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MATERIAL DIDÁTICO GESTÃO E ELABORAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS PRINCÍPIOS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO DE INSTITUIÇÕES E ESPAÇOS SÓCIOEDUCATIVOS U N I V E R S I DA D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 3 UNIDADE 1 - EIXOS DA EDUCAÇÃO SOCIAL ............................................................................................. 4 UNIDADE 2 - PEDAGOGIA SOCIAL: IMPASSES, DESAFIOS E PERSPECTIVAS EM CONSTRUÇÃO................................................................................................................................................... 10 UNIDADE 3 - DISTINÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL, FORMAL E INFORMAL ............ 17 UNIDADE 4 - A EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL: CAMPOS E PROBLEMAS ............................................. 25 UNIDADE 5 - PROJETOS SOCIAIS ................................................................................................................ 37 UNIDADE 6 - A EMPRESA E SEU PAPEL SOCIAL .................................................................................... 47 CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................... 51 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 52 Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 3 INTRODUÇÃO A educação de uma pessoa começa nos seus primeiros instantes de vida. Desde o momento em que nasce, o ser humano começa a receber orientação e treinamento, aprende a reagir perante situações criadas pela natureza, pela sociedade e vai adquirindo hábitos que farão parte de seu modo de ser. E quando começa a observar o meio em que está inserido e a ter a possibilidade de tomar decisões, inicia seu processo de integração na vida social. E daí por diante cada fato e cada situação exercerão influência sobre a definição de sua personalidade. A pessoa adulta será o resultado da educação recebida desde os primeiros instantes de vida. Como se verifica, a educação de uma pessoa começa na família ou no meio social em que a criança nasceu e passa a viver. Essa é chamada educação informal ou não-formal, que é dada fora do ambiente escolar, tanto à criança quanto ao adolescente e ao adulto. Ao lado dessa, existe, ou pelo menos deve existir, a educação formal, que é dada na escola. Não pode dizer que seja mais importante do que a outra, pois na realidade ambas podem ter influência decisiva na vida de qualquer pessoa. Educação, hoje, é tarefa de todos e condição para o desenvolvimento pessoal e do país. Assegurar às crianças e jovens o sucesso na escola e na vida requer a participação dos que acreditam nisso e se dispõem a enfrentar essa batalha. Cabe ao voluntário, empresário – unido à família e à comunidade escolar e local – dar a sua contribuição para que, através de ações complementares à escola. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 4 UNIDADE 1 - EIXOS DA EDUCAÇÃO SOCIAL RODRÍGUEZ FERNÁNDEZ (1999) analisa uma série de elementos que considera os eixos da educação social: a) o âmbito socioeducativo é o espaço disciplinar onde se realiza a práxis da educação social. Na perspectiva desta ação prima a dimensão social do sujeito, já que este não o é senão no contexto da sua presença na comunidade. Por seu lado, a ação socioeducativa é entendida como ajuda social, e esta se formula desde o apoio e a mediação social. Aqui é onde entra a educação social que, do mesmo modo que outras disciplinas sociais, exerce a mediação para prevenir as situações de escassez e garantir a promoção dos indivíduos. b) a educação social pretende corrigir a concepção clássica de institucionalização. Esta afirmação não significa que a educação social se encontre à margem de estruturas, já que o indivíduo o é e se mostra em todos os espaços. Nesta concepção, o que se faz é afirmar a ideia de que a educação social não se esgota no não-formal, muito pelo contrário, deve abarcar todos os espaços e todos os momentos, já que o homem se aperfeiçoa em qualquer âmbito – formal ou não formal – e ao longo de toda a sua vida. Por outro lado, desenvolver a autonomia dos sujeitos quando se encontram em contextos institucionalizados de internamento (centros penitenciários, centros de menores) implica um indubitável “handicap” para a sua consecução, da mesma maneira que se limitam as possibilidades de interação. Na realidade, a educação social promove estratégias didáticas de caráter instrumentalista cujo meio é a autonomia pessoal, independentemente do contexto no qual se encontra o indivíduo. c) a educação social é uma prática social que medeia a socialização dos indivíduos. Para articular a sua prática educativa, a educação social obtém fundamentos científicos na pedagogia social. Esta, portanto, articula a intervenção sobre o seu objeto através da educação social, o que lhe confere uma natureza epistemológica de tecnologia socioeducativa e, por seu lado, encontra as balizas científicas na pedagogia social. Assim, a função socializadora é, em si mesma, o Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 5 objeto de intervenção da educação social. QUINTANA (1998) atribui à educação social o desenvolvimento da ação educativa que atua sobre a sociedade. A forma de materializar um dos objeto que são específicos da pedagogia social é cuidar da correta socialização do indivíduo. d) a educação social propõe ações alheias ao subsidiário e ao assistencial. A dimensão educativa da educação social é a que traz qualidade de vida e bem-estar social ao indivíduo (PARCERISA, 1999). A sua didática deve promover no indivíduo a sensibilização e tomada de consciência das suas necessidades não sentidas para que estas possam ser percebidas e procuradas (necessidades exprimidas). A educação social deve intervir naquelas circunstâncias que geram situações de necessidade nas pessoas, sendo esta precisamente a função preventiva, a qual, logicamente, deve antepor-se à cronificação dos problemas. Para finalizar, queremos fazer nossas as palavras de PETRUS (1994): Para muitos autores a educação social é hoje sinônimo de socialização correta, seja ela socialização primária, secundária ou terciária, ou seja, a educação seria o processo de transformação do indivíduo biológico em indivíduo social, seria a aquisição das capacidades para participare integrar-se no grupo no qual lhe corresponde viver. Contudo, a educação social, para além de solucionar determinados problemas de convivência, tem uma função não menos importante, que é a de ser um instrumento igualitário e de melhoria da vida social e pessoal. Estamos convencidos de que só uma estratégia criativa e inovadora de proteção e educação social poderá evitar o risco de conviver com situações injustas e conducentes a atitudes violentas, já que a violência social, em múltiplas ocasiões, é a expressão da insatisfação sentida por um setor da população que se vê privado da possibilidade de fazer parte dessa sociedade do bem-estar a que tem direito. 1.1 Diferentes perspectivas da educação social PETRUS (1998) percorre as diferentes perspectivas sobre a educação social que foram elaboradas a partir da cultura do bem-estar, sendo esta entendida dos seguintes modos: Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 6 – Como adaptação: entendida assim, a educação social consistiria na aquisição, por parte do indivíduo, das características intelectuais, sociais e culturais necessárias à sua adaptação e que lhe permitem viver num ambiente social concreto. Deve considerar-se que esta adaptação social se dá ao longo de toda a vida e não apenas em determinados momentos ou fases. A educação social adaptativa é um processo de contínuas adaptações do homem ao meio ambiente. A educação social seria, pois, a expressão do desenvolvimento adaptativo do educando, como ser vivo, às necessidades sociais em permanente mutação. – Como socialização: a educação social é entendida, por alguns, como o processo que torna possível a integração social dos indivíduos, assimilando as normas, valores e atitudes que lhes permitem uma convivência normalizada. Nesta perspectiva, este tipo de educação consistiria numa aprendizagem social que permitiria ao homem e à mulher a entrada no grupo social. Cabe aqui falar de três tipos de socialização: a socialização primária é a que se produz, fundamentalmente, no núcleo familiar e refere-se à aprendizagem afetiva dos comportamentos do grupo; a socialização secundária é o resultado das interações que se produzem em nível do ecossistema, com grupos mais gerais e menos afetivos (escola). Com este tipo de socialização consegue-se interiorizar o sistema de valores que as instituições se encarregam de transmitir; por último, falamos de socialização terciária para nos referirmos a ressocialização, reeducação social, etc., ou seja, o processo mediante o qual se pretende que um indivíduo se reintegre na sociedade depois de ter revelado condutas anti-sociais, associais ou dissociais. – Como aquisição de competências sociais: a educação social entendida deste modo é uma ação educativa que procura que os indivíduos pertencentes a uma determinada sociedade se formem e adquiram as habilidades e competências sociais, consideradas necessárias para alcançar a integração social. Educar para a participação social implica, fundamentalmente, melhorar as relações em todos os âmbitos relacionais da pessoa, é preparar o homem para atuar com habilidade social no campo das relações laborais, é gerar mudanças de atitude, face à cultura e às Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 7 outras culturas, é, finalmente, assumir os princípios básicos de uma justa convivência social. – Como didática do social: nesta perspectiva a educação social é uma intervenção sócio-comunitária em função de problemas e de determinadas orientações institucionais. Vista desta maneira, é algo parecido a uma ciência da intervenção face aos problemas sociais. É uma didática do social. No entanto, é necessário esclarecer que este nos parece um posicionamento num paradigma radicalmente tecnológico, que é contrário aos princípios da educação social, e isto porque, nesta perspectiva, só se procura a solução dos problemas sem que se coloquem os princípios éticos em que se baseiam umas soluções ou outras, bem como os possíveis problemas delas derivados. – Como ação profissional qualificada: a educação social é concebida também como a ação qualificada dos profissionais, os quais, mediante a utilização dos recursos necessários e oportunos, procuram dar solução a determinados problemas e necessidades de pessoas ou grupos que se encontram em situação de risco ou necessidade social. – Como ação próxima da inadaptação social: há quem utilize a expressão educação social para referir, de forma exclusiva, a intervenção educativa que se realiza diante de problemas de inadaptação e marginalização social. A educação social, não só deve dar resposta aos problemas da inadaptação, mas também, entre outras coisas, deve desenvolver e promover a qualidade de vida dos cidadãos, aplicar estratégias para prevenir os desequilíbrios sociais, etc. Torna-se assim claro que a função da educação social não se esgota no âmbito da inadaptação social. – Como formação política do cidadão: desde o início que a educação social foi influenciada pelos poderes públicos com fins políticos, quer dizer, entendida como formação social e política do cidadão. No entanto, na atualidade, esta perspectiva não goza de muitos adeptos. A influência das políticas sociais dos Estados providência são as que dão forma e identidade às parcelas mais importantes da educação social. – Como prevenção e controlo social: a educação social, entendida como prevenção e controlo social, supõe um conjunto de procedimentos por meio dos Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 8 quais se procura que os membros de uma sociedade cumpram as normas consideradas necessárias para conseguir a ordem social. No Estado-providência todo o processo educativo transporta consigo controlo social, moral e cultural. O controlo é também uma prevenção dos desvios e, por isso, a educação social implica uma função preventiva do desvio social. A relação entre política social e educação social é clara, porém, a primeira não deve exercer um controlo severo, determinismo ou intrusismo nos princípios pedagógicos desta. A educação social alcançará o seu verdadeiro espaço quando conseguir melhorar a convivência entre os cidadãos. Se o trabalho sócio-educativo é uma atividade que surge da própria necessidade da vida em convivência, a relação entre educação, prevenção e controlo parece evidente. – Como trabalho social educativo: muitos profissionais da educação social entendem que o seu trabalho tem todas as características de um trabalho social, mas há que deixar claro que o trabalho destes profissionais deve ser sempre realizado a partir de uma perspectiva educativa, não se centrando exclusivamente, como até a não demasiados anos, nas atividades de caráter assistencial. Esse compromisso educativo é precisamente o que dará uma nova dimensão às suas intervenções, de tal modo que se gerará um compromisso para a mudança no sentido de uma sociedade mais justa. A educação social é uma atividade pedagógica inserida no âmbito do trabalho social; por seu turno, este e os serviços sociais podem encontrar nas teorias, modelos e métodos pedagógicos uma fundamentação e consistência que seria injustificável recusar por problemas principalmente corporativos. A intervenção social configura-se a partir de uma perspectiva interdisciplinar e, em consequência,a educação social pode ser concebida a partir de duas perspectivas complementares: em primeiro lugar, será função da educação social a correta socialização do indivíduo e, em segundo lugar, a intervenção para aliviar as necessidades geradas pela convivência, tarefa esta que, pelo seu caráter global, deve ser partilhada com outros profissionais como os trabalhadores sociais, psicólogos, sociólogos, etc. – Como paidocenosis: poucos autores duvidam hoje que a educação é o resultado de um conjunto variado de estímulos e circunstâncias. Atualmente, é Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 9 comumente aceito a ideia de que a educação não se limita de forma exclusiva ao âmbito escolar. O educador faz parte de um sistema mais amplo – espaço escolar e extra- escolar, no qual se informa o indivíduo. Nesta perspectiva, pode justificar-se a ideia de entender a educação social como paidocenosis, ou seja, como uma ação educadora da sociedade. Este tipo de educação converteu-se num instrumento da inclusão social, mas não deve limitar-se a isso, deve ser um recurso para melhorar a própria sociedade numa constante revisão dos princípios nos quais esta se apóia e a própria educação social, propugnando que uma e outra se fundamentem em princípios éticos e de eficácia. – Como educação extra-escolar: alguns autores defendem uma posição excludente relativamente à educação social e utilizam os termos de educação não formal para a situar, isto é, recorrem ao conceito de extra-escolaridade. Portanto, nesta perspectiva, a educação social abarcaria toda a intervenção educativa estruturada que se encontra à margem do sistema educativo regulamentado. Também é frequente a afirmação de que não deve ter a responsabilidade da atividade escolar. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 10 UNIDADE 2 - PEDAGOGIA SOCIAL: IMPASSES, DESAFIOS E PERSPECTIVAS EM CONSTRUÇÃO Há 30 anos atrás, as questões proeminentes que preocupavam os cientistas sociais, educadores, eram temas ligados ao desenvolvimento econômico, a modernização, a participação política, a democracia ou a mobilidade social ligadas direta ou indiretamente à educação. Hoje a pobreza e a exclusão social, são temas dominantes, que requerem imediatamente atenção e definição de foco, no âmago da totalidade socioeconômica das que geram pobreza, desigualdade social e injustiças para a maioria da população excluída da sociedade. Sem dúvida, nunca estes temários estiveram ausentes da discussão e do debate social, no entanto, hoje se colocam em primeiro plano, no que se referem às perspectivas paradigmáticas e conceituais, ligadas diretamente a políticas públicas concretas e emergentes, além de necessárias e urgentes. O quadro ou o cenário da realidade é profundamente complexo, em relação aos acontecimentos históricos, aos valores, interesses econômicos contraditórios, as causas e efeitos geradores da exclusão social que requerem e exigem uma reconstrução histórica profunda com identificação refeita e redimensionada de concepções reconstruídas e reconceitualizadas do ponto de vista holístico, heurístico e interdisciplinar. Neste amplo cenário sócio-econômico-cultural, reaparece a educação, cuja má qualidade, a falta de formação de seus agentes, a pouca infra-estrutura onde ocorre, dentre outros inúmeros fatores, também é responsável pela pobreza, pela desigualdade e exclusão social, não só no Brasil, mas em todas as regiões latino- americanas. Reafirmadas em estudos e pesquisas que comprovam esta relação, seja por falta de recursos, instrumentos e ou mecanismos para a melhora de qualidade da educação e o pleno êxito do aprendiz no que se refere ao seu espírito crítico, criativo e participativo, a partir de uma aprendizagem competente e consequente, ampla e inquietante, questionadora e discernida. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 11 Há um movimento em marcha, na sociedade global, onde as manifestações da sociedade civil se propõem, a novas crenças e capacidades de organizar-se, mobilizar-se e conquistar, por si própria, aquilo que os setores públicos não conseguem proporcionar, frente à pobreza e a exclusão. No artigo 7° da Constituição Brasileira de 1988, há uma listagem de 34 itens que consagram a noção de que, além dos direitos políticos, os cidadãos brasileiros também tem obrigatoriamente direitos sociais, que vão desde o direito ao emprego e a educação até o direito ao atendimento, pelo setor público, de suas necessidades de saúde, lazer, seguro social, dentre outros. Parece óbvio, a execução destes direitos, mas ainda estamos muito longe de começar a concretizar esta jornada.Na sociedade brasileira, portanto os processos de exclusão passam por acesso a emprego, renda e benefícios dos desenvolvimentos econômicos, restritos a determinados segmentes da sociedade. A economia brasileira se situa entre as mais desenvolvidas da região, mas socialmente geram níveis de exclusão e desigualdade entre os países piores do mundo, muitas pesquisas apontam, de os pobres vivem com até US$ 1 por dia por mês. A pobreza é urbana localizada nas periferias das grandes cidades e constituída por pessoas em grande parte oriundas do campo, ou de regiões pauperizadas do Brasil, como é o nordeste. Há uma análise geral feita por especialistas de que não só a desigualdade da renda no país, são determinantes, mas incluem a diferença de educação. Com a escassez da educação, relacionada à pobreza, há necessidade de reverter e alterar substantivamente esta situação: com aumentos significativos de custos, programas focalizados nas necessidades, com políticas redistributivas. O conceito de exclusão, portanto se liga aos diagnósticos da pobreza e da desigualdade, por não propiciarem efetivação da cidadania, apesar da legislação social e do esforço das políticas públicas, assim não pertencem à comunidade política e social, uma vez que não tem acesso ao consumo dos bens e serviços de cidadania. Portanto a concepção de exclusão social é inseparável do conceito de cidadania e se refere aos direitos que as pessoas têm de participar da sociedade e Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 12 usufruir dos benefícios e bens produzidos por ela. Sejam os direitos civis, políticos e sociais definidos como: Civis: aqueles que protegem o cidadão contra o arbítrio do Estado, facultando direito de ir e vir, se expressar com liberdade; Políticos: são aqueles direitos que facultam o papel do cidadão na organização política de sua comunidade, votar, ser votado, etc.; Sociais: são os direitos que se vinculam à vida digna e a convivência social, educação, saúde, trabalho dentre outros. Reafirmam-se outras formas de inclusão social cidadã, quando se concebem e se preenchem ausências de mecanismos de participação e controle como conselhos paritários – Estado e Sociedade Civil – orçamentos participativos e a implementação de organizações não governamentais e movimentos sociais que promovem as políticas públicas. As contribuições positivas da educação para a sociedade destacam-se duas: a reorganizaçãoda cidadania, pela criação de uma ordem mais justa, fraterna e o desenvolvimento das habilidades, competências para a vida, que permitam menos exclusão e as desigualdades sociais e econômicas, levando-se em conta a diversidade e o multiculturalismo. Ainda ressalta-se, a priorização de valores cívicos, culturais, sociais e morais, com ênfase no meio ambiente e na ética, além da pluralidade cultural balizadas pelo conhecimento científico, técnico e humanista na formação dos aprendizes. A educação é uma atividade para vida, que ocorre na família, na rua, na igreja, no trabalho, na escola e em todos os espaços sociais. 2.1. Pedagogia Social: uma obra em construção "A mão estendida é o início do abraço, esta é a nossa intenção, o ponto de partida, o marco inaugural do longo processo de busca da justiça, da liberdade, da igualdade... nossa utopia. Vamos ampliar os limites de nossas fronteiras na composição do novo. Vamos ousar... invadir o interior das pessoas... causar uma reviravolta... revelando e revisando desejos, prazeres, paixões. Junte-se a nós”.(Pe. Antonio Vieira -1994 ) Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 13 Nesse sentido é que nascem as palavras e as ações diante da comunidade de educadores que nos cercam, em todos os lugares onde ocupamos qualquer território: escola, família, rua, igreja, comunidade. São momentos perenes onde o diálogo rompe o silêncio dando espaço para a conversa, circulando o ato de aprender e de ensinar simultaneamente.Foi a pedagogia freireana, que possibilitou esta reflexão e ação junto aos mais pobres e excluídos da sociedade. Foi esta relação social educativa que permitiu aos pobres tornarem-se sujeitos políticos, pois para Paulo Freire, toda educação é um ato político. Os excluídos contribuíram com sua pedagogia própria, suas crenças, valores e principalmente histórias de migração, de subsistência e sobrevivência em territórios áridos, propiciou que produzissem, não discursos abstratos e sem consistência empírica concreta, mas um discurso vivo, plástico, estético e poético baseado na vida. Discursos plenos e transbordantes de metáforas, onde não escrevem ou moldam conceitos, mas denunciam fatos acontecimentos existenciais, carregados de emoção, profundidade e dignidade ética. Lêem o mundo, através dos sentidos, quando apreciam um quadro, quando vêem uma multidão se manifestando, quando dizem poesias de cordel, criadas no íntimo do coração dilacerado ou retratam um folguedo infantil; ou ouvem o anúncio de um ensino que badala ou os acordes da viola; tudo isto se refere à cultura popular. Frei Beto, na contra capa da Pedagogia da Autonomia afirma: "O que existem são culturas paralelas, distintas e socialmente complementares. (...) o pobre sabe, mas nem sempre sabe que sabe. E quando aprende é capaz de expressões como esta que ouvi da boca de um senhor alfabetizado aos 60 anos:” agora sei quanta coisa não sei““. A pedagogia freireana há quatro décadas propiciou transformações incríveis, não só em educadores, mas também em educandos, que saíram de sua ingenuidade para esfera crítica, da passividade para a militância em movimentos sociais, sindicais e populares, da descrença para a esperança de que as coisas possam mudar e da resignação para a utopia, convencidos de que são sujeitos históricos capazes de ocupar a vida política do brasileiro, indignados com a pobreza, com a exclusão e a desigualdade social. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 14 Estas representações sociais são tomadas como denúncias das condições de pobreza que ocorre na sociedade, marcada por desigualdades de oportunidades nos diversos segmentos sociais excluídos. Entendemos por representação social, como a forma intercalada e assimilada de todas as coisas que entramos em contato, seja com o corpo – relações concretas vividas – seja com o pensamento – relações imaginárias – as quais aprendemos a significar ou valorizar. A pedagogia social caracteriza-se, pois, como um projeto radical de transformação política e social, uma vez que: A. propõe inicialmente criar uma teoria renovada de relação homem, sociedade e cultura, com uma ação pedagógica que pretende fundar, a partir do exercício em todos os níveis e modalidades da pratica social, uma educação libertadora; B. realiza-se no domínio específico da prática social com classes sociais populares, a partir de um trabalho político educacional de libertação popular, com o intuito de ser conscientizador com sujeitos, grupos e movimentos das camadas excluídas; C. concretiza-se como ação educativa com agentes e sujeitos comprometidos, onde se estabelece através da relação dialógica, um sistemático processo de intercâmbio de conhecimento e saberes, onde a troca de experiências é primordial; D. Orienta-se pela pedagogia libertadora protagônica baseada fundamentalmente na memória histórica na identidade coletiva, na dinâmica cultural, na possibilidade entre a capacidade lógica de compreender os liames capitalistas e a valorização da participação comunitária e, auto-estima, autovalorização, autoconfiança e autodeterminação de sujeitos que tentam construir uma nova ordem social, econômica e cultural. Para efetivar uma pedagogia social competente e consequente historicamente, é imprescindível: de um lado, buscar conhecer a sabedoria popular expressa em seus códigos, dramaturgia, religiosidade, produtos culturais e senso comum, base fundamental que deve servir de plataforma para ele (indivíduo, grupo, classe popular) e os intelectuais orgânicos possam chegar à hegemonia da Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 15 sociedade civil no processo concomitante de sua libertação social, econômica e política; de outro, entender que o povo não se apresenta como uma entidade única, como conceitua Gramsci (1984): "O próprio povo não é uma coletividade homogênea, mas apresenta numerosas estratificações culturais, variadamente combinadas; estratificações que em sua pureza, nem sempre podem ser identificadas em determinadas coletividades populares históricas, sendo certo, porém, que o grau maior ou menor de isolamento histórico de tais coletividades fornece a possibilidade de uma certa identificação”. Além disso, os agentes da pedagogia social, que efetuaram a animação popular, precisam buscar e caracterizar os componentes ideológicos das classes populares, expressar organizar, com estímulos diferenciados, as ideologias dominadas em suas múltiplas formas de manifestação, empregando estratégias (técnicas e métodos) criativas de comunicação com o povo e utilizando meios e instrumentos ajustados à melhor divulgação dessas ideologias para o conjunto da sociedade civil, ganhando amplitude paulatinamente e conquistando aliados. É nesse sentido que os intelectuais ligados a essa área produzem conhecimentos reconstituindo o real, buscando explicação e previsão, aplicando conceitos e categorias de interpretação de dados por suas teorias e modelos, trabalhando para estruturá-los e hierarquizá-los em conformidade com as variações históricas, ou redefinindo os já existentes, ou criando novos, sempre como consequência da interação teórico-prática. Como Luiz Wanderley ( 2003) coloca: "Uma condição relativa ao trabalho dos intelectuais com o povo reporta-se a determinadasqualidades pessoais e coletivas que esses intelectuais devem ter nas atitudes e comportamentos da sua prática efetiva junto ao trabalho de libertação das classes populares. Ou seja, é necessária sua identificação pela consciência e pela prática com as classes populares, o que implica a obtenção de novas adesões para a hegemonia das classes a que se quer vincular organicamente. Para ganhar a confiança e o respeito mútuo do povo, principalmente para vencer a desconfiança das palavras inúteis e das falsas promessas a que os trabalhadores em geral se acostumaram, exige- se dos intelectuais um esforço permanente de sobrepujar modos de agir e de pensar adquiridos historicamente em nosso país, configurados no que se tem cognominado de uma ‘filosofia tutelar’ – exemplificada, entre outras, pelas características de autoritarismo, de paternalismo, de clientelismo, de individualismo e de elitismo -, que impede a solidariedade fundamental para a comunhão de interesses e tem servido para atrasar a história irreparavelmente”. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 16 Há que se preocupar também com outro aspecto profundamente importante na prática de pedagogia social, que diz respeito ao uso de manipulação e massificação ante os grupos trabalhados e às alianças e compromissos típicos do jogo político, que dessa experiência emanam, ligados à luta e à disputa pelo poder. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 17 UNIDADE 3 - DISTINÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL, FORMAL E INFORMAL A educação não-formal designa um processo com várias dimensões tais como: a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos; a aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazerem uma leitura do mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor; a educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial a eletrônica etc. Em suma, consideramos a educação não-formal como um dos núcleos básicos de uma Pedagogia Social. Quando tratamos da educação não-formal, a comparação com a educação formal é quase que automática. O termo não-formal também é usado por alguns investigadores como sinônimo de informal. Consideramos que é necessário distinguir e demarcar as diferenças entre estes conceitos. A princípio podemos demarcar seus campos de desenvolvimento: a educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a informal como aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização - na família, bairro, clube, amigos etc., carregada de valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados: e a educação não-formal é aquela que se aprende "no mundo da vida", via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianas. Vamos tentar demarcar melhor essas diferenças por meio uma série de questões, que são aparentemente extremamente simples, mas nem por isso simplificadoras da realidade, a saber: Quem é o educador em cada campo de educação que estamos tratando? Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 18 Em cada campo, quem educa ou é o agente do processo de construção do saber? Na educação formal sabemos que são os professores. Na não- formal, o grande educador é o outro, aquele com quem interagimos ou nos integramos. Na educação informal, os agentes educadores são os pais, a família em geral, os amigos, os vizinhos, colegas de escola, a igreja paroquial, os meios de comunicação de massa etc. Onde se educa? Qual é o espaço físico territorial onde transcorrem os atos e os processos educativos? Na educação formal estes espaços são os do território das escolas, são instituições regulamentadas por lei, certificadoras, organizadas segundo diretrizes nacionais. Na educação não -formal, os espaços educativos localizam-se em territórios que acompanham as trajetórias de vida dos grupos e indivíduos, fora das escolas, em locais informais, locais onde há processos interativos intencionais (a questão da intencionalidade é um elemento importante de diferenciação). Já a educação informal tem seus espaços educativos demarcados por referências de nacionalidade, localidade, idade, sexo, religião, etnia etc. A casa onde se mora, a rua, o bairro, o condomínio, o clube que se frequenta, a igreja ou o local de culto a que se vincula sua crença religiosa, o local onde se nasceu etc. Como se educa? Em que situação, em qual contexto? A educação formal pressupõe ambientes normatizados, com regras e padrões comportamentais definidos previamente. A não-formal ocorre em ambientes e situações interativos construídos coletivamente, segundo diretrizes de dados grupos, usualmente a participação dos indivíduos é optativa, mas ela também poderá ocorrer por forças de certas circunstancias da vivência histórica de cada um. Há na educação não-formal uma intencionalidade na ação, no ato de participar, de aprender e de transmitir ou trocar saberes. Por isso, a educação não-formal situa-se no campo da Pedagogia Social- aquela que trabalha com coletivos e se preocupa com os processos de construção de aprendizagens e saberes coletivos. A informal opera em ambientes espontâneos, onde as relações sociais se desenvolvem segundo gostos, preferências, ou pertencimentos herdados. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 19 Qual a finalidade ou objetivos de cada um dos campos de educação assinaladas? Na educação formal, entre outros objetivos destacam-se os relativos ao ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados, normalizados por leis, dentre os quais destacam-se o de formar o indivíduo como um cidadão ativo, desenvolver habilidades e competências várias, desenvolver a criatividade, percepção, motricidade etc. A educação informal socializa os indivíduos, desenvolve hábitos, atitudes, comportamentos, modos de pensar e de se expressar no uso da linguagem, segundo valores e crenças de grupos que se frequenta ou que pertence por herança, desde o nascimento Trata-se do processo de socialização dos indivíduos. A educação não- formal capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Sua finalidade é abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais. Seus objetivos não são dados a priori, eles se constroem no processo interativo, gerando um processo educativo. Um modo de educar surge como resultado do processo voltado para os interesses e as necessidades que dele participa. A construção de relações sociais baseadas em princípios de igualdade e justiça social, quando presentes num dado grupo social, fortalece o exercício da cidadania. A transmissão de informação e formação política e sócio- cultural é uma meta na educação não formal. Ela preparar os cidadãos,educa o ser humano para a civilidade, em oposição à barbárie, ao egoísmo, individualismo etc. Quais são os principais atributos de cada uma das modalidades educativas que estamos diferenciando? A educação formal requer tempo, local específico, pessoal especializado. Organização de vários tipos (inclusive a curricular), sistematização sequencial das atividades, disciplinamento, regulamentos e leis, órgãos superiores etc. Ela tem caráter metódico e, usualmente, divide-se por idade/ classe de conhecimento. A educação informal não é organizada, os conhecimentos não são sistematizados e são repassados a partir das práticas e experiência anteriores, Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 20 usualmente é o passado orientando o presente. Ela atua no campo das emoções e sentimentos. É um processo permanente e não organizado. A educação não -formal tem outros atributos: ela não é, organizada por séries/ idade/conteúdos; atua sobre aspectos subjetivos do grupo; trabalha e forma a cultura política de um grupo.Desenvolve laços de pertencimento. Ajuda na construção da identidade coletiva do grupo (este é um dos grandes destaques da educação não-formal na atualidade). Ela pode colaborar para o desenvolvimento da auto-estima e do empowerment do grupo, criando o que alguns analistas denominam, o capital social de um grupo. Fundamenta-se no critério da solidariedade e identificação de interesses comuns e é parte do processo de construção da cidadania coletiva e pública do grupo. Quais são os resultados esperados em cada campo assinalado? Na educação formal espera-se, além da aprendizagem efetiva (que, infelizmente nem sempre ocorre), há a certificação e titulação que capacitam os indivíduos a seguir para graus mais avançados. Na educação informal os resultados não são esperados, eles simplesmente acontecem a partir do desenvolvimento do senso comum nos indivíduos, senso este que orienta suas formas de pensar e agir espontaneamente. A educação não- formal poderá desenvolver, como resultados, uma série de processos tais como: consciência e organização de como agir em grupos coletivos; a construção e reconstrução de concepção (s) de mundo e sobre o mundo,; a contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade; forma o indivíduo para a vida e suas adversidades (e não apenas capacita-o para entrar no mercado de trabalho); quando presente em programas com crianças ou jovens adolescentes a educação não-formal resgata o sentimento de valorização de si próprio (o que a mídia e os manuais de auto-ajuda denominam, simplificadamente, como a Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 21 auto-estima); ou seja dá condições aos indivíduos para desenvolverem sentimentos de auto-valorização, de rejeição dos preconceitos que lhes são dirigidos, o desejo de lutarem para de ser reconhecidos como iguais (enquanto seres humanos), dentro de suas diferenças (raciais, étnicas, religiosas, culturais etc.); os indivíduos adquirem conhecimento de sua própria prática, os indivíduos aprendem a ler e interpretar o mundo que os cerca. 3.1 Educação informal ou Educação Não-formal? Você sabe qual é a diferença entre educação não-formal e educação informal? Segundo PARK e FERNANDES, 2005, (...) entende-se que educação informal é toda gama de aprendizagens que realizamos (tanto no papel de ensinantes como de aprendizes), e que acontece sem que haja um planejamento específico e, muitas vezes, sem que nos demos conta (Trilla, 2003). Acontece ao longo da vida, constitui um processo permanente e contínuo e não previamente organizado (Afonso, 2002). Keis, Lang, Mietus e Tiapula (apud Brembeck, 1974) ainda fazem uma sutil diferenciação entre educação informal e incidental. Para eles, este termo diz respeito “a algumas experiências educacionalmente não-intencionais, mas não menos poderosas”. Os resultados são tão comuns e são produzidos tão completamente sem consciência ou intenção que são comumente pensados como sendo ‘naturais’ ou ‘inerentes’. O fato é que são aprendidos”, “as mesmas experiências ou similares podem ser conscientemente examinadas e deliberadamente incrementadas através de conversa, explanação, interpretação, instrução, disciplina e exemplo de pessoas mais velhas, de pares e de outros, tudo dentro do contexto de vivência individual e social do dia-a-dia. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 22 Alguns incrementos podem pretender ser educativo, mas as próprias experiências não são planejadas conscientemente para isso. Alguns incrementos de experiências da vida real constituem a educação informal”. Fazem parte deste rol de aprendizagens e conhecimentos a percepção gestual, moral, comportamentos, provenientes de meios familiares, de amizade, de trabalho, de socialização, midiática, nos espaços públicos em que repertórios são expressos e captados de formas assistemáticas. Tais experiências e vivências acontecem, inclusive, nos espaços institucionalizados, e a apreensão se dá de forma individualizada, podendo, posteriormente, ser socializada. 3.2 Educação formal e educação não-formal Define-se educação não-formal como “toda atividade educacional organizada, sistemática, executada fora do quadro do sistema formal para oferecer tipos selecionados de ensino a determinados subgrupos da população” (La Belle, 1982:2). Uma definição que mostra a ambiguidade dessa modalidade de educação, já que ela se define em oposição (negação) a um outro tipo de educação: a educação formal. Usualmente define-se a educação não-formal por uma ausência, em comparação com a escola, tomando a educação formal como único paradigma, como se a educação formal escolar também não pudesse aceitar a informalidade, o “extra-escolar”. Gostaria de definir a educação não-formal por aquilo que ela é, pela sua especificidade e não por sua oposição à educação formal. Gostaria também de demonstrar que o conceito de educação sustentado pela Convenção dos Direitos da Infância ultrapassa os limites do ensino escolar formal e engloba as experiências de vida, e os processos de aprendizagem não-formais, que desenvolvem a autonomia da criança. Como diz Paulo Freire “Se estivesse claro para nós que foi aprendendo que aprendemos ser possível ensinar, teríamos entendido com facilidade a importância das experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho, nas salas de aula das escolas, nos pátios dos recreios, em que variados gestos de alunos, de pessoal Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 23 administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios de significação” (Freire, 1997:50). A educação formal tem objetivos claros e específicos e é representada principalmente pelas escolas e universidades. Ela depende de uma diretriz educacional centralizada como o currículo, com estruturas hierárquicas e burocráticas, determinadas em nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos ministérios da educação. A educação não-formal é mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática.Os programas de educação não-formal não precisam necessariamente seguirum sistema sequencial e hierárquico de “progressão”. Podem ter duração variável, e podem, ou não, conceder certificados de aprendizagem. Toda educação é, de certa forma, educação formal, no sentido de ser intencional, mas o cenário pode ser diferente: o espaço da escola é marcado pela formalidade, pela regularidade, pela sequencialidade. O espaço da cidade (apenas para definir um cenário da educação não formal) é marcado pela descontinuidade, pela eventualidade, pela informalidade. A educação não-formal é também uma atividade educacional organizada e sistemática, mas levada a efeito fora do sistema formal. Daí também alguns a chamarem impropriamente de “educação informal”. São múltiplos os espaços da educação não-formal. Além das próprias escolas (onde pode ser oferecida educação não -formal) temos as Organizações Não-Governamentais (também definidas em oposição ao governamental), as igrejas, os sindicatos, os partidos, a mídia, as associações de bairros, etc. Na educação não-formal, a categoria espaço é tão importante como a categoria tempo. O tempo da aprendizagem na educação não-formal é flexível, respeitando as diferenças e as capacidades de cada um, de cada uma. Uma das características da educação não-formal é sua flexibilidade tanto em relação ao tempo quanto em relação à criação e recriação dos seus múltiplos espaços. Trata-se de um conceito amplo, muito associado ao conceito de cultura. Daí ela estar ligada fortemente a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 24 enquanto cidadãos e à participação em atividades grupais, sejam esses adultos ou crianças. Segundo GOHN (1999:98-99), a educação não-formal designa um processo de formação para a cidadania, de capacitação para o trabalho, de organização comunitária e de aprendizagem dos conteúdos escolares em ambientes diferenciados. Por isso ela também é muitas vezes associada à educação popular e à educação comunitária. A educação não-formal estendeu-se de forma impressionante nas últimas décadas em todo o mundo como “educação ao longo de toda a vida” (conceito difundido pela UNESCO), englobando toda sorte de aprendizagens para a vida, para a arte de bem viver e conviver. “A difusão dos cursos de auto-conhecimento, das filosofias e técnicas orientais de relaxamento, meditação, alongamentos etc. deixaram de ser vistas como esotéricas ou fugas da realidade. Tornaram-se estratégias de resistência, caminhos de sabedoria. É também um grande campo de educação não-formal” (GOHN, 1999:99). Não se trata, portanto, aqui, de opor a educação formal à educação não- formal. Trata-se de conhecer melhor suas potencialidades e harmonizá-las em benefício de todos e, particularmente, das crianças. Gostaria, a seguir, de me referir a um exemplo concreto de um espaço cada vez mais utilizado para na educação tanto formal quanto não-formal. Trata-se do ciberespaço da formação propiciado pelo avanço das novas tecnologias. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 25 UNIDADE 4 - A EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL: CAMPOS E PROBLEMAS A educação não-formal designa um processo com quatro campos ou dimensões, que correspondem a suas áreas de abrangência. -O primeiro envolve a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos isto é, o processo que gera a conscientização dos indivíduos para a compreensão de seus interesses e do meio social e da natureza que o cerca, por meio da participação em atividades grupais. -O segundo se refere à capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio, seja, da aprendizagem de habilidades ou desenvolvimento de potencialidades. -O terceiro, a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltados para a solução de problemas coletivos cotidianos. -O quarto, mas não menos importante, é a aprendizagem dos conteúdos da escolarização formal, escolar, em formas e espaços diferenciados. Aqui o ato de ensinar se realiza de forma mais espontânea, e as forças sociais organizadas de uma comunidade têm o poder de interferir na delimitação do conteúdo didático ministrado bem como estabelecer as finalidades a que se destinam àquelas práticas. -O quinto é a educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial a eletrônica, que alguns educadores ainda não têm dado muita atenção a esta modalidade. Finalmente, deve-se registrar ainda o campo da educação para a vida ou para a arte de bem viver. Em tempos de globalização, devemos traduzir isto em: como viver ou conviver com o stress. A educação não-formal também tem conseguido um grande campo na difusão dos cursos de auto-conhecimento, das filosofias e técnicas orientais de relaxamento, meditação, alongamentos etc. deixaram de ser vistas como esotéricas ou fugas da realidade. Tornaram-se estratégias de resistência, caminhos de sabedoria. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 26 A Educação transmitida pelos pais na família, no convívio com amigos, clubes, teatros, leitura de jornais, livros, revistas etc. são considerados como temas da educação informal. O que diferencia a educação não-formal da informal é que na primeira existe intencionalidade de dados sujeitos, em criar ou buscar determinadas qualidades e/ou objetivos. A educação informal decorre de processos espontâneos ou naturais, ainda que seja carregada de valores e representações, como é o caso da educação familiar que ocorre nos espaços de possibilidades educativas no decurso da vida dos indivíduos, como a família, tendo, portanto caráter permanente. Mas o termo informal não abrange as possibilidades da educação não-formal que se destaca neste texto, ou seja, as ações e práticas coletivas organizadas em movimentos, organizações e associações sociais. Usualmente se define a educação não-formal por uma ausência, em comparação ao que há na escola (algo que seria não-intencional, não planejado, não estruturado), tomando como único paradigma à educação formal.Conclui-se que os dois únicos elementos diferenciadores que têm sido assinalados pelos pesquisadores são relativos à organização e à estrutura do processo de aprendizado. Os espaços onde se desenvolvem ou se exercitam as atividades da educação não-formal são múltiplos, a saber: no bairro-associação, nas organizações que estruturam e coordenam os movimentos sociais, nas igrejas, nos sindicatos e nos partidos políticos, nas Organizações Não-Governamentais, nos espaços culturais, e nas próprias escolas, nos espaços interativos dessas com a comunidade educativa etc. Entretanto, as categorias de espaço e tempo também têm novos elementos na educação não-formal porque usualmente o tempo da aprendizagem não é fixado a priori, e sim são respeitadas as diferenças existentes para a absorção e reelaboração dos conteúdos, implícitos ou explícitos, no processo ensino- aprendizagem. Na educação não-formal a cidadania é o objetivo principal, e ela é pensada em termos de coletivo. Organizam-se processos de acesso à escrita e à leitura - por meio de métodos de alfabetização - para coletivos específicos, a saber: grupos de Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone:(0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 27 trabalhadores, grupos de jovens, adultos etc. Ou organizam-se processos de reciclagem ou formação, segundo determinadas demandas sociais. 4.1 Algumas Características da Educação Não-Formal: Metas, e Metodologias A seguir listamos algumas características que a educação não formal pode atingir em termos de metas. Consideramos estas metas como um campo a ser desenvolvido pela Pedagogia Social: Aprendizado quanto a diferenças - aprende-se a conviver com demais. Socializa-se o respeito mútuo; Adaptação do grupo a diferentes culturas, e o indivíduo ao outro, trabalha o "estranhamento"; Construção da identidade coletiva de um grupo; Balizamento de regras éticas relativas às condutas aceitáveis socialmente. O que falta na educação não-formal: Formação específica a educadores a partir da definição de s eu papel e atividades a realizar; Definição de funções e objetivos de educação não formal; Sistematização das metodologias utilizadas no trabalho cotidiano; Construção de instrumentos metodológicos de avaliação e análise do trabalho realizado; Construção de metodologias que possibilitem o acompanhamento do trabalho realizado; Construção de metodologias que possibilitem o acompanhamento do trabalho de egressos que participaram de programas de educação não formal; Criação de metodologias e indicadores para estudo e análise de trabalhos da educação não formal em campos não sistematizados. Aprendizado gerados pela vontade do receptor; Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 28 Mapeamento das formas de educação não formal na auto- aprendizagem dos cidadãos (principalmente jovens no campo da auto-aprendizagem musical). Metodologias A questão da metodologia merece um destaque porque é um dos pontos mais fracos na educação não-formal e a comparação com as outras modalidades educativas que utilizamos no item anterior não nos ajuda muito. De toda forma, na educação formal as metodologias são, usualmente, planificada previamente segundo conteúdos prescritos nas leis. As metodologias de desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem são compostas por um leque grande de modalidades, temas e problemas e não vamos adentrar neste debate porque não é nossa área de conhecimento. A educação informal tem como método básico à vivência e a reprodução do conhecido, a reprodução da experiência segundo os modos e as formas como foram apreendidas e codificadas. Na educação não-formal, as metodologias operadas no processo de aprendizagem parte da cultura dos indivíduos e dos grupos. O método nasce a partir de problematização da vida cotidiana; os conteúdos emergem a partir dos temas que se colocam como necessidades, carências, desafios, obstáculos ou ações empreendedoras a serem realizadas; os conteúdos não são dados a priori. São construídos no processo. O método passa pela sistematização dos modos de agir e de pensar o mundo que circunda as pessoas. Penetra-se portanto no campo do simbólico, das orientações e representações que conferem sentido e significado às ações humanas. Supõe a existência da motivação das pessoas que participam. Ela não se subordina às estruturas burocráticas. É dinâmica. Visa à formação integral dos indivíduos. Neste sentido tem um caráter humanista. Ambiente não formal e mensagens veiculadas "falam ou fazem chamamentos" às pessoas e coletivos, e as motivam. Mas como há intencionalidades nos processos e espaços da educação não-formal, há caminhos, percursos, metas, objetivos estratégicos que podem se alterar constantemente. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 29 Há metodologias, em suma, que precisam ser desenvolvidas, codificadas, ainda que com alto grau de provisoriedade pois o dinamismo, a mudança, o movimento da realidade segundo o desenrolar dos acontecimentos, são as marcas que singularizam a educação não-formal. Qualquer que seja o caminho metodológico construído ou reconstruído, é de suma importância atentar para o papel dos agentes mediadores no processo: os educadores, os mediadores, assessores, facilitadores, monitores, referências, apoios ou qualquer outra denominação que se dê para os indivíduos que trabalham com grupos organizados ou não. Eles são fundamentais na marcação de referenciais no ato de aprendizagem, eles carregam visões de mundo, projetos societários, ideologias, propostas, conhecimentos acumulados etc. Eles se confrontarão com os outros participantes do processo educativo, estabelecerão diálogos, conflitos, ações solidárias etc. Eles se destacam no conjunto e por meio deles podemos conhecer o projeto sócio-educativo do grupo, a visão de mundo que estão construindo, os valores defendidos e os que são rejeitados. Qual o projeto político-cultural do grupo em suma. Para finalizar a primeira parte deste texto destacamos que diferenciamos a educação não- formal de outras propostas educativas, que também se apresentam como educação social, mas que tem um caráter conservador. A maioria dessas propostas se voltam para os grupos sociais dos excluídos objetivando, na maior parte das vezes apenas inseri-los no mercado de trabalho, com práticas assistencialistas apoiadas por políticas sociais compensatórias. Entendemos a educação não - formal como aquela voltada para o ser humano como um todo, cidadão do mundo, homens e mulheres, numa perspectiva da emancipação, numa pedagogia libertadora e não integradora a uma dada ordem social desigual. Em hipótese NENHUMA a educação não-formal substitui ou compete com a Educação Formal, com a educação escolar. Poderá ajudar na complementação dessa última, via programações específicas, articulando a escola e a comunidade educativa localizada no território de entorno da escola. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 30 A educação não- formal tem alguns de seus objetivos próximos da educação formal, como a formação de um cidadão pleno, mas ela tem também a possibilidade de desenvolver alguns objetivos que lhes são específicos, via a forma e os espaços onde se desenvolvem suas práticas, a exemplo de um conselho ou a participação em uma luta social, contra as discriminações, por exemplo, a favor das diferenças culturais etc. Resumidamente podemos enumerar os objetivos da educação não-formal como sendo: uma educação para cidadania. Esta educação abrange os seguintes eixos: a) Educação para justiça social; b) Educação para direitos (humanos, sociais, políticos, culturais etc.); c) Educação para liberdade; d) Educação para igualdade; e) Educação para democracia; f) Educação contra discriminação; g) Educação pelo exercício da cultura, e para a manifestação das diferenças culturais. 4.2 A Educação Não-Formal em Ação Observa-se que inúmeras inovações no campo democrático advêm das práticas geradas pela sociedade civil que alteram a relação estado-sociedade ao longo do tempo e constroem novas formas políticas de agir, especialmente na esfera pública não estatal. De fato, são inúmeras as novas práticas sociais expressas em novos formatos institucionais da participação, tais como os conselhos, os fóruns, as assembléias populares e as parcerias. Em todas elas a educação não-formal estápresente, como processo de aprendizagem de saberes aos e entre seus participantes. Ao analisarmos as possibilidades de participação da comunidade educativa em uma escola, articulando-a aos processos de aprendizagem não-formal que os Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 31 métodos de gestão participativa desenvolvem, não podemos deixar de tecer algumas considerações sobre as estruturas de participação que já existem no interior das escolas, a exemplo dos distintos e diferenciados colegiados e conselhos. Nos conselhos se entrecruzam necessidades advindas da prática da educação formal/escolar, com a educação não-formal, principalmente no que se refere à participação dos pais e outros membros da comunidade educativa nas suas reuniões. Observa-se que o processo brasileiro de descentralização da educação não descentralizou, de fato, o poder no interior das escolas. Usualmente, esse poder continua nas mãos da diretora ou gestora, que o monopoliza, faz a pauta das reuniões dos conselhos e colegiados escolares, não a divulga com antecedência etc. A comunidade externa e os pais não dispõem de tempo e, muitas vezes, nem avaliam a relevância de participar ou de estarem presentes nas reuniões. Além disso, usualmente, esses pais não estão preparados para entender as questões do cotidiano das reuniões, como as orçamentárias. Só exercem uma participação ativa nos colegiados aqueles pais com experiência participativa anterior, extra-escolar, revelando a importância da participação dos cidadãos (ãs) em ações coletivas na sociedade civil. O caráter educativo que essa participação adquire, quando ela ocorre em movimentos sociais comunitários, organizados em função de causas públicas, prepara os indivíduos para atuarem como representantes da sociedade civil organizada. E os colegiados escolares são uma dessas instâncias. Muitos funcionários das escolas são membros dos conselhos e dos colegiados escolares mas, usualmente, exercitam um pacto do silêncio, não participando de fato e servindo de "modelo passivo" para outros setores da comunidade educativa que compõem um colegiado. Por que eles se comportam assim? Porque, na maioria dos casos, estão presentes para referendar demandas corporativas, ou para fortalecer diretorias centralizadoras. Como elo mais fraco do poder, eles participam para "compor", para dar número e quorum necessários aos colegiados, contribuindo com esse comportamento para não construir nada e nada mudar. Por que isso ocorre? Porque, Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 32 embora os colegiados sejam um espaço legítimo e de direito, e uma conquista para o exercício da cidadania, até por serem previstos em lei, essa cidadania tem que ser qualificada e construída na prática. Os projetos políticos dos representantes dos diferentes segmentos e grupos, seus valores, visões de mundo etc. interferem na dinâmica desses processos participativos. Para terem como meta projetos emancipatórios, eles devem ter como lastro de suas ações os princípios da igualdade e da universalidade. Os colegiados devem construir ou desenvolver essa sensibilidade por meio de um conjunto de valores que venham a ser refletidos em suas práticas. . Sem isso, temos uma inclusão excludente: aumento do número de alunos nas escolas e estruturas descentralizadas que não ampliam de fato a intervenção da comunidade na escola. Temos setores que pretensamente estão representando o interesse público, mas que na realidade defendem o interesse de grupos e corporações, ou a manutenção do poder tradicional, cujo papel é exercer o controle, a vigilância em razão de uma falsa participação ordeira e voltada para a responsabilização da comunidade (pais, mães e outros mais) nas ações em que o Estado se omite (vide SILVA, 2003). Não se deve perder de vista que, por intermédio dos Conselhos, a sociedade civil exercita o direito de participar da gestão de diferentes políticas públicas, tendo a possibilidade de exercer maior fiscalização e controle sobre o Estado, em suas políticas públicas. Os fóruns são frutos das redes tecidas nos anos 70/80 que possibilitaram aos grupos organizados olhar para além da dimensão do local; têm abrangência nacional e são fontes de referência e comparação para os próprios participantes. As assembléias e plenárias têm ganhado formatos variados que vão de encontros regulares e periódicos entre especialistas, interessados e gestores públicos, como no caso da saúde, a observatórios e grupos semi-institucionalizados do orçamento participativo. As novas práticas constituem, assim, um novo tecido social denso e diversificado, tencionam as velhas formas de fazer política e criam novas possibilidades concretas para o futuro, em termos de opções democráticas. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 33 As novas práticas de interação escola/representantes da sociedade civil organizada devem ser examinadas à luz dos processos da educação não-formal caracterizados na primeira parte deste texto. São aprendizagens que estão gerando saberes. Processos difíceis, tensionados mas educativos para todos, pelo que trazem de novo, pela resistência ou pela reiteração obstinada do velho, que não quer ceder à pressão das novas forças. 4.3 Novos espaços de formação e informalidade da educação As novas tecnologias da informação criaram novos espaços do conhecimento. Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se educativos. Cada dia mais pessoas estudam em casa, podendo, de lá, acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem à distância, buscar fora das escolas a informação disponível nas redes de computadores interligados, serviços que respondem às suas demandas pessoais de conhecimento. Por outro lado, a sociedade civil (ONGs, associações, sindicatos, igrejas...) está se fortalecendo, não apenas como espaço de trabalho, mas também como espaço de difusão e de reconstrução de conhecimentos. Como previa Herbert Marshall McLuhan (1969), na década de 60, o planeta tornou-se a nossa sala de aula e o nosso endereço. O ciberespaço rompeu com a ideia de tempo próprio para a aprendizagem. O espaço da aprendizagem é aqui, em qualquer lugar; o tempo de aprender é hoje e sempre.Hoje vale tudo para aprender. Isso vai além da “reciclagem” e da atualização de conhecimentos e muito mais além da “assimilação” de conhecimentos. A sociedade do conhecimento é uma sociedade de múltiplas oportunidades de aprendizagem. As consequências para a escola, para o professor e para a educação em geral são enormes. É essencial saber comunicar-se, saber pesquisar, ter raciocínio lógico, saber organizar o seu próprio trabalho, ter disciplina para o trabalho, ser independente e autônomo, saber articular o conhecimento com a prática, ser aprendiz autônomo e a distância. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 34 Nesse contexto, o professor é muito mais um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito do sua própria formação. O aluno precisa construir e reconstruir conhecimento a partir do que faz. Para isso o professortambém precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos. Ele deixará de ser um lecionador para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem. O professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador da aprendizagem. É aquele que “cuida” da aprendizagem. O “cuidado” (Boff, 1999) é uma categoria essencial na tarefa de educador. Não se trata do cuidado no sentido assistencial, mas do cuidado no sentido da atenção e da responsabilidade ético-política do educador. De nada adiantará ensinar, se os alunos não conseguirem organizar o seu trabalho, serem sujeitos ativos da aprendizagem, auto disciplinados, motivados. E não é suficiente oportunizar o acesso e a permanência na escola para todos: o direito à educação implica o direito de aprender. Hoje as teorias do conhecimento estão centradas na aprendizagem. Mas só aprendemos quando nos envolvemos profundamente naquilo que aprendemos, quando o que estamos aprendendo tem sentido para as nossas vidas. Conhecer e aprender são processos “autopoiéticos” (Maturana & Varela, 1995), auto- organizativos. Só conhecemos realmente o que construímos autonomamente. Frente à disseminação e à generalização da informação, é necessário que a escola e o professor, a professora, façam uma seleção crítica da informação, pois há muito lixo e propaganda enganosa sendo veiculados. Não faltam, também na era da informação, encantadores da palavra que desejam tirar algum proveito, seja econômico, seja religioso, seja ideológico. Isso é válido tanto para a educação formal quanto para a educação não-formal. Para que serve o conhecimento? O conhecimento serve primeiramente para nos conhecer melhor, a nós mesmos e todas as nossas circunstâncias. Serve para conhecer o mundo. Serve para adquirirmos as habilidades e as competências do mundo do trabalho; serve para tomar parte nas decisões da vida em geral, social, política, econômica. Serve Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 35 para compreender o passado e projetar o futuro. Finalmente, serve para nos comunicar, para comunicar o que conhecemos, para conhecer melhor o que já conhecemos e para continuar aprendendo. Conhecer é importante porque a educação se funda no conhecimento e este na atividade humana.Para inovar é preciso conhecer. A atividade humana é intencional, não está separada de um projeto.Conhecer não é só adaptar-se ao mundo. É condição de sobrevivência do ser humano e da espécie. Antes de conhecer o sujeito se “interessa” (Habermas). É “curioso”, é “esperançoso” (Freire). Daí a importância do trabalho de “sedução” (Nietzsche -2005) do professor, da professora, frente ao aluno, à aluna. Seduzir no sentido de encantar pela beleza e não como técnica de manipulação. Daí a necessidade da motivação, do encantamento. Motivação que deve vir de dentro do próprio aluno e não da propaganda. É preciso mostrar que “aprender é gostoso, mas exige esforço”, como dizia Paulo Freire no primeiro documento que encaminhou aos professores, na forma de carta, quando assumiu a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, em janeiro de 1989. Não podemos estabelecer fronteiras muitas rígidas hoje entre o formal e o não-formal. Na escola e na sociedade, interagem diversos modelos culturais. O currículo consagra a intencionalidade necessária na relação intercultural preexistente nas práticas sociais e interpessoais. Uma escola é um conjunto de relações interpessoais, sociais e humanas onde se interage com a natureza e o meio ambiente. Os currículos monoculturais do passado, voltados para si mesmos, etnocêntricos, desprezavam o “não-formal” como “extra-escolar”, ao passo que os currículos interculturais de hoje reconhecem a informalidade como uma característica fundamental da educação do futuro. O currículo intercultural engloba todas as ações e relações da escola; engloba o conhecimento científico, os saberes da humanidade, os saberes das comunidades, a experiência imediata das pessoas, instituintes da escola; inclui a formação permanente de todos os segmentos que compõem a escola, a conscientização, o Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 36 conhecimento humano e a sensibilidade humana, considera a educação como um processo sempre dinâmico, interativo, complexo e criativo. Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 37 UNIDADE 5 - PROJETOS SOCIAIS Primeiramente vamos definir o que são projetos. De acordo com o Dicionário Aurélio, um projeto é “uma ideia de executar ou realizar algo no futuro. Um plano. Um empreendimento a ser realizado dentro de determinado esquema.” Já a palavra “social” é definida como “da sociedade ou relativo à sociedade, comunidade ou agremiação.” Logo, um projeto social é uma ideia, um plano a ser executado para o benefício da sociedade, comunidade, agremiação etc. Apesar do termo projeto implicar necessariamente ideias propostas para uma ação futura, convencionou-se, entre os especialistas da área, chamar de projeto tanto o esquema de planejamento como a própria execução das ações planejadas. Assim, se você consultar mais de uma publicação sobre o assunto, encontrará diversas definições, na verdade semelhantes e de certa forma complementares, nas quais os projetos sociais são tratados como “meios”, “empreendimentos”, “atividades”. Ficam, portanto, bem claros alguns pontos relativos a projetos: têm a intenção de provocar mudanças; têm limites de tempo e recursos; visam a melhorar as condições de vida dos beneficiários;são ações planejadas e coerentes entre si. A escola continua tendo o papel central no processo educativo, mas pode partilhar responsabilidade criando um espaço de co-responsabilidade em ações que visem a aprofundar o que já está sendo ensinado. Mas por que trabalhar com projetos? Quando um grupo de voluntários decide aliar-se à escola para estabelecer uma parceria, nada mais justo e conveniente do que partir dos desafios existentes e, Site: www.institutoprominas.com.br Email: prominas@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 38 numa atuação solidária e cooperativa, colocar mãos à obra. Aí entra o projeto que é o planejamento das ações a serem desenvolvidas para fazer frente às necessidades detectadas – num levantamento prévio – pela comunidade escolar e pelos próprios voluntários. O projeto tem, então, o propósito de costurar ações e participações, direcionando-as para um objetivo comum que se pretende alcançar. Somam-se forças e maximizam-se resultados sempre que se tem um horizonte único, tarefas integradas e definição clara do papel a ser desempenhado por cada uma das partes envolvidas. E, até que se estabeleça uma relação de confiança e de cooperação entre escola e voluntários é prudente ir se aproximando aos poucos. Transparência e compromisso dos voluntários com a proposta são fatores que reforçam a credibilidade e abrem portas. Por outro lado, uma reunião, uma oficina, atividades recreativas, entre tantas outras possibilidades, são ações pontuais que abrem espaço para se pensar e realizar
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