dos dois primeiros pilares. Também
aborda questões de saúde afins que possam emergir no contexto do
planejamento familiar.
Referências:
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da
Mulher. Assistência em Planejamento Familiar: Manual Técnico/Secretaria de
Políticas de Saúde, Área Técnica de Saúde da Mulher – 4a edição – Brasília: Ministério da
Saúde, 2002. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0102assistencia1.pdf. Acesso em: 06 de
maio de 2021.
OMS. Planejamento familiar UM MANUAL GLOBAL PARA PROFISSIONAIS E
SERVIÇOS DE SAÚDE. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44028/9780978856304_por.pdf;seq
uence=6. Acesso em: 06 de maio de 2021.
4. Diferenciar: planejamento reprodutivo e controle da natalidade.
CONTROLE DE NATALIDADE
Chamamos de controle de natalidade as medidas feitas para que as
mulheres não engravidem, sem considerar se essa é a vontade delas ou
não. Assim, é diferente do planejamento familiar, que é um direito
garantido pela Constituição Federal, que auxilia o casal, ou a mulher, a ter
filhos ou a programar a gravidez para a época em que achar melhor.
PLANEJAMENTO FAMILIAR/ REPRODUTIVO
É um conjunto de ações em que são oferecidos todos os recursos, tanto
para auxiliar a ter filhos, ou seja, recursos para a concepção, quanto para
prevenir uma gravidez indesejada, ou seja, recursos para a anticoncepção.
Esses recursos devem ser cientificamente aceitos e não colocar em risco a
vida e a saúde das pessoas, com garantia da liberdade de escolha.
O planejamento familiar é um direito sexual e reprodutivo e assegura a
livre decisão da pessoa sobre ter ou não ter filhos. Não pode haver
imposição sobre o uso de métodos anticoncepcionais ou sobre o número de
filhos.
O planejamento familiar é um direito das pessoas assegurado na
Constituição Federal e na Lei
n° 9.263, de 12 de janeiro de 1996, que regulamenta o planejamento
familiar, e deve ser garantido
pelo governo.
2
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0102assistencia1.pdf
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44028/9780978856304_por.pdf;sequence=6
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44028/9780978856304_por.pdf;sequence=6
Cilene Roque
O planejamento familiar, como política pública, enfatizava a atenção à
concepção (com a abordagem da infertilidade) e a contracepção de forma
livre e consciente. Por essa razão, o programa destacava o papel
fundamental das ações educativas e a necessária mudança das relações
entre os profissionais de saúde e as mulheres, que deveriam ser vistas
como sujeitos e não objetos da ação profissional.
O planejamento reprodutivo deve ter como pressupostos os direitos
reprodutivos e o direito à saúde. Os direitos reprodutivos foram definidos
em oposição a qualquer intervenção de caráter coercitivo na esfera
reprodutiva, seja para o controle ou imposição da natalidade.
O conceito de planejamento reprodutivo é mais recente e reforça o
pressuposto de que as pessoas devam ter assegurado os seus direitos
sexuais e reprodutivos independente do desejo de constituir famílias.
O planejamento reprodutivo só é possível quando há decisão com base em
informações seguras sobre a fecundidade, o conhecimento sobre o corpo e
o acesso aos recursos para levar adiante uma escolha.
As escolhas devemser respeitadas e os profissionais de saúde devem
estimular as potencialidades dos sujeitos de levarem adiante suas decisões
reprodutivas.
Se a ESCOLHA é ENGRAVIDAR e se há dificuldades para conceber
naturalmente, mulheres e homens devem ter acesso à investigação e ao
tratamento de problemas de saúde que dificultam a fertilidade, inclusive o
acesso às tecnologias de alta complexidade (como, por exemplo,
fertilização in vitro), quando necessário.
Se a ESCOLHA é EVITAR a gravidez, mulheres e homens devem ter acesso
às informações e aos métodos contraceptivos reversíveis, bem como à
esterilização cirúrgica voluntária (laqueadura tubária e vasectomia),
conforme os critérios da lei federal n◦ 9.263/96(Lei do planejamento
familiar).
1
Referências:
1 Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). PLANEJAMENTO REPRODUTIVO: o que há
de novo e além do planejamento familiar?. Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/29862/2/PLANEJAMENTO%20REPRODU
TIVO_O%20QUE%20H%C3%81%20DE%20NOVO%20E%20AL%C3%89M%20DO%20P
LANEJAMENTO%20FAMILIAR.pdf. Acesso em: 06 de maio de 2021.
2 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos
anticoncepcionais / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento
de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível
em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/direitos_sexuais_reprodutivos_metodos_ant
iconcepcionais.pdf. Acesso em: 06 de maio de 2021.
5. Conhecer os métodos contraceptivos disponibilizados no SUS e
a anticoncepção de emergência.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece várias opções de métodos
contraceptivos e ações para auxiliar o planejamento sexual e reprodutivo,
tanto para ajudar quem quer ter filhos com orientações para a concepção,
quanto para prevenir uma gravidez indesejada, fornecendo informações
importantes e acesso a recursos para a anticoncepção, e prevenir as
doenças sexualmente transmissíveis.
Os métodos contraceptivos são recursos que podem ser comportamentais,
medicamentosos, ou cirúrgicos, usados pelas pessoas para evitar a
gravidez indesejada. Existem métodos femininos e masculinos, reversíveis
e irreversíveis.
É importante lembrar que dentre todos os métodos contraceptivos, os
preservativos feminino e masculino são os únicos que oferecem proteção
contra doenças sexualmente transmissíveis, inclusive o HIV/aids e as
hepatites virais.
A escolha do método anticoncepcional deve contar com o auxílio e
orientação de um profissional de saúde que oriente quais os métodos
disponíveis, como utilizá-los, quais as vantagens e desvantagens de cada
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/29862/2/PLANEJAMENTO%20REPRODUTIVO_O%20QUE%20H%C3%81%20DE%20NOVO%20E%20AL%C3%89M%20DO%20PLANEJAMENTO%20FAMILIAR.pdf
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/29862/2/PLANEJAMENTO%20REPRODUTIVO_O%20QUE%20H%C3%81%20DE%20NOVO%20E%20AL%C3%89M%20DO%20PLANEJAMENTO%20FAMILIAR.pdf
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/29862/2/PLANEJAMENTO%20REPRODUTIVO_O%20QUE%20H%C3%81%20DE%20NOVO%20E%20AL%C3%89M%20DO%20PLANEJAMENTO%20FAMILIAR.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/direitos_sexuais_reprodutivos_metodos_anticoncepcionais.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/direitos_sexuais_reprodutivos_metodos_anticoncepcionais.pdf
Cilene Roque
um e avalie junto com a mulher, o homem ou os dois qual o método mais
indicado para cada situação. Estar bem informado é fundamental para se
fazer a melhor escolha.
Os e as adolescentes também têm direito ao acesso aos métodos
contraceptivos, inclusive a pílula de emergência, e à confidencialidade e
sigilo sobre sua atividade sexual e prescrição de métodos contraceptivos,
não sendo necessário o consentimento ou participação dos
pais/responsáveis nas consultas, conforme Estatuto da Criança e do
Adolescente.
● Pílula anticoncepcional combinada
São pílulas que contêm dois hormônios similares produzidos pelos ovários
da mulher, o estrogênio e a progesterona. Podem ser usadas por quase
todas as mulheres com segurança e eficácia. A pílula deve ser tomada, sem
interrupções, durante 21 dias, de preferência no mesmo horário, todos os
dias. As pílulas combinadas podem ser usadas por mulheres de qualquer
idade, a partir da primeira menstruação, desde que não apresentem
nenhuma contraindicação para o seu uso. Não deve ser utilizada durante a
amamentação, pois interfere na qualidade e na quantidade do leite
materno.
● Minipílula anticoncepcional
É uma pílula que contém apenas um dos hormônios, a progesterona. Mais
indicada durante a amamentação, iniciando o seu uso na 6ª semana após o
parto.
● Anticoncepcionais injetáveis
Os anticoncepcionais injetáveis também são feitos de hormônios similares
aos das mulheres. Existem dois tipos de injetáveis: injetável mensal e
injetável trimestral. Tal qual as pílulas anticoncepcionais, as injeções
mensais são compostas de estrogênio e progesterona. Com a interrupção
da injeção mensal, a fertilidade da mulher, que é a capacidade de
engravidar, logo retorna, já com a trimestral, pode haver um atraso no
retorno da fertilidade da mulher. A injeção trimestral pode ser usada
durante a amamentação e, nesse caso, seu uso deve ser iniciado seis
semanas após o parto. Com o uso da injeção trimestral, é muito frequente
a mulher ficar sem menstruar e, em média, o retorno da fertilidade pode
demorar quatro meses após o término do efeito da injeção.
● Diafragma
O diafragma, método anticoncepcional de barreira e não hormonal, é um
anel feito de silicone ou látex, tem bordas firmes e flexíveis, praticamente
não apresenta efeitos colaterais, nem contra indicações. O método é uma
opção importante para mulheres que não se adaptam aos métodos
hormonais e pode ser interrompido a qualquer momento. As mulheres são
diferentes, por isso existem diversos tamanhos de diafragma, sendo
necessária a medição por profissional de saúde. O diafragma deve ser
colocado em todas as relações sexuais antes de qualquer contato entre o
pênis e a vagina e deve ser retirado oito horas após a última relação sexual.
● Dispositivo intra-uterino – DIU
Cilene Roque
O DIU é um pequeno objeto de plástico revestido de cobre, colocado no
interior da cavidade uterina com fins contraceptivos, de caráter temporário
e reversível. Ele não provoca aborto, porque atua antes da fecundação.
É um método altamente eficaz, que não apresenta os efeitos colaterais do
uso de hormônios e pode ser utilizado para prevenir a gravidez por um
período de até 10 anos. O DIU pode ser retirado no momento em que a
mulher desejar, permitindo que ela volte imediatamente à sua capacidade
de engravidar. Não interfere nas relações sexuais nem na qualidade ou
quantidade do leite materno. É contraindicado para mulheres que têm
mais de um parceiro sexual, ou cujos parceiros têm outros
parceiros/parceiras, e não usam preservativo em todas as relações sexuais.
1
Laqueadura / vasectomia
● No Brasil, a regulamentação deste procedimento deu-se através da
Lei Nº 9.263/96.
● Possível de ser realizado em mulheres ou homens que tenham
plena capacidade civil, que sejam maiores de 25 anos ou, pelo
menos, com dois filhos vivos. Exige um prazo mínimo de 60 dias
entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico.
● A esterilização será realizada desde que a pessoa assine um termo
de consentimento.
● No caso de uniões estáveis, ambos os cônjuges devem estar em
acordo.
● A lei veta também a esterilização após o parto ou aborto imediato,
exceto em circunstâncias especiais avaliadas pelo médico.
2
● Anticoncepção de Emergência:
A anticoncepção de emergência, ou “pílula do dia seguinte”, como é
conhecida popularmente, não deve ser usada como método regular,
somente em casos como: falha do preservativo, falha em relação ao uso de
algum outro método, ocorrer relações sexuais sem uso de método
anticoncepcional, e por vítimas de violência sexual.
A eficáciamaior se dá em até 72 horas, mas ela pode ser utilizada até cinco
dias depois da relação desprotegida. Ela só tem efeito se a fecundação
ainda não tiver ocorrido. Se a mulher já estiver grávida, a pílula não tem
efeito abortivo.
3
Referências:
1 UNA- SUS. Conheça mais sobre os métodos contraceptivos distribuídos
gratuitamente no SUS. 2015. Disponível em:
https://www.unasus.gov.br/noticia/conheca-mais-sobre-os-metodos-contraceptivos-distr
ibuidos-gratuitamente-no-sus. Acesso em: 06 de maio de 2021.
2 Cartilha de Métodos Contraceptivos da Unidade Básica de Saúde nº 1 de
Planaltina do Distrito Federal. Disponível em:
http://saude.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2020/09/Cartilha-sobre-M%C3
%A9todos-Contraceptivos_UBS-1-Planaltina-DF.pdf. Acesso em: 06 de maio de
2021.
3 Blog da saúde. Ministério da Saúde. 2016. Conheça os métodos contraceptivos
oferecidos pelo SUS. Disponível em:
http://www.blog.saude.gov.br/index.php/materias-especiais/51645-saiba-mais-sobre-os-
metodos-contraceptivos-oferecidos-pelo-sus. Acesso em: 06 de maio de 2021.
Imagem: Métodos contraceptivos ofertados pelo SUS. Disponível em:
http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/homepage/programa-de-fortalec
imento-da-gestao-da-saude-no-estado-de-sao-paulo/consultas-publicas-manuais-da-linha
-de-cuidado-da-gestante-parturiente-e-puerpera/7_metodos_contraceptivos.pdf. Acesso
em: 06 de maio de 2021.
6. Conhecer a Norma Técnica de Atenção Humanizada ao
Abortamento, evidenciando os direitos das mulheres e também
do profissional médico
https://www.unasus.gov.br/noticia/conheca-mais-sobre-os-metodos-contraceptivos-distribuidos-gratuitamente-no-sus
https://www.unasus.gov.br/noticia/conheca-mais-sobre-os-metodos-contraceptivos-distribuidos-gratuitamente-no-sus
http://saude.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2020/09/Cartilha-sobre-M%C3%A9todos-Contraceptivos_UBS-1-Planaltina-DF.pdf
http://saude.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2020/09/Cartilha-sobre-M%C3%A9todos-Contraceptivos_UBS-1-Planaltina-DF.pdf
http://www.blog.saude.gov.br/index.php/materias-especiais/51645-saiba-mais-sobre-os-metodos-contraceptivos-oferecidos-pelo-sus
http://www.blog.saude.gov.br/index.php/materias-especiais/51645-saiba-mais-sobre-os-metodos-contraceptivos-oferecidos-pelo-sus
http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/homepage/programa-de-fortalecimento-da-gestao-da-saude-no-estado-de-sao-paulo/consultas-publicas-manuais-da-linha-de-cuidado-da-gestante-parturiente-e-puerpera/7_metodos_contraceptivos.pdf
http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/homepage/programa-de-fortalecimento-da-gestao-da-saude-no-estado-de-sao-paulo/consultas-publicas-manuais-da-linha-de-cuidado-da-gestante-parturiente-e-puerpera/7_metodos_contraceptivos.pdf
http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/homepage/programa-de-fortalecimento-da-gestao-da-saude-no-estado-de-sao-paulo/consultas-publicas-manuais-da-linha-de-cuidado-da-gestante-parturiente-e-puerpera/7_metodos_contraceptivos.pdf
Cilene Roque
O abortamento representa um grave problema de saúde pública, sendo
causa importante de morte materna. O Ministério da Saúde reconhece este
problema e estabelece normas para o atendimento ao abortamento nos
serviços de saúde.
O que você encontra na norma técnica
1. Contextualização do abortamento no Brasil
2. Marco conceitual de atenção ao abortamento
3. Aspectos ético-profissionais e jurídicos do abortamento
4. Três pilares da atenção ao abortamento
Introdução
• O Ministério da Saúde, atento à primazia dos direitos humanos e sensível
às reivindicações dos movimentos feministas e de mulheres, tem o
compromisso com a garantia dos direitos reprodutivos e dos direitos
sexuais das mulheres.
• Estima-se que ocorram, considerando apenas o Brasil, mais de um
milhão de abortamentos induzidos ao ano, sendo uma das principais
causas de morte materna no País.
• Na nova edição da norma técnica (a primeira é de 2005), são
incorporados objetivos específicos da Política Nacional de Atenção Integral
à Saúde da Mulher, a qual busca promover a atenção qualificada e
humanizada – obstétrica e neonatal. Essa atenção inclui a assistência ao
abortamento em condições seguras, para mulheres e adolescentes.
Objetivo da Norma Técnica: subsidiar a prática profissional
• A Norma pretende fornecer aos profissionais subsídios para que possam
oferecer não só um cuidado imediato às mulheres em situação de
abortamento, mas também, na perspectiva da integralidade deste
atendimento, disponibilizá-las alternativas contraceptivas, evitando o
recurso a abortos repetidos.
• Para mulheres com abortamentos espontâneos e que desejem nova
gestação deve ser garantido um atendimento adequado às suas
necessidades.
• É fundamental reconhecer que a qualidade da atenção almejada inclui
aspectos relativos à sua humanização, incitando profissionais,
independentemente dos seus preceitos morais e religiosos, a preservarem
uma postura ética, garantindo o respeito aos direitos humanos das
mulheres.
Marco conceitual da Norma técnica de atenção humanizada ao
abortamento
• A inclusão de um modelo humanizado de atenção às mulheres com
abortamento é propósito da Norma.
• Não apenas como um guia de cuidados, mas também na intenção de
oferecer às mulheres, aos serviços de saúde e à sociedade um novo
paradigma que torne seguro, sustentável e efetivo a atenção às mulheres
em situação de abortamento.
O que a norma técnica define como abortamento? Abortamento é a
interrupção da gravidez até a 20ª ou 22ª semana e com o produto da
concepção pesando menos que 500g. Aborto é o produto da concepção
eliminado no abortamento. São várias as causas de abortamento, contudo,
na maioria das vezes, a causa permanece indeterminada. Muitas gestações
são interrompidas por decisão pessoal da mulher.
A atenção ao abortamento deve se apoiar em três pilares
1. Acolher e orientar
2. Atenção clínica ao abortamento
3. Planejamento reprodutivo pós-abortamento
1. Acolher e orientar
• Quando as mulheres chegam aos serviços de saúde em processo de
abortamento sua experiência é física, emocional e social. Geralmente, elas
verbalizam as queixas físicas, demandando soluções, e calam-se sobre suas
vivências e sentimentos.
• A mulher que chega ao serviço de saúde em situação de abortamento
espontâneo, induzido ou provocado, está passando por um momento difícil
e pode ter sentimentos de solidão, angústia, ansiedade, culpa, autocensura,
medo de falar, de ser punida, de ser humilhada, sensação de incapacidade
de engravidar novamente.
Cilene Roque
• Todos esses sentimentos se misturam no momento da decisão pela
interrupção, sendo que para a maioria das mulheres, no momento do
pós-abortamento, sobressai o sentimento de alívio.
Acolhimento é o tratamento digno e respeitoso, a escuta, o reconhecimento
e a aceitação das diferenças, o respeito ao direito de decidir de mulheres e
homens, assim como o acesso e a resolubilidade da assistência à saúde.
2. Atenção clínica ao abortamento
É preciso saber classificar adequadamente, pois isso ajudará a definir a
conduta adequada:
• ameaça de abortamento
• abortamento completo
• abortamento inevitável/incompleto
• abortamento retido
• abortamento infectado
• abortamento habitual
• abortamento eletivo previsto em lei
• É importante que a escolha do tipo de método para o abortamento faça
parte de um processo de decisão compartilhada entre a mulher e os
profissionais de saúde.
• Os diferentes métodos disponíveis devem ser igualmente oferecidos de
forma apropriada, garantindo que a decisão seja a mais livre, consciente e
informada possível.
• Durante o primeiro trimestre da gravidez consideram-se métodos
aceitáveis a aspiração intrauterina (manual ou elétrica), o abortamento
farmacológico e a curetagem uterina.
• A ordem de escolha para os diferentes métodos depende das condições de
cada serviço e da preferência da mulher, além da necessária avaliação do
risco-benefício de cada procedimento.
• Deve-se adotar critériosque considerem e respeitem:
(a) a disponibilidade de métodos em cada serviço de saúde;
(b) a capacitação, habilidade e rotinas dos serviços de saúde para cada
método;
(c) as condições clínicas, sociais e psicológicas da mulher.
2. Atenção clínica ao abortamento: escolhendo as técnicas de
esvaziamento uterino
A Atenção clínica compreende a classificação adequada, a definição do
método, a execução adequada e o manejo da dor.
● Abortamento farmacológico: é a utilização de fármacos para
indução do abortamento ou abreviação do abortamento em curso.
– Misoprostol e Ocitocina
● Aspiração Manual Intrauterina (Amiu): Procedimento que
utiliza cânulas de Karman, com diâmetros variáveis, de 4 a 12mm,
acopladas a seringa com vácuo, promovendo a retirada dos restos
ovulares através da raspagem da cavidade uterina e por aspiração.
Curetagem uterina: realizada com a utilização da cureta,
promovendo-se uma raspagem da cavidade uterina, extraindo-se o
material desprendido pelo instrumental Em qualquer das técnicas
utilizadas: promover o ALÍVIO DA DOR.
3. Planejamento reprodutivo pós-abortamento
• Mulher com complicações de abortamento, espontâneo ou por decisão
pessoal, tem necessidade de cuidados destinados a protegê-la das
consequências físicas e psicológicas do processo que está sofrendo, assim
como evitar que volte a ser acometida do mesmo problema no futuro.
• Nos casos de abortamento provocado, a adoção imediata de contracepção
tem se mostrado como uma medida eficaz para reduzir o risco de novos
abortamentos.
Idealmente, todos os métodos contraceptivos devem estar disponíveis no
local onde se atende à mulher em abortamento, dando oportunidades às
mulheres de iniciar o uso antes de receber alta. Em que pese a
obrigatoriedade da orientação e oferta de métodos contraceptivos, as
mulheres devem ter absoluta liberdade de aceitar ou não os métodos acima
citados.
Cilene Roque
A atenção ao abortamento deve se apoiar em três pilares
1. Acolher e orientar: ouvir a mulher, a partir de princípios éticos dos
direitos reprodutivos
2. Atenção clínica ao abortamento: classificar, decidir como fazer e
executar, lembrando da necessidade de manejo da dor
3. Planejamento reprodutivo pós-abortamento: discutir com a mulher
sobre suas intenções reprodutivas e oferecer os métodos contraceptivos
disponíveis, orientando sobre continuidade do cuidado em serviços de
atenção básica.
Referências:
Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Atenção Humanizada ao Abortamento.
Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/29903/2/ATEN%C3%87%C3%83O%20HU
MANIZADA%20AO%20ABORTAMENTO.pdf. Acesso em: 07 de maio de 2021.
7. Compreender a legislação atual sobre o aborto legal (CP e
Conselho de medicina) e a conduta médica a ser adotada.
No Brasil, o Código Penal Brasileiro proíbe a prática do aborto, seja esse
provocado pela gestante ou com seu consentimento (Art.124), seja esse
provocado por terceiro com ou sem consentimento da gestante (Arts. 125 e
126), bem como prever a qualificadora se, em consequência do aborto ou
dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
natureza grave, ou, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte
(Art.127).
Nada obstante a prática ilegal do aborto, o próprio Código Penal, em seu
artigo 128, admite exceções em que não se pune o aborto praticado pelo
médico, são nos casos de se tratar de um aborto necessário, isto é, se não
houver outro meio de salvar a vida da gestante, no caso de se tratar de um
aborto decorrente de uma gravidez fruto de um estupro, tendo ainda o
Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecido, quando do julgamento da
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) de º 54,
que não deve ser considerado como aborto a interrupção terapêutica
induzida da gravidez de um feto anencéfalo.
Com efeito, as dúvidas que surgem entre os profissionais de saúde é como
proceder quando se estar diante de uma das hipóteses em que é permitido
o aborto legal e quando poderá opor sua objeção de consciência, a fim de
se resguardar juridicamente, quando da realização da interrupção da
gravidez nos casos previstos em lei.
Neste sentido, o Ministério da Saúde disciplina, na sua Portaria de nº
2.282, de 27 de agosto de 2020, sobre o Procedimento de Justificação e
Autorização da Interrupção da Gravidez nos casos previstos em lei, no
âmbito do Sistema Único de Saúde-SUS, o qual é condição necessária para
adoção de qualquer medida de interrupção da gravidez no âmbito do SUS,
excetuados os casos que envolvem riscos de morte à mulher.
Em outras palavras, a portaria dispõe sobre as medidas assecuratórias da
licitude do procedimento de interrupção da gravidez nos casos previstos
em lei quando realizado no âmbito do SUS.
Segundo a mencionada Portaria do Ministério da Saúde, o procedimento
de justificação e autorização da interrupção da gravidez nos casos previstos
em lei se compõe de quatro fases e deverão ser registradas no formato de
termos, arquivados em anexos ao prontuário médico da paciente,
garantida a confidencialidade desses termos.
A primeira fase é o relato circunstanciado do evento, realizado pela própria
gestante, perante dois profissionais de saúde do serviço. Tal relato é
realizado em formato de “Termo de Relato Circunstanciado”, descrevendo
o local, dia e hora aproximada do fato, o tipo e forma de violência,
características dos agentes da conduta, e, se possível, a identificação de
testemunhas, se houver, ao final, deve ser assinado pela gestante ou,
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/29903/2/ATEN%C3%87%C3%83O%20HUMANIZADA%20AO%20ABORTAMENTO.pdf
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/29903/2/ATEN%C3%87%C3%83O%20HUMANIZADA%20AO%20ABORTAMENTO.pdf
Cilene Roque
quando incapaz, também por seu representante legal, bem como por dois
profissionais de saúde do serviço.
A segunda fase é o parecer técnico realizado por um médico, após
detalhada anamnese, exame físico geral, exame ginecológico, avaliação do
laudo ultrassonográfico e dos demais exames complementares que
porventura houver. Simultaneamente, a mulher deve receber atenção e
avaliação especializada por parte da equipe de saúde multiprofissional,
composta, no mínimo, por obstetra, anestesista, enfermeiro, assistente
social e/ou psicólogo, os quais anotarão suas avaliações em documentos
específicos e subscreverão o Termo de Aprovação de Procedimento de
Interrupção da Gravidez, não podendo haver desconformidade com a
conclusão do parecer técnico.
Já a terceira fase é o Termo de Responsabilidade assinado pela gestante
ou, se for incapaz, também por seu representante legal, tal Termo conterá
advertência expressa sobre a previsão dos crimes de falsidade ideológica
(art. 299 do Código Penal) e de aborto (art. 124 do Código Penal), caso
posteriormente se verifique que a gestante não tenha sido vítima de
violência sexual.
Por último, a quarta fase é o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
o qual esclarece à mulher, em linguagem acessível, especialmente sobre os
riscos possíveis à sua saúde, os procedimentos que serão adotados quando
da realização da intervenção médica, os profissionais responsáveis para lhe
acompanhar e prestar assistência e a garantia do sigilo que assegure sua
privacidade quanto aos dados confidenciais envolvidos, passíveis de
compartilhamento em caso de requisição judicial.
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido deverá ser assinado ou
identificado por impressão datiloscópica, pela gestante ou, se for incapaz,
também por seu representante legal, e deverá conter também uma
declaração expressa sobre a decisão voluntária e consciente de interromper
a gravidez.
Importante ressaltar que uma inovação trazida pela Portaria nº 2.282, de
27 de agosto de 2020, a qual se encontra em consonância com a Lei de nº
13.931, de 10 de dezembro de 2019, foi tornar obrigatória a notificação à
autoridade policial pelo médico, demais profissionais de saúde ou
responsáveis pelo estabelecimentode saúde que acolheram a paciente nos
casos em que houver indícios ou confirmação do crime de estupro.
A portaria dispõe ainda que os profissionais mencionados no caput
deverão preservar possíveis evidências materiais do crime de estupro a
serem entregues imediatamente à autoridade policial, tais como
fragmentos de embrião ou feto com vistas à realização de confrontos
genéticos que poderão levar à identificação do respectivo autor do crime,
nos termos da Lei Federal nº 12.654, de 2012.
Nada obstante o exposto, uma das dúvidas que surgem sobre o aborto legal
é saber até quanto tempo da gestação o procedimento pode ser realizado,
deste modo, nos casos de risco à vida da mulher e nos casos de anencefalia
fetal, não há idade gestacional máxima para a realização do aborto, no
entanto, quanto mais cedo for realizado o aborto, menores serão os riscos
para a mulher. Já nos casos de violência sexual, o entendimento é de que o
aborto seja permitido até a 20ª semana de gestação, podendo ser
estendido até 22 semanas, desde que o feto tenha menos de 500 gramas.
Outro ponto que costuma gerar dúvida aos profissionais de saúde é sobre o
consentimento quando há divergências entre a adolescente gestante
(menor de 18 anos) e o seu representante legal. Ora, a vontade da
adolescente deve ser respeitada caso sua família opte pela realização do
aborto e ela não. Por outro lado, caso a adolescente escolha pela
interrupção da gravidez e a família não, tal situação deverá ser submetida
ao judiciário por meio do Conselho Tutelar, Defensoria Pública ou
Ministério Público.
Destaca-se que, apesar de na situação acima, o caso da escolha da
adolescente pela interrupção da gravidez e sua família não, deva ser
submetida à apreciação do Judiciário. O certo é que se trata de uma
Cilene Roque
situação excepcional, fato que a realização do procedimento de aborto nos
casos permitidos por lei não depende de autorização judicial.
Importante mencionar ainda que, é garantido ao médico alegar a objeção
de consciência, que consiste no direito de recusa em realizar o aborto,
baseado no direito à liberdade de pensamento, de crença e de consciência,
e caso o profissional exerça sua objeção, a mulher deverá ser atendida por
outro profissional ou serviço que garanta a efetivação do aborto.
Contudo, convém reforçar que há três casos em que esta objeção não é
admitida, quais sejam: Em caso de necessidade de abortamento por risco
de vida para a mulher, em qualquer situação de abortamento
juridicamente permitido, quando na ausência de outro médico que o faça e
quando a mulher puder sofrer danos ou agravos à saúde em razão da
omissão do médico, em casos de complicações derivadas de abortamento
inseguro, por se tratar de atendimento de urgência.
Portanto, é indubitável a relevância de discutir sobre o tema proposto, haja
vista que muitas são as dúvidas que surgem entre os profissionais de saúde
de como agir diante de uma das hipóteses em que é permitido o aborto
legal, a fim de se resguardar juridicamente, quando da realização da
interrupção da gravidez nos casos previstos em lei.
O primeiro atendimento ambulatorial será realizado com equipe
multiprofissional (médico, enfermeiro, psicólogo e assistente social)
simultaneamente com uso da FICHA DE ATENDIMENTO
MULTIPROFISSIONAL ÀS PESSOAS EM SITUAÇÃO
DE VIOLÊNCIA SEXUAL (Anexo 1).
A consulta simultânea visa evitar a revitimização da paciente, uma vez que
nessa consulta será colhido o relato da paciente com maior riqueza de
detalhes. Após essa consulta, cada profissional dará seguimento individual
do atendimento conforme necessidade, tanto para a paciente quanto para
familiares.
No ambulatório também deve ser realizado o seguimento de viragem
sorológica para as ISTs. Além do teste colhido na admissão da paciente,
nova sorologia para sífilis deve ser colhida em 30 dias. Para a Hepatites
Virais (B e C) e para HIV devem ser colhidas sorologias na admissão, com
4 e com 6 meses.
CONDUTA EM CASO DE GESTAÇÃO PÓS VIOLÊNCIA SEXUAL
Caso o estupro resulte em gravidez, a equipe multiprofissional informará a
paciente quais são as alternativas frente a essa gravidez e a apoiará em sua
decisão.
As alternativas são:
● Aborto legal (até 20 semanas de idade gestacional)
● Seguir com a gestação e ficar com o recém-nascido
● Seguir com a gestação e entregar o recém-nascido para adoção
(informar sobre o projeto “Dar A Luz” da Vara da Infância e da
Juventude)
Caso a paciente opte por seguir o pré-natal, esta deve ser encaminhada
para pré-natal de alto risco. Caso a paciente opte pelo aborto legal, esta
deve preencher os seguintes documentos:
● TERMO DE RELATO CIRCUNSTANCIADO (Anexo 2 e 3)
● TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
● INTERRUPÇÃO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE VIOLÊNCIA
SEXUAL (Anexo 4)
● TERMO DE RESPONSABILIDADE (Anexo 5)
O médico da equipe ainda deve confirmar a compatibilidade temporal
entre o estupro e a idade gestacional através do PARECER TÉCNICO
(Anexo 6) e em conjunto com o restante da equipe devem assinar o
TERMO DE APROVAÇÃO DE PROCEDIMENTO DE INTERRUPÇÃO
DA GRAVIDEZ RESULTANTE DE ESTUPRO (Anexo 7).
Após preenchimento de toda a documentação necessária, a paciente deve
ser encaminhada para internação hospitalar para realização do aborto
legal.
Não há necessidade de BO para realização do aborto legal.
INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO
Cilene Roque
Para interrupção da gestação a paciente deve ser internada
preferencialmente na enfermaria ginecológica, para evitar contato com
gestante ou RN.
Um médico da equipe do SALVS será responsável pela realização do
procedimento e prescrição da paciente.
O método de escolha da interrupção varia de acordo com a idade
gestacional, conforme
descrito abaixo.
● INTERRUPÇÃO ATÉ 12 SEMANAS
- 1ª opção – AMIU: Colocar 2 cápsulas de 200mcg de misoprostol
via vaginal para amolecimento do colo e após 3-4 horas realizar
aspiração com AMIU. Não se deve realizar curetagem com cureta
convencional após o AMIU.
- 2ª opção – Abortamento Medicamentoso: Misoprostol 4 cápsulas
de 200 mcg via vaginal a cada 12 horas (3 doses – 0,12 e 24 horas).
Repetir a dose após 72h caso não ocorra o abortamento.
- 3ª opção – Curetagem Convencional: Colocar 2 cápsulas de
200mcg de misoprostol via vaginal para amolecimento do colo e
após 3-4 horas realizar dilatação cervical com velas de Hegar
seguido de curetagem com cureta convencional.
INTERRUPÇÃO ENTRE 12 E 20 SEMANAS
Para abortamentos no segundo trimestre o método de eleição é o
medicamentoso.
- 12-15 SEMANAS: Misoprostol 400mcg a cada 6 horas;
- 16-20 SEMANAS: Misoprostol 200mcg a cada 6 horas;
Após a expulsão ovular, caso seja incompleta, deve-se realizar curetagem
com cureta convencional.
ALÍVIO DA DOR
Nas situações em que a idade gestacional é superior a 12 semanas o uso de
analgésicos narcóticos, petidina ou morfina, pode ser necessário durante o
período de indução do esvaziamento uterino, para alívio da dor provocada
pela contração uterina e dilatação cervical. A equipe de saúde deve estar
atenta para possíveis efeitos adversos, principalmente a depressão
respiratória. Caso o esvaziamento ocorra de forma incompleta, os mesmos
cuidados rotineiros devem ser tomados para o alívio da dor durante a
curetagem ou aspiração complementar.
PROFILAXIA DE INFECÇÃO CIRÚRGICA
Aplicar 2g de Cefazolina 1 a 2 horas antes do procedimento (curetagem ou
AMIU).
PLANEJAMENTO REPRODUTIVO
Para todas pacientes em situação de abortamento, inclusive no aborto
legal, deve-se oferecer a inserção do DIU de cobre, seguindo os mesmos
critérios do protocolo de DIU pós parto. Caso a paciente não queira utilizar
o DIU, outros métodos devem ser oferecidos.
PROFILAXIA DE ISOIMUNIZAÇÃO RH
Administrar Imunoglobulina Anti-RH intramuscular até 72 horas após o
procedimento para pacientes RH negativas.
APOIO EMOCIONAL
A paciente com síndrome de abortamento deve ter apoio emocional
contínuo mesmo após esvaziamento uterino e evitar ser deixada sozinha.
ALTA. Apósa alta a paciente deve ser reencaminhada para seguimento
ambulatorial.
ABORTO PREVISTO EM LEI (DEMAIS CASOS)
Os demais casos de abortamentos legais incluem o risco de vida materno e
gestação de feto anencéfalo. Para interrupção da gestação em caso de risco
de vida materno deve-se ter a indicação de dois obstetras, no caso de
Cilene Roque
patologia/complicação essencialmente obstétrica (ex: gestação ectópica,
rotura prematura de membranas abaixo de 24 semanas, eclâmpsia). Em
casos de patologia/complicação clínica de doença de base (ex: LÚPUS,
cardiopatia, insuficiência renal), a indicação deve ser feita por pelo menos
um obstetra e o médico clínico especialista da patologia.
Para interrupção da gestação de feto anencéfalo é necessária a avaliação
ultrassonográfica com foto por dois ultrassonografistas diferentes. Em
ambos os casos, risco materno e anencefalia, a interrupção da gestação não
é limitada pela idade gestacional, podendo, portanto, ser indicada após 20
semanas
Referências:
Jornal do médico. Aborto legal, o que diz a lei?. 2020. Disponível em:
https://jornaldomedico.com.br/2020/10/20/aborto-legal-o-que-diz-a-lei/. Acesso em: 07
de maio de 2021.
Ministério da Saúde. UFMS. Protocolos de Obstetrícia HUMAP.
Protocolo para Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Sexual.
Disponível em:
http://www2.ebserh.gov.br/documents/17082/3273530/Protocolo+do+Servi%C3%A7o+
de+Aten%C3%A7%C3%A3o+ao+Aborto+Legal+e+Viol%C3%AAncia+Sexual.pdf/1f4e391
6-ac4e-4901-ba8e-52dd55831e4c. Acesso em: 07 de maio de 2021.
8. Compreender a importância da equipe multidisciplinar no
aborto legal
No âmbito do SUS, as instituições envolvidas na atenção às pessoas em
situação de violência sexual devem assegurar cada etapa do atendimento
que fornecessária. Isso inclui medidas de prevenção, emergência,
acompanhamento, reabilitação, tratamento de eventuais agravos e
impactos resultantes da violência sexual sobre a saúde física e psicológica,
além do abortamento legal, se for solicitado pela mulher ou adolescente,
de acordo com a legislação vigente.
É preciso que se estabeleçam fluxos de atendimento em toda a rede de
saúde. É necessária a indicação dos(as) profissionais responsáveis por cada
etapa da atenção e é imprescindível que esses fluxos sejam do
conhecimento de todos(as), de modo a acolher e atender as pessoas que
acessarem o serviço de forma ágil, humanizada e respeitosa.
O acompanhamento clínico, psicológico e social previsto nos serviços de
saúde de referência devem se estender por um período posterior à
realização do primeiro atendimento, sendo necessário que a equipe do
serviço de saúde avalie a continuidade do seu acompanhamento e a
importância de encaminhamentos para outros serviços e unidades da rede:
Unidades Básicas de Saúde, ambulatórios, policlínicas, Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), Unidades de Saúde Especializadas, Centros de
Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência
Especializados de Assistência Social (CREAS), Centros de Referência de
Atenção à Mulher em Situação de Violência (CRAM), Casa da Mulher
Brasileira, entre outros.
Conforme disposto na Norma Técnica Prevenção e Tratamento dos
Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes
do Ministério da Saúde sobre a atenção à violência sexual, as pessoas
atendidas devem ser informadas e orientadas sobre tudo o que será
realizado em cada etapa do atendimento e a importância de cada medida a
ser tomada. Sua autonomia deve ser respeitada, acatando-se a eventual
recusa de algum procedimento.
No cerne da atenção integral e humanizada no SUS, é importante garantir,
com qualidade e respeito, a escolha das mulheres que sofreram violência
sexual pelo abortamento assegurado pela legislação brasileira. Além dos
aspectos já mencionados, a atenção humanizada em saúde às pessoas em
situação de violência sexual relaciona-se a aspectos mais práticos e
objetivos que devem ser garantidos nos estabelecimentos de saúde que
realizem o serviço.
Cite-se, por exemplo:
• Instalações e área física adequada para atendimento
https://jornaldomedico.com.br/2020/10/20/aborto-legal-o-que-diz-a-lei/
http://www2.ebserh.gov.br/documents/17082/3273530/Protocolo+do+Servi%C3%A7o+de+Aten%C3%A7%C3%A3o+ao+Aborto+Legal+e+Viol%C3%AAncia+Sexual.pdf/1f4e3916-ac4e-4901-ba8e-52dd55831e4c
http://www2.ebserh.gov.br/documents/17082/3273530/Protocolo+do+Servi%C3%A7o+de+Aten%C3%A7%C3%A3o+ao+Aborto+Legal+e+Viol%C3%AAncia+Sexual.pdf/1f4e3916-ac4e-4901-ba8e-52dd55831e4c
http://www2.ebserh.gov.br/documents/17082/3273530/Protocolo+do+Servi%C3%A7o+de+Aten%C3%A7%C3%A3o+ao+Aborto+Legal+e+Viol%C3%AAncia+Sexual.pdf/1f4e3916-ac4e-4901-ba8e-52dd55831e4c
Cilene Roque
Locais específicos para acolhida e atendimento, preferencialmente fora do
espaço físico do pronto socorro ou da triagem, para garantir privacidade
durante os atendimentos. Evitar identificação nominal das salas de
atendimento exclusivas para vítimas de violência sexual.
• Equipamentos e instrumentais suficientes
Equipamentos e materiais permanentes em condições adequadas de uso
que satisfaçam as necessidades do atendimento de tal modo a contar com
autonomia e resolutividade. Quando ofertado o serviço de aborto previsto
em lei deve-se seguir as orientações da Norma Técnica de Atenção
Humanizada ao Abortamento em vigor.
• Recursos humanos qualificados para a atenção
O atendimento precisa ser ofertado por equipe multiprofissional e
interdisciplinar, essencialmente:
médico(a); enfermeiro(a); técnico(a) em enfermagem; assistente social e
psicólogo(a). Poderá contar, ainda, com outros profissionais como
farmacêutico(a).
Frente a todas as indicações necessárias à garantia de atenção humanizada
e integral às pessoas em situação de violência sexual, cabe ressaltar que
compete aos gestores(as) de saúde nos Municípios, Estados e Distrito
Federal implantar, implementar e garantir sustentabilidade às ações e o
maior número possível de serviços de referência.
Cabe aos(às) gestores(as) e diretores(as) dos estabelecimentos de saúde a
implantação de mecanismos de avaliação permanente das ações
desenvolvidas.
Referências:
Ministério da Saúde. ATENÇÃO HUMANIZADA ÀS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE
VIOLÊNCIA SEXUAL COM REGISTRO DE INFORMAÇÕES E COLETA DE
VESTÍGIOS. 2015. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_humanizada_pessoas_violencia_se
xual_norma_tecnica.pdf. Acesso em: 07 de maio de 2021.
9. Diferenciar menopausa e climatério, além de definir
sintomatologia envolvida nesta fase.
A menopausa é a última menstruação da vida de uma mulher, e o
climatério é o nome do período que vai dos 45 aos 65 anos,
aproximadamente, quando diminuem as atividades dos ovários. Assim, a
mulher não entra na menopausa, e sim no climatério.
Climatério:
Definição
Todas as mulheres saudáveis passam pela transição de um período
reprodutivo ou de pré-menopausa, caracterizado por ovulação regular e
sangramento menstrual cíclico, para um período de pós-menopausa,
caracterizado por infertilidade e amenorreia. O início dessa transição é
geralmente marcado por alterações sutis da duração dos ciclos menstruais
e da duração ou quantidade do fluxo menstrual. À medida que a transição
menopausal progride, os ciclos menstruais começam a falhar até que a
amenorreia completa se instale. No entanto, o padrão de falha dos ciclos
não é previsível.
A amenorreia por alguns meses não é um bom indicador de menopausa,
pois cerca de metade a três quartos das mulheres de meia-idade que ficam
amenorreicas por 6 meses voltam a apresentar ciclos menstruais. Assim, a
menopausa é tipicamente definida retrospectivamente após 12 meses de
amenorreia.
Sintomatologia:
● Sintomas Vasomotores
Os sintomas vasomotores incluem fogachos, calafrios e sudorese. Um
fogacho é uma sensação súbita de calor, geralmente mais intensa na face,
no pescoço e no tórax. Sua duração é variável, mas gira em torno de 4
minutos. É frequentemente acompanhado porsudorese, que pode ser
profusa e seguida de um calafrio.
● Sintomas geniturinários
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_humanizada_pessoas_violencia_sexual_norma_tecnica.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_humanizada_pessoas_violencia_sexual_norma_tecnica.pdf
Cilene Roque
Os sintomas vaginais geralmente correlacionam-se com os achados
(frequentemente chamados de atrofia vaginal) de palidez, secura,
friabilidade e rugosidade diminuída da mucosa vaginal. A secreção vaginal
da mulher na pré-menopausa é ácida, com pH variando aproximadamente
entre 4,5 e 5,5, com uma leve alcalinização próxima de 6 antes da ovulação.
A acidez é produzida pela excreção de prótons das células epiteliais
vaginais e pelo metabolismo do glicogênio estocado nas células epiteliais
vaginais pelos Lactobacillus sp., a flora vaginal normal. O ambiente ácido
inibe o crescimento de Escherichia coli e outras bactérias entéricas
Gram-negativas que são uma possível causa de infecções do trato urinário.
O pH vaginal pode ser facilmente medido através da análise da secreção da
parede vaginal lateral.
Nas mulheres na pós-menopausa, o pH vaginal é geralmente neutro e a
flora predominante é frequentemente E. coli e outras bactérias
Gram-negativas. Isso parece ocorrer porque a deficiência de estrogênio
associada à menopausa causa disfunção das células epiteliais vaginais,
incluindo diminuição do estoque de glicogênio, menor habilidade para
acidificar a secreção vaginal e menor produção de lubrificação vaginal.
As células epiteliais vaginais, que são principalmente superficiais e
intermediárias nas mulheres na pré-menopausa, alteram-se para células
predominantemente parabasais imaturas nas mulheres na pós-
menopausa. O tratamento com estrogênio melhora ou alivia a secura
vaginal, diminui o pH vaginal e aumenta a proporção de células
superficiais no epitélio vaginal.
● Distúrbios do Sono
A prevalência de distúrbios do sono autorreferidos aumenta de
aproximadamente 40% nas mulheres na pré-menopausa para algo em
torno de 60% nas em pós-menopausa. Os distúrbios do sono, incluindo
dificuldade de iniciar o sono e despertar precoce, são relatados por
mulheres na menopausa, mas o despertar durante a noite parece ser o
distúrbio mais incômodo. A etiologia dos distúrbios do sono associada à
menopausa não está clara. As mulheres na pós-menopausa com fogachos
relatam distúrbios do sono com mais frequência do que aquelas sem
fogachos, e as mulheres comumente queixam-se de ser acordadas pelos
fogachos. Entretanto, estudos com o uso da polissonografia relatam que os
fogachos noturnos não ocorrem sistematicamente ao mesmo tempo que os
distúrbios do sono. Assim, os distúrbios do sono parecem fazer parte de
uma síndrome da menopausa, mas podem não ser causados pelos
fogachos.
Os distúrbios do sono causados pela menopausa podem ser tratados com o
uso de abordagens padronizadas para higiene do sono e de prescrição de
medicações. Tanto as preparações orais quanto as transdérmicas de
estrogênio melhoram o sono de mulheres na perimenopausa e na
pós-menopausa com fogachos.
Referências:
Ministério da Saúde. UFMG. Climatério e Menopausa. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/climaterio_menopausa.pdf. Acesso
em: 10 de abr de 2021.
Cecil medicina / editado por Lee Goldman, Andrew I. Schafer; tradução Angela
Freitas, Cyro Festa Neto, Fábio Fernandes Morato Castro, - 24. ed. - Rio de
Janeiro : Elsevier, 2014.
10. Conhecer as estratégias de atenção ao climatério / menopausa
no SUS.
O Manual Atenção Integral à Saúde da Mulher no Climatério/Menopausa
elaborado pela Área Técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde,
concretiza um dos objetivos da Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde da Mulher de qualificar a atenção às mulheres nessa fase da vida.
Este manual contém diretrizes que orientam os profissionais de saúde para
a atenção integral e humanizada, considerando as diversidades e
especificidades das mulheres brasileiras. Aborda princípios fundamentais
da atenção em saúde, como o acolhimento e a ética nas relações entre
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/climaterio_menopausa.pdf
Cilene Roque
profissionais e usuárias, os aspectos emocionais e psicológicos, a
sexualidade e as possíveis repercussões clínicas das transformações
hormonais que acompanham o climatério/menopausa. Discute também as
medidas preventivas e promotoras da saúde, que incluem estímulo ao
autocuidado e a adoção de hábitos de vida saudáveis, que influenciam a
qualidade de vida e o bem-estar das mulheres nesta fase. A abordagem
diagnóstica e as opções terapêuticas preconizadas por este manual
conferem uma visão holística da mulher, atualizam dados sobre as
indicações corretas da terapia de reposição hormonal e incluem outras
possibilidades de tratamento, como a fitoterapia, medicina antroposófica e
a homeopatia.
A saúde da mulher no Brasil foi incorporada às políticas nacionais no
início do século XX e a atenção à saúde deste grupo populacional vem
seguindo um processo de evolução no qual os antecedentes podem ser
considerados a partir da década de 70. Neste período o Ministério da
Saúde adotava uma concepção mais restrita da saúde da mulher, que se
limitava à saúde materna ou à ausência de agravos associados à
reprodução biológica.
Na década de 1980 ocorreu o lançamento do documento “Assistência
Integral à Saúde da Mulher: bases de ação programática”, que serviu de
apoio para o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, o
PAISM, elaborado pelo Ministério da Saúde em 1983 e publicado em 1984.
Esse programa incorporou o ideário feminista para a atenção à saúde da
mulher, com ênfase em aspectos da saúde reprodutiva, mas com propostas
de ações dirigidas à atenção integral da população feminina, nas suas
necessidades prioritárias, significando uma ruptura com o modelo de
atenção materno-infantil até então desenvolvido. Nas prioridades estava
incluída a atenção ao climatério, já que contemplava uma abordagem
geracional da mulher em todas as fases da vida, da adolescente à idosa.
Dentro dessa perspectiva passaram a ser desenvolvidas, em diversos
estados da federação, atividades de capacitação em atenção integral à
saúde da mulher e em alguns deles, ações de saúde específicas
direcionadas às mulheres no climatério. Nesse contexto, em 1994, foi
lançada pelo Ministério da Saúde a Norma de Assistência ao Climatério.
Em 1999, a Área Técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde
incorporou no seu planejamento a atenção à saúde da mulher acima de 50
anos. No entanto, nenhuma ação específica foi implementada naquela
oportunidade. Um balanço institucional realizado em 2002 apontou, entre
outras, esta lacuna, considerando necessário superá-la.
Em 2003, essa área técnica assumiu a decisão política de iniciar ações de
saúde voltadas para as mulheres no climatério e incluiu um capítulo
específico sobre esse tema no documento Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Mulher – Princípios e Diretrizes. No Plano de Ação
dessa política nacional com relação ao climatério, o objetivo é implantar e
implementar a atenção à saúde da mulher no climatério, em nível
nacional, que é detalhado na estratégia de ampliar o acesso e qualificar a
atenção com ações e indicadores definidos.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Manual de Atenção à Mulher no
Climatério/Menopausa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Editora do Ministério da
Saúde, 2008. 192 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos (Série Direitos Sexuais e
Direitos Reprodutivos – Caderno, n.9). Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_atencao_mulher_climaterio.pdf.
Acesso em: 07 de maio de 2021.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_atencao_mulher_climaterio.pdf

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