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O signo do dinheiro só necessita de sua validade social objetiva própria e esta é recebida pelo símbolo de papel mediante o curso forçado. Esse curso forçado pelo Estado rege somente dentro das fronteiras de uma comunidade ou na esfera interna de circulação, mas também somente aqui o dinheiro reduz-se totalmente à sua função de meio circulante ou de moeda, e pode, portanto, receber na moeda papel uma modalidade de existência puramente funcional e exteriormente separada de sua substância metálica. 3. Dinheiro A mercadoria que funciona como medida de valor e também, cor- poralmente ou por intermédio de representantes, como meio circulante, é dinheiro. O ouro (ou prata) é, portanto, dinheiro. Como dinheiro funciona, por um lado, onde aparece em sua corporalidade áurea (ou prateada), isto é, como mercadoria monetária, portanto, nem apenas de forma ideal, como na medida de valor, nem sendo suscetível de representação, como no meio circulante; por outro lado, onde sua função, quer a execute em pessoa, quer por meio de representantes, fixa-o como figura de valor ex- clusiva ou única existência adequada do valor de troca perante todas as demais mercadorias, enquanto simples valores de uso. a) Entesouramento O ciclo contínuo das duas metamorfoses contrapostas da merca- doria ou a rotação fluida de compra e venda revela-se no infatigável curso do dinheiro ou em sua função de perpetuum mobile da circulação. O dinheiro imobiliza-se ou transforma-se, como disse Boisguillebert, de meuble em immeuble,187 de moeda em dinheiro, assim que se in- terrompa a série de metamorfoses e a venda não se completa com a compra seguinte. Com o desenvolvimento inicial da própria circulação de merca- dorias, desenvolve-se a necessidade e a paixão de fixar o produto da primeira metamorfose, a forma modificada da mercadoria ou a sua crisálida áurea.188 Vendem-se mercadorias não para comprar merca- dorias, mas para substituir a forma mercadoria pela forma dinheiro. De simples intermediação do metabolismo, essa mudança de forma torna-se fim em si mesma. A figura alienada da mercadoria é impedida de funcionar como sua figura absolutamente alienável ou como sua forma dinheiro apenas evanescente. O dinheiro petrifica-se, então, em tesouro e o vendedor de mercadorias torna-se entesourador. OS ECONOMISTAS 250 187 Móvel em imóvel. — BOISGUILLEBERT. “Le Détail de la France”. In: Économistes Fi- nanciers du XVIIIe Siècle (...) par Eugène Daire. Paris, 1843. p. 213. (N. da Ed. Alemã.) 188 "Riqueza em dinheiro nada mais é (...) que a riqueza em produtos que foram transformados em dinheiro." (RIVIÈRE, Mercier de la. Op. cit., p. 573.) “Um valor na forma de produtos apenas mudou de forma.” (Ibid., p. 486.)
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