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Formação de eletricidade nos seres humanos. A movimentação de íons, cátions (+) e ânions (-), é determinada pela permeabilidade da membrana e a diferença de concentração dos íons, que produz corrente elétrica. A membrana semipermeável possibilita a movimentação dos íons através de proteínas como a bomba de sódio e potássio, canal de sódio, canal de potássio e canal de cloreto. Essa movimentação vai conferir a corrente elétrica, que ocorre em determinadas células, como, por exemplo, células nervosas e células cardíacas. BOMBA DE SÓDIO E POTÁSSIO: transporte ativo e trabalha contra o gradiente de concentração. 3 sódios para fora da célula e 2 potássios para dentro. CANAL DE SÓDIO/POTÁSSIO/CLORETO: transporte passivo e trabalha a favor o gradiente de concentração. Esses canais servem para equilibrar a quantidade de sódio, potássio e cloreto dentro e fora da célula. PROTEÍNAS CANAIS podem ser de 2 tipos: com comporta/portão ou abertas/de vazamento. PROTEÍNAS ABERTAS: estão sempre garantindo a passagem de íons por elas. São constituintes da membrana e estão sempre na mesma conformação. PROTEÍNAS COM COMPORTA: podem ter conformações diferentes: abertas e fechadas. Correspondem a maior quantidade de proteínas canais que há na membrana plasmática da célula, LIGANTE SENSÍVEL: a comporta se abre quando houver interação com um ligante sensível, por exemplo, um neurotransmissor (receptor nicotínico e acetilcolina). MECANO SENSÍVEIS: a comporta se abre quando houver contato mecânico. VOLTAGEM DEPENDENDE: a comporta se abre se houver variação de voltagem na célula, uma diferença de potencial. EXCEÇÃO: CANAIS DE SÓDIO O canal de sódio possui 3 conformações: (1) fechado, (2) aberto e (3) inativo. Durante o repouso o canal de sódio está fechado, durante a despolarização está aberto e durante a repolarização está inativado. Canal fechado só pode abrir, canal aberto só pode inativar, canal inativado só pode fechar. Sempre na mesma ordem. Por isso, não há possibilidade de resposta a qualquer estímulo durante a repolarização. E L E T R O F I S I O L O G I A C A R D I A C A PERÍODO REFRATÁRIO ABSOLUTO: Ocorre durante a repolarização, pois o canal de sódio não consegue responder a nenhum estímulo enquanto inativado. PERÍODO REFRATÁRIO RELATIVO: Ocorre durante a restauração da polaridade da célula. A célula pode sim responder a um estímulo, porém o estímulo precisa superar o limiar de estabilidade. POTENCIAL DE MEMBRANA Força elétrica medida na membrana plasmática de uma célula. Há 2 determinantes do potencial de membrana: (1) gradiente de concentração de íons e (2) permeabilidade da membrana (proteínas canais). O potencial de membrana pode ter algumas variações: potencial de repouso, potencial de marca-passo, potencial de ação. POTENCIAL DE REPOUSO Pode ser explicado pela bomba de sódio e potássio (3 fora 2 dentro), fazendo a célula ficar negativa. A saída de potássio da célula cria uma diferença de potencial entre os meios intracelular e extracelular de cerca de -90mV, mantendo o interior da célula negativo em relação ao meio extracelular. Essa diferença, mantém a célula cardíaca em repouso com a condição polarizada. POTENCIAL DE MARCA-PASSO Quando abrem canais de potássio, cálcio ou sódio (azul). POTENCIAL DE AÇÃO Quando atinge o limiar e abrem-se canais voltagem dependente (rosa). Se não alcançar o limiar, o potencial de ação não é gerado. Quando ocorre a ativação do potencial de membrana, há redução da resistência e aumento da condutância ais íons intra e extracelulares, gerando inversão da polaridade. O potencial de ação é dividido em cinco fases, de acordo com a ativação de canais iônicos específicos: (0) disparo, (1) despolarização, (2) repolarização, (3) hiperpolarização e (4) restauração. 0. DISPARO: o disparo acontece quando alcança o limiar de estabilidade e abrem-se os canais de sódio voltagem dependente (entra carga positiva). 1. DESPOLARIZAÇÃO: Vai de -60 até +30. Os canais de sódio vão ser inativados (resposta rápida, repolarização é rápida). 2. REPOLARIZAÇÃO: Vai de +30 até -60. Abrem-se novos canais voltagem dependente, agora, de potássio. 3. HIPERPOLARIZAÇÃO: Vai de -60 até -90. O fechamento dos canais de potássio é lento, então sai mais potássio do que deveria sair causando uma hiperpolarização. 4. RESTAURAÇÃO: repouso elétrico em fase diastólica, estando a linha estável em -90. determinada pela bomba de sódio e potássio, restaurando o potencial de repouso com a célula polarizada. A concentração dos íons é de suma importância para o entendimento dos potenciais cardíacos: Sódio e Cálcio mais concentrados fora e potássio mais concentrado dentro. As células cardíacas podem apresentar dois tipos distintos de potencial de ação, o de resposta rápida e o de resposta lenta. POTENCIAL RÁPIDO - RESPOSTA RÁPIDA Potencial de repouso mais negativo que da resposta lenta. Encontrado no miocárdio contrátil e nas fibras de purkinje. Chamada de potencial rápido porque a curva de sódio é quase perpendicular. Apresentam 5 fases (de 0 a 4). FASE 0: rápida despolarização. Determinada pela abertura dos canais de sódio voltagem dependente (entra carga positiva). FASE 1: repolarização rápida e transitória. Acontece porque os canais de sódio estão inativos e, além disso, ocorre a ativação de canais de potássio (sai carga positiva) e cloreto (entra carga negativa). FASE 2: platô. Momento de estabilidade na variação elétrica na fibra cardíaca. Isso acontece porque acontece 2 tendencias opostas, quando se abrem canais de cálcio lentos (entra carga positiva) e ativação de novos canais retificadores tardios de potássio (sai carga positiva). O platô é responsável por um grande período refratário. FASE 3: repolarização normal. Canais de cálcio lentos são inativas, e somente os canais de potássio ficam abertos (sai carga positiva). FASE 4: potencial de repouso. A célula está negativa, a -90mV. Os canais voltagem dependente de sódio e cálcio estão fechados e canais de potássio estão abertos (saindo cargas positivas). Seguido da despolarização, ocorre a contração muscular, e durante a repolarização, ocorre o relaxamento muscular. FIBRAS DE PURKINJE: Possuem características de automatismo, pois fazem parte do miocárdio especializado (formado pelas fibras + nó AS + nó AV). A fase 4 nas fibras é marcada por instabilidade devido ao potencial marca-passo, que tende alcançar o limiar para ocorrer a despolarização. AUTOMATISMO: Assim que termina a repolarização, já ocorre a ativação espontânea de canais de sódio (entra carga positiva) e cálcio (entre carga positiva) lentos. Alcançando o limiar de estabilidade, logo chega a fase 0. A ativação espontânea de canais de sódio e cálcio lentos geram uma despolarização espontânea, pois alcança o limiar de estabilidade para abrir os canais de sódio. MIOCÁRDIO CONTRÁTIL: Não possui características de automatismo, não é capaz de gerar potenciais elétricos. Na fase 4, mantem-se o potencial de repouso. O miocárdio contrátil somente alcança o limiar porque as fibras possuem as junções gap, as pontes citoplasmáticas, nas quais o sódio se desloca para outras células. POTENCIAL LENTO – RESPOSTA LENTA Potencial de repouso menos negativo que da resposta rápida. Encontrado no nó sinusal ou sinoatrial (AS) e no nó atrioventricular (AV). A principal diferença é a ausência dos canais rápidos de sódio, sendo o influxo de cálcio responsável pela despolarização. Chamado de potencial lento pois a despolarização é mais verticalizada (inclinada), não é tão intensa quanto ao potencial rápido. A despolarização ocorre pela abertura de canais de cálcio voltagem dependente lentos (cálcioentra lentamente, despolariza lentamente). Não possui a fase 1 e, às vezes, não se considera a 2. FASE 0: despolarização. FASE 3: repolarização. Inativação dos canais de Cálcio (para de entrar carga positiva) e ativação dos canais de potássio (sai carga positiva). FASE 4: instável, pelo automatismo cardíaco (potencial marca-passo). Ativação de canais de cálcio (entra carga positiva), canais de sódio (entra carga positiva) e canais de cálcio lentos (entra carga positiva). Além disso, ocorre a desativação das correntes repolarizantes de potássio (carga positiva fica dentro da célula). MIOCÁRDIO CONTRÁTIL: “bomba cardíaca”, inotropismo (propriedade de contração), lusitropismo (propriedade de relaxamento) e dromotropismo (conduz o estímulo). Apresenta uma grande quantidade de discos intercalares, que são diferentes tipos de especialização de membrana. Além disso, também apresentam junções gap, que permite uma melhor comunicação entre células. MIOCÁRDIO ESPECIALIZADO: automatismo (capacidade de se auto excitar), cronotropismo (possui frequencia entre cada despolarização), batmotropismo (capacidade de se excitar) e dromotropismo (capacidade de conduzir o estímulo). Composto pelo nó sinusal, nó atrioventricular e fibras de Purkinje e, nessa ordem, todos são capazes de garantir o automatismo. NÓ SINUSAL: 70 a 80 batimentos/minuto. NÓ ATRIOVENTRICULAR: 50 batimentos/minuto. No átrio direito, há um grupo de células especializadas, nó sinoatrial, gerando potenciais elétricos. Através das vias atriais e das vias internodais, dissipa-se o potencial elétrico pelos átrios cardíacos, esquerdo e direito, que contraem. Pelas vias internodais, o potencial de ação chega ao nó atrioventricular, que segura por um instante (retardo nodal – fundamental para que átrio e ventrículo não contraiam juntos) e, em seguida, retransmite o potencial de ação para o sistema de purkinje (feixe de His + fibras de Purkinje), que propagam o potencial de ação de forma rápida para o ápice cardíaco, de forma que os ventrículos consigam contrair do ápice para as artérias. A geração do potencial de ação acontece no nó sinoatrial e percorre tanto o miocárdio especializado quanto o contrátil (os dois tem capacidade de tromotropismo). TRANSMISSÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO O potencial de ação, a partir do nó sinoatrial, percorre os átrios. Quando os átrios despolarizam, eles contraem e o sangue vai em direção ao ventrículo. Abrem-se as valvas atrioventriculares direita e esquerda, e o átrio é esvaziado para o ventrículo. Nesse mesmo momento, o potencial elétrico chega ao nó atrioventricular, a partir das vias internodais (retardo nodal). O nó atrioventricular vai retransmitir o potencial de ação para o sistema de purkinje rapidamente para o ápice do coração, onde começa a ser conduzido para as paredes ventriculares, garantindo a contração de baixo para cima, sangue sai do ventrículo pelas valvas semilunares, aórtica e pulmonar. Os miocárdios conduzem muito bem o potencial elétrico por conta das junções gap, garante a despolarização de forma organizada. 1. O nó sinoatrial despolariza. 2. A atividade elétrica vai rapidamente para o nó atrioventricular pelas vias internodais. 3. A despolarização se espalha mais lentamente através do átrio. A condução atrasa através do nó atrioventricular. 4. A despolarização move-se rapidamente pelo sistema de condução ventricular para o ápice do coração. 5. A onda de despolarização se espalha para cima a partir do ápice. Contração é involuntária, inervado pelo sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático. ATIVAÇÃO SIMPÁTICA: A inervação simpática é praticamente todo o resto do coração. Aumento do automatismo global do miocárdio especializado, taquicardia sinusal (aumenta o ritmo cardíaco), aceleração da condução atrioventricular, focos ectópicos ventriculares e arritmias ventriculares. ATIVAÇÃO PARASSIMPÁTICA: A inervação parassimpática é, basicamente, no nó sinoatrial e no nó atrioventricular. Abertura de canais de potássio e induzir hiperpolarização, bradicardia sinusal (diminui o ritmo cardíaco), bloqueio atrioventricular. DEFINIÇÃO: o registro é a diferença de potencial elétrico captada por eletrodos posicionados sobre a superfície corpórea de um indivíduo. A célula em repouso mantem seu interior negativo e o exterior positivo. Através de um comando a célula passa por uma despolarização e, depois, repolarização. TEMPO E VOLTAGEM O traçado do ECG se dá na forma de ondas que possuem características próprias como duração, amplitude e configuração. O eixo X é o eixo tempo. Cada quadradinho representado tem uma duração corresponde a 0,04 segundos. O eixo Y e o eixo da voltagem. Cada quadradinho possui 0,1 Mv de voltagem. Cada quadradinho representa 0,1 milivolt de altura. É comum o uso de 5 quadradinhos formando 1 quadrado grande, que possui respectivamente 200 milisegundos e 0,5 mv. A calibração padrão do eletrocardiograma confere 1 mv a cada 10 quadradinhos. TEORIA DO DIPOLO DEFINIÇÃO: define-se dipolo, em eletricidade, o conjunto formado por duas cargas de mesmo módulo (valor numérico), porém de sinais ou polaridades contrários, separadas por uma determinada distância. No cenário biológico, a membrana da célula em repouso possui em toda extensão cargas positivas. Quando ocorre a estimulação da célula e a despolarização, há uma invasão de cargas positivas para o interior, formando dipolo. Por convenção, mantem sua carga positiva onde está apontada a flecha, enquanto a calda da seta indica carga negativa (“fuga dos elétrons”). A representação gráfica do vetor dipolo é o eletrocardiograma. A repolarização se inicia no mesmo ponto da despolarização, fazendo com que o sentido do processo seja agora o oposto do dipolo. Os dipolos podem ser representados como vetores, que possuem características como: • INTENSIDADE: produto das cargas pela distância entre elas. • DIREÇÃO: eixo do dipolo, a linha que une dos polos • SENTIDO: sempre do polo negativo para o polo positivo. Os eletrodos registram ondas positivas quando captam a extremidade de um vetor (ponta da flecha). A mesma lógica acontece quando é captada a origem do vetor, uma onda negativa (bundinha da flecha). PROPAGAÇÃO ANATÔMICA DO IMPULSO A responsável pelo nascimento do batimento é o nó sinusal, região com densidade grande de canal e rápida de despolarização, sendo a primeira a se despolarizar. Além disso, possui a capacidade de se auto despolarizar, por isso é o marca-passo natural. A partir do nó sinusal, o estímulo elétrico vai propagar para os átrios e depois para os ventrículos. Nos átrios, existem trajetos preferenciais para a condução, tornando-a mais rápida do que a condução miócito a miócito, chamado tratos internodais. Depois de ativados átrios esquerdo e direito, há uma convergência da ativação para o nó atrioventricular. Átrio e ventrículo são isolados eletricamente por um esqueleto fibroso, fazendo do nó atrioventricular a única comunicação elétrica entre eles. No ponto em que atravessa o esqueleto fibroso, o nó atrioventricular passa a ser chamado feixe de His. O feixe de His se bifurca em um fino ramo direito e um grosso ramo esquerdo. Esses feixes se dicotomizam em várias fibras, chamadas de fibras de purkinje. Quando as fibras de purkinje atingem a musculatura ventricular, entregam o estímulo que veio pelo sistema de condução e ativa-se a massa ventricular. NÓ SINUSAL -> ATRIOS E INTERNODAIS -> NÓ ATRIOVENTRICULAR -> FEIXE DE HIS -> FIBRAS DE PURKINJE -> VENTRICULO O IMPULSO ELÉTRICO NÓ SINUSAL: O nó sinusal é a primeira região a ser ativada. Embora possua uma densidade grande de canal, o eletro registra atividades deordem de milivolts, e a ativação do nó sinusal não é capaz de atingir um milivolt. ÁTRIOS: Quando o estímulo chega nos átrios esquerdo e direito, acontece a primeira onda do eletrocardiograma, a ONDA P, que é a onda de ativação ou despolarização atrial. NÓ ATRIOVENTRICULAR: a ativação também não é capaz de gerar milivolts. FEIXE DE HIS: a ativação também não é capaz de gerar milivolts. FIBRAS DE PURKINJE: a ativação também não é capaz de gerar milivolts. VENTRÍCULO: gera a principal onda do eletrocardiograma, o COMPLEXO QRS. REPOLARIZAÇÃO: a repolarização atrial não é vista no eletrocardiograma, pois é no mesmo momento da polarização do ventrículo. A repolarização ventricular é representada pela ONDA T. SEGMENTO PR: estende-se do final da onda P até o início do complexo QRS. INTERVALO PR: onda P + segmento PR. SEGMENTO ST: Período entre a despolarização e a repolarização ventricular. Fisiologicamente deve ficar no 0. INTERVALO QT: ciclo elétrico ventricular, do início da ativação ao final da ativação. Formado pelo complexo QRS + segmento ST + onda T. RITMO E FREQUÊNCIA Normalmente quem dita o ritmo de comando é o nó sinusal, e o ritmo sinusal pode ser reconhecido pela onda P antes do complexo QRS (ativação de átrio antes de ventrículo). Além disso, a onda P precisa ser positiva em D1 e D2. A frequencia cardíaca também pode ser avaliada no eletrocardiograma, devido ao fato do papel correr a 25mm/s. Em 1 minuto, o papel corre 1500 mm (25x60). 1 batimento cardíaco é o espaço entre 2 cristas de QRS. O cálculo da frequencia cardíaca é definido por 1500/número de quadradinhos de crista a crista. Uma outra forma de avaliação da FC pode ser feita de maneira rápida e já permite a imediata definição de um paciente em taquicardia (FC > 100 bpm) ou bradicardia (FC < 50 bpm). Esta forma consiste em procurar complexos QRS sequênciais que estejam posicionados sobre o traçado maior que divide os blocos de cinco quadrados menores e contato. Na sequência, os valores de 300, 150, 100, 75 e 60 a cada linha maior de quadrados. FENÔMENO ELÉTRICO DOS ÁTRIOS Anatomicamente, a posição dos átrios é diferente. O átrio direito é verticalizado, enquanto o átrio esquerdo é horizontalizado e posterior. DESPOLARIZAÇÃO A ativação inicia-se no nó sinusal, no átrio direito, de cima para baixo (vetor de cima para baixo). No átrio esquerdo, a despolarização ocorre a partir do nó sinusal em direção a parte mais distal, na horizontal (vetor horizontal). O vetor resultante é o vetor onda P, vetor de ativação atrial. Acontece de cima para baixo, da direita para a esquerda, num ritmo sinusal. E a sequência de ativação atrial, inicialmente somente do átrio direito, posteriormente concomitante do átrio direito com o esquerdo e, por fim, ativação isolada do átrio esquerdo, que promove o traçado da onda P no eletrocardiograma. A onda P tem duração mais dependente de átrio esquerdo e amplitude mais dependente da intercessão de átrio direito com esquerdo. REPOLARIZAÇÃO A repolarização acontece primeiro na célula que foi a primeira a despolarizar, inverte o sentido da seta. FENÔMENO ELÉTRICO DOS VENTRÍCULOS O ramo esquerdo e o ramo direito do feixe de His são as bifurcações. O ramo direito é muito fino, e o esquerdo muito grosso. Quanto maior a área da secção transversa, mais rápida se dá a condução, porque menor é a resistência. Ou seja, o ventrículo esquerdo é ativado antes do ventrículo direito. DESPOLARIZAÇÃO As fibras de Purkinje entregam a ativação a musculatura ventricular, no endocárdio. A musculatura do ventrículo é grossa, por isso, o ventrículo despolariza de dentro para fora, do endocárdio para epicárdio. A despolarização ventricular é registrada por deflexões rápidas para cima e para baixo da linha de base, sendo resultado de infinitos vetores de ativação que podem ser sintetizados em 4 principais. 1. Parte média do septo interventricular esquerdo Nos vetores, o ramo esquerdo se trifurca em 3 fascículos: anterossuperior, posteroinferior e medioseptal. Na região do septo interventricular esquerdo que vai começar a ativação do ventrículo. 2. Parte baixa do septo interventricular esquerdo e direito Como a musculatura ventricular esquerda é muito mais espessa que a direita, o vetor de despolarização tende a esquerda. 3. Paredes livres ventriculares esquerda e direita Mais importante vetor de ativação ventricular. O ventrículo esquerdo possui mais expressão eletrocardiográfica pela sua maior quantidade de carga, então o vetor também aponta para o ventrículo esquerdo. 4. Base do coração Esse vetor pode ter qualquer orientação: esquerda, direita ou perpendicular. REPOLARIZAÇÃO A repolarização acontece primeiro na última célula que despolarizou, fazendo o vetor ter o mesmo sentido da despolarização. A representação vetorial se assemelha a onda P, de cima para baixo, da direita para a esquerda. INTERPRETAÇÕES Na superfície do corpo existem muitas diferenças de potencial, e isso pode ser registrado de vários pontos diferentes. Porém, existem postos fixos de observação da atividade elétrica do coração. DERIVAÇÕES: pontos de observação. Tais derivações são divididas em dois grupos: horizontais e verticais, em que por convenção são registradas medidas positivas (quando o eletrodo explorador está orientado e captando regiões próximas da origem de vetores) e negativas (quando o eletrodo capta a extremidade de vetores). As somas dessas resultantes isoelétricas podem ofertar traçados ricos em informação dos efeitos de determinada patologia ou alteração sobre a atividade elétrica do coração. As derivações do plano frontal são as chamadas D1, D2, D3, AVR, AVL e AVF. As derivações do plano horizontal são as chamadas V1, V2, V3, V4, V5, V6. PLANO ISOELÉTRICO: plano perpendicular ao observador que divide o que será positivo e negativo. PLANO FRONTAL As derivações D1, D2 e D3 medem a diferença de potencial entre 2 pontos (derivações bipolares). DERIVAÇÃO D1: terminal negativo no braço direito e positivo no braço esquerdo. DERIVAÇÃO D2: terminal negativo no braço direito e positivo na perna esquerda. DERIVAÇÃO D3: terminal negativo no braço esquerdo e positivo na perna esquerda. As derivações AVR, AVL e AVF medem a diferença de potencial de 1 ponto com o centro do coração, são chamadas de derivações unipolares. DERIVAÇÃO AVR: braço direito (isoelétrico). DERIVAÇÃO AVL: braço esquerdo (negativo). DERIVAÇÃO AVF: perna esquerda (positivo). TRIÂNGULO DE EINTHOVEN: Os dois braços e a perna esquerda formam o ápice de um triângulo circundando o coração. Os ápices superiores representam os braços e o inferior a perna esquerda. EIXO HEXAXIAL: reorganização do triangulo de Henthoven. Une as 6 derivações do plano frontal pelo eixo comum. Esse sistema de eixos oferece uma ferramenta com distância precisa entre cada vetor (30°) e a presença maior de vetores positivos abaixo do vetor transversal DI. Dessa forma, a graduação de cada vetor nessa região adota números positivos e, acima dela, o mesmo vetor transversal, pela maior quantidade de vetores negativos, adota uma quantificação negativa. PLANO HORIZONTAL Essas derivações, denominadas “precordiais”, exploram a face anterior do tórax e têm pontos anatômicos específicos para seu posicionamento e análise, que devem ser considerados, bem como é possível determinar sua correlação com as paredes do coração, visualizadas em corte transversal do tórax. V1: 4º espaço intercostal direito paraesternal. V2: 4º espaço intercostal esquerdo paraesternal. V3: entre V2 e V4. V4: 5º espaço intercostal na linha hemiclavicular. V5: 5º espaço intercostal na linha axilar anterior. V6: 5º ou 6º espaço intercostal na linha axilarmédia (fazer linha reta com V5). ONDAS E INTERVALOS ONDA P A onda P é a primeira onda registrada em qualquer derivação do ECG, ela representa a ativação dos átrios e é composta, na verdade, do registro da ativação de cada átrio apresentado como uma única onda. DURAÇÃO: a duração da onda P geralmente é obtida em DII e tende a ser maior conforme a idade do indivíduo: • 0,06-0,09 s em crianças; • 0,08-0,11 s em adultos; • é considerada patológica quando > 0,09 s (para < 10 anos), > 0,10 s (entre 10 e 15 anos) e > 0,11 s (em adultos). MORFOLOGIA: a onda P normal é arredondada, monofásica, pode apresentar ocasionalmente pequenos entalhes, sem que a distância entre esses entalhes exceda 0,03 s. AMPLITUDE: a voltagem normal da onda P varia entre 0,25 mV e 0,30 mV (avaliada em DII). POLARIDADE: as ondas P na superfície corporal podem ter registro positivo ou negativo, dependendo da orientação do eletrodo explorador, normalmente positiva nas derivações DI, DII e DIII, sempre negativa em aVR; as demais derivações variam de indivíduo para indivíduo. INTERVALO PR Na prática diária, a medida do intervalo PR é dada pelo início da onda P até o início do complexo QRS. O significado eletrofisiológico disso seria o tempo de condução através do nó AV. O intervalo PR varia com a idade e a FC do indivíduo, mais curto em crianças e mais alongado em idosos. Em adultos, normalmente, esse intervalo não ultrapassa 0,20 s; o valor mínimo para crianças não ultrapassa 0,09 s e para adultos 0,12 s. Abaixo desses valores deve-se suspeitar de ritmo ectópico e para valores acima de 0,20 s deve-se pensar em atrasos de condução. COMPLEXO QRS O complexo QRS representa a ativação ventricular e apresenta uma morfologia pontiaguda, ao contrário das arredondadas P e T. DURAÇÃO: este complexo possui uma duração normal entre 0,05 s e 0,11 s, com uma média de 0,07 s. Como na onda P, o complexo QRS tende a ser maior quanto maior a idade. De forma prática, a duração de complexo QRS não deve exceder 2,5 quadrados menores do papel do ECG. MORFOLOGIA: a morfologia deste complexo é altamente diferenciada, assim não há um padrão que possamos ditar como normalidade. AMPLITUDE: também é variável, dependendo das condições cardíacas e extra cardíacas do paciente. Obesidade, enfisema pulmonar, derrames pericárdicos, miocardiopatia dilatada e edemas são situações que favorecem o registro de baixa voltagem deste complexo. POLARIDADE: a polaridade média deste complexo em indivíduos normais apresenta um caráter predominantemente positivo em regiões anteroesquerdas e posteroesquerdas do tórax e, predominantemente, negativo à direita do precórdio e em regiões próximas do ombro direito. SEGMENTO ST O segmento ST é observado imediatamente no final do complexo QRS e início da onda T, geralmente ele adota um caráter isoelétrico, tolerando um desnivelamento máximo de 1 mm. ONDA T Esta onda representa a repolarização ventricular e tal processo se realiza no mesmo sentido da ativação ventricular. DURAÇÃO: deve-se enfatizar que as características normais da onda T não devem ser medidas isoladamente, estando tal medida embutida no cálculo do intervalo QT. MORFOLOGIA: esta onda é arredondada e assimétrica, sendo a primeira porção mais lenta que a segunda. AMPLITUDE: relativamente menor que QRS, quase sempre abaixo de 6 mm nas derivações inferiores. POLARIDADE: normalmente a polaridade da onda T adota um caráter positivo na maioria das derivações, contudo em situações especiais ele adota um caráter diferente e não patológico. INTERVALO QT É o período entre o início do complexo QRS e o final da onda T e corresponde à duração total da sístole elétrica ventricular. Esse intervalo é maior em mulheres do que em homens, aumentando em ambos com a FC, para os limites de 45-115 bpm; os limites nor- mais desse intervalo giram em torno de 0,46-0,30 s. O intervalo QT aumenta conforme o avanço da idade e durante o sono. O internado QT deve ser melhor mensurado comumente em V2 e V3 e deve ser corrigido pela frequência (QTC ou QT corrigido) já que a sístole elétrica aumenta com a diminuição da frequência cardíaca. A fórmula de Bazett, embora sujeita a críticas é a mais empregada: ONDA U Esta onda pode ser observada no final da onda T especialmente nas derivações V3 e V4. Ela é pequena e arredondada, geralmente de baixa frequência, é positiva nas derivações inferiores e precordiais e negativa em aVR, sua amplitude alcança cerca de 5-25% da onda T e suas maiores amplitudes são notadas em V2 e V3, podendo alcançar 2 mm, mas atinge em média 0,33 mm. Ela é inversamente proporcional a FC, assim é comum encontrá-la maior em atletas e bradicardíacos e menor em crianças.
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