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ANEMIA FALCIFORME A doença sobre a qual iremos discorrer é, tal como título, a Anemia Falciforme, número de identificação no OMIM 603903 e cujo gene envolvido trata-se do HBB, número 141900. O padrão dessa famosa herança é autossômico recessivo, ou seja, a pessoa precisa portar dois alelos da doença para expressá-la fenotipicamente. Isso acontece quando quando o gene da globina beta S está em homozigose. Outras alterações podem provocar a Doença Falciforme – por exemplo uma globina S e uma talassemia –, mas essas alterações não caracterizam a patologia em si, apenas um grupo maior de Doenças Falciformes. Para anemia falciforme ocorrer, então, um individuo precisa herdar dois alelos, um de cada genitor (na maioria das vezes os pais não expressam a doença, são apenas portadores). Curiosamente, com mecanismos não completamente esclarecidos, sabe-se que portadores do traço falcifome têm uma vantagem em relação à Malária, onde esta é endêmica. Estudos realizados em vários continentes, com mais de 29 mil pessoas demonstraram uma redução de 86% em indivíduos HbAS. A anemia falciforme é uma patologia com alta morbimortalidade, o que chama a atenção na dimensão de saúde pública. Estima-se que mais da metade de crianças na África Subsaariana morrerão até os 5 anos de idade, sem mesmo diagnóstico da doença. O continente africano é o mais acometido, embora há especulações de que a Índia seja o país mais afetado. No Brasil, o traço falciforme varia de 2 a 8%, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde predomina a população negróide. O traço da anemia acabou sendo trazido ao Brasil junto ao tráfico negreiro, durante os séculos passados. Estima-se, segundo dados do Ministério da Saúde, que há 7 milhões de pessoas com traço falciforme no país, e uma incidência anual de 200 mil recém-nascidos. Já os fenótipos de Anemia Falciforme são certa de 30 mil, com incidência de 3500 anualmente (1 a cada 1000 nascidos vivos). A variante genética causadora da doença é a substituição da Adenina pela Timina, na subunidade ß da hemoglobina, cujo NM é 000518.4:c.20A>T. A nível proteico, ocorre a substituição da Glu pela Val, cujo NP é 000509.1:p.Glu7Val. Vale ressaltar que ela pode ocorrer em 3 éxons (apenas 1 em cada indivíduo) cujo locus é 141900. Historicamente, a perspectiva em relação à doença evoluiu. Antes ela era vista mais como doença da infância, agora já se sabe que se perpetua fortemente durante toda a vida. Além disso, com o avanço da tecnologia, a compreensão dos mecanismos fisiopatológicos, e a detecção dos fatores moduladores, espera-se que as mortes e comorbidades em relação à patologia diminuam ainda mais. Um exemplo disso é a transfusão de sangue, que atualmente é muito mais segura do que anos atrás, e, de fato, alguns pacientes acabam precisando, devido a crises muito intensas. Para identificar a Anemia Falciforme o hemograma deve ser o mais indicado, pois é nítida a morfologia das hemácias dos acometidos. A eletroforese ácida em ágar citrato ou agarose confirma a presença de hemoglobinas variantes. Ademais, a presença da hemoglobina S pode ser detectada pelo teste do pezinho, nos primeiros dias de vida. Seria imprescindível que todo recém-nascido pudesse fazer o teste, mas ainda há estados que, em algumas regiões, não é feito o processo. Todavia, para as crianças que não fizeram o teste, a doença poderá ser identificada no quarto mês, pela eletroforese de hemoglobina, disponibilizado pelo SUS através da Rede Cegonha. Para tratamento, nada melhor que um hematologista, porém, quando o paciente é criança, é interessante um pediatra, que possui uma visão mais holística e pode aconselhar sobre todo o tipo de prejuízo que esse indivíduo terá por portar tal Anemia. REFERÊNCIAS: ARAUJO, Adérson. Complicações e expectativa de vida na doença falciforme: o maior desafio. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., São Paulo , v. 32, n. 5, p. 347, 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 84842010000500004&lng=en&nrm=iso>. access on 18 Aug. 2020. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-84842010000500004. GALIZA NETO, Gentil Claudino de; PITOMBEIRA, Maria da Silva. Aspectos moleculares da anemia falciforme. J. Bras. Patol. Med. Lab., Rio de Janeiro , v. 39, n. 1, p. 51-56, 2003 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676- 24442003000100011&lng=en&nrm=iso>. access on 18 Aug. 2020. https://doi.org/10.1590/S1676-24442003000100011. Nussbaum, Robert L.; McInnes, Roderick R.; Willard, Huntington F. (2008) Thompson & Thompson – Genética Médica. Sétima Edição. Editora Guanabara Koogan S.A., Rio de Janeiro, RJ, 525 pp. Online Mendelian Inheritance in Man, OMIM®. McKusick-Nathans Institute of Genetic Medicine, Johns Hopkins University (Baltimore, MD), {date}. World Wide Web URL: https://omim.org/ http://dx.doi.org/10.1590/S1516-84842010000500004 https://doi.org/10.1590/S1676-24442003000100011 https://omim.org/ Slides disponibilizados pelos tutores da disciplina de Genética Médica, UFCSPA 2020.
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