Buscar

Apontamentos do Direito Empresarial III - Trabalho em grupo

Prévia do material em texto

APONTAMENTOS DE DIREITO EMPRESARIAL 3
 
 
· RESUMO HISTÓRICO DO DIREITO CONCURSAL
· FALÊNCIA
· RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS
 
2019, Primeiro Semestre
Prof. MSc. Everaldo Medeiros Dias
 
NOTA DE APRESENTAÇÃO
 
Esta apostila é fruto do estudo e do magistério que venho exercendo com satisfação e carinho ao longo destes últimos 23 anos junto à Univali. O presente trabalho se constitui em um texto sintético, destinado a servir, em primeiro lugar, de roteiro básico ao desenvolvimento das aulas; em segundo, de compromisso mínimo e indispensável à compreensão do objeto da disciplina que estudaremos juntos neste semestre. Portanto, não substitui os clássicos da doutrina, apenas os complementa, visando uma aprimorada formação jurídica a partir na sinergia de tais conteúdo a ser proposta em sala de aula.
Este e outros trabalhos semelhantes por mim elaborados, foram denominados como “Apontamentos...”, em razão de conterem espaços destinados aos alunos lançarem suas observações, fruto do debate realizado durante as aulas. Assim, espero que ao final dos estudos do semestre em curso este texto seja complementado com as reflexões pessoais produzidas por cada um dos meus alunos, fruto do debate em sala de aula e, desta forma, tornando cada exemplar uma obra única, elaborada a partir do dueto formado por mim (professor) e, em particular, cada um de vocês.
Primeiro Semestre de 2019.
 
Prof. MSc. Everaldo Medeiros Dias
 
 
 
 
 
 
NOTA SOBRE O AUTOR
 
O Prof. Everaldo Medeiros Dias é natural de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, mas está radicado em Santa Catarina desde os 11 de idade. Em 1994, graduou-se em Direito pela UNIVALI e desde 1995 exerce a advocacia. É pós-graduado, em nível de especialização, em Direito Societário e Empresarial pelo CESUSC e é Mestre em Ciência Jurídica pela UNIVALI. Cursou o Doutorado em Ciência Jurídica pela Pontifícia Universidad Católica Argentina, em Buenos Aires.
Professor da UNIVALI desde 1996, Everaldo Medeiros Dias já lecionou diversas disciplinas, mas atualmente concentra suas atividades docentes exclusivamente no Direito Empresarial. A partir do início do ano de 2013, passou a exercer, em paralelo à sua atuação em sala de aula, as funções de Coordenador Adjunto do Curso de Direito da Univali, Campus de Balneário Camboriú, tendo, durante os meses de maio a setembro de 2015, exercido interinamente a Coordenação Geral do Curso.
Além de lecionar na graduação em Direito da Univali, Everaldo também leciona em cursos de Pós-Graduação e em cursos preparatórios para o exame da OAB e concursos públicos.
Autor de artigos e capítulos de livros, no ano de 2017 publicou, pela Ed. Paco, o livro “Cotas para Negros em Universidades, Função Social do Estado Contemporâneo e o Princípio da Proporcionalidade”, o qual é fruto de uma releitura e atualização de sua dissertação de mestrado, defendida em abril de 2010.
Contatos extraclasse: everaldomdias@univali.br
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 O DIREITO CONCURSAL
1.1 O RESUMO HISTÓRICO DO DIREITO CONCURSAL
Para Amador Paes de Almeida[1] “a falência é um instituto intimamente ligado à evolução do próprio conceito de obrigação”. Assim, seguindo tal orientação, não podemos deixar, para melhor compreender a matéria em estudo, de buscar sua formação e evolução junto às suas transformações ao longo da história, com destaque e foco no devedor insolvente, isto é, aquele que já não apresenta em seu patrimônio bens suficientes para garantir as suas obrigações. Assim, ante a tal situação, o procedimento adotado ao longo dos estágios evolutivos do instituto foi se aperfeiçoando, desde a chamada fase da execução pessoal, passando à execução patrimonial, até a preocupação com a preservação dos negócios do devedor insolvente.
APONTAMENTOS:………………………………………………….…………………………………………………………………………………………………………………………
1.1.1 A Fase da Execução Pessoal
A fase da execução pessoal corresponde ao período em que a garantia dos credores era o corpo do devedor. Assim, em resumo preliminar, o devedor poderia ser vendido como escravo pelo seu credor para saldar o débito ou até ser morto, tendo o seu corpo esquartejado em tantas partes quantos forem seus credores.
APONTAMENTOS:………………………………………………….…………………………………………………………………………………………………………………………
Rubens Requião[2] lembra que “na índia, textos do Código de Manu, dão conta que o credor não satisfeito tinha a faculdade de submeter o devedor ao trabalho escravo, mas sem excessos brutais. Seu débito era acrescido de mais cinco por cento em caso de confissão e de dez por cento se o negasse. (…) no Egito, em época remota, foi admitida a escravidão por dívidas, o que não durou muito tempo. A execução se fazia sobre os bens do devedor, mas, como muitas vezes fossem insuficientes, era permitido que, falecendo o devedor sem solver suas dívidas, pudesse o credor tomar o cadáver como penhor, a fim de privá-lo das honras fúnebres. Coagia-se moralmente, dessa forma, os parentes e amigos, a resgatar o cadáver, pagando-se a dívida”.
APONTAMENTOS:………………………………………………….…………………………………………………………………………..................................................................
 Rubens Requião, na sequência, relata que também na clássica civilização da Grécia, “a regra importava na servidão pessoal do devedor ao credor, pela falta ou satisfação da dívida”. O período do Direito Romano, sob a égide da Lei das XII Tábuas, conservou ainda os fundamentos rudes e bárbaros da Fase da Execução Pessoal[3], quando, na 3ª tábua, determinava que o devedor fosse preso pelo credor por 60 dias, findos os quais, não satisfeita a dívida, fosse este conduzido em 3 dias de feira, para ser vendido como escravo e, assim, satisfazer o débito. Ao final, sem sucesso na venda, poderia o credor matar o devedor e dividir seu corpo em tantas partes quantos fossem os credores.
APONTAMENTOS:………………………………………………….…………………………………………………………………………..................................................................
1.1.2 A Fase da Execução Patrimonial
A desumana e, por vezes, inócua execução pessoal foi abolida e, em seu lugar, se iniciou uma nova fase, a qual, em linhas gerais, perdura até hoje: a fase da Execução Patrimonial. Com esta mudança, a garantia dos credores se desloca da pessoa do devedor para o seu patrimônio, o que se constitui em uma forma muito mais racional, porém atribuindo maior responsabilidade ao próprio credor que, sendo assim, passou a conceder crédito apenas a quem apresentasse em seu patrimônio bens suficientes para garantir o crédito. O marco legislativo dessa passagem ocorreu por volta do ano 428 a.C., aproximadamente, por força da legislação romana denominada Lex Poetelia Papira, pela qual, pelo magistério de Amador Paes de Almeida[4], “introduziu o Direito Romano à execução patrimonial, abolindo o desumano critério da responsabilidade pessoal”.
APONTAMENTOS:..............................................................................................................................................................................................................................................
1.1.3 Na Idade Média
O Direito Medieval, em linhas gerais, era formado pelo Direito Canônico e pelo Direito Romano. Em particular, o Direito Comercial se consolida advindo das compilações jurisprudenciais provenientes das decisões dos cônsules no âmbito das corporações. Nessa época, o comércio começa a florescer, sobretudo na região do mar Mediterrâneo. O nascente Direito Comercial passa, portanto, a disciplinar as regras específicas para os comerciantes insolventes.
APONTAMENTOS:..............................................................................................................................................................................................................................................
O nascente Direito Concursal Medieval é marcado pelo rigor ao devedor insolvente. Rubens Requião[5] destaca que “é nesse ambiente, de viva atividade mercantil, que se delineia, a partir do concursum creditorum, do Direito Romano, o incipiente Direito Falimentar, com sentido mais severo. Ao falido sereserva toda a sorte de vexames, que o torna, com a pena de infâmia, um réprobo social. Nenhuma distinção existia entre a insolvência do devedor comerciante e a do não comerciante. Todos, indistintamente, se sujeitavam às regras do Direito Falimentar”. Como se vê, o Direito Concursal Medieval é caracterizado pelo rigor e repressão penal ao falido, que era violentamente punido e insultado
APONTAMENTOS:..............................................................................................................................................................................................................................................
Conforme já mencionado, a crueldade com o falido foi a marca significativa na era medieval. Assim, temendo tais atos de crueldade, os falidos, em muitas vezes, fugiam para evitar que fossem violentamente insultados e molestados. Waldo Fazzio Júnior[6] discorre que “por força dos usos e costumes, as sanções aplicáveis ao insolvente eram extremamente cruéis, tanto sob o aspecto físico como moral. Por isso, intentando eximir-se delas, o devedor fugia. Se é verdade que a fuga era apenas uma exteriorização do estado de isquemia patrimonial (fuga propter debita), sua corriqueira ocorrência acabou por transformá-la em pressuposto do estado de falência”.
APONTAMENTOS:..............................................................................................................................................................................................................................................
1.1.4 Na Idade Moderna
O que deve restar claro é que antes, na Idade Média, vigorava o Sistema Feudal que sufocava o poder central dos governos nacionais, impedindo que suas regras viessem a possuir significativa eficácia. Essa situação permitiu que o Direito vigente à época fosse emanado de regras costumeiras de forma subjetiva. Porém, a partir do século XV, com o fortalecimento das monarquias absolutistas, sob a aurora da era moderna[7], o Estado se fortalece e a ordem jurídica passa a ser emanada a partir deste poder central, inicialmente absolutista monárquico, de maneira objetiva.
APONTAMENTOS:………………………………………………….…………………………………………………………………………..................................................................
Com o monopólio estatal das normas jurídicas, as regras relativas à liquidação do devedor insolvente, passam a ser ditadas pelo Estado. Waldo Fazzio Júnior[8] comenta que “os Estados nacionais arrogam-se a exclusividade da imposição de sanções e judicializam o deslinde de situações jurídicas criadas pela insatisfação obrigacional. A liquidação do patrimônio do devedor passou a ser assegurada pelos organismos judiciais encarregados de aplicar a lei”.
APONTAMENTOS:………………………………………………….…………………………………………………………………………..................................................................
Em muitas legislações, no início da Era Moderna, imperava o princípio de que o credor mais diligente, ou seja, o que primeiro havia promovido a execução do devedor, possuiria prioridade no pagamento adquirindo. Mais tarde, já sob a forte influência do Direito Francês, passa a vigorar o princípio da igualdade entre os credores. A esse respeito, Rubens Requião discorre que “com a ascendente influência do Direito Francês, a partir do Code de 1673, da França, o princípio do direito romano de igualdade entre os credores (par condicio creditorum) dominou o processo falimentar, constituindo na verdade um dos motivos determinantes dos modernos sistemas falimentares”.
APONTAMENTOS:………………………………………………….…………………………………………………………………………………………………………………………
O Direito Francês fortaleceu a sua influência, principalmente, a partir do advento dos códigos civil, de 1804, e comercial, de 1807, quando, para atender aos privilégios da burguesia que acabava de tomar o poder, se passou a dividir o Direito Privado em Civil e Comercial. O Direito Comercial, então, passou a disciplinar as relações jurídicas relativas aos comerciantes que, na concepção da época, seriam todos aqueles que praticassem os chamados atos de comércio, que correspondiam a determinadas atividades previamente relacionadas em lei. Assim, a partir de então, se passa a fazer distinção entre o devedor insolvente comerciante do insolvente civil, sendo que este último deveria se submeter às regras do direito comum, ou seja, do Direito Civil.
APONTAMENTOS:..............................................................................................................................................................................................................................................
Porém, mesmo após a divisão do Direito Privado em civil e comercial, como visto, para atender aos privilégios da burguesia instalada no poder, o rigor aos falidos perdurou junto ao Código Comercial Francês de 1807. Rubens Requião[9] destaca “a reação retrógrada de Napoleão Bonaparte, ao discutir com a comissão redatora do Code de Commerce, de 1807, exigindo maior intolerância e severidade contra os comerciantes falidos”. Logicamente que a vontade do poderoso imperador prevaleceu e o chamado código napoleônico, na parte destinada à falência, foi marcado pela intolerância aos falidos. Porém, conforme arremata Requião, “as severas regras impostas pelo imperador no Code foram amenizadas pela legislação de 1832, sob a inspiração de idéias humanísticas e liberais”.
APONTAMENTOS:………………………………………………….………………………...………………………………………………….................................................................
1.1.5 Da Liquidação do Comerciante Insolvente à Recuperação do Empresário em Crise
O Direito Concursal adentra o século XX trazendo consigo, além do instituto da falência, o benefício moratório da concordata preventiva, a qual consistia em um remédio preventivo ao colapso patrimonial dos comerciantes. Passa-se, então, na leciona Amador Paes de Almeida[10], a se fazer “nítida distinção entre devedores honestos e desonestos, facultando-se aos primeiros os favores da moratória, com o aperfeiçoamento da concordata”.
APONTAMENTOS:..............................................................................................................................................................................................................................................
Porém, se pode observar que o centro da questão continua a ser focado na falência do devedor. Waldo Fazzio Júnior[11] destaca que o Direito Concursal ingressou na Idade Contemporânea como liquidação do ativo do devedor comerciante insolvente, sob a égide do Poder Judiciário, tal como se apresenta no direito brasileiro da Lei de Falências e Concordatas (LFC), concebida em meados do século passado”. Assim, com o aprimoramento da organização empresarial e a sua importância cada vez mais viva no cotidiano da sociedade, as intenções excessivamente liquidatárias passam a dar espaço à possibilidade de reorganização dos meios de produção empresarial, possibilitando, assim, a recuperação das empresas em crise e a continuidade de suas produções de riquezas.
APONTAMENTOS:..............................................................................................................................................................................................................................................
Desta forma, o Direito Concursal abandona os objetivos liquidatários do patrimônio do devedor comerciante insolvente, característica da Teoria dos Atos de Comércio, consagrada pelo Código Comercial Francês de 1807, para, sob a influência da Teoria da Empresa, que foi propagada pelo Código Civil Italiano de 1942, disciplinar a promoção da recuperação das empresas em crise patrimonial com viabilidade econômica para se reerguer. Com essa nova disciplina jurídica, a recuperação toma o destaque dentro do Direito Concursal e deixa para a falência apenas as empresas que não possuam viabilidade para recuperação e reorganização patrimonial e/ou administrativa.
APONTAMENTOS:.........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................2 O DIREITO CONCURSAL – PARTE GERAL
2.1 Aspectos Preliminares
→ O Direito Concursal é o ramo do Direito Positivo, ligado ao Direito Empresarial, que se detém ao estudo e regulamentação tanto da Falência quanto da recuperação de Empresas.
OBS: Os institutos da Falência e da Recuperação de Empresas estão disciplinados na Lei 11.101/2005.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
2.1.1 O Devedor Sujeito à Falência e a Recuperação de Empresas
→ “Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.” (Art. 1º da lei 11.101/2005)
OBS: Portanto, estão sujeitos à Falência e poderão requerer a sua Recuperação apenas as pessoas físicas ou jurídicas que exercerem a atividade empresarial, ou seja, o Empresário Individual, a Sociedade Empresária e a EIRELI. Os exercentes de atividades civis não se enquadram neste conceito e, portanto, não poderão falir nem requerer sua recuperação.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
2.1.2 Empresários Não Sujeitos à Falência ou à Recuperação
→ O art. 2º da Lei 11.101/2005 exclui de sua incidência as seguintes espécies de empresas:
A) “Empresa pública e sociedade de economia mista;” (Art. 2º, I da Lei 11.101/2005)
B) “Instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.” (Art. 2º, II da Lei 11.101/2005)
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3 A FALÊNCIA
3.1 O Conceito de Falência
→ A Falência se traduz em um processo de execução coletiva movido em face do devedor empresário, em que são arrecadados e vendidos judicialmente todos os seus bens, com a distribuição da respectiva arrecadação entre os credores do falido, de maneira proporcional, obedecendo-se a uma ordem legal de preferência.
OBS: Em regra, o Processo de Falência é instaurado em razão de se encontrar o devedor empresário em um estado financeiro incapaz de solver suas dívidas. Em geral, este estado de incapacidade de pagamento decorre da Insolvência do devedor.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.2. A Insolvência
→ A Insolvência é o estado patrimonial em que se encontra o devedor que possui o ativo inferior ao passivo. Assim, o devedor insolvente é aquele que possui mais dívidas do que bens em seu patrimônio, ou seja, aquele que suas garantias patrimoniais não se encontram mais suficientes ante as suas obrigações.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.3 A Execução Singular
→ A garantia do credor está no patrimônio do devedor. Assim, ocorrendo o inadimplemento, poderá o credor, acionando a tutela jurisdicional do Estado, promover a execução de tantos bens quantos bastem para a satisfação de seu crédito. Desta forma, a execução será processada de forma individual.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.4 A Execução Concursal
→ Quando, porém, o devedor tem bens inferiores ao total de suas dívidas, a fim de evitar a injustiça frente a todos os credores, o direito afasta a regra da individualidade da execução e prevê a obrigatoriedade de uma execução concursal.
→ Ocorre, que dependendo da natureza do devedor insolvente, se civil ou empresarial, há uma dicotomia no processamento da necessária execução concursal. Assim, se o devedor insolvente for civil, processar-se-á a execução concursal por meio de um processo de Insolvência Civil, nos moldes estatuídos no Código de Processo Civil[12]. Todavia, se o devedor for empresário, o processo seguirá pela via da falência, de acordo com as regras específicas da Lei 11.101/2015.
OBS: Portanto, a falência é a execução concursal do devedor empresário (Empresário Individual, Sociedade Empresária e Eireli).
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5 O Processo Falimentar
→ O processo de falência compreende três etapas distintas: 1ª) Etapa Pré-Falencial; 2ª) Etapa Falencial; 3ª) Etapa de Reabilitação.
1ª) Etapa Pré-Falimentar: Tem início com a petição inicial do Pedido de Falência e se conclui com a Sentença Declaratória da Falência;
2ª) Etapa Falencial: Se inicia com a Sentença Declaratória da Falência e se conclui com a Sentença de Encerramento da Falência;
3ª) Etapa de Reabilitação: Compreende a declaração da extinção das responsabilidades de ordem civil do devedor falido e tem início com a Sentença de Encerramento da Falência e é concluída com a Sentença de Reabilitação.
APONTAMENTOS:. A conciliação e a mediação deverão ser incentivadas antes e durante a recuperação judicial, em qualquer grau de jurisdição (art. 20-A).
· 	Será possível obter tutela de urgência para suspensão das execuções contra a devedora pelo prazo de até 60 dias antes do ajuizamento da recuperação judicial, para tentativa de composição com seus credores em procedimento de mediação ou conciliação já instaurado perante o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania. Em caso de pedido de recuperação judicial ou extrajudicial subsequente, o prazo será deduzido do stay period previsto no art. 6º da LRF (art. 20-B, §§ 1º e 3º).
· 	Será vedada a conciliação e mediação sobre a natureza jurídica e a classificação de créditos, bem como sobre critérios de votação na Assembleia Geral de Credores (AGC) (art. 20-B, § 2º).
· 	O acordo obtido por meio de conciliação ou de mediação deverá ser homologado pelo juízo competente (art. 20-C).
· 	Caso seja requerida recuperação judicial ou extrajudicial em até 360 dias contados do acordo firmado na conciliação ou mediação pré-processual, os direitos e garantias dos credores serão reconstituídos nas condições originalmente contratadas, ressalvados os atos validamente praticados no âmbito dos procedimentos (art. 20-C, parágrafo único).
3.5.1 O Juízo Competente
→ A competência para os processos de falência, de recuperação judicial e homologação de recuperação extrajudicial, é o do juízo do principal estabelecimento do devedor, que é aquele onde se concentra o maior volume de negócios da empresa, é o principal estabelecimento do ponto de vista econômico. Portanto, o juízo competente para processar e julgar a falência não será, necessariamente, o juízo do local indicado no contrato ou estatuto social como sendo o da sede do empresário.
APONTAMENTOS:..Após a alteração da lei: prevenir a competência do juízo para qualquer outro pedido de falência, recuperação judicial ou de homologação de recuperação extrajudicial relativo ao mesmo devedor. A distribuição de pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicialtambém passará a (art. 6º, § 8º).
3.5.2 O Juízo Universal
→ Conforme destaca Fábio Ulhoa Coelho[13], “o juízo da falência é universal. Isto significa que todas as ações referentes aos bens, interesses e negócios da massa falida serão processadas e julgadas pelo juízo em que tramita o processo de execução concursal por falência (art. 76). É a chamada aptidão atrativa do juízo falimentar, ao qual conferiu a lei a competência para conhecer e julgar todas as medidas judiciais de conteúdo patrimonial referentes ao falido ou à massa falida”.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.2.1 As Exceções ao Juízo Universal
A) Ações não-reguladas pela lei falimentar em que a massa for autora ou litisconsorte ativa (por exemplo, se a massa tiver valores a ser cobrados de um cliente de outra praça);
B) Ações Trabalhistas (Processo de Conhecimento);
C) Execuções Tributárias;
D) Ações de conhecimento em que é parte ou interessada a União Federal (Justiça Federal);
E) Ações que demandem obrigações ilíquidas.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.3 O Pedido de Falência
→ A lei falimentar impõe ao próprio empresário devedor o dever de requerer a autofalência, quando não atender às condições legais para obter a recuperação judicial.
3.5.3.1 A Legitimidade ao Pedido de Falência
→ Além do próprio devedor, a legitimidade para o pedido de falência é também atribuída ao cônjuge sobrevivente, aos herdeiros e ao inventariante. Podem também pedir o sócio da sociedade devedora, mesmo que limitada ou anônima.
OBS: Porém, de fato, quem tem maior interesse no pedido de falência do devedor é o seu credor.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.3.2 O Pedido de Autofalência
→ Quando se tratar de autofalência, o pedido do devedor deve vir instruído com um balanço patrimonial, a relação dos credores e o contrato social, ou, se inexistente, a relação dos sócios e outros indicados por lei.
OBS 1: O devedor também deverá depositar em cartório os livros comerciais, que serão encerrados pelo juiz para ser entregues ao administrador judicial da falência.
OBS 2: Não estando o pedido adequadamente instruído, o juiz determinará sua emenda, caso contrário, profere a sentença declaratória da falência, sem prévia oitiva do Ministério Público.
APONTAMENTOS:. 
3.5.3.3 O Pedido de Falência Apresentado Pelo Credor
→ A Falência se destina ao empresário insolvente, ou seja, aquele que, como visto, não apresenta mais em seu patrimônio bens suficientes para garantir suas dívidas.
OBS: Conforme destaca Fábio Ulhoa Coelho[14] “não é necessário ao requerente da quebra demonstrar o estado patrimonial de insolvência do requerido para que se instaure a execução concursal falimentar, nem, por outro lado, se livra da execução concursal o empresário que lograr demonstrar eventual superioridade do ativo em relação ao passivo”. A Insolvência, que se refere a LRF, deverá ser meramente PRESUMIDA.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.3.3.1 A Insolvência Presumida
→ Em termos práticos, porém, a prova objetiva da insolvência do devedor empresário na falência, nos moldes referidos a cima, se torna demasiadamente difícil, ou até impossível, quando atribuído este ônus ao credor. Sendo assim, a lei, em termos práticos, estabelece que a insolvência, para fins de instauração do processo falimentar, deverá ser demonstrada, conforme é a regra do art. 94 da Lei 11.101/2005, de forma presumida, nas seguintes modalidades: A) A Impontualidade; B) A Execução Frustrada; C) Os Atos de Falência, conforme serão vistos a diante.
A) A Impontualidade: Nesta modalidade, o credor deverá instruir o pedido de falência de seu devedor com título ou títulos executivos, devidamente protestados, cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários mínimos na data do pedido de falência, conforme estatui o art. 94, I da Lei 11.101/2005. Poderá, ainda, conforme prevê o § 1º do art. 94 da LRF, o credor cujo crédito individualmente não ultrapasse a 40 (quarenta) salários mínimos, para alcançar esta soma, se reunir em litisconsórcio com outro ou outros credores e pedir a falência do devedor comum.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
B) A Execução Frustrada: Nesta situação, tendo o credor ajuizado uma Ação de Execução contra o devedor empresário e este, no prazo de lei, não tiver pago a dívida, depositado o valor correspondente à execução e nem, ao menos, nomeado bens à penhora, este credor poderá solicitar a expedição de uma certidão judicial que certifique o ocorrido e utilizá-la para instruir o Pedido de Falência com esta, nos moldes estabelecidos no art. 94, II da Lei 11.101/2005.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
C) Atos de Falência: Nesta espécie de pedido de falência, a insolvência presumida reside na ocorrência de determinados atos praticados pelo devedor empresário, os quais venham evidenciar o estado de ruína financeira, tais como: liquidação precipitada dos ativos; negócio simulado; transferência do estabelecimento sem o consentimento dos credores; abandono do estabelecimento, conforme previsto no art. 94, III da Lei 11.101/2005.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
OBS 1: Deve-se destacar que nas situações tipificadas pelos incisos II e III, Execução Frustrada e Atos de Falência, respectivamente, não há valor mínimo para o pedido e, ainda, não há exigência específica quanto ao protesto dos títulos.
OBS 2: Sendo o credor um empresário (Empresário Individual, Sociedade Empresária ou Eireli), este, conforme estabelece o § 1º do art. 97 da LRF, deverá apresentar certidão expedida pelo Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial) comprovando a regularidade no exercício da atividade empresarial.
OBS 3: Por sua vez, o credor não domiciliado no país deverá prestar caução, garantindo, assim, o pagamento de uma eventual indenização, caso venha restar comprovado que agiu com dolo manifesto em seu Pedido de Falência, de acordo com o regra do § 2º do art. 97 da LRF.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.4 Da Citação e Resposta do Réu
→ Se a falência é requerida pelo credor, ou ainda outros terceiros interessados que tenham legitimidade ao pedido, o rito prevê a citação do empresário devedor para responder no prazo de 10 dias. Sua resposta só pode se consistir na CONTESTAÇÃO, já que a lei não prevê a reconvenção ou o reconhecimento da procedência do pedido.
OBS1: Se o pedido de falência se baseia na impontualidade injustificada ou na execuçãofrustrada, o devedor pode ELIDI-LO, depositando em juízo, no prazo da resposta, o valor correspondente ao total do crédito em atraso, acrescido da correção monetária, juros e honorários advocatícios (DEPÓSITO ELISIVO – ELISÃO – ELIDIR A FALÊNCIA POR MEIO DE DEPÓSITO DA QUANTIA RECLAMADA).
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
OBS 2: Note-se que, conforme é a regra disciplinada pelo § único do art. 98, não existe a possibilidade de o devedor elidir a falência se esta foi requerida com base em algum dos motivos previstos no inciso III do art. 94, os quais se configuram nos atos de falência, muito embora Fábio Ulhoa Coelho[15] entenda que sim. Neste caso, estamos convencidos de que o legislador foi coerente, pois a modalidade de pedido de falência baseada nos atos de falência, prevista no inciso III do art. 94 da LRF, se constitui em denúncia a qual, se permitida a elisão, não será devidamente apurada.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.4.1 Das Possibilidades do Réu Após a Citação
A) SÓ CONTESTAR: O juiz acolhendo as razões da defesa, profere a sentença denegatória da falência e condena o requerente nas verbas da sucumbência; não as acolhendo, deve proferir sentença declaratória de falência.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
B) CONTESTAR E DEPOSITAR: O juiz deve apreciar a contestação. Se acolher as razões da defesa, profere a sentença denegatória da falência, condena o requerente nas verbas sucumbenciais e eventuais perdas e danos, bem como determina o levantamento da quantia depositada pelo requerido. Se as desacolher, profere igualmente a sentença denegatória da falência, mas imputa ao requerido os ônus da sucumbência e autoriza o levantamento do depósito em favor do requerente.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
C) SÓ DEPOSITAR: O juiz profere sentença denegatória da falência, impõe ao requerido a sucumbência e determina o levantamento do depósito em favor do requerente.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
D) DEIXAR TRANSCORRER O PRAZO SEM CONTESTAR: O juiz profere a sentença declaratória da falência, instaurando a execução concursal do patrimônio do devedor.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
E) REQUERER SUA RECUPERAÇÃO JUDICIAL: Para tanto, no prazo da contestação, o devedor deverá apresentar Pedido de Recuperação Judicial e apresentar a prova de tal pedido junto aos autos do Pedido de Falência, não sendo, desta forma, decretada a Falência, conforme dispõe o art. 96, VII.
APONTAMENTOS: Recuperação judicial de produtor rural: 
· Ficará definido que produtores rurais que atuem como pessoas físicas poderão pedir recuperação judicial.
· O plano especial do produtor rural não poderá envolver crédito superior a R$ 4,8 milhões (art. 70-A).
· Será admitida a comprovação do prazo de dois anos de atividade estabelecido no caput do artigo 48 por meio da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), ou de obrigação legal de registros contábeis que venha a substituí-la (no caso de atividade rural exercida por pessoa jurídica), do Livro de Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou de obrigação legal de registros contábeis que venha a substituí-la, da Declaração de Imposto de Renda e do balanço patrimonial (no caso de atividade rural exercida por pessoa física) (art. 48, §§ 2º e 3º).
· Somente estarão sujeitos à recuperação judicial os créditos que decorram exclusivamente da atividade rural, ainda que não vencidos (art. 49, § 6º).
· Não se sujeitarão aos efeitos da recuperação judicial os recursos controlados e abrangidos nos termos dos arts. 14 e 21 da Lei nº 4.829/65 (art. 49, § 7º). No entanto, caso não tenham sido renegociados antes do pedido de recuperação judicial, na forma de ato do Poder Executivo, tais créditos se sujeitarão aos efeitos do plano (art. 49, § 8º).
· Não estarão sujeitos à recuperação judicial os créditos relativos às dívidas constituídas nos três últimos anos anteriores ao pedido de recuperação judicial que tenham sido contraídas para aquisição de propriedades rurais, bem como as respectivas garantias (art. 49, § 9º).
F) APRESENTAR ACORDO CONJUNTAMENTE COM O REQUERENTE: Poderá o devedor, por meio de seu advogado, entrar em contato com o requerente e apresentar, no prazo da contestação, acordo de composição da dívida. Porém, conforme alerta Fábio Ulhoa Coelho[16], citando Rubens Requião, se apresentado o acordo com pedido de suspensão do processo e o pedido de falência estiver fundamentado na impontualidade (art. 94, I da LRF), tal situação acarretará a extinção do processo, pois este produzirá os efeitos da moratória, descaracterizando, assim, a impontualidade.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.5 A Sentença Declaratória de Falência
→ É, em específico, a decisão judicial que, reconhecendo a procedência do Pedido de Falência, acaba por decretar a Falência do devedor empresário.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.5.1 Da Natureza Jurídica da Sentença Declaratória de Falência
→ Em que pese o legislador ter denominado a sentença que decreta a quebra do empresário individual, da sociedade empresária, ou da Eireli de “Sentença Declaratória de Falência”, a sua natureza jurídica há de ser considerada não como “Declaratória”, mas sim como “Constitutiva”.
OBS 1: “Com sua edição pelo juiz, opera-se a dissolução da sociedade empresária falida, ficando seus bens, atos jurídicos, contratos e credores submetidos a um regime jurídico específico, o falimentar, diverso do regime geral do direito das obrigações. É a sentença declaratória da falência que introduz a falida e seus credores nesse outro regime. Ela não se limita, portanto, a declarar fatos ou relações preexistentes, mas modifica a disciplina jurídica destes, daí o seu caráter constitutivo[17]”.
OBS 2: Da sentença declaratória de falência cabe o RECURSO DE AGRAVO, na modalidade por INSTRUMENTO. O prazo é o mesmo da legislação comum.
APONTAMENTOS: Após a alteração: A distribuição de pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial também passará a prevenir a competência do juízo para qualquer outro pedido de falência, recuperação judicial ou de homologação de recuperação extrajudicial relativo ao mesmo devedor (art. 6º, § 8º).
3.5.5.2 Do Termo Legal
→ Quando determinar a falência do devedor empresário, na própria Sentença Declaratória de Falência, deverá o juiz fixar o Termo Legal da Falência. Este consiste na determinação de um lapso temporal anterior a decretação da falência, quetem por finalidade, conforme o caso, de tornar ineficaz determinados negócios realizados pelo empresário devedor nas vésperas de lhe ser decretada a falência.
OBS: Entendeu o legislador que, durante esse tempo, o devedor empresário poderia realizar negócios sob pressão da ruína financeira, motivadora da falência, negócios esses que, sob condições financeiras favoráveis, não seriam realizados. Seria como determinar o período de gestação ou de incubação da falência.
→ O Termo Legal será fixado pelo juiz, na própria Sentença Declaratória de Falência, devendo retroagir, no máximo, a 90 dias contados do primeiro protesto por falta de pagamento realizado em face do falido. Se se tratar de autofalência e não houver nenhum protesto por falta de pagamento, o referido prazo retroagirá a partir da Sentença Declaratória de Falência. 
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.6 A Sentença Denegatória de Falência
→ Trata-se, em concreto, da decisão do juiz que, seja pela improcedência do Pedido de Falência ou pela ocorrência do Depósito Elisivo, denega a Falência, não instaurando, assim, o processo falimentar.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
OBS 1: O juiz, ao julgar o pedido de falência, deve examinar o comportamento do requerente. Assim, se verificar a ocorrência de dolo manifesto da parte do requerente da falência, quando do seu ajuizamento, deve o juiz, na própria sentença denegatória da falência, condená-lo ao pagamento de indenização em favor do requerido.
OBS 2: Se a denegação não tiver por fundamento a improcedência do pedido, mas a sua elisão provocada pelo depósito do valor da obrigação em atraso, o juiz determinará o levantamento deste em favor do requerente e condenará o requerido no reembolso das despesas e nos honorários de advogado.
OBS 3: A sentença que denega o pedido de falência pode ser objeto de RECURSO DE APELAÇÃO, no mesmo prazo do CPC.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.7 Os Efeitos da Falência Quanto aos Credores do Falido
→ A sentença declaratória da falência produz quatro efeitos quanto aos credores:
A) A formação da massa falida subjetiva (a massa falida subjetiva é o sujeito de direito despersonalizado voltado à defesa dos interesses gerais dos credores de um empresário falido);
B) A suspensão das ações individuais contra o falido (é a consequência da sentença declaratória da falência, que dá início ao processo de execução concursal do devedor empresário);
C) O vencimento antecipado dos créditos;
D) A suspensão da fluência dos juros (apenas os juros devidos à data da decretação da falência podem ser cobrados da massa).
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.8 A Administração da Falência
→ Para a administração da massa falida, a lei atribui funções ao Magistrado e ao Representante do Ministério Público, que se constituem em agentes inespecíficos da Falência, e aos Órgãos da Falência (Administrador Judicial, Assembléia dos Credores e Comitê dos Credores), estes útimos, figuras específicas do processo falimentar.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.8.1 O Magistrado
3.5.8.1.1 O Magistrado e Suas Funções Jurisdicionais
→ Cumprindo suas funções jurisdicionais, o Magistrado preside a Falência, praticando, assim, todos os atos designados pela lei no intuito do regular desenvolvimento do processo, tais como despachos e sentenças
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.8.1.2 O Magistrado e Suas Funções Administrativas
→ O Magistrado exerce funções administrativas na Falência enquanto superintendente das funções exercidas pelo Administrador Judicial. Cabe a ele, portanto, entre outras atribuições, nomear o Administrador Judicial, substituí-lo ou destituí-lo e aprovar a sua prestação de contas e, ainda, autorizá-lo a vender antecipadamente os bens.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.8.2 O Representante do Ministério Público
→ O Representante do Ministério Público, cumprindo suas funções institucionais de fiscal da lei, intervém no processo de falência em diversos momentos e fiscaliza a administração da massa falida exercida por parte do Administrador Judicial.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.8.3 Os Órgãos da Falência
→ Como referido anteriormente, tratam-se os Órgãos da Falência de figuras especificas do Direito Concursal. São, portanto, agentes criados pelo legislador junto à LRF para atuar especificamente na Falência e na Recuperação de Empresas. São eles: o Administrador Judicial; a Assembleia-Geral de Credores; e o Comitê de Credores.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.8.3.1 O Administrador Judicial
→ Trata-se, o Administrador Judicial, do administrador e o representante legal da massa falida. É quem desempenha as atribuições relacionadas exclusivamente com a administração da falência. É o agente auxiliar do juiz, aquele que, em nome próprio, deve cumprir com as funções atribuídas pela LRF.
OBS 1: A escolha do Administrador Judicial cabe ao juiz e, conforme dispõe o art. 21 da LRF, deve recair sobre profissional idôneo, “preferencialmente”, advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou, ainda, pessoa jurídica especializada.
OBS 2: O Administrador Judicial responde civilmente por má administração ou por infração à lei, sendo que até o encerramento da Falência apenas a Massa falida tem legitimidade para acioná-lo.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.8.3.1.1 Atos Praticados Pelo Administrador Judicial
A) A Verificação dos Créditos: Conjunto de procedimentos praticados pelo Administrador Judicial com vistas à formação do quadro geral de credores admitidos na Falência, conforme será tratado a seguir.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
B) O Relatório Inicial: Deve conter as circunstâncias e motivos específicos que motivaram a decretação da falência, bem como um parecer relativo à atuação dofalido ou representante legal da sociedade empresária ou da Eireli falida no intuito de configuração ou não da ocorrência de crime falimentar. Deverá ser apresentado dentro de 40 dias após a assinatura do termo de compromisso por parte do Administrador Judicial.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
C) As Contas Mensais: O Administrador Judicial deverá elaborar e apresentar ao juiz da Falência, prestações mensais de suas contas, as quais deverão ser entregues até o décimo dia do mês subsequente ao mês específico das contas prestadas.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
D) Relatório Final: Terminada a liquidação, o Administrador Judicial terá 10 dias, a contar do julgamento de suas contas, para apresentar o seu relatório final, o qual conterá o valor do ativo e o valor do fruto de sua arrecadação, além das obrigações que, eventualmente, restar o falido, com o saldo remanescente de cada credor.
APONTAMENTOS: ·O administrador judicial deverá estimular a mediação, conciliação e demais métodos alternativos de solução de conflitos.
O administrador judicial deverá manter endereço eletrônico com informações atualizadas sobre os processos de falência e recuperação judicial, com as principais peças do processo e os relatórios mensais de atividades, e sobre o plano de recuperação judicial, bem como para recebimento de habilitações e divergências em âmbito administrativo, salvo decisão judicial em sentido contrário.
·Haverá ampliação do escopo das funções do administrador judicial no âmbito do processo de recuperação judicial, notadamente (i) fiscalizar a veracidade e conformidade das informações prestadas pelo devedor para fins de elaboração do relatório mensal de atividades; (ii) fiscalizar as negociações entre devedor e credores, assegurando que as partes não adotem expedientes dilatórios ou prejudiciais; (iii) fiscalizar, por meio de emissão de parecer sobre sua regularidade, as deliberações da AGC por meio de termo de adesão, votação por meio eletrônico ou qualquer outro mecanismo idôneo (art. 39, § 5º); (iv) submeter à votação em AGC que rejeitar o plano de recuperação judicial proposto pelo devedor a concessão de prazo de 30 dias para apresentação do plano de recuperação judicial pelos credores (art. 56, § 4º); (v) apresentar em 48 horas relatório das manifestações dos credores sobre a realização de AGC para deliberar sobre a venda de ativos, requerendo sua convocação.
·Haverá ampliação do escopo das funções do administrador judicial no âmbito do processo de falência, notadamente: (i) obrigação de apresentar em 60 dias do seu termo de nomeação plano detalhado de realização dos ativos; (ii) proceder à venda de todos os bens da massa falida no prazo máximo de 180 dias, contado da data da juntada do auto de arrecadação, sob pena de destituição, salvo por impossibilidade fundamentada, reconhecida por decisão judicial; (iii) em caso de insuficiência dos bens para as despesas do processos, promover a venda dos bens arrecadados no prazo máximo de 30 dias, para bens móveis, e de 60 dias, para bens imóveis, caso os credores não requeiram o prosseguimento da falência; (iv) arrecadar os valores dos depósitos realizados em processos administrativos ou judiciais nos quais o falido figure como parte, oriundos de penhoras, de bloqueios, de apreensões, de leilões, de alienação judicial e de outras hipóteses de constrição judicial, ressalvado os depósitos de tributos federais.
Haverá previsão de atuação no âmbito de processos transnacionais de insolvência, notadamente (i) autorização para atuar em processos judiciais estrangeiros na qualidade de representante do processo judicial brasileiro, em caso de falência; e (ii) obrigação de cooperação e de comunicação com a autoridade estrangeira e com os representantes estrangeiros.
E) Liquidação do Ativo: Venda dos bens do falido, de acordo com as modalidades previstas na LRF, conforme se verificará a seguir.
F) Pagamento do Passivo: Com o fruto arrecadado na liquidação dos bens do falido, procede-se o pagamento dos credores, obedecendo-se a uma ordem classificatória que será vista na sequência deste estudo.
3.5.8.3.1.2 Substituição ou Destituição do Administrador Judicial
→ O profissional nomeado pelo juiz para exercer as funções de Administrador Judicial, nos moldes do art. 21da LRF, poderá deixar de ocupar o referido cargo por Substituição ou por Destituição. Em se tratando de afastamento do cargo de Administrador Judicial por Substituição, significa que o referido profissional não sofreu sanção alguma em relação aos atos que praticou na administração da massa falida, ocorrendo, apenas, uma mudança em virtude de reivindicação do próprio ocupante do cargo ou, caso o juiz entenda, para uma melhor administração da massa falida. Todavia, se o afastamento se der por Destituição, aí sim esta será uma sanção administrativa aplicada ao profissional ocupante do cargo de Administrador Judicial que não cumpriu suas funções a contento.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
OBS: Afastado por substituição, o profissional ocupante do cargo de Administrador Judicial poderá voltar a ser nomeado para a mesma função em outra falência. Porém, se for destituído somente poderá ser nomeado novamente após transcorridos 5 anos, conforme determina o art. 30 da LRF.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.8.3.2 A Assembleia Geral de Credores
→ “A Assembleia-Geral de Credores será convocada pelo juiz por edital publicado no órgão oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede e filiais, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias (...)” (Art. 36 LRF)
OBS: A Assembleia-Geral de Credores tem competência para: a) aprovar a constituição do comitê de credores e eleger seus membros; b) adotar modalidades extraordinárias de realização do ativo do falido; c) deliberar sobre assuntos de interesse geral dos credores.
APONTAMENTOS:
As alterações trazidas na Assembleia Geral de Credores pela Lei nº 14.112, de 2020, trazem a mudança no caput do art. 36, a convocação do Juiz passa a ser por meio de edital publicado no diário oficial eletrônico e disponibilizado no sítio eletrônico do administrador judicial
Art. 36. A Assembleia Geral de Credores será convocada pelo juiz por meio de edital publicado no diário oficial eletrônico e disponibilizado no sítio eletrônico do administrador judicial, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias (...).
Além das atribuições já previstas para deliberação contidas no art. 35 inciso I da Lei 11.1101/05. A Assembleia Geral de Credores, também deliberará sobre a aprovação de alienação de bens ou direitos do ativo não circulante do devedor, não prevista no plano de recuperação judicial (art. 35, I, alínea g).
Foi incluído os § § 4º, 5º, 6º e 7º no artigo 39
§ 4º Qualquer deliberação prevista nesta Lei a ser realizada por meio de assembleia-geral de credores poderá ser substituída, com idênticos efeitos, por: 
 
I - Termo de adesão firmado por tantos credores quantos satisfaçam o quórum de aprovação específico, nos termos estabelecidos no art. 45-A desta Lei;
II - Votação realizada por meio de sistema eletrônico que reproduz as condições de tomada de voto da assembleia-geral de credores; ou	
III - outro mecanismo reputado suficientemente seguropelo juiz. 	
§ 5º As deliberações nos formatos previstos no § 4º deste artigo serão fiscalizadas pelo administrador judicial, que emitirá parecer sobre sua regularidade, previamente à sua homologação judicial, independentemente da concessão ou não da recuperação judicial. 
§ 6º O voto será exercido pelo credor no seu interesse e de acordo com o seu juízo de conveniência e poderá ser declarado nulo por abusividade somente quando manifestamente exercido para obter vantagem ilícita para si ou para outrem
§ 7º A cessão ou a promessa de cessão do crédito habilitado deverá ser imediatamente comunicada ao juízo da recuperação judicial.
3.5.8.3.2 O Comitê de Credores
→ O Comitê de Credores, que é órgão facultativo (art. 28 da LRF), é composto por um representante dos credores trabalhistas, um dos titulares de direito reais de garantia e privilégios especiais e um dos demais (cada qual com dois suplentes) eleitos pela assembleia. Sua função mais importante na falência é fiscalizar o administrador judicial (art. 27, I da LRF).
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.9 A Dissolução do Patrimônio do Falido
→ O objetivo fundamental da Falência é, na prática, buscar o pagamento dos credores do falido, de acordo com uma ordem classificatória, por meio da obtenção de recursos oriundos da venda de seus bens. Isto se dará com a Dissolução do Patrimônio do falido.
OBS: Para que ocorra a Dissolução do Patrimônio do falido, há a necessidade de se definir o seu passivo e liquidar o seu ativo. Isto acontece promovendo-se a Verificação de Créditos e a Definição e Liquidação do Ativo, respectivamente, conforme será tratado a seguir.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.9.1 A Verificação de Créditos
→ Incumbe ao Administrador Judicial promover a Verificação de Créditos na Falência, procedimento pelo qual se define a natureza e o montante do passivo do falido, na forma estabelecida pelo art. 7º da LRF.
OBS: Caso resulte algum conflito, quanto à Verificação de Créditos na falência, entre o Administrador Judicial e algum dos credores, o juiz decidirá o conflito, repelindo ou acolhendo o respectivo crédito, nos moldes a serem vistos a diante.
APONTAMENTOS: Haverá regra expressa quanto à possibilidade de encerramento da recuperação judicial ainda que o Quadro Geral de Credores não tenha sido homologado. Com isso, as habilitações e impugnações retardatárias deverão ser redistribuídas ao juízo da recuperação judicial como ações autônomas por meio do rito comum, sendo que habilitações retardatárias terão a competente reserva de crédito (art. 10, §§ 7º a 9º).
Haverá tratamento específico para habilitação de crédito fiscal na falência (art. 7º-A).
No caso de falências, haverá prazo decadencial de três anos, contados da decretação da falência, para habilitações e pedidos de reserva de crédito (art. 10, § 10º).
O rateio na falência poderá se dar ainda que não esteja formado o Quadro Geral de Credores, desde que a classe de credores a ser satisfeita já tenha tido todas as impugnações judiciais apresentadas no prazo previsto no art. 8º, ressalvada a reserva dos créditos controvertidos em função das habilitações retardatárias de créditos distribuídas até então e ainda não julgadas (art. 16).
3.5.9.1.1 A Sequência dos Procedimentos na Verificação de Créditos
1º) A PUBLICAÇÃO DA RELAÇÃO DOS CREDORES: A Verificação dos Créditos na Falência se dará com a Publicação da Relação de Credores. Tal providência será tomada pelo Administrador Judicial.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
OBS 1: Decretada a Falência, a pedido do credor ou sócio dissidente, o falido ou o representante legal da sociedade empresária ou da Eireli falida será intimado, conforme determina o art. 99, III da LRF, para que em 5 dias elabore e apresente a relação de seus credores, sob pena de crime de desobediência à ordem judicial. Esta será publicada, por providência do Administrador Judicial, em órgão de imprensa oficial.
OBS 2: Caso o falido ou o representante da sociedade empresária falida não apresente a relação dos seus credores, optando, assim, por responder por desobediência, tal relação deverá ser providenciada pelo Administrador Judicial e, após, publicada.
OBS 3: Dentro de 15 DIAS SEGUINTES À PUBLICAÇÃO da relação, conforme estatui o § 1º do art. 7º da LRF, os credores deverão conferi-la. Os credores que não se encontram contemplados na referida publicação deverão apresentar a HABILITAÇÃO DE SEUS CRÉDITOS perante o administrador judicial. Estão dispensados da habilitação: o credor fiscal e os titulares de créditos remanescentes da recuperação judicial, se tinham sido incluídos no quadro geral desta quando da convolação em falência.
OBS 4: Os que estiverem na relação, mas discordarem da classificação ou do valor atribuído aos seus créditos, devem, em atenção ao § 1º do art. 7º da LRF, requerer a retificação da relação de credores publicada, apresentando, perante o Administrador Judicial, sua SUSCITAÇÃO DE DIVERGÊNCIA.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
2º) A REPUBLICAÇÃO DA RELAÇÃO DE CREDORES: O Administrador Judicial deverá, em 45 dias após o fim do prazo para a apresentação das habilitações e Divergências, providenciar a Republicação da Relação de Credores, de acordo com o que disciplina o § 2º do art. 7º da LRF, tendo como base as informações e documentos apresentados.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
OBS 1: Republicada a Relação de Credores, poderão os interessados (QUALQUER CREDOR - O COMITÊ - O FALIDO - O SÓCIO DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA FALIDA - MP), dentro do PRAZO DE 10 DIAS, apresentarem ao juiz suas IMPUGNAÇÕES AOS CRÉDITOS, conforme dispõe o art. 8º da LRF.
OBS 2: As diversas impugnações serão autuadas de acordo com o crédito impugnado, conforme o § único do art. 13 da LRF, sendo que os respectivos credores serão intimados para, EM 5 DIAS CONTESTAREM, juntando documentos e indicando as provas que pretendem produzir, conforme determina o art. 11 da LRF.
OBS 3: Serão intimados, em seguida, o falido ou o representante legal da sociedade empresária falida e o comitê (caso exista), para, de acordo com o que prevê o caput do art. 12 da LRF, se manifestarem sobre as impugnações no PRAZO COMUM DE 5 DIAS. Após, o Administrador Judicial será intimado para, em 5 DIAS, apresentar seu parecer, nos moldes estabelecidos pelo § único do mesmo art. 12 da LRF.
OBS 4: Por fim, os autos de impugnação de crédito serão promovidos à conclusão. As impugnações que não necessitarem de dilação probatória serão, em seguida, julgadas pelo juiz. Quanto às demais, o juiz determinará a instrução processual para, assim, julgar. Da sentença proferida em relação à impugnação do crédito, cabe recurso de agravo.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3º) A PUBLICAÇÃO DO QUADRO-GERAL DE CREDORES CONSOLIDADO: Com base na relação dos credores a que se refereo art. 7º, § 2º, da LRF, e nas decisões proferidas nas impugnações oferecidas, o Administrador promoverá a consolidação do quadro-geral de credores, conforme disciplina o art. 18 da LRF, caput).
OBS: No prazo de 5 dias, contados da data da sentença que julgar as impugnações, o quadro-geral será assinado pelo juiz e pelo administrador judicial e mencionará a importância e a classificação de cada crédito na data da decretação da Falência, sendo juntado aos autos principais e publicado em órgão de imprensa oficial.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.9.2 A Arrecadação e a Guarda dos Bens do Falido
3.3.9.2.1 A Arrecadação dos bens do falido
→ A Arrecadação se constitui no ato de constrição dos bens na Falência. Portanto, não há o que se falar em penhora dos bens do falido em um processo falimentar., pois a penhora se constitui no ato de constrição de bens do executado em um processo de execução.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
OBS 1: Logo após assinar o termo de compromisso, o Administrador Judicial promoverá a Arrecadação, tanto dos bens, quanto dos livros e demais documentos do falido (Art. 108, caput, da LRF).
OBS 2: Em ato contínuo, o Administrador Judicial promoverá também a avaliação, em bloco ou separadamente, dos bens arrecadados (Art. 108, caput, da LRF).
OBS 3: Conforme determina o § 4º do art. 108 da LRF, não serão objeto de Arrecadação os bens absolutamente impenhoráveis (Arts. 833 do CPC e Lei 8.009/90)
OBS 4: Conforme destaca Fábio Ulhoa Coelho[18], “também não poderão ser Arrecadados os bens da meação do cônjuge protegidos pela Lei 4.121 (Estatuto da Mulher Casada).”
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.9.1.2 A Guarda dos Bens do Falido
→ “Os bens arrecadados ficarão sob a guarda do administrador judicial ou de pessoa por ele escolhida, sob responsabilidade daquele, podendo o falido ou qualquer de seus representantes ser nomeado depositário dos bens.” (§ 1º do art. 108 da LRF)
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
OBS 1: “Os bens arrecadados poderão ser removidos, desde que haja necessidade de sua melhor guarda e conservação, hipótese em que permanecerão em depósito sob a responsabilidade do administrador judicial, mediante compromisso.” (Art. 112 da LRF)
OBS 2: “Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos á considerável desvalorização ou que sejam de conservação arriscada ou dispendiosa, poderão ser vendidos antecipadamente, após a arrecadação e a avaliação, mediante autorização judicial, ouvidos o Comitê e o falido no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.” (Art. 113 da LRF)
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.9.3 A Liquidação do Ativo do Falido
→ A Liquidação do ativo do falido, no processo falimentar, tem dois objetivos: A REALIZAÇÃO DO ATIVO, vendendo-se os bens arrecadados, e o PAGAMENTO DO PASSIVO, satisfazendo-se os credores admitidos, de acordo com a natureza do crédito e as forças da massa.
APONTAMENTOS: Haverá prazo máximo de 180 dias para que o administrador judicial proceda com a venda de todos os bens da massa falida. Ele será contado da data da juntada do auto de arrecadação, sob pena de destituição, salvo por impossibilidade fundamentada, reconhecida por decisão judicial.
3.5.9.3.1 A Realização do Ativo
→ Conforme já mencionado anteriormente, os bens do devedor se constituem na garantia de seus credores. Assim, buscando satisfazer os credores do falido, seus bens são arrecadados e vendidos judicialmente, de forma englobada ou separadamente, pelo maior valor ofertado em Leilão, por Propostas Fechadas ou Pregão, mesmo que este valor seja inferior ao da avaliação do respectivo bem.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
OBS 1: Buscando otimizar a obtenção de recursos provenientes dos bens do falido, estes poderão, de acordo com a sua natureza, ser vendidos de maneira desarticulada e separadamente ou, ao contrário, de forma englobada evitando, assim, a descaracterização e, por consequência, a perda do valor agregado ao conjunto.
OBS 2: A realização da alienação dos bens do falido, em quaisquer modalidades (Leilão, Propostas Fechadas ou Pregão) será antecedida por publicação em anúncio promovido em jornal de grande circulação, com antecedência de 15 dias para a alienação de bens móveis e de 30 dias se a alienação for da empresa do falido ou de seus bens imóveis. (§ 1º do art. 142 da LRF)
APONTAMENTOS: A alienação independerá da consolidação do quadro geral de credores.
·A alienação não estará sujeita à aplicação do conceito de preço vil. O terceiro que impugnar a venda deverá fazer ou apresentar oferta firme de terceiro e caucionar 10% do valor da oferta. Suscitar objeção indevida sobre ponto será ato atentatório à dignidade da Justiça.
3.5.9.3.1.1 As Modalidades de Realização do Ativo
A) A Venda Por LEILÃO: A Venda por Leilão se constitui na alienação dos bens arrecadados ao interessado que ofertar lance oral com maior valor, aplicando-se, no que couber, as regras do CPC. (§ 3º do art. 142 da LRF). Quanto à nomenclatura, a LRF não distingue se os bens são móveis ou imóveis (Leilão e Praça), nominando a modalidade de venda, em ambas as hipóteses, de Leilão.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
B) A Venda Por Propostas Fechadas: Na modalidade de Venda por Propostas Fechadas, os interessados entregarão em cartório e sob recibo, envelopes lacrados contendo o valor de suas propostas, os quais serão abertos pelo juiz no dia, hora e local designados no edital. (§ 4º do art. 142 da LRF)
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
C) A Venda Por Pregão: Trata-se, a venda dos bens do falido por Pregão, de modalidade híbrida, a qual se inicia com propostas fechadas e é concluída com um leilão de lances orais. Assim, se ao abrir as propostas fechadas, o juiz verificar que é pequena a diferença entre as propostas, até 10%, intimará os proponentes para um leilão, entre estes principais concorrentes. (§§ 5º e 6º do art. 142 da LRF)
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
OBS 1: “Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público será intimado pessoalmente, sob pena de nulidade” (§ 7º do art. 142 da LRF)
OBS 2: A realização do ativo compreende também a cobrança, amigável ou judicial, dos créditos do falido, que deverá ser proposta pelo administradorjudicial.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.9.3.2 O Pagamento dos Credores
→ Com o fruto arrecadado com a venda dos bens do falido, o Administrador Judicial deverá efetuar o pagamento dos credores admitidos no processo falimentar, obedecida a ordem classificatória estabelecida nos arts. 83 (créditos concursais) e 84 (créditos extraconcursais) da LRF.
 APONTAMENTOS: ·Frustrada a tentativa de venda dos bens, e não havendo proposta concreta dos credores para assumi-los, os bens poderão ser considerados sem valor de mercado e destinados à doação ou devolvidos ao falido, em caso de não haver interessados na doação.
·Por deliberação tomada nos termos do art. 42, credores poderão adjudicar os bens alienados na falência ou adquiri-los por meio de constituição de sociedade, de fundo ou de outro veículo de investimento, com a participação, se necessária, dos atuais sócios do devedor ou de terceiros, ou mediante conversão de dívida em capital.
OBS 1: “Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.” (Art. 151 da LRF)
OBS 2: “Os credores restituirão em dobro as quantias recebidas, acrescidas dos juros legais, se ficar evidenciado dolo ou má-fé na constituição do crédito ou da garantia.” (Art. 152 da LRF)
OBS 3: “Pagos todos os credores, o saldo, se houver, será entregue ao falido.” (Art. 153 da LRF)
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.5.9.3.1.1 A Ordem Classificatória de Pagamentos na Falência
→ Os pagamentos na Falência obedecerão a uma ordem classificatória de créditos, divididos em dois grupos: os Créditos Extraconcursais (Art. 84 da LRF) e os Créditos Concursais (Art. 83 da LRF).
OBS: Em atenção ao que estatui o caput do art. 84 da LRF, o pagamento dos Créditos Extraconcursais precede ao dos Concursais. Portanto, primeiro serão pagos os créditos extraconcursais (Art. 84), para depois serem pagos os credores concursais (Art. 83), sendo que, em ambos os casos, deverão ser obedecidas as ordens classificatórias dos respectivos arts. 84 e 83 da LRF.
APONTAMENTOS: A ordem de classificação permanecerá igual, mas o quadro será simplificado, com a eliminação da classe com privilégio (art. 83).
Em relação ao credor subordinado, será esclarecido que o sócio sem vínculo empregatício deterá essa classificação apenas em relação ao crédito que foi tomado sem observação de condições estritamente comutativas e das práticas de mercado (art. 83, VIII, “b”).
Tais regras vigoram apenas para as novas falências.
3.5.9.3.1.1.1 Os Créditos Extraconcursais
→ Os Créditos Extraconcursais são aqueles derivados das despesas realizadas com a administração da Falência e serão pagos antes dos créditos sujeitos ao concurso de credores do falido, inclusive sobre os titulares de direito à restituição em dinheiro, obedecida a seguinte ordem estabelecida no art. 84 da LRF:
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
1º) Os honorários do Administrador Judicial e seus auxiliares; credores trabalhistas ou de acidente de trabalho relativos a serviços prestados após a decretação da Falência. (Art. 84, I)
2º) As quantias fornecidas à massa pelos credores. (Art. 84, II)
3º) As despesas provenientes da arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do produto arrecadado, bem como as custas processuais. (Art. 84, III)
4º) As custas decorrentes de processos judiciais em que a massa falida tenha sido vencida. (Art.84, IV)
5º) As obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a Recuperação Judicial ou após a decretação da Falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, observada a ordem prevista nos art. 83 da LRF. (Art. 84, V)
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3.3.9.3.1.1.2 Os Créditos Concursais
→ Os Créditos Concursais, sujeitos ao concurso de credores, são aqueles constituídos pelo empresário individual, pela sociedade empresária e pela Eireli antes da decretação da Falência. A ordem de pagamentos dos Créditos Concursais obedece a seguinte ordem de classificação estabelecida pelo art. 83 da LRF:
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
1º) Os créditos trabalhistas até o limite de 150 salários-mínimos por credor e os decorrentes de acidente de trabalho.
APONTAMENTOS: Será mantida a regra dos cinco salários mínimos anteriormente referida e o remanescente poderá ser quitado em até dois anos, desde que o plano, a critério do juiz: (i) apresente garantias suficientes; (ii) tenha sido aprovado na classe I; e (iii) garanta o pagamento da integralidade dos créditos trabalhistas (art. 54, §§ 1º e 2º).
2º) Os créditos com garantia real, até o limite do bem gravado. Por exemplo, aqueles em que a satisfação do direito do credor encontra-se garantida por penhor ou hipoteca.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
3º) Os créditos de natureza tributária, exceto as multas relativas a tributos.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
4º) Os créditos com privilégio especial. Por exemplo: o credor por benfeitorias necessárias ou úteis sobre a coisa beneficiada; o credor da obra, pelos direitos do contrato de edição, sobre os exemplares dela na massa do editor, etc.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
5º) Os créditos com privilégio geral. Por exemplo: o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do morto e o costume do lugar; o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no semestre anterior à sua morte; o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua família, no trimestre anterior ao falecimento; etc.
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................
6º) Os créditos quirografários. Por exemplo: os créditos representados por títulos extrajudiciais e demais créditos sem garantia ou privilégio geral ou especial e, ainda, os saldos de créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite de 150 salários mínimos).
APONTAMENTOS:.......................................................................................................................................................................................................................................

Continue navegando