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Educação em ambientes não Escolares - Temas 1 a 8

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Matéria: Educação em Ambientes não Escolares 
Assunto: Temas 1 ao 8 
Curso de Pedagogia 
Licenciatura – 7º Período 
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Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 2 de 46 
 
É possível verificar que a educação não formal é uma modalidade de educação que 
vem se ampliando na sociedade atual. Entretanto, ainda é de difícil entendimento, 
pois não há uma legislação específica que atribua sustentação para sua 
compreensão, o que abre precedentes para algumas considerações do que se 
denomina modalidade de educação não formal. 
Assim, levando em consideração os diversos espaços que necessitam de 
conhecimentos e práticas pedagógicas, percebe-se que a formação do profissional 
em Pedagogia ainda está direcionada essencialmente para o contexto formal em 
espaços escolares. Em relação à atuação profissional, conforme a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996, a prática pedagógica está para além 
do espaço escolar, abrindo possibilidades de inserção em diferentes campos do 
conhecimento. Pode-se constatar no Livro-Texto, de autoria de Maria da Glória Gohn 
(2010, p. 11), que: 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de 1996, abriu caminho 
institucional aos processos educativos que ocorrem em espaços não formais ao 
definir a educação como aquela que abrange: 
“processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência 
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais 
e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (art. 1 LDBEN, 
1996), o termo foi incorporado ao Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos 
em 2003. 
Para Trilla (1993), a Educação é uma realidade muito complexa, heterogênea e 
versátil. A diversidade de processos, fenômenos, agentes ou instituições que vêm 
sendo consideradas espaço educativo apresenta muitas variáveis, e pouco se pode 
falar de Educação de maneira geral. Geralmente, adicionam-se adjetivos à palavra 
educação; às vezes, distinguem-se tipos de Educação, segundo alguma 
especificidade do sujeito que se educa; outras vezes refere-se ao aspecto ou dimensão 
da personalidade a quem se dirige a ação educadora ou ao tipo de efeitos que se 
produz. Há de considerar o critério que se faz referência àquele que educa, ao agente, 
à situação ou instituição que produz, ou na qual se produz a prática educativa, 
considerada Educação não formal. 
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Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 3 de 46 
A Educação não formal costuma ser mais hábil, flexível, versátil e dinâmica que a 
formal. Nasce como uma contribuição ao atendimento daqueles que se encontram 
excluída de qualquer proteção necessária para seu desenvolvimento. 
Não é uma solução, mas uma complementação às demais formas de Educação 
(TRILLA, apud CARO, 2010, p. 151). 
Há de se considerar que a Educação não formal tem como intuito contribuir para a 
formação integral do indivíduo, voltada aos interesses e necessidades dos 
educandos em ambiente adaptado para a sua cultura e seu meio social. Logo, uma 
modalidade de Educação que era pouco privilegiada desponta como alternativa de 
transformação e de atuação para parte da sociedade. Segundo Trilla (1996), outro 
aspecto está relacionado à amplitude do conceito de Educação e Educação não 
formal, pois ele está associado ao aspecto cultural que leva a compreendê-la como 
processo que se constrói durante uma vida toda e não como algo móvel, inerte, como 
é apresentado na maioria das instituições oficiais. Tal Educação ocorre pelas 
iniciativas de movimentos populares, associações democráticas, organizações que 
visam à mudança social, dentre outras e possui caráter transformador, pois 
possibilita que os atendidos sejam conscientizados do seu valor e da importância de 
serem cidadãos conscientes sobre as ações de sua realidade contextualizada. 
As práticas educativas realizadas na educação não formal estão relacionadas nas 
experiências populares, de projetos socioeducativos e, até mesmo, outras 
experiências educacionais de crianças e adolescentes de baixa renda. 
A prática educativa compõe-se de um conjunto de ações que determinam, tanto o 
caráter preordenado de um ambiente de aprendizagem, como a sua dimensão de 
construção social, constituindo, assim, um ambiente de aprendizagem desde a sua 
organização inicial, fundada em certa concepção de aprendizagem, até a sua 
realização singular. 
Fica necessário destacar as próprias concepções de Educação formal e de Educação 
não formal que atualmente merecem estudos aprofundados. Esta é uma discussão 
que já está em curso na definição do conceito de Pedagogia Social, que não é acabado. 
Por um lado questiona-se ainda se as vivências e concepções construídas a partir das 
práticas educativas que acontecem fora da escola são não formais e, por outro, há o 
questionamento se a negação ao formal fundamenta a área e se essa negação 
representa avanços ou retrocessos, ou ainda, se a negação ao formal seria 
suficientemente para explicar e fundamentar a concepção de Pedagogia Social. 
Segundo Trilla (1996), citado por Caro (2010), a Educação formal se distingue da 
Educação não formal por sua exclusão ou inclusão do sistema educativo regrado: 
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Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 4 de 46 
Por Educação formal entende-se o conjunto de processos, meios e instituições 
específicas ou de instrução que estão diretamente dirigidas ao suprimento dos graus 
próprios do sistema regrado. O formal é, então, o que se define em cada país e cada 
momento em suas leis e outras disposições administrativas. 
O não formal é o que fica à margem do organograma do sistema educativo graduado 
e hierarquizado. 
Portanto, tais conceitos apresentam uma relatividade histórica e política: o que 
antes era não formal pode passar a ser formal, do mesmo modo, pode ser formal em 
um país e não o ser em outro. 
A Educação a distância e a Educação de Jovens e Adultos em diferentes países são 
exemplos dessa relatividade histórica e política que perpassa as intervenções 
socioeducacionais da Pedagogia Social (TRILLA apud CAROL, 2010, p. 141). 
Gohn (2010) procura apresentar a diferenciação entre Educação formal, não formal 
e informal. 
Em princípio podemos caracterizar a educação formal como aquela desenvolvida 
nas escolas, com conteúdo previamente demarcados; a educação não formal é aquela 
que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de compartilhamento de 
experiências, principalmente em espaços e ações coletivos cotidianos; e a educação 
informal como aquela na qual os indivíduos aprendem durante seu processo de 
socialização gerada nas relações e relacionamentos intra e extrafamiliares (amigos, 
escola, religião, clube, etc). 
A informal incorpora valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos 
herdados. 
Contrariamente, a educação não formal é nativa, ela é construída por escolhas ou 
sob certas condicionalidades, há intencionalidades no seu desenvolvimento, o 
aprendizado não é espontâneo, não é algo naturalizado. 
(...) na educação não formal não é espontâneo porque os processos que o produz têm 
intencionalidades e propostas (GOHN , 2012, p. 16). 
O que acontece na Educação não formal normalmente está fundamentado no que se 
chama de Educação Social, que, por referência, é conteúdo e objeto da Pedagogia 
Social. Segundo Caro (2010, p. 133), entende-se a Educação Social como um processo 
das relações proporcionadas na estrutura da Educação não formal e é justamente 
este ambiente de relações educativas que a diferencia da atualestrutura da Educação 
não formal. 
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Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 5 de 46 
As mudanças repentinas, ocasionadas pela industrialização por volta da metade do 
século XIX, propiciaram o nascimento de uma nova ciência social aplicada: a 
Pedagogia Social. A questão socioeconômica e sociopolítica em que se encontrava a 
Alemanha, em 1850, foi o determinante da aparição de uma nova perspectiva e 
maneira de solucionar as necessidades sociais e de encomendar aos pedagogos a 
lenta formulação de um documento doutrinal fundamentado e justificado. 
No entanto, sem a mudança de mentalidade, não seria concebível o surgimento e 
aplicação desta nova ciência, o que supunha, na época, substituir a velha concepção 
de caridade pela justiça. 
Hoje, na Alemanha, a Pedagogia Social ocupa um lugar privilegiado, pois lá 
desenvolveu-se grande parte do plano teórico, ainda que seja justo reconhecer a 
influência do modelo anglo-saxão na realização do trabalho social, ou seja, na práxis 
da Educação Social. Na França, o enfoque maior centralizou-se na animação 
sociocultural e na Itália, nos meios de comunicação. Apesar dos procedentes 
remotos da Pedagogia Social alemã datar dos meados do século XIX, foi no primeiro 
terço do século XX que se consolidou o seu científico e a evolução histórica da 
Educação Social se identificou com este novo saber pedagógico (CARO, 2010, p. 153). 
O trabalho social está envolvido no diálogo entre as diversas áreas do conhecimento 
e a Educação, dentre elas: a Psicologia, a Sociologia e o Serviço Social como ciências 
complementares na sua fundamentação. 
Percebe-se, em fundamentos e pesquisas sobre a temática, que o conceito de 
Educação não formal tem evoluído no transcorrer dos tempos de forma notável e 
que o ambiente social criado merece destaque na relação entre Educação e educando, 
o que propicia maior espontaneidade, expressão de sentimentos e emoções. Essa 
modalidade de Educação, se assim pode-se considerar, normalmente vem embasada 
no que se chama de Educação Social que, por referência, é conteúdo e objeto de 
estudo da Pedagogia Social. 
Enguita (2009), citado por Gohn (2010), denomina a Educação não formal como: 
aprendizagens e saberes produzidos por instituições, associações, movimentos, via 
a educação não formal, são o foco de destaque, o entorno da escola. Toda mudança 
social que a escola não pode seguir a reproduzir por si só está ai, nos entes sociais do 
entorno com os quais terá de aprender a trabalhar em redes de cooperação de 
estrutura e duração variável. Esta difusão e presença do conhecimento fora das 
instituições dedicadas exclusiva a criação e transmissão pode também ser 
considerada como uma característica da sociedade informacional (GOHN , 2010, 
p.14). 
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Educação não formal: é um processo sociopolítico, cultural e pedagógico de 
formação para a cidadania, compreendendo o político como a formação do 
indivíduo para interagir com o outro em sociedade. 
Educação formal: em princípio é possível caracterizar a educação formal como 
aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a 
educação não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os processos 
de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivos 
cotidianos, e a educação informal como aquela na qual os indivíduos aprendem 
durante seu processo de socialização gerada nas relações e relacionamentos intra e 
extrafamiliares. 
Práticas educativas na educação: ações educativas com elevados graus de 
intencionalidade, sistematização e institucionalização, como as que se realizam nas 
escolas ou em outras instituições de ensino, compreendendo o que se denomina 
educação formal. 
 
 
Dando continuidade ao tema anterior, pode-se perceber que a educação não formal 
representa mais uma perspectiva de ensino que rompe com o modelo hegemônico 
fundamentado nos princípios estruturantes da educação formal presente no tipo de 
escola que está posta. 
O grande avanço da educação não formal ocorreu a partir dos anos 1990 em razão 
de grandes modificações econômicas e tecnológicas na sociedade e, 
consequentemente, no mundo do trabalho. 
Passou-se a valorizar os processos de aprendizagens em grupos e atribuir, muitos 
significados aos valores culturais que articulam as ações dos indivíduos, bem como 
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a exigência em compreender e falar de uma nova cultura organizacional que exigisse 
a aprendizagem de habilidades extraescolares. 
Um dos supostos básicos da educação não formal é o de que a aprendizagem ocorre 
por meio da prática social. 
A educação não formal é um campo que vem se consolidando desde as últimas 
décadas do século XX e a explicação para este fato advém das mudanças e 
transformações ocorridas na sociedade neste período, especialmente com a 
globalização. Progressivamente inúmeras mudanças de valores e práticas sociais 
foram se implantando no mundo do trabalho; as novas tecnologias mudaram a cena 
da vida cotidiana dos indivíduos no plano doméstico e fora dele, com os celulares, 
internet e outras formas de comunicação (GOHN , 2010, p. 34) 
As ações interativas entre os indivíduos são fundamentais para a aquisição de novos 
saberes e essas ações ocorrem essencialmente no campo da comunicação oral, 
carregando todo um conjunto de representações e tradições culturais que as 
expressões orais contêm. 
Não é uma questão apenas para o profissional da educação, o pedagogo. No entanto, 
seria um grande equívoco pensar que o erro estaria em atribuir uma solução 
exclusivamente pedagógica a um problema cuja essência é político-social. 
A educação é global, é social e acontece ao longo de toda a vida. Se o objetivo da 
educação é capacitar para viver em sociedade e se comunicar, é preciso admitir que, 
em algumas ocasiões, a escola adota certa atitude de reserva frente aos conflitos e 
problema sociais dos alunos. (PETRUS, 2003, p. 60). 
Percebe-se que em algumas situações a educação não formal pode buscar suprir 
déficits educacionais deixados pela escola em contextos sociais em que esta não 
conseguiu abarcar as necessidades de seu público. Entretanto, esse repasse é 
desenvolvido em espaços alternativos e com metodologias e sequências 
cronológicas diferenciadas, com conteúdos curriculares flexíveis, adaptados 
segundo a realidade do grupo social a ser atendido. Em outras situações, a 
aprendizagem ocorre por meio da prática social. 
Segundo Gohn (1997), é a experiência das pessoas em trabalhos coletivos que gera 
aprendizado: A maior importância da educação não formal está na possibilidade de 
criação de conhecimentos novos. O agir comunicativo dos indivíduos voltado ao 
entendimento dos fatos e fenômenos sociais do cotidiano, baseia-se em convicções 
prático-morais, elaboradas a partir das experiências anteriores, segundo as 
tradições culturais e as condições histórico-sociais de um certo tempo e lugar. 
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O conjunto desses elementos fornece o amálgama para a geração de soluções novas, 
construídas face aos problemas que o dia-a-dia coloca nas ações dos homens e 
mulheres (GOHN , 1997, p. 4). 
A educação não formal, segundo Gohn (1997), designa em um processo por diversas 
dimensões que correspondem à suas áreas deabrangência. Pode-se elencar algumas, 
que são: 
• A aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos. 
• A capacitação dos indivíduos para o trabalho por meio da aprendizagem 
de habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades. 
• A aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se 
organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução de 
problemas coletivos cotidianos. 
• A aprendizagem dos conteúdos da escolarização formal, escolar, em 
formas e espaços diferenciados. 
• A educação desenvolvida na e pela mídia, em especial a eletrônica. 
Ainda, Maria da Glória Gohn (2010) ressalta que o processo político-pedagógico de 
aprendizagem e produção dos saberes da educação não formal apresentam várias 
dimensões, dentre elas: a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos como 
cidadãos, ou aprendizagem para a cidadania; aprendizagem dos indivíduos para 
atuarem no mundo do trabalho, por meio da aprendizagem por habilidades e/ou 
desenvolvimento de potencialidades em oficinas e laboratórios. É importante 
distinguir as práticas cidadãs de outras práticas que enxergam os indivíduos apenas 
como mão de obra para concretizar ações que o Estado não conseguiu realizar, ou 
ainda, para gerar renda em trabalhos sem direitos sociais regulamentados. 
A aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazer uma leitura do 
mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor é 
fundamental na educação não formal; 
a aprendizagem e o exercício de práticas que capacitamos indivíduos a se 
organizarem com objetivos comunitários, voltados para a solução de problemas 
coletivos cotidianos, geradas pela participação em associações, movimentos, 
fóruns, conselhos e câmaras de gestão, de forma que estes cidadãos possam entender 
e fazer uma leitura do que está ao seu ao seu redor, quem é quem, que projetos e quais 
interesses cada um defende, quais são os interesses da maioria que deveriam ser 
definidos, quais práticas cidadãs e emancipatórias; a aprendizagem pela cultura, de 
conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazer uma leitura do mundo do ponto de 
compreensão do que se passa ao seu redor, gerada pelo acesso a recursos culturais 
como museus, bibliotecas, shows, palestras, a educação desenvolvida na mídia e pela 
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Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 9 de 46 
mídia, em especial a eletrônica, onde são geradas aprendizados, positivos e 
negativos, inculcam-se valores, mas geram também resistências e saberes (GOHN , 
2010, p. 35-36). 
São exemplos também de processos de aprendizagem de interação da educação 
formal com a educação não formal as visitas de alunos de escolas ao museu ou, 
ainda, a interação de alunos de escolas, as ONGs que oferecem atividades esportivas 
e ou recreativas que apresentam atividades articuladas: escola-ONG. 
Outro exemplo do campo de atuação da educação não formal é a educação 
comunitária. A educação comunitária foi associada inicialmente à educação não 
formal e caracterizada por processos coletivos nos anos 1980 e, mais 
intensificadamente, na década de 1990 começa a aparecer nos contextos escolares, 
caracterizada pela democratização do espaço e das relações, da participação de todos 
os envolvidos e da melhoria da qualidade da educação. Seu objetivo é formar um 
“sujeito coletivo”, isto é, que se compreenda em meio à coletividade e se torne 
corresponsável pelas ações, relações, conflitos e decisões que ocorrem na 
comunidade. 
Na educação comunitária reconhece-se a existência de outros contextos de 
aprendizado que fazem parte da vida dos alunos, todos eles existentes na 
comunidade na qual a escola se encontra inserida. 
Para, Trilla (1993) existem três dimensões possíveis na relação educação e cidade: 
1. Aprender na cidade – museus, ONGs, parques e praças. 
2. Aprender da cidade – nas relações com as pessoas (agentes informais). 
3. Aprender a cidade – como utilizar a cidade e participar da sua construção. 
Segundo Gohn (2010), 
as práticas educativas não formais estão presentes em atividades, nas organizações 
sociais, nos movimentos sociais, nas associações comunitárias, nos programas de 
formação sobre direitos humanos, cidadania, práticas identitárias, lutas contra a 
desigualdades e exclusões sociais. 
Já para Gadotti (2005) citado por Gohn (2010): 
A educação não formal é mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática. Seus 
programas, quando formulados, podem ter duração variável, a categoria espaço é 
tão importante quanto a categoria tempo, pois o tempo da aprendizagem é flexível, 
respeitando-se diferenças biológicas, culturais e históricas. A educação não formal 
desenvolvida em ONGs e outras instituições é um setor em construção, mas 
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Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 10 de 46 
constitui um dos poucos espaços de mercado de trabalho com vagas para 
profissionais da área da educação (GOHN , 2010, p. 38). 
As propostas da educação não formal têm como foco central, enriquecer a biografia 
dos indivíduos, ampliando a gama de vivências e experiências formativas de 
crianças, jovens, adultos e idosos. Nela, destaca-se o encontro de gerações, a mistura 
de idades, a não obrigatoriedade de frequência e a ocorrência de ações e experiências 
em espaços e tempos mais flexíveis, não restritos ou fixados por órgãos reguladores. 
No entanto, em hipótese alguma a educação não formal substitui ou compete com a 
Educação Formal, escolar. 
Pode, sim, contribuir na complementação desta última, via programações 
específicas, articulando escola e comunidade educativa, localizada no território ao 
redor da escola. 
A educação não formal apresenta alguns objetivos próximos da educação formal, 
como formação de um cidadão pleno, mas ela também pode oferecer a possibilidade 
de desenvolver alguns objetivos que lhes são específicos, via a forma e espaços onde 
ocorrem suas práticas, a exemplo de um conselho ou a participação em uma luta 
social contra as discriminações. 
Assim, para alcançar tais objetivos, necessita ter como foco a concepção clara de 
Educação não formal, como: 
um espaço concreto de formação com a aprendizagem de saberes para a vida em 
coletivos, para a cidadania; relativa ao plano emocional e cognitivo das pessoas, 
como aprendizagem de habilidades corporais, técnicas, manuais, dentre outras, que 
os capacitam para o desenvolvimento de uma atividade de criação, resultando um 
produto como fruto do trabalho realizado. Estes saberes não podem ser valores 
impostos, de cima para baixo, desconsiderando a autonomia de cidadãos (ãs). A 
contextualização do lugar e tempo onde ocorrem processos de educação não formal 
é algo de suma importância para entender seu caráter, sentido e significado também 
(GOHN , 2010, p. 40). 
Veja-se a ideia da autora a partir das aprendizagens e saberes na educação não 
formal. 
Para esta, a aprendizagem somente acontece quando as informações trabalhadas 
fazem sentido para os indivíduos inseridos em determinado contexto social. 
Quanto a questão metodológica, é um dos pontos mais polêmicos na educação não 
formal, pois, de acordo com muitos pesquisadores, existe uma determinada 
flexibilidade nos processos de educação não formal. Ou seja, muitos acreditam que 
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Anhanguera – Pedagogia – Educação em Ambientes não Escolares – Temas 1 ao 8 ............................. Página 11 de 46 
a educação não formal não possui métodos e metodologias. Outros afirmam que se 
ela vier acompanhada de métodos e metodologias deixaria de ser não formal. 
De toda forma, na educação formal as metodologias são usualmente planificadaspreviamente segundo conteúdos prescritos nas leis. As metodologias de 
desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem são compostas por um leque 
grande de modalidades, temas e problemas e não vamos adentrar neste debate 
porque não é nossa área de conhecimento. Na educação as metodologias operadas 
no processo de aprendizagem partem da cultura dos indivíduos e dos grupos. Há 
metodologias, em suma, que precisam ser desenvolvidas, codificadas, ainda que 
com alto grau de provisoriedade, pois o dinamismo, a mudança, o movimento da 
realidade, segundo o desenrolar dos acontecimentos, são as marcas que 
singularizam a educação não formal (GOHN , 2010, p. 46-47). 
Qualquer que seja a trajetória metodológica construída ou reconstruída é necessário 
atentar-se para o papel dos agentes mediadores no processo (os educadores, 
mediadores, facilitadores, monitores e demais profissionais). 
Estes são fundamentais para delimitar os referenciais no ato de aprendizagem, pois 
carregam consigo: visão de mundo, projetos societários, ideologias, propostas, 
conhecimentos, dentre outros. 
Se destacam no conjunto e por meio deles pode-se conhecer o projeto socioeducativo 
do grupo, os valores definidos e os que são negados. 
 
Pedagogo: é um educador profissional capaz de atuar em espaços escolares e não 
escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases de 
desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo. 
Sua função é planejar, executar, coordenar, acompanhar e avaliar tarefas próprias 
do setor da educação como a docência do ensino infantil e fundamental, 
coordenação pedagógica, orientação educacional e gestão e, ainda, acompanhar e 
avaliar projetos e experiências educativas em ambientes não escolares como 
empresas, ONGs, sindicatos, movimentos sociais, hospitais e outros. 
Processo de aprendizagem: são saberes construídos a partir das informações 
trabalhadas, fazendo, assim, sentido para os indivíduos inseridos num contexto 
social. 
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Projeto político-pedagógico: é um instrumento teórico-metodológico que visa 
ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, 
consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma 
metodologia de trabalho que possibilita resignificar a ação de todos os agentes da 
instituição. 
Saberes: conhecimentos construídos por meio de vivências. 
Metodologia: caminho delineado para desenvolver determinado tema ou assunto. 
 
 
Caro aluno, no transcorrer deste tema será dado sequência ao estudo do 
mapeamento do campo da educação não formal e os significados da educação não 
formal com foco na pesquisa, na ideia de emancipação sociopolítica e o educador 
social, de acordo com perspectiva da autora Maria da Glória Gohn . 
Em relação ao campo de produção científica na área de educação não formal será 
apresentada uma prévia sobre o que se tem pesquisado e produzido nessa área, nas 
universidades, como forma de sistematizar, organizar e fundamentar os 
conhecimentos, ou na prática, nas organizações sociais, em movimentos, 
programas de formação para direitos humanos, cidadania, práticas identitárias, 
lutas em relação às desigualdades e exclusões sociais. 
Ainda por ser uma área que está atuando com escassez em fundamentação, a 
pesquisa científica não é apresentada de forma abundante. 
Com raras exceções, o que predomina é o levantamento sistemático de dados para 
subsidiar projetos e relatórios, feitos usualmente por ONGs, visando ter acesso aos 
fundos públicos que as políticas de parcerias governo-sociedade civil propiciam. A 
reflexão sobre esta realidade, de um ponto de vista crítico, reflexivo, ainda 
engatinha. Ouve-se falar muito de avaliações de programas educativos, destinados 
à comunidades específicas, apoiados por empresas, sob a rubrica de 
“Responsabilidade Social” (GOHN , 2010, p. 48). 
Mesmo assim, sendo escasso o fornecimento de dados sobre a área de pesquisa nesta 
modalidade de Educação, é possível verificar alguns estudos na área de pesquisa 
científica sobre a Educação não formal. Observa-se um crescimento e uma 
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diversificação nas abordagens sobre o fato de o movimento da divulgação e da 
popularização do conhecimento científico ter crescido e se diversificado nos últimos 
anos no país. 
Como exemplo, ocorreu a ampliação do número de museus e centros de ciências. 
Para a autora, o que tem sido comum nos centros de pesquisas de pós-graduação é o 
grande interesse dos alunos envolvidos pela coleta de dados para suas pesquisas em 
educação não formal. Pesquisas que demonstram as representações dos sujeitos, 
transcritas literalmente como verdades e justificadas por serem vozes que sempre 
estiveram silenciadas. 
Eles concluem as pesquisas com relatos sobre os problemas, as dificuldades, o 
sofrimento do mundo do trabalho, as restrições impostas ao mundo da vida em 
geral. Retratam os sujeitos que expressam seus sentimentos, representações, desejos 
e sensações sobre o que é viver o dia a dia numa escola. Sonhando em fazer algo não 
tradicional, não convencional, muitos estudantes/pesquisadores acabam 
reproduzindo os modelos convencionais; outros, ao tentar sair do mero relato das 
aparências, mergulham fundo em busca de uma essência oculta, dando voz aos 
interlocutores, registrando suas falas e descrevendo seus processos discursivos. Mas 
como a essência não é algo separado da aparência, elas são conectadas intimamente, 
a análise da dialética desta relação usualmente fica por fazer. O senso comum das 
representações transforma-se no resultado da pesquisa. A reflexão fica por conta do 
leitor do trabalho. Não há interpretação crítico-analítica (GOHN , 2010, p. 50). 
Quanto a emancipação sociopolítica dos excluídos via educação não formal, a autora 
Maria da Glória Gohn destaca em toda a sua obra a importância dos processos de 
cidadania, autonomia e emancipação sociocultural dos indivíduos que participam 
de atividades em instituições que desenvolvem aprendizagens e produção de saberes 
na educação não formal. 
Discorrer sobre a emancipação social remete à reflexão sobre vários temas 
abordados na sociedade, como os problemas sociais, os conflitos, as lutas, a 
violência, assim como o desejo de buscar uma outra sociedade possível, podendo 
analisar a emancipação, tanto como processo individual, focalizando os indivíduos 
propriamente ditos, ou como processo social, conjunto de práticas, ideias e relações 
que abrangem a sociedade. Busca-se, para este momento, compreender a 
emancipação social como o processo de superação de uma ordem social, de um 
sistema consolidado. Seria sair do estado de tutela, libertar-se. 
Percebe-se como foco a superação do sistema capitalista. Ninguém alcança este 
objetivo na individualidade, pois é um processo coletivo e, portanto, social e difícil 
de ser alcançado. 
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A emancipação vai muito além de promover possibilidades de escolhas para alguns 
indivíduos no âmbito social ou permitir a outros o acesso à medidas 
assistencialistas. Está mais para o libertar do ser humano, a emancipação humana 
das amarras da sociedade opressora, tanto no campo social, como nos campos 
cultural, sociopolítico e econômico. 
Para Pochmann (2003), a mudança que levará a emancipação humana só ocorrerá 
quando os indivíduos passarem a ser capazes de reconstituir a sua própria vida, de 
transformarema sua realidade e se integrarem na sociedade. Pensar em 
emancipação é repensar todo o contexto em que os indivíduos se inserem, sua 
cultura, seja ela fruto natural de suas necessidades e costumes, ou valores impostos 
pela sociedade economicamente dominante. 
É necessário repensar também as instituições, sejam elas criadas para sustentáculo 
deste sistema, ou como uma tentativa de torná-lo menos opressor. 
Destas instituições, a de papel mais relevante com possibilidades reais de promover 
esta emancipação é a educação. A Educação para ajudar a construir este novo 
paradigma, além de resgatar, deve implementar efetivamente esses valores voltados 
ao pleno desenvolvimento do indivíduo, buscando a construção da liberdade pessoal 
de crítica de todo indivíduo, a ser um processo de formação humana e permanente, 
que supere a alienação na articulação dos conceitos de individualidade e 
promovendo ruptura com os modelos hegemônicos de transmissão e regulação do 
conhecimento e formação de subjetividades. 
A educação para emancipação deve ser vista não apenas como uma meta futura, um 
desenho, mas também como uma prática social que deve ser iniciada hoje, aqui e 
agora. 
A educação (formal, não formal e informal), pelo seu papel formador, é o campo 
prioritário para o desenvolvimento de valores. E um dos valores importantes que a 
emancipação necessita é o da resistência, visto como capacidade de força de resistir 
e enfrentar adversidades, mas também como capacidade de recriar, refazer, 
retraduzir, ressignificar as condições concretas de vivência cotidiana a partir de 
outras bases, buscando saídas e perspectivas novas (GOHN , 2010, p. 58). 
Ainda para a autora acima, a autonomia, é requisito básico para a participação 
política do indivíduo na globalização. Somente, sendo autônomo, o indivíduo será 
capaz de processar e selecionar informações, obter domínio de conhecimento, tomar 
decisões e posicionar-se frente a incertezas globais. 
Para Adorno (2000 apud GOHN , 2012), a emancipação significa o mesmo que 
conscientização e racionalidade. Este último é aprendido de forma excessivamente 
estreita, como capacidade formal de pensar. Já a racionalidade analisada como 
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atitude pessoal, consiste na disposição de examinar as ideias e opiniões, revisá-las, 
auto criticá-las e corrigi-las. Processo que envolve um fazer, uma prática que se 
transforma em práxis que, 
segundo Adorno (2000, p. 151), refere-se: 
(...) é a consciência do pensar em relação à realidade, ao conteúdo – a relação entre as 
formas e estruturas de pensamento do sujeito e aquilo que não é. Este sentido mais 
profundo de consciência ou faculdade de pensar não é apenas o desenvolvimento 
lógico formal, mas ele corresponde literalmente à capacidade de fazer experiências. 
Assim, apresenta-se a relação da educação não formal com o educador social, 
apoiando-se nas fundamentações da Maria da Glória Gohn . Para isso, Gohn (2010) 
levanta questões como: “Quem é o profissional que atua no campo da educação não 
formal?”, ou ainda, “O que é ser um educador que atua na educação não formal?”, 
”Como pensar a formação de educadores para que sua prática pedagógica inclua os 
valores das comunidades onde se encontram ou atuem, e que esta atuação se dê a 
partir de um compromisso social básico?”. 
O Educador Social é o profissional que desenvolverá seu trabalho às comunidades 
organizadas, sendo que o aprendizado deste profissional, numa perspectiva da 
educação não formal, está tanto para o ensinar, como que para o aprender. 
O diálogo é o canal de comunicação e a sensibilidade para entender e captar a cultura 
local é primordial. 
O Educador Social ajuda a construir com seu trabalho espaços de cidadania no 
território onde atua. Esses espaços representam uma alternativa aos meios 
tradicionais de informação que os indivíduos estão expostos no cotidiano, via meios 
de comunicação – principalmente a TV e o rádio. Nestes territórios um trabalho com 
a comunidade poderá construir um tecido social novo em que novas figuras de 
promoção da cidadania poderão surgir e se desenvolver, tais como os “tradutores 
sociais e culturais”. 
Esses tradutores são aqueles educadores que se dedicam a buscar mecanismos de 
diálogo entre setores sociais usualmente isolados, invisíveis, incomunicáveis, ou 
simplesmente excluídos de uma vida cidadã, excluídos da vivência com dignidade 
(GOHN , 2010, p.52-53). 
Paulo Freire (1983), educador que sempre defendeu a educação transformadora 
apresenta que para a construção do trabalho do Educador Social, é necessário que 
este, desenvolva três fases importantes em sua ação, que são: 
• a elaboração do diagnóstico do problema e suas necessidades; 
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• a elaboração preliminar da proposta de trabalho propriamente dita; e 
• o desenvolvimento e complementação do processo de participação de um 
grupo ou de toda uma comunidade de um dado território, na implementação 
da proposta. 
Já Graciani (2010), acredita que para o educador social atuar como um sujeito 
político inserido na prática educacional é necessário primeiramente, efetivar um 
diagnóstico situacional local, nacional e internacional para executar sua ação 
educativa e controlar os resultados que pretende alcançar e os impactos de suas 
ações, caracterizando, assim, os problemas e necessidades, estabelecendo 
prioridades, identificando as condições básicas para o enfrentamento, custos, 
recursos, infraestrutura, e, consequentemente, ser capaz de potencializar suas ações 
educativas. 
Logo, Graciani (2010, p. 98) apresenta algumas condições que deverão fazer parte do 
perfil do educador social em sua atuação. 
1. Deverá possuir uma visão crítica e consciente das causas geradoras do 
processo de exclusão das crianças e adolescentes: da pauperização, da 
marginalização e da injustiça social do contexto estudado. 
2. Desenvolver ações conjuntas com participação de todos os envolvidos no 
processo educativo, rompendo as relações de poder hierárquico entre 
educador/educando. 
3. Propor uma ação organizada e orgânica entre poder governamental e 
organizações não governamentais, buscando nas forças comunitárias 
populares o apoio e o incremento da ação educativa. 
4. Valorizar e democratizar a cultura e socializar o saber popular, discutindo 
e sistematizando-o a partir das formas de expressão e comunicação das 
camadas populares. 
5. Acreditar que a construção do conhecimento gestado e elaborado pelo 
conjunto de participantes não é somente um processo de aprendizagem 
para o educando e o educador, como também é para sociedade no seu 
conjunto. 
6. Revigorar o estado de ânimo dos educadores, implementando suas 
condições objetivas de vida e de trabalho, realimentando sua competência 
técnica e política pelos avanços significativos do conhecimento, não 
somente na área educacional, mas como em outra áreas, reestabelecendo 
a qualidade do ensino, e, consequentemente, da aprendizagem como 
formação e capacitação permanente por processos de ação/reflexão/ação 
crítica do processo educativo. 
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Emancipação social: processo de superação de uma ordem social, de um sistema 
consolidado. Seria sair do estado de tutela, libertar-se. Percebe-se como foco a 
superação do sistema capitalista. Ninguém alcança esse objetivo na individualidade, 
pois é um processo coletivo, portanto, social e difícil de ser alcançado. 
EducadorSocial: é o profissional que desenvolverá seu trabalho às comunidades 
organizadas, sendo que o aprendizado deste profissional, numa perspectiva da 
educação não formal, está tanto para o ensinar como para o aprender. O diálogo é o 
canal de comunicação e a sensibilidade para entender e captar a cultura local é 
primordial. 
Pesquisa Científica: Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo 
proporcionar respostas aos problemas propostos. 
Popularização do conhecimento científico: refere-se ao elemento fundamental da 
ação de se popularizar: “considerar o outro, não só tornando o discurso científico 
acessível, mas levando em conta o saber do grupo, com seus componentes culturais 
e políticos”. 
Práxis: é a consciência do pensar em relação à realidade, ao conteúdo – a relação entre 
as formas e estruturas de pensamento do sujeito e aquilo que não é. Esse sentido 
mais profundo de consciência ou faculdade de pensar não é apenas o 
desenvolvimento lógico formal, mas ele corresponde literalmente à capacidade de 
fazer experiências. 
 
 
Caro aluno, você estudará nesta aula a ação da educação não formal em 
aprendizagens na participação social, ou seja, a presença da educação formal em 
ações nos movimentos e projetos sociais e demais ações frente ao desenvolvimento 
dessa modalidade de educação. 
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Maria da Glória Gohn (2010) apresenta a análise das possibilidades de participação 
da comunidade educativa em determinada escola, articulando-a aos processos de 
aprendizagem não formal que os métodos de gestão participativa desenvolvem. 
Assim, procura-se tecer algumas considerações sobre as estruturas de participação 
que já são existentes no interior das escolas, a exemplo dos distintos e diferenciados 
colegiados e conselhos. Estes por sua vez, se entrecruzam das necessidades advindas 
da prática da educação formal/escolar com a educação não formal, principalmente 
no que se refere à participação dos pais e outros membros da comunidade educativa 
em decisões a serem tomadas para o desenvolvimento escolar. 
A participação de pais e membros representantes das comunidades ainda continua 
escassa. Segundo Gohn (2010), só exercem uma participação ativa nos colegiados 
aqueles pais com certa experiência participativa anterior, extraescolar, revelando a 
importância da participação dos cidadãos em ações coletivas na sociedade civil. O 
caráter educativo que esta participação adquire quando ela ocorre em movimentos 
sociais comunitários, organizados em função de causas públicas, é de trabalhar os 
indivíduos para atuarem como representantes da sociedade civil organizada. 
Logo, o poder local de determinada comunidade e as possibilidades emancipatórias 
de organizações, movimentos ou instituições, não existem isoladamente. Esses 
poderes devem ser organizados, adensados em função de objetivos que respeitem as 
culturas e diversidades locais, não se desvinculando da visão de mundo, mas 
utilizando toda a sua experiência de mundo para realizações locais que criem laços 
de pertencimento e de identidade. 
A participação de cidadãos (as) nas últimas décadas, no Brasil, tem ocorrido 
basicamente via quatro formas, a saber: movimentos sociais, ONGs, fóruns e 
assembleias, e em estruturas colegiadas institucionalizadas, como os conselhos de 
direitos ou conselhos das áreas sociais ou semi-institucionalizadas, como os OPs 
(Orçamentos Participativos) (GOHN , 2010, p. 64). 
Pode-se observar a presença da educação não formal em muitos campos da vida 
social, especialmente na área do associativismo. Segundo Veiga e Rech (2002, p.17), 
associativismo é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou 
outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando a superar dificuldades e 
gerar benefícios para seus associados. 
Tal conceito é utilizado pela ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não 
Governamentais) e possui um caráter bastante abrangente. Leva-se em 
consideração a definição de associações: 
De acordo com a Legislação do Código Civil do Brasil, Art. 53, Cap. II: 
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 “Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizam para fins não 
econômicos”. 
Os movimentos sociais têm sido considerados, por vários pesquisadores da área de 
estudo em educação não formal, como elementos e fontes de inovações e mudanças 
sociais, além de existir um reconhecimento de que estes detêm um saber, advindos 
de suas práticas cotidianas, passíveis de serem apropriados e transformados em 
força produtiva. 
Esses movimentos são considerados por Gohn (2010), como elementos 
fundamentais na sociedade moderna, agentes construtores de uma nova ordem 
social e não agentes de perturbação de ordem, como as antigas análises 
conservadoras registradas em manuais antigos ou como ainda são tratados na 
atualidade por políticos tradicionais. 
A presença dos movimentos sociais é uma constante na história política do país, mas 
ela é cheia de ciclos, com fluxos ascendentes e refluxos (alguns estratégicos, de 
resistência ou rearticulação em face da nova conjuntura e das novas forças 
sociopolíticas em ação). O importante a destacar é esse campo de força sociopolítico, 
é o reconhecimento de que suas ações impulsionam mudanças sociais diversas. O 
repertório de lutas que eles constroem demarca interesses, identidades, 
subjetividades e projetos de grupos sociais (GONH, 2010, p. 66). 
A trajetória dos movimentos sociais há tempos tem refletido na conjuntura 
sociopolítica em que atuam. Podem-se aglutinar os movimentos sociais da 
atualidade, segundo Gohn (2010), em três grandes categorias de movimentos. São 
eles: 
1. Os identitários, que lutam por direitos sociais, econômicos, políticos, e 
mais recentemente, culturais, são movimentos de segmentos sociais 
excluídos, usualmente pertencentes às camadas populares. 
2. Os de luta, que reivindicam melhores condições de vida e de trabalho, 
tanto no campo urbano, como no campo rural, que demandam acesso e 
condições para aquisição de terra, moradia, alimentação, saúde, 
transporte e demais reivindicações. 
3. Os globais, globalizantes, alterglobalizantes, ou transnacionais, tais como 
o Fórum Social Mundial. Referem-se às lutas que atuam em redes 
sociopolíticas e culturais, via fórum, plenárias, colegiados, dentre outros. 
Tais lutas são também responsáveis pela articulação e globalização de 
muitos movimentos sociais locais, regionais, nacionais ou transacionais. 
Percebe-se que no contexto atual é possível encontrar novos sujeitos em cena, como 
os movimentos sociais anti ou alterglobalizados. Várias lutas sociais interagem com 
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muita rapidez, dando origem a novos movimentos, com ideias e reivindicações 
inovadoras. 
 
Associativismo: é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas 
ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando a superar 
dificuldades e gerar benefícios para seus associados. 
Colegiados: Grupo de pessoas juntas que oferecem a união de seus direitos 
democráticos em troca de acordos firmados e, posteriormente, cumpridos sem 
ressalvas em benefício de toda uma população, de um: (uma) logradouro, vila, bairro 
cidade, estado ou país. 
Movimentos Sociais: sistemas de práticas sociais contraditórias de acordo com a 
ordem social urbana/rural, cuja natureza é a de transformar a estrutura do sistema, 
seja através de ações revolucionárias ou não,numa correlação classista e em última 
instância, o poder estatal. 
Sociedade Civil: refere à totalidade das organizações e instituições cívicas 
voluntárias que formam a base de uma sociedade em funcionamento, por oposição 
às estruturas apoiadas pela força de um estado (independentemente de seu sistema 
político). 
Movimentos globais, globalizantes, alterglobalizantes, ou transnacionais: para a 
autora são movimentos com a mesma definição que transcendem determinada 
localidade, envolvendo mais países com objetivo de discutir, solucionar e ou 
reivindicar condições de melhorias em determinado setor. 
 
 
Para Gohn (2005), a educação, na temática dos movimentos sociais e educação, é 
tratada no sentido mais amplo, o que se caracteriza por todos os processos que 
envolvem aprendizagem de novos valores, ideias, atitudes e comportamentos que 
apreendidos e assimilados pelos sujeitos sociais são responsáveis por novas práticas 
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no cotidiano social, e no sentido restrito, a educação no âmbito escolar. Assim, a 
relação nesta abordagem ocorre a partir de novas atitudes que os integrantes tomam 
a partir da prática de mobilização ou conforme afirma a autora: 
(...) a educação se apresenta como forma de aprendizagem aos participantes dos 
movimentos e associações; como efeito pedagógico multiplicador das ações 
coletivas junto à sociedade civil e à sociedade política; e como demandas específicas 
na área educacional, dentro e fora da instituição escolar (GOHN , 2005, p. 114). 
A autora não trata, porém, de sintetizar sua obra apenas à reconstrução da trajetória 
histórica dos movimentos sociais e a educação, sobretudo a popular. Procura-se, 
sim, alcançar um ponto de convergência no qual, movimentos sociais e educação 
popular se encontram, tendo em vista as abordagens analíticas, elaboradas pelas 
Ciências Sociais no caso dos movimentos e pela educação, no caso da educação 
popular que tenham expressado caminhos práticos e teóricos separados. 
Observa-se que o processo brasileiro de descentralização da educação não está 
descentralizado de fato, quando se refere ao poder no interior das escolas. 
Usualmente esse poder ainda continua nas mãos dos gestores escolares e a 
comunidade local, que não está ainda preparada para participar e entender 
ativamente sobre as questões do cotidiano das reuniões. Um exemplo disso são as 
reuniões de planejamento orçamentário. 
O caráter educativo que essa participação adquire quando ocorre em movimentos 
sociais comunitários, organizados em função de causas públicas, é de preparar os 
indivíduos para atuarem como representantes da sociedade civil organizada, e 
assim, os colegiados escolares são considerados uma dessas instâncias. 
Os projetos políticos dos representantes dos diferentes segmentos e grupos, seus 
valores, visões de mundo, etc., interferem-na dinâmica desses processos 
participativos. Para terem como meta projetos emancipatórios, eles devem ter como 
lastro de suas ações os princípios da igualdade e da universalidade. Os colegiados 
devem construir ou desenvolver esta sensibilidade via um conjunto de valores que 
venham a ser refletidos em suas práticas. Sem isso temos uma inclusão excludente: 
aumento do número de alunos nas escolas e estruturas descentralizadas que não 
ampliam de fato a intervenção da comunidade na escola (GOHN , 2010, p.70). 
É de grande relevância registrar que os movimentos pela educação apresentam 
caráter histórico, sendo estes processuais e que ocorrem dentro e fora das escolas e 
em outros espaços institucionais. As lutas pela educação estão articuladas nas lutas 
por direitos, e são partes da construção pela cidadania. 
No entanto, segundo Gohn (2010), se não houver sentido nas formas de participação 
na área da educação, através de projetos de emancipação para a cidadania, que 
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tenham como meta, mudanças substantivas e não instrumentais, corre-se o risco de 
se ter espaços, mais autoritários do que os já existentes quando centralizados. Tem-
se de voltar a politizar o político no sentido de socialização do poder. 
Quanto aos movimentos populares, estes emergiram no contexto social e político 
brasileiro durante as décadas de 1980 e 1990, sendo responsáveis por expressivas 
conquistas que garantem melhorias na qualidade de vida de amplos setores sociais, 
afirmação de direitos e exercício da cidadania para um número cada vez maior de 
agrupamentos humanos, construção de identidades coletivas e autoestima pessoal 
e social de setores e grupos historicamente discriminados ou oprimidos, 
intervenção nas políticas públicas, modificando ou inibindo as seculares práticas 
assistencialistas e clientelistas, contribuindo, assim, para mudanças em nível do 
poder local e da política tradicional. Tais conquistas estão permeadas por processos 
educativos, tanto dos participantes diretos de tais movimentos, quanto das pessoas 
e grupos atingidos por sua ação e da sociedade envolvente. 
Neste período se consolidam muitos grupos e entidades locais, mas também 
expressões locais de movimentos nacionais, principalmente aqueles que lutam mais 
diretamente em torno de questões centrais da sobrevivência das pessoas, como: o 
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); o Associativismo 
Comunitário nas suas mais diversas formas de expressão; diversos movimentos de 
luta por moradia popular e de defesa dos favelados; movimentos com forte caráter 
identitário, como os de mulheres, de negros, de portadores de deficiência, de 
homossexuais; Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); vários movimentos 
de defesa e de organização de crianças e adolescentes. Consolidaram-se também, 
neste período, vários movimentos e organismos de inspiração religiosa, pastorais 
sociais, bem como os Centros de Educação Popular e as Organizações Não 
Governamentais (ONGs) (MEC, 2005, p.3). 
Os movimentos sociais acima citados têm como meta, por meio das expressões 
organizativas que mobilizam grupos específicos, garantir: 
• Melhorias nas condições de existência e mesmo garantia de sobrevivência. 
• Autoestima pessoal e solidariedade sócia. 
• Consciência de direitos e exercício da cidadania. 
• Mudanças no poder local e deslocamentos na política tradicional. 
Quanto ao caráter educativo dos movimentos sociais, tem como origem várias 
formas, planos e dimensões que se articulam, não existindo nenhum grau de 
prioridade entre as dimensões estabelecidas. Resumidamente, pode-se elencar as 
seguintes dimensões: 
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• A dimensão da organização política, a qual se refere à consciência 
adquirida progressivamente por meio do conhecimento sobre quais são os 
direitos e os deveres dos indivíduos na sociedade. 
• A dimensão da cultura política que, por meio do exercício da prática 
cotidiana, nos movimentos sociais leva ao acúmulo de experiência, tendo 
importância a vivência no passado e no presente para a construção do 
futuro. A fusão do passado com o presente transforma-se em força social 
coletiva organizada. Nesta questão, destacam se dois pontos importantes: 
a questão educativa, que é um processo cujos produtos são 
realimentadores de novos processos e a questão pedagógica, refere-se aos 
instrumentos utilizados no processo. 
• A dimensão espacial-temporal que possibilita a articulação entre o 
chamado saber popular e o saber científico, técnico, codificado, uma vez 
que as categorias tempo e espaço são importantesno imaginário popular, 
ou seja, são representações fortes na mentalidade coletiva popular. O 
espaço e o tempo possuem dimensões amplas no meio rural, à medida que 
fazem parte do universo de referência do cotidiano vivido. No urbano 
estas categorias são desapropriadas do controle das pessoas. 
Segundo Gohn (2010), 
o elemento comum que articula os movimentos sociais com a educação é a 
cidadania. 
No entanto, este termo apresenta diversas abordagens, tanto do ponto de vista, 
teórico-metodológico, como do processo de mudança e transformação da sociedade. 
No Liberalismo, a cidadania está articulada à noção de direitos, tratando-se dos 
direitos naturais e imprescritíveis do homem, como: liberdade, igualdade perante a 
lei e direito à propriedade e dos direitos da nação, como: soberania nacional e 
separação dos poderes executivo, legislativo e judiciário. 
De acordo com essa ideologia, o homem se considerava suficientemente esclarecidos 
para escolher seus representantes, com conhecimento de causa independente das 
pressões e cima de tudo, proprietários de posses que tinham direito à plena liberdade 
e à pela cidadania. 
Para Gohn (2005, p.56), a relação entre educação popular e os movimentos sociais 
populares urbanos está entrelaçada: 
• No desenvolvimento autônomo da literatura sobre a educação popular e 
movimentos social urbano, embora as duas temáticas tenham um objeto 
em comum de ponto de reflexão: as populações tidas como carentes e 
marginalizadas da sociedade. 
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• No conjunto dos pesquisadores que se dedicaram às suas análises em 
campos específicos de suas áreas de conhecimento e da prática social, ou 
seja, a educação, no caso da educação popular e a de ciências sociais, no 
caso dos movimentos sociais. 
• Na fase do auge da produção sobre a educação popular, correspondente ao 
início das primeiras publicações sobre movimentos sociais na década de 
1970, quando a produção sobre esses movimentos cresce, ocorre o inverso 
com a educação popular, ela declina. 
• No exame dos princípios e métodos da educação popular encontram-se 
várias manifestações que se fazem presentes, concretamente, nos 
movimentos sociais populares dos anos 1980. 
Quanto aos projetos sociais e associativismo no Brasil é necessário, antes de iniciar 
a discussão, apresentar a diferença entre programa e projeto muito presente nas 
organizações, principalmente nos trabalhos desenvolvidos com a educação não 
formal. 
Procura-se para tal diferenciação apoio em Ander e Idáñez (1997, p.15) cujo 
programa é um 
“conjunto organizado, coerente e integrado de atividades, serviços ou processos 
expressados em um conjunto de projetos relacionados ou coordenados entre si que 
são de similar natureza”. 
Assim, um programa é constituído por vários projetos. É a parte do plano que 
poderia ser assumida por universidades, empresas, organizações não 
governamentais ou outras instituições. 
Já o projeto para Gohn (2010, p.79) 
é um conjunto de atividades concretas, coordenadas e inter-relacionadas que 
possuem orientações mais específicas e objetivas para a solução dos problemas. O 
que diferencia o projeto do programa é a magnitude e a amplitude dos objetivos. 
Vários projetos constituem um programa que, necessariamente, devem estar 
articulados entre si. 
Os projetos sociais surgem a partir do desejo de modificar uma determinada 
realidade. São elos entre o desejo e a realidade que se caracterizam em ações 
estruturadas e intencionais, de um grupo ou organização social, e partem da reflexão 
e do diagnóstico sobre uma determinada problemática e buscam contribuir, em 
alguma medida, para novas situações de melhoria. Uma boa definição é formulada 
por Domingos Armani (2000), cujo projeto é definido como “ação social planejada, 
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estruturada em objetivos, resultados e atividades, baseados em uma quantidade 
limitada de recursos (...) e de tempo” (p. 18). 
Para Gohn (2010, p. 78): 
Um exame rápido na internet possibilita-nos adentrar no universo dos “Projetos 
Sociais”, de diferentes tipos, natureza, entidades. Alguns de seus propositores ou 
formuladores apresenta-nos argumentos em que se destacam: o exercício da 
cidadania, o envolvimento das pessoas para além do seu campo de vivência, a 
transposição de barreiras e preconceitos em benefício do outro. Alguns destacam 
que os projetos são um meio para que haja maior conscientização do individuo 
diante do papel que ele desempenha na sociedade. O despertar para a solidariedade 
também é item. 
Ainda para a mesma autora, os projetos sociais são construções elaboradas por 
determinados grupos de pessoas que desejam transformar ideias em boas práticas, 
sendo a diversidade cultural uma noção central destes. Tais projetos aplicados 
podem transformar a realidade local. 
Pode-se observar a presença da educação não formal em muitos campos da vida 
social, especialmente na área do associativismo. Leva-se em consideração a 
definição de associativismo de Veiga e Rech (2002, p. 17): 
Associativismo é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas 
ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando a superar 
dificuldades e gerar benefícios para seus associados. 
Assim, a relação entre ambos é que nos projetos sociais necessita-se elaborar, 
organizar as ideias que serão executadas com fim de transformar um determinado 
local e o associativismo é a ponte de execução dessas ideias, geralmente 
concretizadas por grupos organizados. 
 
Associativismo: é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas 
ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando a superar 
dificuldades e gerar benefícios para seus associados. 
Descentralização: significa afastar; separar do centro. Caracteriza-se quando um 
poder antes absoluto passa a ser repartido, por exemplo, quando uma pessoa ou um 
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grupo tinha um poder total e absoluto, e depois é repartido este poder com outras 
pessoas ou outros grupos, ou seja, ele foi descentralizado e repartido. 
Movimentos populares urbanos: são movimentos populares voltados para um setor 
significativo da população que desenvolve e define interesses incompatíveis com a 
ordem social e política existente ocorrendo por vias não institucionalizadas. Os 
movimentos sociais urbanos em geral atuam sobre uma problemática urbana 
relacionada com o uso do solo, com a apropriação e a distribuição da terra urbana e 
dos equipamentos coletivos. 
Projetos: é um conjunto de atividades concretas, coordenadas e inter-relacionadas, 
possuindo orientações mais específicas e objetivas para a solução dos problemas. 
Projetos Sociais: são construções elaboradas por determinados grupos de pessoas 
que desejam transformar ideias em boas práticas, sendo a diversidade cultural uma 
noção central destes. Tais projetos aplicados, podem transformar a realidade local. 
 
 
No tema anterior você pôde perceber a importância e a relação dos projetos sociais 
na educação não formal. Agora você terá contato com alguns projetos sociais 
analisados pela autora do Livro-Texto, Maria Gloria Gohn . A relação entre os 
projetos sociais, a pesquisa e as ONGs no Brasil. 
Primeiramente, você terá contato com um breve histórico das ONGs no Brasil, o 
conhecido terceiro setor e logo a seguir, você verá os resultados de uma pesquisa 
sobre projetos sociais desenvolvidos por ONGs e movimentos sociais,como formas 
de trabalho da educação não formal, em destaque, um dos principais sujeitos que 
nela atua: o educador social. Você ainda verá, em um dos temas posteriores, um 
pouco mais sobre esse profissional tão fundamental na educação não formal. 
Quanto às ONGs no Brasil, a origem remete-se à época da Ditadura Militar (1964-
1984), no contexto dos movimentos político-sociais. No entanto, no início, não 
houve envolvimento do governo e da iniciativa privada. O governo por temer 
qualquer tipo de movimento social, e da iniciativa privada por estar sobre vigilância 
do governo, e também por ainda não ter desenvolvido concepções sobre Marketing 
Social. 
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No período em que as forças armadas assumiram o poder na República Federativa 
do Brasil, mesmo entre trancos e barrancos, Estado e Mercado acomodaram 
interesses enquanto macro corporações. Em ambos os lados, porém, muitos 
cidadãos perderam seus direitos civis, foram torturados (…). 
Entretanto, enquanto instância de poder genuíno da coletividade, a sociedade civil 
organizada foi terminantemente segregada. Essa apartação, somada ao golpe militar 
e tudo que ele representa, derivou com o passar dos anos, uma íntima aversão ao 
regime ditatorial e no ressurgimento dos movimentos sociais. Foi nesse cenário que 
nasceram as ONGs (PAIVA, 2003, p.71). 
Segundo Paiva (2003), 
em nível mundial, o governo e a iniciativa privada passam a apoiar o Terceiro Setor 
somente após a queda do muro de Berlim (1961-1989), no assistencialismo aos 
países arrasados do Leste Europeu. 
Já no Brasil, governo e iniciativa privada vão se atentar ao Terceiro Setor após a 
transição democrática (1985-1988). O governo, ao reconhecer a livre ascensão dos 
movimentos sociais e a iniciativa privada, em relação ao número crescente de 
empresas que estão colocando em prática a filantropia, para serem recebidas como 
empresas de responsabilidade social. 
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Estatística) de 2008 apontaram a amplitude 
do Terceiro Setor no Brasil. O estudo foi realizado através do levantamento de dados 
junto à Receita Federal do ano de 2005, onde estavam registrados 338 mil fundações 
privadas e associações sem fins lucrativos, que empregaram 1,7 milhão de pessoas 
em todo o país. 
A pesquisa também apontou demais dados importantes que seguem destacados 
abaixo: 
A região sudeste abriga 42,4% do total de ONGs no Brasil; 79,5% são de pequeno 
porte e 35,2% atuam na Defesa do cidadão; 24,8% são instituições religiosas; 7,2% 
desenvolvem ações de saúde e educação e pesquisa; idade média das ONGs fica em 
torno de 12,3 anos, sendo que a maioria -41,5 foi fundada nos anos 1990. 
De acordo com a matéria online de José Fucus da Revista Época (2008), afirma que se 
fosse um país independente, o Terceiro Setor seria a oitava economia do planeta, 
pois as empresas que teoricamente atuam sem fins lucrativos, movimentam um 
faturamento que chega à casa de bilhões ao ano, o que poderia dar margem a 
corrupção. 
E é justamente ai que entra o tópico de legitimidade das ONGs no Brasil. Nesse 
aspecto, Daniel Siqueira Marques (et al, 2003) aborda em sua pesquisa o trabalho na 
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questão da avaliação da legitimação de ONG discorrendo sobre a transparência, 
prestação de contas e legislação. 
A prestação de contas caminha conjuntamente com a responsabilidade social e a 
habilidade de justificar a forma de conduta e as obrigações de uma organização. 
A transparência visa garantir, ente outros aspectos, ausência de corrupção e 
abertura a atores fora da organização. Questões como representatividade, 
legitimidade, prestação de contas e transparência são significativas para 
companhias inseridas no processo de globalização para instituições públicas 
reguladoras e para a própria sociedade (MARQUES et al, 2003, p.71). 
Quanto à análise de projetos sociais desenvolvidos na educação não formal voltados 
para a Educação, Cultura e Arte, Maria da Glória Gohn atribui destaque, a análise dos 
resultados de pesquisa como fonte de dados, dos projetos sociais inscritos no 
Programa Rumos Itaú Cultural: Educação, Cultura e Arte, totalizando duzentos e 
vinte e dois, projetos registrados. 
Segundo Gohn (2010, p.82): 
O formulário nos oferece dois tipos de dados: quantitativos e qualitativos. Na análise 
buscar-se á articular estas duas dimensões de forma que a primeira, quantitativa, 
realimente a segunda, qualitativo-alicerçada nas formulações e justificativas 
escritas/descritas pelos sujeitos participantes inscritos no Programa Rumos. Uma 
parte da dimensão quantitativa foi codificada na etapa anterior do Programa, por 
ocasião do processo de seleção para o prêmio. 
Foram sistematizados dados dos inscritos por região dos projetos, gênero, 
escolarização, experiência anterior, área de atuação no mundo das artes 
(linguagem), formação dos sujeitos e cargos desempenhados. 
Veja-se a concepção de dados qualitativos e dados quantitativos. 
A pesquisa qualitativa é típica das ciências humanas e sociais, por oposição às 
ciências naturais que utilizam, quando necessário, pesquisas experimentais. Duas 
possibilidades sobre a concepção de pesquisa qualitativa pode ser levantada, de 
acordo com Chizzoti (1991, p.79): a primeira, dos cientistas que adotam a pesquisa 
qualitativa, pois as ciências humanas e sociais apresentam especificidade (o 
comportamento humano) e a segunda, de que a abordagem qualitativa parte do 
fundamento de que existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma 
interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um elo indissociável entre o mundo 
objetivo e a subjetividade do sujeito, ou seja, o objeto não é um dado inerte e neutro; 
este apresenta significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações. A 
atitude qualitativa enquanto abordagem de pesquisa em Educação, não invalida a 
quantidade como abordagem. 
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Para o pesquisador, Richardson (1985, p. 38): 
O método qualitativo difere, em princípio, do quantitativo à medida que não 
emprega um instrumental estatístico como base do processo de análise de um 
problema. Não pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas. 
Segundo o mesmo autor, até os autores que não fazem distinção clara entre métodos 
quantitativos e qualitativos por entender que a pesquisa quantitativa é também, de 
certo modo, qualitativa. Uma vez que os dados, pelo menos numa pesquisa social, só 
apresentam sentido quando referenciados a um contexto e/ou significados 
atribuídos pelos indivíduos. 
Contudo, existem situações que exigem estudos com características tipicamente 
qualitativas, como no caso de situações em que se evidencia a importância de uma 
abordagem qualitativa para efeito de compreender aspectos psicológicos cujos 
dados não podem ser coletados de modo completo por outros métodos devido a sua 
complexidade. 
Já a pesquisa quantitativa, compreende os estudos estatísticos que se destina a 
descrever as características de uma determinada situação, medindo numericamente 
as hipóteses levantadas a respeito de um problema de pesquisa, cujas informações 
são colhidas por meio de um questionário estruturado com perguntas claras e 
objetivas. Isso garante a uniformidade de entendimento dos entrevistados. 
Voltando-se para a apresentação dos dados analisados da pesquisa abordada pela 
autora do Livro-Texto, Maria da Glória Gohn , para a dimensão dos dadosqualitativos foi utilizado para a análise das questões, análise de conteúdo, com a 
finalidade de captar os sentidos e significados do objeto estudado. 
Seguindo a metodologia proposta por Bauer e Gaskell (2005), as temáticas nos 
possibilitam construir mapas de conhecimento dos sujeitos investigados, sobre o 
mundo onde atuam e como o representam – enquanto um autoconhecimento. 
As temáticas foram agrupadas e classificadas sem eixos, à luz dos sentidos 
atribuídos pelos sujeitos investigados. Os mapas foram aplicados ao se criar 
categorias para diferenciar os objetivos do trabalho do educador e mapear as 
instituições e os trabalhos realizados por elas. O princípio geral organizador da 
análise foi o da identidade e as representações construídas pelos sujeitos inscritos 
sem relação: ao papel do educador, à instituição onde atuam, ao público que 
atendem, à comunidade do entorno onde atuam e aos resultados que julgam estar 
sendo obtidos no campo da cultura e da educação (GOHN , 2010, p. 82). 
Quanto aos sujeitos analisados, foram observadas suas práxis cotidianas em favelas 
e regiões periféricas das principais capitais brasileiras. Justifica-se esta ação, porque 
os projetos inscritos se desenvolvem, em sua maioria, em áreas de moradia, locais de 
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pobreza, exclusão social e ou área de alto risco de zonas urbanas deterioradas. Outros 
projetos desenvolvem-se em regiões que já estão estereotipadas como “territórios do 
mal”, tais como “polígono da maconha”. Ainda existem os projetos que estão em 
territórios que são ocupados por traficantes e contraventores, tendo de competir 
com essas forças para aderir o jovem no programa. Outros ainda atuam na luta de 
combate ao trabalho infantil, com o intuito de conduzir novamente as crianças e os 
adolescentes para a participação escolar. 
Há vários estados que não tiveram instituições participantes como Amazonas, Acre, 
Roraima, Amapá. A baixa participação da região Sul causou-nos surpresa de um lado, 
e compreensão de outro. Surpresa porque o Sul tem tradição de associativismo, 
compreensão porque não são estados com grande número de populações em 
situação de vulnerabilidade. Entretanto, inicialmente, tínhamos um suposto de que 
Porto Alegre apresentaria um grande leque de projetos socioculturais e educacionais 
entre os inscritos, devido à fama que ela alcançou, até no plano internacional, com 
as edições do Fórum Social Mundial entre 2001-2007 (exceto 2004 que foi na Índia, 
2006 na Venezuela e 2007 no Quênia, na África), e por seu longo período de gestão 
pública governamental com programas participativos tipo Orçamento 
Participativo. Mas não foi isso que os dados revelaram - registraram apenas duas 
inscrições: uma na capital e uma no estado do Rio Grande do Sul (GOHN , 2010, p.87). 
Quanto às áreas centrais, nessas grandes cidades não foram percebidos muitos 
projetos inscritos. Cumpre mencionar que nessas áreas, em algumas cidades, como 
São Paulo, localizam-se os movimentos sociais populares urbanos mais organizados 
na atualidade, tendo atuação na área da habitação popular e são moradores de 
cortiços, prédios abandonados ou moradores que vivem nas ruas. 
Em relação aos projetos sociais analisados por Gohn (2010), estão divididos em 
programas sociais, prestação de serviços, projetos culturais e socioeducativos, apoio 
econômico, conhecidos como programas de geração de renda, e defesa de bens e 
patrimônio, material ou não. 
Encontramos poucas instituições atuando diretamente sobre a temática meio 
ambiente. O tema aparece de forma paralela e complementar nos trabalhos com a 
reciclagem de materiais de sucata, por exemplo, ou em alguns programas criados em 
função da defesa de algum rio, córrego ou mata, desenvolvido com alunos de escolas. 
“Água como fonte da vida” foi um projeto inscrito e desenvolvido em uma pequena 
cidade do Paraná. O tema ‘meio ambiente’ também não teve destaque nas propostas 
advindas das grandes metrópoles. 
O tema da defesa dos animais, muito próximo também das lutas dos ambientalistas, 
não foi encontrado. O tema de combate às formas de violência existentes no Brasil 
atual está presente em três eixos: 
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1. o projeto como um todo atua em áreas que apresentam altos índices de 
violência (a grande maioria das entidades que atuam nestas zonas de risco 
– favelas principalmente - tem dificuldade para desenvolver seu trabalho 
justamente porque concorrem para capturar a atenção dos jovens com as 
forças organizadas do crime, contravenção, drogas etc.); 
2. focalizando uma modalidade de violência, por exemplo, exploração 
sexual, trabalho infantil, etc.; 
3. focalizando o tema da paz, atuando como formadora de uma cultura da 
paz, resgatando valores que contribuam para novas mentalidades e novas 
culturas sobre o cotidiano (GOHN , 2010, p.84). 
Os projetos que tiveram o intuito de resgatar e trabalhar em campos da cultura local, 
influenciaram em mudanças ao entorno, tendo como destaque o caráter educativo, 
formando um saber que desenvolve a consciência de pertencimento da comunidade 
local. 
A participação sociopolítica e comunitária a partir de projetos construídos 
coletivamente, e que levam a uma intervenção social – por exemplo, numa praça 
pública – contribui para a transformação da realidade do público atendido. Eles 
levam à melhorias urbanas, à geração de renda para famílias, ao desenvolvimento e 
formação de cooperativas de artesãos. Os projetos que fomentam a participação 
cidadã dos jovens contribuem para o resgate da autoestima, mas podem ir muito 
além, delineando projetos e trajetórias de vida. Adolescentes que moravam em 
abrigos foram reintegrados às famílias (GOHN , 2010, p.85). 
Ainda foi possível perceber, segundo a mesma autora, a preocupação que existe em 
vários projetos com a recuperação da memória do local, a história do bairro, de seus 
personagens, além de contribuírem para desenvolver vínculos sociais, tecer redes de 
solidariedade entre os moradores. Outra relevância é a participação das mulheres 
nos Projetos Sociais, sendo a maioria em relação aos homens. Entretanto, nos 
projetos sociais essas mulheres atuam silenciosamente, não aparece como presença 
feminina, mas como ente colaborador de um processo um tanto oculto, pois, embora 
a participação feminina esteja presente, ela não é relevante em relação à 
autenticidade de sua identidade e participação social concreta. 
 
Pesquisa quantitativa: compreende os estudos estatísticos que se destina a descrever 
as características de uma determinada situação, medindo numericamente as 
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hipóteses levantadas a respeito de um problema de pesquisa, cujas, informações são 
colhidas por meio de um questionário estruturado com perguntas claras e objetivas. 
Isso garante a uniformidade de entendimento dos entrevistados. 
Pesquisa qualitativa: é considerada a relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, 
isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito 
que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a 
atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. No 
âmbito da educação, a pesquisa qualitativa sobre outro rigor, demarca-se como 
possibilidade real de melhor compreender o fenômeno educativo e suas múltiplas 
variáveis, sua multirreferencialidade. A atitude qualitativa, enquanto abordagem de 
pesquisa em Educação,

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