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DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE OBJETIVOS: 1. Entender a anatomia e fisiologia da musculatura estriada esquelética. 2. Elucidar a Distrofia Muscular de Duchenne. 3. Compreender a Distrofia de Becker. 1. ENTENDER A ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MUSCULATURA ESTRIADA ESQUELÉTICA: → DEFINIÇÃO: ○ O músculo esquelético é parte de uma unidade motora, que é definida como o corpo celular do corno anterior, seu axônio, a junção neuromuscular e as fibras do músculo esquelético inervadas por um axônio. • A unidade motora é coordenada de maneira a permitir a contração e função muscular eficientes. → CARACTERÍSTICAS DO TECIDO MUSCULAR ESTRIADO ESQUELÉTICO (TMEE): ○ São células longas, cilíndricas, multinucleadas (perifericamente) e com estriações transversais. ○ Paralelamente às fibras musculares, nos espaços intercelulares, estão os capilares sanguíneos, que, juntamente com a mioglobina, conferem ao tecido muscular uma coloração que varia do rosa ao vermelho. ○ A fibra muscular, isoladamente, é revestida pelo ENDOMÍSIO, composto por fibras reticulares e uma lâmina basal, que está em contato com o sarcolema (membrana citoplasmática da fibra muscular). ○ As fibras musculares de agrupam em feixes, os quais são envolvidos pelo PERIMÍSIO (tecido conjuntivo mais frouxo e menos fibroso), formando fascículos musculares que, em conjunto, são envoltos pelo epimísio. ○ Todo o músculo esquelético é envolvido pelo EPIMÍSIO (membrana de tecido conjuntivo denso não modelado). OBS: Ramos nervosos, vasos sanguíneos, fusos musculares e adipócitos estão dentro do tecido conjuntivo do músculo. Guilherme Rios - Módulo I - p7 → ORGANIZAÇÃO DAS FIBRAS MUSCULARES: ○ Grande parte do sarcoplasma é ocupado por arranjos longitudinais de miofibrilas cilíndricas, que se caracterizam como sendo um complexo de organelas compostas por ramos de miofilamentos. ○ A unidade contrátil da miofibrila é o SARCÔMERO (unidade contrátil das fibras musculares esqueléticas), fundamental para a contração muscular. ○ O sarcômero consiste em uma rede de proteínas altamente organizada que proporciona à fibra muscular a aparência estriada característica. → COMPONENTES DO SARCÔMERO: ○ Cada sarcômero é delimitado por duas linhas/disco Z. ○ Emanando do disco Z estão filamentos finos, compostos de actina, troponina e tropomiosina. Os filamentos espessos consistem em miosina. ○ O sarcômero também é composto por outras estruturas, como as mitocôndrias (energia), o retículo endoplasmático (cálcio) e os túbulos transversos/túbulos T (início da contração). ○ A função muscular depende da energia química do ATP. Guilherme Rios - Módulo I - p7 • A formação e clivagem repetida de pontes cruzadas de actina-tropomiosina, em um processo dependente de ATP, resulta em deslizamento dos filamentos espessos e finos e no encurtamento do sarcômero. → EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO: 1. O impulso elétrico chega ao axônio e libera acetilcolina na placa motora. 2. Gera potencial de ação na membrana muscular (sarcolema). 3. Despolarização dos túbulos T (invaginação do sarcolema). 4. O impulso ativa os canais de DHP (diidropiridina). 5. Os canais de DPH estimulam os canais de rianodina presentes no retículo sarcoplasmático do músculo. 6. Ocorre a liberação do cálcio presente no retículo sarcoplasmático para o sarcoplasma do músculo. 7. O cálcio liga-se à troponina (subunidade C) → Gera uma mudança na conformação da troponina. 8. Uma outra subunidade da troponina (subunidade T) está fortemente ligada à tropomiosina. 9. Como consequência, ocorre a movimentação da tropomiosina a qual estava ligada à actina e impedia a ligação desta com a miosina. 10. Inicia o ciclo de pontes cruzadas (miosina se movimentando sobre a actina) e de geração de força → Processo dependente do ATP. 11. O cálcio é recaptado pelo retículo sarcoplasmático → relaxamento muscular. → FUNÇÃO DA DISTROFINA: ○ A integridade estrutural do sarcolema é mantida por uma rede de proteínas dentro do músculo. ○ A DISTROFINA é um componente chave do citoesqueleto do subsarcolema. Combinada a várias glicoproteínas chamadas sarcoglicanas (α, β, δ, γ), distroglicanas (α, β) e sintrofinas (α, β1, β2), que formam o complexo distrofina-sarcoglicana, a distrofina ancora os elementos contráteis da fibra muscular ao sarcolema e à lâmina basal extracelular (liga a actina do citoesqueleto à matriz extracelular). ○ Além disso, a distrofina parece ser necessária para a montagem da junção sináptica, pois os membros do complexo transmembranar participam do aglomerado do receptor de acetilcolina durante o desenvolvimento. 2. ELUCIDAR A DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: → DEFINIÇÃO: ○ DISTROFIA MUSCULAR: • Refere-se à degeneração primária da fibra muscular, ou seja, ocorre isoladamente. • Normalmente, encontra-se associada a um aumento do tecido conjuntivo fibroso e tecido adiposo. Guilherme Rios - Módulo I - p7 ○ DISTROFINOPATIAS: • Consistem nas distrofias musculares em que há mutações no gene da distrofina, localizada no braço curto do cromossomo X. • Como representantes desse grupo estão a Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) e a Distrofia Muscular de Becker (DMB). • As portadoras do sexo feminino podem apresentar variados fenótipos (raramente), incluindo: ♦ Apresentação semelhante à de Duchenne grave, fraqueza leve de início na cintura dos membros, elevação assintomática de CPK e cardiomiopatia. ○ DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE (DMD): • É uma doença genética de herança recessiva, ligada ao cromossomo X (região XP21) - herança ligada ao sexo -, que pode ser também caracterizada como sendo uma distrofinopatia. • É a forma mais comum e severa de distrofia muscular. → EPIDEMIOLOGIA: ○ A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é a doença muscular hereditária mais comum. ○ Geralmente se manifesta entre os 2 e 5 anos de idade. ○ A incidência é cerca de 1 para cada 3500-5000 nascidos vivos do sexo masculino. ○ A prevalência global da DMD é de 63 casos por milhão de indivíduos. ○ Acomete o sexo masculino e, raramente, mulheres. ○ Cerca de 1/3 dos pacientes não têm história familiar da doença. • São portadores de uma nova mutação. ○ Em cerca de 2/3 dos pacientes, a condição é herança materna. → FATOR DE RISCO: ○ Sexo masculino. ○ Hereditariedade. → ETIOLOGIA/FISIOPATOLOGIA: ○ As doenças musculares podem ser resultantes de perturbação na anatomia ou em dano em qualquer um dos processos fisiológicos necessários para a contração muscular ou nos genes que os controlam. ○ No caso da DMD, na maioria dos pacientes acometidos, ocorre uma mutação frameshift (mutação de troca de leitura) no gene da distrofina. ○ A DMD é causada por mutações de deleção nos exons 43 a 55 do gene que codifica a distrofina, que é o maior gene humano conhecido. • Essas mutações interrompem o quadro de leitura aberta e interferem na produção normal de distrofina. Guilherme Rios - Módulo I - p7 ○ Dessa maneira, o paciente com a DMD apresenta ausência COMPLETA da proteína distrofina, o que resulta em: • Interrupção da ligação mecânica entre o sarcômero, o sarcolema e a matriz extracelular, causando vazamento de cálcio que leva à necrose das fibras musculares. • A falta dessa proteína possibilita um influxo de cálcio e outras moléculas provenientes do líquido extracelular para o interior das fibras musculares, culminando com a necrose das fibras. • Também propicia a saída de proteínas para o meio extracelular, como a creatinofosfoquinase (CPK), elevando seu nível sérico. ○ Como outra consequência, ocorre, com o passar do tempo, a fibrose do endomísio e substituição por tecido adiposo. → QUADRO CLÍNICO: ○ Geralmente, manifesta-se em meninos entre 2 e 5 anos de maneira progressiva. ○ COMPROMETIMENTO MOTOR: • Atraso nos marcos motores. • Dificuldades para correr e subir escadas. • Instabilidade da marcha e aumento da frequência de quedas. • Panturrilhas aumentadas (pseudohipertrofia). ♦ Ocorre em outros músculos (p. ex., masseter, deltóide, serrátil), mas com menor intensidade. • A maioria dos pacientes acometidosnão conseguem deambular por volta dos 12 anos de idade. ♦ Os MMII são acometidos antes dos MMSS (comprometimento simétrico). ♦ A fraqueza afeta os músculos proximais dos membros antes dos distais. • Aos 20 anos, a maioria dos pacientes já apresenta contraturas articulares e cifoescoliose que conferem um comprometimento respiratório adicional. • Os músculos dos MMSS e MMII podem apresentar contraturas em torno das articulações, impedindo a extensão completa dos cotovelos e dos joelhos. • Os pacientes apresentam escápula alada, alterações da coluna (lordose) para equilibrar o corpo e, posteriormente, cifoescoliose devido à atrofia da musculatura paravertebral e como consequência das alterações musculares das pernas. • O levantar miopático é evidenciado pela manobra de Gowers (quando a criança, em posição de prono, utiliza-se de uma “escalada” por sobre suas pernas, utilizando primeiramente suas mãos nos joelhos e depois nas coxas, para suportar seu peso e ficar de pé) - não é patognomônico (evidencia fraqueza proximal). • O paciente pode apresentar marcha anserina (sinônimos: Marcha bamba ou waddling gait). • O distúrbio é progressivo e o paciente, normalmente, evolui com uma CARDIOMIOPATIA, a qual leva à insuficiência cardíaca e arritmias fatais (a distrofina também está presente no músculo estriado cardíaco). ○ COMPROMETIMENTO NEUROPSÍQUICO: (alguns distúrbios podem estar associados ao paciente com DMD) • Déficit intelectual (principalmente no coeficiente verbal). • Transtornos de aprendizagem. Guilherme Rios - Módulo I - p7 • Transtorno do Espectro Autista (TEA). • Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). → DIAGNÓSTICO: ○ A DMD, bem como outras doenças musculares hereditárias (p. ex., distrofia miotônica, distrofia de Becker e distrofia facioescapuloumeral) podem ser diagnosticadas clinicamente e confirmadas por testes genéticos, sem necessidade de outras investigações. ○ ANAMNESE: (pontos importantes a serem perguntados) • Idade de início: A maioria dos distúrbios hereditários e adquiridos tem início em uma idade característica. • Velocidade de progressão: Aguda sugere uma causa adquirida, muitas vezes inflamatória. • Fraqueza flutuante: Pode indicar distúrbio da junção neuromuscular, miopatia metabólica ou canalopatia. • Relação com exercício ou esforço físico: Pode indicar miopatia metabólica ou canalopatia. • História familiar: Pode indicar doença muscular crônica determinada geneticamente. ○ EXAME LABORATORIAL: • Dosagem de creatinofosfoquinase (CPK) sérica: ♦ 20-100x ↑ em relação a indivíduos saudáveis. OBS: Em geral, altos níveis são encontrados nas miopatias primárias e níveis de elevação menores ou até níveis normais são detectados em miopatias crônicas e diversas desordens neurológicas. Em fases avançadas o grau de comprometimento muscular é tão importante que já não há mais massa muscular suficiente para aumentar a CPK. ♦ Normalmente, em valores > 2000 U/L. Guilherme Rios - Módulo I - p7 • A ↓ na excreção total de creatinina, devido à perda progressiva de massa muscular, pode levar a uma perda de 40% a 90% de seus níveis na urina. ○ EXAME GENÉTICO: • Análise do DNA da distrofina (avalia-se o gene). • Positivo em cerca de 90-95% dos pacientes. ○ BIÓPSIA MUSCULAR: • Realizada em casos de negatividade no exame genético. • A biópsia deve ser realizada em um músculo clinicamente afetado, mas não muito comprometido. • ACHADOS HISTOLÓGICOS: ♦ Aspectos patológicos típicos de miopatia. ♦ Alteração no formato das fibras musculares (poligonais → arredondadas). ♦ Presença de necrose. ♦ Espessamento de tecido conjuntivo (fibrose central - endomísio). ♦ Presença de tecido adiposo permeando as fibras musculares. ♦ Clusters de fibra em regeneração, com núcleos centralizados (basofílicas). OBS: A RM está sendo cada vez mais usada para guiar a biópsia muscular. Às vezes, revela padrões diagnósticos de envolvimento muscular (aspecto hiperintenso na RM em T2). • IMUNOHISTOQUÍMICA (IHQ): ♦ Evidencia ausência de distrofina (B), exceto em fibras revertentes que expressam distrofina. ♦ Logo, a distrofina só pode ser visualizada diretamente através da HIQ. ○ TC MUSCULAR E RM: • Apresentam utilidade limitada na avaliação de doenças musculares. • Podem ser úteis na exclusão de anormalidades da medula espinhal que possam causar fraqueza (ou seja, úteis para realizar diagnóstico diferencial de fraqueza muscular de origem nervosa). ○ EXAMES CARDIOVASCULARES: Guilherme Rios - Módulo I - p7 • Todos os pacientes com distrofia muscular devem fazer ECG e ecocardiograma para verificar se há cardiomiopatia e/ou defeito de condução. • Cerca de 90% dos pacientes apresentam fibrose do miocárdio (ondas R elevadas e baixas ondas Q). OBS: Através da amplificação da reação em cadeia da polimerase (PCR), as mulheres que possuem parentes afetados pela DMD podem realizar um diagnóstico pré- natal rápido e preciso desta patologia, a partir de oito semanas de gestação. No Brasil, entretanto, não é realizado esse teste pré-natal, uma vez que não é permitido o aborto, logo, nada pode-se fazer quanto ao resultado, se positivo para DMD. Além disso, o tratamento com corticoide só poderia ser iniciado a partir dos 2 anos. → TRATAMENTO: ○ A DMD não tem cura, sendo necessário o manejo do paciente, tentando retardar as perdas motoras e prolongando a vida do paciente (com qualidade!!!) o máximo possível - tratamento paliativo. ○ É necessária uma abordagem com equipe multiprofissional. ○ A FISIOTERAPIA dos pacientes portadores da DMD é de suma importância na prevenção de contraturas e manutenção da mobilidade articular, além do fornecimento oportuno de dispositivos e cadeira de rodas apropriados (manter a funcionalidade do paciente o máximo possível). ○ Um pneumologista deve avaliar e acompanhar a função respiratória, incluindo o início e o monitoramento da ventilação não invasiva. ○ A fisioterapia respiratória baseia-se em exercícios inspiratórios resistidos. Quando bem indicada, ela ameniza os sintomas de hipoventilação. ○ Caso seja necessário, a ortopedia pode auxiliar no monitoramento da escoliose e fusão vertebral do paciente. ○ Os exercícios físicos, quando bem indicados, devem ser leves, a fim de não agravar o quadro. ○ TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: • PREDNISONA: ♦ Classe farmacológica: Corticosteróide sistêmico. ♦ Prolonga a capacidade de deambular, melhora a força muscular, auxilia a função respiratória, previne a cardiomiopatia, retarda a progressão da escoliose, melhora os parâmetros de qualidade de vida e prolonga o tempo de vida do paciente. ♦ POSOLOGIA: 0,75 mg/kg/dia ou fim de semana 10 mg/kg/dia. ♦ Indicada a partir dos dois anos (não é indicada para idades inferiores devido à imaturidade do sistema imune e às placas epifisárias) e para TODOS os pacientes. ♦ Apesar dos benefícios, apresenta uma série de efeitos adversos, como o ganho de peso e a desmineralização óssea. • DEFLAZACORTE: ♦ Classe farmacológica: Corticosteróide sistêmico. Guilherme Rios - Módulo I - p7 ♦ POSOLOGIA: 0,9 mg/kg/dia. ♦ Prolonga a capacidade de deambular, melhora a força muscular, auxilia a função respiratória e retarda a progressão da escoliose. ♦ Apesar de poder apresentar os efeitos colaterais comuns aos corticoides, em relação à prednisona, esse fármaco proporciona menor inibição da absorção intestinal de cálcio e um menor aumento na sua excreção urinária, além de uma redução significativamente menor no volume ósseo trabecular e conteúdo mineral ósseo. • ETEPLIRSEN: ♦ Estudos mostraram uma redução na velocidade de perda da deambulação dos pacientes. ♦ MECANISMO DE AÇÃO: O eteplirsen tem seu efeito quando se liga seletivamente ao exon 51 do pré-mRNA da distrofina, excluindo este exon durante o processamento do mRNA em pacientes com mutações genéticas que são passíveis de salto do exon 51. Através do salto de exon, esse fármaco restaura o quadro de leitura aberto do gene da distrofina e permite a sua produção funcional, ainda que essa proteína seja produzida emtamanho menor. ♦ POSOLOGIA (FDA): 30-50 mg/kg/dia, via IV. ♦ Ainda carece de dados. ○ TRATAMENTO DA CARDIOMIOPATIA: • Geralmente, tratada com BETABLOQUEADORES e IECA (estes podem retardar a progressão da fibrose miocárdica, relacionada a um pior prognóstico). • Em casos mais graves, pode ser indicado um transplante cardíaco. → PROGNÓSTICO: ○ Com o suporte respiratório adequado, o paciente pode alcançar, com qualidade, até a 3ª ou 4ª década de vida. • A insuficiência respiratória crônica é a principal causa de morte nesse período, com o paciente sucumbindo à pneumonia, insuficiência cardíaca ou arritmias. ○ Existem recomendações prioritárias quanto ao acompanhamento e cuidado dos pacientes com DMD em cada estágio da doença (p. ex., pré-sintomática, sintomas iniciais, perda completa da deambulação, acamado e etc). • Antecipar as complicações conhecidas e focar nos fatores que as originam, ajudam a modificar mais rapidamente a história natural da doença. ○ As normas de cuidados recomendam medidas preventivas para minimizar as contraturas, começando na fase pré-sintomática. ○ O diagnóstico precoce é o principal ponto de partida para o aumento da sobrevida desses pacientes, mas também o conhecimento de que as terapias não medicamentosas podem ter um grande impacto na velocidade do desenvolvimento de deficiências funcionais, retardando-as. Guilherme Rios - Módulo I - p7 ○ Deve ser dada especial atenção aos cuidados cardíacos e respiratórios dos pacientes com DMD. ○ Um dos piores fatores prognósticos do paciente com DMD é o tempo em que ele perdeu a deambulação. Ou seja, quanto mais cedo o paciente deixa de andar, mais grave tende a ser o seu quadro. 3. COMPREENDER A DISTROFIA DE BECKER: → DEFINIÇÃO: ○ Consiste na forma mais branda da distrofia de Duchenne. → EPIDEMIOLOGIA: ○ Acomete o sexo masculino. ○ Pode acometer crianças >5 anos, adolescentes ou adultos. ○ A maior taxa de incidência ocorre entre os 10-20 anos. ○ Incidência dessa doença é de cerca 1 a cada 10-30 mil nascidos vivos. → FATOR DE RISCO: ○ Sexo masculino. ○ Hereditariedade. → ETIOLOGIA: ○ Genética. → FISIOPATOLOGIA: ○ Decorre de uma mutação inframe (i. e. devido a um deslocamento do quadro de leitura) no gene da distrofina. ○ Nesse caso, alguma mutação afeta o gene da distrofina de alguma maneira, entretanto, ela ainda mantém um funcionamento residual que se manifesta nos pacientes como sintomas mais brandos quando comparados à DMD. → QUADRO CLÍNICO: ○ ACHADOS TÍPICOS: • Fraqueza proximal simétrica (p. ex., dificuldade de erguer os braços ou de deambular). ♦ Primeiro nos MMII, após, nos MMSS. ♦ Primeiro dos músculos proximais, após, nos distais. • Pseudohipertrofia da panturrilha (normalmente, mais discreta que na DMD). • Insuficiência cardíaca (pode ser a manifestação inicial). • Os problemas neuropsíquicos são menos comuns quando comparados à DMD. → DIAGNÓSTICO: ○ Semelhante à Distrofia muscular de Duchenne. ○ EXAMES LABORATORIAIS: Guilherme Rios - Módulo I - p7 • Dosagem de creatinofosfoquinase (CPK) sérica: ♦ Elevada, embora não seja na mesma intensidade que na DMD. ○ BIÓPSIA MUSCULAR: • Os achados são semelhantes aos da DMD, entretanto, são menos grave. ○ IMUNOHISTOQUÍMICA: • Expressão diminuída de distrofina, mas ainda presente. • A imunohistoquímica pode revelar padrão de mosaico (algumas fibras expressando distrofina, enquanto outras, não). → TRATAMENTO: ○ O manejo da Síndrome de Backer é, essencialmente, de suporte. ○ É indicado o monitoramento da função respiratória, bem como o monitoramento cardíaco. → PROGNÓSTICO: ○ A maioria dos pacientes com Síndrome de Becker apresentam expectativa de vida normal. ○ Alguns pacientes, entretanto, desenvolvem insuficiência respiratória e podem ter expectativa de vida reduzida em virtude das complicações respiratórias. ○ Quadros de insuficiência cardíaca e arritmias podem ocorrer no final da evolução da doença. PORTADORAS DE DISTROFIA DE DUCHENNE OU DE BECKER ○ Normalmente, mulheres com mutação no gene da distrofina são assintomáticas. ○ Entretanto, cerca de 2,5-10% delas podem desenvolver sintomas, como: • Mialgias. • Fraqueza muscular proximal. • Cardiomiopatia. ○ Raramente, mulheres podem apresentar o fenótipo de Duchenne devido a um cariótipo XO (síndrome de Turner) ou à inativação distorcida do cromossomo X. ○ A imunohistoquímica pode revelar padrão de mosaico (algumas fibras expressando distrofina, enquanto outras, não). ○ Caso sejam sintomáticas, devem ser tratadas da mesma maneira que os homens. Guilherme Rios - Módulo I - p7
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