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OBJETIVOS: Analisar as miopatias Explicar a dermatomiosite e a distrofia de duchenne Relacionar as miopatias com alterações na marcha 1º OBJETIVO: CONCEITO São disfunções do tecido muscular esquelético, de- terminando um grupo amplo de doenças que po- dem ser tanto geneticamente determinadas quanto adquiridas durante a vida É caracterizada pelo conjunto de desordens muscu- lares no qual o acometimento é confinado ao mús- culo sem nenhuma anormalidade estrutural no nervo periférico ETIOLOGIA Entre as miopatias de causa genética, as mais fre- quentes são as distrofias musculares, as miopatias congênitas, as síndromes miotônicas e as miopatias metabólicas, todas podendo apresentar formas con- gênitas com manifestações já no primeiro ano de vida, formas de início na infância e formas de início em jovens ou adultos. Quanto às miopatias adquiridas, muitas são autoli- mitadas e transitórias, persistindo apenas enquanto há um evento sistêmico causal, como um efeito tóxico medicamentoso ou processos infeccio- sos virais. Várias formas de doenças sistêmicas po- dem afetar o tecido muscular, entre as quais se des- tacam as endocrinopatias, colagenoses, neoplasias e infecções Um grupo importante de miopatias adquiridas são as infamatórias, incluindo polimiosite, dermatomio- site, miopatia necrotizante e miosite por corpos de inclusão. FISIOPATOLOGIA: Entre a denominação genérica de doenças neuro- musculares, agrupam-se diferentes afecções de acordo com a topografia dentro da unidade motora, podendo acometer o motoneurônio medular, a raiz nervosa, o nervo periférico, a junção mioneural ou o músculo. DISTROFIAS MUSCULARES: São miopatias com quatro características especiais: (1) elas são hereditárias; (2) os sintomas principais decorrem da fraqueza muscular, (3) a fraqueza se toma progressivamente mais e mais grave e (4) não são vistas anormalidades histológicas nos músculos além da degeneração e regeneração ou da reação a essas alterações nas fibras musculares (infiltração por tecido adiposo e por tecido conectivo). Distrofias musculares progressivas ligadas ao sexo: DISTROFIAS MUSCULARES DE DUCHENNE (DMD) E DE BECKER (DMB) São doenças alélicas de herança recessiva ligada ao cromossomo X causadas por mutações no gene DMD (cromossomo Xp2l), que codifica a proteína distrofina Essa deficiência resulta em deterioração continua das fibras (necrose muscular) com substituição do tecido muscular por gordura e tecido conjuntivo Distrofia muscular de duchenner A distrofia muscular de duchenne é a miopatia mais comum na infância, com uma incidência de 1:3.000 nascimentos do sexo masculino, sendo caracteri- zada por fraqueza muscular progressiva com inicio entre 3 e 5 anos de idade A criança assume uma marcha com báscula da ba- cia (anserina) com uma postura hiperlordótica, e ao levantar-se do chão faz o clássico levantar de Go- wers, em que se apoia nas pernas, nos joelhos e no quadril sucessivamente, para assumir a posição ereta Os músculos das porções proximais dos membros são afetados mais intensamente, levando à perda da deambulação por volta dos 9 a 10 anos de idade. Nesta idade os meninos não caminham mais e usam cadeiras de rodas A escoliose pode se tornar tão severa e pode com- prometer a função dos membros e a função respira- tória por volta dos 8 anos de idade. Aos 20 anos, o comprometimento respiratório é tão grave que há necessidade de suporte ventilatório Deficiência mental pode estar presente em até 40% das crianças. O óbito ocorre frequentemente por insuficiência respiratória, geralmente na terceira década de vida A distrofia muscular de becker tem um fenótipo mais heterogêneo quanto a idade de inicio e veloci- dade da progressão. Os pacientes geralmente mantêm-se ambulantes além dos a DMB tem um fenótipo mais heterogêneo quanto a idade de inicio e velocidade da progres- são. Os pacientes geralmente mantêm-se ambulantes além dos 13 a 14 anos de idade. Em ambas, DMD e DMB, pode ocorrer miocardiopatia. A presença de pseudo-hipertrofia de panturrilha é muito caracteris- tica em ambos os casos. As duas formas são carac- terizadas por altos n(veis séricos de creatinoquinase (CK), já detectáveis mesmo em fases pré-sintomáti- cas. Com a evolução da doença, mãos e braços são afe- tados. Pode ser vista uma ligeira fraqueza facial, mas a fala, a deglutição e os movimentos oculares são poupados. Pode ocorrer miocárdiopatias com presença de ICC e arritmias. O sistema gastrintestinal é raramente afetado. Alterações intelectuais são vistas em um terço dos meninos Distrofia muscular de Becker: Aparentemente idêntica à duchenner, entretanto as diferenças são encontradas na idade, que esta, ini- cia após 10 anos de idade e apresenta mais veloci- dade de evolução Alterações cognitivas são menos frequentes. Cardio- patia se manifesta mais posteriormente, mas contri- buem para 50% das mortes, diferentemente da du- chenner que afeta 20% dos casos DIAGNÓSTICO: Duchenne: É evidente pelas características clinicas. Os valores de CK típicos na DMD e na DMB são pelo menos 20 vezes os normais Em uma criança com uma infecção acidental que seja submetida a testes sanguíneos de rotina, valo- res séricos aumentados de enzimas hepáticas po- dem levar a um diagnóstiro de suspeita de hepatite; deve-se avaliar então a CK sérica, e, se ela estiver elevada, deve-se suspeitar de uma miopatia e não de uma hepatopatia. O gene da distrofina está envolvido tanto na distro- fia de Duchenne como na de Becker, que são doen- ças alélicas. A proteína tem provavelmente um papel essencial na manutenção da integridade das fibras muscula- res. Quando a distroflna está ausente, como na dis- trofia de Duchenne, ou está anormal como na dis- trofia de Becker, o sarcolema se toma instável na contração e no relaxamento e os danos acarretam um influxo excessivo de cálcio, ocasionando assim a necrose das fibras musculares A análise do DNA demonstra uma deleção ou uma duplicação em Xp21 em cerca de 65% dos pacientes de DMD e em 85% daqueles com DMB. Há necessidade da biopsia muscular se não for en- contrada nenhuma deleção e não se dispuser do se- quenciamento da distrofina TRATAMENTO: A terapia a base de prednisona melhorou a função e a força em ensaios controlados, entretanto os efeitos adversos limitam seu uso na prática (ganho de peso, retardo do crescimento e alterações de comportamento) A prednisona é geralmente oferecida a pacientes ambulatoriais com idade acima de 5 anos e pode ser mantida até que o paciente chegue ao estágio de cadeiras de rodas O tratamento de apoio visa manter a função e a in- dependência, evitar as complicações e melhorar a qualidade de vida. As medidas ortopédicas e de reabilitação incluem exercicios de alongamento e órteses tornozelo-pé durante o sono para evitar contraturas. Posterior- mente o ficar de pé e o caminhar podem ser manti- dos por órteses tornozelo-pé ou por órteses joelho- tornozelo-pé combinadas a dispositivos auxiliares para ficar de pé ou andadores. Durante o período na cadeira de rodas, a estabiliza- ção cirúrgica da escoliose pode ajudar na manuten- ção de uma posição sentada confortável e pode re- duzir o risco de atelectasia e de pneumonia. Deve-se monitorar regularmente a função pulmonar em pacientes com sintomas respiratórios e naque- les que não deambulem, para se detectar declínios na força dos músculos respiratórios ou na capaci- dade de tossir. A redução da força da tosse au- menta o risco de atelectasia e de infecções respira- tórias. A fisioterapia torácica e insufladores/exsufla- dores mecânicos, portanto, são úteis. É frequente a necessidade da ventilação não inva- siva contínua, e por vezes se coloca a difícil decisão de se efetuar ou não uma traqueostomia. DERMATOMIOSITE: PATOGENIA É uma doença autoimune sem evidencias de anti- corpos ou linfócitos dirigidos a antígenos muscula- res específicos É considerada uma vasculopatia humoralmente me- diada Com depósitos de complemento em vasos sanguí- neos intramusculares da pele e dos musculos, com infiltrados caracterizados por mais células B que cé- lulas T As alterações agudas tanto da pele como dos mús- culos se caracterizam por sinais de degeneração, regeneração, edema e infiltração de linfócitos Os linfócitos são predominantemente células B, com algumas células TCD4. Os capi1arcs mostram frequentemente hiperplasia endotelial, depósitos de IgG, IgM e complemento (o complexo de ataque à membrana), que podem ser encontrados dentro desses vasos e ocluindo-os As evidencias de degeneração e regeneração mus- cular são multifocais e podem ser mais acentuadas na periferia dos feixes musculares onde os capilares são obstruídos. EPIDEMIOLOGIA É rara, cerca de 7 casos por ano em uma população de 1 milhão de pessoas Ocorre em todas as décadas de vida com pico de in- cidência antes da puberdade e em torno de 40 anos Em adultos jovens, as mulheres tendem ser mais afetadas São raros os casos familiares Cerca de 10% dos casos começando depois da idade de 40 anos se associam a neoplasias malig- nas, mais comumente carcinomas de pulmão ou de mama A maioria dos casos é idiopática, mas a diversidade de cansas indicam que a dermatomiosite é uma sín- drome, não necessariamente uma condição única. SINAIS E SINTOMAS: Erupção cutânea pode preceder a fraqueza em algu- mas semanas Por vezes, a erupção é tão típica que o diagnóstico pode ser feito mesmo sem evidências de miopatia (dermatomiosite amiopática) A erupção pode se limitar à face em uma distribui- ção em borboleta em torno do nariz e das boche- chas, mas o edema e o eritema tendem particular- mente a afetar as pálpebras, a pele periungueal e as superfícies extensoras dos nós dos dedos, coto- velos e joe1hos. A parte superior do tórax é outro lo- cal comum. O sinal de Gottron é caracterizado por máculas des- camativas verme1ho-purpúreas nas superfícies ex- tensoras das articulações dos dedos. A fibrose do tecido subcutâneo e o espessamento da pele podem levar a uma aparência de esclero- derma. Mais tardiamente, sobretudo em crianças, a calcinose pode envolver os tecidos subcutâneos e os planos fasciais nos músculos. Os depósitos de cálcio podem apresentar extrusão através da pele Os músculos afetados podem doer e se mostram com frequência hipersensíveis. A fraqueza dos mús- culos proximais dos membros causa dificuldade em levantar pacotes com ambas as mãos, erguer os braços sobre a cabeça, levantar-se de assentos baixos, subir escadas ou até mesmo cami- nhar em um solo plano Alguns pacientes têm dificuldade em manter a ca- beça erguida, porque os músculos do pescoço estão fracos. A sensação é preservada, os reflexos tendi- nosos podem ou não estar abolidos e não há fasci- culações visíveis DIAGNÓSTICO. Presença de linfócitos e atrofia perifascicular na bio- psia muscular e pelo aumento da CK sérica A EMG mostra anormalidades miopáticas e, com fre- quência, evidências de irritabilidade muscular au- mentada. A TC e a RM mostram alterações inespecí- ficas nos músculos, mas são úteis para a avaliação da fibrose pulmonar. Anormalidades sorológicas inespecíficas incluem anticorpos ao fator reuma- toide e diferentes tipos de anticorpos antinucleares TRATAMENTO: A terapia padrão da dermatomiosite é a prednisona. A dose recomendada em adultos é de pelo menos 60 mgldia; Em crianças, a dose recomendada é mais alta: 2 mglkg de peso corporal Além disso, não ficou claro se as drogas imunossu- pressivas são mais ou menos perigosas que os esteroides, e não há nenhuma evidência de que qualquer droga imunossupressiva individual seja su- perior às outras. A plasmaférese não se mostrou útil em um ensaio clinico controlado, mas a terapia com imunoglobu- lina intravenosa (IGN) foi uniformemente benéfica Terapia com IGN é também útil em adultos ou crian- ças que não respondem a outras drogas. O micofe- nolato tem tido popularidade crescente DISTROFIAS MUSCULARES DE CINTURAS Formam um grupo de miopatias de caráter progres- sivo com grande variabilidade clínica e genética. Clinicamente, a doença se manifesta por fraqueza muscular de predomínio nas porções proximais dos membros (cinturas pélvica e escapu- lar) e atrofia muscular, afetando preferencialmente os membros inferiores. A época do início das manifestações é muito variá- vel, desde os primeiros anos de vida até a vida adulta. Variabilidade quanto ao grau de comprometimento motor: alguns pacientes apresentam sintomatologia similar à da OMD, enquanto outros evoluem durante a vida com fraqueza muscular levemente progressiva e com mínimo comprometimento da capacidade funcional. Algumas dessas formas também manifestam com- prometimento cardiorrespiratório. Em praticamente todos os casos, o valor sérico da CK encontra-se acima do limite superior da normalidade, mesmo nos indivíduos portadores as- sintomáticos. O exame de biópsia muscular revela alterações dis- tróficas de intensidade variável. Atualmente, por meio de IM e/ou WB na biópsia muscular e de estudo molecular, pode-se classificar as LGMD conforme a deficiência proteica e/ou o defeito genético. DISTROFIA MIOTÔNICA: O tipo l é uma doença autossômica dominante com antecipação genética. A fraqueza costuma se tornar óbvia na segunda ou terceira décadas de vida e compromete inicialmente os músculos da face, do pescoço e par- tes distais dos membros, resultando em feições típicas ("fácies em machadinha") caracteri- zadas por ptose, emaciação dos músculos temporais, queda do lábio inferior e queda da man- díbula. A miotonia manifesta-se como incapacidade pecu- liar de relaxar os músculos rapidamente após esforço intenso (p. ex., após um forte aperto de mão) em geral por volta de 5 anos de idade, bem como contração sustentada dos múscu- los após percussão (p. ex., da língua ou eminência tenar). Problemas associados podem incluir calvície frontal, cataratas subcapsulares posteriores, atrofia gonadal, problemas respiratórios e cardía- cos, anormalidades endócrinas, deficiência intelectual e hipersonia. Os distúrbios cardíacos, como bloqueio atrioventri- cular total, podem ameaçara vida. Os exames laboratoriais mostram CPK normal ou elevada, miotonia típica e características miopáticas à EMG e um padrão típico de lesão das fibras muscularesbà biópsia, incluindo atrofia seletiva de fibras tipo I em 50% dos casos. A fenitoína ou mexiletina podem ajudar a aliviar a miotonia, embora raros pacientes sintam-se inco- modados por esse sintoma. A instalação de marca-passo pode ser necessária para a síncope ou o bloqueio atrioventricular. Órteses podem controlar o pé caído, estabilizar o tornozelo e reduzir as quedas. DISTROFIA DISTAL: Compõem um grupo de doenças caracterizadas pelo acometimento predominante dos músculos das porções distais dos membros. A biópsia muscular revela alterações tipicamente miopáticas em associação com anormalidades mio- fibrilares e vacúolos marginados. As principais for- mas são a doença de Welander, a forma finlandesa (mutações no gene da titina), a forma de Miyoshi (mutações no gene da disferlina) e a forma de No- naka. A forma de Welander apresenta início na vida adulta com herança autossômica dominante, e manifesta-se com paresia inicialmente nas mãos e posteriormente nas pernas, de evolução lentamente progressiva. A forma finlandesa também apresenta inicio na vida adulta e herança autossômica dominante com a fraqueza predominando nas por- ções distais dos membros inferiores. Na forma de Miyoshi, o início em geral ocorre apósa primeira década de vida e a fraqueza predomina nos músculos do compartimento poste- rior dos membros inferiores. Na forma de Nonaka, a fraqueza predomina inicial- mente nos músculos do compartimento anterior dos membros inferiores. DISTROFIA MUSCULAR CONGÊNITA: São caracterizadas por comprometimento muscular desde o nascimento ou no primeiro ano de vida, configurando um quadro de retardo do desenvolvi- mento motor ou síndrome da criança hipotôniça. Na biópsia muscular, nota-se tecido muscular distró- fico, mas sem substrato histopatológico específico. As principais características clínicas incluem hipoto- nia muscular, fraqueza, atrofia muscular e retrações fibrotendíneas, sendo o curso variável, desde estaci- onário a progressivo, de acordo com o subtipo de DMC. As formas mais frequentes de DMC resultam de mu- tações nos genes que codificam a merosina e as três subunidades do colágeno VI, o que leva a um defeito na estabilidade mecânica da fibra. Por outro lado, mutações nos genes que codificam as diver- sas formas de glicosiltransferases levam a um grupo de DMC caracterizadas por defeitos de glicosi- lação da a -DG. Há também outras formas mais raras de DMC, cuja etiopatogenia relaciona-se com o déficit de proteí- nas não diretamente relacionadas com a estabili- dade do sarcolema e, ainda, um grupo heterogêneo de pacientes com DMC, genericamente denominado DMC mcrosina-positiva, cujo defeito genético ou de- ficiência proteica ainda não foram identificados. O comprometimento respiratório manifesta-se gra- dativamente, levando à necessidade de suporte ventilatório na segunda década de vida. O nível de CK encontra-se aumentado. Caracteristicamente, a neuroimagem evidencia alte- ração difusa da substancia branca cerebral, que é atribuída à deficiência da merosina na membrana basal dos vasos cerebrais, porém tal disfunção não leva a manifestações clínicas de caráter central, como deficiência mental. A biópsia muscular apresenta-se extremamente dis- trófica, mas sem substrato histopatológico especí- fico MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS: As doenças comumente agrupadas entre as miopatias inflamatórias são a dermatomiosite (DM), a polimiosite (PM), a miosite com corpos de in- clusão (MCI) e a miopatia necrotizante. A DM e a PM têm mecanismo patogênico primari- amente autoimune, o que pode ser observado pela associação com outras doenças autoi- munes e pelas evidências imunohistoquimicas de miotoxicidade mediada por linfócitos T na PM e mi- croangiopatia ativada pelo complemento na DM7. Polimiosite Ocorre mais frequentemente cm mulheres e na vida adulta, sendo rara na infância. Clinicamente, manifesta-se com fraqueza muscular proximal simétrica e progressiva, de intensidade va- riável, que se desenvolve em semanas a meses. Pode haver comprometimento orofaríngeo e disfa- gia. Aliado ao quadro clínico característico, o diagnóstico é baseado na dosagem da CK e na biópsia muscu- lar. A CK tende a aumentar acima de dez vezes o valor de referência nos períodos de atividade da doença. A biópsia muscular demonstra presença de infil- trado inflamatório endomisial com invasão de fibras não necróticas, em associação com libras em ne- crose, presença de linfócitos CD8 e aumento da ex- pressão para o antígeno de histocompatibilidade (MHC classe 1) Miosite com corpos de inclusão: A MCI é a doença muscular mais comum após os 50 anos de idade, predominando no sexo masculino. Apresenta evolução lentamente progressiva com a fraqueza predominando nas porções proximais dos membros, em associação com diminuição dos refle- xos profundos e disfagia. Fraqueza distal pode estar presente em até 50% dos casos. Caracteristicamente, há envolvimento precoce dos músculos quadríceps, iliopsoas, dorsiflexores dos tornozelos e das mãos. Em geral, os músculos respi- ratórios são poupados. Alguns achados no exame neurológico são fortes in- dicadores de MCI. Por exemplo, a flexão dos punhos e dedos tende a ser mais comprometida do que a extensão, e a extensão dos joelhos é mais afetada em comparação com a flexão dos quadris. Uma neuropatia sensitiva leve pode ocorrer em até 30% dos casos, detectada em estudo eletroneu- romiográfico. O nível da CK encontra-se levemente aumentado ou mesmo normal. Na biópsia muscular de pacientes com MCI, há uma combinação de degeneração muscular com inflama- ção mediada por células T. A degeneração muscular na MCI é caracterizada por vacuolização (vacúolos marginados), alterações mitocondriais e acúmulo intramuscular de proteínas ubiquitinadas e agregados de proteí- nas com aspecto congofilico. Pode ocorrer como parte de uma síndrome reumato- lógica de sobreposição, na qual PM e DM estão as- sociadas com outras doenças do tecido conjuntivo, como esclerodermia, doença mista do tecido con- juntivo, síndrome de Sjõgren, lúpus eritematoso sis- têmico e artrite reumatoide. Miopatia necrosante: A miopatia necrotizante é, na verdade, um diagnós- tico histológico inespecífico que ocorre relacionado a diversas causas, como o uso de estatinas, neopla- sias e infecções virais. Miopatias endócrinas: A miopatia endócrina mais comum é causada pelo uso de corticosteroides e cursa com fadiga, atrofia e fraqueza muscular. Na biópsia muscular, observa-se atrofia preferencial das fibras tipo 2. Fraqueza muscular é comum em associação com distúrbios do metabolismo do cálcio e do fósforo, in- cluindo hiperparatireoidismo primário e secundário, hipoparatireoidismo e outras anormalidades do me- tabolismo ósseo. Miopatia decorrente da deficiência de vitamina D pode manifestar-se com fraqueza proximal e mial- gia. Miopatia infecciosa: Após quadros virais sistêmicos podem surgir mial- gia, fraqueza muscular, elevação de CK ou mesmo rabdomiólise, em geral por causa da liberação de substâncias inflamatórias que agridem as fibras musculares. O quadro normalmente é autolimitado, durando de 1 a 2 semanas. Pacientes com HIV também podem desenvolver uma miopatia inflamatória Miopatias tóxicas: Diversas drogas ou medicamentos podem causar fraqueza ou mialgia. Algumas dessas drogas/medicamentos possuem efeito tóxico direto, enquanto outras agem indireta- mente induzindo disfunções metabólicas ou imuno- lógicas, ou mesmo interferindo na função da junção neuromuscular MANIFESTAÇÕES CLINICAS: Os sintomas são variáveis de acordo com a causa, os mais comuns são fraqueza muscular proximal, habitualmente simétrica, e atrofia muscular. A fraqueza muscular pode ocorrer em consequência de lesões do trato corticoespinhal ou da unidade motora Os sintomas de fraqueza muscular podem ser inter- mitentes ou persistentes. Os distúrbios que causam fraqueza intermitente in- cluem a miastenia gravis, paralisias periódicas (hi- popotassêmica, hiperpotassêmica e paramiotonia congênita), bem como deficiências energéticas me- tabólicas da glicólise (em especial a deficiência de miofosforilase) e da utilização dos ácidos graxos (deficiência de carnitina palmitoiltransferase e algu- mas miopatias mitocondriais) Na maioria, incluindo a maior parte dos tipos de dis- trofia muscular, polimiosite e dermatomiosite, os músculos proximais são mais fracos do que os dis- tais e afetados de maneira simétrica, e os músculos faciais são poupados Já os sintomas considerados dinâmicos, por se apresentar de forma esporádica e instável, são: miotonia, intolerância a exercícios, mialgia, cãibras, hiporreflexia. Apesar do acometimento muscular im- portante, não há fasciculações ou alteração na sen- sibilidade O quadro de fraqueza crônica está associada ao desgaste muscular. De modo geral, os reflexos ten- dinosos profundos são preservados, embora pos- sam se tornar ausentes nos casos de músculos gra- vemente enfraquecidos ou atrofiados. As doenças musculares emgeral são indolores; en- tretanto, mialgias podem ocorrer. Mialgias devem ser diferenciadas de cãibras musculares, ou seja, contrações musculares involuntárias dolorosas, em geral devidas a distúrbios neurogêni- cos EXAME FISICO: O principal objetivo é localizar descobertas relacio- nadas aos músculos e excluir doenças que possam imitar sintomas e sinais miopáticos, tais como sín- dromes nos neurônios motores inferiores, neuropa- tias motoras, distúrbios de transmissão neuromus- cular ou fraqueza psicogênica. Na inspeção podem ser observadas posturas anor- mais devido ao déficit motor que predomina em cer- tos grupos musculares, por retrações ou ainda por atrofia. Na distrofia miotônica é comum calvície pre- coce, ptose bilateral discreta, boca entreaberta, atrofia dos masseteres e miotomia A queixa de miotomia é recorrente a uma anormali- dade da membrana da fibra muscular (sarcolema) que causa um retardo acentuado, antes que os músculos afetados possam relaxar após uma con- tração; isto leva a uma rigidez muscular aparente. Ao exame, frequentemente é possível demonstrar a miotonia pela dificuldade de relaxar a mão após um aperto de mão prolongado ou pela percussão per- sistente do ventre de um músculo. As distrofias musculares produzem um aspecto glo- bal peculiar, com exagero da lordose lombar e com protrusão do abdome, pernas entreabertas e cintura escapular jogada para trás, resultando em uma marcha anserina. Na maioria das miopatias não há queixas de mial- gia, mas quando houver relato de dores musculares suspeitar de quadros inflamatórios e infecciosos. Os antecedentes familiares ajudam a avaliar a pro- babilidade de alguma doença hereditária. O histó- rico evolutivo, às vezes, revela a existência de sinto- mas não reconhecidos na primeira infância ou na in- fância (por exemplo, alimentação difícil, retardo no desenvolvimento das atividades de sentar e cami- nhar, assim como uma grande dificuldade para manter um bom condicionamento físico), que pode- riam apontar na direção de miopatia hereditária. Para identificar fraqueza muscular proximal, é pre- ciso perguntar se o paciente sente dificuldade em executar movimentos como pentear o cabelo, alcan- çar uma prateleira alta, levantar de uma cadeira ou subir um degrau alto. A maior parte das miopatias afeta apenas os mús- culos esqueléticos, ainda que, em alguns casos, ocorra também o envolvimento dos músculos cardí- acos e dos músculos lisos. Em geral, nos estágios avançados, os músculos res- piratórios podem ser afetados. Clinica médica da usp volume 6 Merrit objetivos: 1º objetivo: conceito etiologia fisiopatologia: Distrofias musculares: manifestações clinicas: exame fisico:
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