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OFTAMOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAIS

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Clínica de Pequenos Animais 
DCPA – CCR – UFSM 
Professora Anne 
OOOOOOOOFFFFFFFFTTTTTTTTAAAAAAAALLLLLLLLMMMMMMMMOOOOOOOOLLLLLLLLOOOOOOOOGGGGGGGGIIIIIIIIAAAAAAAA DDEE 
PPPPPPPPEEEEEEEEQQQQQQQQUUUUUUUUEEEEEEEENNNNNNNNOOOOOOOOSSSSSSSS AAAAAAAANNNNNNNNIIIIIIIIMMMMMMMMAAAAAAAAIIIIIIIISSSSSSSS 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 1 
1111 AAAANATOMIA NATOMIA NATOMIA NATOMIA OOOOCULARCULARCULARCULAR 
 O globo ocular está situado no interior da órbita óssea. Além do globo ocular e do nervo óptico, envoltos pela 
fáscia da órbita (cápsula de Tenon), no interior da órbita encontram-se ainda musculatura lisa e estriada, septos 
conjuntivais elásticos e fibrosos, vasos, nervos, gânglios simpáticos, tecido adiposo retrobulbar (o qual está inserido na 
órbita) e a glândula lacrimal, que é a única estrutura epitelial da órbita. Desta forma, a órbita forma uma câmara 
fechada, na qual encontramos, muito próximos uns dos outros, todos os tipos teciduais do organismo e, por 
conseqüência, as doenças nesta região são muito variadas. 
 
 
 
 
 
 O olho é formado externamente pela esclera esclera esclera esclera (1), uma camada branca e opaca de tecido conjuntivo denso, 
avascular, que recobre cerca de 4/5 da superfície do globo, e que é atravessada posteriormente pelo nervo ótico e, 
lateralmente, por aberturas para vasos e nervos. Na porção anterior do olho, formando a porção anterior transparente e 
que cobre aproximadamente 1/5 da superfície ocular, está a córneacórneacórneacórnea (2). A úveaúveaúveaúvea, o tecido mais vascularizado do 
organismo, é formada pela írisírisírisíris (3), com o ligamento pectinado e o ângulo iridocorneal (entre a íris e a face interna da 
córnea), corpo ciliarcorpo ciliarcorpo ciliarcorpo ciliar (4), que se estende desde a base da íris até a ora serrata, local onde se funde à coróidecoróidecoróidecoróide (5), que se 
estende, por sua vez, até o nervo óptico, sendo fixada à esclera por meio de canalículos. A retinaretinaretinaretina (6) é constituída pelo 
epitélio pigmentado da retina e pela complexa retina neurossensorial, que é um prolongamento do SNC e está fixada 
em apenas dois pontos: na porção anterior, na ora serrata e, na porção posterior, na papilapapilapapilapapila ou disco ópticodisco ópticodisco ópticodisco óptico (7), que é o 
ponto de origem do nervo ópticonervo ópticonervo ópticonervo óptico (8). Situada no espaço entre a face posterior da íris e o corpo ciliar, encontra-se a lentelentelentelente 
ou cristalinocristalinocristalinocristalino (9), uma estrutura transparente, de consistência variável, elástica e biconvexa, com alto índice de refração, 
que é fixada pelo seu equador ao corpo ciliar pela zônula zônula zônula zônula ou ligamentos zonularesligamentos zonularesligamentos zonularesligamentos zonulares (10). Preenchendo o espaço interno 
do globo ocular após a lente, está o corpo vítreocorpo vítreocorpo vítreocorpo vítreo (11), estrutura avascular constituída por uma substância extracelular 
gelatinosa e transparente de colágeno e proteoglicanos (humor vítreo), e que é fixado ao disco óptico, à porção 
periférica da retina e ao corpo ciliar. O espaço compreendido entre a face interna da córnea e a face anterior da íris é a 
câmara anterior do olhocâmara anterior do olhocâmara anterior do olhocâmara anterior do olho (12) e o espaço entre a face posterior da íris e a face anterior da lente é a câmara posteriorcâmara posteriorcâmara posteriorcâmara posterior (13), 
a qual não pode ser visualizada em praticamente nenhuma situação. 
 Externamente ao olho está a conjuntiva conjuntiva conjuntiva conjuntiva (bulbarbulbarbulbarbulbar e palpebralpalpebralpalpebralpalpebral), a membrana mucosa da superfície anterior do 
globo ocular e da face interna das pálpebras, respectivamente. Ela forma o saco conjuntival saco conjuntival saco conjuntival saco conjuntival ou fórnixfórnixfórnixfórnix, no qual os ductos 
das glândulas lacrimais desembocam. A conjuntiva se estende até o limbolimbolimbolimbo, ponto de transição entre esclera e córnea, 
onde o epitélio conjuntival funde-se gradualmente com a córnea. Cães e gatos possuem duas pálpebraspálpebraspálpebraspálpebras – superior e 
inferior – e uma terceira pálpebraterceira pálpebraterceira pálpebraterceira pálpebra ou membrana nictitantemembrana nictitantemembrana nictitantemembrana nictitante. As pálpebras (superior e inferior) possuem glândulas 
produtoras de secreção sebácea (glândulas de Meibomiusglândulas de Meibomiusglândulas de Meibomiusglândulas de Meibomius ou glândulas tarsais ou glândulas tarsais ou glândulas tarsais ou glândulas tarsais) e a pálpebra superior dos cães possui de 
duas a quatro fileiras de pêlos modificados, semelhantes a cílioscílioscílioscílios, enquanto que a pálpebra inferior é alopécica. A terceira 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 2 
pálpebra é formada por uma cartilagemcartilagemcartilagemcartilagem envolta por uma prega de tecido conjuntivo, e onde se encontra a glândula glândula glândula glândula 
lacrimal acessórialacrimal acessórialacrimal acessórialacrimal acessória ou glândula nictitanteglândula nictitanteglândula nictitanteglândula nictitante. A mucosa da terceira pálpebra é rica em tecido linfóide. 
 
2222 DDDDOENÇAS DA OENÇAS DA OENÇAS DA OENÇAS DA CCCCONJUNTIVAONJUNTIVAONJUNTIVAONJUNTIVA 
2.12.12.12.1 AAAANATOMIA E NATOMIA E NATOMIA E NATOMIA E FFFFISIOLOGIAISIOLOGIAISIOLOGIAISIOLOGIA 
O espaço entre as margens palpebrais e o globo é separado do meio ambiente por uma mucosa fina e 
transparente, de aspecto úmido e brilhante: a conjuconjuconjuconjuntivantivantivantiva. A conjuntiva tem papel importante na produção do filme 
lacrimal e na proteção direta e indireta do globo. 
A conjuntiva cobre a face interna das pálpebras, a terceira pálpebra e a esclera anterior. A conjuntiva que cobre 
a superfície interna da pálpebra e a externa da membrana nictitante é chamada de conjuntiva palpebral; a conjuntiva 
que cobre a face interna da terceira pálpebra é a conjuntiva bulbar e a que cobre a esclera é a conjuntiva bulbar ou 
escleral. A junção das conjuntivas palpebral e bulbar forma o fórnix. O espaço cercado pela conjuntiva é chamado de 
saco conjuntival. 
A conjuntiva é firmemente aderida ao limbo (onde é contínua com o epitélio corneano) e à junção 
mucocutânea, onde ela cobre as glândulas de Meibomius e a placa tarsal. O resto é dobrado e fracamente aderido aos 
tecidos subconjuntivais, o que permite movimento ao globo e aumenta a superfície secretora. 
Pequenos e numerosos vasos sangüíneos ramificados são visíveis dentro da conjuntiva. Os vasos no estroma 
(mais profundos) vêm das artérias ciliares anteriores e palpebrais. Estes vasos tornam-se especialmente visíveis quando 
ingurgitados por qualquer distúrbio conjuntival. A conjuntiva é rica em tecido linfóide. A camada epitelial superficial 
contém numerosas células mucinosas, que produzem o muco para a camada mucosa do filme lacrimal pré-corneano. A 
inervação sensorial é via ramos oftálmico e maxilar do nervo trigêmio. 
Desta forma, a conjuntiva serve como uma barreira externa física e imunológica do olho: as células epiteliais 
secretoras produzem muco, que além de contribuir para o filme lacrimal pré-corneano, abriga imunoglobulinas e prende 
materiais estranhos e debris. 
 
2.22.22.22.2 CCCCONJUNTIVITESONJUNTIVITESONJUNTIVITESONJUNTIVITES 
 O termo conjuntivite descreve a inflamação não-específica da conjuntiva – é a mais comum das causas do 
“OLHO VERMELHO”. A avaliação do paciente com conjuntivite é importante para reconhecer diferenças de 
susceptibilidade e estabelecer se a desordem é primária ou secundária. Por exemplo, em felinos a conjuntivite é 
geralmente primária e associada a agentes infecciosos, enquanto que em caninos é geralmente secundária a irritantes da 
superfície ocular, deficiência de lágrima ou corpos estranhos.2.2.1 SINAIS CLÍNICOS 
• HIPEREMIA ocorre com a vasodilatação dos vasos conjuntivais, resultando 
em aparência de OLHO VERMELHOOLHO VERMELHOOLHO VERMELHOOLHO VERMELHO (Fig. 1). A vermelhidão é acentuada 
quando hemorragia subconjuntival ou congestão vascular episcleral 
também estão presentes. 
• DESCARGA OCULAR é característica de conjuntivite e pode ser serosa, 
mucóide (Fig. 2) ou mucopurulenta (Fig. 3). O tipo de secreção pode 
mudar à medida que a conjuntivite evolui (de serosa a mucopurulenta). 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 1 − Hiperemia conjuntival. 
FIGURA 2 − Secreção seromucosa. FIGURA 3 − Secreção purulenta. 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 3 
• QUEMOSE é o inchaço (edema) da conjuntiva (Fig. 4), causado pelo 
edema da mucosa. 
• FORMAÇÃO FOLICULAR e PIGMENTAÇÃO são respostas à agressão 
crônica (Fig 5). 
• DOR com a conjuntivite varia de acordo com a severidade da doença 
ocular. O piscarpiscarpiscarpiscar e a epíforaepíforaepíforaepífora são característicos da maioria dos casos. 
FotofobiaFotofobiaFotofobiaFotofobia e blefarespasmoblefarespasmoblefarespasmoblefarespasmo (Figs. 6-7) geralmente ocorrem somente 
quando outras doenças oculares estão presentes, tais como ceratite 
ulcerativa ou uveíte. 
 
 2.2.2 ETIOLOGIA 
 As causas são numerosas e muitas vezes existe mais de um fator atuando juntos. INDEPENDENTE DA CAUSA 
PRIMÁRIA, A INFECÇÃO BACTERIANA É UM FATOR COMPLICANTE COMUM NOS CASOS DE CONJUNTIVITE. 
 
A. AGENTES INFECCIOSOS 
Em felinosfelinosfelinosfelinos, as mais comuns (e mais sérias) infecções oculares são causadas por 
Herpesvírus felino (Fig. 8) e por Chlamydiophila felis. As causas bacterianas, menos 
freqüentes e menos severas, costumam ser devido a Mycoplasma felis, Staphylococcus, 
Streptococcus e coliformes. 
Em caninoscaninoscaninoscaninos, as bactérias aeróbias Gram positivas são os isolados mais comuns. As 
infecções bacterianas oportunistas são comuns em cães após a irritação conjuntival por 
outras causas. A infecção pelo vírus da cinomose causa conjuntivite e dacrioadenite 
(inflamação / obstrução do ducto nasolacrimal). 
B. DEFICIÊNCIAS DE LÁGRIMA 
Ocorre na desidratação, com inflamação da conjuntiva e córnea. A deficiência da fase 
aquosa da lágrima (ceratoconjuntivite seca) ocorre mais comumente em cães do que em 
gatos. Menos comum, a deficiência das fases lipídica ou mucosa podem complicar a 
doença de superfície. Conformação palpebral inadequada, como exoftalmo ou lagoftalmo, potencializa a exposição 
ocular e o ressecamento, e é um fator complicante. 
C. CORPOS ESTRANHOS 
Incluem plantas, material sintético, substâncias metálicas, etc. Talos ou sementes 
de plantas podem ficar embebidos no fórnix conjuntival ou migrar para baixo da 
terceira pálpebra (Fig. 9), e provocam intensa inflamação granulomatosa. Já as 
substâncias sintéticas e alguns metais (chumbo, aço inox) são minimamente 
reativos. Dependendo da localização e da rigidez do material, o corpo estranho 
pode causar irritação direta por fricção e resultar em ulceração de superfície. 
D. TRAUMA 
Pode ser trauma fechadofechadofechadofechado (concussivo), resultando em hemorragia da membrana 
intacta, ou penetrantepenetrantepenetrantepenetrante, resultando em laceração ou punctura. 
E. IRRITANTES QUÍMICOS 
Incluem gases tóxicos, álcalis e ácidos. Substâncias alcalinas (lixívia, cal, amônia) 
causam as lesões mais sérias. Quando ocorrer lesão química, avaliar o olho para envolvimento corneal e/ou uveal 
anterior. 
F. IRRITANTES AMBIENTAIS 
Pó, areia, vento, irradiação solar, entre outros, são causas de conjuntivite, particularmente em cães de caça ou de 
trabalho, que ficam expostos às agressões ambientais. 
FIGURA 4 − Quemose. 
FIGURA 5 − Conjuntivite folicular. FIGURA 6 − Fotofobia. FIGURA 7 − Blefarespasmo. 
FIGURA 8 − Complexo 
respiratório felino. 
FIGURA 9 − Corpo estranho. 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 4 
A B C 
G. IMUNO-MEDIADAS 
Quemose alérgica aguda, atopia, conjuntivite folicular e conjuntivite eosinofílica ou plasmocitária são exemplos de 
conjuntivites imuno-mediadas. 
H. OUTRAS DOENÇAS OCULARES 
Doenças intra-oculares ou da superfície ocular são associadas freqüentemente com inflamação conjuntival, como por 
exemplo: episclerite, ceratite, dermóide (Fig. 10a) doenças palpebrais (calázio, entrópio [Fig. 10b], ectrópio [Fig. 
10c], desordens ciliares [Fig. 11]). A presença de conjuntivite é característica de glaucoma e uveíte, apesar de serem 
alterações mais profundas do olho. 
I. DOENÇAS PROLIFERATIVAS (Fig. 12) 
NeoplásicasNeoplásicasNeoplásicasNeoplásicas: papilomas, carcinoma de células escamosas e hemangiomas são as neoplasias primárias mais comuns, 
seguidos por hemangiossarcomas, mastocitomas e melanomas. As neoplasias secundárias mais freqüentes são os 
adenomas/adenocarcinomas, fibromas/fibrossarcomas e linfomas. 
NãoNãoNãoNão----neoplásicasneoplásicasneoplásicasneoplásicas: episclerite e doença granulomatosa idiopática são as mais comuns. Hiperplasia epitelial conjuntival, 
formação de tecido de granulação e infiltrados pigmentares são menos freqüentes. 
 
 
J. CONJUNTIVITE INDUZIDA IATROGENICAMENTE 
Ocorre quando agentes terapêuticos tópicos ou manipulações cirúrgicas causam inflamação conjuntival. Drogas 
podem causar inflamação pelos seus ingredientes ativos, veículos ou preservativos. Cirurgias causam trauma direto 
(manipulação, dissecação, injúria térmica, exposição durante a cirurgia). 
 
FIGURA 10 − Anormalidade congênita (A: dermóide) e de desenvolvimento das pálpebras (B: entrópio; C: ectrópio) que podem 
causar conjuntivite. 
A B C 
FIGURA 11 − Desordens ciliares: A: distiquíase; B: triquíase; C: cílios ectópicos. 
A B C 
A B C 
FIGURA 12 − Qualquer neoplasia ocular, maligna ou não, pode causar conjuntivite pela alteração do microambiente local. A; 
carcinoma de células escamosas palpebral; B: adenoma de glândulas tarsais; C: fibrossarcoma de terceira pálpebra. 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 5 
 2.2.3 DIAGNÓSTICO 
 Na históriahistóriahistóriahistória, deve-se investigar a existência de possíveis doenças sistêmicas; avaliar hábitos e lugar de convívio, 
possível exposição a agentes infecciosos, irritantes, químicos, etc. Investigar a possibilidade de trauma e as doenças 
oculares prévias, incluindo as medicações aplicadas. 
 O exame físico completoexame físico completoexame físico completoexame físico completo é importante para descartar doenças multissistêmicas, como a atopia ou a cinomose, 
por exemplo. 
 O exame oftálmicoexame oftálmicoexame oftálmicoexame oftálmico deve ser completo e é necessário para identificar outras formas de doença ocular e 
confirmar a presença de doença conjuntival e, se confirmada, a identificação da causa completa o processo: 
• Inspecionar as superfícies oculares externas e a porção anterior do globo, usando uma fonte de luz e, de 
preferência, uma lupa. A luz também pode ser usada para avaliar a simetria pupilar e o reflexo pupilar à luz. 
• O exame intra-ocular deve ser realizado com o oftalmoscópio. Opacidades em regiões normalmente claras, 
como a córnea, câmaras oculares ou cristalino serão observadas. A fundoscopia é feita para determinar 
anormalidades na retina, coróide e nervo óptico. 
• Medir a produção de lágrima com o Teste da Lágrima de Schirmer (TLS). O diagnóstico de insuficiente 
produção de lágrima deve ser sempre descartado, uma vez que é uma ocorrência freqüente em caninos, e 
resulta em conjuntivite crônica com descarga ocular mucopurulenta persistente. Deve ser feito antes da 
aplicação de qualquer medicação tópica. 
• Utilizar fluoresceína para descartar a presença de úlceras de superfície corneal. Também possibilita a 
verificação da integridade do ducto nasolacrimal. 
• Após a aplicação de anestésico tópico (proparacaína), pesquisar a presença de corpos estranhos. 
• Fazer tonometriapara descartar a presença de glaucoma (aumento da pressão intra-ocular – PIO) ou uveíte 
(diminuição da PIO). 
A citologiacitologiacitologiacitologia dá excelentes informações sobre a natureza inflamatória ou neoplásica da doença. 
CCCCulturaulturaulturaultura e teste de sensibilidadeteste de sensibilidadeteste de sensibilidadeteste de sensibilidade são indicados para o diagnóstico definitivo das infecções oculares, principalmente 
naqueles casos de conjuntivites recorrentes ou pouco responsivas ao tratamento empírico; nestes casos, o teste de 
sensibilidade é importante para a seleção do antibiótico adequado. A coleta deve ser realizada antes da aplicação de 
qualquer agente tópico ou manipulação do tecido ocular. 
 
 2.2.4 TRATAMENTO 
 Os objetivos do tratamento das doenças conjuntivais são: 
1. Corrigir ou remover a causa subjacente; 
2. Controlar a infecção secundária; 
3. Remover exsudatos e limpar o olho e região peri-ocular; 
4. Manter a superfície ocular úmida e bem hidratada; 
5. Reduzir a inflamação e desconforto. 
 
A. TRATAR A CAUSA PRIMÁRIA 
 Como as causas primárias são muito variadas, o tratamento também irá variar consideravelmente. Dependendo 
da circunstância, algum dos tratamentos a seguir pode ser aplicado: 
• Tratar a infecção com agente antimicrobiano específico; 
• Remover corpos estranhos; 
• Remover cirurgicamente ou corrigir os irritantes anatômicos (massas ou pêlos) que se esfreguem no olho; 
• Corrigir cirurgicamente os defeitos palpebrais; 
• Remover agentes alergênicos quando possível; 
• Tratar para atopia, se for o caso; 
• Tratar medicamente a deficiência de lágrima, se houver. 
 
B. TRATAMENTO SINTOMÁTICO 
 Os procedimentos a seguir são benéficos como tratamento sintomático e podem ser usados como adjuntos 
enquanto se trata a doença primária, enquanto se espera os resultados de testes diagnósticos ou quando se tratam 
empiricamente causas não-específicas ou não diagnosticadas de conjuntivite. 
1. Terapia antimicrobianaTerapia antimicrobianaTerapia antimicrobianaTerapia antimicrobiana: para controlar ou prevenir infecções bacterianas secundárias. Colírios à base de 
neomicina/polimixina B, bacitracina, cloranfenicol, gentamicina ou eritromicina são eficazes na maioria dos 
casos. A freqüência deve ser de, no mínimo, uma vez a cada 4 horas, instilando uma gota em cada olho. 
Pomadas antibióticas oftálmicas também podem ser utilizadas, principalmente à noite, quando o intervalo entre 
as aplicações será maior. Estas não devem ser usadas em casos de úlceras corneais. Evitar a aplicação 
prolongada e/ou indiscriminada de antimicrobianos tópicos para evitar o desenvolvimento de cepas resistentes 
ou infecções fúngicas secundárias, além do que isto pode predispor o animal à hipersensibilidade 
medicamentosa. Em casos de suspeita de infecção por Chlamydiophila ou Mycoplasma (em gatos), o 
antibiótico de escolha é a tetraciclina, disponível somente como pomada oftálmica (Terramicina Oftálmica®). 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 6 
2. Lavar secreçõesLavar secreçõesLavar secreçõesLavar secreções: utilizar soluções de lavagem ocular para irrigar a superfície ocular, remover exsudatos e limpar 
o olho e região periocular. Usar algodão embebido em salina para remover secreções aderidas. 
3. Umedecer/hidratar o olhoUmedecer/hidratar o olhoUmedecer/hidratar o olhoUmedecer/hidratar o olho: garantir que as superfícies conjuntivais e corneais estejam úmidas. Se houver 
quemose intensa com exposição da conjuntiva, a tarsorrafia temporária estará indicada. Se for necessário, 
pode-se utilizar lágrima artificial (ceratoconjuntivite seca). 
4. AntiAntiAntiAnti----inflamatóriosinflamatóriosinflamatóriosinflamatórios: drogas anti-inflamatórias sistêmicas podem ser usadas em casos específicos para minimizar 
edema agudo, desconforto e auto-trauma. Em casos de trauma ocular em cães, pode ser benéfico o uso de 
corticosteróide sistêmico para reduzir a quemose, hipermia e a dor ocular associada, ou também se pode optar 
por flunixin meglumine, 1 mg/kg, IV, dose única. Corticóides tópicos podem reduzir a dor, o edema e a 
hiperemia, mas ESTÃO CONTRA ESTÃO CONTRA ESTÃO CONTRA ESTÃO CONTRA----INDICADOS EM CASOS DINDICADOS EM CASOS DINDICADOS EM CASOS DINDICADOS EM CASOS DE ULCERAÇÃO CORNEAE ULCERAÇÃO CORNEAE ULCERAÇÃO CORNEAE ULCERAÇÃO CORNEAL OU CONJUNTIVITE INL OU CONJUNTIVITE INL OU CONJUNTIVITE INL OU CONJUNTIVITE INFECCIOSA FECCIOSA FECCIOSA FECCIOSA 
PRIMÁRIAPRIMÁRIAPRIMÁRIAPRIMÁRIA. A terapia com corticóides tópicos (dexametasona ou prednisolona) é especialmente indicada nas 
conjuntivites alérgicas ou nas foliculares, associadas ou não a antibióticos tópicos (enquanto houver 
contaminação bacteriana secundária). A terapia com ciclosporina A tópica (Optimmune®) tem apresentado 
bons resultados na conjuntivite folicular, apesar do alto custo deste medicamento. 
 
� CCCCONJUNTIVITE ONJUNTIVITE ONJUNTIVITE ONJUNTIVITE NNNNEONATORUMEONATORUMEONATORUMEONATORUM (O(O(O(OFTALMITE FTALMITE FTALMITE FTALMITE NNNNEONATALEONATALEONATALEONATAL)))): causada geralmente 
por Staphylococcus spp. no saco conjuntival, que ocorre logo após o 
nascimento; a infecção é adquirida provavelmente no período intra-
uterino. As pálpebras fechadas ficam abauladas e o saco conjuntival fica 
repleto de secreção. Se houver alguma abertura na fissura palpebral, o 
exsudato irá extravasar (Fig. 13). Se a condição persistir, pode levar a 
lesão grave e permanente da córnea. O tratamento consiste na abertura 
imediata da fissura palpebral com uma pinça mosquito, limpeza ocular e 
antibioticoterapia tópica (4 vezes ao dia) por 5 a 10 dias. 
 
� SSSSIMBLÉFAROIMBLÉFAROIMBLÉFAROIMBLÉFARO: é a adesão entre partes da conjuntiva ou entre a conjuntiva e 
a córnea. É vista especialmente em gatos jovens como complicação do 
complexo respiratório felino. 
A infecção por vírus / 
clamídia / micoplasma e a 
infecção bacteriana secundária destróem as camadas superficiais de 
epitélio. Em conjunto com a secreção mucosa, isto resulta em camadas 
conjuntivais aderindo e, subseqüentemente, crescendo juntas. Há 
lesões freqüentes entre as paredes dos canalículos lacrimais e a 
conjuntiva bulbar da nictitante e o restante da conjuntiva. O simbléfaro 
geralmente é unilateral. Os sinais de simbléfaro são epífora, 
proeminência permanente da membrana nictitante e blefarespasmo. 
As adesões são verificadas após exame com fórceps de von Graefe 
(fórceps ocular). O tratamento consiste em soltar as adesões 
cirurgicamente, após a melhora do processo infeccioso, associado a 
antibioticoterapia tópica, corticóide tópico e doxiciclina oral (2 
mg/kg/dia, por 7-10 dias). O prognóstico não é muito favorável, pois a 
recorrência das adesões é comum. O simbléfaro pode ser prevenido por irrigação e limpezas freqüentes da secreção 
conjuntival em pacientes com doença do complexo respiratório felino. 
 
 
3333 DDDDOENÇAS DA OENÇAS DA OENÇAS DA OENÇAS DA CCCCÓRNEAÓRNEAÓRNEAÓRNEA 
3333.1.1.1.1 AAAANATOMIA E NATOMIA E NATOMIA E NATOMIA E FFFFISIOLOGIAISIOLOGIAISIOLOGIAISIOLOGIA 
A córnea tem cerca de 0,6 a 0,8 mm de espessura e é formada externamente pelo EPITÉLIOEPITÉLIOEPITÉLIOEPITÉLIO, que tem a 
espessura de 7 a 12 células. A camada mais inferior (camada basal) é formada por células epiteliais cubóides que se 
dividem continuamente, apoiada sobre uma membrana basal (membrana de Bowman). À medida que as células 
amadurecem e progridem para a superfície (± 7 dias), elas tornam-se progressivamente mais planas, de forma que as 
células mais externas do epitélio são células grandes, planas, poligonais e com microvilosidades e características 
hidrófobas. Vitaminas A e C são importantes na adesão intercelular. Separando o epitélio da camada seguinte encontra-
se uma fina membrana basal. 
FIGURA 13 − Oftalmite neonatal. 
Figura 14 − Simbléfaro. 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 7 
FIGURA 16 − Relação entreas fibras nervosas 
livres e as células epiteliais corneais. 
A camada intermediária é o ESTROMAESTROMAESTROMAESTROMA (Fig. 15), que constitui aproximadamente 90% da espessura total da 
córnea. Ele é composto de feixes de fibras de colágeno, fibroblastos e substância adesiva. As fibras ficam precisamente 
paralelas dentro dos feixes, enquanto que os feixes se cruzam entre si. O estroma é hidrófilo. 
Posterior ao estroma fica a MEMBRANA DE MEMBRANA DE MEMBRANA DE MEMBRANA DE DDDDESCEMETESCEMETESCEMETESCEMET 
(membrana limitante posterior), hidrófoba e com 
propriedades elásticas. Revestindo internamente a córnea, 
encontra-se uma camada única de células que, em razão de 
sua semelhança com as células endoteliais vasculares, é 
chamada de ENDOENDOENDOENDOTÉLIO CORNEANOTÉLIO CORNEANOTÉLIO CORNEANOTÉLIO CORNEANO, responsável por uma 
importante função de bomba de drenagem corneal. 
A córnea é provida com uma rede de nervos 
(ramos sensitivos não mielinizados do nervo ciliar longo, um 
ramo da divisão oftálmica do nervo trigêmio) que passam 
da esclera para o estroma e com pequenos ramos 
penetrando entre as células epiteliais (Fig. 16). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para permitir a passagem da luz para o interior do globo e 
como parte de um meio altamente refrativo, a córnea deve ser 
transparente. Sua transparência deve-se à regularidade das fibrilas de 
colágeno do estroma e sua hidratação estável (81%) e pelo fato de ser 
avascular. A hidratação estável da córnea é mantida por um sistema de 
bomba no endotélio – quando o endotélio é lesado, a córnea absorve 
uma grande quantidade de água, podendo aumentar sua espessura de 
3 a 4 vezes. Quando há lesão epitelial, a espessura no máximo dobra e 
o edema fica restrito à área lesada. 
Devido à ausência de vasos na córnea, a nutrição e trocas 
metabólicas ocorrem no limbo, via filme lacrimal e humor aquoso. 
 
 A córnea pode responder de forma limitada às agressões, ou associada com a perda de transparência ou com o 
desenvolvimento de ulcerações. 
 
3333.2.2.2.2 CCCCERATITE ERATITE ERATITE ERATITE UUUULCERATIVA LCERATIVA LCERATIVA LCERATIVA (U(U(U(ULCERAÇÃO LCERAÇÃO LCERAÇÃO LCERAÇÃO CCCCORNEALORNEALORNEALORNEAL)))) 
 A perda de uma ou mais camadas epiteliais é chamada de erosão corneal. O termo ulceração cornealulceração cornealulceração cornealulceração corneal 
superficialsuperficialsuperficialsuperficial é aplicado quando existe perda de todas as camadas epiteliais com exposição do estroma. A ulceração 
corneal simples é aquela na qual a cicatrização ocorre sem problemas, em um curto período de tempo, de 3 a 5 dias. A 
ulceração corneal complicada envolve o retardo de cicatrização associado com infecção ou outro processo patológico. 
Já o termo ulceração corneal progressiva envolve o aprofundamento ou o aumento de tamanho da lesão. 
Ulceração corneal prUlceração corneal prUlceração corneal prUlceração corneal profundaofundaofundaofunda é aquela na qual existe perda de estroma, geralmente em decorrência de infecção 
bacteriana em uma úlcera já existente. Descemetocele,Descemetocele,Descemetocele,Descemetocele, ou herniação da membrana de Descemet, ocorre quando existe 
perda total de estroma e exposição e abaulamento da membrana de Descemet, com grande risco de perfuração ocular. 
 3.2.1 ETIOLOGIA 
A. LESÃO TRAUMÁTICA 
É provavelmente a causa mais comum de ceratite ulcerativa em cães e gatos. O trauma fechado trauma fechado trauma fechado trauma fechado pode causar dano 
focal ou difuso a quaisquer (ou a todas) camadas corneais. A maioria das úlceras traumáticas cicatriza rapidamente, 
mas algumas podem se tornar úlceras persistentes se houver dano severo à membrana basal epitelial ou se existir a 
persistência de algum corpo estranho no fórnix. A lesão traumática pode iniciar uma cascata de complicações 
patológicas que resultam em ulceração corneal complicada. 
B. INFECÇÃO BACTERIANA 
Ao menos um mínimo dano epitelial deve existir para que ocorra colonização bacteriana da córnea, já que as 
bactérias não conseguem se aderir às membranas celulares das células epiteliais normais. Tanto bactérias 
FIGURA 15 − Fotomicrografia em pequeno aumento de corte 
histológico da córnea canina, mostrando a relação entre as 
diversas camadas. 
Epitélio 
EstromaEstromaEstromaEstroma 
Endotélio corneano 
Membrana de Descemet 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 8 
patogênicas quanto aquelas comensais, habitualmente não patogênicas, podem infectar a córnea. Os organismos 
mais freqüentemente isolados de olhos normais de cães e gatos são Staphylococcus e Streptococcus. Terapia tópica 
indiscriminada com antibióticos ou corticóides podem resultar no supercrescimento de organismos patogênicos. 
C. PSEUDOMONAS 
A infecção com Pseudomonas produz geralmente úlceras redondas e centrais, e comumente resulta em fusão corneal 
(liquefação), perfuração e perda do olho. As enzimas proteolíticas produzidas pelas bactérias e pelas células 
inflamatórias, além da resposta corneal à inflamação, por si mesma, causam destruição de colágeno e proteoglicanos 
do estroma, dando à córnea afetada um aspecto mucóide à medida que a liquefação acontece. 
D. HERPESVÍRUS FELINO (FHV) 
A infecção com o FHV é uma causa importante de ulceração corneal em gatos. As úlceras superficiais podem ser 
pequenas e ponteadas, ou lineares e ramificadas, descritas classicamente como “dendríticas”. Úlceras maiores 
formam-se a partir da coalescência das úlceras menores. Úlceras profundas, descemetoceles e perfurações podem 
ocorrer. 
E. DISTROFIA EPITELIAL (ÚLCERA INDOLENTE DO BOXER) 
Uma distrofia de membrana basal do epitélio corneal aparentemente congênita foi reconhecida em cães da raça 
Boxer e possivelmente também ocorra em outras raças. Trauma e inflamação corneal crônica podem resultar em 
anormalidades na membrana basal corneana. (ver mais abaixo) 
F. RESSECAMENTO CORNEAL 
Esta condição ocorre secundariamente à deficiência de fase aquosa da lágrima (ceratoconjuntivite seca) ou ao 
excesso de exposição da córnea (lagoftalmo) devido a anormalidades palpebrais ou paralisia do nervo facial. 
G. OUTRAS 
Ceratite neCeratite neCeratite neCeratite neurotróficaurotróficaurotróficaurotrófica ocorre após a perda de inervação sensorial da córnea. 
EndocrinopatiasEndocrinopatiasEndocrinopatiasEndocrinopatias como diabete mellitus, hipoadrenocorticismo e hipotireoidismo têm sido associadas com ulceração 
corneal em cães. 
Ulceração corneal idiopáticaUlceração corneal idiopáticaUlceração corneal idiopáticaUlceração corneal idiopática,,,, ou sequestro corneal, é uma lesão identificada em gatos, que se apresenta como uma 
placa, elevada ou superficial, central e bem circunscrita, com a coloração marrom ou preta do estroma após um 
episódio crônico de ulceração corneal. A cor escura não está relacionada à deposição de pigmentos, ao contrário, é 
dada pela necrose estromal. Costuma ser associada com dor e neovascularização, acompanhada por epífora, 
blefarespasmo, opacidade, hiperemia conjuntival e, ocasionalmente, quemose. A causa não é conhecida; agentes 
cáusticos, malformações palpebrais, ceratoconjutivite seca, herpesvírus felino, trauma e infecções bacterianas têm 
sido implicados. Tem sido descrita mais frequentemente em gatos da raça persa, geralmente sem nenhum histórico 
de doença oftálmica prévia e com poucos sinais inflamatórios e desconforto ocular mínimo; nessa raça, tem sido 
considerada uma alteração idiopática. O tratamento consiste na excisão da lesão focal por ceratectomia superficial. 
Antibioticoterapia profilática e drogas ciclopégicas podem ser associadas. Nas lesões profundas o emprego de 
enxertos ou de pedículos de conjuntiva pode estar indicado. 
 
 3.2.2 SINAIS CLÍNICOS 
� BLEFARESPASMO, FOTOFOBIA e EPÍFORA são estimuladas pelas sensações dolorosas do epitélio lesado e pelo espasmo 
secundário dos músculos ciliares. 
� OPACIDADE CORNEAL resulta do edema e infiltração de células inflamatóriasno epitélio e no estroma da área afetada. 
� DEPRESSÃO DA SUPERFÍCIE CORNEAL está presente em casos de perda do estroma, incuindo descemetocele. 
� NEOVASCULARIZAÇÃO representa ulceração complicada, na qual a cicatrização foi retardada por fatores oculares 
(infecção, ceratoconjuntivite seca, defeitos palpebrais) ou não-oculares (auto-trauma, terapia inadequada). A 
neovascularização superficialneovascularização superficialneovascularização superficialneovascularização superficial (vasos ramificados, infiltrados e focais) geralmente sugere um fator complicador corneal 
ou externo, enquanto que a neovascularização profunda neovascularização profunda neovascularização profunda neovascularização profunda ou ciliar ciliar ciliar ciliar (anel de vasos finos e não-ramificados [“bordo em 
escova”], infiltrados na periferia da córnea em toda sua circunferência) indica inflamação intra-ocular. 
� MIOSE ocorre como um reflexo da estimulação dos ramos corneal, conjuntival e peri-ocular do nervo oftálmico. 
� “AQUOUS FLARE” (CINTILAÇÃO DO AQUOSO), ou seja, a presença de grandes quantidades de proteínas séricas na 
câmara anterior aconcerá em presença de iridociclite (uveíte anterior) com a perda da barreira hemato-aquosa. 
� HIPOTONIA ou diminuição da pressão intra-ocular estará presente em casos de uveíte anterior moderada a severa, 
devido à diminuição da produção do humor aquoso e, possivelmente, por aumento da sua drenagem. 
 
 3.2.3 DIAGNÓSTICO 
 Na históriahistóriahistóriahistória, deve-se investigar o tempo e as circunstâncias do início do processo, a presença e a duração do 
blefarespasmo e da descarga ocular, se houve mudança na aparência do olho desde o início do quadro até o momento 
da consulta e outras doenças oculares prévias e/ou atuais. 
 O exame oftálmico e testes diagnósticos acessóriosexame oftálmico e testes diagnósticos acessóriosexame oftálmico e testes diagnósticos acessóriosexame oftálmico e testes diagnósticos acessórios devem ser realizados: 
• Coletar amostras para cultura antes de instilar qualquer solução diagnóstica. 
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• Medir a produção de lágrima com o Teste da Lágrima de Schirmer (TLS) para descartar ceratoconjuntivite 
seca. 
• A característica marcante da ulceração corneal é a retenção de fluoresceína, que cora estroma, lágrima e 
humor aquoso. A descemetocele demonstra um padrão anular de retenção de corante ao longo das margens 
da lesão, mas não no centro, que permanece não corado. 
• A sensibilidade dolorosa da córnea pode ser avaliada com um cotonete. 
• Após a aplicação de anestésico tópico (proparacaína), pode-se obter material para citologia e coloração de 
Gram de úlceras que mostrem progressão rápida, margens edematosas ou infiltrado de células inflamatórias. 
• O diagnóstico de distrofia epitelial é sugerido pela presença de uma margem epitelial não-aderente crônica, 
com somente desconforto discreto e não dor aguda. 
 
 3.2.4 TRATAMENTO 
 
A. EROSÕES SIMPLES E ÚLCERAS SUPERFICIAIS 
• Realizar debridamento químico das lesões, em especial aquelas que apresentam bordas livres soltas. Isto é realizado 
com um cotonete embebido em tintura de iodo a 7%, após a anestesia corneal tópica. 
• Instilar antibióticos tópicos de amplo espectro (bacitracina, neomicina, polimixina), de preferência na forma de 
colírios, no mínimo a cada 4 horas; 
• Instilar solução de atropina a 1% tópica até obtenção do efeito midriático e paralisia dos músculos ciliares (a cada 6 
ou 8 horas, nos primeiros dias de tratamento, reduzindo a frequência, após, para cada 12, 24 ou 48 horas); 
• Reavaliar o paciente após as primeiras 24-48 horas de tratamento, para verificar regressão ou progressão do quadro. 
• Examinar o paciente a intervalos de poucos dias até que a cicatrização esteja completa. 
 
B. ÚLCERAS PROFUNDAS E/OU PROGRESSIVAS 
• Basear a escolha de antibióticos nos achados de citologia: cocos Gramcocos Gramcocos Gramcocos Gram----positivospositivospositivospositivos podem ser tratados com neomicina 
ou cloranfenicol tópicos; cocos Gramcocos Gramcocos Gramcocos Gram----negativosnegativosnegativosnegativos (cuidado: pode ser Pseudomonas!) devem ser tratados com 
tobramicina, gentamicina ou ciprofloxacino (idem); infecções mistas devem ser tratadas com gentamicina; a 
aplicação ideal deve ser feita a intervalos de 1 ou, no máximo 2 horas. Uma alternativa é fazer 5 instilações seguidas, 
com intervalo de 2 minutos, para garantir níveis oculares adequados, e então se pode espaçar a próxima bateria de 
aplicações para após 4 horas (e não de hora em hora). Se não for realizada a citologia e coloração de Gram, tratar 
todas as úlceras profundas como se fossem potencialmente produzidas por Pseudomonas: é melhor que correr o 
risco de perfuração, que esta bactéria provoca em um intervalo de tempo muito curto (12-24 horas). 
• Instilar solução de atropina a 1% tópica até obtenção do efeito midriático e paralisia dos músculos ciliares (a cada 8 
horas, nos primeiros dias de tratamento, reduzindo a freqüência, após, para cada 12, 24 ou 48 horas); 
• A antibioticoterapia tópica pode ser complementada com uma aplicação subconjuntival de antibióticos (gentamicina, 
10 a 40 mg). 
• Reavaliar o paciente após as primeiras 24-48 horas de tratamento, para verificar regressão ou progressão do quadro. 
Examinar o paciente a intervalos de poucos dias até que a cicatrização esteja completa. 
 
� Úlceras com aspecto mucóide (liquefação) devem ser tratadas com manejo cirúrgico: o tratamento médico 
aumenta o risco de ruptura e sequelas mais graves. O tratamento cirúrgico tem por objetivo prevenir a 
progressão das úlceras, tratar perfurações, se houver, proteger a superfície corneal e retardar a liquefação. 
Dentre as medidas cirúrgicas possíveis, algumas são consideradas procedimentos meramente protetores 
(proteção mecânica), uma vez que não oferecem aporte sangüíneo nem células para ajudar na cicatrização 
corneal – desta forma, não interferem com o tratamento médico (que deve ser feito da mesma forma) nem com 
as avaliações subseqüentes da ulceração corneal. Neste grupo estão o flapflapflapflap de de de de terceira pálpebra terceira pálpebra terceira pálpebra terceira pálpebra e a tarsorrafiatarsorrafiatarsorrafiatarsorrafia 
temporária.temporária.temporária.temporária. Como medida de suporte, ou seja, tratamento efetivo, está o flapflapflapflap conjuntival conjuntival conjuntival conjuntival, que oferece aporte 
sangüíneo e celular para o processo de cura da lesão corneal. 
 
ATENÇÃOATENÇÃOATENÇÃOATENÇÃO:::: 
A administração de corticosteróide (tópico ou sistêmico) está contraA administração de corticosteróide (tópico ou sistêmico) está contraA administração de corticosteróide (tópico ou sistêmico) está contraA administração de corticosteróide (tópico ou sistêmico) está contra----indicada na indicada na indicada na indicada na 
presença de ulceraçpresença de ulceraçpresença de ulceraçpresença de ulceração corneal !ão corneal !ão corneal !ão corneal ! 
O uso de anestésicos tópicos para fins diagnósticos é seguro; entretanto, como eles são 
tóxicos para o epitélio corneal, seu uso no tratamento está contra-indicado. 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 10 
3333.3.3.3.3 CCCCERATITE ERATITE ERATITE ERATITE SSSSUPERFICIAL UPERFICIAL UPERFICIAL UPERFICIAL CCCCRÔNICA RÔNICA RÔNICA RÔNICA (P(P(P(PANNUS DO ANNUS DO ANNUS DO ANNUS DO PPPPASTOR ASTOR ASTOR ASTOR AAAALEMÃOLEMÃOLEMÃOLEMÃO)))) 
 A ceratite superficial crônica (CSC) é uma enfermidade inflamatória, progressiva e bilateral que afeta a córnea 
superficial dos pastores alemães, pastores belgas e mestiços destas raças. 
 
 3.3.1 ETIOLOGIA E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
 Sua etiologia não é bem conhecida, mas se sabe que é uma doença imunemediada, na qual a radiação ultravioleta, 
a poeira e o vento são fatores predisponentes. Acredita-se que possa existiruma hipersensibilidade a proteínas corneais 
induzida por esses fatores. A idade de aparecimento varia entre 2 e 7 anos. 
 A análise histológica revela infiltrado de linfócitos, plasmócitos e vasos sanguíneos no estroma superficial. A 
enfermidade caracteriza-se clinicamente pelo crescimento bilateral de um tecido conjuntivo vascular subepitelial, que se 
origina no limbo, geralmente no quadrante temporal inferior da córnea. Com o passar do tempo e sem tratamento, há 
invasão total da córnea e cegueira. 
 A CSC apresenta evolução clínica em duas etapas distintas: uma fase apresenta sinais clínicos de irritação aguda, 
como lacrimejamento e blefarospasmo, na qual predomina o crescimento infiltrativo; esta fase é seguida por uma fase 
de remissão dos sinais inflamatórios, caracterizada pelo depósito melânico na córnea. Estas duas etapas se alternam de 
acordo com a mudança das estações, agudizando no outono e primavera; desta forma, o quadro não sara e a seqüela 
pigmentar é mais severa após cada agudização. 
 
3.3.2 CLASSIFICAÇÃO 
A. CATEGORIA A: pacientes na etapa aguda ou ativa, com sinais inflamatórios evidentes; 
B. CATEGORIA S: pacientes na etapa sequelar, com depósitos pigmentares e sem sinais inflamatórios agudos. 
 
 Os pacientes de ambas as categorias são divididos em subgrupos conforme se encontrem afetados 1, 2 ou 3 terços 
da superfície corneal, ou seja, pacientes A1, A2 ou A3 e S1, S2 ou S3. Com freqüência há o espessamento e 
avermelhamento da terceira pálpebra, que corresponde ao desenvolvimento de infiltrado linfoplasmocitário. 
 
3.3.2 TRATAMENTO 
 Os melhores resultados são obtidos na combinação de corticóides tópicos, subconjuntivais e/ou sistêmicos, de acordo 
com o grau de afecção, com ciclosporina tópica 3 vezes ao dia. A ciclosporina apresenta efeitos benéficos também sobre 
a remissão da pigmentação corneal, retardando a indicação de realizar ceratectomia superficial, necessária para os 
pacientes S2 e S3. 
 
3333.4.4.4.4 DDDDISTROFIASISTROFIASISTROFIASISTROFIAS E DEGENERAÇÕES CORNEE DEGENERAÇÕES CORNEE DEGENERAÇÕES CORNEE DEGENERAÇÕES CORNEANAS ANAS ANAS ANAS 
 As degenerações e distrofias corneanas exibem característica similares, mas representam diferentes processos 
patológicos. As degenerações são o resultado de inflamações locais e podem estar associadas com desordens sistêmicas, 
assim como com processos senis. As distrofias são desordens do desenvolvimento, freqüentemente hereditárias, que 
afetam a córnea axial prejudicando a visão. Segundo as camadas da córnea acometidas, as distrofias podem ser 
subdivididas em: epiteliais, estromais (anterior e posterior) e endoteliai. 
 3.4.1 DISTROFIA EPITELIAL 
 A distrofia epitelial é provavelmente a responsável pela síndrome da erosão corneana refratária. As erosões 
epiteliais refratárias, úlceras persistentes, erosão recorrente, úlceras indolentes e úlceras do Boxer são denominações 
para as úlceras superficiais, que tendem à recorrência. 
 Nas úlceras refratárias as lesões são devidas à separação entre o epitélio corneano e o estroma, provavelmente 
por defeitos em hemidesmossomos juncionais entre as células basais do epitélio e suas membrana basal. Esta condição 
foi originalmente descrita em cães da raça Boxer e, provavelmente, se dá em outras raças. 
O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, na história e no exame oftálmico. Muitos animais apresentam-se, 
inicialmente, com dor ocular aguda, evidenciada por fotofobia e blefaroespasmo. As úlceras ocorrem espontaneamente 
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sem nenhuma história de trauma prévio; são caracterizadas por seu curso crônico, natureza superficial, falta de 
vascularização e de outros sinais inflamatórios. O edema pode ser discreto a moderado e as bordas da úlcera 
usualmente encontram-se irregulares. 
A terapia usual para as úlceras refratárias consiste no debridamento do epitélio não aderido, com ou sem 
agentes químicos. A remoção deste favorece a multiplicação de epitélio adjacente e a produção de uma nova membrana 
basal e hemidesmossomos. Os antibióticos tópicos de amplo espectro estão indicados na profilaxia de infecções 
bacterianas. A atropina a 1% tópica é usada para amenizar a dor produzida pela uveíte reflexa. 
 
 3.4.2 DISTROFIAS E DEGENERAÇÕES ESTROMAIS 
 A lipidose corneana é uma degeneração freqüente na córnea de cães idosos. Nos Pastores Alemães tem sido 
associada à hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. A lipidose também se manifesta como uma distrofia corneana 
bilateral em Poodles toy e miniaturas jovens, nos Afghan Hounds e em outras raças. São evidenciados depósitos 
brancos, de translucentes a opacos, usualmente localizados no estroma corneano anterior. A neovascularização, nestes 
casos, pode eventualmente estar presente. 
Há casos que estes depósitos induzemuinflamação corneana superficial severa. Se a lipidose interferir na visão 
ou permitir que haja desconforto, a ceratectomia superficial está indicada, visando a remoção integral ou parcial da 
lesão. Recorrências pós ceratectomia são habitualmente infreqüentes. 
 
 3.4.3 DISTROFIA ENDOTELIAL 
As distrofias endoteliais têm sido descritas no Boston terrier, Dachshund e Chihuahua. A condição acomete 
geralmente os cães idosos e manifesta-se com sinais de edema de lenta progressão inicialmente na córnea axial. Outros 
sinais oculares são em geral inexistentes. Com a progressão, podem ocorrer vascularização, pigmentação e ceratite 
bolhosa. 
O edema de córnea pode ser minimizado pela instilação de agentes hipertônicos como o cloreto de sódio em 
concentrações variáveis de 2 a 5 %, ou glicose em solução hipertônica. Apesar dos benefícios obtidos com estas 
soluções, alguns pacientes podem se tornar desconfortáveis pela irritação produzida por eles. Nestes casos recomenda-se 
interromper o seu uso. 
 
 3.4.4 "FLORIDA SPOTS" 
Opacidades corneanas em animais que habitam climas tropicais e subtropicais foram recentemente descritas no 
cão e no gato. As lesões, que passaram a ser denominadas "Florida spots", são caracterizadas por opacificações de 
brancas ou branco-acinzentadas, de tamanhos variados, circunscritas e multifocais, encontradas no estroma corneano. 
Aparecem espontaneamente, sem sinais inflamatórios e sem tendência à progressão ou à recuperação. A visão é 
raramente afetada. Estudos realizados para identificação da etiologia não têm tido resultados satisfatórios, apesar de 
existirem alguns relatos de identificação de bactérias ácido-álcool resistentes. Esta lesão não responde a qualquer tipo de 
tratamento. 
 
 
4444 DDDDOENÇAS DO OENÇAS DO OENÇAS DO OENÇAS DO AAAAPARELHO PARELHO PARELHO PARELHO LLLLACRIMALACRIMALACRIMALACRIMAL 
4.14.14.14.1 AAAANATOMIA E NATOMIA E NATOMIA E NATOMIA E FFFFISIOLOGIAISIOLOGIAISIOLOGIAISIOLOGIA 
 4.1.1 GLÂNDULAS LACRIMAIS 
 
 Cães e gatos possuem duas glândulas lacrimais: a orbital e a nictitante, cada qual produzindo 
aproximadamente metade do volume da lágrima. 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 12 
 A GLÂNDULA NICTITANTEGLÂNDULA NICTITANTEGLÂNDULA NICTITANTEGLÂNDULA NICTITANTE é a glândula lacrimal da terceira pálpebra, localizada ao redor da cartilagem vertical da 
membrana nictitante. A GLÂNDULA LACRIMAL ORGLÂNDULA LACRIMAL ORGLÂNDULA LACRIMAL ORGLÂNDULA LACRIMAL ORBITALBITALBITALBITAL localiza-se em posição dorso-lateral ao globo, diretamente abaixo 
do processo zigomático do osso frontal. 
 A inervação parassimpática das glândulas lacrimais origina-se no nervo trigêmio, cruza através do ouvido 
interno com o nervo facial e distribui-se superficialmente como divisões do nervo facial. Estímulos dolorosos ou irritantes 
à córnea e/ou conjuntiva e anexos aumentam a produção de lágrima, enquanto que anestesia, atropina e algumas 
drogas (sulfonamidas) diminuem a produção. 
 
 4.1.2 FILME LACRIMAL 
 Além de manter a córnea e a conjuntiva úmidas e limpas,o filme lacrimal as mantém supridas com nutrientes 
(proteínas essenciais, aminoácidos, vitaminas, fatores hormonais de crescimento epitelial), uma vez que a córnea 
avascular depende dos nutrientes da lágrima para seu metabolismo. Além disso, a lágrima ainda oferece proteção 
passiva, já que possui lisozimas, IgA e IgE. 
 As pálpebras espalham o filme lacrimal sobre a superfície do globo, mantendo sua espessura constante ao redor 
de 0,01 mm. 
 O filme lacrimal tem três camadas transparentes de fluido: uma camada mais externa, LIPÍDICALIPÍDICALIPÍDICALIPÍDICA, produzida pelas 
glândulas sebáceas do bordo palpebral (Meibomius), que tem por função reduzir a evaporação. A camada intermediária, 
a maior, é a camada AQUOSAAQUOSAAQUOSAAQUOSA, produzida pelas glândulas lacrimais e com funções de proteção e nutrição. A camada mais 
interna, MUCOSAMUCOSAMUCOSAMUCOSA, que continua gradualmente a partir da camada aquosa, é produzida pelas células epiteliais caliciformes 
da conjuntiva. Esta camada hidrófila serve como um adesivo entre as microvilosidades do epitélio corneal e a camada 
aquosa do filme lacrimal. 
 O excesso de fluxo lacrimal é drenado via PONTOS LACRIMAISPONTOS LACRIMAISPONTOS LACRIMAISPONTOS LACRIMAIS (puncta), localizados a 6-10 mm do canto medial, 
na conjuntiva dentro dos bordos palpebrais superior e inferior, passando pelos DUCTOS NASOLACRIMAISDUCTOS NASOLACRIMAISDUCTOS NASOLACRIMAISDUCTOS NASOLACRIMAIS até a narina ou, 
em algumas raças, até nasofaringe. A obstrução dos ductos nasolacrimais ou a superprodução de lágrima produz epífora 
e leva à formação de faixa lacrimal (pêlos molhados e manchados de cor de ferrugem – devido à presença da proteína 
ferritina na lágrima – no trajeto por onde escorre a lágrima). 
 
4.24.24.24.2 CCCCERATOCONJUNTIVITE ERATOCONJUNTIVITE ERATOCONJUNTIVITE ERATOCONJUNTIVITE SSSSECA ECA ECA ECA (CCS)(CCS)(CCS)(CCS) 
 A ceratoconjuntivite seca ocorre quando a secreção de lágrima é deficiente e a córnea e a conjuntiva tornam-se 
ressecadas. A deficiência aquosa provoca excessiva secreção mucosa, conjuntivite bacteriana secundária, úlceras 
corneais recorrentes, pigmentação, vascularização e queratinização corneal e formação de cicatrizes corneais densas. 
Apesar de pouco comum, a CCS também pode ocorrer em gatos. 
 
 4.2.1 ETIOLOGIA 
 Apesar da lista de etiologias prováveis incluir distúrbios congênitos (alácrima congênita), neurológicos (paralisia 
do nervo facial), virais (cinomose), induzidos por drogas (sulfonamidas), na maioria dos casos, a etiologia é considerada 
como idiopática ou imuno-mediada. 
 A sorologia de cães com CCS freqüentemente identifica positivamente fatores reumatóides, anticorpos 
antinucleares e hipergamaglobulinemia. 
 A biópsia das glândulas lacrimais revela infiltração multifocal ou difusa de células mononucleares, com graus 
variáveis de fibrose e atrofia. Entretanto, muitas glândulas apresentam poucas lesões inflamatórias focais, com grandes 
áreas de tecido acinar aparentemente normais, mas com número reduzido de grânulos secretores nas células acinares. 
 
 4.2.2 SINAIS CLÍNICOS 
� DESCARGA OCULAR MUCOSA A MUCOPURULENTA é o sinal clínico característico. O crescimento bacteriano secundário 
pode ser considerado erroneamente como o problema principal, fazendo com que o diagnóstico de CCS seja 
subestimado ou não considerado. Se isto ocorre, o cão fará episódios recorrentes de conjuntivite, interminavelmente. 
� BLEFARITE e CONJUNTIVITE ocorrem com hiperemiahiperemiahiperemiahiperemia, quemose, engrossamento da conjuntiva, crostas periquemose, engrossamento da conjuntiva, crostas periquemose, engrossamento da conjuntiva, crostas periquemose, engrossamento da conjuntiva, crostas peri----ocularesocularesocularesoculares e 
pruridopruridopruridoprurido. 
� CÓRNEA OPACA ou EMBAÇADA devido à formação de cicatrizes corneais de severidade variável. Os sinais de 
cicatrização incluem vascularização, pigmentação, granulação de superfície, queratinizaçãovascularização, pigmentação, granulação de superfície, queratinizaçãovascularização, pigmentação, granulação de superfície, queratinizaçãovascularização, pigmentação, granulação de superfície, queratinização e fibrosefibrosefibrosefibrose. A cicatrização é 
mais severa em cães exoftálmicos e em animais muito pigmentados. 
� CEGUEIRA ocorre comumente devido à opacificação corneal. 
� ÚLCERAS SUPERFICIAIS OU PROFUNDAS podem ocorrer principalmente em casos de CCS aguda, nas quais a córnea não 
tenha se tornado engrossada ou queratinizada. 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 13 
� DOR OCULAR (fotofobia, blefarespasmo, esfregar os olhosfotofobia, blefarespasmo, esfregar os olhosfotofobia, blefarespasmo, esfregar os olhosfotofobia, blefarespasmo, esfregar os olhos) é variável e geralmente indica a presença de úlcera 
corneal. 
 
 4.2.3 DIAGNÓSTICO 
 
ATENÇÃO: A CCS é a causa mais comum de conjuntivite em cães. Casos mal diagnosticados e tratados com qualquer 
medicação tópica irão apresentar melhora temporária. SUSPEITAR DE CCS EM TODOS OS CASOS DE CONJUNTIVITE, CERATITE 
OU ÚLCERAS DE CÓRNEA CRÔNICAS OU RECORRENTES. 
 
 O teste da lágrima de Schirmer (TLS) é indicado em todos os casos suspeitos de CCS, mesmo quando a córnea 
não parece seca. Casos de CCS tipicamente produzem menos de 10mm/minuto, com a maioria dos casos produzindo 
menos de 5mm/minuto. 
 O diagnóstico de CCS é feito quando há baixos valores do TLS com conjuntivite mucopurulenta, inflamação 
corneal, ulceração ou pigmentação. 
 
 4.2.4 TRATAMENTO 
 O tratamento tradicional era baseado na reposição da lágrima reposição da lágrima reposição da lágrima reposição da lágrima, conservação da lágrimaconservação da lágrimaconservação da lágrimaconservação da lágrima e estimulação estimulação estimulação estimulação 
neurológica da lágrimaneurológica da lágrimaneurológica da lágrimaneurológica da lágrima. Uma nova abordagem terapêutica usa um agente imunossupressor tópico, a ciclosporina (nome 
comercial: Optimmune®), que se propõe a reverter a destruição imuno-mediada da glândula lacrimal e restaurar a 
produção normal de lágrima. 
 
 
TTTTRATAMENTO COM RATAMENTO COM RATAMENTO COM RATAMENTO COM CCCCICLOSPORINA ICLOSPORINA ICLOSPORINA ICLOSPORINA TTTTÓPICAÓPICAÓPICAÓPICA 
 É o tratamento inicial de escolha para a CCS, tendo respostas positivas mesmo naqueles casos associados com 
paralisia do nervo facial, toxicidade por sulfonamida e até mesmo por remoção da glândula lacrimal nictitante. A 
ciclosporina é um inibidor de células T, não citotóxico (reversível), que foi utilizada primeiramente no combate à rejeição 
em transplante de órgãos. 
 
 VANTAGENS DA CICLOSPORINA: 
• Produção de lágrimas naturaisProdução de lágrimas naturaisProdução de lágrimas naturaisProdução de lágrimas naturais: a ciclosporina aparentemente interrompe o processo patológico nas glândulas 
lacrimais, permitindo o retorno à produção de lágrima. Como as lágrimas contêm anticorpos, vitaminas, 
aminoácidos, mucina, hormônios reguladores do crescimento epitelial e muitos outros constituintes 
necessários para a saúde da córnea, a produção de lágrima sempre será vantajosa sobre as lágrimas artificiais, 
que somente servem como hidratantes. 
• Efeitos antiinflamatóriosEfeitos antiinflamatóriosEfeitos antiinflamatóriosEfeitos antiinflamatórios: a ciclosporina reduz a vascularização, granulação e a pigmentação corneal e a 
inflamação conjuntival (similar à ação dos corticosteróides), sem, entretanto, ativar a colagenase e podendo 
ser utilizada mesmo em presença de úlceras corneais. 
• Freqüência de dosagemFreqüência de dosagemFreqüência de dosagemFreqüência de dosagem: a freqüência de aplicação é de 2 vezes ao dia, em ambos os olhos, muito menor do 
que a freqüência das lágrimas artificiais (8 a 12 vezes ao dia). 
 
MODO DE USO 
• Aplicar ciclosporina 2 vezes ao dia, em ambos os olhos. Antibiótico tópico de amplo espectro 
(neomicina/bacitracina) pode ser usado 4 vezes ao diapor 2 semanas, para diminuir a conjuntivite bacteriana 
secundária. 
• O paciente deve ser reavaliado, observando os sinais clínicos e TLS, 2-4 semanas após o início do tratamento 
e, após, mensalmente até a obtenção do controle clínico. 
� Se não houver melhora em 6 semanas de tratamento, aumentar a dosagem para cada 8 horas; 
� Se a TLS for maior de 20 mm/minuto na reavaliação, diminuir para uma vez ao dia ou até para dias 
alternados, se for efetiva; 
� Se o tratamento for interrompido por 24 horas, os sinais recorrem em 90% dos casos. 
 TAXA DE RESPOSTA 
• Doença em estágio final pode não ser revertida. 
• Cerca de 70% dos casos respondem positivamente ao tratamento em 2-4 semanas. 
• Outros 10-15% respondem à terapia a longo prazo (mais de 8 semanas). 
• 10-15% não respondem com produção de lágrima, mas mostram resolução das cicatrizes corneais e 
conjuntivite mucosa. 
• 10% não mostram nenhum benefício clínico, devendo utilizar os métodos convencionais de tratamento. 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 14 
• O aumento da produção de lágrima em resposta à ciclosporina está relacionado com o TLS inicial: animais 
com TLS inicial >2mm/minuto têm aumento de resposta (87-100% dos casos) maior do que aqueles com 
TLS <2mm/minuto (29-59% dos casos). 
 
TTTTRATAMENTO RATAMENTO RATAMENTO RATAMENTO TTTTRADICIONALRADICIONALRADICIONALRADICIONAL 
A. LÁGRIMAS ARTIFICIAIS 
Contêm compostos celulósicos que aumentam a viscosidade da lágrima e a tensão de superfície, aumentando o 
tempo de lubrificação da superfície ocular. A aplicação deve ser tão freqüente quanto possível, dependendo da 
gravidade do quadro (de 4 a 12 vezes ao dia). Nome comercial: Lacrima Plus® 
B. ESTIMULANTE DA LÁGRIMA 
 Pilocarpina 2%, na dose de 1 gota/5 kg de peso, 2 vezes ao dia, na hora das refeições, pode ser usada para 
aumentar o estímulo parassimpático à glândula lacrimal e maximizar a sua produção. Se a dosagem inicial for 
inefetiva, pode ser aumentada em uma gota por dia até a obtenção do efeito ou manifestação de sinais de 
toxicidade (hipersalivação, vômito e diarréia; em overdose, bradicardia e morte). O tratamento deve ser a longo 
prazo e cerca de 20% dos pacientes respondem positivamente. 
C. MUCOLÍTICOS 
 Acetilcisteína 5% (nome comercial: Fluimucil®), diluído a 1:1 em lágrima artificial. Pode ser aplicado topicamente 1 a 
2 vezes ao dia para reduzir a acumulação mucosa no olho. 
D. ANTIBIÓTICOS TÓPICOS 
 Devem ser usados quando houver úlceras corneais ou quando há conjuntivite bacteriana secundária (descarga 
ocular purulenta). 
E. CORTICOSTERÓIDES TÓPICOS 
 Só em casos de grande necessidade, para reduzir sinais inflamatórios. Não deve ser usado em presença de úlceras de 
córnea. 
F. TRATAMENTO CIRÚRGICO 
 Transposição do ducto parotídeo. O olho passa a ser irrigado com saliva. Algumas desvantagens são: o volume 
produzido, que pode ultrapassar a capacidade de drenagem do sistema nasolacrimal, dermatites peri-oculares e o 
fato de o animal “chorar” quando vê comida. 
 
 
5555 DDDDOENÇAS DA OENÇAS DA OENÇAS DA OENÇAS DA LLLLENTE ENTE ENTE ENTE (C(C(C(CRISTALINORISTALINORISTALINORISTALINO)))) 
5.15.15.15.1 AAAANATOMIANATOMIANATOMIANATOMIA E E E E FFFFISIOLOGIAISIOLOGIAISIOLOGIAISIOLOGIA 
 O cristalino é um órgão intra-ocular, totalmente transparente, biconvexo, que tem por função regular o foco da 
luz na retina. Ele é composto por uma CÁPSULA EXTERNA ELÁSCÁPSULA EXTERNA ELÁSCÁPSULA EXTERNA ELÁSCÁPSULA EXTERNA ELÁSTICATICATICATICA, sendo que a porção anterior desta cápsula é mais 
espessa que a posterior e torna-se mais espessa e mais densa com a idade. 
Sob a cápsula anterior estão localizadas CÉLULAS EPITELIAIS GCÉLULAS EPITELIAIS GCÉLULAS EPITELIAIS GCÉLULAS EPITELIAIS GERMINATIVASERMINATIVASERMINATIVASERMINATIVAS. Estas células migram para a periferia 
e alongam-se, anterior e posteriormente na região equatorial. Este arranjo regular garante a transparência do cristalino. 
Esse processo ocorre durante toda a vida do animal, mas diminui de ritmo à medida que ele envelhece. As fibras 
cristalinianas tornam-se mais longas e são formadas ao redor do NÚCLEONÚCLEONÚCLEONÚCLEO embrionário, em um arranjo que lembra uma 
cebola. As LINHAS DE FECHAMENTOLINHAS DE FECHAMENTOLINHAS DE FECHAMENTOLINHAS DE FECHAMENTO (ou de sutura) formam-se onde as fibras se encontram, criando na face anterior do 
cristalino uma figura de Y e, na face posterior, a figura de Y invertido. Desta maneira, o núcleo fetal desenvolve-se ao 
redor do núcleo embrionário e o núcleo adulto é formado ao redor do núcleo fetal. As células mais jovens que estão ao 
redor do núcleo constituem o córtex. 
 Os núcleos centrais ficam gradualmente escleróticos, especialmente devido à diminuição da quantidade de 
proteínas hidrossolúveis e da percentagem de água. Isto leva a um aumento fisiológico da densidade dos três núcleos do 
cristalino em animais a partir dos 6 anos de idade, que é chamada de esclerose nuclear. 
 O cristalino está suspenso pelas fibras zonulares, que emergem do corpo ciliar e prendem a cápsula da lente na 
região do seu equador, em uma ligação muito firme. A cápsula posterior do cristalino está firmemente ligada ao vítreo. 
 O cristalino não tem suprimento sangüíneo próprio. Todas as substâncias metabolicamente importantes são 
liberadas e removidas via aquoso, através da cápsula. A fonte energética mais importante é a glicose, metabolizada por 
vários sistemas enzimáticos. 
 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 15 
5.25.25.25.2 CCCCATARATAATARATAATARATAATARATA 
 A catarata é uma opacidade do cristalino resultante de alterações patológicas na composição das proteínas do 
cristalino ou na ruptura da organização das suas fibras. DEVE SER DIFERENCIADA DA ESCLEROSE NUCLEAR, que é uma 
alteração senil da compressão fisiológica das fibras do cristalino. 
 A perda da transparência das fibras é, quase sem exceções, irreversível. 
 5.2.1 ETIOLOGIA 
A. HEREDITÁRIA 
É a causa mais comum de catarata no cão. A localização, progressão e o modo de herança das cataratas variam 
entre as raças. A maioria das cataratas hereditárias é bilateral, mas com início e progressão assimétricas. Raças com 
predisposição genética comprovada incluem Beagle, Collie, Cocker Spaniel, Dachshund, Bulldog francês, Bulldog 
inglês, Dogue alemão, Labrador, Pointer, Poodle, Rottweiler, Sheepdog, entre várias outras. 
B. INFLAMATÓRIA 
Causa comum de catarata no gato. Como a lente necessita do aquoso e do vítreo para nutrição e remoção de 
resíduos metabólicos, a inflamação intra-ocular pode resultar em opacidade capsular e cortical, já que há alterações 
na qualidade do humor aquoso formado, o que pode interromper o metabolismo normal das células do cristalino, 
resultando em morte celular e opacificação. A sinéquia posterior por uveíte anterior pode resultar em catarata na 
cápsula anterior do cristalino. 
C. METABÓLICA 
A diabete mellitus, em cães, resulta freqüentemente em cataratas bilaterais de início e evolução rápida (dias a 
semanas), devido a um desvio das rotas metabólicas. Pelo alto conteúdo de glicose no humor aquoso, há um desvio 
da rota metabólica normal (via da hexoquinase), ocorrendo uma via alternativa, a da aldose redutase, com 
produção de sorbitol. O sorbitol atua como agente osmóstico, aumentando o influxo de líquidos para dentro do 
cristalino e, depois, levando à ruptura das fibras do cristalino. 
D. TRAUMÁTICA 
Trauma fechado severo ao olho pode resultar em formação de catarata pelo efeito concussivo, ou secundário à 
inflamação e/ou luxação do cristalino. Lesões penetrantes que atinjam a cápsula anterior do cristalino (por exemplo, 
unhada de gato) resultam em catarata focal ou difusa, dependendo da severidade do ferimento capsular. A uveíte 
pode ocorrer secundariamente à ruptura da cápsula do cristalino e exposição do material antigênico (proteínas do 
cristalino). 
E. NUTRICIONALCães e gatos filhotes, alimentados exclusivamente por fórmulas substitutas do leite materno que sejam deficientes em 
aminoácidos (especialmente arginina), podem desenvolver cataratas bilaterais. 
F. TÓXICA 
Choque elétrico, terapia de radiação envolvendo a região ocular e algumas drogas têm sido relacionadas como 
causas de cataratas. 
 
 5.2.2 SINAIS CLÍNICOS E DIAGNÓSTICO 
� O sinal clínico característico É QUALQUER OPACIDADE EM QUALQUER POSIÇÃO DO CRISTALINO OU SUA CÁPSULA, observada 
após a dilatação da pupila. 
� O grau de COMPROMETIMENTO VISUAL é dependente da extensão da catarata em um ou ambos os olhos. 
 
ATENÇÃO: as cataratas devem ser distinguidas da esclerose nuclear. A esclerose nuclear tem aspecto de uma névoa, 
bilateralmente simétrica, bem-definida e homogênea, do centro do cristalino, observada em animais com mais de 6 
anos. A ESCLEROSE NÃO É UMA OPACIDADE VERDADEIRA, NÃO IMPEDE A VISUALIZAÇÃO E EXAME DO FUNDO DE OLHO OU 
CAUSA OBSTÁCULO VISUAL CLINICAMENTE SIGNIFICATIVO. 
 
 Para o exame ocular, a pupila DEVE ser dilatada (tropicamida 1% – dá efeito em 15 minutos e por somente 6 
horas, não 24 h, como a atropina), porque muitas das alterações mais significativas ocorrem na periferia extrema (zona 
equatorial). 
 
 5.2.3 ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO 
A. INCIPIENTE 
Opacidades focais ou multifocais do cristalino, sem causar perda clínica da visão e não impedindo o reflexo tapetal 
ou a visualização do fundo. 
B. IMATURA 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 16 
Opacidade significativa do cristalino. O reflexo tapetal permanece, mas a visualização do fundo é incompleta. A 
visão pode ser afetada, dependendo da extensão do envolvimento do cristalino. 
C. MADURA 
Opacidade densa do cristalino, sem reflexo tapetal ou visualização do fundo, resultando em perda total de visão no 
olho afetado. 
D. HIPERMADURA 
À medida que as proteínas do cristalino se degeneram e liquefazem, o cristalino torna-se menor no eixo anterior-
posterior, resultando em enrugamento da cápsula anterior e no aprofundamento da câmara anterior do olho. 
E. EM REABSORÇÃO 
À medida que as proteínas do cristalino se degeneram e liquefazem, elas podem extravazar através da cápsula. Isto é 
geralmente associado com cataratas hipermaduras, mas também pode ocorrer com cataratas maduras ou imaturas. 
Um cristalino em reabsorção tem quantidades variadas de córtex liquefeito e claro, com o restante do material do 
cristalino freqüentemente assumindo uma aparência brilhante. Apesar de em alguns animais a reabsorção 
significativa do cristalino permitir uma volta da visão, o processo geralmente resulta em uveíte moderada a severa, 
devido à antigenicidade das proteínas extravasadas. Os cães podem mostrar uma série de sinais clínicos típicos de 
uveíte (descarga ocular, vermelhidão do olho, fotofobia, hipotonia, etc). 
 
 5.2.4 TRATAMENTO 
 Exclusivamente cirúrgico. Trata-se de uma cirurgia eletiva, em que devem ser avaliados com o proprietário: os 
riscos cirúrgicos, o custo e a habilidade do animal permanecer adaptado em seu meio sem a visão. Cataratas imaturas 
extensas já têm indicação para a extração cirúrgica; as cataratas maduras em geral apresentam endurecimento que 
dificulta sua extração por facoemulsificação. 
 Exceções são as cataratas traumáticas que liberem material nuclear para a câmara anterior, que incitam uveíte 
severa e que, por isso, têm indicação de remoção o quanto antes. 
 A taxa de sucesso varia de acordo com a presença pré-existente de uveíte ou glaucoma. Os melhores resultados 
são obtidos com o método de facoemulsificação, o qual requer instrumental especializado e muito caro, disponível só 
em centros de referência. O método cirúrgico mais empregado é a extração extra-capsular, no qual são removidas a 
parte central da cápsula anterior do cristalino e o núcleo, deixando-se a cápsula posterior presa ao vítreo. 
 As complicações da cirurgia de extração da catarata podem ocorrer de uma semana a diversos anos pós-
cirurgia; os pacientes devem ser avaliados pelo menos a cada 6 meses. 
 As complicações imediatas incluem uveíte anterior, glaucoma e descolamento de retina; as complicações a 
longo prazo são: uveíte crônica, glaucoma, lesão endotelial corneal com edema de córnea (que leva à opacificação da 
córnea, que pode tornar-se permanente), opacificação da cápsula posterior, sinéquia posterior e descolamento de retina. 
 
 
6666 DDDDOENÇAS DA OENÇAS DA OENÇAS DA OENÇAS DA ÚÚÚÚVEAVEAVEAVEA 
6.16.16.16.1 AAAANATOMIA E NATOMIA E NATOMIA E NATOMIA E FFFFISIOLOGIAISIOLOGIAISIOLOGIAISIOLOGIA 
A úvea é a túnica vascular pigmentada do olho. Possui três componentes principais: a ÍRISÍRISÍRISÍRIS, o CORPO CILIARCORPO CILIARCORPO CILIARCORPO CILIAR e a 
CORÓIDECORÓIDECORÓIDECORÓIDE. A principal função da úvea é satisfazer a demanda metabólica do olho; além disso, a íris regula a quantidade 
de luz que chega à retina; o corpo ciliar produz o humor aquoso e regula o processo de acomodação do cristalino. 
 
 6.1.1 ÍRIS 
A íris forma um diafragma variável do olho, localizado em um plano perpendicular ao eixo visual do olho. A íris 
divide o espaço anterior ao cristalino em câmara anterior e câmara posterior. A pupila, no centro da íris, é redonda nos 
cães e forma uma fenda vertical quando em miose e redonda em midríase, nos felinos. Na base da íris há um círculo 
arterial tortuoso, particularmente proeminente em gatos, suprido pelas duas artérias ciliares posteriores; trauma, 
inflamação ou cirurgia nesta região resultará em hiperemia ou hemorragia. 
O MÚSCULO ESFÍNCTER DAMÚSCULO ESFÍNCTER DAMÚSCULO ESFÍNCTER DAMÚSCULO ESFÍNCTER DA PUPILA PUPILA PUPILA PUPILA, que tem inervação parassimpática (III par craniano), fica diretamente 
adjacente à borda da pupila. O MÚSCULO DILATADORMÚSCULO DILATADORMÚSCULO DILATADORMÚSCULO DILATADOR tem inervação simpática. 
A cor da íris varia do marrom ao amarelo-ouro e do verde ao azul, dependendo da quantidade de pigmento na 
sua face anterior e no epitélio pigmentar posterior. Se o pigmento está ausente na face anterior, mas presente na face 
posterior, a íris parece azul. 
 
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 6.1.2 CORPO CILIAR 
O corpo ciliar começa atrás da íris e continua até a ora serrata da retina. É aproximadamente triangular, 
dividido em duas porções, a porção plana caudal (pars plana) e a porção anterior espessa (pars plicata); esta última tem 
muitas projeções conhecidas como PROCESSOS CILIARESPROCESSOS CILIARESPROCESSOS CILIARESPROCESSOS CILIARES, que são os órgãos secretores do humor aquoso. As duas 
camadas de seu epitélio estão firmemente aderidas e contêm junções firmes que formam a BARREIRA HEMATOBARREIRA HEMATOBARREIRA HEMATOBARREIRA HEMATO----AQUOSAAQUOSAAQUOSAAQUOSA. 
Estas camadas circulam um estroma ricamente vascularizado, da onde deriva o sangue para a formação do aquoso. 
Anteriormente, o corpo ciliar se funde com a íris. Na sua base estão as fibras do músculo ciliar. A irritação 
destes músculos (por uveíte ou por lesão corneal) resulta em espasmo do músculo ciliar, muito doloroso. 
 
 6.1.3 CORÓIDE 
 A coróide é a camada de vasos que se estende entre a papila óptica e a ora serrata da retina, responsável pelo 
suporte metabólico dos cones e bastonetes. As camadas celulares que ficam na retina neural (as que conectam as células 
ganglionares e as fibras nervosas) são supridas principalmente pelos vasos retinianos. A coróide é suprida pelas artérias 
ciliares posteriores. Normalmente o interstício da coróide é preenchido por um denso pigmento que, juntamente com o 
epitélio pigmentar da retina, sobre ele, resulta em uma estrutura bastante pigmentada, vista pela oftalmoscopia. A 
maioria do fundo do olho tem esta característica que funciona para absorver a luz que se espalhou (tapetum nigrum ou 
região não-tapetal). No fundo do olho fica uma estrutura refletora brilhante, aproximadamente triangular,oval ou 
arredondada, que se estende dorsalmente, que varia em tamanho e cor, geralmente menor que um terço do olho 
(tapetum lucidum ou região tapetal). 
 
 
6.26.26.26.2 UUUUVEÍTE VEÍTE VEÍTE VEÍTE AAAANTERIOR NTERIOR NTERIOR NTERIOR (I(I(I(IRIDOCICLITERIDOCICLITERIDOCICLITERIDOCICLITE)))) 
 Uveíte anterior é a inflamação da úvea anterior (íris e corpo ciliar). A uveíte anterior (UvA) é associada com dor 
e tem seqüelas sistêmicas e oftálmicas potencialmente severas. 
 6.2.1 ETIOLOGIA 
 As causas de uveíte anterior são numerosas, muitas delas sistêmicas. Se nenhuma causa ocular de uveíte puder 
ser determinada, alguma doença sistêmica deve ser considerada, independente da uveíte ser uni ou bilateral. 
 
A. ULCERAÇÃO CORNEAL 
Freqüentemente resulta em UvA reflexa. A uveíte ocorre como resultado da estimulação do ramo oftálmico do V 
nervo cranial e não indica ceratite infecciosa. 
B. TRAUMA 
Pode resultar em UvA como resultado de uma penetração direta do globo ou de um efeito concussivo. A uveíte pode 
ser associada com outras anormalidades oftálmicas pós-traumáticas, tais como ulceração corneal, hifema, luxação do 
cristalino, descolamento de retina, proptose e ruptura de globo. 
C. CAUSAS INFECCIOSAS 
Incluem fungos (blastomicose, criptococose, histoplamose, coccidioidomicose, aspergilose), riquétsias (Ehrlichia), 
toxoplasmose, PIF, FIV, FeLV, bacteremia/septicemia, brucelose, cinomose, hepatite infecciosa canina, prototecose, 
leptospirose, leishmaniose, entre vários outros. Estes organismos resultam em UvA por infecção direta do olho, 
resposta imunomediada ou por endotoxinas circulantes. Muitos destes agentes também levam ao envolvimento do 
segmento posterior (coróide e retina – coriorretinite). A infecção direta do olho pode ocorrer a partir de um trauma 
penetrante ou por via hematógena. Apesar da UvA ser comumente associada com causas infecciosas, o organismo 
geralmente não está presente no olho. 
D. UVEÍTE ANTERIOR INDUZIDA PELO CRISTALINO 
Resulta da ruptura traumática da cápsula do cristalino ou pelo extravasamento através da cápsula, como acontece 
nas cataratas hipermaduras em reabsorção. As proteínas do cristalino são antigênicas e, se liberadas, vão levar à 
uveíte anterior de branda a severa. 
E. UVEÍTE ANTERIOR AUTO-IMUNE 
Não associada com o extravasamento de proteínas do cristalino, é observada na síndrome úveo dermatológica (ou 
síndrome semelhante à Vogt-Koyanagi-Harada), que inclui uveíte anterior e posterior, vitiligo e poliose. 
 
 6.2.2 SINAIS CLÍNICOS 
� MIOSE: a pupila de diâmetro menor que o normal resulta da contração do músculo do esfíncter da íris. O espasmo do 
músculo do esfíncter da íris, junto com a musculatura do corpo ciliar, resulta em dordordordor, notada clinicamente como 
fotofobiafotofobiafotofobiafotofobia. 
UFSM − CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS – OOOOFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIAFTALMOLOGIA � 18 
� “AQUOUS FLARE” ou cintilação do aquoso resulta da ruptura da barreira hemato-aquosa, com extravasamento de 
proteínas plasmáticas (com ou sem células) para dentro do aquoso. É observado clinicamente como turbidez da 
câmara anterior (aspecto semelhante à visualização das partículas de poeira em um raio de sol). 
� HIPOTONIA é a diminuição da pressão intra-ocular (PIO) abaixo de 15-25 mmHg, como resultado da diminuição da 
produção do humor aquoso. 
� CÉLULAS são liberadas dentro da câmara anterior em uveítes severas. A resposta inflamatória celular (hipópio) pode 
ser polimorfonuclear ou granulomatosa. Também hemácias (hifema) ou células neoplásicas podem chegar à câmara 
anterior. 
� HIPEREMIA (VERMELHIDÃO) pode ser de origem conjuntival, episcleral e dos vasos da íris nos olhos com UvA. 
� OUTROS SINAIS incluem descarga oculardescarga oculardescarga oculardescarga ocular, blefarespasmoblefarespasmoblefarespasmoblefarespasmo e edema de córneaedema de córneaedema de córneaedema de córnea. 
 
 6.2.3 DIAGNÓSTICO 
 Na históriahistóriahistóriahistória, deve-se tentar detectar problemas prévios ou simultâneos que possam estar associados com uveíte, 
tanto oftálmicos como sistêmicos. 
 O exexexexame oftálmico ame oftálmico ame oftálmico ame oftálmico deve incluir: 
• Exame com luz direta, para avaliar tamanho e simetria pupilar e resposta pupilar à luz; observar presença de 
“aquous flare” ou presença de respostas celulares, bem como para avaliar a transparência da córnea, câmara 
anterior e cristalino. 
• Tonometria para avaliar a PIO. OS SINAIS CLÍNICOS DE UVEÍTE E GLAUCOMA SÃO SIMILARES E AMBOS PODEM ESTAR 
PRESENTES NO MESMO OLHO; POR ISSO, A DETERMINAÇÃO DA PIO É ESSENCIAL (no glaucoma, a PIO estará elevada 
a normal e na uveíte, estará diminuída). 
• Exame fúndico, para determinar se há envolvimento do segmento posterior. Se estiver presente chama-se 
panuveíte e é fortemente sugestivo de doença sistêmica, especialmente aquelas de natureza infecciosa. 
Hemorragia de retina, descolamento de retina, vasculite e infiltração celular granulomatosa ou neoplásica 
podem ser observados nesses casos. Se forem de natureza crônica, aparecerão como hiperrefletibilidade 
tapetal, agregação de pigmentos e despigmentação na região não tapetal, e atrofia dos vasos retinianos. 
• Fluoresceína deve ser usada para avaliar a possibilidade de úlceras corneais, que podem ser causa de uveíte 
anterior secundária. Se for o caso, a resolução da úlcera levará à resolução da uveíte. 
 
O exame físicoexame físicoexame físicoexame físico deve ser completo, incluindo avaliação da temperatura corporal, linfonodos, auscultação, 
palpação abdominal, etc. 
Exames laboratoriaisExames laboratoriaisExames laboratoriaisExames laboratoriais (hemograma, urinálise, bioquímica sérica, testes sorológicos) podem ser realizados naqueles 
casos em que a causa não pôde ser determinada clinicamente. 
 
 6.2.4 TRATAMENTO 
 
 Objetiva diminuir a inflamação e as seqüelas e eliminar a etiologia (quando esta foi determinada). 
 
A. NÃO ESPECÍFICOS 
• Midriáticos cicloplégicosMidriáticos cicloplégicosMidriáticos cicloplégicosMidriáticos cicloplégicos paralisam o esfíncter da íris e a musculatura do corpo ciliar. Isto diminui a dor associada 
com a UvA e a tendência à formação de sinéquia posterior. A droga de escolha é a atropina 1% 
(parassimpaticolítico). Deve ser administrada até o efeito (midríase), mas não excedendo 4 aplicações diárias 
(máximo efeito / mínimos efeitos colaterais). SE HOUVER GLAUCOMAGLAUCOMAGLAUCOMAGLAUCOMA, A ATROPINA ATROPINA ATROPINA ATROPINA ESTÁ CONTRA CONTRA CONTRA CONTRA----INDICADAINDICADAINDICADAINDICADA.... 
• AntiAntiAntiAnti----inflamatórios tópicosinflamatórios tópicosinflamatórios tópicosinflamatórios tópicos não ultrapassam a íris e corpo ciliar, o que limita seu efeito à câmara anterior do olho. 
� O agente que obtém a maior concentração intra-ocular dos CORTICÓIDES TÓPICOS é o Acetato de 
Prednisolona 1%. Também podem ser utilizados a Dexametasona Pomada 0,5% ou Dexametasona 
Solução 1%. A freqüência varia de acordo com a severidade da uveíte, variando de 1 a 6 vezes por dia. 
MESMO POR VIA TÓPICA, ESTES CORTICÓIDES SÃO ABSORVIDOS SISTEMICAMENTE E ALTERAM A FUNÇÃO ADRENAL. 
� Outra opção são os ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES tópicos, que podem ser usados como substitutos 
aos corticóides tópicos, quando estes estão contra-indicados (por exemplo, em casos de diabete mellitus), 
ou como complemento à terapia com corticóides. Eles também provocam atraso de cicatrização em 
úlceras corneais. Podem ser usados o Cetoprofeno ou o Flurbiprofeno, 4 vezes por dia. 
• AntiAntiAntiAnti----inflamatórioinflamatórioinflamatórioinflamatóriossss sistêmicos sistêmicos sistêmicos sistêmicos 
� CORTICÓIDES são indicados no tratamento da uveíte posterior e na UvA severa não infecciosa, em 
conjunto com corticóides tópicos. A dose depende da doença básica. Animais com síndrome úveo-
dermatológica devem receber dose imunossupressiva, mas na maior parte dos casos, dose anti-
inflamatória é suficiente (Prednisona, 1 mg/kg, VO

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