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Enfermagem e o Planejamento Familiar

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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
EMFERMAGEM E O PLANEJAMENTO 
FAMILIAR 
 
 
1 
 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
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Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842e Enfermagem e o planejamento familiar / Portal Educação. - Campo Grande: 
Portal Educação, 2012. 
 94p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-264-0 
 1. Enfermagem especializada. 2. Enfermagem – Planejamento familiar. I. 
Portal Educação. II. Título. 
 CDD 610.736 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 PATERNIDADE RESPONSÁVEL E DIREITO DE LIVRE ESCOLHA DOS CASAIS ................ 4 
2 PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER (PAISM) ............................ 5 
3 FUNDAMENTAÇÕES DO ARTIGO 226, § 7°, DA CF............................................................... 8 
4 ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE ........................................................................ 10 
5 QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E EFETIVIDADE DO 
PLANEJAMENTO .............................................................................................................................. 13 
6 ASSISTÊNCIA À INFERTILIDADE ........................................................................................... 19 
6.1 Causas da Infertilidade ........................................................................................................... 19 
6.2 Índice Prognóstico e Avaliação da Probabilidade de Gravidez ........................................... 21 
6.3 Reprodução Humana Assistida .............................................................................................. 28 
7 ASSISTÊNCIA À CONTRACEPÇÃO ....................................................................................... 31 
7.1 Avaliação dos Usuários .......................................................................................................... 31 
8 TAXA DE FALHA DOS ANTICONCEPCIONAIS ...................................................................... 33 
8.1 Método da Lactação com Amenorreia ................................................................................... 36 
8.2 Métodos Comportamentais .................................................................................................... 38 
8.3 Tabela de Ogino-Knauss ......................................................................................................... 39 
8.4 Temperatura Corporal Basal .................................................................................................. 41 
8.5 Método Cervical ou Billings .................................................................................................... 42 
8.6 Método Sintotérmico ............................................................................................................... 43 
8.7 Coito Interrompido .................................................................................................................. 44 
 
 
3 
 
8.8 Métodos de Barreiras .............................................................................................................. 45 
9 ANTICONCEPÇÃO EM SITUAÇÕES ESPECIAIS ................................................................... 68 
9.1 Anticoncepção no Pós-Parto e Pós-Aborto .......................................................................... 68 
9.2 Anticoncepção na Adolescência ............................................................................................ 71 
9.3 Anticoncepção de Emergência............................................................................................... 73 
9.4 Anticoncepcionais Orais ......................................................................................................... 74 
9.5 Dispositivo Intrauterino .......................................................................................................... 77 
10 ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO A VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL ........................................ 80 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 90 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 PATERNIDADE RESPONSÁVEL E DIREITO DE LIVRE ESCOLHA DOS CASAIS 
 
 
Planejamento familiar é um tema que vem sendo amplamente discutido em nossa 
sociedade, não apenas entre profissionais e gestores de saúde, mas também entre líderes da 
comunidade, representantes religiosos, adolescentes, enfim, entre pessoas de distintos 
seguimentos sociais. Essa repercussão do tema impulsionou o reconhecimento da assistência à 
concepção e contracepção como um direito de todos os cidadãos. O Poder Legislativo passou a 
reconhecer esse direito e a atribuir ao Sistema Único de Saúde o dever de promover ações 
educativas e fornecer todos os métodos aos usuários, cabendo aos profissionais de saúde a 
tarefa de intervir na assistência orientando, esclarecendo e providenciando formas benéficas de 
manter/buscar/restabelecer a saúde sexual e reprodutiva. 
 Apesar de abordarem conceitos como atenção integral, autonomia e acessibilidade, as 
leis que fundamentam as políticas públicas acerca do planejamento familiar não se apresentam 
tão viáveis na prática. Diante disso, persiste o desafio para que gestores e profissionais de 
saúde definam ações que busquem concretizar as diretrizes que regem a prática do 
planejamento familiar no Brasil. E esses desafios seguem lado a lado com outros determinantes 
sociais que constituem barreiras para as práticas de saúde em geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER (PAISM) 
 
 
Diante da representatividade dos problemas relacionados à saúde da mulher no Brasil, 
tais como mortalidade materna, aborto, gravidez indesejada e doenças sexualmente 
transmissíveis (DST), o Ministério da Saúde decide lançar, em 1983, o Programa de Assistência 
Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Enquanto política de saúde, o PAISM surge como resposta 
aos problemas de saúde e às necessidades da população feminina (MATTOS, 2001). 
Representou a primeira iniciativa do Ministério da Saúde de incluir o planejamento familiar nas 
ações de atenção à saúde da mulher. Nas diretrizes do PAISM, no tocante ao planejamento 
familiar, é possível identificar os seguintes destaques (BRASIL, 1984): 
 
 Oportunidade de acesso às informações; 
 Abandono de qualquer espécie de ação coercitiva; 
 Relação constante e integral com o sistema único de saúde (SUS). 
 
 O PAISM rompeu com a lógica do exagerado intervencionismo sobre o corpo da 
mulher, considerando-as sujeitos de transformação de suas realidades, com direitos e deveres. 
Nesse sentido, destaca o caráter de autonomia, condizente com os ideais feministas, que 
defendiam o lema “nosso corpo nos pertence” (ÁVILA e CORREIA, 1989). 
 Na política do PAISM, o planejamento familiar ganha destaque nas questões referentes 
à acessibilidade da população aos meios reversíveis de contracepção. Foi disponibilizado grande 
número de métodos contraceptivos e desenvolvida, a nível nacional, a capacitação de 
profissionais de saúde para promover assistência qualificada durante o planejamento familiar. 
Essas ações obtiveram impactoinicial, mas não se verificou continuidade e resultados 
significativos na acessibilidade da população a métodos conceptivos e contraceptivos nas 
décadas seguintes (COSTA, 1999). 
 
 
 
6 
 
 Uma das principais razões atribuídas à desaceleração das ações do PAISM residiu na 
interrupção, em 1997, do fornecimento de métodos e insumos pelo Governo Federal. Quando o 
ministério descentralizou o PAISM, atribuindo aos estados e municípios a compra e distribuição 
de métodos conceptivos e contraceptivos, ocorreu expressiva queda na oferta de métodos 
contraceptivos à população (BRASIL, 2005). 
 Em 2000 o Ministério da Saúde retomou a compra de métodos contraceptivos. Essa 
estratégia representou aumento da distribuição de métodos e insumos para as secretarias 
estaduais de saúde. Em nível municipal, todavia, foram identificadas condições inadequadas de 
armazenamento, assim como distribuição irregular. Diante disso, a aquisição de métodos pelo 
governo federal foi novamente interrompida. 
 Em 2001, uma comissão formada por representantes das secretarias estaduais, 
municipais e do Governo Federal decidiu ampliar a distribuição de métodos anticoncepcionais. A 
aquisição de métodos reversíveis voltou a ser atribuição do Ministério da Saúde, sendo que os 
municípios a serem beneficiados deveriam obedecer a, pelo menos, um dos seguintes requisitos 
(BRASIL, 2005): 
o Possuir, no mínimo, uma equipe do programa de Saúde da Família Habilitada; 
ou 
o Estar com o termo de adesão ao Programa de Humanização Pré-natal e 
Nascimento aprovado; ou 
o Contar com pelo menos uma equipe do Programa de Interiorização do trabalho 
em saúde. 
 Os municípios beneficiados recebem os métodos contraceptivos sob duas formas: o kit 
básico ou o kit complementar. O kit básico é composto por pílula combinada de baixa dosagem, 
pílula exclusiva de progestágeno e preservativo masculino. O kit complementar comporta o 
dispositivo intrauterino (DIU) e o anticoncepcional injetável trimestral (BRASIL, 2005). 
 O critério de elegibilidade para fornecimento do kit complementar reside no fato de o 
município possuir população igual ou superior a 50.000 habitantes, ou quando os médicos forem 
capacitados para inserir o DIU (BRASIL, 2005). Diante disso, é importante ressaltar a 
necessidade de que, cada vez mais, profissionais de saúde se qualifiquem na assistência ao 
 
 
 
7 
 
planejamento familiar, a fim de assegurar o acesso da população a todos os métodos 
contraceptivos disponíveis. 
 Essa estratégia tem possibilitado acesso a maior quantidade de métodos 
contraceptivos. Verifica-se que, a cada ano, tem aumentado o número de métodos distribuídos 
aos municípios. Entre as perspectivas para os próximos anos estão as seguintes (BRASIL, 
2005): 
 Ampliação da oferta de métodos anticoncepcionais reversíveis no SUS; 
 Elaboração e distribuição de manuais técnicos e de cartilhas educativas; 
 Capacitação de profissionais de saúde da atenção básica para assistência em 
planejamento familiar; 
 Atenção em Reprodução Humana Assistida na rede SUS; 
 Ampliação do acesso à esterilização cirúrgica voluntária no SUS; 
 Ampliação do Programa Saúde e Prevenção nas Escolas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
3 FUNDAMENTAÇÕES DO ARTIGO 226, § 7°, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
FEDERATIVA DO BRASIL (CF) 
 
 
 O planejamento familiar constitui uma das práticas do enfermeiro no âmbito da 
promoção da saúde sexual e reprodutiva, visando uma maternidade/paternidade responsável e 
desejada. Dessa forma, o planejamento familiar configura-se como uma atividade que vai além 
do “antinatalismo”, uma vez que incorpora princípios relacionados, por exemplo, à 
conscientização e ao direito de evitar a concepção por meio da escolha do método mais 
conveniente, à assistência em casos em que a concepção é desejada e não é conseguida 
naturalmente, e em casos em que a concepção ocorreu de forma não consentida (estupro). 
 Concernente a isso, a Constituição da República Federativa do Brasil, por meio do 
artigo 226, § 7°, norteia a atuação de profissionais de saúde no âmbito do planejamento familiar. 
A Lei do Planejamento Familiar desloca o debate sobre controlismo versus natalismo para o 
enfoque do direito humano, da autonomia e da escolha consciente. Essa ideia é observada na 
descrição da Lei, assim apresentada: 
 
 
“Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e 
da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre 
decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos 
educacionais e científicos para o exercício desse direito, 
vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições 
oficiais ou privadas (BRASIL, 1996)”. 
 
 
 A lei representou avanços, mas ainda permanecem obstáculos relacionados ao acesso 
a muitos métodos contraceptivos, bem como o conhecimento sobre vantagens e desvantagens 
de cada um. Esses aspectos são importantes e necessitam ser considerados durante a 
 
 
9 
 
assistência de enfermagem no planejamento familiar, no intuito de assegurar o direito de aderir 
ao método mais adequado para a situação de cada casal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
4 ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE 
 
 
 A efetividade do planejamento familiar está pautada em muitos determinantes, que vão 
desde o fornecimento de todos os contraceptivos à correta utilização do método por parte do 
casal. Nessas entrelinhas, a atuação do profissional de saúde exerce grande influência. Eis 
algumas das importantes funções do profissional de saúde no planejamento familiar: 
 
 Oferecer os métodos disponíveis aos usuários do serviço de saúde: a 
oferta de todos os métodos está diretamente relacionada não apenas ao direito de livre escolha, 
mas também à maior probabilidade de adesão e uso adequado. Quando a mulher, o homem ou 
o casal dispõe de várias alternativas, tende a selecionar o método mais adequado à sua 
realidade, o que diminui a possibilidade da falha ou abandono do método conceptivo ou 
contraceptivo. 
 Explicar vantagens, desvantagens e taxas de falhas de cada um: uma 
escolha adequada implica em uma escolha consciente. Para que isso ocorra, é necessário que o 
profissional de saúde ofereça informações acerca das vantagens, riscos, desvantagens, 
benefícios e taxas de falha de cada método. 
 Orientar como utilizar cada método de forma a proporcionar o máximo de 
êxito: a assistência de enfermagem no planejamento familiar vai além da primeira consulta, 
estendendo-se por todo o período em que o usuário do serviço de saúde utiliza o método 
escolhido. Para garantir o uso correto do método, o enfermeiro deve dispensar boa parte do 
tempo da consulta para verificar se as informações sobre o uso do método foram completamente 
assimiladas. Uma das técnicas para averiguar se o usuário apreendeu as orientações consiste 
em solicitar que ele repita ou demonstre as etapas necessárias ao uso do método escolhido. 
 Conhecer o contexto dos casais ou indivíduos e auxiliá-los a escolher o 
método mais adequado: antes de qualquer indicação de método, o profissional de saúde 
precisa investigar o estilo de vida, crenças e necessidades dos casais, a fim de que nenhum 
determinante externo prejudique a eficácia do método. 
 
 
 
11 
 
 Prestar assistência contínua, principalmente no período de adaptação ao 
método selecionado: o profissional não deve oferecer barreiras no acesso das pessoas que 
fazem uso de algum método conceptivo ou contraceptivo ao serviço de saúde. Isso inclui 
disponibilidade, em casos de urgência e emergência, em qualquer dia e horário. 
 Orientar casais que desejam a concepção, mas que não a obtêm 
naturalmente: alguns serviços e profissionais de saúde consideram que o planejamento familiar 
se restringe à assistência à contracepção, o que não é verdade. Mesmo não dispondo de 
equipamentos e técnicas voltadas à concepção,os serviços de saúde devem acolher os casais 
com suspeita de infertilidade, oferecendo-lhes apoio e esclarecimentos. E, quando necessário, 
devem realizar o encaminhamento para outros serviços. 
 Assistir mulheres que sofreram abuso sexual e que estão com risco de 
gravidez indesejada: a assistência a vítimas de abuso sexual deve ser prioritária nos serviços 
de saúde. Essa assistência deve incluir, também, a prevenção de DST/HIV. A gravidade dessa 
situação requer discussão mais detalhada. Por conta disso este assunto será discutido no último 
módulo desta obra. 
 
Essas funções são complexas e exigem a articulação entre a equipe multidisciplinar, 
de forma que os profissionais utilizem a interdisciplinaridade, a fim de que seja realizada uma 
assistência integral e integrada. Nesse contexto, o enfermeiro, por estar em contato mais 
próximo dos casais ou indivíduos, exerce papel de mediador entre o sistema de saúde e a 
população, sendo a educação em saúde sua ferramenta para promover a conscientização dos 
usuários. 
 Em busca de um planejamento familiar efetivo, alguns parâmetros devem ser 
valorizados. Entre eles: 
 Atender os usuários de forma personalizada; 
 Tratar os usuários com dignidade e manter sua privacidade; 
 Informar e tranquilizar os casais inférteis quanto ao tratamento a que estão se 
submetendo; 
 Informar aos usuários ou às usuárias sobre os métodos disponíveis; 
 Manter o serviço com boas condições de higiene e organização; 
 Oferecer serviços durante todo o horário de funcionamento do serviço de saúde; 
 
 
12 
 
 Manter um abastecimento adequado de anticoncepcionais e insumos. 
 
 Na consulta de enfermagem e administração do serviço de saúde o enfermeiro 
encontra a oportunidade de executar estes parâmetros por meio do diálogo com o casal, de 
forma a instigá-los a refletir sobre suas realidades e sobre como e quando pretendem planejar a 
concepção de um novo ser. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
5 QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM E A EFETIVIDADE DO 
PLANEJAMENTO FAMILIAR 
 
 
Atenção Personalizada 
 
 Cada indivíduo ou casal que busca o serviço de saúde para realizar o planejamento 
familiar carrega consigo sua trajetória, expectativas, situação familiar, desejos, planos para o 
futuro profissional, entre outros elementos subjetivos. Entre estes aspectos, alguns podem ser 
comuns a muitos casais, mas outros podem apresentar peculiaridades inerentes às 
características próprias do indivíduo ou casal, ou à situação vivenciada no momento da consulta. 
 Tomemos como exemplo a história fictícia de dois casais que, aparentemente, 
possuem as mesmas características: jovens, recém-casados, que desejam planejar a concepção 
do primeiro filho. Durante a consulta de enfermagem, todavia, o enfermeiro observa que os 
casais apresentam contextos de vida diferentes. 
 
Casal 1 – casados há um ano. Ela está desempregada. Ele é administrador de uma empresa 
multinacional e terá que assumir uma filial em outro estado, onde será liberado para ver a 
esposa apenas uma vez por mês. Nunca utilizaram métodos contraceptivos. 
 
Casal 2 – casados há dois anos. Ela trabalha como garçonete. Ele foi promovido na empresa 
onde trabalha. Nunca utilizaram métodos contraceptivos. 
 
 Pela situação apresentada, podemos supor que o casal 1 deseja a contracepção, pois 
o marido não terá tempo disponível para dar assistência à esposa, uma vez que passará a maior 
parte do tempo trabalhando e longe de casa. O casal 2, por sua vez, apresenta situação 
 
 
14 
 
favorável à concepção, pois possuem tempo de casamento razoável, situação financeira estável 
e condições de vivenciar juntos o processo da gestação e parto. 
 É necessário salientar, entretanto, que na assistência de enfermagem no âmbito do 
planejamento familiar, o desejo do casal é prioridade. O papel do enfermeiro é auxiliar o casal, 
de forma não coercitiva, a escolher o método mais adequado, seja para contracepção ou 
concepção. A atenção personalizada consiste exatamente em procurar “escutar” anseios, 
dúvidas e angústias do casal e direcionar a assistência com base no contexto de vida dos 
envolvidos. 
 Retomando os casos retrocitados, poderia acontecer a seguinte situação: o casal 1 
poderia desejar a concepção por considerar que um filho fortaleceria o vínculo familiar, já que o 
marido estaria ausente durante boa parte do tempo. O casal 2, por exemplo, poderia buscar a 
contracepção por desejarem vivenciar de forma plena o crescimento profissional do marido. 
 As possibilidades são muitas e são oriundas dos sentimentos do casal. Não cabe ao 
profissional de saúde decidir o que é melhor para seus usuários, apenas informar sobre riscos e 
benefícios de cada escolha, bem como orientá-los e direcioná-los para uma escolha consciente. 
 
Orientação efetiva 
 A orientação efetiva faz parte da atenção personalizada e consiste em uma ação 
necessária tanto para quem está iniciando o planejamento familiar como para quem já faz uso de 
algum método destinado à concepção ou contracepção. Esta orientação está pautada no 
princípio de livre escolha, sem imposição ou coerção. O enfermeiro deve abster-se de 
julgamentos sobre os métodos contraceptivos ou sobre a necessidade de o casal conceber ou 
não. 
 A prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST) também constitui um dos 
elementos da orientação efetiva, uma vez que o planejamento familiar envolve a relação sexual e 
visa à promoção da saúde sexual e reprodutiva dos indivíduos. Por conta disso, torna-se 
necessário explicar e, de certa forma, estimular o uso de métodos que previnam DST e gravidez 
concomitantemente. 
 
 
15 
 
 Nos casos em que se busca a concepção, o enfermeiro deve explicar aos casais a 
relação entre os métodos contraceptivos e o risco de DST, ressaltando a importância de que o 
casal verifique a existência de possíveis sinais e sintomas de DST, a fim de que não haja 
transmissão. Caso seja confirmada a DST, deve-se tratar a doença antes de iniciar algum 
método voltado à concepção, inclusive para preservar a saúde do ser que será concebido. 
 Em casais em que a infertilidade foi confirmada, o enfermeiro deve observar fatores 
inerentes à complexidade da situação, pois, muitas vezes, isso representa um problema para o 
relacionamento afetivo do casal, além de possuir um caráter cultural de identidade feminina 
(gerar um filho) e masculina (progenitor). Nos casos de infertilidade, é importante explicar não só 
os métodos disponíveis para fertilização, mas também descrever as etapas e oferecer apoio 
emocional a casais que não alcançaram a concepção. 
 A infertilidade é uma situação tão complexa que exige a articulação de diversos 
profissionais de saúde, no intuito de oferecer ao casal suporte terapêutico. Assim, o enfermeiro, 
como membro da equipe multidisciplinar em contato mais próximo do cliente, deve buscar a 
articulação com os demais profissionais de saúde e, sempre que necessário, acionar outros 
serviços de saúde. 
 A orientação efetiva tem como propósito assegurar que o casal que deseja 
contracepção ou concepção receba uma assistência qualificada, que possa escolher um método 
que seja mais coerente com sua realidade, que esteja consciente dos riscos e benefícios de 
cada método e que o utilize de forma efetiva. Assim, alguns fundamentos são apontados como 
essenciais para uma orientação efetiva: 
 Compreender e respeitar os direitos das usuárias. 
 Obter a confiança das usuárias; 
 Conhecer as características de todos os métodos anticoncepcionais; 
 Compreender os fatores culturais e emocionais que afetam a decisão da 
mulher/homem (ou casal) de utilizar um método anticoncepcional específico; 
 Estimular as usuárias a fazer perguntas; 
 Orientar sem julgar, demonstrando respeito e gentileza aos usuários e às 
usuárias; 
 Apresentar informação sem emitir juízo de valor;16 
 
 Escutar ativamente, mostrando-se sensível às preocupações e dúvidas das 
usuárias; 
 Reconhecer quando não pode ajudar uma usuária, encaminhando-a; 
 Compreender o efeito da comunicação não-verbal. 
 
Acessibilidade aos métodos 
 
 Tanto a contracepção como a concepção envolvem multideterminantes que vão desde 
elementos subjetivos que norteiam o comportamento dos casais ao investimento na 
disponibilização de métodos por parte dos gestores de saúde. A enfermagem, por conseguinte, 
desenvolve-se entre esses processos e precisa considerá-los na prestação de um cuidado no 
âmbito do planejamento familiar. Como já foi discutido, a atuação dos enfermeiros na atenção 
personalizada e na orientação efetiva exige sensibilidade e comprometimento pessoal pela 
busca de uma ação eficaz. 
 Um terceiro fator importante consiste na acessibilidade ao método conceptivo ou 
contraceptivo; todavia, muitas vezes este fator não está ao alcance do enfermeiro, pois evoca a 
alocação de recursos financeiros do estado ou município. Apesar disso, o profissional de 
enfermagem poderá atuar juntamente aos gestores municipais e estaduais, mostrando os 
benefícios da disponibilização de métodos contraceptivos para a população. 
 Sobre a relação entre a enfermagem e a acessibilidade aos métodos contraceptivos 
observa-se um movimento em prol da discussão e reivindicação, junto ao Estado, por meio de 
grupos organizados da sociedade, a fim de que se façam cumprir as prerrogativas do artigo 226, 
§ 7°, da Constituição da República Federativa do Brasil (COELHO, 2005). Afinal, como categoria 
profissional, o enfermeiro deve representar a voz do povo, intercedendo pelos direitos daqueles 
que, por conta de adversidades, não têm oportunidade de lutar por condições de saúde dignas. 
 É importante salientar o caráter de conscientização que deve estar presente nas ações 
de educação em saúde do enfermeiro. Os enfermeiros, na busca pela excelência nas ações de 
educação em saúde no âmbito do planejamento familiar, precisam transcender os limites que 
lhes são impostos, como carência de recursos financeiros e barreiras socioculturais, procurando 
 
 
17 
 
superar dificuldades por meio da identificação de recursos complementares no processo de 
emancipação dos educandos. 
 A acessibilidade aos métodos conceptivos e contraceptivos está atrelada ao dever do 
estado, por meio do SUS, de fornecer não só os métodos propriamente ditos e insumos, mas, 
sobretudo de informar sobre vantagens e desvantagens de todos os métodos (BRASIL, 1996). 
Alguns estudos acerca da acessibilidade a informações sobre os métodos contraceptivos 
demonstram que a população brasileira sabe quais os métodos conceptivos e contraceptivos, 
mas não possui entendimento sobre riscos, vantagens e forma de utilização. Além disso, poucos 
são os estudos que investigam conhecimento e prática acerca do uso de contraceptivos (PANIZ, 
FASSA E SILVA, 2005). 
 O enfermeiro, em sua prática, deve, portanto, procurar saber o que os usuários do 
serviço de planejamento familiar sabem a respeito dos métodos conceptivos e contraceptivos, e 
investigar como esses métodos estão sendo utilizados. Um fator importante que está relacionado 
à barreira cultura que dificulta o acesso ao método contraceptivo consiste nas crenças e mitos. 
Estes elementos, uma vez transmitidos e compartilhados, podem comprometer a eficácia dos 
métodos. Um dos exemplos dessa realidade é a ideia de que o uso concomitante de dois 
preservativos diminui a taxa de falha deste método (SOUSA, 2007). Nesse caso, cabe ao 
enfermeiro informar ao cliente sobre a resistência do preservativo e sobre sua eficácia quando 
utilizado de forma correta, assim como a possibilidade de rompimento ou vazamento quando não 
são seguidas as orientações do fabricante. 
 Elementos culturais presentes nas comunidades devem ser valorizados, pois eles 
tendem a ser compartilhados e transmitidos entre gerações. A cultura possui essa característica 
e tem a capacidade de guiar comportamentos, de modo que as pessoas passam a considerar o 
padrão cultural como correto e coerente (mesmo que ele não possua fundamentação científica). 
Trabalhar crenças, mitos e tabus não significa tentar desfazer esses padrões, mas sim negociar 
formas benéficas de cuidado que não se choquem com a cultura do usuário. O choque cultural 
tende a distanciar o usuário do serviço de saúde e criar uma barreira, por isso essa atitude deve 
ser evitada. 
 A substituição de métodos também deve ser acessível a homens, mulheres ou casais 
que procuram o planejamento familiar. Queixas sobre incômodos, alterações fisiológicas ou 
 
 
18 
 
mesmo patologias não podem ser negligenciados em uma consulta de enfermagem. A não 
aceitação ou não adaptação ao método pode promover recusa ou falhas na utilização ou parte 
do casal, o que compromete a eficácia do método e a confiança no profissional de saúde. 
 Nas situações em que, mesmo após devidamente orientado e esclarecido, o usuário 
não se adapte a determinado método, o profissional de saúde deve apresentar alternativas, não 
impondo escolhas. Essa substituição de métodos, entretanto, precisa ser realizada com base em 
um criterioso exame físico e anamnese. E, quando necessário, deve-se providenciar 
encaminhamento para profissional ou centro especializado. 
 A inconsistência no uso, falhas do método em si e a dificuldade de acesso contínuo 
nos serviços de saúde foram apontadas, em uma pesquisa do Ministério da Saúde, como as 
principais causas de gravidezes indesejadas entre brasileiras (BRASIL, 2007). Esses dados 
revelam a gravidade da falta de acessibilidade ao material e à informação. Na medida em que 
mais métodos estão disponíveis e que os profissionais de saúde se disponham a prestar 
assistência continuada, as pessoas poderão encontrar o método mais adequado para suas 
situações específicas. Em tese, mais métodos corresponde a mais opções, o que, por sua vez, 
significa maior probabilidade de uso frequente e correto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
6 ASSISTÊNCIA À INFERTILIDADE 
 
 
 O ser humano sempre esteve intimamente relacionado à reprodução, seja como forma 
de perpetuação da espécie, seja como luta pelo direito de decidir quando e como deve acontecer 
a concepção. Durante séculos o desejo de ter filhos permaneceu como fundamento maior do 
matrimônio. A paternidade como símbolo de virilidade e a maternidade como representação 
social da mulher ideal (capaz de procriar). 
 A fertilidade, até os dias atuais, tem significado importante para muitos casais. E não 
ser capaz de procriar pode ocasionar prejuízos de ordem moral e psicológica. Os estudos acerca 
da infertilidade e de métodos em busca da fertilização em casais que apresentavam dificuldade 
para conceber datam do século XVII, quando Lázaro Spallanzani coletou o sêmen de um 
cachorro e conseguiu introduzir e fecundar uma cadela. Em 1970 o experimento foi replicado em 
seres humanos, com êxito. Desde então cada vez mais se tem pesquisado acerca do tema. 
 No Brasil, o grande marco das pesquisas sobre fertilização é representado pelo 
nascimento do primeiro bebê de proveta, em 1984, resultante da técnica de fertilização in vitro. 
Compreende-se, portanto, que a assistência à infertilidade constitui componente tão importante 
quanto a assistência à contracepção. É considerada não apenas um direito reprodutivo, mas, 
sobretudo, um direito humano. 
 
 
6.1 Causas da infertilidade 
 
 
 Uma das situações mais complexas enfrentadas pelo profissional de enfermagem 
durante o planejamento familiar consiste na assistência à infertilidade. Ocasionalmente, 
mulheres, homens ou casais podem procurar assistência de enfermagem alegando o desejo de 
 
 
20 
 
conceber. E muitas vezes esse desejo vem acompanhando da angústia de várias tentativas de 
concepção frustradas. 
 Inicialmente, é necessário que o enfermeiroinvestigue a história do paciente, pois, em 
grande parte dos casos, a dificuldade de engravidar não constitui infertilidade propriamente dita. 
Um casal é considerado infértil ou subfértil apenas quando, após 1 ano de relações sexuais 
regulares sem uso de métodos anticoncepcionais, a concepção não é alcançada. Este conceito 
baseia-se no fato de que, a cada mês, um casal que mantêm relações sexuais regulares 
apresenta 25% de chance de conceber; e, após o período de um ano, cerca de 85% dos casais 
nas condições descritas obtêm a gestação (CEARÁ, 2002). 
 O diagnóstico de infertilidade ou subfertilidade, contudo, não é obtido apenas por meio 
da história clínica do casal, mas também com suporte em exames mais detalhados. Outro 
aspecto a destacar refere-se à consideração da idade da mulher, que pode ser um fator 
determinante para as condições biológicas propícias à concepção. As causas da infertilidade ou 
subfertilidade podem advir das condições fisiológicas do homem, da mulher ou não apresentar 
causa diagnosticável, ou seja, as causas da infertilidade são desconhecidas. 
 Verifica-se que, a cada 100 casais que não conseguem a concepção, 40 são 
resultantes da infertilidade masculina, 40 são oriundos de alterações fisiológicas da mulher e 20 
possuem causa desconhecida ou não diagnosticável (BRASIL, 2004). As alterações masculinas 
e femininas podem ser identificadas pela anamnese, exame clínico, exame do esperma, 
dosagens hormonais (identificar falta de ovulação), ultrassonografia (Identificar falta de 
ovulação), radiografia das trompas e laparoscopia (identificar obstrução tubária), e teste pós-
coito (verificar quantidade e qualidade do muco cervical), dependendo de cada caso. 
 O quadro a seguir apresenta as principais causas de infertilidade masculina e feminina 
(CEARÁ, 2002). 
 
No homem: 
Número insuficiente de espermatozoides; 
Ausência de espermatozoides oriunda de falha na produção no testículo ou 
 
 
21 
por um processo de obstrução; 
Espermatozoides com alteração desfavorável na mobilidade, dificultando o 
encontro com o óvulo; 
Espermatozoides com alterações morfológicas que dificultam ou impedem a 
penetração no óvulo; 
Distúrbio na ejaculação ou impotência; 
 
Na mulher: 
Ausência da ovulação: esta causa deve-se a alterações hormonais, as quais 
podem ocasionar crescimento folicular inadequado e a liberação de um óvulo imaturo; 
Obstrução tubária, que funciona como barreira, impedindo o encontro do 
espermatozoide com o óvulo. 
Alterações uterinas/patologias, sendo que entre estas se destacam os 
miomas, as infecções, as aderências e as má-formações. Essas alterações ou 
patologias geram uma implantação incorreta do embrião. 
Alterações do mucocervical: quantidade ou qualidade. 
 
 
 
 
6.2 Índice de prognóstico e avaliação da probabilidade de gravidez 
 
 
 Além das causas fisiológicas ou patológicas, discutidas anteriormente, alguns 
parâmetros devem ser avaliados na assistência a mulheres, homens ou casais inférteis. As 
 
 
22 
 
variáveis relacionadas à infertilidade são: idade da mulher, duração da infertilidade, infertilidade 
propriamente dita, teste pós-coito, infertilidade na família do marido e mortalidade espermática. 
Essas variáveis podem ser expressas em escores e subsidiar o cálculo da probabilidade de 
gravidez do casal. É importante que o enfermeiro se aproprie dessas informações a fim de que 
possa prestar uma assistência qualificada e avaliar a necessidade de encaminhamento para 
serviço especializado. 
 Ao estabelecer primeiro contato com o usuário do serviço de planejamento familiar o 
enfermeiro deve investigar se os parâmetros de infertilidade estão presentes e, caso positivo, em 
que proporções eles se apresentam. Apresentamos, a seguir, um quadro demonstrativo sobre os 
parâmetros de infertilidade (CEARÁ, 2002). 
 
PARÂMETROS ESCORE 
IDADE DA MULHER 21 a 25 
26 a 30 
31 a 35 
36 a 40 
41 a 45 
0 
2 
4 
6 
8 
DURAÇÃO DA 
INFERTILIDADE 
01 ano 
02 anos 
03 a 04 anos 
05 a 06 anos 
> 07 anos 
0 
2 
4 
8 
12 
INFERTILIDADE Primária 
Secundária 
7 
0 
 
 
23 
TESTE PÓS-COITO Normal 
Anormal 
0 
20 
INFERTILIDADE NA 
FAMÍLIA DO MARIDO 
Sim 
Não 
5 
0 
MORTALIDADE 
ESPERMÁTICA 
60% 
40% - 60% 
>20% - 40% 
0% - 20% 
0 
3 
7 
10 
 
 
 De posse das informações sobre os parâmetros de infertilidade caberá ao enfermeiro 
avaliar quais as chances, em percentagem, que o casal dispõe para conceber no espaço de um 
mês e de um ano. O quadro a seguir apresenta o cálculo dessa chance, segundo o escore 
obtido. 
 
 
24 
 
IP Em 1 ano Em 1 mês 
0 85 17 
5 71 12 
10 57 8,5 
15 44 6 
20 33 4,1 
25 24 2,8 
30 17 2 
35 12 1,3 
40 8 0,9 
45 6 0,6 
50 4 0,4 
55 3 0,3 
60 2 0,2 
 
 
O índice de probabilidade não representa o diagnóstico de infertilidade, mas oferece 
subsídios para que o profissional fundamente as razões para a dificuldade de concepção do 
casal, bem como possa estimar o tempo necessário para que a gravidez seja conseguida. Isso 
pode consistir em uma forma de situar o casal na situação vivenciada, explicando a demora no 
processo de concepção. 
 Após a avaliação da probabilidade de gravidez o enfermeiro deve providenciar os 
cuidados e orientações necessários ao estabelecimento de situação favorável à gravidez. Os 
principais aspectos a se considerar são: 
 
 
25 
 
 Registro dos ciclos menstruais: é importante que o enfermeiro oriente a mulher a 
registrar a data do início dos ciclos menstruais. Esses dados possibilitam ao profissional de 
saúde avaliar a regularidade da menstruação, identificar o provável período fértil da mulher, 
avaliar uma possível gravidez e, quando esta for confirmada, realizar o cálculo da idade 
gestacional. Além disso, menstruações irregulares ou amenorreia podem indicar alterações na 
ovulação. 
 Aferição dos sinais vitais e peso: essa ação deve ser efetuada em todas as 
consultas de enfermagem, a fim de que se possam identificar alterações que estejam 
comprometendo a saúde do casal, as quais poderão, inclusive, estar interferindo nas condições 
fisiológicas propícias à gravidez. 
 Exame de prevenção do câncer de colo uterino: é necessário que a mulher 
seja incentivada a realizar anualmente estes exames. O exame ginecológico fornece 
informações acerca de possíveis inflamações, infecções e alterações uterinas malignas ou 
benignas. Essas condições podem interferir na concepção ou mesmo ocasionar aborto ou parto 
prematuro. Deve-se, portanto, estimular a realização desses exames, explicando que o útero 
consiste no abrigo do feto e que, por isso, deve manter-se saudável. 
 Abordagem sindrômica para DST/HIV: algumas DST são responsáveis por um 
grande número de abortos e partos prematuros (PASSOS, 2006). Por conta disso, a 
investigação de sinais e sintomas de DST deve ser um passo fundamental a ser dado antes de 
iniciar qualquer tentativa de concepção. 
 Avaliação da situação vacinal da mulher: uma gravidez bem assistida deve 
envolver a vacinação antecipada contra rubéola e tétano, a fim de que se possa proteger tanto a 
mulher quanto a criança. A vacina contra rubéola é produzida a partir de vírus vivos atenuados. 
Quando aplicada durante a gravidez, esta vacina pode representar riscos ao feto. Diante disso, o 
Ministério da Saúde recomenda que a vacinação contra rubéola seja realizada antes da 
gravidez, com antecedência mínima de três meses. Já a vacina contra o tétano pode ser 
aplicada durante a gravidez; entretanto, quanto maior a antecedência, maior a probabilidade de 
se aplicar as três doses recomendadas antes do parto (BRASIL, 2005). 
 Verificar a presença de fatores de risco maternos, tais como idade avançada e 
complicações em gestações anteriores. 
 
 
 
 
26 
 
A infertilidade ou subfertilidade também pode possuir causas que vão além das 
fisiológicas e patológicas. Muitos estressores psicológicose hábitos inadequados interferem 
negativamente nas chances de concepção. Durante a anamnese e o exame físico o enfermeiro 
pode reconhecer esses fatores e indicar formas de cuidado satisfatórias e favoráveis à 
concepção. 
 Entre os principais fatores psicológicos e hábitos da mulher que dificultam a 
concepção, destacam-se: 
 Uso excessivo de drogas, cafeína, fumo e álcool; 
 Excesso de atividade física; 
 Pacientes obesas (IMC maior que 7); 
 Pacientes magras (IMC menor que 17). 
 
 Para os homens esses fatores estão relacionados aos seguintes aspectos: 
 Dificuldade de ereção; 
 Problemas de ejaculação; 
 Trauma testicular; 
 Parotidite. 
 
 Em casos mais complexos, exames clínicos e laboratoriais podem ser solicitados e 
realizados a nível primário, secundário e terciário de atenção à saúde, afim de que se chegue à 
real causa da infertilidade ou subfertilidade. A solicitação desses exames dependerá da situação 
apresentada pelo casal na anamnese e exame físico. Listamos, a seguir, os principais exames 
que compõe a assistência a casais com dificuldade de obter a concepção. 
 
Na atenção primária: 
 
 Histerossalpingografia (ou uterossalpingografia ou uterotubografia) – consiste na 
radiografia dos órgãos genitais. O procedimento inicia-se solicitando à paciente que se deite 
 
 
27 
 
sobre a mesa e flexione os joelhos junto ao peito. Após essa manobra, insere-se o espéculo na 
vagina, retira-se o excesso de secreções do colo uterino, introduz-se corante no útero e nas 
trompas de Falópio. Em seguida realiza-se a radiografia. O exame permite avaliar a presença de 
anormalidades, que são ressaltadas com o auxílio do corante. 
 Espermograma – avalia a quantidade e qualidade dos espermatozoides. Apesar 
de não representar a garantia de fertilidade masculina, é muito útil na identificação de 
deficiências. Para a realização deste exame o homem precisa ficar de três a cinco dias sem 
ejacular. Durante o exame, solicita-se a ejaculação e, em seguida, verifica-se o volume do 
sêmen, a concentração dos espermatozoides, mobilidade dos espermatozoides e morfologia dos 
mesmos. Considera-se normal o volume de sêmen igual ou maior que 2 ml, a concentração de 
espermatozoides igual ou maior que 20 milhões por ml, a presença de mobilidade para 
deslocamento em pelo menos metade dos espermatozoides e morfologia normal (oval) em, no 
mínimo, 14% dos espermatozoides (UNIFESP, 2009). 
 Progesterona sérica – realizado no 220 ou 240 dia do ciclo menstrual. 
 Ultrassonografia – para visualização, por meio de ondas eletromagnéticas, dos 
órgãos genitais internos. Verifica-se presença ou ausência de massas, nódulos e outras 
alterações. 
 Teste pós-coito - o casal é aconselhado a manter relação sexual no 110, 120 ou 
130 dia do ciclo menstrual (dias próximos da ovulação). No dia seguinte, cerca de 6 a 12 horas 
após a relação, a mulher deve comparecer para que seja realizada a coleta do muco cervical, 
que é feita por meio de um espéculo vaginal. Os possíveis resultados do exame classificam-se 
em “bom” e “ruim”. Um teste bom é aquele em que são identificados pelo menos cinco 
espermatozoides movimentando em linha reta. 
 
Na atenção secundária: 
 
 Dosagens hormonais – Gonadrotofinas hipofisárias, estrogênio e outros 
hormônios devem ser avaliados no meio do ciclo menstrual, ou seja, entre o 130 e o 150 dia. Já a 
progesterona deve ser mensurada entre o 21o e 23º dia do ciclo. O exame é sanguíneo. 
 Histeroscopia diagnóstica – consiste em uma espécie de endoscopia tanto para 
o diagnóstico quanto para o tratamento de afecções ginecológicas. 
 
 
28 
 
Na atenção terciária: 
 
 Laparoscopia diagnóstica e cirúrgica – permite tanto identificar a obstrução das 
trompas de Falópio como desobstruí-las, restabelecendo a passagem do óvulo. Esse 
procedimento é muito utilizado em casos de aderências. 
 
 
6.3 Reprodução Humana Assistida 
 
 
 A reprodução humana assistida, como parte das ações de planejamento familiar, 
consiste em um direito daqueles que desejam conceber, mas não obtêm êxito de forma natural. 
Para isso, o Ministério da Saúde, por meio da portaria SAS 388, instituída em 06 de julho de 
2005, determina que “... as Secretarias de Saúde dos estados e do Distrito Federal adotem em 
conjunto com os municípios, as providências necessárias para organizar e implantar as redes 
estaduais, municipais e do Distrito Federal de Atenção em Reprodução Humana Assistida, sendo 
o Estado o responsável pela coordenação da rede, conforme Anexo I e III desta Portaria” 
(BRASIL, 2005). 
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), por meio do artigo XVI, 
ressalta que “Os homens e as mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, 
nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar a família” (DECLARAÇÃO 
UNIVERSAL DOS DIERITOS HUMANOS, 1948). Considerando o filho como um dos membros 
da família, compreende-se a importância da concepção como direito humano e da 
responsabilidade dos gestores em assegurar este direito. 
 A realidade brasileira, no entanto, vai de encontro a essas prerrogativas. Em nosso 
país dispomos de apenas seis unidades de tratamento de reprodução assistida que pertencem 
ao âmbito da saúde pública (DOSSIÊ REPRODUÇÃO ASSISTIDA, 2004). Como explicamos 
anteriormente, a assistência a mulheres, homens e/ou casais inférteis deve ser personalizada, 
 
 
29 
 
realizada após a identificação da causa da infertilidade ou subfertilidade. Com base nisso, muitas 
técnicas podem ser administradas a fim de que o problema seja solucionado. A técnica da 
fertilização in vitro e transferência de embriões (FIV-RE), contudo, consiste na mais importante e 
mais complexa. 
 Popularmente conhecida como “bebê de proveta”, a técnica da fertilização in vitro 
consiste, basicamente, na fecundação do óvulo pelo espermatozoide fora do corpo humano. Foi 
desenvolvida inicialmente para mulheres que possuíam trompas obstruídas ou ausentes. 
Atualmente esta técnica vem sendo utilizada também para infertilidade. 
 As principais indicações para a FIV-RE são: 
 Obstrução tubária 
 Infertilidade masculina 
 Infertilidade sem causa identificada ou aparente 
 Outros casos de infertilidade que não obtiveram êxito por meio de outras 
técnicas. 
 
 Sobre a técnica da FIV-RE propriamente dita, é possível destacar as seguintes etapas: 
 
1ª. Estímulo de amadurecimento de óvulos 
2ª. Avaliação do crescimento dos folículos 
3ª. Coleta de óvulos 
4ª. Coleta do sêmen (no mesmo dia da coleta dos óvulos) 
5ª. Inseminação in vitro – após seleção dos óvulos maduros e do sêmen capacitado 
5ª. Aguarda três dias – FERTILIZAÇÃO 
6ª. Transferência dos embriões para o útero 
7ª. Suporte na fase lútea 
 
 
30 
 
8ª. Diagnóstico da gravidez 
 
 Outra variedade de fertilização in vitro é a injeção intracitoplasmática de 
espermatozoides (ICSI). Nesse caso a diferença consiste no fato desta técnica utilizar um 
microscópio potente e uma pipeta injetora de espermatozoide. Essa técnica é utilizada em casos 
mais complexos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
7 ASSISTÊNCIA À CONTRACEPÇÃO 
 
 
7.1 Avaliação dos Usuários 
 
 
 Ao procurar o serviço de saúde para realizar o planejamento familiar, a mulher, o 
homem ou o casal pode não possuir conhecimento algum sobre os métodos contraceptivos 
disponíveis, pode conhecê-los e ter o desejo de iniciar o uso de um método específico, ou, ainda, 
pode já fazer uso de algum método sem (ou com) indicação de um profissional de saúde. 
 Em todos esses casos é imprescindível que o enfermeiro realize uma minuciosa 
investigação a fim de verificar se o usuário está apto a utilizar algum método contraceptivo e qual 
o método que oferecerá maiores benefícios com menor ou nenhum risco à saúde. Isso 
considerando as aspirações, angústias e dúvidas do usuário. 
 Os principais aspectos quedevem ser observados na primeira consulta de 
planejamento familiar se referem à verificação de uma possível gravidez já instalada, se há 
contraindicação a algum método e se existem condições que, embora não contraindiquem um 
método contraceptivo, exigem acompanhamento mais frequente. 
 Essa avaliação não deve constituir, contudo, barreira ao acesso dos usuários à 
assistência no planejamento familiar. Quando não for possível a realização de uma avaliação 
mais complexa e quando não for identificada uma necessidade importante, os métodos 
anticoncepcionais podem ser oferecidos com base na avaliação clínica. Um dos aspectos mais 
importantes da avaliação da mulher consiste na verificação da existência de gravidez já 
instalada. Para isso, não é necessário o teste de gravidez, pois, muitas vezes, este exame 
apresenta-se dispendioso, adiando a utilização do método contraceptivo. 
 Para auxiliar o profissional de saúde a descartar a possibilidade de gravidez, durante a 
anamnese, o enfermeiro pode realizar os seguintes questionamentos (CEARÁ, 2002): 
 
 
32 
 
 Após a última menstruação, você estabeleceu alguma relação sexual? 
 Usou corretamente algum método anticoncepcional? 
 Está entre os sete dias do início de sua menstruação? 
 Está entre as quatro semanas do puerpério? 
 Está amamentando, há menos de seis meses e sem sangramento menstrual? 
 
 A resposta positiva a qualquer uma dessas cinco perguntas oferece razoável 
segurança ao profissional de saúde para que ele forneça algum método contraceptivo à mulher 
(CEARÁ, 2002). As únicas exceções se referem à inserção do DIU e à ligadura de trompas, pois 
são métodos invasivos e requerem maior segurança em relação à existência de gravidez. Nestas 
situações a dosagem de B-HCG, que consiste em um exame laboratorial sensível e confiável, 
pode ser realizada a partir do 10o dia da concepção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
8 TAXA DE FALHA DOS ANTICONCEPCIONAIS 
 
 
 No módulo I discorremos sobre orientação efetiva e atenção personalizada. 
Retomamos agora estes conceitos a fim de ressaltar a relevância do conhecimento e valorização 
da taxa de falha dos anticoncepcionais, no intuito de prestar uma assistência visando a 
conscientização e autonomia dos casais. Inicialmente é necessário destacar que nenhum 
método contraceptivo é 100% eficaz, ou seja, nunca apresentou falha. Todavia, alguns métodos 
podem apresentar-se bastante eficazes em algumas situações. 
 Muitos fatores podem interferir na eficácia de um método. A eficácia do condom, por 
exemplo, pode ser prejudicada em casais que não possuem conhecimento acerca da forma de 
utilizá-lo. O anticoncepcional oral, por sua vez, pode não apresentar efeito satisfatório em 
mulheres que não mantêm um padrão adequado de dia e horário de tomada da pílula. Outros 
fatores que podem inferir no sucesso dos métodos podem se referir ao nível educacional, 
adesão do parceiro e condições fisiológicas, por exemplo. 
 A taxa de falha dos métodos contraceptivos é fundamentada na pesquisa sobre o 
número de gravidezes por cada 100 mulheres que utilizaram o método pelo período de 1 ano. 
Apresentamos a seguir os métodos disponíveis e as respectivas taxas de falha. 
 
Métodos contraceptivos No. De gravidezes por 100 mulheres/ano 
Lactação com amenorreia (LAM) 1 a 2 gravidezes/100 mulheres nos 06 meses 
pós-parto, em amamentação exclusiva e 
amenorreia. 
Tabela ou Ogino-Knauss 9 a 20 gravidezes/ 100 mulheres/ano 
Muco cervical ou Billings 3 a 20 gravidezes/100 mulheres/ano 
Coito interrompido 4 a 18 gravidezes/100 mulheres/ano 
 
 
34 
Condom 2 a 12 gravidezes/100 mulheres/ano 
Espermicida 3 a 21 gravidezes/100 mulheres/ano 
Diafragma 6 a 18 gravidezes/100 mulheres/ano 
DIU TCU 380 0,6 0,8 gravidezes/100 mulheres/ano 
Pílula combinada 0,1 a 8 gravidezes/100 mulheres/ano 
Pílula exclusiva de progestágeno 0,5 a 1 gravidez/100 mulheres/ano 
Injetável combinado 0,3 gravidez/100 mulheres/ano 
Injetável exclusivo de progestágeno 0,2 gravidez/100 mulheres/ano 
Vasectomia 0,15 a 1 gravidez/100 mulheres/ano 
Laqueadura 0,2 a 1 gravidez/100 mulheres/ano 
Fonte: Hatcher (2001) apud Ceará (2002). 
 
 
 É importante destacar que as taxas apresentadas sobre a pílula combinada e a pílula 
exclusiva de progestágeno possuem como fator determinante das variações o uso correto por 
parte da usuária. Outro aspecto que deve ser estimulado pelo profissional de saúde consiste no 
uso de métodos combinados. Esta técnica diminui a taxa de falha, permitindo maior segurança 
por parte da usuária. Um dos exemplos dessa combinação é o método do diafragma com 
espermicida. 
 Os métodos contraceptivos apresentam, também, distinções em relação ao mecanismo 
de ação ou, de uma maneira geral, ao método de atuação. Os métodos contraceptivos podem 
atuar baseando-se nas alterações que ocorrem durante o ciclo menstrual, como barreira, 
impedindo o encontro do espermatozoide com o óvulo ou regulando a liberação de hormônios de 
forma a dificultar/impedir o desenvolvimento de condições propícias à gravidez. Sendo assim, os 
métodos contraceptivos podem ser classificados em: comportamentais, hormonais e de barreira. 
 Considerando essa classificação, os métodos podem ser assim divididos: 
 
 
35 
 
Comportamentais: 
 
Método Sintotérmico 
Tabela de Ogino-Knauss – identificação do período fértil da mulher. 
Mucocervical – determinação do período fértil da mulher a partir da observação das 
características do muco cervical. 
Temperatura corporal basal – determinação do período fértil a partir da tomada diária 
da temperatura corporal basal. 
 
Hormonais: 
 
Pílula combinada – estrogênio associado a progestágeno. Impede a ovulação. 
Pílula exclusiva de progestágeno – impede a ovulação. 
Injetável combinado – impede a ovulação. 
Injetável exclusivo de progestágeno – impede a ovulação. 
 
De barreira: 
 
Condom – retenção do esperma durante a ejaculação. 
Espermicida – inativadores dos espermatozoides. 
Diafragma – impede a passagem do espermatozoide ao útero. 
 
 
 
 
36 
 
É importante esclarecer que o DIU é o único método que pode funcionar como método de 
barreira e como método hormonal, uma vez que ele pode ser de cobre ou de progesterona. 
 
 
8.1 Método da lactação com amenorreia (LAM) 
 
 
 
O método da lactação com amenorreia, assim como outros, possui vantagens e 
desvantagens. Apesar de ser um método gratuito e de não ocasionar efeitos colaterais, 
necessita que a usuária esteja ciente das condições que asseguram a eficácia da LAM. 
 
 
 Fonte: BRASIL, 2006 
 
 
Condições para o sucesso do método 
 
A lactação com amenorreia é um dos métodos que, quando utilizado de forma 
adequada, oferece maior segurança e maior eficácia. Fundamentado nos efeitos hormonais 
provocados pela amamentação, a LAM chega a proporcionar 98% de eficácia na prevenção de 
gravidez (CEARÁ, 2002). Essa proteção, todavia, só é garantida quando a mulher respeita três 
regras básicas que constituem requisitos necessários ao sucesso do método. 
 
 
37 
 
1ª) Regra – A mulher deve se encontrar dentro dos seis primeiros meses de pós-parto; 
2ª) Regra – Ausência da menstruação; 
3ª) Regra - Amamentação exclusiva ou, pelo menos, representando 85% da 
alimentação do bebê. Nos casos em que a criança mame menos de seis vezes por dia, a 
eficácia da LAM poderá ser diminuída. 
Em algumas comunidades culturais pode existir a crença de que a LAM não evita 
gravidez, apenas quando associada a métodos hormonais. Essa crença é derivada de 
experiências mal conduzidas e mal sucedidas. Na maioria dos casos, trata-se de mulheres que 
não foram bem instruídas a respeito das três regras para a eficácia da LAM, o que ocasionou 
falha do método. Essas experiências são compartilhadas e transmitidas entre gerações, gerando 
descrença na LAM. 
O profissional de enfermagem, nesse contexto, possuium papel imprescindível, o de 
esclarecer as vantagens e desvantagens do método, assim como as condições exigidas. Além 
disso, o enfermeiro, juntamente à equipe de saúde e à usuária, deve avaliar se a LAM é o 
método mais benéfico para a paciente ou se é preferível adotar outro método, isso se baseando 
na relação entre risco e benefício. 
 
Mecanismo de ação 
 
O método de amenorreia e lactação é fundamentação na regulação fisiológica da ação 
hormonal. O mecanismo de ação é estimulado pela sucção da mama pelo recém-nascido. Essa 
ação estimula a produção da betaendorfina hipotalâmica, a qual, por sua vez, suprime a 
atividade ovariana. Quanto mais a mulher amamentar seu bebê, maior tempo ela terá de 
segurança contra a concepção (MCNEILLY, 1997). 
A LAM favorecerá o retardamento da menstruação ou permitirá que a mulher, mesmo 
menstruando, não ovule. Por medida de segurança, todavia, a amenorreia é tida como condição 
para a LAM, não sendo aconselhável a mulheres que desejam a anticoncepção e que estejam 
menstruando mantenham relação sexual sem uso de outro método contraceptivo associado. 
 
Situações especiais 
 
O profissional de saúde é o responsável pela divulgação e esclarecimentos sobre a 
LAM. Nesse contexto, cabe a ele identificar situações em que poderá ocorrer falha do método e, 
 
 
38 
 
consequentemente, descrença na LAM por parte da comunidade. 
A seguir, apresentamos quatro situações que requerem maior atenção e avaliação do 
profissional de saúde em relação a puérperas que desejam a contracepção. 
Situação 1 – a mulher amamenta, mas o aleitamento não chega a constituir 85% da 
alimentação do bebê. Nesse caso, há risco de gravidez, pois o estímulo da betaendorfina 
hipotalâmica poderá não ser eficaz, ocasionando a ovulação. 
Situação 2 – a menstruação recomeçou. Nessa situação, a mulher poderá estar ou não 
ovulando. Como não se pode ter a certeza de que, mesmo menstruando, ela não está ovulando, 
esta situação constitui risco para gravidez. 
Situação 3 – a amamentação é exclusiva, mas o bebê mama em intervalos superiores 
a 4 horas durante o dia e a 6 horas durante a noite. A frequência na amamentação também é um 
fator influente no sucesso da LAM. Portanto, em situações em que o bebê mantém um intervalo 
extenso entre as mamadas, a eficácia da LAM poderá estar comprometida. 
Situação 4 – o bebê completou seis meses de idade. 
 
Recomendações: em todas as quatro situações, o profissional de saúde deve estimular 
a mulher a continuar amamentando, tendo em vista os benefícios do aleitamento materno para a 
mulher e para o bebê. Considerando o risco de gravidez, todavia, é recomendável que a mulher 
seja auxiliada a escolher outro método (CEARÁ, 2002). 
 
 
 
8.2 Métodos Comportamentais 
 
 
 
Os métodos comportamentais são assim definidos por se basearem na observação da 
mulher sobre as modificações que ocorrem durante seu ciclo menstrual, sobre as alterações que 
indicam qual o período que há maior ou menor probabilidade de gravidez. Esses métodos são 
fundamentados, essencialmente, na regularidade do ciclo menstrual, nas alterações da 
temperatura corporal basal e nas modificações do muco cervical. 
 
 
 
 
39 
 
8.3 Tabela de Ogino-Knauss 
 
 
 
Utilizada tanto por mulheres que desejam a concepção como por mulheres que 
buscam a contracepção, a tabela fundamenta-se na identificação do período fértil, ou seja, do 
período em que a mulher possuirá maior probabilidade de engravidar. Trata-se, entretanto, de 
um método mais recomendado para casos em que a concepção é desejada, uma vez que pode 
apresentar taxa de falha de até 20% em mulheres com ciclo regular ou até mais em mulheres 
que não possuem regularidade no ciclo menstrual (BRASIL, 2002b). 
Uma maneira de oferecer certa segurança na indicação do método consiste em 
verificar a regularidade do ciclo menstrual da usuária. Para isso, o profissional de saúde deve 
solicitar à usuária que registre, durante seis meses, o início e fim dos ciclos menstruais (do 
primeiro dia da menstruação à véspera da menstruação seguinte). Em seguida, verifica-se a 
diferença entre o ciclo mais curto e o ciclo mais longo, que são as variações extremas da 
usuária. Se essa diferença for inferior a 10, avalia-se o ciclo como regular (BRASIL, 2002b). 
Verificada a regularidade do ciclo menstrual da usuária, resgatam-se novamente os 
ciclos mais curto e mais longo. Subtrai-se o número de dias do ciclo mais curto de 18 e do ciclo 
mais longo de 11. Esse cálculo vai fornecer o início e o fim do período fértil da mulher (BRASIL, 
2002b). Para quem deseja engravidar, aconselha-se manter relações sexuais nesses dias; para 
quem deseja a contracepção, devem-se evitar relações sexuais nesses dias. 
A seguir, apresentamos um exemplo de cálculo do período fértil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
1º. Ciclo = 29 dias 
2º. Ciclo = 30 dias 
3º. Ciclo = 28 dias 
4º. Ciclo = 31 dias 
5º. Ciclo = 32 dias 
6º. Ciclo = 30 dias 
 
O ciclo menor e o maior são, respectivamente, de 28 e de 32 dias. Realizando o 
cálculo verifica-se que: 
 
Ciclo menor: 28 – 18 = 10 
Ciclo maior: 32 – 11 = 21 
Conclusão: o período fértil vai do 10º ao 21º dia do ciclo menstrual. 
 
 
 
 
41 
 
8.4 Temperatura corporal basal 
 
 
 
 
 Fonte: Brasil, 2002. 
 
 
Método fundamentado na variação de temperatura após a ovulação. Essa variação é 
ocasionada pela elevação dos níveis de progesterona, que se mantêm altos até o início da 
próxima menstruação. Para utilizar este método, a mulher deve obedecer às seguintes etapas 
(BRASIL, 2002b): 
1ª) A partir do 1º dia do ciclo menstrual, registrar a temperatura sublingual pela manhã, 
antes de levantar, todos os dias, durante cinco minutos e de preferência no mesmo horário. Esse 
registro deve ser feito em papel quadriculado, fazendo-se uma relação entre a temperatura e o 
dia do ciclo menstrual. 
2ª) Identificar o surgimento de variação de 0,3 a 0,8º C na temperatura. 
3ª) Estabelecer, com base na temperatura mais alta, uma linha limite, considerada 
“linha da temperatura”. 
4ª) Quando a temperatura ultrapassar esta linha, contar 3 dias consecutivos. Após 
estes dias, inicia-se a fase de infertilidade. 
Esse método é indicado tanto para casais que desejam a concepção como para os que 
desejam a contracepção. É necessário lembrar, contudo, que o método é passível de falhas em 
virtude de outros fatores, tais como ingestão de bebidas alcoólicas, variações no padrão de sono 
e infecções (CEARÁ, 2002). Em virtude disso, o método é mais recomendado em casos de 
busca da concepção ou, em casos de contracepção, associado a outro método. 
 
 
 
 
 
42 
 
8.5 Muco cervical ou Billings 
 
 
 
As alterações hormonais típicas do ciclo menstrual também ocasionam alterações na 
qualidade e quantidade do muco cervical. Assim, para a utilização deste método, é necessário 
que a mulher desenvolva a habilidade de diferenciar a quantidade e qualidade de seu muco 
cervical nos períodos do ciclo menstrual. O método do muco cervical baseia-se na identificação 
do período fértil. 
O muco cervical, no início do ciclo menstrual, apresenta-se grumoso, esbranquiçado e 
em pequena quantidade. No período próximo à liberação do óvulo, o muco torna-se elástico, 
transparente e abundante. Isso indica que a mulher está ovulando ou perto de ovular (BRASIL, 
2002b). A imagem a seguir representa as qualidades do muco cervical no período não-ovulatório 
e no período ovulatório. 
 
PERÍODO NÃO-OVULATÓRIO 
 
 
 
Fonte: Brasil, 2002b. 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
PERÍODO OVULATÓRIO 
 
 
 
 Fonte: Brasil, 2002b. 
 
 
Na escolha desse método como contraceptivo, deve-se orientar que a mulher deverá 
evitar manter relação sexual nos dias em que o muco apresenta-se transparente, elástico e 
abundante. Deverá também observar o último dia em que o muco se manteve com estascaracterísticas. Este dia é também conhecido como dia ápice, com grande risco para engravidar. 
Após o dia ápice, a mulher deverá esperar 3 dias, podendo manter relação sexual no 4º dia 
(CEARÁ, 2002). 
 
 
 
8.6 Método sintotérmico 
 
 
 
Este método consiste, basicamente, na associação do método da temperatura corporal 
basal com o método do muco cervical. Por tratar-se de uma associação de métodos, sua taxa de 
falha é bem menor do que a dos métodos retrocitados quando utilizados de forma separada. 
Para maior eficácia, o casal poderá, também, observar outras alterações fisiológicas que possam 
indicar que a mulher está ovulando, como por exemplo: dor abdominal, aumento do volume das 
 
 
44 
 
mamas e alterações da libido. 
A utilização deste método fundamenta-se na obediência à regra mais conservadora, ou 
seja, quando a determinação do fim do período fértil for diferente a partir do muco cervical e do 
método da temperatura basal, o casal deverá adotar, por medida de segurança, o método que 
identifica a fase fértil mais longa (CEARÁ, 2002). 
 
 
Fonte: BRASIL, 2002b. 
 
 
8.7 Coito interrompido 
 
 
 
Consiste na retirada total do pênis antes da ejaculação. Apesar de apresentar uma 
taxa de falha relativamente alta quando comparado a outros métodos, o coito interrompido ainda 
é um método utilizado. Sua efetividade, todavia, poderá estar comprometida em casos de 
 
 
45 
 
ejaculação precoce, quando o homem não tem controle sobre a retirada do pênis antes da 
ejaculação. Outro risco para falha consiste quando o homem ejaculou há menos de 24 horas, 
pois, nesse caso, espermatozoides poderão permanecer vivos no canal uretral e estarem 
presentes na secreção pré-ejaculatória, o que ocasionaria risco de gravidez mesmo se o homem 
retirasse o pênis antes da ejaculação (CEARÁ, 2002). 
De posse desses riscos e decidido a utilizar esse método, o casal deve atentar para as 
seguintes orientações antes de manter relação sexual: 
1. Antes da relação sexual, o homem deverá urinar, para liberar espermas de relações 
anteriores que possam estar presentes no canal uretral; 
2. Higienizar a extremidade do pênis, para eliminar espermas de relações anteriores; 
3. Durante a relação sexual, quando for ejacular, retirar totalmente o pênis e averiguar 
se a ejaculação ocorreu totalmente fora da vagina. 
É necessário alertar que casais que possuem condições que dificultem o controle da 
ejaculação, que possuem alto risco reprodutivo ou nos casos em que a gravidez ocasionará risco 
de para a saúde, o método deverá ser avaliado comparando a relação risco/benefício. 
 
 
 
8.8 Métodos de Barreira 
 
 
 
Os métodos de barreira consistem naqueles que, por meios físicos ou químicos, 
dificultam a entrada dos espermatozoides no canal cervical. São eles: camisinha masculina, 
camisinha feminina, diafragma e espermicidas. 
 
 
 
Camisinha 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
 
Consiste em um dispositivo de látex, bastante resistente, que envolve o pênis durante 
a relação sexual e retém o esperma durante a ejaculação, impedindo sua passagem para o 
canal vaginal. Por ter a função de prevenir algumas doenças sexualmente transmissíveis, além 
da gravidez, a camisinha é um método bastante incentivado. 
As principais vantagens da camisinha em relação a outros métodos são: avaliação 
imediata da efetividade; não ocasiona riscos à saúde; disponível tanto nos serviços de saúde 
como no comércio em geral e oferece proteção contra algumas DST e contra a AIDS. Já as 
desvantagens são: requer conhecimento e certa habilidade para colocá-la de forma adequada; 
alguns casais podem apresentar reação alérgica ao material; pode ter a eficácia comprometida 
em homens que possuem má-formação peniana; está sujeita à rejeição por conta de barreiras 
culturais e pode reduzir a sensibilidade do pênis (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 
2004). 
A eficácia da camisinha como contraceptivo está relacionada ao uso correto e em 
todas as relações sexuais. O profissional deve esclarecer a importância desses dois requisitos 
para a mulher, para o homem ou para o casal, explicando, principalmente, a maneira correta de 
utilizar a camisinha. A seguir, ilustramos os passos para o uso adequado da camisinha 
masculina (BRASIL, 2002): 
 
1º) Colocar a camisinha com o pênis em ereção, antes de qualquer contato do pênis com a 
vagina, com o ânus ou com a boca. 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
 
47 
 
2º) Segurar a ponta da camisinha com os dedos para retirar o ar. Nenhuma bolha de ar deve 
ficar dentro da camisinha, para que não se rompa. A ponta da camisinha deve estar livre, 
servindo de depósito para o esperma após a ejaculação. 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
3º) Colocar a camisinha na cabeça do pênis e ir desenrolando até cobrir todo o pênis. 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
4º) Imediatamente após a ejaculação e antes de o pênis perder a ereção, retirar a camisinha, 
segurando-a com cuidado pela base, para que o esperma não vaze. 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
5º) Cada camisinha pode ser usada uma única vez. Depois de usada, deve-se dar um nó na 
camisinha, embrulhá-la em papel higiênico e colocá-la no lixo. 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
Além dos cuidados em relação ao uso correto, outras precauções devem ser tomadas 
a respeito da conservação da camisinha masculina, entre eles (BRASIL, 2002b): 
 
 Guardar em lugar seco, fresco e arejado; 
 Evitar o uso de lubrificante, uma vez que atualmente as camisinhas vêm com 
lubrificação própria. 
 Se necessário utilizar lubrificante, optar por lubrificantes à base de água, pois 
lubrificantes á base de óleo podem ocasionar rompimento da camisinha. 
 
Camisinha feminina 
 
 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
 
O mecanismo de ação é semelhante ao da camisinha masculina; entretanto, a 
camisinha feminina apresenta a vantagem de oferecer um maior controle por parte da mulher. 
Além disso, o material de que é feita a camisinha feminina é mais resistente que o látex e ela 
pode ser inserida antes do início da relação sexual (CEARÁ, 2002). 
As recomendações sobre os cuidados com a conservação da camisinha feminina são 
 
 
49 
 
as mesmas da camisinha masculina. O uso correto da camisinha feminina, no entanto, deve 
obedecer às seguintes orientações (BRASIL, 2002b): 
 
1ª) Verificar a data de validade e observar se o envelope está bem fechado e seco; 
2ª) Abrir o envelope na extremidade indicada pela seta; 
3ª) Esfregar suavemente a camisinha para ter certeza de que seu interior está lubrificado; 
4ª) Colocar a camisinha na vagina na posição que achar mais confortável: deitada de costas com 
as pernas dobradas, de cócoras, de pé, com uma perna apoiada em uma cadeira ou na beira da 
cama, sentada com os joelhos afastados; 
5ª) Com os dedos polegar e médio, apertar a camisinha pela parte de fora do anel interno, 
formando um 8. 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
6ª) Com a outra mão, abrir os grandes lábios e empurrar o anel interno com o indicador, até 
sentir o colo do útero. 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
 
 
50 
 
7ª) Introduzir um ou dois dedos na vagina para se certificar de que a camisinha não ficou torcida 
e que o anel externo ficou do lado de fora. 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
8ª) Segurar o anel externo da camisinha com uma das mãos e utilizar a outra mão para 
direcionar o pênis para o interior da vagina. 
 
9ª) Após a relação sexual, segurar as bordas do anel externo, dar uma leve torcida e puxar a 
camisinha delicadamente. 
 
10ª) Dar um nó, embrulhá-la em papel higiênico e colocá-la no lixo. 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
Nota: a mulher deve sempre se certificar, durante a relação sexual, de que o pênis está 
introduzido na camisinha, e não entre esta e o canal vaginal. 
 
Diafragma 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
 
51 
 
O diafragma é artefato em forma de anel, composto de látex. Ao ser inserido na vagina, 
funciona como barreiraentre os espermatozoides e o colo uterino. Considerando as diferenças 
anatômicas entre as mulheres, é necessário que um profissional de saúde realize a medição do 
tamanho do colo uterino, a fim de que a usuária adquira um diafragma ideal e com maior 
probabilidade de ser eficaz. 
Apesar de não oferecer a mesma proteção contra DST que é oferecida pela camisinha, 
o diafragma proporciona alguma proteção contra algumas dessas doenças, principalmente por, 
de certa forma, preservar o colo uterino. É importante ressaltar, entretanto, que o diafragma não 
deve substituir a camisinha em situações em que se deseja prevenir DST. 
O primeiro passo da assistência a uma mulher que decidiu utilizar o diafragma como 
método contraceptivo consiste em realizar a medição do diafragma. Essa técnica é desenvolvida 
por meio das seguintes etapas: 
1ª) Introduzir os dedos indicador e médio na vagina; 
2ª) Verificar se o dedo médio alcançou o fundo do saco vaginal posterior; 
3ª) Com o polegar da mesma mão, procurar o local em que o dedo indicador toca a sínfise 
púbica e marcar; 
 
 
 Fonte: BRASIL, 2002. 
 
4ª) Realizada esta medição, retirar os dedos da vagina, mantendo-os na mesma posição; 
5ª) Procurar um diafragma que corresponda, em diâmetro, à medição realizada com os dedos; 
ou seja, um diafragma que possua um diâmetro correspondente à distância entre a extremidade 
do dedo médio e a marcação do polegar; 
As contraindicações ao diafragma se limitam a mulheres para as quais a gravidez 
poderá ocasionar risco à saúde; mulheres com alteração ou anomalia genital e mulheres com 
história de infecção urinária recorrente. Após selecionar o tamanho do diafragma, cabe ao 
profissional de saúde testar a adequação do mesmo no corpo da mulher e avaliar se ela 
 
 
52 
 
compreendeu as orientações sobre como utilizar o diafragma. Para isso, é importante que o 
profissional de saúde solicite à usuária que realize todos os passos de introdução e retirada do 
diafragma. Essas etapas devem ser assim realizadas: 
1ª) Esvaziar a bexiga e lavar as mãos; 
2ª) Averiguar se o diafragma está intacto, sem furos. Isso poderá ser feito colocando água; 
3ª) Caso a usuária esteja utilizando o diafragma associado ao espermicida, colocar uma colher 
de chá deste na parte interna do diafragma e unir suas bordas. 
 
 
 Fonte: BRASIL, 2002. 
 
 
4ª) Levantar um pé sobre uma cadeira ou sanitário ou manter outra posição que facilite o acesso 
ao canal vaginal; 
5ª) Abrir os grandes lábios e colocar o diafragma no fundo do canal vaginal, empurrando a parte 
anterior do diafragma para trás do osso púbico; 
 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
 
53 
 
6ª) Verificar se o diafragma está cobrindo todo o colo uterino; 
 
Fonte: BRASIL, 2002. 
 
7ª) Remover o diafragma com o dedo indicador; 
8ª) Lavar o diafragma com água e sabão neutro; 
9ª) Secar o diafragma e guardar no estojo. 
 
A permeância do diafragma no corpo antes e após a relação sexual também exige 
cuidados. Assim, deve-se recomendar que a usuária mantenha o diafragma até 6 horas antes da 
relação sexual e, após a relação, permaneça com o mesmo por, no mínimo, mais 6 horas antes 
de removê-lo. O tempo máximo de permanência do diafragma no corpo, sem ocasionar riscos, é 
de 24 horas (CEARÁ, 2002). As posições indicadas para inserção do diafragma são: deitada, de 
cócoras ou em pé, com uma das pernas levantadas ou sentada na beira de uma cadeira. 
 
 
54 
 
Fonte: BRASIL, 2002b. 
 
 
Como o diafragma é determinado de acordo com o tamanho do colo uterino e este 
pode sofrer alterações com o decorrer dos eventos no ciclo vital da mulher, é necessário que a 
usuária retorne para reavaliação a cada 2 anos ou nas seguintes situações (CEARÁ, 2002): 
 
 Parto 
 Aborto 
 Aumento ou perda de peso de 5 kg 
 Cirurgia vaginal 
 
 
55 
 
 Cirurgia perineal 
 
Espermicidas 
 
 
 
 Fonte: BRASIL, 2002. 
 
 
Consistem em produtos químicos que alteram as características do espermatozoide, 
dificultando ou impedindo seu movimento e sua capacidade de fertilização. Os espermicidas 
podem ser usados isoladamente ou associados ao diafragma. 
O uso do espermicida deve seguir as orientações de cada fabricante, pois, 
dependendo de sua formulação, poderá ter orientações de uso específicas. Em geral, 
recomenda-se às usuárias que (BRASIL, 2002b): 
 Se forem utilizar espermicidas em tabletes, aguardem 15 minutos após a 
inserção para manter a relação sexual; 
 Se forem utilizar espermicida em gel ou creme, não é necessário aguardar esse 
tempo, mas deverão aplicar-lo no fundo da vagina, de modo a cobrir todo o colo uterino; 
A técnica de uso do espermicida consiste em: 
 
 
 Destampar o tubo e conectar o aplicador 
 
Fonte: BRASIL, 2002b. 
 
 
 
56 
 
 Pressionar o fundo do tubo até que o aplicador esteja completamente cheio 
 
Fonte: BRASIL, 2002b. 
 
 Desconectar o aplicador, fechar o tubo e enroscá-lo desde o fundo. 
 
Fonte: BRASIL, 2002b. 
 
 Inserir o aplicador na vagina, o mais profundo possível. 
 
Fonte: BRASIL, 2002b. 
 
 Após utilizar o aplicador, lavá-lo com água e sabão, desmontando-o em partes, a fim de 
garantir que ele se mantenha limpo e sem risco de alojamento de micro-organismos que possam 
causar malefícios à saúde da mulher. 
 
Dispositivo intrauterino (DIU) 
 
 
57 
 
 
 
Fonte: BRASIL, 2002a. 
 
 
O DIU é um artefato que é inserido na cavidade do útero que tem a função de provocar 
alterações no muco cervical, no endométrio e, em alguns casos, na ovulação, promovendo a 
anovulação, dificultando a migração dos espermatozoides, o encontro destes com o óvulo e a 
concepção. Essas funções dependerão da formulação contida no DIU, uma vez que este poderá 
liberar cobre ou progestágeno (CEARÁ, 2002). 
O DIU que libera cobre funciona como um corpo estranho no endométrio, promovendo 
a alteração de sua espessura e na qualidade do muco cervical, tornando-se mais espesso e de 
difícil movimentação por parte do espermatozoide. Já o DIU que libera progestágeno, além 
dessas funções, promove alterações hormonais, como a anovulação e proliferação do 
endométrio (CEARÁ, 2002). 
 
 
Fonte: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2004. 
 
 
A inserção do DIU deve ser realizada por profissional de saúde capacitado para tal 
procedimento. É importante esclarecer, contudo, que, apesar de se tratar de um método 
 
 
58 
 
relativamente simples, o método é delicado e, se não for corretamente realizado, poderá 
ocasionar gravidez de risco e/ou prejudicar a saúde da mulher. 
Nos casos em que a mulher decidiu pela inserção do DIU, deve-se avaliar o risco de 
uma possível gravidez já instalada ou de complicações devida a outros determinantes. Para 
evitar agravos, é recomendável que o enfermeiro direcione as seguintes perguntas à mulher 
(CEARÁ, 2002): 
1ª) O primeiro dia de sua última menstruação foi há mais de sete dias? 
2ª) Você tem outros parceiros sexuais? 
3ª) Você tem alguma DST ou infecção do trato genital? 
4ª) Nos últimos três meses, você teve alguma infecção pélvica ou gravidez ectópica? 
5ª) Seu sangramento menstrual é abundante ao ponto de você necessitar utilizar mais 
de dois absorventes por hora? 
6ª) Seu sangramento menstrual dura mais de oito dias? 
7ª) Você sente cólicas menstruais fortes ao ponto de necessitar de analgésicos? 
8ª) Você apresenta sangramento ou mancha entre os períodos das relações sexuais 
ou depois destas? 
9ª) Você possui doença valvular cardíaca sintomática? 
 
Para maior segurança do profissional de saúde, é necessário que a mulher responda 
não a todas as perguntas acima, a fim de que seja afastada qualquer suspeita de gravidez ou de 
complicação que possa surgir pela inserção do DIU. Se houve alguma resposta positiva, 
procede-se à avaliação detalhada sobre o foco da pergunta. 
A técnica de inserção do DIU é relativamente simples, mas requer atenção a todos os

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