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OAB - DIREITO PENAL - COMPLETO

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TEORIA DA NORMA
· Aplicação da lei penal no tempo:
A regra geral da aplicação da lei penal no tempo está no artigo 5º, inciso XL, da CF a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. A lei penal não retroage a fatos anteriores e nem ultraje a fatos posteriores. Durante o período da vacatio legis a lei NÃO pode ser aplicada as pessoas, é como se ela não existisse, a lei pode ser revogada antes mesmo de acabar a vacatio legis, mesmo a lei sendo mais benéfica no seu período de vacatio legis NÃO pode ser aplicada. 
A pergunta é: quando termina o período de eficácia de uma lei penal? Existem três possibilidade de acordo com o tipo de lei que está analisando: a) lei penal comum, é aquela que foi feita para durar por tempo indeterminado. Exemplo: Código Penal. A perda de eficácia depende de uma revogação, só quando ela for revogada por uma nova lei é que ela deixará de ser eficaz, essa revogação pode ser expressa ou tácita, a lei nova expressamente revogou a anterior ou tácita quando a lei é mais nova trata do mesmo assunto tornando a lei anterior desnecessária. Exemplo: o artigo 218-B, do CP revogou tacitamente o artigo 244-A do ECA. E a revogação pode ser integral ou parcial; b) lei penal temporária, é aquela que traz no próprio texto dela uma data para auto revogação dela. Exemplo: lei geral da copa em um dos seus artigos fala “que os crimes previstos nessa lei vigerão até o dia 31/12/2014”; c) lei penal excepcional, é aquela que está vinculada a um fato excepcional, enquanto o fato existir a lei é eficaz quando o fato desaparecer ela perda a eficácia. Exemplo: código penal militar tem um capítulo inteiro que trata dos crimes praticados durante a guerra, guerra é uma situação extraordinária, então este capítulo inteiro do código penal militar tem natureza de lei excepcional, essa lei não se auto revogada, continua existindo só deixa de ser eficaz.
O próprio artigo 5º, no inciso XL, da CF diz que a lei penal é irretroativa salvo quando for para beneficiar o réu (lex mitior) e são em duas situações que isto pode acontecer:
a) abolitio criminis: está previsto no artigo 2º, caput, do CP. A lei nova deixa de considerar um fato como crime, não é mais previsto na lei como crime, o fato sumiu da lei. A abolitio criminis retroage para extinguir a PUNIBILIDADE, o fato deixa de ser punível (artigo 107, inciso III, do CP). Se a abolitio criminis acontecer antes do transito em julgado da condenação não haverá condenação, não há efeitos, ou seja, não te pena, não tem reincidência, não tem mal antecedente, não tem sentença para executar no cível. Se a abolitio criminis acontecer depois do transito em julgado da condenação é como se nada tivesse existido no direito penal, só atinge os efeitos penais da condenação, se ele estava cumprindo pena é posto em liberdade, se está pagando pena de multa para de pagar, se virou reincidente volta a ser primário, se passou a ter mal antecedentes volta a ter bons antecedentes. Os efeitos civis, administrativos vão continuar (efeitos extra penais), então se a vítima pegou a sentença penal condenatória e foi para o cível executar para ganhar uma indenização ela não terá que devolver essa indenização que ela ganhou, não vai perder o título executivo. Se por conta da sentença penal condenatória perdeu o cargo público ele não é automaticamente restabelecido ao cargo.
ATENÇÃO: as vezes a lei nova revoga um artigo da lei anterior mas o fato não deixa de ser crime, pois junta com outro artigo. Exemplo: em 2009 acabou o crime de atentado violento ao pudor. Até 2009 existiam dois crimes sexuais de violência o estupro, que era homem contra mulher em conjunção carnal e o atentando violento ao pudor, que era qualquer pessoa contra qualquer pessoa independente do sexo praticando violência ou grave ameaça ato libidinoso diverso da conjunção carnal, é por exemplo, sexo anal, masturbação, carícia sexuais. Em 2009 o atentado violento ao pudor foi revogado, o fato que era incriminado por ele foi unificado com o estupro, hoje tem um único crime sexual que é o estupro, não teve abolitio criminis pois o fato que era atentado violento ao pudor não deixou de ser crime, continua sendo crime só que agora está previsto como estupro.
b) novatio legis in mellius: nova lei para melhor, isto é, a lei penal mudou o fato continua sendo crime, mas a nova lei passou a dar um tratamento mais benéfico para quem pratica o crime. Exemplo: diminuiu a pena, mudou de regime fechado para regime semiaberto. Toda vez que a lei penal embora mantenha a incriminação do fato da ao agente um tratamento menos rigoroso a lei vai retroagir ao fato anterior. A lei sempre retroage em benefício, mas segundo o STJ é proibido combinar as leis penais no tempo, ou seja, quando uma lei nova é mais benéfica ela deve retroagir na sua integralidade para o fato anterior, não pode pegar só uma parte dessa nova lei e retroagila para combinar com a lei anterior e aplicar ao fato (Súmula 501, do STJ). Não pode combinar as leis penais, será a lei anterior ou lei nova a que for mais benéfica na íntegra dos seus dispositivos. Lei nova que for pior NÃO pode retroagir.
 ATENÇÃO: praticar atos sexuais entre 14 e 18 anos NÃO é crime, o que a lei proíbe é o ato sexual com MENORES de 14 anos que é o crime de estupro de vulnerável. Menores de 14 anos é quem tem 14 anos incompletos, ou seja, 13 anos, 11 meses, 23 horas, 59 minutos e 59 segundos, 00h do aniversário de 14 anos já pode praticar conjunção carnal. Não existe crime sexual específico a partir dos 14 anos. Agora não pode pagar para o menor praticar conjunção carnal, pois a prostituição infantojunvenil é crime até os 18 anos, se pagar menor de 14 anos é estupro de vulnerável e entre 14 e 18 anos é prostituição. Não pode filmar, tirar foto até 18 anos, pois até 18 anos existem crimes no ECA que protegem a imagem da criança e do adolescente em atividade sexual (artigo 240, do ECA). Completou 18 anos pode praticar conjunção carnal, pode pagar para isto, pois a prostituição é lícita, ilícito é a exploração sexual, a casa de prostituição. Pode filmar, NÃO tem nenhum crime em filmar adultos. Pode filmar sem a pessoa saber vai ter ilícito civil pela violação do direito a imagem, mas não tem crime em filmar sem saber.
A lei temporária ou lei excepcional aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência mesmo depois de ter decorrido o seu período por isso que diz que ela (lei temporário ou lei excepcional) tem ultra-atividade, ela será usada pelo juiz mesmo depois da sua revogação, mesmo depois da perda da eficácia (artigo 3º, do CP). Exemplo: estão em vigor as leis penais comuns e por uma razão qualquer o legislador decide fazer uma lei temporária ou uma lei excepcional e o fato passa a ser crime. Quando a lei temporária acabar/for revogada ou quando a lei excepcional perder a eficácia a legislação penal comum volta e o fato deixa de ser crime na lei penal comum teoricamente ocorreria uma abolitio criminis, está abolitio criminis NÃO vai retroagir. A sentença só veio quando a lei temporária já tinha retroagido ou quando a lei excepcional perdeu a eficácia o juiz vai julgar a pessoa com base na lei temporária ou lei excepcional.
Tempo do crime considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado, isto é a teoria da atividade. O crime é praticado no momento da conduta e esta pode ser por ação ou omissão (artigo 4º, do CP). Exemplo: o tiro foi dado no dia 11/01 e a morte só aconteceu no dia 11/07 o homicídio foi praticado no dia 11/01 e nesse espaço de tempo a lei mudou/foi revogada, pela regra geral a lei anterior vai ser aplicada a esse homicídio, foi a lei da data do crime, para a lei nova ser aplicada a esse agente só vai poder se ela retroagir e a lei penal só retroage quando for mais benéfica.
Súmula 611, do STF a competência para aplicar a lei mais benéfica depois do transito em julgado da condenação é do juízo da execução penal. Exemplo: está sendo processado por um crime na 1ª Vara Criminal veio a lei nova e aboliu o crime quem aplicaessa lei mais benéfica é o juiz da 1ª Vara Criminal. Agora foi condenado em 1ª instância e está no Tribunal de Justiça com a apelação e neste momento veio a lei nova e aboliu o crime quem aplica essa lei mais benéfica é o Tribunal de Justiça que estiver julgando a apelação. Outro ponto está no STF com um recurso extraordinário discutindo o crime naquele momento veio a lei nova e aboliu o crime quem aplica essa lei mais benéfica é o STF que está julgando o meu recurso. Hoje nem precisava mais dessa Súmula porque a lei de execução penal 7210/84 já disse isso no seu artigo 66, este artigo trata da competência do juiz da execução, que compete ao juiz da execução extinguir a punibilidade ou aplicar a lei mais benéfica.
Súmula 711, do STF a lei penal mais grave aplica-se ao crime permanente ou crime continuado se a sua vigência for anterior a cessação da permanência ou da continuidade. Exemplo: comecei o crime permanente na vigência da lei 1 e o crime só acabou na vigência da lei 2 e esta é pior para o agente, deu um tratamento mais grave para ele, o STF entende que essa lei que é mais grave pode ser aplicada, ou seja, a lei 2 foi anterior, entrou em vigência antes do término do crime, então é ela que vai ser aplicada. Crime instantâneo é aquele que acontece e acaba. Exemplo: matei e ele morreu, acabou. Crime permanente é um crime cuja pratica dele se estende no tempo. Outro exemplo: furto Exemplo: sequestro, sequestrei a vítima e a mantive no cativeiro por 19 anos, tive 1 sequestro que durou 19 anos. Outro exemplo: associação criminosa, 3 pessoas se associam para praticar crime durante 1 ano, praticou apenas uma associação criminosa e durou 1 ano. Mais um exemplo: furto de energia elétrica. Crime continuado é uma regra de concurso de crimes, ou seja, houve vários crimes, mas o agente responde como se fosse um só, (artigo 71, do CP).
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
· Lei penal no espaço:
A regra de aplicação da lei penal no espaço é o principio da territorialidade, a lei penal brasileira ressalvada as regras internacionais será aplicada aos crimes praticados no território brasileiro (artigo 5º, do CP). A territorialidade é relativa, como a doutrina gosta de chamar é temperada, porque a lei penal brasileira será aplicada aos crimes no território nacional, salvo se um tratado internacional dispuser de forma diferente.
O território nacional é terra, mar e espaço aéreo e no artigo 5º, parágrafo 1º, do CP fala que consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar, ou seja, vai ser aplicada a lei brasileira quando estiver nas áreas que não são de nenhum pais, áreas que são internacionais, pertencem a todos. Quando chegar no outro país a lei aplicada vai ser daquele país. Exemplo: se tiver uma embarcação pública em Buenos Aires levando a presidente Dilma, se acontecer alguma crime dentro dessa embarcação será aplicada a lei brasileira, mesmo que esta embarcação esteja fora do Brasil.
O artigo 5º, parágrafo 2º, do CP fala que também é aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Exemplo: se a embarcação estrangeira privada está no mar brasileiro vai ser aplicada a lei brasileira. Outro exemplo: quando vai fazer um cruzeiro e embarca o cassino do navio está fechado porque embora a embarcação seja estrangeira e privada de algum lugar onde o jogo é permitido ela está no mar territorial brasileiro, então está embarcação fica regulada pela lei brasileira.
O artigo 7º, do CP traz algumas situações de extraterritorialidade, ou seja, o crime aconteceu fora do Brasil, mas pode aplicar a lei brasileira a ele.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; Exemplo: falsificou dinheiro brasileiro na Turquia, pode ser aplicada a lei brasileira para este crime, é um crime contra a fé pública do Brasil.
 c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; Exemplo: diretor da Petrobras está na Suíça receba dinheiro de corrupção, praticou crime de corrupção contra a administração pública brasileira.
OBS: essas três alíneas (a, b e c) são chamadas de princípio da proteção, pois quer proteger o Estado brasileiro.
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; Exemplo: um brasileiro está na Alemanha praticando genocídio, pode ser aplicada para o brasileiro a lei brasileira, isto é chamado de principio da representação é para deixar claro que esse brasileiro não representa o Brasil, não representa a ideologia brasileira.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. A lei brasileira vai ser aplicada independente de qualquer condição, é incodicionada. A pergunta é: isso não pode acabar gerando um bis in idem? Foi condenado no estrangeiro e cumpriu a pena e quando chegar no Brasil vai ser condenado novamente e vai cumprir a pena? O bis in idem é proibido pela Constituição e pelos pactos internacionais, justamente para evitar o bis in idem o artigo 8º, do CP diz que as penas devem ser compensadas, ou seja, se o agente foi condenado no estrangeiro e no Brasil também e cumpriu uma parte da pena no estrangeiro vai aproveitar isso aqui. Exemplo: foi condenado no estrangeiro a 10 anos e aqui no Brasil a 12 anos, se ele cumpriu 10 anos lá só terá que cumprir mais 2 anos aqui. Agora se fosse ao contrário ele foi condenado no estrangeiro a 12 anos e aqui foi condenado a 10 anos, se ele cumpriu a pena de 12 anos lá a pena daqui estará extinta.
 II - os crimes: 
 a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; Quando o Brasil assina tratados internacionais, estes criam compromissos do Brasil com outros países. É chamado de principio da justiça universal, também conhecido como principio cosmopolita, se esse crime aconteceu fora do Brasil, a lei brasileira poderá ser aplicada a quem praticou. Exemplo: tem um colombiano vendendo drogas da Colômbia para os Estados Unidos, pode aplicar a lei brasileira a esse colombiano.
 b) praticados por brasileiro; Crimes praticados por brasileiros fora do Brasil, a lei brasileira pode ser aplicada, isto é chamado de principio da nacionalidade ativa alguns chamam também de personalidade ativa, porque o sujeito ativo do crime era um brasileiro.
 c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Crimes praticados em embarcações ou aeronaves brasileiras privadas no estrangeiro desde que não seja julgado no estrangeiro, no lugar onde foi praticado, isto é chamado de principio da bandeira, como a bandeira da aeronave é brasileira posso aplicar a lei brasileira.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: A aplicação da lei brasileira é condicionada.
a) entrar o agente no território nacional; Exemplo: estava na França e praticou um furto só vai ser punidopelas leis brasileiras se vier para o Brasil. 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; Se o agente for absolvido ou tiver cumprido a pena no estrangeiro não pode ser mais condenado aqui.
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior. Exemplo: foi roubado na Argentina pode ser aplicada a lei brasileira só que além de estarem presentes todas as condições do parágrafo 2º, tem que estar presente: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; O país aonde aconteceu o crime não pediu a extradição ou o Brasil negou a extradição, então a pessoa vai ficar no Brasil. Exemplo: um argentino furtou minha carteira na Argentina, ele veio para o Brasil, também é crime na Argentina, a extradição seria possível, mas a Argentina não pediu e ele não foi condenado e não cumpriu a pena lá, ele está aqui no Brasil se ouvir o Ministro da Justiça pode puni-lo. 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. O Ministro da Justiça tem que ser ouvido porque é uma questão de relações internacionais e quem cuida de relação internacional é o Poder Executivo.
TEORIA DO CRIME
O conceito analítico de crime adotado no Brasil é aquele que conceitua o crime como sendo fato típico, antijurídico e culpável. Antijurídico é sinônimo de ilícito.
Dentro de fato típico se analisa a conduta, que é uma ação ou omissão humana voluntária, dolosa ou culposa. Exemplo: matar, constranger, subtrair. A conduta praticada pelo agente ou omitente que está na lei prevista como crime. A conduta prevista no homicídio é matar alguém, então matar é uma ação humana voluntária dolosa ou culposa. Além da conduta se analisa o resultado, é a consequência da conduta no bem jurídico tutelado. O bem jurídico tutelado pelo homicídio é a vida, a conduta do homicídio é matar e a morte é o resultado do homicídio. Resultado do crime é a modificação causada no bem jurídico tutelado pela conduta. Entre a conduta e o resultado existe uma relação, a conduta foi a causa do resultado, essa relação é chamada de nexo de causal. É preciso que o fato tenha tipicidade, é o elemento que vai pegar um fato que até então era um fato social e vai trazer para a lei penal. Quando analisa se um fato é típico aqui no Brasil vai se analisar a tipicidade formal e a tipicidade material. A tipicidade formal é o aspecto pratico do principio da legalidade para que um fato seja crime tenho que encontrar o fato na lei, não a crime sem lei anterior que o defina. É procurar na lei se o fato está previsto ou não como crime, é a adequação típica. Toda vez que o fato não estiver previsto na lei como crime a questão envolve tipicidade formal e o fato é atípico, não tem crime. Já a tipicidade material é a lesividade do fato, tem que ver se o fato causou uma lesão ou um perigo de lesão grave relevante o suficiente para aplicar o direito penal. Se chegar a conclusão que o fato embora previsto em lei como crime não foi lesivo ou causou uma lesão muito pequena, ai exclui a tipicidade desse fato. Exemplo: o agente furtou um carro, isto representa uma lesão relevante para aplicar o direito penal. Agora o agente furta uma garrafa d’água que custa R$ 2,50, isto não representa uma lesão relevante para o direito, neste caso vai ser aplicado o principio da insignificância. Para um fato ser típico não basta que ele se encaixe na lei (tipicidade formal) é preciso também que o fato represente uma lesão ou um perigo de lesão relevante. Para Zafaroni o principio da insignificância é aplicado como excludente da tipicidade material, tornando o fato atípico materialmente, ou seja, vai excluir a tipicidade quando a lesão produzida pelo fato não foi grave suficiente para tipifica-lo e o Brasil adota esse modelo do Zafaroni. E se o fato é atípico ele não é crime. Fato típico é quando está previsto na lei como crime e é lesivo.
O STF e o STJ aplicam o principio da insignificância, só que eles tentaram criar parâmetros para aplicar este principio, então eles desenvolveram 4 requisitos que devem ser analisados para aplicar ou não o principio da insignificância. os 4 requisitos são: 1) mínima ofensividade da conduta, qual era o poder lesivo dessa conduta; 2) nenhuma periculosidade social do fato, se o fato foi perigoso para a sociedade; 3) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do agente, olhar para o fato e vê se é reprovável ou não; 4) inexpressividade da lesão ou do perigo de lesão. O principio da insignificância também pode ser chamado de principio da bagatela ou do crime de bagatela, esse nome (principio da bagatela) é usado mais quando o crime é patrimonial.
ATENÇÃO: pode aplicar o principio da insignificância nos crimes contra a ordem tributária, sonegações, apropriações tributárias, mas tem uma peculiaridade neste caso o STF passou a entender que o principio da insignificância pode ser aplicado nos crimes contra a ordem tributária quando o valor total da sonegação ou da apropriação for até 20 mil reais.
Se chegamos a conclusão que o fato é típico formalmente, ou seja está previsto em lei como crime e que foi lesivo, é típico também materialmente chegamos a conclusão que esse fato tem tipicidade penal, quando chega a conclusão que o fato tem tipicidade passa para o 2 elemento do crime que é a antijuricidade, só vai para antijuricidade depois de chegar a conclusão que o fato é típico. A antijuricidade é sinônimo de ilicitude. Antijurídico significa contrário ao direito, o fato ser proibido pelo ordenamento jurídico. Quando chega a conclusão da tipicidade temos indícios da ilicitude, da antijuricidade, a principio um fato que típico será também antijurídico.
QUESTÃO DE PROVA: furto de uso o crime de furto diz subtrair coisa alheia móvel para si ou para outrem. João sabendo que o patrão da mãe dele estava viajando resolveu subtrair o carro para passear com a namorada e devolver no final do dia nas mesmas condições que pegou, neste caso João não subtraiu para si ou para outrem, ou seja, não subtraiu o carro para ficar com ele ou para ficar com um terceiro, ele subtraiu para uso e posterior devolução, esse fato não pode ser tipificado no furto, pois não tinha a vontade de se tornar dono da coisa, o fato não se adequa ao tipo penal, isto se chama furto de uso e esse fato é atípico, pois furto de uso não está na lei (tipicidade formal).
A própria lei prevê situações que exclui a ilicitude, ou seja, o fato que é típico em regra está proibido pelo direito, é ilícito, mas isso não é uma regra absoluta, pois existem situações que a lei pode autoriza praticar. Se houver alguma excludente o fato é típico, porém é lícito e sendo lícito não é crime. Embora o fato seja típico, as excludentes tornam o fato lícito
As excludentes de ilicitude são (artigo 23, do CP):
a) legitima defesa;
b) estado de necessidade;
c) estrito cumprimento do dever legal;
d) exercício regular de direito.
A legítima defesa (artigo 25, do CP) - age contra um agressor, isto é, está repelindo uma agressão para fazer com que aquela agressão cesse, para fazer com que aquela agressão pare. A agressão que a pessoa quer repelir é sempre um ato humano por isso que quando o cachorro morde é estado de necessidade, porque o cachorro não é humano e a agressão que autoriza a legítima defesa tem que ser injusta, ou seja, ser ilícita, mas para que um fato seja ilícito primeiro ele tem que ser típico e ilícito, não precisa ser culpável, então não precisa ser crime, mas tem que ser ilícito. ATENÇÃO - QUESTÃO DE PROVA: Maria estava dormindo quando é acordada por um barulho dentro do seu quarto ao acender o abajur percebe que João seu marido numa crime de sonambulismo se dirige em direção a ela com uma faca para matá-la, Maria sendo maisrápida pega o abajur e atinge João na cabeça se defendendo assim do intento homicida do sonambulo. O sonâmbulo não tem controle voluntário do que ele faz e portanto o fato é atípico, então nem analisa a ilicitude. Maria está em perigo, não pode agir em legítima defesa contra o sonâmbulo porque o fato é atípico, mas pode repelir o perigo sacrificando a vida do sonambulo, seria então estado de necessidade. A legitima defesa tem que ser atual ou iminente, atual está acontecendo agora já começou e ainda não acabou, é uma agressão em curso. A agressão iminente é aquela que ainda não começou, mas está prestes a começar tem certeza que vai ser agredido. Não pode agir em legítima defesa contra agressões que já acabaram, isso não seria defesa isso seria vingança e também não pode se defender de agressões futuras, prováveis, porém não são certas, não estão na iminência de acontecer. A legítima defesa pode proteger qualquer direito e esse direito pode ser próprio ou alheio, posso defender direitos meus ou posso defender direitos de terceiros. No caso concreto tem que analisar se o meio usado para legítima defesa foi moderado, o excesso na legítima defesa pode aparecer de duas formas, porque eu usei um meio além do que eu podia, mais intenso ou o excesso pode aparecer porque eu usei o meio correto mas fui além de onde eu devia. Exemplo: dei um tiro e a pessoa caiu, cheguei mais perto e dei outro tiro, não pode, acabou a agressão acaba a legítima defesa. A legítima defesa não exclui o excesso, se houve excesso este é ilícito.
O estrito cumprimento do dever legal e exercício regular do direito - estrito cumprimento do dever legal significa observar os limites, sem desvios, sem excessos. Dever legal significa que tem uma obrigação, está obrigado a praticar esse fato, não é uma faculdade, não é uma opção é uma obrigação só que isso que ele está obrigado a fazer é um fato típico, ou seja, em regra quando as pessoas fazem isso praticam um crime, mas a lei mandou que a pessoa fizesse em alguma situação, em regra quando fazem isso é crime, mas para pessoa é lícito porque estava cumprindo o que a lei mandou fazer. O estrito cumprimento do dever legal a pessoa tem a obrigação de fazer tal ato e foi a lei mandou fazer. Exemplo: eu não posso trancar uma pessoa em uma sala porque não gostei dela, mas o policial no seu estrito cumprimento do dever legal pode fazer isso quando vai prender uma pessoa. QUESTÃO DE PROVA: João é policial e está cumprindo uma ordem de prisão ao chegar na comunidade onde deveria prender o traficante é recebido a tiros por ele e durante a troca de tiros acaba matando o traficante que devia prender, NÃO houve o estrito cumprimento do dever legal, pois a lei não mandou matar esse traficante, o estrito cumprimento do dever legal só exclui a ilicitude daquilo que a lei mandou fazer. o que tem nesse caso é uma legítima defesa (troca de tiros), houve homicídio em legítima defesa. Exercício regular do direito Exemplo: quando qualquer um do povo pega uma pessoa em flagrante cometendo um crime e prende essa pessoa levando até a delegacia, está no exercício regular do direito de prender em flagrante, tem o direito de fazer isso. Outro exemplo: lutas marciais ou de competição tem contato corporal dento das regras das lutas é possível lesionar o adversário, essa lesão corporal é considerada lícita. Outro exemplo: quando o pai coloca de castigo o filho no final de semana, não é cárcere privado, o pai está no exercício regular do direito.
ATENÇÃO: ficam proibidos quaisquer tipo de castigos físicos e de humilhações excessivas na atuação educacional seja pelos pais, seja pelo professor na escola, seja pelo tutor ou curador (artigo 18-A, do ECA).
Além das excludentes de ilicitude gerais nada impede que a lei preveja excludentes de ilicitude específicas. As excludentes gerais são gerais porque estão na parte geral do Código Penal, teoricamente as 4 excludentes podem ser aplicadas a qualquer crime. Tem crime no estatuto do idoso, posso aplicar essas excludentes, tem crime no Código de Defesa do Consumidor, posso aplicar essas excludentes. A excludente específica não exclui a ilicitude de qualquer crime, exclui a ilicitude de crimes determinados, de crimes específicos. Exemplo: artigo 128, do CP. 
E a doutrina defende que exista pelo menos uma excludente supralegal, isto é, significa que pelo menos tem uma excludente que não está na lei, uma excludente que foi criada pela doutrina e pela jurisprudência, essa excludente é o consentimento do ofendido, ou seja, quando o crime for praticado com autorização da vítima diante de alguns requisitos a ilicitude será excluída. Exemplo: quebrar o meu telefone com o meu consentimento é típico, mas será lícito porque o consentimento afasta a ilicitude, é uma causa supra legal, pois não está na lei. O consentimento do ofendido pode excluir o crime de duas formas tornando o fato atípico quando ele estiver no tipo penal como elemento ou então excluindo a ilicitude quando não estiver no tipo penal como elemento. Exemplo: violação de domicílio (artigo 150, do CP “Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências”) é atípico quando a pessoa entra na casa com consentido do ofendido. Se o fato estiver no tipo vai excluir a tipicidade tornando o fato atípico. Exemplo: crime de dano (artigo 163, do CP “Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”) não disse que é sem consentimento, então quando eu olho para o crime de dano é um fato típico, se destruir porque a pessoa deixou será típico do mesmo jeito, mesmo que eu tenha destruído sem o consentimento o fato é típico de qualquer maneira ou mesmo que eu tenha destruído com o consentimento o fato é típico, a doutrina fala que embora o consentimento não esteja na lei ele irá excluir a ilicitude como uma causa supralegal de exclusão, ou seja, o fato da pessoa quebrar o meu celular com o meu consentimento é típico, mas será lícito, pois o consentimento afasta a ilicitude ou antijuricidade. Para que tenha a exclusão da ilicitude tem que haver 4 requisitos: a) o ofendido tem que ser capaz; b) o consentimento tem que ser livre, ou seja, não teve violência, não teve grave ameaça; c) o direito deve ser disponível. Exemplo: patrimônio é disponível (posso autorizar quebrar o meu celular), honra, liberdade (big brother), a integridade física para lesões leves é disponível. A vida é indisponível; d) o consentimento tem que ser anterior ou concomitante, na hora de praticar o fato a pessoa deve ter ciência de que foi consentido, fez porque a vítima deixou, esse consentimento exclui a ilicitude.
A culpabilidade é o único elemento do crime que recai sobre o homem e não sobre o fato, é um juízo de reprovação que recai sobre o homem. A tipicidade e a antijuricidade recaem sobre o fato. As pessoas são punidas pelo que elas fizeram, os pensamentos e as ideologias são livres, o que não pode é praticar ações ou omissões que estão na lei como crime. 
O juízo de reprovação é analisado a partir de três elementos: 
a) imputabilidade penal, quer saber se o agente tem capacidade penal, se é capaz para o direito penal (artigos 26, 27 e 28, do CP). A capacidade penal é a capacidade de se auto determinar entre o certo e o errado, para ter essa capacidade duas coisas são necessárias, a primeira é a capacidade mental de discernir o certo do errado e o segundo aspecto é saber se controlar quanto a isso, consigo separar na minha cabeça o certo do errado, é a capacidade de auto se controlar diante do ilícito e do lícito, diante do permitido e do proibido. Essa capacidade de autodeterminação do certo e do errado tem que ser medida por um critério biopsicológico, que ora vai analisar aspectos biológicos como a idade, as doenças, ora vai analisar aspectos psicológicos como reflexo da doença na capacidade. De acordo com esse critério as pessoas vão ser divididas em 3 espécies: 1) o imputável; 2) o semi imputável; 3) inimputável. Tanto o imputável quanto o semi imputável temcapacidade, são capazes, portanto respondem pelo crime, podem ser reprovados. Já o inimputável é o incapaz, não pode responder pelo crime, tem que ser absolvido, não pratica o ilícito penal, a culpabilidade deles é excluída. O artigo 27, do CP fala que os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis respondem de acordo com a lei específica que é o ECA, completou 18 anos vira imputável e passa a responder. Menores de 18 anos não praticam crime, praticam atos infracionais análogos ao crime, se for criança não é punido, criança sofre medidas de proteção, se for adolescente vai para medida socioeducativa que pode chegar até a internação de 3 anos nas instituições. Ser penalmente inimputável significa não ser capaz de se auto determinar entre o certo e o errado. O artigo 26, do CP trata de doença mental que inimputável, não basta ser doente mental para ser inimputável é necessário que a doença mental gere incapacidade de se auto determinar entre o certo e o errado, se é inimputável vai ser absolvido, não pratica crime, só que essa absolvição é chamada de absolvição imprópria, pois embora absolvido o inimputável por doença mental sofre uma medida penal, sofre a chamada medida de segurança (artigos 96 a 99, do CP), então embora absolvido o inimputável por doença mental não vai para casa, vai ter a ele aplicada uma medida de segurança que pode ser uma internação no manicômio judiciário ou um tratamento ambulatorial obrigatório. As medidas de segurança não são aplicadas para reprovar, elas são aplicadas para prevenir novas infrações, o critério é de periculosidade. Segundo o Código Penal essas medidas de segurança podem durar para sempre, para o resto da vida do agente, por prazo indeterminado, PORÉÉM o STJ recentemente disse que isso viola o principio da proporcionalidade e determinou que as medidas de segurança podem durar no máximo o prazo da pena máxima em abstrato para infração que ele praticou. Então se um doente mental incapaz, inimputável praticar um roubo a pena do roubo é de 4 a 10 anos, logo o doente mental só poderá ter 10 anos de medida de segurança (Súmula 527, do STJ). Essa doença mental que gerou a incapacidade vai fazer com que ele não pratique crime. Se aparecer na prova doença mental dizendo que era incapaz ele é inimputável, vai ser absolvido, vai ser isento de pena. O artigo 26, parágrafo único continua tratando de doença mental só que agora ela não gera a incapacidade só reduz a capacidade, se a pessoa tem doença mental com a redução da capacidade será condenado, mas terá direito a uma diminuição da pena, então será semi imputável, este é capaz e só tem a sua capacidade reduzida, portanto ele é condenado. Se a doença mental não afetar em nada, se a capacidade dele for plena, ele não tem doença ou se tem ela não afeta em nada ele é imputável, responde plenamente pelo fato normalmente. O artigo 28, do CP vai começar dizendo o que não exclui a imputabilidade, ou seja, é imputável: a) a emoção ou a paixão – emoções e paixões alteram o ânimo, se perdeu o controle por conta da emoção ou da paixão vai responder por tudo que fizer, a emoção pode ter reflexo na pena, diminuir a pena, mas não no crime; b) a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos – a pergunta que tem que fazer é: estava embriagado por que, qual foi a razão da embriaguez? O Código Penal no que se diz respeito a embriaguez adotou uma teoria chamada actio libera in causa que vai apurar a razão da embriaguez. Exemplo embriaguez voluntária: bebeu vodka porque quis. Exemplo de embriaguez culposa: foi imprudente, tomou um remédio de alergia, misturou com a vodka e ficou completamente embriagado. Tanto a embriaguez voluntária quanto a embriaguez culposa o agente responderá pelo crime, responderá pelo que fez, não exclui a imputabilidade. O artigo 28, parágrafo 1º, do CP diz que é isento de pena a embriaguez involuntária, a embriaguez completa (embriaguez involuntária) proveniente de caso fortuito ou força maior, ou seja, tornava o agente completamente incapaz, esse agente será absolvido, é inimputável. A embriaguez involuntária completa gera a incapacidade, logo o sujeito é absolvido. Exemplo: colocou na bebida da pessoa uma substância que causava embriaguez o famoso boa noite cinderela. O artigo 28, parágrafo 2º, do CP só que agora a embriaguez incompleta (embriaguez involuntária) proveniente de caso fortuito ou força maior, ou seja, só reduz a capacidade vai ter a condenação do agente com diminuição de pena. A embriaguez patológica, o dependente químico não tem artigo no Código Penal então aplica-se a analogia, a embriaguez patológica é doença e o artigo que trata de doença é o 26, do CP. O imputável e o semi imputável tem culpabilidade, respondem pelo crime. O inimputável vai para o ECA ou vai para medida de segurança ou vai ser absolvido.
A embriaguez preordenada é aquela que o sujeito quer tomar coragem para praticar o crime, ele não tem coragem suficiente para cometer o crime, então ele se embriaga para ter essa coragem, já se embriaga para delinquir. O agente responde pelo crime e essa embriaguez preordenada é motivo de agravante (artigo 61, inciso II, alínea l, do CP).
b) potencial consciência da ilicitude, o agente é capaz de se controlar entre o certo e o errado, imputável e semi imputável, mas o agente sabia que era crime, sabia que o que estava fazendo era proibido para o direito penal, tinha consciência da ilicitude do fato praticado por ele (artigo 21, do CP - erro de proibição, pratica o crime sem saber que é crime. Exemplo: o holandês que vem para o Brasil trazendo maconha para consumo pessoal porque acha que no Brasil também é liberado o uso de maconha, o holandês está em erro de proibição. Se o agente tem consciência da ilicitude, se ele sabia que o fato era errado e mesmo assim fez, ele tem culpabilidade e responde pelo crime, PORÉÉM existem pessoas que praticam o fato ilícito sem saber que é ilícito, não tem consciência da ilicitude, não sabia que era crime, o crime acabou de entrar em vigor, por exemplo ou ele é estrangeiro e no país dele é diferente. As pessoas que praticam um fato ilícito sem saber que ele é ilícito estão em erro de proibição. Não basta apenas saber que o fato era proibido tem que saber se era possível saber que era proibido, caso seja possível saber que o fato era ilícito esta pessoa está em erro de proibição evitável e ele é culpável, será condenado. Agora existem pessoas que não tem a consciência e era impossível ter, estas estão em erro de proibição inevitável e não são culpáveis, serão absolvidas. O nome é potencial consciência da ilicitude porque pune quem tem consciência e quem podia ter essa consciência.
c) exigibilidade de conduta diversa, somente há reprovabilidade da conduta do agente que poderia agir de outro modo, mas optou de forma livre e consciente por praticar a infração penal, era exigível uma conduta diferente do que o agente teve. Exemplo: furtou, matou, estuprou será que era possível exigir dele que não tivesse feito isso, que tivesse agido de outra forma. Existem duas situações que excluem esse elemento, ou seja, duas causas de inexigibilidade, duas hipóteses que excluem o crime que estão no artigo 22, do CP que é a coação moral irresistível e obediência hierarquia. Exemplo de coação moral irresistível: um cara que mata uma pessoa porque seu filho foi sequestrado e se ele não matasse tal pessoa o filho iria morrer, neste caso exclui a culpabilidade, não tem crime. Na coação moral irresistível a pessoa é obrigada a praticar a conduta. Não dava para exigir algo diferente dele, o fato é típico e ilícito, mas não há culpabilidade e como não há culpabilidade não tem crime, o crime é excluído. Se a questão disser que a pessoa foi obrigada a praticar a conduta é coação moral irresistível, se disser que é resistível, o sujeito podia ter resistido a ela, ele responde pelo crime. A obdiência hierárquica, tem que ter hierárquia e esta só existe nas relações de trabalho públicas. Exemplo: se eu mando a minha empregada doméstica praticar um crimedizendo para ela que eu vou demiti-la isso pode ser considerado como coação moral irresistível, mas nunca como obdiência hierárquica. Se na prova disser que foi em uma empresa, em um curso, em uma igreja, foi em uma casa entre empregador e empregada doméstica será coação moral irresistível, nunca será obdiência hierárquica. Hierárquia só existe nas relações de trabalho públicas, se for relação de trabalho privado não tem hierarquia, tem que ter um órgão público. Exemplo: secretaria de obras, prefeitura, delegacia, hospital público etc. A ordem do superior hierárquico não pode ser manifestamente ilegal, ou seja, essa ordem tem que deixar o subordinado na dúvida, ficou na dúvida se aquilo era certo ou errado, o subordinado não percebe que a ordem é um crime, não fica claro. Se a ordem for claramente ilegal o subordinado tem que se recursar a fazer, se ele cumprir vai responder junto com quem deu a ordem. Exemplo: um agente que chega na delegacia e o delegado fala que tem uma ordem de prisão temporária do juiz da Vara Criminal mandando prender uma pessoa em tal endereço e é para ele ir lá realizar a prisão, está ordem aparentemente é normal, mas depois descobre que não tinha ordem de juiz nenhum que o cara era um devedor do delegado, o subordinado cumpriu uma ordem ilegal, mas ele não percebeu que era ilegal, então neste caso vai excluir a culpabilidade do agente. Na coação moral irresistível a pessoa que está praticando o fato sabe que é crime.
Só o homem pratica crime, ninguém além do homem. Como regra pessoas jurídicas NÃO praticam crimes, quem pratica crime é pessoa física. Então se a questão disser que um crime contra a ordem tributária, contra a economia, crime falimentar foi praticado no âmbito de uma pessoa jurídica, quem pratica esse crime não é a pessoa jurídica, quem pratica esse crime é a pessoa física. PORÉÉM existe uma exceção, a única possibilidade da pessoa jurídica praticar crime são os crimes ambientais, crime contra o meio ambiente, porque a Constituição disse isso no seu artigo 225, parágrafo 3º. A responsabilidade da pessoa jurídica não afasta a responsabilidade da pessoa física, então isso significa que tanto a pessoa jurídica quanto a pessoa física responderão pelo crime. O STF no final do ano de 2013 decidiu que a responsabilidade penal da pessoa jurídica e da pessoa física são independentes, então pode responsabilizar só a pessoa jurídica ou só responsabilizar a pessoa física.
ATENÇÃO: Erro de proibição direto: ocorre quando o agente acha que o fato não é crime, não tem na lei. Erro de proibição indireto: é quando o agente sabe que o fato é proibido, mas acha que tem uma excludente que não tem. Exemplo: marido que viola a correspondencia da mulher por achar que pode violar por conta do casamento, o marido sabe que violar correspondência é proibido, mas ele acha que o casamento autoriza ele violar essa correspondência. Erro de proibição mandamental: é para crime omissivo.
A conduta é uma ação ou omissão humana voluntária (o homem estava no controle daquilo, ele controlava aquilo que ele estava fazendo), dolosa ou culposa. Quem define a conduta de um crime é a lei, tipo penal é o nome técnico da norma incriminadora, da norma que descreve o crime. Exemplo: tipo penal do homicídio, matar alguém. Tipo penal furto, subtrair coisa alheia móvel para si ou para outrem etc. Em regra a conduta aparece por meio de pelo menos um verbo, quase sempre no infinitivo. Exemplo: matar, subtrair, constranger.
Se a conduta é fazer alguma coisa que é uma ação ou se a conduta é deixar de fazer alguma coisa o que é uma omissão. Se olhar para o crime e perceber que a conduta prevista por ele é uma ação, esse crime recebe um nome, uma classificação como crime COMISSIVO. Agora se olha para o tipo penal e vê que a conduta é uma omissão esse crime é chamado de OMISSIVO PRÓPRIO, recebe o nome de próprio para indicar que a conduta normal do crime é uma omissão.
ATENÇÃO: crime de falsidade ideológica é omitir em documento público ou particular informação que dele devia constar ou inserir ou fazer inserir uma informação falsa ou diferente da que tinha que ser escrita (artigo 299, do CP). São três condutas: omitir informação, inserir informação e fazer inserir informação. Omitir informação é omissão, então o crime de falsidade ideológica no verbo omitir é um crime omissivo próprio. Inserir é fazer, então no verbo inserir a uma ação e portanto o crime é comissivo.
O legislador decidiu que em algumas situações o crime que na lei é comissivo poderá ser praticado por omissão. O crime exige uma ação, mas vai tipificar nele uma omissão. A omissão não é uma conduta normal desse crime, a conduta normal desse crime é uma ação. Esse crime vai ser chamado de comissivo por omissão ou de omissivo impróprio, impróprio porque a omissão não é a conduta normal do crime, não é a conduta que a lei previu para esse crime. Isso pode acontecer no artigo 13, parágrafo 2, do CP, a omissão só se torna relevante quando tem as duas coisas juntas, dever e possibilidade de agir, devia e podia agir para impedir o resultado. Esse dever pode vir da lei, os pais em relações aos filhos, os bombeiros em relação as vítimas de acidente, os policiais, esses tem dever legal. O dever pode ser assumido voluntariamente, nos contratos de trabalho a babá, por exemplo, a babá não tem dever legal de cuidados com a criança, o dever dela é contratual. Outro exemplo de dever voluntário é o salva-vidas da piscina do condomínio, é um dever contratual, agora os salva-vidas que ficam na praia tem um dever legal. A pergunta é? precisa de um contrato? Não. Exemplo: minha cunhada foi viajar durante 1 semana e pediu para deixar o filho na minha casa comigo e eu aceito, o dever voluntario não precisa ser contratual. E a última hipótese é o dever daquele que cria o risco, ele não tinha dever pela lei, não assumiu voluntariamente, só que criou o risco e quando ele cria o risco passa a ter dever. Exemplo: um cara que convida uma pessoa para bater um pega no carro junto com ele, está criando um risco para pessoa que está de carona. outro exemplo: uma pessoa que empurra um bêbado em uma piscina, quem jogou vai responder pelos resultados se não impedir.
QUESTÕES DE PROVA: 1) mãe não podia dar o remédio para o filho porque não tinha no posto de saúde e ela não tinha dinheiro para comprar. A questão está dizendo que a mãe se omitiu em dar um remédio para o filho, a mãe tem dever legal, só que a mãe não tinha possibilidade de agir. 2) O policial é policial 24h por dia ai a questão fala que o policial está na praia com o filho dele de sunga, desarmado e sem telefone, ai acontece um arrastão, ai o policial pega o filho e corre, embora o policial tendo o dever legal ele não tinha a possibilidade. 3) A diretora de uma escola infantil sabia que uma das recreadoras da escola praticava atos libidinosos com as meninas de 8 anos e para não se indispor com os professores ela não fazia nada. A diretora da escola tinha o dever de zelar pela dignidade sexual crianças que ali estudavam, a diretora podia ter agido, só não agiu porque não queria se indispor com os professores. Neste caso ela responde por estupro de vulnerável, só que não tem concurso de pessoas, cada uma com o seu crime, a recreadora porque fez e a diretora porque se omitiu quando podia e deveria ter agido para impedir. Para a omissão ser tipificada tem que ter dever e possibilidade e responde por aquilo que não impediu.
OBS: principio da adequação social é um principio que diz quando um fato criminoso se adequa a sociedade, e essa adequação a sociedade teria a força de afastar a eficácia desse crime, mas os Tribunais não aceitam isso, ou seja, se alguém for denunciado pela contravenção de jogo do bicho vai ser condenado por ela, pois os tribunais não aceitam essa ideia de que seria possível afastar a eficácia de uma norma por um costume social, só pode afastar a eficácia por decisão judicial ou por uma nova lei que revogue a lei anterior, enquanto isso não acontecer a lei terá eficácia. Exemplo: jogo do bicho, é uma contravençãopenal, está na lei só que é adequado a sociedade.
Para ser conduta tem que ser voluntária, isto é, a pessoa que praticou a ação ou omissão tinha controle do que estava fazendo ou se omitindo. Para ter controle da ação ou da omissão precisa de duas coisas: 1) a pessoa tem que estar consciente; 2) a pessoa deve ter controle físico do corpo, controla o seu movimento corporal. As situações chamadas de estado de inconsciência excluem a conduta. Exemplo: sonambulo está inconsciente, então não tem controle do que está fazendo, se o sonambulo no meio da noite pegar uma faca e matar uma pessoa que está do seu lado, não terá homicídio, pois não tem conduta para o direito penal. Outro exemplo: a hipnose é tida pela doutrina majoritária como estado de inconsciência, exclui a conduta. O desmaio também é um outro exemplo que exclui a conduta, é um estado de inconsciência, é um ato involuntário. Todas as hipóteses de inconsciência vão afastar a conduta MENOS as derivadas da embriaguez. Se a questão falar que o sujeito estava inconsciente porque estava embriagado ou porque cheirou cocaína, se a questão disser que ele estava inconsciente por conta da embriaguez seja por droga lícita ou droga ilícita, a embriagues é analisado na imputabilidade (artigo 28, do CP). Se o sujeito se embriaga porque quer (embriagues voluntária) responde pelo crime que praticou. Se a pessoa estava embriagada houve conduta, analisa o fato típico, analisa se é antijurídico e depois analisa a embriagues para saber se a pessoa tem ou não culpabilidade. Estado de inconsciência exclui a conduta, porque torna esse ato involuntário, se o ato é involuntário não houve conduta e o fato é atípico, não pode tipificar. Qualquer circunstâncias que exclua o controle do corpo exclui a conduta. Exemplo: movimento reflexo, tosse, espirro, não tem controle sobre isso. Outro exemplo: todas as situações de movimento que sejam frutos de caso fortuito ou força maior, funcionária da limpeza do curso antes da aula foi fazer a limpeza da sala e deixou um canto da sala molhado, eu não vi escorrego no molhado e caiu em cima de um aluno e machuco o aluno, eu não posso responder por essa lesão corporal, foi um caso fortuito não tem um controle físico sobre essa lesão que foi causada. Outro exemplo: força maior coação física irresistível é quando o coator exclui o controle dos movimentos do corpo do coagido, ou seja, ele vira um instrumento do coator, se ele não controla o corpo dele não há conduta, pois é involuntário, então o fato é atípico. Então a consequência da coação física irresistível é tornar o fato atípico. Quero lesionar Maria e eu empurro João na direção de Maria, quem lesionou Maria fui eu e não o João.
A coação moral irresistível é quando o coator obriga o coagido a praticar a conduta sem deixar uma escolha para ele, ou ele fazia ou algo muito pior iria acontecer, isto caracteriza uma inexigibilidade de conduta diversa que exclui a culpabilidade, era impossível exigir uma conduta diferente.
Dolo e culpa são elementos subjetivos da conduta. Dolo e culpa não tem nada a ver com a consciência da ilicitude, independente de saber se é crime ou não, a pessoa quer matar, quer estuprar, não precisa saber que isso é crime. O fato de querer matar não depende de saber que homicídio é crime, mesmo que não sabe que é crime quis fazer, então teve dolo. O dolo não é normativo, o dolo é natural, é humano.
Dolo é a vontade ou a aceitação de causar um resultado, quer ou aceitar praticar aquela conduta. O dolo pode ser dividido em:
a) dolo direto – é regido por uma teoria chamada teoria da vontade, a dolo direto quando o agente sabe o que está fazendo e quer fazer. Todas as espécies de dolo estão compostas por 2 elementos, no caso do dolo direto é “sabe” e “quer”, sei que estou matando uma pessoa e quero mata-la. A doutrina brasileira diferencia o dolo direto em 1º grau e 2º grau. O dolo direto de 1º grau é a vontade, é querer realizar o objetivo principal. Exemplo: matar o inimigo e dei um tiro na cabeça dele. O dolo direto de 2º grau está relacionado ao meio escolhido para alcançar o objetivo principal. Dependendo do meio que a pessoa escolheu para alcançar o objetivo principal outros resultados certos vão acontecer também e esses outros resultados que são certos, que ele tem a certeza que vão acontecer, que são obrigatórios, que se ele agir daquela forma vão acontecer ocorrem a título de dolo direto de 2º grau, são o que compõe o dolo direito de 2º grau. Exemplo: quero matar o meu inimigo e ele está dentro da sala com várias pessoas, então para mata-lo vou trancar as portas e vou colocar um gás toxico letal dentro do ar condicionado, ou seja, além de matar o inimigo vai matar as outras pessoas que se encontram na sala também, são resultados certos, tenho certeza de que iria acontecer, então vai ser dolo direto de 1º grau quando eu matei o meu inimigo e dolo direto de 2º grau quando matei as outras pessoas. Não é para confundir com dolo eventual, pois no dolo de 2º grau não está assumindo o risco de matar as pessoas, tem certeza que essas pessoas vão morrer, não está assumindo risco nenhum, está matando com certeza, assumir risco é dúvida. O dono eventual é assumir o risco pode ser que aconteça como pode ser que não aconteça, no dolo direto de 2º grau é certeza.
b) dolo indireto – é dividido em dolo alternativo e dolo eventual. O dolo indireto alternativo é quando o agente prevê que a conduta dele pode causar vários resultados e o agente quer qualquer um dos resultados, ele quer um ou outro, tanto faz, qualquer coisa está bom. Exemplo: taquei uma pedra na cabeça do meu inimigo ele pode morrer ou posso causar uma lesão nele. O dolo indireto eventual é assumir o risco é conceituado por uma teoria chamada teoria do consentimento e esta teoria diz que para ter dolo eventual primeiro é preciso prever o resultado, segundo é preciso aceitar esse resultado, previ que era possível acontecer o resultado. Se eu agir dessa forma posso acabar matando alguém, tem que passar pela cabeça da pessoa. Aceitar o resultado é por exemplo não quero que ninguém morra, mas se isso acontecer eu não me importo, aceitar significa essa falta de importância. Para ter dolo eventual tem que prever e aceitar o resultado.
ATENÇÃO: quando eu não sei o que eu estou fazendo o erro é de tipo, é uma falsa percepção da realidade por isso que exclui o dolo. Exemplo: fiz sexo com a menina de 13 anos achando que ela tinha 14 anos, é que a partir dos 14 anos pode transar, não é mais estupro de vulnerável. Quando não sei que é crime o erro é de proibição.
A culpa consiste na inobservância de deveres objetivos de cuidado quando era previsível causar o resultado. A culpa está composta por dois elementos um descuido e pela previsibilidade do resultado. Inobservância do dever de cuidado negligencia, imprudência ou imperícia. Imprudência é uma ação descuidada. Exemplo: não jogar objeto pela janela e a pessoa joga, não correr com o carro e a pessoa corre. A negligência é uma omissão do dever de cuidado. Exemplo: desligar os aparelhos elétricos antes de sair de casa e a pessoa não desliga. Imperícia é a inobservância de deveres técnicos de uma profissão, são só deveres profissionais, é quem tem o conhecimento e não aplica. Exemplo: médico que durante uma cirurgia deixa um instrumento dentro do paciente. Não tem que prever nada antes, mas o resultado tem que ser previsível. QUESTÃO DE PROVA: a namorada descobriu uma traição do namorado e revoltada resolveu se vingar dele e foi para a casa dele, deitou na cama, pegou uma faca e fingiu que tinha cortado os pulsos, colocou a faca sobre o peito e se sujou de tinta vermelha e ficou lá. O namorado quando chegou em casa e viu aquela cena entrou em desespero, pegou a faca e começou a esfaquear a namorado gritando que ela não poderia ter feito aquilo com ele e ela embora estando viva não esboçou qualquer reação pois tinha ingerido uma grande quantidade de sonífero tornando a cena capaz de enganar qualquer pessoa e ela morreu. Nesta situação não houve homicídio culposo, é umaimprudência pegar uma face e sair esfaqueando uma pessoa sem antes verificar se aquela pessoa estava realmente morta, mas não era previsível mata-la. Nessa situação o fato seria atípico porque não tem dolo de homicídio e nem culpa de homicídio.
A culpa pode ser dividida em duas espécies: a) culpa consciente, quando o agente teve a previsão do resultado, mas acredita na capacidade dele de não causar o resultado, ou seja, é capaz de praticar a conduta sem causar o resultado. Ele prevê, sabe que é perigoso, mas acredita que não vai causar o resultado. Exemplo: eu posso correr, sou motorista profissional, não tem ninguém na rua essa hora; b) culpa inconsciente é a culpa sem previsão, era previsível, mas ele não previu, não passou pela cabeça dele.
ATENÇÃO: se eu aceitar o resultado é dolo eventual, mas se não consegue comprovar a aceitação é culpa. E a maior parte dos acidentes de transito é culpa, porque a pessoa acredita na capacidade de conduzir o carro, não aceita sair matando pessoas por ai.
DICA DE PROVA: sei que posso acabar matando alguém FODA-SE, dolo eventual. Sei que posso acabar matando alguém e tenho a certeza que não vou matar, se eu mato FUDEU, culpa consciente.
Resultado é a modificação ou a alteração causada no bem jurídico tutelado pela conduta. Exemplo: bem jurídico tutelado do furto é o patrimônio, o patrimônio da pessoa diminui, então a consequência da conduta subtrair para o bem jurídica patrimônio é a diminuição deste esse é o resultado do furto.
Inter criminis é o caminho do crime, ou seja, é um modelo que a doutrina criou que define as etapas do crime. Neste modelo existem 4 etapas: 1) cogitação, planejar sobre o crime; 2) preparação, ainda não houve o começo do crime, mas estou preparando, são atos preparatórios para o crime; 3) execução do crime, isto é, praticar a conduta descrita no tipo penal; A excecução de um homicídio, por exemplo, é praticar a conduta mantar; 4) consumação, existem crimes que dependem de resultado para ter a consumação. Exemplo: homicidio só tem consumação se a vítima morre, são chamados de crimes materiais que exigem um resultado para consumação. E existem outros que não dependem de resultado para ter a consumação. Exemplo: porte ilegal de arma, são chamados de crimes formais, pois não exigem um resultado para consumação, tem a consumação no momento que praticou a conduta.
TENTATIVA
A tentativa está prevista no artigo 14, inciso II, do CP. A tentativa depende de 3 requisitos para ser configurada: 1) início da execução, tem que entrar na execução do crime. Exemplo: João e Carlos armados dentro de um carro furtado estão na porta do banco esperando o melhor momento para roubá-lo, foram abordados pela polícia e foram presos, não podem responder por tentativa do roubo ao banco, podem responder pelo furto do carro, pelo porte de arma, porque são atos preparatórios que em si são crimes. 2) não consumação, a consumação tem que ser impedida, não pode ocorrer. 3) por uma circunstância alheia a vontade do agente que impediu a consumação, este queria proseguir, mas não pode. ATENÇÃO: não precisa ser uma vontade alheia, basta ser uma circunstância alheia a vontade do agente, ou seja, pode ser um alarme que toca, um cachorro que late, a policia que aparece e o prende. Crime culposo não admite tentativa, não é um crime intensional é um crime de descuido. Só crimes dolosos admitem tentativa, culposos não admitem de jeito nenhum.
A tentativa é punida com a pena do crime consumado diminuida de 1/3 até 2/3 (artigo 14, paŕágrafo único, do CP)
· Crimes que não admitem tentativa:
a) crime culposo
b) crime habitual - é um crime que exige repetição da conduta para ser crime, se faz uma vez só ou de vez enquando não é crime, para virar crime tem que fazer como hábito, tem que virar uma conduta repitida. Se fez uma vez só o fato é atípico, não se configura como crime, mas se a conduta é repetida, se torna um hábito aquilo vira crime. Exemplo: casa de prostituição este crime tem como verbo manter casa de prostituição ou local destinado a exploração sexual.
c) crime unisubsitente - o crime tem um único ato de execução e este ato único já caracteriza a consumação. Exemplo: corrupção feita por palavras, o policial na blitz fala para deixar algum dinheiro que está tudo certo, quando ele falar isso está consumado. Outro exemplo: calúnia. Se não fez estava na preparação e se fez já gerou a consumação, ou seja, não tem como admitir tentativa.
d) crime preterdoloso - é um crime doloso qualificado por um resultado culposo. Exemplo: lesão corporal dolosa qualificada pela morte, não vira homicídio pois tinha o dolo de lesionar e culpa na morte. Dolo no crime antecedente e culpa no crime consequente.
e) crime de atentado - é um crime que já se contenta com a tentativa, ou seja, a tentativa já é o próprio crime. Exemplo: abuso de autoridade. Outro exemplo: artigo 352, do CP é o crime de evasão da pessoa presa, evadir-se ou tentar evadir-se a pessoa presa ou submetida a medida de segurança, não precisa conseguir fugir basta tentar fungir que já é crime. No crime de atentado não admite tentativa porque já pune a tentativa como se fosse consumado.
f) contravenção penal - a lei disse que não admite. ATENÇÃO: contravenção penal nunca vai ser competência para Justiça Federal, será sempre competência da Justiça Estadual. A contravenção penal não se configura quando tentada, ou seja, não admite tentativa só se configura quando consumada.
g) crime omissivo próprio - os crimes omissivos impróprios admitem tentativa desde que outra pessoa impeça o resultado. Exemplo: o salva-vidas da praia decidiu não socorrer o banhista que estava se afogando e eu particular socorri e salvei a vida desse banhista, o salva-vidas vai responder por tentativa de homicídio por omissão.
h) suicídio - crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (artigo 122, do CP) é punido quando a vítima morre, se ela não morrer vai responder quando a vítima sofrer lesão grave, se a vítima não sofrer nada ou se sofrer lesão leve ou se desistir de se matar a pessoa não vai responde por nada, então o crime de induzimento ao suicídio não admite tentativa, esse crime depende do resultado para ser punido e se o resultado não ocorre não tem punição. 
- DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ (artigo 15, do CP):
O agente inicia a execução e desiste de prosseguir. Enquanto na tentativa ocorre uma circunstância alheia a vontade do agente, na desistência é o agente que voluntariamente desiste, decide que não vai mais prosseguir, que não vai chegar até a consumação.
A pessoa só pode desistir daquilo que está tá fazendo, inicie a execução e antes de acabar eu desisti, a desistência é abandonar um crime no meio. Exemplo: em um homicídio eu tinha seis munições dei o primeiro tiro, parei e fui embora. Outro exemplo: apontou a arma apara vítima e pediu para ela tirar a roupa e quando a vítima tirou a roupa o agente pediu para ela colocar a roupa, desistiu do estupro. Só pode desistir daquilo que ainda não fez, ainda está em curso a conduta.
Já o arrependimento eficaz só se arrepende daquilo que já fez, portanto no arrependimento a pessoa já praticou a conduta toda, mas IMPEDIU o resultado, impede a consumação. O arrependimento é só naqueles crimes que dependem de resultado. Exemplo: quer matar uma pessoa com 6 tios, deu os 6 tiros se arrependeu e salvou a vida dela. Outro exemplo: dei o remédio que provoca aborto na gestante, me arrependi, a levei para o hospital e salvei a vida do feto. O arrependimento tem que ser eficaz, não basta só se arrepender, o arrependimento tem que impedir a consumação. Se a questão disser que João depois de atirar 5 vezes na vítima, se arrependeu a levou para o hospital e ela morreu, vai ser homicídio consumado.
Tanto na desistência voluntária quanto no arrependimento eficaz o agente vai responder somente pelos atos já praticados, ou seja, ele irá responder pelo o que efetivamente ele causou até aquele momento.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultadose produza, só responde pelos atos já praticados.
- ARREPENDIMENTO POSTERIOR (artigo 16, do CP):
Arrependimento posterior não altera o crime é mera causa de diminuição da pena, não muda o crime, o crime está consumado. O arrependimento é posterior a consumação. Para que o arrependimento diminua a pena alguns requisitos são exigidos: a) sem violência ou grave ameaça. O arrependimento posterior não pode acontecer em um homicídio, pois este tem violência, não pode em uma lesão corporal. Se for em um roubo vai depender, se o roubo tiver sido praticado com violência ou grave ameaça não cabe arrependimento posterior, mas se o roubo for praticado com boa noite Cinderela, redução de resistência ai cabe o arrependimento posterior porque não tem violência e nem grave ameaça. Não cabe também em uma extorsão mediante sequestro porque tem sempre violência que é privar a liberdade de alguém. Precisa olhar para o caso concreto, vê se o crime teve violência ou grave ameaça, se teve mesmo que o agente tenha se arrependido não vai configurar o beneficio de diminuição de pena; b) o agente deve reparar o dano ou restituída a coisa. Se o crime envolver coisa é uma apropriação basta devolver, é um furto basta devolver, mas se não tem mais a coisa pode indenizar. Tem que reparar o dano seja devolvendo a coisa seja pagando alguma coisa para a vítima. A reparação pode ser total ou parcial tanto faz embora a doutrina negue a reparação parcial, o STF admite a reparação integral ou parcial. E a reparação do dano tem que ser ATÉ o recebimento da denúncia ou da queixa, decisão do juiz que recebe a denuncia ou a queixa, “recebo a denúncia ou a queixa, cite-se o réu”. O ato do agente tem que ser voluntário, ou seja, o agente poderia não ter reparado o dano, mas ele quis reparar. A ideia pode ser até de outra pessoa, mas ninguém pode obrigar o agente, ele mesmo que quis reparar o dano.
E a consequência do arrependimento posterior é a diminuição de pena para o agente.
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
- CRIME IMPOSSÍVEL:
Crime impossível é uma tentativa inidônea, ou seja, é algo que é incapaz de chegar ao seu objetivo, incapaz de produzir aquilo que queria causar. O agente iniciou a execução, não consumou por circunstâncias alheias a sua vontade, só que essa circunstância alheia que impediu a consumação, impediu de forma absoluta, jamais se consumaria. Essa circunstância alheia é uma ineficácia absoluta do meio ou é uma impropriedade absoluta do objeto o que faz com que o crime daquela forma que foi praticado jamais pudesse acontecer.
Meio é um instrumento, é a forma que o agente escolheu para chegar até a consumação. O meio será absolutamente ineficaz quando utilizado da forma como foi naquele caso concreto jamais puder levar ao resultado que ele queria, jamais pudesse levar a consumação que ele queria. Exemplo: falsificar dinheiro usando uma máquina de xerox comum, é meio absolutamente ineficaz. Outro exemplo: falsificar um documento usando caneta esferográfica. Outro exemplo: usar arma de brinquedo para praticar um homicídio. A arma de brinquedo em um roubo é um meio eficaz, serviu para constranger a vítima mediante grave ameaça.
A impropriedade absoluta do objeto se configura quando o objeto sobre o qual recai o crime não é compatível com ele. O objeto material do crime é a coisa ou a pessoa sobre a qual recai o crime. Exemplo: furto, o objeto é o bem furtado. Se é um homicídio, o objeto é a pessoa que foi morta. O objeto é absolutamente impróprio para aquele crime quando nele não há o bem jurídico tutelado. O bem jurídico tutelado no homicídio é a vida, então só pode matar alguém que tenha vida. Exemplo: matar um morto, o morto não tem mais vida é a impropriedade absoluta do objeto. O bem jurídico do furto é o patrimônio, uma coisa sem dono não pode ser objeto de furto por impropriedade absoluta do objeto, a pessoa não tem mais o patrimônio pois ela jogou fora. Outro exemplo: estuprar um morto, o agente tinha dolo de estuprar achando que a pessoa estava viva e depois se descobre que a pessoa no ato do estupro estava morta, se configura como crime impossível por impropriedade absoluta do objeto.
Se ocorrer o crime impossível o fato é atípico, o agente não responde por ele.
A jurisprudência reconhece outro fato como crime impossível que é o crime impossível por provocação de alguém, também conhecido como obra do agente provocador, ou seja, uma pessoa vai provocar a outra a praticar um crime, mas tomando todos os cuidados para impedir a consumação. Exemplo: flagrante provocado ou flagrante preparado (Súmula 145, do STF), quando a autoridade policial provoca o flagrante tornando impossível a consumação estamos diante de crime impossível. Imagine que um policial está desconfiado que uma pessoa é receptador, compra coisas furtadas, ai eu sou policial pego um telefone e falo que furtei esse telefone e me disseram que você compra, ai o receptador fala que não faz isso, então ela confia no policial e entrega uma nota de R$ 100 para o policial e quando ela estende a mão com esse dinheiro o policial fala que ela está presa em flagrante por receptação, não tem esse flagrante, porque a receptação não existia, é um crime impossível, pois sou um policial fingindo que furtei um telefone para que a pessoa compre, então esse crime que foi flagrado é impossível por isso o flagrante não é válido.
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
TEORIA DO ERRO
a) Erro de tipo (artigo 20, do CP) – também pode ser chamado de erro de tipo essencial ou erro sobre elemento constitutivo do tipo. Erro de tipo está localizado na tipicidade, no dolo. O erro de tipo incide na consciência do dolo, o agente NÃO sabe o que está fazendo, acredita que está fazenda outra coisa. Exemplo: o agente está na floresta caçando vê um urso e decide caçar o urso, atira no urso e o mesmo cai, quando se aproxima vê que não era um urso, era uma pessoa vestida de urso, obviamente esse agente não tem dolo de homicídio. Outro exemplo: transportou drogas achando que eram remédios permitidos. Mais um exemplo: o agente subtraiu uma coisa alheia achando que era sua. Quem está em erro de tipo não tem dolo, pois não sabe o que está fazendo. O erro de tipo pode ser dividido da seguinte forma: a) erro de tipo inevitável, que não tinha como evitar. Quando o agente não tinha dolo e também não tinha culpa (negligência, imprudência e imperícia), ou seja, não sabia o que estava fazendo portanto não tinha dolo de realizar essa conduta e também não teve culpa, foi cuidadoso, foi precavido, observou os seus deveres. Exemplo: o agente está na floresta caçando vê um urso e decide caçar o urso, observadas as regras da caça, atira no urso e o mesmo cai, quando se aproxima vê que não era um urso, era uma pessoa vestida de urso. O erro de tipo inevitável que não tem dolo e nem culpa torna o fato atípico. b) erro de tipo evitável, embora o agente não tendo dolo, o erro ocorreu por culpa, ele foi descuidado, não tomou os cuidados devidos e por isso errou. Exemplo: o agente está na floresta caçando vê um urso e decide caçar o urso, agindo precipitadamente atira contra o animal e o mesmo cai, quando se aproxima vê que não era um urso, era uma pessoa vestida de urso. Quando o erro de tipo for evitável o agente responderá pelo crime culposo, só pode responder pelo crime culposo se existir na lei. Se o crime culposo não existir na lei, o agente não responde por nada. Portanto o erro de tipo acontece quando o agente pratica o fato que está no tipo sem saber o que está fazendo.
b) erro de proibição (artigo 21, caput, do CP) – está localizado na culpabilidade, no segundo elemento da culpabilidade que é o potencial consciência da ilicitude, ou seja, quando o agente não tem consciência da ilicitude, quando não sabe que aquelefato está proibido pela lei, quando não sabe que aquele fato é ilícito. No erro de proibição o agente sabe o que está fazendo, mas não sabe que é ilícito, acha que a conduta é permitida. Exemplo: a pessoa tem uma namorada de 13 anos e sabe que ela tem essa idade, mas já namora a muito tempo, os pais aprovam esse namoro, então achou que poderia transar com a menina. O erro de proibição o agente sabe o que está fazendo, quer realizar a conduta, tem dolo, o fato é típico, mas não sabe que é crime, não sabe que está previsto em lei como crime. Exemplo: o holandês que vem para o Brasil trazendo maconha para consumo pessoal porque acha que no Brasil também é liberado o uso de maconha, o holandês sabe que está transportando maconha, só não sabe que é proibido no Brasil. Outro exemplo: marido que viola a correspondência da mulher achando o que o casamento autoriza essa violação está em erro de proibição, sabe que está violando a correspondência alheia e quer violar, tem o dolo, mas acha que pode fazer, acha que o casamento autoriza ele violar a correspondência fazendo com que isso não seja crime. Quem está em erro de proibição inevitável está isento de pena, exclui a culpabilidade, não será punido, não há crime. O erro de proibição inevitável ocorre quando o agente não sabia e era impossível saber que o fato era crime. Se o erro de proibição for evitável diminui a pena de um sexto a um terço, o agente é culpável, será condenado. O erro de proibição evitável ocorre quando era possível o agente ter consciência da ilicitude do crime (artigo 21, parágrafo único, do CP), aquele que não sabe que é crime, mas poderia saber será punido, vai ter apenas uma diminuição de pena.
- Descriminantes putativas (artigo 20, parágrafo 1º, do CP):
É algo que exclui o crime. É uma situação de legítima defesa, de estado de necessidade, de estrito cumprimento do dever legal ou do exercício regular do direito que não era real, que só existia na cabeça do agente, não estava acontecendo de verdade, ele que imaginou, mas não era isso. Exemplo: dois caras em uma motocicleta armados com um fuzil dão de cara com uma viatura militar, então os policiais quando veem esses caras em cima da moto portando um fuzil sabe que vão morrer e em legítima defesa de uma agressão iminente atiram nos motociclistas, se fosse realmente um fuzil e eles tivessem na iminência de agredir os policiais, o fato seria típico de homicídio, mas eles agiram em legítima defesa e esta exclui a ilicitude, o fato deixa de ser crime. Agora a seguinte situação o fuzil não era fuzil era um macaco hidráulico e os rapazes não eram traficantes eram mototaxitas e estavam andando dentro da comunidade, o policial acreditou estar em legítima defesa, a agressão que ele iria sofrer não era real, era meramente imaginária, então não houve legítima defesa e o fato é típico e é ilícito, o que teve foi uma legitima defesa putativa, imaginou estar em legítima defesa e não estava.
A descriminante putativa está localiza na culpabilidade, no potencial consciência da ilicitude. O agente acha que está praticando um fato lícito, acha que o fato é permitido. A pessoa sabe o que está fazendo, sabe que é ilícito (crime) e o erro dele está em uma excludente da ilicitude, ou seja, erra achando que está acobertado por uma excludente de ilicitude.
Quando o erro estiver plenamente justificado pelas circunstâncias, o fato é inevitável e o agente vai ser isento de pena. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo, quando o agente erra por culpa, foi imprudente, imperito ou negligente na análise da situação o fato é evitável. Exemplo: João ficou sabendo que Carlos iria mata-lo naquela noite como ele tinha que sair para trabalhar, João pegou uma faca e foi para rua com a faca. Ao encontrar com Carlos em uma rua escura e deserta viu que Carlos levou a mão atrás do corpo e acreditando que Carlos pegaria uma arma para mata-lo, ele pegou a faca e deu duas facadas nele com a intenção de lesioná-lo para se defender. Carlos caiu no chão ferido e disse para João que não pretendia mais mata-lo, que estava procurando por ele justamente para dizer isso. Se o Carlos realmente fosse matar o João naquele momento, este estaria em legítima defesa repelindo uma agressão iminente de forma moderada usando o meio necessário, mas o Carlos não ia mais matar o João, não tem mais a agressão e sem esta a legítima defesa deixa de ser real e passa a ser putativa. Embora o agente tenha dolo como está em uma descriminante putativa se ela for evitável vai responder como se o crime fosse culposo, por isso essa culpa é chamada de culpa imprópria, pois o sujeito teve dolo, mas vai responder culposamente. Na descriminante putativa a pessoa age dolosamente, mas por uma questão de política criminal vai responder culposamente caso o erro seja evitável.
ATENÇÃO: matar animais é crime de dano.
Seja qual for o erro, erro de tipo, erro de proibição ou descriminantes putativas o fato inevitável também pode ser chamado de invencível ou escusável (absolver, isenção da pena). E o fato evitável pode ser chamado de vencível ou inescusável (não absolve, pode ser condenado pela culpa, diminuição da pena).
Esses três tipo de erros são erros essenciais.
- ERROS ACIDENTAIS:
São situações que não excluem o crime.
a) erro quanto ao objeto – ocorre nos crimes que recaem sobre a coisa. O agente queria praticar o crime contra a coisa1, mas por erro pratica contra a coisa2, então o dolo dele era praticar o crime contra a coisa1, mas por erro acabou praticando contra a coisa2. O agente vai responder pela coisa que ele atingiu. Exemplo: o agente queria furtar o celular da vítima, pegou na bolsa da vítima numa sala escura o telefone celular e quando ele viu não tinha furtado o celular e sim o tablet da vítima, isso caracteriza erro quanto ao objeto, o dolo dele era de furtar o celular, mas acabou furtando o tablet. O tablet era coisa alheia móvel, então o agente responderá por furto de qualquer maneira. Agora a seguinte situação: João tinha o dolo de subtrair uma joia de grande valor e depois verificou que o que ele subtraiu foi uma réplica feita em metal não precioso sem valor econômico e a vítima mandara fazer justamente para caso alguém tentasse furtar. Coisa sem valor econômico possibilitam no furto a aplicação do princípio da insignificância, não vai analisar a joia que ele queria levar, vai analisar a coisa que o agente efetivamente levou. Outra questão: o agente queria subtrair uma coisa alheia, mas por erro acabou subtraindo uma coisa sem dono, as coisas sem dono não são objeto para subtração, então seria crime impossível por impropriedade absoluta do objeto, não importa que o dolo dele era de levar uma coisa alheia, o que importa é o que ele levou.
b) erro quanto a pessoa – ocorre nos crimes que recaem sobre a pessoa. O agente queria praticar o crime contra a pessoa1 e por errou praticou o crime contra a pessoa2, ou seja, ele escolhe a vítima errada, já age contra a pessoa errada, o erro incide na pessoa. Não é que ele tenha errado o tiro, ele já escolhe a vítima errada. Exemplo: João quer matar Maria e Maria tem uma irmã gêmea e ele encontra com a irmão gêmea na rua e a mata achando que era Maria. A consequência disso é o artigo 20, parágrafo 3, do CP que diz que o erro sobre a pessoa não isenta de pena, vai transferir as características da vítima que queria atingir para aquela que atingiu, ou seja, o a gente vai responder como se tivesse praticado o crime contra quem ele queria praticar. QUESTÃO DE PROVA: a mãe sobre influência do estado puerperal logo depois do parto foi até o bercário e matou o próprio filho, horas depois se verificou que a criança que ela matou não era o filho dela, que ela havia confundido a criança. Essa mãe vai responder por infanticídio, porque vai transferir as características de quem queria praticar o crime para quem o agente atingiu, então a mãe vai responder pela morte dessa criannça que é estranha a ela como se tivesse matado o próprio filho, ou seja, infanticídio. Outro exemplo:

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