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1 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
CURSO REGULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASCAVEL 
2020 
 
 
2 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Professor Lucas Paulo Orlando de Oliveira 
 
 
1 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO ................................................................................................................ 9 
1.1 Revoluções Constitucionalistas .................................................................................................. 9 
1.2 Classificações ....................................................................................................................... 10 
1.3 A história do constitucionalismo brasileiro ....................................................................... 13 
1.3.1. A Constituição de 1824 ..................................................................................................... 13 
1.3.2. A Constituição de 1891 ..................................................................................................... 13 
1.3.3 Constituição de 1934 .......................................................................................................... 14 
1.3.4. Constituição de 1937 ......................................................................................................... 15 
1.3.5. Constituição de 1946 ......................................................................................................... 15 
1.3.6. Constituição de 1967 ......................................................................................................... 16 
1.4 Alteração da Constituição ......................................................................................................... 16 
1.5 Estrutura da Constituição ......................................................................................................... 17 
1.5.1 Preâmbulo .......................................................................................................................... 17 
1.5.2 Disposições permanentes .................................................................................................. 17 
1.5.3 Ato das disposições constitucionais transitórias ........................................................... 17 
1.5.4 Bloco de constitucionalidade ............................................................................................. 17 
1.6 Eficácia das normas constitucionais ......................................................................................... 18 
1.7 Poder constituinte ............................................................................................................... 18 
1.8 Princípios da interpretação constitucional ........................................................................ 18 
2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ........................................................................................................... 22 
2.1 Preâmbulo ................................................................................................................................. 22 
2.2 Elementos caracterizadores do estado brasileiro .................................................................... 22 
2.3 Fundamentos ............................................................................................................................. 22 
2.4 Divisão de poderes .................................................................................................................... 23 
2.5 objetivos .................................................................................................................................... 23 
2.6 Princípios das relações internacionais ..................................................................................... 23 
3 DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................................................... 24 
3.1 Teoria dos direitos fundamentais ............................................................................................. 25 
3.1.1 Nomenclatura ..................................................................................................................... 25 
3.1.2 Síntese histórica ................................................................................................................. 25 
 
3 
3.1.3 Eficácia ................................................................................................................................ 26 
3.1.4 Natureza ............................................................................................................................. 26 
3.1.5 Características .................................................................................................................... 27 
3.1.6 Rol de Direitos Fundamentais ........................................................................................... 27 
3.2 Direitos e garantias fundamentais em espécie ........................................................................ 27 
3.2.1 Titularidade ........................................................................................................................ 27 
3.2.2 Direitos e garantias fundamentais individuais em espécie .............................................. 27 
3.2.2.1 Princípios dos direitos fundamentais previstos no art. 5º, caput, CF ....................... 27 
3.2.2.2 Princípios em espécie no art. 5º ................................................................................. 29 
3.3 – Direitos Fundamentais sociais ............................................................................................... 51 
3.3.1 Previsão normativa ............................................................................................................ 51 
3.3.2 Fundamentalidade ............................................................................................................ 52 
3.3.3 Dimensões .......................................................................................................................... 52 
3.3.3.1 Dimensão subjetiva: possibilidade de exigência dos direitos sociais em juízo ........ 52 
3.3.3.2 Dimensão objetiva: relação com a efetivação da dignidade humana e consecução 
dos conteúdos programáticas................................................................................................. 52 
3.3.3.3 Dimensão negativa ..................................................................................................... 52 
3.3.3.4 Dimensão positiva ....................................................................................................... 52 
3.3.4 Titulares e Destinatários .................................................................................................... 52 
3.3.5 Dificuldades para a exigência em juízo ............................................................................. 52 
3.3.6 Direitos sociais em espécie ................................................................................................ 53 
3.3.6.1 Mínimo Existencial ...................................................................................................... 53 
3.3.6.2 Educação ...................................................................................................................... 53 
3.3.6.4 Seguridade social ........................................................................................................ 53 
3.3.6.4.1 Saúde .................................................................................................................... 53 
3.3.6.4.2 Previdência Social ................................................................................................ 53 
3.3.6.4.3 Assistência social .................................................................................................. 53 
3.3.6.5 Alimentação ................................................................................................................ 53 
3.3.6.6 Moradia .......................................................................................................................54 
3.3.6.7 – Transporte ................................................................................................................ 54 
3.3.6.8 – Lazer .......................................................................................................................... 54 
3.3.6.9 Segurança .................................................................................................................... 54 
3.4 Direitos da nacionalidade ......................................................................................................... 55 
3.4.1 Conceito .............................................................................................................................. 55 
3.4.2. Referência de nação .......................................................................................................... 55 
3.4.3. Reconhecimento da nacionalidade .................................................................................. 55 
 
4 
3.4.4 Hipóteses de reconhecimento de brasileiros nato ........................................................... 55 
3.4.5 Hipóteses de reconhecimento de brasileiros naturalizados ............................................ 56 
3.4.6 Tratamento diferenciado (art. 12, §2º) entre brasileiros natos e naturalizados ............ 57 
3.4.7 Extradição ........................................................................................................................... 58 
3.4.8 Perda da Nacionalidade ..................................................................................................... 58 
3.5 Direitos políticos ....................................................................................................................... 62 
4 ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA .................................................................................. 65 
4.1 Considerações gerais ................................................................................................................. 65 
4.2 Formação e transformação dos estados-membros ................................................................. 65 
4.3 Criação de municípios ............................................................................................................... 67 
4.4 COMPETÊNCIAS ................................................................................................................... 68 
4.4.1 Mapa mental ...................................................................................................................... 68 
4.4.2 Competências Exclusivas ................................................................................................... 68 
4.4.3 Competências privativas ................................................................................................. 69 
4.4.4 Competências Comuns ....................................................................................................... 69 
4.4.5 Competências concorrentes .............................................................................................. 70 
4.5 Intervenção ................................................................................................................................ 71 
4.6 Princípios da administração pública ......................................................................................... 72 
5 ORGANIZAÇÃO DOS PODERES ......................................................................................................... 76 
5.1 Organização do poder legislativo ............................................................................................. 76 
5.1.1 Órgãos ................................................................................................................................. 76 
5.1.1.1 Senado Federal ............................................................................................................ 76 
5.1.1.2 Câmara dos Deputados ............................................................................................... 76 
5.1.2 Competências ..................................................................................................................... 77 
5.1.2.1 Competências do Congresso Nacional ....................................................................... 77 
5.1.2.2 Competências da Câmara dos Deputados ................................................................. 77 
5.1.2.3 Competências do Senado Federal .............................................................................. 78 
5.1.3 Conceitos sobre o tempo parlamentar ............................................................................. 79 
5.1.4 Processo de eleição para as mesas diretoras .................................................................... 79 
5.1.5 Comissões ........................................................................................................................... 80 
5.1.6 Estatuto dos congressistas ................................................................................................. 81 
5.1.6.1 Imunidades ............................................................................................................. 81 
5.1.7 Condutas vedadas e suas consequências ....................................................................... 82 
5.1.7.1 Vedação desde a expedição do diploma ............................................................... 82 
5.1.7.2 Hipóteses de perda de mandato ................................................................................ 83 
5.1.7.3 Hipóteses de exceção quanto à perda do mandato .................................................. 83 
 
5 
5.1.8 Processo Legislativo ........................................................................................................ 83 
5.1.8.1 Espécies normativas .................................................................................................... 83 
5.1.8.2 Quóruns de deliberação ........................................................................................ 83 
5.1.8.3 Procedimento comum ................................................................................................ 84 
5.1.7.4 Procedimentos especiais ............................................................................................ 84 
5.1.7.4.1 Emenda à Constituição ........................................................................................ 84 
5.1.7.4.2 Medida Provisória ................................................................................................ 85 
5.1.7.4.3 Lei Delegada ......................................................................................................... 86 
5.1.9 Controle ........................................................................................................................... 87 
5.1.9.1 Controle no âmbito da União ................................................................................ 87 
5.1.9.2 Controle no âmbito dos Estados ........................................................................... 88 
5.1.9.3 Controle no âmbito dos Municípios ...................................................................... 88 
5.2 Poder Executivo ................................................................................................................... 89 
5.2.1 Eleição ................................................................................................................................. 89 
5.2.2 Hipóteses de perda de mandato: ................................................................................... 89 
5.2.3 Responsabilidade ............................................................................................................... 89 
5.2.4 Substituição/sucessão/novas eleições .............................................................................. 89 
5.2.5 Ministros .............................................................................................................................90 
5.2.6 Conselhos ......................................................................................................................... 90 
5.2.6.1 Da República .......................................................................................................... 90 
5.2.6.2 Da Defesa Nacional ................................................................................................ 91 
5.3 Poder Judiciário ................................................................................................................... 91 
5.3.1 Análise teórica ................................................................................................................. 92 
5.3.1.1 Ativismo judicial .......................................................................................................... 92 
5.3.1.2 Self Restraint - Autocontenção ................................................................................... 92 
5.3.2 Análise dogmática ........................................................................................................... 92 
5.3.2.1 Ingresso ....................................................................................................................... 92 
5.3.2.2 Promoção .................................................................................................................... 93 
5.3.2.3 Garantias ..................................................................................................................... 93 
5.3.2.4 Vedações ..................................................................................................................... 93 
5.3.2.5 Súmulas vinculantes ................................................................................................... 94 
5.3.2.6 Órgãos do Poder Judiciário e suas competências ...................................................... 95 
5.3.2.7 CNJ ............................................................................................................................... 95 
5.3.3 Controle de Constitucionalidade .................................................................................... 97 
5.3.3.1. Introdução e conceitos gerais .................................................................................... 97 
5.3.3.1.1 Condições do controle ......................................................................................... 97 
 
6 
5.3.3.1.2 Origens ................................................................................................................. 97 
5.3.3.1.3 Pressupostos de existência .................................................................................. 97 
5.3.3.1.4 Espécies de controle ............................................................................................ 97 
5.3.3.1.4.1 Quanto ao momento da fiscalização............................................................ 97 
5.3.3.1.4.2 Número de órgãos de controle .................................................................... 98 
5.3.3.1.4.3 Natureza do órgão competente ................................................................... 98 
5.3.3.1.4.4 Relação com caso concreto .......................................................................... 98 
5.3.3.1.4.5 Forma de provocação do controle ............................................................... 98 
5.3.3.1.5 Espécies de inconstitucionalidade ...................................................................... 98 
5.3.3.2. Controle de constitucionalidade ............................................................................... 99 
5.3.3.2.1 Controle de constitucionalidade no Brasil .......................................................... 99 
5.3.3.2.2 Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI ....................................................... 99 
5.3.3.2.2.1 Finalidade ...................................................................................................... 99 
5.3.3.2.2.2 Competência ................................................................................................. 99 
5.3.3.2.2.3 Objeto .......................................................................................................... 100 
5.3.3.2.2.4 Legitimidade ................................................................................................ 100 
5.3.3.2.2.5 Intervenção de terceiro .............................................................................. 101 
5.3.3.2.2.6 Procurador Geral da República .................................................................. 101 
5.3.3.2.2.7 Advogado-Geral da União .......................................................................... 101 
5.3.3.2.2.8 Procedimento .............................................................................................. 101 
5.3.3.2.2.9 Medida cautelar .......................................................................................... 102 
5.3.3.2.2.10 Decisão de mérito ..................................................................................... 102 
5.3.3.2.3 Ação Direta interventiva .................................................................................... 103 
5.3.3.2.3.1 Finalidade .................................................................................................... 103 
5.3.3.2.3.2 Natureza jurídica ......................................................................................... 103 
5.3.3.2.3.3 Objeto .......................................................................................................... 103 
5.3.3.2.3.4 Legitimidade ................................................................................................ 103 
5.3.3.2.3.5 Competência ............................................................................................... 103 
5.3.3.2.3.6 Procedimento .............................................................................................. 103 
5.3.3.2.3.7 Efeitos .......................................................................................................... 104 
5.3.3.2.3.8 Ação direta interventiva estadual .............................................................. 104 
5.3.3.2.4 Ação Direto de Inconstitucionalidade por Omissão ......................................... 104 
5.3.3.2.4.1 Objeto .......................................................................................................... 104 
5.3.3.2.4.2 Competência ............................................................................................... 104 
5.3.3.2.4.3 Legitimidade ................................................................................................ 104 
5.3.3.2.4.4 Procedimento .............................................................................................. 104 
 
7 
5.3.3.2.4.5 Possibilidade de medidas cautelares ......................................................... 105 
5.3.3.2.4.6 Efeitos da decisão ....................................................................................... 105 
5.3.3.2.5 Ação declaratória de constitucionalidade ........................................................ 105 
5.3.3.2.5.1 Finalidade .................................................................................................... 105 
5.3.3.2.5.2 Objeto de controle ...................................................................................... 105 
5.3.3.2.5.3 Pressupostos e requisitos ........................................................................... 105 
5.3.3.2.5.4 Juízo de admissibilidade ............................................................................. 105 
5.3.3.2.5.5 Advogado-Geral da União .......................................................................... 105 
5.3.3.2.5.6 Procurador-Geral da República .................................................................. 105 
5.3.3.2.5.7 Eventual instrução ......................................................................................105 
5.3.3.2.5.8 Julgamento .................................................................................................. 106 
5.3.3.2.5.9 Recursos ...................................................................................................... 106 
5.3.3.2.5.10 Efeitos e eficácia ....................................................................................... 106 
5.3.3.2.6 Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ................................ 106 
5.3.3.2.6.1 Finalidade .................................................................................................... 106 
5.3.3.2.6.2 Preceito Fundamental ................................................................................ 106 
5.3.3.2.6.3 Objeto de controle ...................................................................................... 106 
5.3.3.2.6.4 Vias possíveis .............................................................................................. 107 
5.3.3.2.6.5 Legitimados ................................................................................................. 107 
5.3.3.2.6.6 Requisitos da petição inicial ....................................................................... 108 
5.3.3.2.6.7 Concessão de liminar .................................................................................. 108 
5.3.3.2.6.8 Decisão final ................................................................................................ 108 
6 DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS ................................................... 112 
6.1 Princípios norteadores ............................................................................................................ 112 
6.2 Estado de Defesa ............................................................................................................... 113 
6.2.1 Hipóteses ....................................................................................................................... 113 
6.2.2 Requisitos para decretação........................................................................................... 113 
6.2.3 Procedimento ................................................................................................................ 113 
6.2.4 Prazo .............................................................................................................................. 113 
6.2.5 Abrangência ................................................................................................................... 113 
6.2.6 Controle ......................................................................................................................... 113 
6.2.7 Restrição de Direitos Fundamentais............................................................................. 114 
6.3 Estado de sítio ................................................................................................................... 114 
6.3.1 Hipóteses ....................................................................................................................... 114 
6.3.2 Procedimento ................................................................................................................ 114 
6.3.3 Prazo .............................................................................................................................. 114 
 
8 
6.3.4 Abrangência ................................................................................................................... 115 
6.3.5 Controle ......................................................................................................................... 115 
6.3.6 Suspensão de direitos e garantias fundamentais ........................................................ 115 
7 DA ORDEM ECONÔMICA ................................................................................................................ 117 
7.1 PRINCÍPIOS .............................................................................................................................. 117 
7.2 – INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA ........................................................................ 117 
7.3 MONOPÓLIOS DA UNIÃO ........................................................................................................ 117 
7.4 PRIVILÉGIOS FISCAIS ................................................................................................................ 118 
7.5 ESTADO ENQUANTO AGENTE REGULADOR ........................................................................... 118 
7.6 SERVIÇOS PÚBLICOS ................................................................................................................ 118 
8 ORDEM SOCIAL ............................................................................................................................... 119 
8.1 Seguridade Social .................................................................................................................... 119 
8.1.1 Previdência .................................................................................................................... 119 
8.1.2 Saúde ............................................................................................................................. 120 
8.1.3 Assistência social ........................................................................................................... 121 
8.2 Ensino ................................................................................................................................. 121 
8.4 Cultura ..................................................................................................................................... 123 
8.5 Desporto .................................................................................................................................. 124 
8.6 Ciência e tecnologia .......................................................................................................... 124 
8.7 Da comunicação social ............................................................................................................ 124 
8.8 Dos índios .......................................................................................................................... 124 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
1 TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
 
 
1.1 Revoluções Constitucionalistas 
 
O movimento constitucionalista é fortemente demarcado por três processos revolucionários, cujas 
características você pode acompanhar abaixo: 
 
a) Revolução Inglesa 
 
I. 1688/1689 
II. Revolução conservadora porque não houve ruptura na ordem social. O que ocorreu, em 
verdade, foi um pacto social que legitimou uma monarquia constitucionalista, preservando os 
interesses de diferentes classes sociais; 
III. Bill of Rights: trata-se do documento de referência deste período, que institui a gênese do 
Estado de Direito; 
IV. Parlamentarismo: como forma de controle das atividades do Monarca, o Poder Legislativo 
se estabeleceu como grande controlador e fiscal da atividade do poder político; 
V. Rule of Law: é um princípio que reconhece o controle da política pela Lei. É a premissa 
definidora do Estado de Direito; 
VI. John Locke: é a principal fonte de inspiração teórica deste processo revolucionário. Como 
principal obra sua tem-se o II Tratado do Governo Civil. 
 
b) Revolução Americana 
 
I. Constituição escrita: apesar de também seguir a tradição de Common Law, os Estados Unidos 
foram um dos primeiros Estados a terem a constituição escrita. A Bill of Rights, apesar de ser 
importante, não era formalmente apontada como Constituição para o Reino Unido. 
II. Federalismo: a forma de Estado que legitima a coexistência de diferentes governos (Estadual 
e Federal, inicialmente) se formaliza constitucionalmente com os Estados Unidos, convertendo as 
Treze Colônias em Estados da União americana. 
III. Tripartição de poderes: aos poucos o poder judiciário ganha a suaindependência e 
possibilidade de controle dos atos dos demais. 
IV. Controle de Constitucionalidade: o controle difuso se estabelece de forma primeira no 
sistema constitucional dos EUA a partir do caso Marbury v. Madison em 1803. 
 
c) Revolução Francesa 
 
I. Nação: quando se pensa o conceito de nação, pretende-se contemplar os três estados da 
sociedade francesa à época, Clero, Nobreza e Povo. A nação, portanto, correspondente à totalidade 
dos franceses, torna-se fonte de legitimidade de poder político. 
II. Constitucionalismo como ruptura: a revolução francesa foi a mais sangrenta das três. Como 
um dos seus principais legados, tem-se o poder constituinte originário como poder de ruptura, capaz 
de reorganizar uma ordem social a partir de uma nova Constituição. 
 
10 
III. Definição de Constituição: A Declaração Universal de Direitos do Homem e do Cidadão 
de 1789, em seu art. 16, apresenta a referência para a definição do que é Constituição, como sendo 
o documento que estabelece a separação de poderes e a declaração de direitos. 
 
Essas três revoluções demarcam a base e os fundamentos do constitucionalismo. No 
entanto, após a II Guerra Mundial, houve o desenvolvimento de uma nova perspectiva à Constituição. 
 
 
d) Declaração Universal dos Direitos Humanos 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 marca o surgimento de mais uma 
dimensão dos direitos humanos e afirma um processo de internacionalização. A partir dessa 
mudança, não é apenas o cidadão, conceito que pressupõe determinado vínculo de uma 
pessoa com o Estado, mas a pessoa humana que se torna detentora de dignidade e titular 
dos direitos humanos. 
 
e) Lei Fundamental de Bonn 
 
I. Dignidade inviolável: após as várias atrocidades das quais o direito e os estudiosos de 
direito se tornaram cúmplices no período de ascensão do Nazismo, a Alemanha Ocidental, ao se 
reconstruir dos escombros da II Guerra Mundial reconheceu, constitucionalmente, que o Estado 
não pode violar a dignidade humana. Também esta constituição demarca um movimento 
historicamente importante que consiste em uma nova proposta de compreensão do 
constitucionalismo: o neoconstitucionalismo. 
II. Neoconstitucionalismo: Um dos marcos importantes do direito posterior à II Guerra 
Mundial é o advento do neoconstitucionalismo, que consiste em uma nova compreensão do direito 
constitucional no sentido de ambicionar mais do que a simples declaração de direitos e divisão de 
poderes. A partir desta referência, tendo a dignidade humana como grande axioma do direito, 
desenvolve-se uma concepção de direito que se compromete à efetivação dos direitos 
fundamentais. Por lidar com a concretização de direitos, o Poder Judiciário alcança destaque, tanto 
pelo fenômeno da judicialização como do ativismo judicial. 
 
1.2 Classificações 
 
a) Veiculação 
 
Esse critério de classificação considera a forma de publicação das normas constitucionais: 
 
a. Oral: Estados que seguem a tradição de common law podem, 
eventualmente, não adotar um texto escrito para sua constituição, que 
subsistirá como tradição produzida e atualizada pela atuação do poder 
judiciário. 
 
 
11 
b. Escrita: veiculação mais comum em Estados que se aproximam da 
tradição de Civil Law e que tem o direito legislado como principal referência 
em seus sistemas. 
 
A Constituição Federal de 1988 é escrita. 
 
b) Estabilidade 
 
Esse critério diz respeito à possibilidade de alteração do texto constitucional. As possibilidades estão 
organizadas da mais fácil até a mais difícil. 
 
a. Flexível: muda-se a Constituição pelo mesmo procedimento destinado 
à mudança de Lei Ordinária ou Complementar; 
 
b. Semirrígida ou semiflexível: parte da Constituição pode ser alterada 
pelo procedimento legislativo ordinário e outra por procedimento mais 
complexo. 
 
c. Rígida: para a mudança de qualquer parte da Constituição é necessário 
um rito mais completo do que o adotado para a alteração de Lei Ordinária ou 
Complementar. 
 
d. Hiper-rígida ou Super-rígida: além de adotar um procedimento mais 
complexo para a alteração de quaisquer de suas disposições, nesta 
possibilidade ainda há algumas cláusulas que não podem sofrer alteração em 
determinado sentido, como as definidas no art. 60, §4º da Constituição 
Federal. Apesar de ser uma construção doutrinária relevante, para fins do 
exame de ordem a FGV adota a classificação da Constituição Federal brasileira 
como sendo rígida. 
 
 
e. Imutável: são as Constituição que não podem sofrer alterações. 
 
A Constituição Federal de 1988 é rígida ou hiper-rígida/super-rígida, sendo que a maior parte da 
doutrina prefere a expressão Rígida. 
 
 
c) Legitimidade 
 
Este critério de classificação diz respeito à fonte de legitimação da autoridade que cria a 
Constituição. 
 
a. Outorgada: são aquelas realizadas sem a participação popular, caso das 
Constituições brasileiras de 1824, 1937 e 1967/69. 
 
12 
i. Cesarista ou bonapartista: mesmo sem a participação 
popular prévia, pode pretender se legitimar por 
consulta popular após redigida. 
 
b. Promulgada: constituição realizada com a participação do povo ou de 
seus representantes legitimamente eleitos. 
 
c. Pactuadas: resultante do pacto de algumas classes sociais. Caso em que 
Um Rei abre mão de um regime absolutista e se adequa a um regime 
constitucionalista para manter-se no poder. 
 
A Constituição Federal de 1988 é promulgada. 
 
 
d) Vinculação 
 
As Constituições podem vincular mais ou menos os poderes constituídos. 
 
a. Normativa: seus dispositivos são considerados verdadeiras normas 
jurídicas e vinculam a atividade dos poderes públicos. 
 
b. Nominal: parte-se da premissa que a Constituição seria uma espécie de 
carta de intenções, com as principais aspirações de determinada sociedade. 
Portanto, possui baixo grau de vinculação. 
 
c. Semânticas: Pretendem a legitimação de determinado regime por meio 
de palavras que implicam significados ideológicos, como cidadão de bem, 
proletários ou exaltação ao patriotismo. 
 
A Constituição Federal de 1988 é normativa. 
 
e) Extensão 
 
Esse critério diz respeito à extensão do texto Constitucional e ao seu grau de detalhes. 
 
a. Sintética: Constituição de pouca extensão e com disposições genéricas. 
b. Analítica: Constituição com grande extensão e disposições detalhadas. 
 
A Constituição Federal de 1988 é analítica. 
 
f) Elaboração 
 
a. Dogmática: quando é resultado de um trabalho legislativo específico, seja por 
Assembleia Constituinte ou por autoridade que outorgará a Constituição. 
 
13 
b. Histórica: quando é resultado não de um evento próprio, mas de um processo 
contínuo de elaboração ao longo dos anos, caso de alguns países de Common Law. 
 
A Constituição Federal de 1988 é dogmática. 
 
 
1.3 A história do constitucionalismo brasileiro 
 
1.3.1. A Constituição de 1824 
• Outorga: 25 de março de 1824 
• Influência francesa – liberalismo positivista 
• Principais características 
a) Forma de Governo monárquica hereditária, constitucional e representativo; 
b) Forma de Estado Unitário 
c) O Município do Rio de Janeiro era a Capital; 
d) Quadripartição dos Poderes; 
e) Declarou direitos civis como a liberdade, propriedade e segurança, mas permitiu a escravidão; 
f) Criação do Conselho de Estado; 
g) Cidades/Vilas eram administradas por Câmaras de Vereadores; 
h) Estabelecimento do catolicismo como religião oficial; 
i) Não havia previsão de controle de constitucionalidade (dogma da soberania do parlamento e 
exercício do poder moderador); 
j) Semirrígida. Não havia limites materiais. 
 
1.3.2. A Constituição de 1891 
 
• Promulgada: 24.02.1891 
• Descentralização 
• Influência Norte-americana 
 
• Menor Constituição (91 artigos); 
• Características: 
a) Forma de governo republicana; 
b) Conversão das províncias em estados; 
 
14 
c) Possibilidade de alteração dos territórios dos Estados; 
d) Tripartição dos poderes; 
e) mandato de 09 anos para Senadores e03 para Deputados. O Vice-Presidente do Executivo era o 
Presidente do Senado; 
f) Imunidades materiais e formais para os parlamentares; 
g) Sistema de Governo nos moldes presidencialistas; 
h) Eleição para Presidente pela maioria absoluta de votos; 
i) Criação do Supremo Tribuna Federal; 
j) Poder constituinte decorrente; 
k) Rol de Direitos Fundamentais não-exaustivo; 
l) Estado laico; 
m) Constitucionalização do Habeas Corpus; 
n) Controle de Constitucionalidade difuso; 
o) Possibilidade de decretação de Estado de Sítio. 
 
1.3.3 Constituição de 1934 
• Promulgada em 16 de julho de 1934 
• Caráter democrático 
• Influência na Constituição de Weimar 
• Características 
a) Preservação da Forma Federada, Republicana e o sistema Presidencialista; 
b) Federalismo de cooperação aos moldes da Constituição de Weimar; 
c) Tripartição; 
d) Legislativo unicameral (Senado tornou-se apenas órgão de colaboração); 
e) Foi suprimida a figura do Vice; 
f) Justiça Eleitoral ganha positivação constitucional; 
g) Referência ao Ministério Público e Tribunal de Contas; 
h) Controle difuso foi preservado, agora com o acréscimo da reserva de plenário e possibilidade 
de suspensão das leis pelo Senado; 
i) Possibilidade de Intervenção Federal nos Estados; 
j) Inaugura o constitucionalismo social no Brasil; 
k) 187 artigos. 
 
15 
 
1.3.4. Constituição de 1937 
• General Goés Monteiro – Plano Cohen 
• Inspiração na Constituição Polonesa de 1935 
• Outorgada em 10.11.1937 
• Características: 
a) Forma de governo republicana, forma de estado federativa (nominal); 
b) Tripartição, mas sem equilíbrio. Fechamento do Congresso e das Assembleias legislativas. 
Concentração de poder nas mãos do Executivo; 
c) Possibilidade do Presidente confirmar ou não os governadores dos Estados, nomear 
interventores, indicar um candidato à Presidência da República, designar membros do 
Congresso Nacional, entre outros; 
d) Possibilidade de os interventores estaduais outorgarem constituições estaduais; 
e) A Justiça do Trabalho, embora já existente, não tinha previsão constitucional; 
f) Previsão de Direitos Fundamentais, com a subtração do Mandado de Segurança e da Ação 
Popular que estavam previstos na Constituição de 1934; 
g) Havia previsão de direitos trabalhistas, mas proibição de greve e lockout. 
 
1.3.5. Constituição de 1946 
Movimento de redemocratização 
Constitucionalismo democrático-social 
Características: 
a) Forma republicana; 
b) Reforço do federalismo; 
c) Retorno do sistema bicameral; 
d) Retorno do Vice-Presidente para o Executivo; 
e) Vedação à reeleição; 
f) Garantias do Poder Judiciário; 
g) Controle difuso de Constitucionalidade; 
h) Garantia do direito de greve e participação dos trabalhadores nos lucros das empresas. 
 
 
 
16 
Houve um período de parlamentarismo entre setembro de 1961 e janeiro de 1963. 
 
1.3.6. Constituição de 1967 
Com o Golpe cívico-militar a Constituição de 1946 vira tábua rasa; 
Promulgada (?) em 24 de janeiro de 1967; 
Características: 
a) Forma de Governo Republicana e Forma de Estado Federativas, mas com vocação à centralização; 
b) Eleições diretas para o Congresso; 
c) Eleição indireta para Presidente da República; 
d) Inclusão do controle concentrado de Constitucionalidade (ADI) e controle difuso; 
e) Previsão de Direitos Fundamentais individuais e coletivos; 
f) Estabilidade rígida. 
 
Ato institucional 05/68 
a) Ruptura com a ordem constitucional; 
b) Concentração de poder no Presidente da República (Ato Complementar 38/68); 
a. Recesso do Congresso e das Assembleias; 
b. Suspensão dos direitos políticos e das garantias da magistratura; 
c. Cassação de mandatos parlamentares; 
d. Suspensão das liberdades de reunião e censura; 
e. Cassação de Ministros do STF (Vitor Nunes Leal, Evandro Lins e Silva e Hermes Lima); 
f. Habeas Corpus suspenso para presos políticos. 
 
1.4 Alteração da Constituição 
 
a) Formal 
 
Demanda a alteração da redação textual da Constituição. 
 
a. Emenda: alteração pontual do texto da Constituição. No caso 
brasileiro é regulamentada pelo art. 60, CF. 
 
b. Revisão: processo de revisão estrutural (mais amplo) no texto 
Constitucional. Como exemplo tem-se o art. 2º e 3º do ADCT. 
 
b) Material 
 
17 
 
a. Mutação: neste caso não há a mutação do TEXTO da Constituição. O 
que se altera é apenas a forma de compreensão do texto, isto é, sua 
interpretação. Assim, pode-se dizer que o art. 226, §3º da Constituição 
Federal que possui como redação “Para efeito da proteção do Estado, é 
reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade 
familiar”, antes da ADI 4.277 e ADPF 132 entendia-se que “homem e mulher” 
deveria significar a representação sexual-biológica. A partir de tais ações, 
passou-se, sem que o texto do dispositivo fosse alterado, a reconhecer que 
onde está escrito “homem e mulher” dever-se-ia ler “duas pessoas”. Deste 
modo, mudou-se o sentido, conservando-se o mesmo texto. Aqui ocorreu 
mutação constitucional. 
 
1.5 Estrutura da Constituição 
 
1.5.1 Preâmbulo 
• Pre + ambulare 
• Vetor hermenêutico 
• Não-normativo 
 “Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se 
trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa”. 
[ADI 2.076, rel. min. Carlos Velloso, j. 15-8-2002, P, DJ de 8-8-2003.] 
 
1.5.2 Disposições permanentes 
 
• Arts. 1 ao 250, CF 
• Ex: Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário. 
 
1.5.3 Ato das disposições constitucionais transitórias 
 
• Regulação de transição de uma ordem constitucional para outra; 
• Normas de efeito concreto; 
• Ex: Art. 4º. O mandato do atual Presidente da República terminará em 15 de março de 1990. 
 
1.5.4 Bloco de constitucionalidade 
 
Dispositivos 
originários 
Emendas à 
Constituição 
Tratados aprovados 
na forma do art. 5º, 
§3º, CF 
 
 
 
 
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?classe=ADI&processo=2076&origem=IT&cod_classe=504
 
18 
 
 
1.6 Eficácia das normas constitucionais 
 
a) Plena: possui produção integral de efeitos e não pode sofrer restrição por legislação 
infraconstitucional. Ex: art. 5º, III, CF. 
 
b) Contida: é criada com produção integral de efeitos, mas pode sofrer restrição mediante 
legislação infraconstitucional, por previsão expressa. Ex: art. 5º, XIII, CF. 
 
c) Limitada: nasce com um comando normativo genérico que, por si, não permite a produção 
de efeitos diretos. Subdivide-se em 
a. Instituidora: cria uma obrigação para que se legisle a respeito de 
determinado assunto. Ex: art. 5º, XXXII, CF. 
 
b. Programática: estabelece objetivos para o desenvolvimento futuro do 
ordenamento jurídico. Ex: art. 3º, CF. 
 
Glossário: 
I) Vigência: existência e/ou validade da norma jurídica; 
II) Eficácia: aplicabilidade/executoriedade ou exigibilidade da norma; 
III) Efetividade: a concretização do direito na dimensão social. 
 
 
1.7 Poder constituinte 
 
a) Originário: responsável pela criação de uma Constituição. Via de regra, não possui nenhum 
limite, nem mesmo em relação à Constituição anterior que é revogada pela nova. 
 
b) Reformador ou derivado: possibilidade de alteração do texto da Constituição. No Brasil é 
exercido nos termos do art. 60, CF. 
 
c) Decorrente: é o que permite aos Estados Federados no Brasil criarem suas próprias 
Constituições observadas as cláusulas de simetria (conteúdos previstos pela Constituição 
Federal e de reprodução obrigatória no âmbito das Constituições dos Estados, como a 
forma federativa ou a forma de governo). Vide art. 11, ADCT 
 
1.8 Princípios da interpretação constitucional 
 
a) Unidade Constitucional 
 
A Constituição deve formar um todo indivisível, mesmo comportando referências normativas que 
podem entrar em contradição no caso concreto, como a liberdade individual e a segurança público, 
por exemplo. Subdivide-se em quatro subprincípios,conforme Ingo Sarlet. 
 
19 
 
a. Efeito integrador: decorre da concepção de que a interpretação constitucional deve 
favorecer a integração política e social, como reforço da unidade. 
b. Concordância prática ou harmonização: Na linha defendida por Canotilho significa a 
“coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito de forma a evitar o 
sacrifício total de uns em relação a outros” 
c. Ponderação: visa um equilíbrio entre a incidência de bens jurídicos no mesmo caso. 
d. Proporcionalidade ou razoabilidade: apesar de haver divergência doutrinária em 
relação à distinção ou não destes conceitos, pode-se resumi-los como a pretensão 
de que no caso concreto não se tenha excesso e nem falta dos bens jurídicos 
previstos na Constituição. 
 
b) Supremacia da Constituição 
 
Este princípio reconhece que a Constituição possui uma gradação hierárquica superior às 
demais normas jurídicas. Decompõe-se em 
 
a. Máxima efetividade e eficácia da constituição: a interpretação deve propiciar o 
atingimento dos objetivos das normas constitucionais, bem como fazê-lo de forma 
garantir o maior aproveitamento possível dos bens jurídicos tutelados. 
 
b. Força normativa da constituição: reconhece-se que a Constituição vincula os 
poderes políticos. 
 
 
c. Interpretação das leis conforme à constituição: A Constituição se torna as lentes 
com as quais se compreende as demais normas do ordenamento. 
 
c) Divisão dos poderes 
 
A interpretação não pode afetar a independência ou o equilíbrio entre os três poderes. 
 
 
 
 
 
 
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM: 
 
 
01. Quanto ao processo de mudança, a Constituição Federal de 1988 pode ser classificada como 
A) flexível, por admitir alteração por iniciativa não só dos membros do Congresso Nacional, como 
também do presidente da República. 
B) semi-rígida, por admitir alteração de seu conteúdo, exceto com relação às cláusulas pétreas. 
C) transitoriamente rígida, por não admitir a alteração dos Atos das Disposições Constitucionais 
Transitórias. 
 
20 
D) rígida, por admitir a alteração de seu conteúdo por meio de processo mais rigoroso e complexo 
que o processo de elaboração das leis comuns. 
 
02. A Constituição de determinado país veiculou os seguintes artigos: 
Art. X. As normas desta Constituição poderão ser alteradas mediante processo legislativo próprio, 
com a aprovação da maioria qualificada de três quintos dos membros das respectivas Casas 
Legislativas, em dois turnos de votação, exceto as normas constitucionais que não versarem sobre 
a estrutura do Estado ou sobre os direitos e garantias fundamentais, que poderão ser alteradas por 
intermédio de lei infraconstitucional. 
Art. Y. A presente Constituição, concebida diretamente pelo Exmo. Sr. Presidente da República, 
deverá ser submetida à consulta popular, por meio de plebiscito, visando à sua aprovação 
definitiva. 
Art. Z. A ordem econômica será fundada na livre iniciativa e na valorização do trabalho humano, 
devendo seguir os princípios reitores da democracia liberal e da social democracia, bem como o 
respeito aos direitos fundamentais de primeira dimensão (direitos civis e políticos) e de segunda 
dimensão (direitos sociais, econômicos, culturais e trabalhistas). 
Com base no fragmento acima, é certo afirmar que a classificação da Constituição do referido país 
seria 
A) semirrígida, promulgada, heterodoxa. 
B) flexível, outorgada, compromissória. 
C) rígida, bonapartista e ortodoxa. 
D) semiflexível, cesarista e compromissória. 
 
03. De acordo com a classificação das constituições, denomina-se dogmática a constituição que 
A) contém uma parte rígida e outra flexível e sistematiza os dogmas aceitos pelo direito positivo 
internacional. 
B) sistematiza os dogmas sedimentados pelos costumes sociais e, também conhecida como 
costumeira, é modificável por normas de hierarquia infraconstitucional, dada a rápida evolução da 
sociedade. 
C) é elaborada, necessariamente, por um órgão com atribuições constituintes e, somente existindo 
na forma escrita, sistematiza as ideias fundamentais contemporâneas da teoria política e do direito. 
D) somente pode ser alterada mediante decisão do poder constituinte derivado, sendo também 
conhecida como histórica. 
 
04. No que concerne à hermenêutica e à aplicação das normas constitucionais, assinale a opção 
correta. 
A) Denomina-se mutação constitucional o processo formal de alteração da Constituição por meio das 
técnicas de revisão e reforma constitucional. 
B) Quando uma norma infraconstitucional contar com mais de uma interpretação possível, uma, no 
mínimo, pela constitucionalidade e outra ou outras pela inconstitucionalidade, adota-se a técnica da 
interpretação conforme para, sem redução do texto, escolher aquela ou aquelas que melhor se 
conforme(m) à Constituição, afastando- se, consequentemente, as demais. 
C) Ao contrário da norma de eficácia plena, a norma constitucional de eficácia contida é aquela que 
já contém todos os elementos necessários para a sua aplicação imediata, não admitindo qualquer 
normatividade ulterior, seja para aumentar a sua eficácia, seja para restringi-la. 
D) A norma constitucional que preceitua como objetivos da República Federativa do Brasil erradicar 
a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais é enquadrada como 
norma constitucional de eficácia plena. 
 
21 
 
05. Acerca da teoria geral da Constituição Federal, assinale a opção correta. 
A) O constitucionalismo, que pode ser conceituado como o movimento político-social que pretende 
limitar o poder e estabelecer o rol de direitos e garantias fundamentais, está diretamente 
relacionado com a ideologia socialista do início da primeira metade do século XX. 
B) O poder constituinte derivado decorrente é caracterizado essencialmente pela sua ausência de 
vinculação a qualquer regra anterior, pela sua autonomia e pela sua incondicionalidade. 
C) O poder de reforma está limitado às chamadas cláusulas pétreas, entre as quais se inclui a 
proibição de mudança do voto majoritário ou proporcional pelo voto distrital misto. 
D) O valor social do trabalho e da livre iniciativa é um dos fundamentos da República Federativa do 
Brasil. 
 
06. José leu, em artigo jornalístico veiculado em meio de comunicação de abrangência nacional, 
que o Supremo Tribunal Federal poderia, em sede de ADI, reconhecer a ocorrência de mutação 
constitucional em matéria relacionada ao meio ambiente. Em razão disso, ele procurou obter 
maiores esclarecimentos sobre o tema. No entanto, a ausência de uma definição mais clara do que 
seria “mutação constitucional” o impediu de obter um melhor entendimento sobre o tema. Com o 
objetivo de superar essa dificuldade, procurou Jonas, advogado atuante na área pública, que lhe 
respondeu, corretamente, que a expressão “mutação constitucional”, no âmbito do sistema 
jurídico-constitucional brasileiro, refere-se a um fenômeno 
A) concernente à atuação do poder constituinte derivado reformador, no processo de alteração do 
texto constitucional. 
B) referente à mudança promovida no significado normativo constitucional, por meio da utilização 
de emenda à Constituição. 
C) relacionado à alteração de significado de norma constitucional sem que haja qualquer mudança 
no texto da Constituição Federal. 
D) de alteração do texto constitucional antigo por um novo, em virtude de manifestação de uma 
Assembleia Nacional Constituinte. 
 
07. Parlamentar brasileiro, em viagem oficial, visita o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha, 
recebendo numerosas informações acerca do seu funcionamento e de sua área de atuação. Uma, 
todavia, chamou especialmente sua atenção: a referida Corte Constitucional reconhecia a 
possibilidade de alteração da Constituição material - ou seja, de suas normas - sem qualquer 
mudança no texto formal. Surpreendido com essa possibilidade, procura sua assessoria jurídica a 
fim de saber se o Supremo Tribunal Federal fazia uso de técnica semelhante no âmbito da ordem 
jurídica brasileira.A partir da hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a informação 
dada pela assessoria jurídica. 
A) Não. O Supremo Tribunal Federal somente pode reconhecer nova norma no sistema jurídico 
constitucional a partir de emenda à constituição produzida pelo poder constituinte derivado 
reformador. 
B) Sim. O Supremo Tribunal Federal, reconhecendo o fenômeno da mutação constitucional, pode 
atribuir ao texto inalterado uma nova interpretação, que expressa, assim, uma nova norma. 
C) Não. O surgimento de novas normas constitucionais somente pode ser admitido por intermédio 
das vias formais de alteração, todas expressamente previstas no próprio texto da Constituição. 
D) Sim. O sistema jurídico-constitucional brasileiro, seguindo linhas interpretativas contemporâneas, 
admite, como regra, a interpretação da Constituição independentemente de limites semânticos 
concedidos pelo texto. 
 
 
22 
 GABARITO: 
 
01- D / 02- C / 03- C / 04 - B / 05 - D/ 06 - C / 07 - B 
 
 
 
2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
2.1 Preâmbulo 
 
O Preâmbulo não é norma constitucional, mas serve para orientar o processo interpretativo. Por isso, 
não precisa ser reproduzido em igual teor nas constituições estaduais. 
 
2.2 Elementos caracterizadores do estado brasileiro 
 
 Forma de Estado: Federalista. Uma das implicações de se considerar a união federativa como 
indissolúvel é a impossibilidade da secessão, que significa a separação ou independência de 
Estados-membros, de forma a incorporarem seus territórios a Estados estrangeiros ou 
mesmo pretender sua independência do Estado brasileiro para a formação de um novo país. 
 Forma de Governo: República, forma alternativa à monarquia. 
 Sistema de Governo: Presidencialista, mantendo a tradição dos países americanos que 
adotam este sistema ante a possibilidade do parlamentarismo, mais próximo da tradição 
europeia. 
 Estado Democrático de Direito: possui uma constituição dirigente, com normas 
programáticas que estabelecem os objetivos fundamentais, bem como parte do pressuposto 
de que o direito possui um plus normativo, isto é, além de manter a ordem social se 
compromete a transformá-la de acordo com os objetivos consignados no texto constitucional. 
 Democracia semidireta: o povo exerce o poder de forma direta (plebiscito, referendo e 
iniciativa popular – art. 14, I, II, e III, CF), como também por meio de seus representantes. 
 
2.3 Fundamentos 
 
 soberania: em sua atuação o Estado brasileiro deve sempre resguardar sua liberdade por 
meio do conceito de soberania. 
 cidadania: cidadão é aquele que se sente responsável e se comporta como tal, perante a coisa 
pública. 
 dignidade da pessoa humana: alinhada às referências do pós-positivismo, a Constituição de 
1988 traz a Dignidade da Pessoa Humana como grande referência axiomática. 
 os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: um fundamento que apresenta uma 
proposta de conciliação de classes. 
 
23 
 o pluralismo político: se revela como exigência para a democracia a coexistência com o 
diferente, de forma a não se expressar apenas como a vontade da maioria, sob pena de 
sacrificar os grupos com menor representatividade política. 
 
2.4 Divisão de poderes 
 
 Independência: a relação dos poderes deve resguardar uma margem de autonomia para que 
um não exerça interferência no outro. 
 Harmonia: a atuação independente não quer dizer contraditória. Eventualmente, dentro das 
competências previstas pela Constituição, um poder pode corrigir a atuação do outro, como 
o caso da declaração de inconstitucionalidade de uma lei, onde o Poder Judiciário corrige a 
atuação do Legislativo, 
 
 
2.5 objetivos 
 
Os objetivos fundamentais implicam no dever de que toda a ação do Poder Público seja voltada a 
 
 construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
 garantir o desenvolvimento nacional; 
 erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
 promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação. 
 
 
2.6 Princípios das relações internacionais 
 
São comandos que regem a atuação do Estado brasileiro nas relações com seus vizinhos, de forma 
que estabelecem orientações para as relações diplomáticas: 
 
 independência nacional; 
 prevalência dos direitos humanos; 
 autodeterminação dos povos; 
 não-intervenção; 
 igualdade entre os Estados; 
 defesa da paz; 
 solução pacífica dos conflitos; 
 repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
 cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
 concessão de asilo político. 
 
Por fim, ainda se considera que o Brasil deve buscar a integração econômica, política, social e cultural 
com os países da América Latina, de forma a visar a formação de uma comunidade latino-americana 
de nações. 
 
 
 
 
 
24 
 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM: 
 
08. A população do Estado X, insatisfeita com os rumos da política nacional e os sucessivos escândalos de 
corrupção que assolam todas as esferas do governo, inicia uma intensa campanha pleiteando sua separação 
do restante da Federação brasileira. Um plebiscito é então organizado e 92% dos votantes opinaram 
favoravelmente à independência do Estado. 
Sobre a hipótese, com base no texto constitucional, assinale a afirmativa correta. 
A) Diante do expressivo quórum favorável à separação do Estado X, a Assembleia Legislativa do referido ente 
deverá encaminhar ao Congresso Nacional proposta de Emenda Constitucional que, se aprovada, viabilizará a 
secessão do Estado X. 
B) Para o exercício do direito de secessão, exige-se lei estadual do ente separatista, dentro do período 
determinado por Lei Complementar federal, dependendo ainda de consulta prévia, mediante plebiscito, às 
populações dos demais Estados, após divulgação dos estudos de viabilidade, apresentados e publicados na 
forma da lei. 
C) Diante da autonomia dos entes federados, admite-se a dissolução do vínculo existente entre eles, de modo 
que o Estado X poderia formar um novo país, mas, além da aprovação da população local por meio de 
plebiscito ou referendo, seria necessária a edição de Lei Complementar federal autorizando a separação. 
D) A forma federativa de Estado é uma das cláusulas pétreas que norteiam a ordem constitucional brasileira, 
o que conduz à conclusão de que se revela inviável o exercício do direito de secessão por parte de qualquer 
dos entes federados, o que pode motivar a intervenção federal. 
 
09. A ordem constitucional considera objetivo fundamental da República Federativa do Brasil: 
A) a erradicação da pobreza. 
B) a proteção ao Estado Democrático de Direito. 
C) a prevalência dos direitos humanos. 
D) a defesa da soberania. 
 
10. Com relação ao preâmbulo da CF e às disposições constitucionais transitórias, assinale a opção correta. 
A) A doutrina constitucional majoritária e a jurisprudência do STF consideram que o preâmbulo constitucional 
não tem força cogente, não valendo, pois, como norma jurídica. Nesse sentido, seus princípios não prevalecem 
diante de eventual conflito com o texto expresso da CF. 
B) As disposições constitucionais transitórias são normas aplicáveis a situações certas e passageiras; 
complementares, portanto, à obra do poder constituinte originário e, situando-se fora da CF, não podem ser 
consideradas parte integrante desta. 
C) Por traçar as diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas da CF, o preâmbulo constitucional impõe limitações 
de ordem material ao poder reformador do Congresso Nacional, podendo servir de paradigma para a 
declaração de inconstitucionalidade. 
D) Considerando-se que o conteúdo do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias é de direito 
intertemporal, não é possível afirmar que suas normas ostentam o mesmo grau de eficácia e de autoridade 
jurídica em relação aos preceitos constantes do texto constitucional. 
 
 GABARITO: 
 
08- D / 09- A / 10- A 
 
 
 
3 DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
25 
 
3.1 Teoria dos direitosfundamentais 
 
 
3.1.1 Nomenclatura 
 
 Direitos humanos 
 Direitos fundamentais 
 Direitos do homem 
 Direitos civis 
 
3.1.2 Síntese histórica 
a) Jusnaturalismo 
 
• Direitos naturais – art. 2º DDHC: Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a 
conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a 
liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão. 
• Comando negativo para o Estado 
b) Juspositivismo 
 
• Comando positivo por parte do Estado 
• Constituição de 1934: “Nós, os representantes do povo brasileiro, pondo a nossa confiança 
em Deus, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para organizar um regime 
democrático, que assegure à Nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e 
econômico, decretamos e promulgamos a seguinte”. 
• Constituição de 1937: art 1º - O Brasil é uma República. O poder político emana do povo e é 
exercido em nome dele e no interesse do seu bem-estar, da sua honra, da sua independência 
e da sua prosperidade. 
 
c) Pós-positivismo 
 
“Esta concepção de lei e sua validade, a que chamamos Positivismo, foi a que deixou sem defesa 
o povo e os juristas contra as leis mais arbitrárias, mais cruéis e mais criminosas. Torna 
equivalentes, em última análise, o direito e a força, levando a crer que só onde estiver a segunda 
estará também o primeiro 
Pretendeu-se completar, ou antes, substituir este princípio por este outro: direito é tudo aquilo 
que for útil ao povo. Isto quer dizer: arbítrio, violação de tratados, ilegalidade serão direito desde 
que sejam vantajosos para o povo. Ou melhor, praticamente: aquilo que os detentores do poder 
do Estado julgarem conveniente para o bem comum, o capricho do déspota, a pena decretada 
sem lei ou sentença anterior, o assassínio ilegal de doentes, serão direito”. G. Radbruch 
 
 
O desenvolvimento histórico dos direitos fundamentais pode ser apresentado a partir da síntese 
registrada na tabela abaixo: 
 
26 
 
Fundamento 
epistemológico 
Dimensão/geração Titularidade Exemplo Data Documento 
Jusnaturalismo 1ª Individual Propriedade XVI – XVIII Declaração 
do Homem 
e do 
Cidadão 
Positivismo 2ª Coletiva Direitos trabalhistas XIX – XX Constituição 
do México 
Pós-
positivismo 
3ª Transindividual Paz Segunda 
metade do 
século XX 
Declaração 
Universal de 
Direitos 
Humanos 
 4ª Transindividual Democracia/patrimônio 
genético 
Segunda 
metade do 
século XX 
 
 
3.1.3 Eficácia 
 
a) Vertical: implica no reconhecimento de que os Direitos e Garantias Fundamentais incidem na 
relação entre o Estado e o cidadão ou cidadãos. 
b) Horizontal: é a eficácia dos direitos fundamentais nas relações entre os particulares, mesmo 
quando não há interesse estatal. O STF reconhece a eficácia horizontal dos direitos fundamentais em 
sua jurisprudência. 
 
3.1.4 Natureza 
 
a) Princípio ou Regra; 
 
Os princípios são normas prima facie, isto é, comandos genéricos e que, em caso de conflito com 
outro princípio, há a resolução por ponderação/proporcionalidade. Exemplo de princípios são a vida, 
liberdade, igualdade, segurança e propriedade que estão previstos no art. 5º, caput, CF, 
 
As regras são comandos mais específicos. Em caso de conflito com os princípios, caso sejam as regras 
de reconhecida constitucionalidade, estas prevalecem em detrimento daqueles. Se houver conflito 
entre regras, se resolve pelas regras de solução de antinomias jurídicas, aplicando-se, por ordem, o 
critério de hierarquia, especialidade e cronológico. Um exemplo de regra constitucional é o art. 5º, 
XI que prevê a inviolabilidade de domicílio. 
 
b) Direito ou garantia (remédios); 
 
Uma garantia jurídica é uma proteção a um direito, que, por definição é uma disposição declaratória. 
Isto é, a garantia protege um conteúdo que é um direito fundamental. Por exemplo, o art. 5º, caput, 
CF apresenta o direito à vida e o art. 5º, III prevê a garantia à vedação de tortura. 
 
 
27 
Por fim, os remédios constitucionais são espécie qualificada de garantias, porque além de proteger 
um direito fundamental, ainda provocam a atuação do Estado para a proteção a um direito 
fundamental. Para exemplos de remédios constitucionais, confira a tabelinha nos tópicos seguintes. 
 
3.1.5 Características 
 
a) Universalidade: os direitos fundamentais são atribuídos e reconhecidos a todos. 
 
b) Historicidade: a dinâmica da histórica faz com que o reconhecimento de novos direitos 
fundamentais seja necessário. Ou seja, os direitos fundamentais são vivos e acompanham as 
vicissitudes da história. 
 
c) Inalienabilidade: não é possível comercializar ou alienar os direitos fundamentais. 
 
d) Imprescritibilidade: o tempo não desgasta ou diminui os direitos fundamentais de uma pessoa. 
 
e) Irrenunciabilidade: não é juridicamente válida a disposição de renúncia a direitos fundamentais. 
 
3.1.6 Rol de Direitos Fundamentais 
 
A Constituição apresenta o Título II, de extensão do art. 5º ao 17 como sendo “Dos direitos e garantias 
fundamentais”. No entanto, há outros direitos e garantias fundamentais em artigos constitucionais 
compreendidos fora deste intervalo, como o caso do direito ao meio ambiente (art. 225) e da garantia 
das decisões judiciais fundamentadas (art. 93, IX). 
Também em legislações infraconstitucionais é possível identificar direitos fundamentais não 
previstos expressamente no texto constitucional, como é o caso do nome, previsto no art. 16 do 
Código Civil. 
Por fim, a Constituição reconhece como possível a existência de direito fundamentais previstos em 
Tratados Internacionais (art. 5º, §2º), sendo que se o Tratado for aprovado em procedimento 
semelhante ao de Proposta de Emenda à Constituição terá hierarquia equiparada (art. 5º, §3º). 
 
 
3.2 Direitos e garantias fundamentais em espécie 
 
3.2.1 Titularidade 
 
O art. 5º da Constituição prevê a titularidade dos direitos fundamentais para os brasileiros e os 
estrangeiros residentes. No entanto, a doutrina e a jurisprudência reconhecem que o estrangeiro 
não-residente também é titular de direitos fundamentais. 
Em relação a este aspecto, a Lei de Migração prevê que os estrangeiros são detentores de direitos 
fundamentais nos termos do art. 4º da Lei 13.445/2017. 
 
3.2.2 Direitos e garantias fundamentais individuais em espécie 
 
3.2.2.1 Princípios dos direitos fundamentais previstos no art. 5º, caput, CF 
 
 
28 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
• Equiparação entre brasileiros e estrangeiros; 
• Construção doutrinária para estrangeiros não-residentes; 
• Ênfase na igualdade 
 
a) Direito à vida; 
 
1. Hipóteses em que o aborto é permitido: 
 
i) Risco de morte à mãe (art. 128, I, CP); 
ii) Estupro (art. 1218, II, CP) 
iii) Anencefalia (ADPF 54) 
iv) Até o 3º mês de gestação. 
a. Habeas Corpus 124.306 (1ª Turma); 
b. ADPF 442 
 
2. Outras hipóteses de possibilidade de agressão à vida 
 
i) Estado de Necessidade (art. 24, CP); 
ii) Legítima defesa (art. 25, CP); 
iii) Crimes militares (Decreto-lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969); 
iv) Eutanásia - Mandado de Injunção 6.825. 
 
b) Direito à liberdade; 
 
i) Formal – Tradição liberal; 
ii) Material – Amartya Sen. 
 
c) Direito à igualdade; 
 
i) Formal; 
ii) Material. 
 
d) Direito à segurança; 
 
i) Pessoal e patrimonial (art. 5º, III e XXII, art. 6º e art. 144, CF); 
ii) Jurídica (art. 5º, XXXVI, CF); 
iii) Social (art. 194, CF); 
 
e) Direito à propriedade. 
 
Evolução histórica 
 
i) Liberalismo; 
 
 
29 
França – DDHC - Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode 
ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição 
de justa e prévia indenização. 
 
ii) Socialismo 
 
Constituição Mexicana – 1917 - 1º — A fim de se realizar a socialização da terra,é abolida a 
propriedade privada da terra; todas as terras passam a ser propriedade nacional e são entregues aos 
trabalhadores sem qualquer espécie de resgate, na base de uma repartição igualitária em usufruto.); 
 
iii) Perspectiva contemporânea. 
 
Reconhecimento do direito de propriedade, desde que atenda a sua função social. 
 
3.2.2.2 Princípios em espécie no art. 5º 
 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; 
 
 Não se pode criar distinções fora do âmbito das ações afirmativas: 
 
o Ex: Edital que exige atestado de virgindade para mulheres; 
 
 
 (...) Lei Estadual 8.008/2018 do Rio de Janeiro, que impõe a obrigatoriedade de que as 
crianças e adolescentes do sexo feminino vítimas de estupro sejam examinadas por perito 
legista mulher (...). Lei impugnada em sintonia com o direito fundamental à igualdade 
material (art. 5º, I, da CRFB), que impõe especial proteção à mulher e o atendimento empático 
entre iguais, evitando-se a revitimização da criança ou adolescente, mulher, vítima de 
violência. 
[ADI 6.039-MC, rel. min. Edson Fachin, j. 13-3-2019, P, DJE de 1º-8-2019.] 
 
 Violência doméstica. (...) O art. 1º da Lei 11.340/2006 surge, sob o ângulo do tratamento 
diferenciado entre os gêneros – mulher e homem –, harmônica com a CF, no que necessária 
a proteção ante as peculiaridades física e moral da mulher e a cultura brasileira. 
[ADC 19, rel. min. Marco Aurélio, j. 9-2-2012, P, DJE de 29-4-2014.] 
 
 Reserva de vagas e verbas do Fundo Partidário para candidatas femininas  (ADI) 5617. 
 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
 
 
 Princípio da legalidade; 
 Oposição à legalidade aplicada à Administração Pública. 
 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
 
 Natureza jurídica de regra; 
 Equivalência jurídica entre as expressões do texto. 
 
30 
 
 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
 
 O Plenário referendou, com efeito vinculante e eficácia contra todos, decisão monocrática 
que, em arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), suspendeu os efeitos 
de atos judiciais ou administrativos emanados de autoridade pública que possibilitem, 
determinem ou promovam o ingresso de agentes públicos em universidades públicas e 
privadas, o recolhimento de documentos, a interrupção de aulas, debates ou manifestações 
de docentes e discentes universitários, a atividade disciplinar docente e discente e a coleta 
irregular de depoimentos desses cidadãos pela prática de manifestação livre de ideias e 
divulgação do pensamento em ambientes universitários ou em equipamentos sob a 
administração de universidades públicas e privadas e serventes a seus fins e desempenhos. 
ADPF 548-MC-REF, 
 Viola a Constituição Federal a proibição de veiculação de discurso proselitista em serviço de 
radiodifusão comunitária. 
[ADI 2.566, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 16-5-2018, P, DJE de 23-10-2018.] 
 
 Ação direta de inconstitucionalidade. Parágrafo 1º do art. 28 da Lei 12.663/2012 ("Lei Geral 
da Copa"). Violação da liberdade de expressão. Inexistência. Aplicação do princípio da 
proporcionalidade. Juízo de ponderação do legislador para limitar manifestações que 
tenderiam a gerar maiores conflitos e atentar contra a segurança dos participantes de evento 
de grande porte. 
[ADI 5.136 MC, rel. min. Gilmar Mendes, j. 1º-7-2014, P, DJE de 30-10-2014.] 
 
 
 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano 
material, moral ou à imagem; 
 
 Lei 13.188/2015 
 Prazo decadencial de 60 dias 
 7 dias para a divulgação da resposta, sob pena de configurar o interesse jurídico para a ação; 
 
 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos 
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
 
 A norma do Estado de Rondônia que oficializa a Bíblia Sagrada como livro-base de fonte 
doutrinária para fundamentar princípios de comunidades, igrejas e grupos, com pleno 
reconhecimento pelo Estado, viola preceitos constitucionais. (...) A oficialização da Bíblia 
como livro-base de fonte doutrinária para fundamentar princípios, usos e costumes de 
comunidades, igrejas e grupos no Estado de Rondônia implica inconstitucional discrímen 
entre crenças, além de caracterizar violação da neutralidade exigida do Estado pela 
Constituição Federal. Inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 1.864/2008 do Estado de 
Rondônia. A previsão legal de utilização da Bíblia como base de decisões e atividades afins 
dos grupos religiosos, tornando-as cogentes a ‘seus membros e a quem requerer usar os seus 
serviços ou vincular-se de alguma forma às referidas Instituições’, implica indevida 
 
31 
interferência do Estado no funcionamento de estabelecimentos religiosos, uma vez que torna 
o que seria uma obrigação moral do fiel diante de seu grupo religioso uma obrigação legal a 
ele dirigida. Inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 1.864/2008 do Estado de Rondônia. 
[ADI 5.257, rel. min. Dias Toffoli, j. 20-9-2018, P, DJE de 3-12-2018.] 
 
 O Brasil é uma república laica, surgindo absolutamente neutro quanto às religiões. 
[ADPF 54, rel. min. Marco Aurélio, j. 12-4-2012, P, DJE de 30-4-2013.] 
Vide ADI 4.439, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 27-9-2017, P, DJE de 21-6-2018 
 
 A prática e os rituais relacionados ao sacrifício animal são patrimônio cultural imaterial e 
constituem os modos de criar, fazer e viver de diversas comunidades religiosas, 
particularmente das que vivenciam a liberdade religiosa a partir de práticas não institucionais. 
A dimensão comunitária da liberdade religiosa é digna de proteção constitucional e não 
atenta contra o princípio da laicidade. O sentido de laicidade empregado no texto 
constitucional destina-se a afastar a invocação de motivos religiosos no espaço público como 
justificativa para a imposição de obrigações. A validade de justificações públicas não é 
compatível com dogmas religiosos. A proteção específica dos cultos de religiões de matriz 
africana é compatível com o princípio da igualdade, uma vez que sua estigmatização, fruto de 
um preconceito estrutural, está a merecer especial atenção do Estado. Tese fixada: ‘É 
constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite 
o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana’. 
[RE 494.601, rel. p/ o ac. min. Edson Fachin, j. 28-3-2019, P, DJE de 19-11-2019.] 
 
 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e 
militares de internação coletiva; 
 
 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou 
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a 
cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
 
 
 Nulidade de ato de despedida de empregados de sociedade de economia mista, por razões 
de ordem político-partidária. (...) Decisão incensurável, por haver-se configurado flagrante 
violação ao princípio da liberdade de convicção política, constitucionalmente consagrado, ao 
qual estão especialmente adstritos os entes da administração pública. 
[RE 130.206, rel. min. Ilmar Galvão, j. 17-9-1991, 1ª T, DJ de 22-11-1991.] 
 
 
 Pedido de restabelecimento dos efeitos da decisão do Tribunal a quo que possibilitaria a 
participação de estudantes judeus no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em data 
alternativa ao Shabat. Alegação de inobservância ao direito fundamental de liberdade 
religiosa e ao direito à educação. Medida acautelatória que configura grave lesão à ordem 
jurídico-administrativa. Em mero juízo de delibação, pode-se afirmar que a designação de 
data alternativa para a realização dos exames não se revela em sintonia com o princípio da 
isonomia, convolando-se em

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