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Matéria: Educação em Ambientes não Escolares Assunto: Temas 1 ao 8 Curso de Pedagogia Licenciatura – 7º Período Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 2 de 46 É possível verificar que a educação não formal é uma modalidade de educação que vem se ampliando na sociedade atual. Entretanto, ainda é de difícil entendimento, pois não há uma legislação específica que atribua sustentação para sua compreensão, o que abre precedentes para algumas considerações do que se denomina modalidade de educação não formal. Assim, levando em consideração os diversos espaços que necessitam de conhecimentos e práticas pedagógicas, percebe-se que a formação do profissional em Pedagogia ainda está direcionada essencialmente para o contexto formal em espaços escolares. Em relação à atuação profissional, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996, a prática pedagógica está para além do espaço escolar, abrindo possibilidades de inserção em diferentes campos do conhecimento. Pode-se constatar no Livro-Texto, de autoria de Maria da Glória Gohn (2010, p. 11), que: A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de 1996, abriu caminho institucional aos processos educativos que ocorrem em espaços não formais ao definir a educação como aquela que abrange: “processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (art. 1 LDBEN, 1996), o termo foi incorporado ao Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos em 2003. Para Trilla (1993), a Educação é uma realidade muito complexa, heterogênea e versátil. A diversidade de processos, fenômenos, agentes ou instituições que vêm sendo consideradas espaço educativo apresenta muitas variáveis, e pouco se pode falar de Educação de maneira geral. Geralmente, adicionam-se adjetivos à palavra educação; às vezes, distinguem-se tipos de Educação, segundo alguma especificidade do sujeito que se educa; outras vezes refere-se ao aspecto ou dimensão da personalidade a quem se dirige a ação educadora ou ao tipo de efeitos que se produz. Há de considerar o critério que se faz referência àquele que educa, ao agente, à situação ou instituição que produz, ou na qual se produz a prática educativa, considerada Educação não formal. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 3 de 46 A Educação não formal costuma ser mais hábil, flexível, versátil e dinâmica que a formal. Nasce como uma contribuição ao atendimento daqueles que se encontram excluída de qualquer proteção necessária para seu desenvolvimento. Não é uma solução, mas uma complementação às demais formas de Educação (TRILLA, apud CARO, 2010, p. 151). Há de se considerar que a Educação não formal tem como intuito contribuir para a formação integral do indivíduo, voltada aos interesses e necessidades dos educandos em ambiente adaptado para a sua cultura e seu meio social. Logo, uma modalidade de Educação que era pouco privilegiada desponta como alternativa de transformação e de atuação para parte da sociedade. Segundo Trilla (1996), outro aspecto está relacionado à amplitude do conceito de Educação e Educação não formal, pois ele está associado ao aspecto cultural que leva a compreendê-la como processo que se constrói durante uma vida toda e não como algo móvel, inerte, como é apresentado na maioria das instituições oficiais. Tal Educação ocorre pelas iniciativas de movimentos populares, associações democráticas, organizações que visam à mudança social, dentre outras e possui caráter transformador, pois possibilita que os atendidos sejam conscientizados do seu valor e da importância de serem cidadãos conscientes sobre as ações de sua realidade contextualizada. As práticas educativas realizadas na educação não formal estão relacionadas nas experiências populares, de projetos socioeducativos e, até mesmo, outras experiências educacionais de crianças e adolescentes de baixa renda. A prática educativa compõe-se de um conjunto de ações que determinam, tanto o caráter preordenado de um ambiente de aprendizagem, como a sua dimensão de construção social, constituindo, assim, um ambiente de aprendizagem desde a sua organização inicial, fundada em certa concepção de aprendizagem, até a sua realização singular. Fica necessário destacar as próprias concepções de Educação formal e de Educação não formal que atualmente merecem estudos aprofundados. Esta é uma discussão que já está em curso na definição do conceito de Pedagogia Social, que não é acabado. Por um lado questiona-se ainda se as vivências e concepções construídas a partir das práticas educativas que acontecem fora da escola são não formais e, por outro, há o questionamento se a negação ao formal fundamenta a área e se essa negação representa avanços ou retrocessos, ou ainda, se a negação ao formal seria suficientemente para explicar e fundamentar a concepção de Pedagogia Social. Segundo Trilla (1996), citado por Caro (2010), a Educação formal se distingue da Educação não formal por sua exclusão ou inclusão do sistema educativo regrado: Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 4 de 46 Por Educação formal entende-se o conjunto de processos, meios e instituições específicas ou de instrução que estão diretamente dirigidas ao suprimento dos graus próprios do sistema regrado. O formal é, então, o que se define em cada país e cada momento em suas leis e outras disposições administrativas. O não formal é o que fica à margem do organograma do sistema educativo graduado e hierarquizado. Portanto, tais conceitos apresentam uma relatividade histórica e política: o que antes era não formal pode passar a ser formal, do mesmo modo, pode ser formal em um país e não o ser em outro. A Educação a distância e a Educação de Jovens e Adultos em diferentes países são exemplos dessa relatividade histórica e política que perpassa as intervenções socioeducacionais da Pedagogia Social (TRILLA apud CAROL, 2010, p. 141). Gohn (2010) procura apresentar a diferenciação entre Educação formal, não formal e informal. Em princípio podemos caracterizar a educação formal como aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdo previamente demarcados; a educação não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianos; e a educação informal como aquela na qual os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização gerada nas relações e relacionamentos intra e extrafamiliares (amigos, escola, religião, clube, etc). A informal incorpora valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados. Contrariamente, a educação não formal é nativa, ela é construída por escolhas ou sob certas condicionalidades, há intencionalidades no seu desenvolvimento, o aprendizado não é espontâneo, não é algo naturalizado. (...) na educação não formal não é espontâneo porque os processos que o produz têm intencionalidades e propostas (GOHN , 2012, p. 16). O que acontece na Educação não formal normalmente está fundamentado no que se chama de Educação Social, que, por referência, é conteúdo e objeto da Pedagogia Social. Segundo Caro (2010, p. 133), entende-se a Educação Social como um processo das relações proporcionadas na estrutura da Educação não formal e é justamente este ambiente de relações educativas que a diferencia da atualestrutura da Educação não formal. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 5 de 46 As mudanças repentinas, ocasionadas pela industrialização por volta da metade do século XIX, propiciaram o nascimento de uma nova ciência social aplicada: a Pedagogia Social. A questão socioeconômica e sociopolítica em que se encontrava a Alemanha, em 1850, foi o determinante da aparição de uma nova perspectiva e maneira de solucionar as necessidades sociais e de encomendar aos pedagogos a lenta formulação de um documento doutrinal fundamentado e justificado. No entanto, sem a mudança de mentalidade, não seria concebível o surgimento e aplicação desta nova ciência, o que supunha, na época, substituir a velha concepção de caridade pela justiça. Hoje, na Alemanha, a Pedagogia Social ocupa um lugar privilegiado, pois lá desenvolveu-se grande parte do plano teórico, ainda que seja justo reconhecer a influência do modelo anglo-saxão na realização do trabalho social, ou seja, na práxis da Educação Social. Na França, o enfoque maior centralizou-se na animação sociocultural e na Itália, nos meios de comunicação. Apesar dos procedentes remotos da Pedagogia Social alemã datar dos meados do século XIX, foi no primeiro terço do século XX que se consolidou o seu científico e a evolução histórica da Educação Social se identificou com este novo saber pedagógico (CARO, 2010, p. 153). O trabalho social está envolvido no diálogo entre as diversas áreas do conhecimento e a Educação, dentre elas: a Psicologia, a Sociologia e o Serviço Social como ciências complementares na sua fundamentação. Percebe-se, em fundamentos e pesquisas sobre a temática, que o conceito de Educação não formal tem evoluído no transcorrer dos tempos de forma notável e que o ambiente social criado merece destaque na relação entre Educação e educando, o que propicia maior espontaneidade, expressão de sentimentos e emoções. Essa modalidade de Educação, se assim pode-se considerar, normalmente vem embasada no que se chama de Educação Social que, por referência, é conteúdo e objeto de estudo da Pedagogia Social. Enguita (2009), citado por Gohn (2010), denomina a Educação não formal como: aprendizagens e saberes produzidos por instituições, associações, movimentos, via a educação não formal, são o foco de destaque, o entorno da escola. Toda mudança social que a escola não pode seguir a reproduzir por si só está ai, nos entes sociais do entorno com os quais terá de aprender a trabalhar em redes de cooperação de estrutura e duração variável. Esta difusão e presença do conhecimento fora das instituições dedicadas exclusiva a criação e transmissão pode também ser considerada como uma característica da sociedade informacional (GOHN , 2010, p.14). Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 6 de 46 Educação não formal: é um processo sociopolítico, cultural e pedagógico de formação para a cidadania, compreendendo o político como a formação do indivíduo para interagir com o outro em sociedade. Educação formal: em princípio é possível caracterizar a educação formal como aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a educação não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianos, e a educação informal como aquela na qual os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização gerada nas relações e relacionamentos intra e extrafamiliares. Práticas educativas na educação: ações educativas com elevados graus de intencionalidade, sistematização e institucionalização, como as que se realizam nas escolas ou em outras instituições de ensino, compreendendo o que se denomina educação formal. Dando continuidade ao tema anterior, pode-se perceber que a educação não formal representa mais uma perspectiva de ensino que rompe com o modelo hegemônico fundamentado nos princípios estruturantes da educação formal presente no tipo de escola que está posta. O grande avanço da educação não formal ocorreu a partir dos anos 1990 em razão de grandes modificações econômicas e tecnológicas na sociedade e, consequentemente, no mundo do trabalho. Passou-se a valorizar os processos de aprendizagens em grupos e atribuir, muitos significados aos valores culturais que articulam as ações dos indivíduos, bem como Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 7 de 46 a exigência em compreender e falar de uma nova cultura organizacional que exigisse a aprendizagem de habilidades extraescolares. Um dos supostos básicos da educação não formal é o de que a aprendizagem ocorre por meio da prática social. A educação não formal é um campo que vem se consolidando desde as últimas décadas do século XX e a explicação para este fato advém das mudanças e transformações ocorridas na sociedade neste período, especialmente com a globalização. Progressivamente inúmeras mudanças de valores e práticas sociais foram se implantando no mundo do trabalho; as novas tecnologias mudaram a cena da vida cotidiana dos indivíduos no plano doméstico e fora dele, com os celulares, internet e outras formas de comunicação (GOHN , 2010, p. 34) As ações interativas entre os indivíduos são fundamentais para a aquisição de novos saberes e essas ações ocorrem essencialmente no campo da comunicação oral, carregando todo um conjunto de representações e tradições culturais que as expressões orais contêm. Não é uma questão apenas para o profissional da educação, o pedagogo. No entanto, seria um grande equívoco pensar que o erro estaria em atribuir uma solução exclusivamente pedagógica a um problema cuja essência é político-social. A educação é global, é social e acontece ao longo de toda a vida. Se o objetivo da educação é capacitar para viver em sociedade e se comunicar, é preciso admitir que, em algumas ocasiões, a escola adota certa atitude de reserva frente aos conflitos e problema sociais dos alunos. (PETRUS, 2003, p. 60). Percebe-se que em algumas situações a educação não formal pode buscar suprir déficits educacionais deixados pela escola em contextos sociais em que esta não conseguiu abarcar as necessidades de seu público. Entretanto, esse repasse é desenvolvido em espaços alternativos e com metodologias e sequências cronológicas diferenciadas, com conteúdos curriculares flexíveis, adaptados segundo a realidade do grupo social a ser atendido. Em outras situações, a aprendizagem ocorre por meio da prática social. Segundo Gohn (1997), é a experiência das pessoas em trabalhos coletivos que gera aprendizado: A maior importância da educação não formal está na possibilidade de criação de conhecimentos novos. O agir comunicativo dos indivíduos voltado ao entendimento dos fatos e fenômenos sociais do cotidiano, baseia-se em convicções prático-morais, elaboradas a partir das experiências anteriores, segundo as tradições culturais e as condições histórico-sociais de um certo tempo e lugar. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 8 de 46 O conjunto desses elementos fornece o amálgama para a geração de soluções novas, construídas face aos problemas que o dia-a-dia coloca nas ações dos homens e mulheres (GOHN , 1997, p. 4). A educação não formal, segundo Gohn (1997), designa em um processo por diversas dimensões que correspondem à suas áreas deabrangência. Pode-se elencar algumas, que são: • A aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos. • A capacitação dos indivíduos para o trabalho por meio da aprendizagem de habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades. • A aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos. • A aprendizagem dos conteúdos da escolarização formal, escolar, em formas e espaços diferenciados. • A educação desenvolvida na e pela mídia, em especial a eletrônica. Ainda, Maria da Glória Gohn (2010) ressalta que o processo político-pedagógico de aprendizagem e produção dos saberes da educação não formal apresentam várias dimensões, dentre elas: a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos como cidadãos, ou aprendizagem para a cidadania; aprendizagem dos indivíduos para atuarem no mundo do trabalho, por meio da aprendizagem por habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades em oficinas e laboratórios. É importante distinguir as práticas cidadãs de outras práticas que enxergam os indivíduos apenas como mão de obra para concretizar ações que o Estado não conseguiu realizar, ou ainda, para gerar renda em trabalhos sem direitos sociais regulamentados. A aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazer uma leitura do mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor é fundamental na educação não formal; a aprendizagem e o exercício de práticas que capacitamos indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltados para a solução de problemas coletivos cotidianos, geradas pela participação em associações, movimentos, fóruns, conselhos e câmaras de gestão, de forma que estes cidadãos possam entender e fazer uma leitura do que está ao seu ao seu redor, quem é quem, que projetos e quais interesses cada um defende, quais são os interesses da maioria que deveriam ser definidos, quais práticas cidadãs e emancipatórias; a aprendizagem pela cultura, de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazer uma leitura do mundo do ponto de compreensão do que se passa ao seu redor, gerada pelo acesso a recursos culturais como museus, bibliotecas, shows, palestras, a educação desenvolvida na mídia e pela Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 9 de 46 mídia, em especial a eletrônica, onde são geradas aprendizados, positivos e negativos, inculcam-se valores, mas geram também resistências e saberes (GOHN , 2010, p. 35-36). São exemplos também de processos de aprendizagem de interação da educação formal com a educação não formal as visitas de alunos de escolas ao museu ou, ainda, a interação de alunos de escolas, as ONGs que oferecem atividades esportivas e ou recreativas que apresentam atividades articuladas: escola-ONG. Outro exemplo do campo de atuação da educação não formal é a educação comunitária. A educação comunitária foi associada inicialmente à educação não formal e caracterizada por processos coletivos nos anos 1980 e, mais intensificadamente, na década de 1990 começa a aparecer nos contextos escolares, caracterizada pela democratização do espaço e das relações, da participação de todos os envolvidos e da melhoria da qualidade da educação. Seu objetivo é formar um “sujeito coletivo”, isto é, que se compreenda em meio à coletividade e se torne corresponsável pelas ações, relações, conflitos e decisões que ocorrem na comunidade. Na educação comunitária reconhece-se a existência de outros contextos de aprendizado que fazem parte da vida dos alunos, todos eles existentes na comunidade na qual a escola se encontra inserida. Para, Trilla (1993) existem três dimensões possíveis na relação educação e cidade: 1. Aprender na cidade – museus, ONGs, parques e praças. 2. Aprender da cidade – nas relações com as pessoas (agentes informais). 3. Aprender a cidade – como utilizar a cidade e participar da sua construção. Segundo Gohn (2010), as práticas educativas não formais estão presentes em atividades, nas organizações sociais, nos movimentos sociais, nas associações comunitárias, nos programas de formação sobre direitos humanos, cidadania, práticas identitárias, lutas contra a desigualdades e exclusões sociais. Já para Gadotti (2005) citado por Gohn (2010): A educação não formal é mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática. Seus programas, quando formulados, podem ter duração variável, a categoria espaço é tão importante quanto a categoria tempo, pois o tempo da aprendizagem é flexível, respeitando-se diferenças biológicas, culturais e históricas. A educação não formal desenvolvida em ONGs e outras instituições é um setor em construção, mas Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 10 de 46 constitui um dos poucos espaços de mercado de trabalho com vagas para profissionais da área da educação (GOHN , 2010, p. 38). As propostas da educação não formal têm como foco central, enriquecer a biografia dos indivíduos, ampliando a gama de vivências e experiências formativas de crianças, jovens, adultos e idosos. Nela, destaca-se o encontro de gerações, a mistura de idades, a não obrigatoriedade de frequência e a ocorrência de ações e experiências em espaços e tempos mais flexíveis, não restritos ou fixados por órgãos reguladores. No entanto, em hipótese alguma a educação não formal substitui ou compete com a Educação Formal, escolar. Pode, sim, contribuir na complementação desta última, via programações específicas, articulando escola e comunidade educativa, localizada no território ao redor da escola. A educação não formal apresenta alguns objetivos próximos da educação formal, como formação de um cidadão pleno, mas ela também pode oferecer a possibilidade de desenvolver alguns objetivos que lhes são específicos, via a forma e espaços onde ocorrem suas práticas, a exemplo de um conselho ou a participação em uma luta social contra as discriminações. Assim, para alcançar tais objetivos, necessita ter como foco a concepção clara de Educação não formal, como: um espaço concreto de formação com a aprendizagem de saberes para a vida em coletivos, para a cidadania; relativa ao plano emocional e cognitivo das pessoas, como aprendizagem de habilidades corporais, técnicas, manuais, dentre outras, que os capacitam para o desenvolvimento de uma atividade de criação, resultando um produto como fruto do trabalho realizado. Estes saberes não podem ser valores impostos, de cima para baixo, desconsiderando a autonomia de cidadãos (ãs). A contextualização do lugar e tempo onde ocorrem processos de educação não formal é algo de suma importância para entender seu caráter, sentido e significado também (GOHN , 2010, p. 40). Veja-se a ideia da autora a partir das aprendizagens e saberes na educação não formal. Para esta, a aprendizagem somente acontece quando as informações trabalhadas fazem sentido para os indivíduos inseridos em determinado contexto social. Quanto a questão metodológica, é um dos pontos mais polêmicos na educação não formal, pois, de acordo com muitos pesquisadores, existe uma determinada flexibilidade nos processos de educação não formal. Ou seja, muitos acreditam que Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 11 de 46 a educação não formal não possui métodos e metodologias. Outros afirmam que se ela vier acompanhada de métodos e metodologias deixaria de ser não formal. De toda forma, na educação formal as metodologias são usualmente planificadaspreviamente segundo conteúdos prescritos nas leis. As metodologias de desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem são compostas por um leque grande de modalidades, temas e problemas e não vamos adentrar neste debate porque não é nossa área de conhecimento. Na educação as metodologias operadas no processo de aprendizagem partem da cultura dos indivíduos e dos grupos. Há metodologias, em suma, que precisam ser desenvolvidas, codificadas, ainda que com alto grau de provisoriedade, pois o dinamismo, a mudança, o movimento da realidade, segundo o desenrolar dos acontecimentos, são as marcas que singularizam a educação não formal (GOHN , 2010, p. 46-47). Qualquer que seja a trajetória metodológica construída ou reconstruída é necessário atentar-se para o papel dos agentes mediadores no processo (os educadores, mediadores, facilitadores, monitores e demais profissionais). Estes são fundamentais para delimitar os referenciais no ato de aprendizagem, pois carregam consigo: visão de mundo, projetos societários, ideologias, propostas, conhecimentos, dentre outros. Se destacam no conjunto e por meio deles pode-se conhecer o projeto socioeducativo do grupo, os valores definidos e os que são negados. Pedagogo: é um educador profissional capaz de atuar em espaços escolares e não escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases de desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo. Sua função é planejar, executar, coordenar, acompanhar e avaliar tarefas próprias do setor da educação como a docência do ensino infantil e fundamental, coordenação pedagógica, orientação educacional e gestão e, ainda, acompanhar e avaliar projetos e experiências educativas em ambientes não escolares como empresas, ONGs, sindicatos, movimentos sociais, hospitais e outros. Processo de aprendizagem: são saberes construídos a partir das informações trabalhadas, fazendo, assim, sentido para os indivíduos inseridos num contexto social. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 12 de 46 Projeto político-pedagógico: é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita resignificar a ação de todos os agentes da instituição. Saberes: conhecimentos construídos por meio de vivências. Metodologia: caminho delineado para desenvolver determinado tema ou assunto. Caro aluno, no transcorrer deste tema será dado sequência ao estudo do mapeamento do campo da educação não formal e os significados da educação não formal com foco na pesquisa, na ideia de emancipação sociopolítica e o educador social, de acordo com perspectiva da autora Maria da Glória Gohn . Em relação ao campo de produção científica na área de educação não formal será apresentada uma prévia sobre o que se tem pesquisado e produzido nessa área, nas universidades, como forma de sistematizar, organizar e fundamentar os conhecimentos, ou na prática, nas organizações sociais, em movimentos, programas de formação para direitos humanos, cidadania, práticas identitárias, lutas em relação às desigualdades e exclusões sociais. Ainda por ser uma área que está atuando com escassez em fundamentação, a pesquisa científica não é apresentada de forma abundante. Com raras exceções, o que predomina é o levantamento sistemático de dados para subsidiar projetos e relatórios, feitos usualmente por ONGs, visando ter acesso aos fundos públicos que as políticas de parcerias governo-sociedade civil propiciam. A reflexão sobre esta realidade, de um ponto de vista crítico, reflexivo, ainda engatinha. Ouve-se falar muito de avaliações de programas educativos, destinados à comunidades específicas, apoiados por empresas, sob a rubrica de “Responsabilidade Social” (GOHN , 2010, p. 48). Mesmo assim, sendo escasso o fornecimento de dados sobre a área de pesquisa nesta modalidade de Educação, é possível verificar alguns estudos na área de pesquisa científica sobre a Educação não formal. Observa-se um crescimento e uma Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 13 de 46 diversificação nas abordagens sobre o fato de o movimento da divulgação e da popularização do conhecimento científico ter crescido e se diversificado nos últimos anos no país. Como exemplo, ocorreu a ampliação do número de museus e centros de ciências. Para a autora, o que tem sido comum nos centros de pesquisas de pós-graduação é o grande interesse dos alunos envolvidos pela coleta de dados para suas pesquisas em educação não formal. Pesquisas que demonstram as representações dos sujeitos, transcritas literalmente como verdades e justificadas por serem vozes que sempre estiveram silenciadas. Eles concluem as pesquisas com relatos sobre os problemas, as dificuldades, o sofrimento do mundo do trabalho, as restrições impostas ao mundo da vida em geral. Retratam os sujeitos que expressam seus sentimentos, representações, desejos e sensações sobre o que é viver o dia a dia numa escola. Sonhando em fazer algo não tradicional, não convencional, muitos estudantes/pesquisadores acabam reproduzindo os modelos convencionais; outros, ao tentar sair do mero relato das aparências, mergulham fundo em busca de uma essência oculta, dando voz aos interlocutores, registrando suas falas e descrevendo seus processos discursivos. Mas como a essência não é algo separado da aparência, elas são conectadas intimamente, a análise da dialética desta relação usualmente fica por fazer. O senso comum das representações transforma-se no resultado da pesquisa. A reflexão fica por conta do leitor do trabalho. Não há interpretação crítico-analítica (GOHN , 2010, p. 50). Quanto a emancipação sociopolítica dos excluídos via educação não formal, a autora Maria da Glória Gohn destaca em toda a sua obra a importância dos processos de cidadania, autonomia e emancipação sociocultural dos indivíduos que participam de atividades em instituições que desenvolvem aprendizagens e produção de saberes na educação não formal. Discorrer sobre a emancipação social remete à reflexão sobre vários temas abordados na sociedade, como os problemas sociais, os conflitos, as lutas, a violência, assim como o desejo de buscar uma outra sociedade possível, podendo analisar a emancipação, tanto como processo individual, focalizando os indivíduos propriamente ditos, ou como processo social, conjunto de práticas, ideias e relações que abrangem a sociedade. Busca-se, para este momento, compreender a emancipação social como o processo de superação de uma ordem social, de um sistema consolidado. Seria sair do estado de tutela, libertar-se. Percebe-se como foco a superação do sistema capitalista. Ninguém alcança este objetivo na individualidade, pois é um processo coletivo e, portanto, social e difícil de ser alcançado. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 14 de 46 A emancipação vai muito além de promover possibilidades de escolhas para alguns indivíduos no âmbito social ou permitir a outros o acesso à medidas assistencialistas. Está mais para o libertar do ser humano, a emancipação humana das amarras da sociedade opressora, tanto no campo social, como nos campos cultural, sociopolítico e econômico. Para Pochmann (2003), a mudança que levará a emancipação humana só ocorrerá quando os indivíduos passarem a ser capazes de reconstituir a sua própria vida, de transformarema sua realidade e se integrarem na sociedade. Pensar em emancipação é repensar todo o contexto em que os indivíduos se inserem, sua cultura, seja ela fruto natural de suas necessidades e costumes, ou valores impostos pela sociedade economicamente dominante. É necessário repensar também as instituições, sejam elas criadas para sustentáculo deste sistema, ou como uma tentativa de torná-lo menos opressor. Destas instituições, a de papel mais relevante com possibilidades reais de promover esta emancipação é a educação. A Educação para ajudar a construir este novo paradigma, além de resgatar, deve implementar efetivamente esses valores voltados ao pleno desenvolvimento do indivíduo, buscando a construção da liberdade pessoal de crítica de todo indivíduo, a ser um processo de formação humana e permanente, que supere a alienação na articulação dos conceitos de individualidade e promovendo ruptura com os modelos hegemônicos de transmissão e regulação do conhecimento e formação de subjetividades. A educação para emancipação deve ser vista não apenas como uma meta futura, um desenho, mas também como uma prática social que deve ser iniciada hoje, aqui e agora. A educação (formal, não formal e informal), pelo seu papel formador, é o campo prioritário para o desenvolvimento de valores. E um dos valores importantes que a emancipação necessita é o da resistência, visto como capacidade de força de resistir e enfrentar adversidades, mas também como capacidade de recriar, refazer, retraduzir, ressignificar as condições concretas de vivência cotidiana a partir de outras bases, buscando saídas e perspectivas novas (GOHN , 2010, p. 58). Ainda para a autora acima, a autonomia, é requisito básico para a participação política do indivíduo na globalização. Somente, sendo autônomo, o indivíduo será capaz de processar e selecionar informações, obter domínio de conhecimento, tomar decisões e posicionar-se frente a incertezas globais. Para Adorno (2000 apud GOHN , 2012), a emancipação significa o mesmo que conscientização e racionalidade. Este último é aprendido de forma excessivamente estreita, como capacidade formal de pensar. Já a racionalidade analisada como Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 15 de 46 atitude pessoal, consiste na disposição de examinar as ideias e opiniões, revisá-las, auto criticá-las e corrigi-las. Processo que envolve um fazer, uma prática que se transforma em práxis que, segundo Adorno (2000, p. 151), refere-se: (...) é a consciência do pensar em relação à realidade, ao conteúdo – a relação entre as formas e estruturas de pensamento do sujeito e aquilo que não é. Este sentido mais profundo de consciência ou faculdade de pensar não é apenas o desenvolvimento lógico formal, mas ele corresponde literalmente à capacidade de fazer experiências. Assim, apresenta-se a relação da educação não formal com o educador social, apoiando-se nas fundamentações da Maria da Glória Gohn . Para isso, Gohn (2010) levanta questões como: “Quem é o profissional que atua no campo da educação não formal?”, ou ainda, “O que é ser um educador que atua na educação não formal?”, ”Como pensar a formação de educadores para que sua prática pedagógica inclua os valores das comunidades onde se encontram ou atuem, e que esta atuação se dê a partir de um compromisso social básico?”. O Educador Social é o profissional que desenvolverá seu trabalho às comunidades organizadas, sendo que o aprendizado deste profissional, numa perspectiva da educação não formal, está tanto para o ensinar, como que para o aprender. O diálogo é o canal de comunicação e a sensibilidade para entender e captar a cultura local é primordial. O Educador Social ajuda a construir com seu trabalho espaços de cidadania no território onde atua. Esses espaços representam uma alternativa aos meios tradicionais de informação que os indivíduos estão expostos no cotidiano, via meios de comunicação – principalmente a TV e o rádio. Nestes territórios um trabalho com a comunidade poderá construir um tecido social novo em que novas figuras de promoção da cidadania poderão surgir e se desenvolver, tais como os “tradutores sociais e culturais”. Esses tradutores são aqueles educadores que se dedicam a buscar mecanismos de diálogo entre setores sociais usualmente isolados, invisíveis, incomunicáveis, ou simplesmente excluídos de uma vida cidadã, excluídos da vivência com dignidade (GOHN , 2010, p.52-53). Paulo Freire (1983), educador que sempre defendeu a educação transformadora apresenta que para a construção do trabalho do Educador Social, é necessário que este, desenvolva três fases importantes em sua ação, que são: • a elaboração do diagnóstico do problema e suas necessidades; Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 16 de 46 • a elaboração preliminar da proposta de trabalho propriamente dita; e • o desenvolvimento e complementação do processo de participação de um grupo ou de toda uma comunidade de um dado território, na implementação da proposta. Já Graciani (2010), acredita que para o educador social atuar como um sujeito político inserido na prática educacional é necessário primeiramente, efetivar um diagnóstico situacional local, nacional e internacional para executar sua ação educativa e controlar os resultados que pretende alcançar e os impactos de suas ações, caracterizando, assim, os problemas e necessidades, estabelecendo prioridades, identificando as condições básicas para o enfrentamento, custos, recursos, infraestrutura, e, consequentemente, ser capaz de potencializar suas ações educativas. Logo, Graciani (2010, p. 98) apresenta algumas condições que deverão fazer parte do perfil do educador social em sua atuação. 1. Deverá possuir uma visão crítica e consciente das causas geradoras do processo de exclusão das crianças e adolescentes: da pauperização, da marginalização e da injustiça social do contexto estudado. 2. Desenvolver ações conjuntas com participação de todos os envolvidos no processo educativo, rompendo as relações de poder hierárquico entre educador/educando. 3. Propor uma ação organizada e orgânica entre poder governamental e organizações não governamentais, buscando nas forças comunitárias populares o apoio e o incremento da ação educativa. 4. Valorizar e democratizar a cultura e socializar o saber popular, discutindo e sistematizando-o a partir das formas de expressão e comunicação das camadas populares. 5. Acreditar que a construção do conhecimento gestado e elaborado pelo conjunto de participantes não é somente um processo de aprendizagem para o educando e o educador, como também é para sociedade no seu conjunto. 6. Revigorar o estado de ânimo dos educadores, implementando suas condições objetivas de vida e de trabalho, realimentando sua competência técnica e política pelos avanços significativos do conhecimento, não somente na área educacional, mas como em outra áreas, reestabelecendo a qualidade do ensino, e, consequentemente, da aprendizagem como formação e capacitação permanente por processos de ação/reflexão/ação crítica do processo educativo. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 17 de 46 Emancipação social: processo de superação de uma ordem social, de um sistema consolidado. Seria sair do estado de tutela, libertar-se. Percebe-se como foco a superação do sistema capitalista. Ninguém alcança esse objetivo na individualidade, pois é um processo coletivo, portanto, social e difícil de ser alcançado. EducadorSocial: é o profissional que desenvolverá seu trabalho às comunidades organizadas, sendo que o aprendizado deste profissional, numa perspectiva da educação não formal, está tanto para o ensinar como para o aprender. O diálogo é o canal de comunicação e a sensibilidade para entender e captar a cultura local é primordial. Pesquisa Científica: Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas propostos. Popularização do conhecimento científico: refere-se ao elemento fundamental da ação de se popularizar: “considerar o outro, não só tornando o discurso científico acessível, mas levando em conta o saber do grupo, com seus componentes culturais e políticos”. Práxis: é a consciência do pensar em relação à realidade, ao conteúdo – a relação entre as formas e estruturas de pensamento do sujeito e aquilo que não é. Esse sentido mais profundo de consciência ou faculdade de pensar não é apenas o desenvolvimento lógico formal, mas ele corresponde literalmente à capacidade de fazer experiências. Caro aluno, você estudará nesta aula a ação da educação não formal em aprendizagens na participação social, ou seja, a presença da educação formal em ações nos movimentos e projetos sociais e demais ações frente ao desenvolvimento dessa modalidade de educação. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 18 de 46 Maria da Glória Gohn (2010) apresenta a análise das possibilidades de participação da comunidade educativa em determinada escola, articulando-a aos processos de aprendizagem não formal que os métodos de gestão participativa desenvolvem. Assim, procura-se tecer algumas considerações sobre as estruturas de participação que já são existentes no interior das escolas, a exemplo dos distintos e diferenciados colegiados e conselhos. Estes por sua vez, se entrecruzam das necessidades advindas da prática da educação formal/escolar com a educação não formal, principalmente no que se refere à participação dos pais e outros membros da comunidade educativa em decisões a serem tomadas para o desenvolvimento escolar. A participação de pais e membros representantes das comunidades ainda continua escassa. Segundo Gohn (2010), só exercem uma participação ativa nos colegiados aqueles pais com certa experiência participativa anterior, extraescolar, revelando a importância da participação dos cidadãos em ações coletivas na sociedade civil. O caráter educativo que esta participação adquire quando ela ocorre em movimentos sociais comunitários, organizados em função de causas públicas, é de trabalhar os indivíduos para atuarem como representantes da sociedade civil organizada. Logo, o poder local de determinada comunidade e as possibilidades emancipatórias de organizações, movimentos ou instituições, não existem isoladamente. Esses poderes devem ser organizados, adensados em função de objetivos que respeitem as culturas e diversidades locais, não se desvinculando da visão de mundo, mas utilizando toda a sua experiência de mundo para realizações locais que criem laços de pertencimento e de identidade. A participação de cidadãos (as) nas últimas décadas, no Brasil, tem ocorrido basicamente via quatro formas, a saber: movimentos sociais, ONGs, fóruns e assembleias, e em estruturas colegiadas institucionalizadas, como os conselhos de direitos ou conselhos das áreas sociais ou semi-institucionalizadas, como os OPs (Orçamentos Participativos) (GOHN , 2010, p. 64). Pode-se observar a presença da educação não formal em muitos campos da vida social, especialmente na área do associativismo. Segundo Veiga e Rech (2002, p.17), associativismo é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando a superar dificuldades e gerar benefícios para seus associados. Tal conceito é utilizado pela ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais) e possui um caráter bastante abrangente. Leva-se em consideração a definição de associações: De acordo com a Legislação do Código Civil do Brasil, Art. 53, Cap. II: Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 19 de 46 “Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos”. Os movimentos sociais têm sido considerados, por vários pesquisadores da área de estudo em educação não formal, como elementos e fontes de inovações e mudanças sociais, além de existir um reconhecimento de que estes detêm um saber, advindos de suas práticas cotidianas, passíveis de serem apropriados e transformados em força produtiva. Esses movimentos são considerados por Gohn (2010), como elementos fundamentais na sociedade moderna, agentes construtores de uma nova ordem social e não agentes de perturbação de ordem, como as antigas análises conservadoras registradas em manuais antigos ou como ainda são tratados na atualidade por políticos tradicionais. A presença dos movimentos sociais é uma constante na história política do país, mas ela é cheia de ciclos, com fluxos ascendentes e refluxos (alguns estratégicos, de resistência ou rearticulação em face da nova conjuntura e das novas forças sociopolíticas em ação). O importante a destacar é esse campo de força sociopolítico, é o reconhecimento de que suas ações impulsionam mudanças sociais diversas. O repertório de lutas que eles constroem demarca interesses, identidades, subjetividades e projetos de grupos sociais (GONH, 2010, p. 66). A trajetória dos movimentos sociais há tempos tem refletido na conjuntura sociopolítica em que atuam. Podem-se aglutinar os movimentos sociais da atualidade, segundo Gohn (2010), em três grandes categorias de movimentos. São eles: 1. Os identitários, que lutam por direitos sociais, econômicos, políticos, e mais recentemente, culturais, são movimentos de segmentos sociais excluídos, usualmente pertencentes às camadas populares. 2. Os de luta, que reivindicam melhores condições de vida e de trabalho, tanto no campo urbano, como no campo rural, que demandam acesso e condições para aquisição de terra, moradia, alimentação, saúde, transporte e demais reivindicações. 3. Os globais, globalizantes, alterglobalizantes, ou transnacionais, tais como o Fórum Social Mundial. Referem-se às lutas que atuam em redes sociopolíticas e culturais, via fórum, plenárias, colegiados, dentre outros. Tais lutas são também responsáveis pela articulação e globalização de muitos movimentos sociais locais, regionais, nacionais ou transacionais. Percebe-se que no contexto atual é possível encontrar novos sujeitos em cena, como os movimentos sociais anti ou alterglobalizados. Várias lutas sociais interagem com Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 20 de 46 muita rapidez, dando origem a novos movimentos, com ideias e reivindicações inovadoras. Associativismo: é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando a superar dificuldades e gerar benefícios para seus associados. Colegiados: Grupo de pessoas juntas que oferecem a união de seus direitos democráticos em troca de acordos firmados e, posteriormente, cumpridos sem ressalvas em benefício de toda uma população, de um: (uma) logradouro, vila, bairro cidade, estado ou país. Movimentos Sociais: sistemas de práticas sociais contraditórias de acordo com a ordem social urbana/rural, cuja natureza é a de transformar a estrutura do sistema, seja através de ações revolucionárias ou não,numa correlação classista e em última instância, o poder estatal. Sociedade Civil: refere à totalidade das organizações e instituições cívicas voluntárias que formam a base de uma sociedade em funcionamento, por oposição às estruturas apoiadas pela força de um estado (independentemente de seu sistema político). Movimentos globais, globalizantes, alterglobalizantes, ou transnacionais: para a autora são movimentos com a mesma definição que transcendem determinada localidade, envolvendo mais países com objetivo de discutir, solucionar e ou reivindicar condições de melhorias em determinado setor. Para Gohn (2005), a educação, na temática dos movimentos sociais e educação, é tratada no sentido mais amplo, o que se caracteriza por todos os processos que envolvem aprendizagem de novos valores, ideias, atitudes e comportamentos que apreendidos e assimilados pelos sujeitos sociais são responsáveis por novas práticas Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 21 de 46 no cotidiano social, e no sentido restrito, a educação no âmbito escolar. Assim, a relação nesta abordagem ocorre a partir de novas atitudes que os integrantes tomam a partir da prática de mobilização ou conforme afirma a autora: (...) a educação se apresenta como forma de aprendizagem aos participantes dos movimentos e associações; como efeito pedagógico multiplicador das ações coletivas junto à sociedade civil e à sociedade política; e como demandas específicas na área educacional, dentro e fora da instituição escolar (GOHN , 2005, p. 114). A autora não trata, porém, de sintetizar sua obra apenas à reconstrução da trajetória histórica dos movimentos sociais e a educação, sobretudo a popular. Procura-se, sim, alcançar um ponto de convergência no qual, movimentos sociais e educação popular se encontram, tendo em vista as abordagens analíticas, elaboradas pelas Ciências Sociais no caso dos movimentos e pela educação, no caso da educação popular que tenham expressado caminhos práticos e teóricos separados. Observa-se que o processo brasileiro de descentralização da educação não está descentralizado de fato, quando se refere ao poder no interior das escolas. Usualmente esse poder ainda continua nas mãos dos gestores escolares e a comunidade local, que não está ainda preparada para participar e entender ativamente sobre as questões do cotidiano das reuniões. Um exemplo disso são as reuniões de planejamento orçamentário. O caráter educativo que essa participação adquire quando ocorre em movimentos sociais comunitários, organizados em função de causas públicas, é de preparar os indivíduos para atuarem como representantes da sociedade civil organizada, e assim, os colegiados escolares são considerados uma dessas instâncias. Os projetos políticos dos representantes dos diferentes segmentos e grupos, seus valores, visões de mundo, etc., interferem-na dinâmica desses processos participativos. Para terem como meta projetos emancipatórios, eles devem ter como lastro de suas ações os princípios da igualdade e da universalidade. Os colegiados devem construir ou desenvolver esta sensibilidade via um conjunto de valores que venham a ser refletidos em suas práticas. Sem isso temos uma inclusão excludente: aumento do número de alunos nas escolas e estruturas descentralizadas que não ampliam de fato a intervenção da comunidade na escola (GOHN , 2010, p.70). É de grande relevância registrar que os movimentos pela educação apresentam caráter histórico, sendo estes processuais e que ocorrem dentro e fora das escolas e em outros espaços institucionais. As lutas pela educação estão articuladas nas lutas por direitos, e são partes da construção pela cidadania. No entanto, segundo Gohn (2010), se não houver sentido nas formas de participação na área da educação, através de projetos de emancipação para a cidadania, que Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 22 de 46 tenham como meta, mudanças substantivas e não instrumentais, corre-se o risco de se ter espaços, mais autoritários do que os já existentes quando centralizados. Tem- se de voltar a politizar o político no sentido de socialização do poder. Quanto aos movimentos populares, estes emergiram no contexto social e político brasileiro durante as décadas de 1980 e 1990, sendo responsáveis por expressivas conquistas que garantem melhorias na qualidade de vida de amplos setores sociais, afirmação de direitos e exercício da cidadania para um número cada vez maior de agrupamentos humanos, construção de identidades coletivas e autoestima pessoal e social de setores e grupos historicamente discriminados ou oprimidos, intervenção nas políticas públicas, modificando ou inibindo as seculares práticas assistencialistas e clientelistas, contribuindo, assim, para mudanças em nível do poder local e da política tradicional. Tais conquistas estão permeadas por processos educativos, tanto dos participantes diretos de tais movimentos, quanto das pessoas e grupos atingidos por sua ação e da sociedade envolvente. Neste período se consolidam muitos grupos e entidades locais, mas também expressões locais de movimentos nacionais, principalmente aqueles que lutam mais diretamente em torno de questões centrais da sobrevivência das pessoas, como: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); o Associativismo Comunitário nas suas mais diversas formas de expressão; diversos movimentos de luta por moradia popular e de defesa dos favelados; movimentos com forte caráter identitário, como os de mulheres, de negros, de portadores de deficiência, de homossexuais; Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); vários movimentos de defesa e de organização de crianças e adolescentes. Consolidaram-se também, neste período, vários movimentos e organismos de inspiração religiosa, pastorais sociais, bem como os Centros de Educação Popular e as Organizações Não Governamentais (ONGs) (MEC, 2005, p.3). Os movimentos sociais acima citados têm como meta, por meio das expressões organizativas que mobilizam grupos específicos, garantir: • Melhorias nas condições de existência e mesmo garantia de sobrevivência. • Autoestima pessoal e solidariedade sócia. • Consciência de direitos e exercício da cidadania. • Mudanças no poder local e deslocamentos na política tradicional. Quanto ao caráter educativo dos movimentos sociais, tem como origem várias formas, planos e dimensões que se articulam, não existindo nenhum grau de prioridade entre as dimensões estabelecidas. Resumidamente, pode-se elencar as seguintes dimensões: Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 23 de 46 • A dimensão da organização política, a qual se refere à consciência adquirida progressivamente por meio do conhecimento sobre quais são os direitos e os deveres dos indivíduos na sociedade. • A dimensão da cultura política que, por meio do exercício da prática cotidiana, nos movimentos sociais leva ao acúmulo de experiência, tendo importância a vivência no passado e no presente para a construção do futuro. A fusão do passado com o presente transforma-se em força social coletiva organizada. Nesta questão, destacam se dois pontos importantes: a questão educativa, que é um processo cujos produtos são realimentadores de novos processos e a questão pedagógica, refere-se aos instrumentos utilizados no processo. • A dimensão espacial-temporal que possibilita a articulação entre o chamado saber popular e o saber científico, técnico, codificado, uma vez que as categorias tempo e espaço são importantesno imaginário popular, ou seja, são representações fortes na mentalidade coletiva popular. O espaço e o tempo possuem dimensões amplas no meio rural, à medida que fazem parte do universo de referência do cotidiano vivido. No urbano estas categorias são desapropriadas do controle das pessoas. Segundo Gohn (2010), o elemento comum que articula os movimentos sociais com a educação é a cidadania. No entanto, este termo apresenta diversas abordagens, tanto do ponto de vista, teórico-metodológico, como do processo de mudança e transformação da sociedade. No Liberalismo, a cidadania está articulada à noção de direitos, tratando-se dos direitos naturais e imprescritíveis do homem, como: liberdade, igualdade perante a lei e direito à propriedade e dos direitos da nação, como: soberania nacional e separação dos poderes executivo, legislativo e judiciário. De acordo com essa ideologia, o homem se considerava suficientemente esclarecidos para escolher seus representantes, com conhecimento de causa independente das pressões e cima de tudo, proprietários de posses que tinham direito à plena liberdade e à pela cidadania. Para Gohn (2005, p.56), a relação entre educação popular e os movimentos sociais populares urbanos está entrelaçada: • No desenvolvimento autônomo da literatura sobre a educação popular e movimentos social urbano, embora as duas temáticas tenham um objeto em comum de ponto de reflexão: as populações tidas como carentes e marginalizadas da sociedade. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 24 de 46 • No conjunto dos pesquisadores que se dedicaram às suas análises em campos específicos de suas áreas de conhecimento e da prática social, ou seja, a educação, no caso da educação popular e a de ciências sociais, no caso dos movimentos sociais. • Na fase do auge da produção sobre a educação popular, correspondente ao início das primeiras publicações sobre movimentos sociais na década de 1970, quando a produção sobre esses movimentos cresce, ocorre o inverso com a educação popular, ela declina. • No exame dos princípios e métodos da educação popular encontram-se várias manifestações que se fazem presentes, concretamente, nos movimentos sociais populares dos anos 1980. Quanto aos projetos sociais e associativismo no Brasil é necessário, antes de iniciar a discussão, apresentar a diferença entre programa e projeto muito presente nas organizações, principalmente nos trabalhos desenvolvidos com a educação não formal. Procura-se para tal diferenciação apoio em Ander e Idáñez (1997, p.15) cujo programa é um “conjunto organizado, coerente e integrado de atividades, serviços ou processos expressados em um conjunto de projetos relacionados ou coordenados entre si que são de similar natureza”. Assim, um programa é constituído por vários projetos. É a parte do plano que poderia ser assumida por universidades, empresas, organizações não governamentais ou outras instituições. Já o projeto para Gohn (2010, p.79) é um conjunto de atividades concretas, coordenadas e inter-relacionadas que possuem orientações mais específicas e objetivas para a solução dos problemas. O que diferencia o projeto do programa é a magnitude e a amplitude dos objetivos. Vários projetos constituem um programa que, necessariamente, devem estar articulados entre si. Os projetos sociais surgem a partir do desejo de modificar uma determinada realidade. São elos entre o desejo e a realidade que se caracterizam em ações estruturadas e intencionais, de um grupo ou organização social, e partem da reflexão e do diagnóstico sobre uma determinada problemática e buscam contribuir, em alguma medida, para novas situações de melhoria. Uma boa definição é formulada por Domingos Armani (2000), cujo projeto é definido como “ação social planejada, Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 25 de 46 estruturada em objetivos, resultados e atividades, baseados em uma quantidade limitada de recursos (...) e de tempo” (p. 18). Para Gohn (2010, p. 78): Um exame rápido na internet possibilita-nos adentrar no universo dos “Projetos Sociais”, de diferentes tipos, natureza, entidades. Alguns de seus propositores ou formuladores apresenta-nos argumentos em que se destacam: o exercício da cidadania, o envolvimento das pessoas para além do seu campo de vivência, a transposição de barreiras e preconceitos em benefício do outro. Alguns destacam que os projetos são um meio para que haja maior conscientização do individuo diante do papel que ele desempenha na sociedade. O despertar para a solidariedade também é item. Ainda para a mesma autora, os projetos sociais são construções elaboradas por determinados grupos de pessoas que desejam transformar ideias em boas práticas, sendo a diversidade cultural uma noção central destes. Tais projetos aplicados podem transformar a realidade local. Pode-se observar a presença da educação não formal em muitos campos da vida social, especialmente na área do associativismo. Leva-se em consideração a definição de associativismo de Veiga e Rech (2002, p. 17): Associativismo é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando a superar dificuldades e gerar benefícios para seus associados. Assim, a relação entre ambos é que nos projetos sociais necessita-se elaborar, organizar as ideias que serão executadas com fim de transformar um determinado local e o associativismo é a ponte de execução dessas ideias, geralmente concretizadas por grupos organizados. Associativismo: é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando a superar dificuldades e gerar benefícios para seus associados. Descentralização: significa afastar; separar do centro. Caracteriza-se quando um poder antes absoluto passa a ser repartido, por exemplo, quando uma pessoa ou um Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 26 de 46 grupo tinha um poder total e absoluto, e depois é repartido este poder com outras pessoas ou outros grupos, ou seja, ele foi descentralizado e repartido. Movimentos populares urbanos: são movimentos populares voltados para um setor significativo da população que desenvolve e define interesses incompatíveis com a ordem social e política existente ocorrendo por vias não institucionalizadas. Os movimentos sociais urbanos em geral atuam sobre uma problemática urbana relacionada com o uso do solo, com a apropriação e a distribuição da terra urbana e dos equipamentos coletivos. Projetos: é um conjunto de atividades concretas, coordenadas e inter-relacionadas, possuindo orientações mais específicas e objetivas para a solução dos problemas. Projetos Sociais: são construções elaboradas por determinados grupos de pessoas que desejam transformar ideias em boas práticas, sendo a diversidade cultural uma noção central destes. Tais projetos aplicados, podem transformar a realidade local. No tema anterior você pôde perceber a importância e a relação dos projetos sociais na educação não formal. Agora você terá contato com alguns projetos sociais analisados pela autora do Livro-Texto, Maria Gloria Gohn . A relação entre os projetos sociais, a pesquisa e as ONGs no Brasil. Primeiramente, você terá contato com um breve histórico das ONGs no Brasil, o conhecido terceiro setor e logo a seguir, você verá os resultados de uma pesquisa sobre projetos sociais desenvolvidos por ONGs e movimentos sociais,como formas de trabalho da educação não formal, em destaque, um dos principais sujeitos que nela atua: o educador social. Você ainda verá, em um dos temas posteriores, um pouco mais sobre esse profissional tão fundamental na educação não formal. Quanto às ONGs no Brasil, a origem remete-se à época da Ditadura Militar (1964- 1984), no contexto dos movimentos político-sociais. No entanto, no início, não houve envolvimento do governo e da iniciativa privada. O governo por temer qualquer tipo de movimento social, e da iniciativa privada por estar sobre vigilância do governo, e também por ainda não ter desenvolvido concepções sobre Marketing Social. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 27 de 46 No período em que as forças armadas assumiram o poder na República Federativa do Brasil, mesmo entre trancos e barrancos, Estado e Mercado acomodaram interesses enquanto macro corporações. Em ambos os lados, porém, muitos cidadãos perderam seus direitos civis, foram torturados (…). Entretanto, enquanto instância de poder genuíno da coletividade, a sociedade civil organizada foi terminantemente segregada. Essa apartação, somada ao golpe militar e tudo que ele representa, derivou com o passar dos anos, uma íntima aversão ao regime ditatorial e no ressurgimento dos movimentos sociais. Foi nesse cenário que nasceram as ONGs (PAIVA, 2003, p.71). Segundo Paiva (2003), em nível mundial, o governo e a iniciativa privada passam a apoiar o Terceiro Setor somente após a queda do muro de Berlim (1961-1989), no assistencialismo aos países arrasados do Leste Europeu. Já no Brasil, governo e iniciativa privada vão se atentar ao Terceiro Setor após a transição democrática (1985-1988). O governo, ao reconhecer a livre ascensão dos movimentos sociais e a iniciativa privada, em relação ao número crescente de empresas que estão colocando em prática a filantropia, para serem recebidas como empresas de responsabilidade social. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Estatística) de 2008 apontaram a amplitude do Terceiro Setor no Brasil. O estudo foi realizado através do levantamento de dados junto à Receita Federal do ano de 2005, onde estavam registrados 338 mil fundações privadas e associações sem fins lucrativos, que empregaram 1,7 milhão de pessoas em todo o país. A pesquisa também apontou demais dados importantes que seguem destacados abaixo: A região sudeste abriga 42,4% do total de ONGs no Brasil; 79,5% são de pequeno porte e 35,2% atuam na Defesa do cidadão; 24,8% são instituições religiosas; 7,2% desenvolvem ações de saúde e educação e pesquisa; idade média das ONGs fica em torno de 12,3 anos, sendo que a maioria -41,5 foi fundada nos anos 1990. De acordo com a matéria online de José Fucus da Revista Época (2008), afirma que se fosse um país independente, o Terceiro Setor seria a oitava economia do planeta, pois as empresas que teoricamente atuam sem fins lucrativos, movimentam um faturamento que chega à casa de bilhões ao ano, o que poderia dar margem a corrupção. E é justamente ai que entra o tópico de legitimidade das ONGs no Brasil. Nesse aspecto, Daniel Siqueira Marques (et al, 2003) aborda em sua pesquisa o trabalho na Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 28 de 46 questão da avaliação da legitimação de ONG discorrendo sobre a transparência, prestação de contas e legislação. A prestação de contas caminha conjuntamente com a responsabilidade social e a habilidade de justificar a forma de conduta e as obrigações de uma organização. A transparência visa garantir, ente outros aspectos, ausência de corrupção e abertura a atores fora da organização. Questões como representatividade, legitimidade, prestação de contas e transparência são significativas para companhias inseridas no processo de globalização para instituições públicas reguladoras e para a própria sociedade (MARQUES et al, 2003, p.71). Quanto à análise de projetos sociais desenvolvidos na educação não formal voltados para a Educação, Cultura e Arte, Maria da Glória Gohn atribui destaque, a análise dos resultados de pesquisa como fonte de dados, dos projetos sociais inscritos no Programa Rumos Itaú Cultural: Educação, Cultura e Arte, totalizando duzentos e vinte e dois, projetos registrados. Segundo Gohn (2010, p.82): O formulário nos oferece dois tipos de dados: quantitativos e qualitativos. Na análise buscar-se á articular estas duas dimensões de forma que a primeira, quantitativa, realimente a segunda, qualitativo-alicerçada nas formulações e justificativas escritas/descritas pelos sujeitos participantes inscritos no Programa Rumos. Uma parte da dimensão quantitativa foi codificada na etapa anterior do Programa, por ocasião do processo de seleção para o prêmio. Foram sistematizados dados dos inscritos por região dos projetos, gênero, escolarização, experiência anterior, área de atuação no mundo das artes (linguagem), formação dos sujeitos e cargos desempenhados. Veja-se a concepção de dados qualitativos e dados quantitativos. A pesquisa qualitativa é típica das ciências humanas e sociais, por oposição às ciências naturais que utilizam, quando necessário, pesquisas experimentais. Duas possibilidades sobre a concepção de pesquisa qualitativa pode ser levantada, de acordo com Chizzoti (1991, p.79): a primeira, dos cientistas que adotam a pesquisa qualitativa, pois as ciências humanas e sociais apresentam especificidade (o comportamento humano) e a segunda, de que a abordagem qualitativa parte do fundamento de que existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um elo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, ou seja, o objeto não é um dado inerte e neutro; este apresenta significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações. A atitude qualitativa enquanto abordagem de pesquisa em Educação, não invalida a quantidade como abordagem. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 29 de 46 Para o pesquisador, Richardson (1985, p. 38): O método qualitativo difere, em princípio, do quantitativo à medida que não emprega um instrumental estatístico como base do processo de análise de um problema. Não pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas. Segundo o mesmo autor, até os autores que não fazem distinção clara entre métodos quantitativos e qualitativos por entender que a pesquisa quantitativa é também, de certo modo, qualitativa. Uma vez que os dados, pelo menos numa pesquisa social, só apresentam sentido quando referenciados a um contexto e/ou significados atribuídos pelos indivíduos. Contudo, existem situações que exigem estudos com características tipicamente qualitativas, como no caso de situações em que se evidencia a importância de uma abordagem qualitativa para efeito de compreender aspectos psicológicos cujos dados não podem ser coletados de modo completo por outros métodos devido a sua complexidade. Já a pesquisa quantitativa, compreende os estudos estatísticos que se destina a descrever as características de uma determinada situação, medindo numericamente as hipóteses levantadas a respeito de um problema de pesquisa, cujas informações são colhidas por meio de um questionário estruturado com perguntas claras e objetivas. Isso garante a uniformidade de entendimento dos entrevistados. Voltando-se para a apresentação dos dados analisados da pesquisa abordada pela autora do Livro-Texto, Maria da Glória Gohn , para a dimensão dos dadosqualitativos foi utilizado para a análise das questões, análise de conteúdo, com a finalidade de captar os sentidos e significados do objeto estudado. Seguindo a metodologia proposta por Bauer e Gaskell (2005), as temáticas nos possibilitam construir mapas de conhecimento dos sujeitos investigados, sobre o mundo onde atuam e como o representam – enquanto um autoconhecimento. As temáticas foram agrupadas e classificadas sem eixos, à luz dos sentidos atribuídos pelos sujeitos investigados. Os mapas foram aplicados ao se criar categorias para diferenciar os objetivos do trabalho do educador e mapear as instituições e os trabalhos realizados por elas. O princípio geral organizador da análise foi o da identidade e as representações construídas pelos sujeitos inscritos sem relação: ao papel do educador, à instituição onde atuam, ao público que atendem, à comunidade do entorno onde atuam e aos resultados que julgam estar sendo obtidos no campo da cultura e da educação (GOHN , 2010, p. 82). Quanto aos sujeitos analisados, foram observadas suas práxis cotidianas em favelas e regiões periféricas das principais capitais brasileiras. Justifica-se esta ação, porque os projetos inscritos se desenvolvem, em sua maioria, em áreas de moradia, locais de Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 30 de 46 pobreza, exclusão social e ou área de alto risco de zonas urbanas deterioradas. Outros projetos desenvolvem-se em regiões que já estão estereotipadas como “territórios do mal”, tais como “polígono da maconha”. Ainda existem os projetos que estão em territórios que são ocupados por traficantes e contraventores, tendo de competir com essas forças para aderir o jovem no programa. Outros ainda atuam na luta de combate ao trabalho infantil, com o intuito de conduzir novamente as crianças e os adolescentes para a participação escolar. Há vários estados que não tiveram instituições participantes como Amazonas, Acre, Roraima, Amapá. A baixa participação da região Sul causou-nos surpresa de um lado, e compreensão de outro. Surpresa porque o Sul tem tradição de associativismo, compreensão porque não são estados com grande número de populações em situação de vulnerabilidade. Entretanto, inicialmente, tínhamos um suposto de que Porto Alegre apresentaria um grande leque de projetos socioculturais e educacionais entre os inscritos, devido à fama que ela alcançou, até no plano internacional, com as edições do Fórum Social Mundial entre 2001-2007 (exceto 2004 que foi na Índia, 2006 na Venezuela e 2007 no Quênia, na África), e por seu longo período de gestão pública governamental com programas participativos tipo Orçamento Participativo. Mas não foi isso que os dados revelaram - registraram apenas duas inscrições: uma na capital e uma no estado do Rio Grande do Sul (GOHN , 2010, p.87). Quanto às áreas centrais, nessas grandes cidades não foram percebidos muitos projetos inscritos. Cumpre mencionar que nessas áreas, em algumas cidades, como São Paulo, localizam-se os movimentos sociais populares urbanos mais organizados na atualidade, tendo atuação na área da habitação popular e são moradores de cortiços, prédios abandonados ou moradores que vivem nas ruas. Em relação aos projetos sociais analisados por Gohn (2010), estão divididos em programas sociais, prestação de serviços, projetos culturais e socioeducativos, apoio econômico, conhecidos como programas de geração de renda, e defesa de bens e patrimônio, material ou não. Encontramos poucas instituições atuando diretamente sobre a temática meio ambiente. O tema aparece de forma paralela e complementar nos trabalhos com a reciclagem de materiais de sucata, por exemplo, ou em alguns programas criados em função da defesa de algum rio, córrego ou mata, desenvolvido com alunos de escolas. “Água como fonte da vida” foi um projeto inscrito e desenvolvido em uma pequena cidade do Paraná. O tema ‘meio ambiente’ também não teve destaque nas propostas advindas das grandes metrópoles. O tema da defesa dos animais, muito próximo também das lutas dos ambientalistas, não foi encontrado. O tema de combate às formas de violência existentes no Brasil atual está presente em três eixos: Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 31 de 46 1. o projeto como um todo atua em áreas que apresentam altos índices de violência (a grande maioria das entidades que atuam nestas zonas de risco – favelas principalmente - tem dificuldade para desenvolver seu trabalho justamente porque concorrem para capturar a atenção dos jovens com as forças organizadas do crime, contravenção, drogas etc.); 2. focalizando uma modalidade de violência, por exemplo, exploração sexual, trabalho infantil, etc.; 3. focalizando o tema da paz, atuando como formadora de uma cultura da paz, resgatando valores que contribuam para novas mentalidades e novas culturas sobre o cotidiano (GOHN , 2010, p.84). Os projetos que tiveram o intuito de resgatar e trabalhar em campos da cultura local, influenciaram em mudanças ao entorno, tendo como destaque o caráter educativo, formando um saber que desenvolve a consciência de pertencimento da comunidade local. A participação sociopolítica e comunitária a partir de projetos construídos coletivamente, e que levam a uma intervenção social – por exemplo, numa praça pública – contribui para a transformação da realidade do público atendido. Eles levam à melhorias urbanas, à geração de renda para famílias, ao desenvolvimento e formação de cooperativas de artesãos. Os projetos que fomentam a participação cidadã dos jovens contribuem para o resgate da autoestima, mas podem ir muito além, delineando projetos e trajetórias de vida. Adolescentes que moravam em abrigos foram reintegrados às famílias (GOHN , 2010, p.85). Ainda foi possível perceber, segundo a mesma autora, a preocupação que existe em vários projetos com a recuperação da memória do local, a história do bairro, de seus personagens, além de contribuírem para desenvolver vínculos sociais, tecer redes de solidariedade entre os moradores. Outra relevância é a participação das mulheres nos Projetos Sociais, sendo a maioria em relação aos homens. Entretanto, nos projetos sociais essas mulheres atuam silenciosamente, não aparece como presença feminina, mas como ente colaborador de um processo um tanto oculto, pois, embora a participação feminina esteja presente, ela não é relevante em relação à autenticidade de sua identidade e participação social concreta. Pesquisa quantitativa: compreende os estudos estatísticos que se destina a descrever as características de uma determinada situação, medindo numericamente as Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 32 de 46 hipóteses levantadas a respeito de um problema de pesquisa, cujas, informações são colhidas por meio de um questionário estruturado com perguntas claras e objetivas. Isso garante a uniformidade de entendimento dos entrevistados. Pesquisa qualitativa: é considerada a relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. No âmbito da educação, a pesquisa qualitativa sobre outro rigor, demarca-se como possibilidade real de melhor compreender o fenômeno educativo e suas múltiplas variáveis, sua multirreferencialidade. A atitude qualitativa, enquanto abordagem de pesquisa em Educação,não invalida a quantidade como abordagem. Projetos Sociais: um recurso técnico útil e necessário para qualificar a ação social organizada em prol da elevação da qualidade de vida e do fortalecimento da cidadania. Educação Social: é uma alternativa educativa que pode promover o entendimento social, político e cultural de uma realidade que é ligada, mas diferente da realidade escola. Responsabilidade Social: é um conceito segundo o qual as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais saudável. O conceito de responsabilidade social pode ser compreendido em dois níveis: o nível interno relaciona-se com os trabalhadores e à todas as partes afetadas pela empresa e que podem influenciar no alcance de seus resultados. O nível externo são as consequências das ações de uma organização sobre o meio ambiente, os seus parceiros de negócio e o meio em que estão inseridos. Refere-se ao cumprimento dos deveres e obrigações dos indivíduos e empresas para com a sociedade em geral. Terceiro Setor: Corresponde às instituições com preocupações e práticas sociais, sem fins lucrativos que geram bens e serviços de caráter público, tais como: ONGs, instituições religiosas, clubes de serviços, entidades beneficentes, centros sociais, organizações de voluntariado, dentre outros. O termo é de origem americana, Third Sector, muito utilizado nos Estados Unidos, sendo utilizada a mesma classificação no Brasil. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 33 de 46 Nos temas anteriores, você pôde perceber a importância e relação dos movimentos sociais, das práticas educativas, das pesquisas em educação não formal e, dos projetos sociais na educação não formal, da atuação e campos do educador social. Agora você terá contato, com algumas ideias sobre o profissional da pedagogia e a educação social, analisados por Maria Gloria Gohn e demais pesquisadores. Muito se vem despertando interesse em relação a identidade da Pedagogia e o campo de atuação dos pedagogos. Logo, essa temática, visa aprofundar o debate sobre o perfil e as competências do pedagogo, enquanto profissional da Educação Social, para compreender os desafios e conquistas vivenciados na prática pedagógica e a forma como este profissional pode contribuir para o desenvolvimento psicossocial dos sujeitos dos espaços de Educação não formal. A atuação de pedagogos em diversos espaços educacionais tem propiciado reflexões sobre novas práticas. A sua formação era somente focada para a gestão, alfabetização e formação de educadores em espaços formais de educação. Todavia se reconheceu que a escola não está plenamente preparada para desenvolver habilidades interpessoais, criativas e quem o insira no mercado de trabalho. De acordo com a Resolução CNE/CP nº 1, de 15/05/2006 que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais, para o Curso de Pedagogia em licenciatura, no artigo 4º, parágrafo único, estabelece que as atividades docentes, além das funções de magistério fixadas no caput do artigo, compreendem, também, a “participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino” relacionadas com atividades de planejamento, coordenação, avaliação, produção e difusão do conhecimento educacional, “em contextos escolares e não escolares”. Logo, evidenciando a prática na modalidade dos espaços de Educação Social e a atuação do pedagogo, o documento se pronuncia sobre o perfil e as competências desse profissional: [...] atuar com ética e compromisso com vistas à construção de uma sociedade justa, equânime, igualitária; trabalhar, em espaços escolares e não escolares, na promoção Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 34 de 46 da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo; identificar problemas socioculturais e educacionais com postura investigativa, integrativa e prepositiva em face de realidades complexas, com vista a contribuir para superação de exclusões sociais, étnico-raciais, econômicas, culturais, religiosas, políticas e outras; [...] participar da gestão das instituições em que atuem planejando, executando, acompanhando e avaliando projetos e programas educacionais, em ambientes escolares e não escolares; realizar pesquisas que proporcionem conhecimentos, entre outros: sobre seus alunos e alunas e a realidade sociocultural em que estes desenvolvem suas experiências não escolares; sobre processos de ensinar e de aprender, em diferentes meios ambiental-ecológicos; sobre propostas curriculares; e sobre a organização do trabalho educativo e práticas pedagógicas. (Resolução CNE/CP nº 1, de 15/05/2006) Assim, o Pedagogo percebe sua importância em outros espaços que não sejam somente os da escola formal e acaba por ingressar em vários espaços, como Recursos Humanos de empresas, treinamentos em empresas, na orientação de projetos sociais em ONGs, trabalhos como educador social, em museus e demais setores da sociedade civil. Essa amplitude de atuação requer do profissional da pedagogia um novo perfil de formação e atuação. Entende-se que mudança pedagógica é não só promover a autoaprendizagem de seu aluno fora da sala de aula, mas, também, ele próprio vivenciar novas experiências e caminhar para novas descobertas de suas habilidades e competências além da abrangência escolar. Passou a buscar, então, novos caminhos pedagógicos, ampliando a dimensão pessoal e social de conceito de educador. Quem é o profissional que atua no campo da educação não formal? Ou, de outra forma: O que é ser um educador que atua na educação não formal? Como pensar a formação de educadores para que sua prática pedagógica inclua os valores das comunidades onde se encontram ou atuem, e que esta atuação se dê a partir de um compromisso social básico? Esta indagação pressupõe uma anterior: Formar educadores para quê? Para aturarem junto às comunidades organizadas é a resposta, onde as práticas de educação não formal estão presentes (GOHN , 2010, p.50). As contribuições pedagógicas em projetos sociais realizadas pelos profissionais da pedagogia têm mostrado que os pedagogos focam não apenas na capacitação do público a ser atendido, como na formação de sua equipe, tendo uma preocupação em desenvolver por meio do processo ensino-aprendizagem diversas competências e habilidades de todos os campos educacional, social e administrativo do projeto, como um todo. É necessário que todos estejam em harmonia para melhor, compreender a importância de suas atuações. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 35 de 46 Reporta-se a Paulo Freire (2001) para suporte na ideia de que, como profissional e pessoa em construção, o estado do ser humano é o do ser inacabado e, portanto, aberto; como um ser de desejo, um ser social e político que se constrói nas relações com os outros seres humanos; como um ser singular que cria sua peculiar maneira de ser, embora faça parte, como os outros, da mesma espécie humana; como um ser que tem uma história, se constrói na história e constrói história; como um ser que interpreta o mundo; como um ser que se empenha em atribuir sentido às experiências que vive; que age no mundo; que precisa aprender para construir a sua maneira de ser; que apresenta em sua condição humana, um tecido de elementos diferentes inseparavelmente associados, como é o caso da racionalidade, da corporeidade e do mundo da emoção; da objetividade e da subjetividadehistórica. Segundo Casteleiro (2009), os campos de atuação da Pedagogia Social e Educação Social são utilizados de formas indistintas, mas que correspondem a concepções diferentes. O mesmo autor cita Diaz (2006), para discorrer sobre essa diferença. Pedagogia Social e Educação Social correspondem a dois conceitos que têm em comum a área social e a área educativa. A Pedagogia Social corresponde à disciplina científica com caráter teórico e prático que fornece as ferramentas para a intervenção prática com e sobre os indivíduos por meio da Educação Social. A Pedagogia Social implica no conhecimento do indivíduo para melhor poder atuar sobre ele, seja em uma situação normalizada, ou em uma situação de conflito ou de necessidade. A socialização do indivíduo ocorre em contextos diversificados e não apenas na escola, pelo que a Educação social pode ser. Assim, o objetivo primordial é o de contribuir para a intervenção social do indivíduo estimulando a capacidade crítica, para que melhore e transforme o meio social em que vive. Logo, Educação Social constitui a ação em um espaço de intervenção pública, ou seja, a ação realizada sobre o indivíduo. Para Trilla (1993), existem três possíveis definições para a Educação Social: 1. A Educação Social como uma educação que tem como objetivo, o desenvolvimento social do indivíduo, torna-se um conceito em que o adjetivo “social” se refere a um objetivo da educação: o desenvolvimento social da pessoa. É, portanto, uma definição que parte de critérios psicológicos, uma vez que a Psicologia é uma ciência que estuda as dimensões da personalidade dos indivíduos. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 36 de 46 2. A Educação Social como uma educação que tem como destinatários os indivíduos que se encontram em risco social. Nesta definição, trata-se de um conceito que é remetido para as questões e os problemas sociais dos indivíduos, fazendo parte, portanto, de um critério sociológico (psicossocial). 3. A Educação Social como uma educação não formal. Nesta terceira definição, o ponto principal está articulado diretamente aos agentes que se encontram nos contextos sociais. É possível comparar essa educação não formal com a educação escolar. Neste caso, a base é fundamentalmente pedagógica, isto é, uma vez que segue alguns critérios da educação formal, da educação não formal, e da educação informal. Logo, levanta-se a interrogação das concepções sobre o que é Pedagogia e o que é Cidadania. Para a pedagogia, algumas palavras-chave surgem para trilhar o caminho da intervenção, entre elas: prática educativa, gestão escolar, ensino, administração e atuação em outros espaços que não os da escola-instituição, os não formais. Quanto a cidadania, as terminologias “direitos”, “deveres’, “participação”, “coletivo” e “consciência”, compõem o cenário conceitual provisório. Cidadania significa o conjunto de direitos e deveres pelo qual o cidadão, o indivíduo, está sujeito no seu relacionamento com a sociedade em que vive. Pressupõe direitos e deveres a serem cumpridos pelo cidadão que será responsável pela sua vivência em sociedade. Para Demerval Saviani (1996), ser cidadão significa ser sujeito de direitos e deveres: “Cidadão é, pois, aquele que está capacitado a participar da vida da cidade e, extensivamente, da vida da sociedade”. É importante lembrar que as mudanças na economia e na sociedade beneficiaram mais algumas categorias sociais do que outras. A participação de cidadãos(as) nas últimas décadas, no Brasil, tem ocorrido basicamente via quatro formas, a saber: 1. movimentos sociais; 2. ONGs, fóruns e assembleia; e 3. em estruturas colegiadas institucionalizadas, como os conselhos de direitos ou conselhos das áreas sociais; ou 4. semi-institucionalizadas, como os OPs (Orçamentos Participativos) (GOHN , 2010, p.64). Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 37 de 46 Já a noção de cidadania como estratégia política, conforme afirma Dagnino (1994, p.103): (...) expressa e responde hoje a um conjunto de interesses, desejos e aspirações de uma parte sem dúvida significativa da sociedade, mas que certamente não se confunde com toda a sociedade, as aspirações e crescente banalização desse termo não só abrigam projetos diferentes no interior da sociedade, mas também certamente tentativas de esvaziamento do seu sentido original e inovador. Quanto a Pedagogia, na Grécia Antiga, esta era a denominação da atividade que o escravo exercia, conduzindo as crianças aos locais de estudo, onde os preceptores forneceriam a instrução, o estudo. A Pedagogia, desde a sua origem, possui relação com a ação educativa, com os objetivos e as maneiras de ensinar, com a finalidade de contribuir com a formação cidadã dos indivíduos para que estes possam atuar em contextos sociais. Portanto, Libâneo (1998, p.22), apresenta a Pedagogia como: [...] o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana. Nesse sentido, educação é o conjunto das ações, processos, influências, estruturas, que intervém no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais. Já Arroyo (1991, p. 74-75), ao discutir sobre a educação e a cidadania afirma que: (…) é fundamental captar se a cidadania se constrói através de intervenções externas, de programas e agentes que outorgam e preparam para o exercício da cidadania, ou ao contrário, a cidadania se constrói como um processo que se dá no interior da prática social e política das classes. Tendo como referência a ideia do autor acima e considerando que o campo de atuação do pedagogo está sendo ampliado na atualidade, cabe indagar a respeito da responsabilidade do educador (gestor, docente, educador social ou técnico) com o processo educativo. Repensar a respeito do sentido da prática educativa e como esta vem contribuindo com processos de transformação das relações educativas e sociais, é questão primordial para o educador, principalmente o educador social, pois é este o foco do estudo no momento: o profissional da pedagogia com atuação como educador social. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 38 de 46 A pesquisadora Covre (1991, p. 66) aponta que: (…) é preciso haver uma educação para a cidadania (...) é preciso criar espaços para reivindicar os direitos, mas é preciso também estender o conhecimento a todos, para que saibam da possibilidade de reivindicar. A educação aqui é vista como expansão de conhecimentos elaborados em campos diversos e não somente em espaços escolares, e que esta expansão também reflete na formação do pedagogo, na atuação do educador social e nos resultados que se espera alcançar dos projetos sociais desenvolvidos no campo da educação não formal. Na abordagem aqui adotada, o conceito de educação é visto de forma ampliada; ele não se restringe aos processos de ensino-aprendizagem no interior de unidades escolares formais. Processos de aprendizagem e novas concepções emergem advindos de processos gerados no cotidiano do mundo da vida, dos processos interativos e comunicacionais dos homens e das mulheres, no dia a dia, para resolverem seus problemas de sobrevivência, criando um setor novo, da educação não formal (GOHN , 1999, p.32). Cidadaniacomo estratégia política: expressa e responde hoje a um conjunto de interesses, desejos e aspirações de uma parte, sem dúvida, significativa da sociedade, mas que certamente não se confunde com toda a sociedade, as aspirações e crescente banalização desse termo não só abrigam projetos diferentes no interior da sociedade, mas também certamente tentativas de esvaziamento do seu sentido original e inovador Cidadania: significa o conjunto de direitos e deveres pelo qual o cidadão, o indivíduo, está sujeito no seu relacionamento com a sociedade em que vive. Pressupõe direitos e deveres a serem cumpridos pelo cidadão que será responsável pela sua vivência em sociedade. Educação Social: constitui a ação, um espaço de intervenção pública, ou seja, a ação realizada sobre o indivíduo. O educador social necessita de um conhecimento amplo sobre o próprio indivíduo para que ele trabalhe melhor, seja em situação normalizada, seja em uma situação de conflito ou de necessidade. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 39 de 46 Pedagogia: campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana. Nesse sentido, educação é o conjunto das ações, processos, influências, estruturas, que intervém no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais. Pedagogia Social: implica no conhecimento do indivíduo para um melhor de atuação sobre ele em uma situação normalizada ou em uma situação de conflito ou de necessidade. Neste último tema, tem-se a pretensão de realizar um feedback de toda a temática da disciplina: “Educação Profissional e Educação em Ambiente não escolar”, referente ao Livro-Texto, da autora Maria da Glória Gohn , adotado para o curso de Pedagogia. A educação não formal, segundo Gohn (2010), é uma área de conhecimento que envolve aprendizagens e saberes, estando presente em ações e projetos sociais da sociedade civil, em cursos universitários no campo da Educação, e em políticas sociais governamentais. É um tema fundamental na contemporaneidade, fazendo parte do processo sociopolítico, cultural e pedagógico de formação dos indivíduos para a cidadania e sua emancipação social. A educação não formal é constituída enquanto modalidade de prática educativa e se caracteriza a um processo que rompe as barreiras dos muros escolares, sendo marcada por intencionalidades, tanto educativas, quanto políticas e sociais, intencionalidades essas que permitem ao pedagogo entrar em contato com a identidade e as necessidades dos educandos atendidos, bem como da sua comunidade. Para Libâneo (2005), a definição de educação não é tão fácil, pois devido à sua complexidade e ao seu caráter multidimensional e plurifacetado, a concepção de educação torna-se passível de análise sob diversas perspectivas, abrindo margem para múltiplos entendimentos, ou ainda entendimentos parciais sobre educação, Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 40 de 46 em relação aos profissionais que atuam direta ou indiretamente na área educacional, apresentando a concepção sobre da seguinte maneira: [...] fenômeno plurifacetado, ocorrendo em muitos lugares, institucionalizado ou não, sob várias modalidades. Percebe-se que o referido autor identifica a prática pedagógica em seus variados meios de ocorrência. Já para Gohn (2005), a educação nessa abordagem, movimentos sociais e educação, é tratada no sentido mais amplo, o que se caracteriza por todos os processos que envolvem aprendizagem de novos valores, ideias, atitudes e comportamentos que apreendidos e assimilados pelos sujeitos sociais são responsáveis por novas práticas no cotidiano social, e no sentido restrito, a educação no âmbito escolar. Assim, a relação nessa abordagem ocorre a partir de novas atitudes que os integrantes tomam a partir da prática de mobilização ou conforme afirma ainda a autora citada: (...) a educação se apresenta como forma de aprendizagem aos participantes dos movimentos e associações; como efeito pedagógico multiplicador das ações coletivas junto à sociedade civil e à sociedade política; e como demandas específicas na área educacional, dentro e fora da instituição escolar (2005, p.114). Ressalta-se ainda que a educação social, como visto nos temas anteriores, é um processo de formação humana, ou de hominização, como diria Paulo Freire . É de natureza social e sofre interferência das condições existenciais que demarcam os aspectos subjetivos, culturais, materiais, históricos, dentre outros, em que cada indivíduo se constitui humano. O Livro-Texto adotado procura situar a educação não formal em três momentos: • no primeiro, as concepções sobre os elementos que envolvem e constituem a educação não formal, o seu campo de atuação, o repertório, e as diferenças em relação às outras práticas socioeducativas. • Segundo: aborda o papel do educador social, o profissional que atua na educação não formal e ajuda a construir com o seu trabalho, territórios de cidadania. • Terceiro: apresenta exemplos de processos de educação não formal em espaços associativos como movimentos sociais, redes associativas civis, fóruns, conselhos de gestão compartilhada, pesquisas na modalidade de ensino da educação não formal, análises de projetos sociais inscritos e realizados no Programa Rumos Itaú Cultural. Para finalizar, leia uma resenha do livro “Educação, Cultura e o profissional da Pedagogia frente a Educação Social” elaborado por Dinora Tereza Zucchetti, Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (RS, Brasil). Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 41 de 46 Resenha do livro: Educação não formal e o educador social: Atuação no desenvolvimento de projetos sociais. São Paulo: Cortez, 2010. 104 p, da autora: Maria da Glória Gohn . A motivação para resenhar o mais recente livro de Maria da Glória Gohn deve-se ao fato de virmos, ao longo dos últimos anos, acompanhando os estudos da autora sobre a chamada educação não formal. Na obra intitulada Educação não formal e o educador social em especial (2010), Gohn apresenta um acúmulo próprio do amadurecimento investigativo e do amplo debate a que vêm sendo submetidos os seus escritos, o que faz deste livro um importante registro sobre a educação no campo social brasileiro. Há de se considerar que a autora é uma das pioneiras nos estudos da educação não escolar no país. Embora, nos últimos anos, tenha havido um crescimento significativo de pesquisas que investigam as práticas e a formação de educadores atuantes em espaços não escolares, de forma geral, o trato da temática é ainda incipiente e campo de muitos dissensos. Isso traduz ainda mais a importância do livro que aborda a educação não formal em duas grandes partes: conceito, campo e o educador social, além da ação propriamente dita. Resguardadas posições divergentes entre pesquisadores de áreas afins, o esforço dessa resenha é colocado no sentido de apresentar o texto e a sua contribuição para o debate no campo das práticas de educação que extrapolam o âmbito da escola. Nesse sentido, desde o início e ao longo do livro, sem que se pretenda deixar dúvidas quanto à importância e compulsoriedade da educação escolar, Gohn enfatiza que a educação não formal não é substitutiva à primeira,resguardando, assim, seu caráter de complementariedade. Descritivamente, na sequência, a autora traça a trajetória do termo educação não formal nas produções em educação. Dos anos de 1980, destaca o método educativo travado no interior dos movimentos sociais e a educação popular relacionada aos processos de alfabetização de adultos que, à época, ocorriam fora do sistema formal de ensino. Da década de 1990, ressalta a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de 1996, a qual afirma que a educação se desenvolve em inúmeros espaços, abrindo caminho para o debate institucional sobre a educação não formal. Posteriormente, em 2006, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, ao referirem que a educação não escolar é campo de atuação do pedagogo, incorporaram a discussão. Para exemplificar, Gohn relembra a implantação da disciplina Educação Não Formal na graduação da Faculdade de Educação da Unicamp, fato que, segundo ela, instaurou um importante movimento no âmbito das Instituições de Ensino Superior, o que, de certa forma, acabou influenciando outras instituições a incluírem disciplinas que dialogam a educação e a ação social, nos currículos de Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 42 de 46 cursos de Pedagogia do país. Desde então, timidamente, muitos cursos têm ofertado disciplinas na área de práticas de educação no campo social, procedimento que não descaracteriza a ênfase da formação do professor para a educação escolar presente nas licenciaturas. No seguimento da obra, a autora busca distinguir a educação formal da não formal e da informal, traçando uma (tênue) linha que separa as duas últimas. Da educação formal, ressalta o espaço territorial da escola, a sua regulamentação e normatização, assim como a presença dos currículos. Já na modalidade não formal, referência a tese da intencionalidade, o aprendizado espontâneo e a instrumentalidade presente na figura do educador social, além de critérios de solidariedade e identificação de interesses comuns; na informal, destaca os processos de socialização gerados no interior de relações intra e extrafamiliar. Outrossim, na obra, há uma defesa da educação não formal enquanto processo de produção de sujeitos autônomos e emancipados cuja formação cidadã aparece como pressuposto fundamental. Esse fato é destacado desde os movimentos sociais, experiências associativistas, programas de formação sobre direitos humanos, emergência de projetos sociais de naturezas diversas, em que a ação coletiva se faz no campo das artes, da educação e da cultura. Teoricamente, faz ainda um recorrido, tentando apontar diferenças entre a educação não formal com outras práticas de educação no campo social (educação comunitária, sociocomunitária, integral, entre outras). Todas essas tentativas, por parte da autora, de diferenciar entre si práticas de educação, no nosso entendimento, resulta em uma abordagem pouco elucidativa, uma vez que experiências educativas, nesses campos, possuem especificidades, mas também muitos pontos de aproximação, o que torna difícil (e talvez pouco válida) tal diferenciação. No entanto, desse procedimento, vale destacar as reflexões realizadas por Gohn sobre a educação não formal em relação à educação popular, quando sugere que nem toda educação não formal é educação popular, no sentido atribuído por Paulo Freire . Tal fato sustenta-se ao tomarmos como referência ações socioeducativas desenvolvidas por algumas organizações governamentais e pelo terceiro setor, cujas práticas clientelistas não instauram processos de autonomia e emancipação entre os sujeitos atendidos. Há, entretanto, uma relevante contribuição na obra, qual seja o destaque (mesmo que breve) às lacunas metodológicas na educação no campo social, tecidas como um dos pontos mais polêmicos na educação não formal atualmente. Segundo Gohn , “há metodologias [...] que precisam ser desenvolvidas, codificadas, ainda que com alto grau de provisoriedade, pois o dinamismo, a mudança, o movimento da realidade, segundo o desenrolar dos acontecimentos, são as marcas que singularizam a educação não formal” (p. 47). Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 43 de 46 A importância da sistematização de procedimentos metodológicos deve-se ao fato de os educadores sociais se verem, cotidianamente, diante de sujeitos sociais (crianças, jovens, mulheres, trabalhadores que vivem alguma situação de desvantagem social), com os quais necessitam desenvolver práticas educativas capazes de incorporar propostas/orientações pedagógicas, sem o que, segundo Gohn , tendemos a constituir um tipo de educador que pouco contribui para a transformação da sociedade. A autora acrescenta: “estes [referindo-se aos educadores] carregam visões de mundo, projetos societários, ideologias, conhecimentos acumulados” (p. 47) que determinam um ou outro jeito de realizar suas ações e que precisam ser tensionadas a luz de teorias. Nesse sentido, compartilhamos com Gohn a ideia de que precisamos pensar fundamentalmente sobre a formação dos educadores e suas metodologias. Para isso, há de se considerar que dados empíricos de pesquisas diversas, na área, demonstram que a maioria dos educadores sociais ou são acadêmicos de licenciaturas ou professores graduados, que tendem a arrastar para a educação, no campo social, o modo de socialização escolar, expressão cunhada por Vincent, Lahire e Thin (2001); Por exemplo, mesmo que as Diretrizes do curso de Pedagogia apontem para o campo da educação não escolar como um locus de atuação de pedagogos e que algumas poucas disciplinas sejam oferecidas no campo de práticas de educação não escolar, o modelo de formação recebido por tais professores ainda está centrado na educação escolar, do qual se pode reproduzir um sujeito-professor que reflete sobre suas intervenções pedagógicas na perspectiva da vigilância de sujeitos/populações que representam risco à sociedade, pelo simples fato de frequentarem um serviço socioeducativo. Dessa forma, reitera-se que o debate sobre a questão da formação dos educadores, a exemplo do que sugere Gohn , é fundamental; entretanto, entendemos que estamos diante da necessidade de refletirmos sobre qual conceito precisamos amparar a formação desses atores sociais. “Processos sociais que envolvem a gestão da coisa pública, tais como conselhos gestores e os colegiados escolares” (p. 55) constituem-se, para a autora, em apoio complementar para a formação acadêmica de educadores sociais, o que sugere um modo de formação que privilegia a experiência e o debate coletivo. Por sua vez, resultados parciais da pesquisa “Práticas de educação não escolar de sujeitos que atuam em projetos socioeducativos (CNPq)” demonstram que educadores sociais formam-se em serviço, contando com o apoio de seus pares, e constroem estratégias pedagógicas com base nas suas experiências pessoais, enfatizando a autoformação. Alinhados às afirmativas de Gohn sobre a formação, os resultados parciais da referida pesquisa compartilham ainda com estudos que consideram que a formação ocorre no processo relacional; por isso, é construída na negociação e materializada Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 44 de 46 pela artesania do fazer, a exemplo de Macedo (2010). Nessa perspectiva, uma ação formadora produzida pela reflexão da experiência poderia declinar de uma formação específica. Considerando-se, ainda, que a educação, no campo social, é área transdisciplinar do conhecimento(MOURA; ZUCCHETTI, 2010), a proposição de cursos de graduação, no âmbito da chamada Pedagogia Social, para formar educadores sociais, pode representar um retrocesso. Educação: fenômeno plurifacetado, ocorrendo em muitos lugares, institucionalizado ou não, sob várias modalidades. Educador Social: é o profissional que assume papel fundamental na cena composta da educação social ideal. Ele deve ser alguém que faça a diferença, que fique na memória dos meninos e meninas como alguém que acreditou, estimulou, apresentou caminhos, ensinou sobre coisas grandes e pequenas da vida, ensinou ou reacendeu a esperança, e ainda, generosamente deu/recebeu afeto nessa relação. Educação Social: é um processo de formação humana, ou de hominização, como diria Paulo Freire . É de natureza social e sofre interferência das condições existenciais que demarcam os aspectos subjetivos, culturais, materiais, históricos, dentre outros, em que cada indivíduo se constitui humano. Educação não formal: é uma área de conhecimento que envolve aprendizagens e saberes, estando presente em ações e projetos sociais da sociedade civil, em cursos universitários no campo da Educação e em políticas sociais governamentais. É um tema fundamental na contemporaneidade, fazendo parte do processo sociopolítico, cultural e pedagógico de formação dos indivíduos para a cidadania e sua emancipação social. Pedagogia: campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana. Nesse sentido, educação é o conjunto das ações, processos, influências, estruturas, que intervém no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 45 de 46 Se interessou pelo tema? 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Página 46 de 46 GOMES, Rita de Cassia Medeiros. Educação Profissional e Educação em Ambientes Não Escolares: Educação não formal: aprendizagens na participação social e os movimentos sociais. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. GOMES, Rita de Cassia Medeiros. Educação Profissional e Educação em Ambientes Não Escolares: Educação não formal: Movimentos sociais e a educação, projetos sociais e associativismo no Brasil. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. GOMES, Rita de Cassia Medeiros. Educação Profissional e Educação em Ambientes Não Escolares: Os projetos sociais voltados para a educação, cultura, arte e as ONGs no Brasil. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. GOMES, Rita de Cassia Medeiros. Educação Profissional e Educação em Ambientes Não Escolares: O profissional da pedagogia e a educação social. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. GOMES, Rita de Cassia Medeiros. Educação Profissional e Educação em Ambientes Não Escolares: Educação não formal: Educação Profissional e Educação em Ambiente não escolar. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014.