Buscar

Metodologia e Conteúdos Básicos de História e Geografia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 130 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 130 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 130 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2018
Metodologia e 
Conteúdos BásiCos de 
História e geografia
Prof. Carlos Odilon da Costa
Profª. Edith Weiduschat
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof. Carlos Odilon da Costa
Profª. Edith Weiduschat
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
C837m
 Costa, Carlos Odilon da
 
 Metodologia e conteúdos básicos de história e geografia. / Carlos 
Odilon da Costa; Edith Weiduschat – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 122 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0194-8
 1.História – Estudo e ensino – Brasil. 2.Geografia – Estudo e ensino – 
Brasil. I. Weiduschat, Edith. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 907
Impresso por:
III
apresentação
Caro(a) acadêmico(a), queremos nos apresentar como interlocutores 
diante da nova disciplina que você passa a estudar, a partir desse momento, 
e desejar-lhe uma boa compreensão e interação no decorrer desta.
Estudar e trabalhar com Metodologia e Conteúdos Básicos de 
História e Geografia significa conhecer e desvendar os conceitos de espaço 
e tempo na perspectiva do docente da Educação Infantil e das Séries Iniciais 
do Ensino Fundamental, na responsabilidade da tradução concreta e abstrata 
destes conceitos junto de nossos pequenos estudantes.
 Neste Livro de Estudos, pretendemos refletir, discutir propostas 
e experiências pedagógicas, no sentido de apontar caminhos, sugestões e 
subsídios para projetos e planejamentos pedagógicos voltados à compreensão 
da realidade social, através da contextualização histórica e a ocupação dos 
diferentes espaços geográficos.
Em resumo, esta disciplina estuda a sociedade (des)organizada 
em momentos datados e em lugares determinados, através de um modelo 
econômico, produtivo, consumidor e, por conseguinte, seletivo e excludente 
pelas classes sociais. 
Desejamos, a todos, possibilidades de reflexões e análises das 
temáticas destinadas à disciplina que hoje iniciamos. 
Um abraço,
Prof. Carlos Odilon da Costa
Prof.ª Edith Weiduschat
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 – GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA .................................................................................. 1
TÓPICO 1 – A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E O ENSINO DE GEOGRAFIA ................................. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O ENSINO DE GEOGRAFIA PARA O SÉCULO XXI ................................................................... 4
3 PARA QUE SERVE A GEOGRAFIA? .............................................................................................. 6
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 7
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 9
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 11
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 12
TÓPICO 2 – A CARTOGRAFIA ........................................................................................................... 13
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 13
2 A ESCRITA DA TERRA..................................................................................................................... 14
3 O TESOURO DOS MAPAS ................................................................................................................ 16
4 REPRESENTAÇÃO DO PERCURSO CASA-ESCOLA ................................................................. 20
5 AS REDUÇÕES UTILIZADAS NAS ESCALAS ........................................................................... 25
5.1 ATIVIDADE PRÁTICA I ................................................................................................................. 26
5.2 SÍMBOLOS, LEGENDAS OU CONVENÇÕES ........................................................................... 27
5.3 ATIVIDADE PRÁTICA II ............................................................................................................... 27
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 28
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 30
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 31
TÓPICO 3 – NOÇÕES DE ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO ..................................................... 33
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33
2 A PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA E A ESPACIALIDADE ...................................... 33
3 OS PONTOS CARDEAIS.................................................................................................................... 34
4 NOVOS USOS PARA VELHOS MATERIAIS ................................................................................ 36
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 38
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 39
UNIDADE 2 – A NOVA HISTORIOGRAFIA .................................................................................... 41
TÓPICO 1 – HISTÓRIA, UMA DISCIPLINAESCOLAR ............................................................... 43
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43
2 ESSA TAL DA HISTÓRIA .................................................................................................................. 43
3 A TEORIA HISTÓRICO-CRÍTICA ................................................................................................... 45
4 PARA QUE SERVE A DISCIPLINA DE HISTÓRIA? .................................................................. 46
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 49
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 51
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 52
suMário
VIII
TÓPICO 2 – CAMINHOS DA HISTÓRIA ......................................................................................... 53
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 53
2 PERÍODO MITOLÓGICO E O MUNDO GREGO ........................................................................ 53
3 A HISTÓRIA NA IDADE MÉDIA .................................................................................................... 55
4 HISTÓRIA NO PERÍODO MODERNO .......................................................................................... 56
5 A HISTÓRIA NO PERÍODO CONTEMPORÂNEO ..................................................................... 59
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 61
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 63
TÓPICO 3 – MÉTODOS EM HISTÓRIA............................................................................................ 65
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65
2 MÉTODO TRADICIONAL EM HISTÓRIA ................................................................................... 65
3 A CONCEPÇÃO BANCÁRIA DA EDUCAÇÃO COMO INSTRUMENTO DA 
 OPRESSÃO, SEUS PRESSUPOSTOS, SUA CRÍTICA ................................................................. 67
4 MÉTODO DIALÉTICO ....................................................................................................................... 68
5 MÉTODO DA COMPLEXIDADE ..................................................................................................... 70
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 73
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 75
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 76
UNIDADE 3 – ABORDAGENS CURRICULARES NO ENSINO DE HISTÓRIA ..................... 79
TÓPICO 1 – CURRÍCULO EM HISTÓRIA ........................................................................................ 81
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81
2 TEORIAS TRADICIONAIS ............................................................................................................... 81
3 TEORIAS CRÍTICAS E PÓS-CRÍTICAS ......................................................................................... 83
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 88
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 90
TÓPICO 2 – HISTÓRIA ORAL, HISTÓRIA DO COTIDIANO E LOCAL................................. 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 91
2 HISTÓRIA ORAL ................................................................................................................................. 91
3 HISTÓRIA DO COTIDIANO E LOCAL ......................................................................................... 95
3.1 HISTÓRIA DO COTIDIANO ........................................................................................................ 95
3.2 DICAS PARA O PROFESSOR ........................................................................................................ 96
4 HISTÓRIA LOCAL............................................................................................................................... 97
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................102
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................103
TÓPICO 3 – A HISTÓRIA NO SÉCULO XXI ..................................................................................105
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105
2 A HISTÓRIA, OS ESTUDOS CULTURAIS, O MULTICULTURALISMO E A 
INTERCULTURALIDADE ...............................................................................................................105
3 HISTÓRIA E AFRICANIDADE .......................................................................................................109
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................115
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................117
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................119
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................120
1
UNIDADE 1
GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta Unidade, o(a) acadêmico(a) estará apto(a) a:
• compreender as diferentes tendências filosóficas que influenciaram o ensi-
no de Geografia;
• perceber a importância do ensino e do estudo de Geografia;
• analisar as atuais perspectivas do conhecimento geográfico.
Esta Unidade está dividida em três tópicos, sendo que no final de cada um 
deles você encontrará atividades que o(a) ajudarão a refletir e a fixar os 
conhecimentos abordados.
TÓPICO 1 – A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E O ENSINO DE GEOGRAFIA
TÓPICO 2 – A CARTOGRAFIA
TÓPICO 3 – NOÇÕES DE ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E O 
ENSINO DE GEOGRAFIA
1 INTRODUÇÃO
As constantes transformações vividas e percebidas no mundo e na 
organização da sociedade têm reflexos em todas as áreas científicas, mas 
principalmente nas ciências humanas. A revolução técnico-científica, expressão 
utilizada por muitos geógrafos, tem acelerado as mudanças vertiginosas que se 
apresentam diante de nossos olhos. Encontramo-nos diante de uma sociedade 
contemporânea, pautada em novas relações, produções e organização social.
A Geografia tem sentido algumas implicações diante dessas 
transformações. A chamada Geografia crítica, baseada em ideais marxistas, sofre 
sériosimpactos, já que se passou a questionar o funcionamento do socialismo 
real. Ela perdurará, como perdurou a Geografia tradicional, porém com novas 
análises e interpretações da realidade. Diferentes interpretações exigem novas 
reformulações de conceitos e categorias que levem a outras reflexões e análises 
da organização espacial.
Neste sentido, Cavalcanti (1998, p.16) sinaliza que:
A Geografia defronta-se, assim, com a tarefa de entender o espaço 
geográfico num contexto bastante complexo. O avanço das técnicas, a 
maior e menor circulação de mercadorias, homens e ideias distanciam os 
homens do tempo e da natureza e provocam um certo “encolhimento” 
do espaço de relação entre eles. Na sociedade moderna, baseada em 
princípios de circulação e racionalidade, há um domínio do tempo 
e do espaço, mecanizados e padronizados, que se tornaram a fonte 
de poder material e social numa sociedade que se constitui à base do 
industrialismo e do capitalismo. O controle do tempo e do espaço liga-
se estreitamente ao processo produtivo e à vida social. [...] O espaço 
foi perdendo, assim, sua significação absoluta no lugar para ganhá-la 
na lógica do poder, da expansão capitalista. Da mesma forma, o tempo 
tomado como linear e progressivo foi sendo substituído por um tempo 
cíclico e instável, em função de que seu sentido passou a ser ligado ao 
próprio processo produtivo. Instalou-se, assim, uma compreensão e 
uma vivência de espaço e de tempo relativos.
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
4
O ensino de Geografia, neste contexto, desestabiliza-se e procura novos rumos. 
Isso porque a Geografia, como disciplina escolar, foi ensinada a partir do século XIX, 
no Brasil, voltada quase que exclusivamente para formar o cidadão patriótico. Os 
livros didáticos enalteciam as belezas e potencialidades naturais do país que, por 
sua vez, deveriam ser defendidas com muito brio pelos “estudantes patriotas”. Era 
a Geografia tradicional adotada em todos os países e que vai sendo substituída pela 
Geografia nova, mais crítica e mais realista. Influenciada especialmente pelo francês 
Yves Lacoste, visto que teve muitas de suas obras publicadas e difundidas no Brasil, 
a Geografia passa a basear-se no “[...] caráter estratégico do saber sobre o espaço” 
(CAVALCANTI, 1998), antes omitido e escamoteado. 
Neste sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997); as 
Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica (2013); e a Base Nacional 
Comum Curricular (2017) têm também contribuído para uma reflexão sobre as 
antigas práticas escolares desta disciplina, bem como discutido sobre ações e 
práticas pedagógicas mais comprometedoras e emancipadoras.
NOTA
Caro(a) acadêmico(a), você poderá aprofundar este assunto na leitura 
complementar, no final deste tópico.
2 O ENSINO DE GEOGRAFIA PARA O SÉCULO XXI
No movimento de renovação do estudo e ensino de Geografia, alguns 
geógrafos brasileiros vêm se manifestando sobre a urgência de se valer de novas 
reflexões para uma prática de ensino mais comprometida com referenciais teórico-
metodológicos que ampliem as funções e o papel da atual Geografia. Vesentini 
comenta e discute esta questão aqui transcrita em um vídeo:
Mas que tipo de Geografia é apropriada para o século XXI? É 
lógico que não é aquela tradicional baseada no modelo “A Terra e o 
Homem”, onde se memorizavam informações sobrepostas [...]. E 
também nos parece lógico que não é aquele outro modelo que procura 
“conscientizar” ou doutrinar os alunos, na perspectiva de que haveria 
um esquema já pronto de sociedade futura [...]. Pelo contrário, uma 
das razões do renovado interesse pelo ensino de Geografia é que, na 
época da globalização, a questão da natureza e os problemas ecológicos 
tornaram-se mundiais ou globais, adquiriram um novo significado 
[...]. O ensino de Geografia no século XXI, portanto, deve ensinar, 
ou melhor, deixar o aluno descobrir o mundo em que vivemos, com 
especial atenção para a globalização e as escalas local e nacional, deve 
enfocar criticamente a questão ambiental e as relações sociedade/
natureza [...], deve realizar constantemente estudos do meio [...] e 
deve levar os educandos a interpretar textos, fotos, mapas, paisagens 
(VESENTINI, 1995). 
TÓPICO 1 | A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E O ENSINO DE GEOGRAFIA
5
Nesta perspectiva, o que se deseja, dentro de uma nova abordagem 
geográfica, é levar o estudante a desenvolver “[...] um modo de pensar dialético, 
que é um pensar em movimento e por contradição”, segundo Cavalcanti (1998, 
p.23). Os pequenos estudantes devem ser levados a dominar o conceito e o 
conhecimento sobre os espaços organizados e desorganizados pelo homem a 
partir de vários determinantes, fatores e variáveis, para que possam, assim, 
desenvolver a consciência das questões locais e globais. Não é memorizando e 
citando diferentes locais e espaços que compreenderão a lógica espacial do mundo 
atual. Estudar Geografia, assim, significa apropriar-se de um conhecimento real 
e palpável através da analogia e da dialética, para que o estudante também possa 
entender o porquê do estudo desta ciência.
Parafraseando Vesentini (2000), em seu livro Sociedade e Espaço, estuda-
se Geografia, porque:
	É uma forma de compreender o mundo em que se vive.
	Possibilita o conhecimento do local em que se mora até os demais países da 
superfície terrestre.
	O campo de preocupações da Geografia é o espaço da sociedade humana, no 
qual os homens vivem e (re)constroem tudo permanentemente. 
 
	As indústrias, cidades, agricultura, rios, solos, climas, populações são todos 
elementos que constituem o espaço geográfico. 
	Tudo nesse espaço depende do homem e da natureza.
	A natureza é a fonte primeira de todo o mundo real: a água, a madeira, o 
petróleo, o ferro, o cimento etc. 
	O homem reelabora esses elementos naturais ao fabricar os plásticos a partir do 
petróleo, ao represar rios e construir usinas hidrelétricas, ao aterrar pântanos e 
edificar cidades, ao inventar velozes aviões para encurtar as distâncias. 
	As modificações que a sociedade humana produz em seu espaço são hoje mais 
intensas do que no passado. 
	Com a interligação entre todas as partes do globo, com o desenvolvimento 
dos transportes e das comunicações, passa a existir um mundo cada vez mais 
unitário. 
	Há assim uma única sociedade humana, embora seja uma sociedade plena de 
desigualdades e diversidades.
	Muito do que acontece em áreas distantes acaba nos afetando de uma forma 
ou de outra, mesmo que não tenhamos consciência disso, por isso o estudo de 
Geografia.
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
6
3 PARA QUE SERVE A GEOGRAFIA? 
Quando Yves Lacoste publica seu livro intitulado “A Geografia – Isso 
Serve, em Primeiro Lugar, para Fazer a Guerra”, no ano de 1976, foi muito criticado 
por aqueles que entenderam que sua obra se resumiria apenas no título e não 
se deram conta de que o autor afirmava que a Geografia, entre outras coisas, 
também serve para fazer a guerra. 
O francês Yves Lacoste é quem traz à tona a questão: “A quem serve a 
Geografia?” Isso porque, ao visitar o Vietnã, publica artigos sobre a geomorfologia 
das planícies aluviais de Hanói e denuncia a estratégia que os americanos utilizam 
para bombardear os diques vietnamitas. Vesentini assim sintetiza as ideias de 
Lacoste na apresentação que faz na 10ª edição do livro do escritor francês:
A principal resposta que Lacoste fornece ao seu questionamento 
constitui o próprio título do livro: isto – a Geografia – serve em 
primeiro lugar (embora não apenas) para fazer a guerra, ou seja, 
para fins político-militares sobre (e com) o espaço geográfico, para 
produzir/reproduzir esse espaço com vistas (e a partir) das lutas de 
classes, especialmente como exercício de poder. Ser ou não ser de fato 
uma ciência pouco importa, em última análise, argumenta o autor. O 
fundamental, a seu ver, é que, malgrado as aparências mistificadoras, 
os conhecimentos geográficos sempre foram, e continuam sendo, 
umsaber estratégico, um instrumento de poder intimamente ligado 
a práticas estatais e militares. A geopolítica, dessa forma, não é uma 
caricatura e nem uma pseudogeografia: ela seria na realidade o âmago 
da Geografia, a sua verdade mais profunda e recôndita (VESENTINI 
apud LACOSTE, 2005, p.7).
NOTA
Caro(a) acadêmico(a), para melhor entender a polêmica criada pelo título da 
obra citada, procure ler o livro “A Geografia – Isso Serve, em Primeiro Lugar, para Fazer a 
Guerra,” de Yves Lacoste.
TÓPICO 1 | A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E O ENSINO DE GEOGRAFIA
7
LEITURA COMPLEMENTAR
A ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL 
ANOS INICIAIS: CIÊNCIAS HUMANAS
A Base Nacional Curricular Comum/BNCC (2017) orienta as ações dos 
professores em sala de aula sobre o ensino de Geografia (na Educação Infantil e 
anos iniciais a história e a geografia são localizadas na área de Ciências Humanas), 
que vem ao encontro das discussões sobre as razões e os porquês do seu estudo. 
Nesse sentido, leia atentamente o texto que segue, extraído da BNCC.
A ETAPA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
3.1 Os campos de experiências
A definição e a denominação dos campos de experiências também se 
baseiam no que dispõem as DCNEI em relação aos saberes e conhecimentos 
fundamentais a serem propiciados às crianças e associados as suas experiências. 
[...]
O eu, o outro e o nós – É na interação com os pares e com adultos que 
as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão 
descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros 
pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, 
na instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos 
sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se 
como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam de relações 
sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso 
de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua 
vez, na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças 
entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, 
diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, 
celebrações e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de 
perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e 
reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos. [...] Espaços, 
tempos, quantidades, relações e transformações – As crianças vivem inseridas 
em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de 
fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram 
se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; 
hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo 
físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as 
transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades 
de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco 
e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas 
pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além 
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
8
disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, 
frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações 
entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, 
avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e 
reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam 
a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover experiências nas 
quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e 
explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para 
buscar respostas às curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está 
criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do 
mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.
A ETAPA DO ENSINO FUNDAMENTAL
4.4 A área de Ciências Humana
A área de Ciências Humanas contribui para que os alunos desenvolvam a 
cognição in situ, ou seja, sem prescindir da contextualização marcada pelas noções 
de tempo e espaço, conceitos fundamentais da área. Cognição e contexto são, 
assim, categorias elaboradas conjuntamente, em meio a circunstâncias históricas 
específicas, nas quais a diversidade humana deve ganhar especial destaque, com 
vistas ao acolhimento da diferença. [...] Desde a Educação Infantil, os alunos 
expressam percepções simples, mas bem definidas, de sua vida familiar, seus 
grupos e seus espaços de convivência. No cotidiano, por exemplo, desenham 
familiares, identificam relações de parentesco, reconhecem a si mesmos em fotos 
(classificando-as como antigas ou recentes), guardam datas e fatos, sabem a hora 
de dormir e de ir para a escola, negociam horários, fazem relatos orais e revisitam 
o passado por meio de jogos, cantigas e brincadeiras ensinadas pelos mais velhos. 
Com essas experiências, começam a levantar hipóteses e a se posicionar sobre 
determinadas situações. No decorrer do Ensino Fundamental, os procedimentos 
de investigação em Ciências Humanas devem contribuir para que os alunos 
desenvolvam a capacidade de observação de diferentes indivíduos, situações e 
objetos que trazem à tona dinâmicas sociais em razão de sua própria natureza 
(tecnológica, morfológica, funcional). A Geografia e a História, ao longo dessa 
etapa, trabalham o reconhecimento do Eu e o sentimento de pertencimento dos 
alunos à vida da família e da comunidade. No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, 
é importante valorizar e problematizar as vivências e experiências individuais e 
familiares trazidas pelos alunos, por meio do lúdico, de trocas, da escuta e de falas 
sensíveis, nos diversos ambientes educativos (bibliotecas, pátio, praças, parques, 
museus, arquivos, entre outros). Essa abordagem privilegia o trabalho de campo, 
as entrevistas, a observação, o desenvolvimento de análises e de argumentações, 
de modo a potencializar descobertas e estimular o pensamento criativo e crítico. É 
nessa fase que os alunos começam a desenvolver procedimentos de investigação 
em Ciências Humanas, como a pesquisa sobre diferentes fontes documentais, 
a observação e o registro – de paisagens, fatos, acontecimentos e depoimentos 
– e o estabelecimento de comparações. Esses procedimentos são fundamentais 
TÓPICO 1 | A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E O ENSINO DE GEOGRAFIA
9
para que compreendam a si mesmos e àqueles que estão em seu entorno, suas 
histórias de vida e as diferenças dos grupos sociais com os quais se relacionam. O 
processo de aprendizagem deve levar em conta, de forma progressiva, a escola, a 
comunidade e o Estado. É importante também que os alunos percebam as relações 
com o ambiente e a ação dos seres humanos com o mundo que os cerca, refletindo 
sobre os significados dessas relações.
Nesse período, o desenvolvimento da capacidade de observação e de 
compreensão dos componentes da paisagem contribui para a articulação do 
espaço vivido com o tempo vivido. O vivido é aqui considerado como espaço 
biográfico, que se relaciona com as experiências dos alunos em seus lugares 
de vivência. No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, o desenvolvimento da 
percepção está voltado para o reconhecimento do Eu, do Outro e do Nós,
FONTE: Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base/>. Acesso em: 
4 maio 2018.
LEITURA COMPLEMENTAR 2
A GEOGRAFIA SERVE PARA FAZER A GUERRA?
Julga-se que a Geografia não é mais do que uma disciplina escolar e 
universitária, cuja função seria fornecer elementos de uma descrição do mundo, 
dentro de uma concepção desinteressada da cultura dita geral. Pois qual poderia 
ser a utilidade daquelas estranhas frases soltas em alguns livrosde Geografia, que 
é necessário aprender nas escolas? Os maciços dos Alpes do Norte, a altitude do 
Pico Everest, a densidade demográfica da Holanda, a capital do Nepal etc. E os 
nossos pais e avós a lembrarem que em seu tempo era necessário saber as capitais 
de todos os países de certo continente. Para que serve tudo isso? Uma disciplina 
“estupidificante”, mas, apesar de tudo, simples, pois, como toda a gente sabe, 
“em Geografia não há nada que perceber, é preciso é ter memória, é só decorar”. 
Antigamente, talvez esta Geografia tenha servido para qualquer coisa, 
mas, hoje, a televisão, as revistas, os jornais não mostram melhor todos os países 
através de notícias, e o cinema mostra melhor as paisagens? Mas, que diabo, dirão 
todos os que não são geógrafos: a Geografia não serve para nada! 
A toda a ciência ou saber deve ser feito o seguinte questionamento: o 
processo científico está ligado a uma história e deve ser analisado, por um lado, na 
sua relação com as ideologias; por outro lado, como prática ou como poder. Dizer 
antecipadamente que a Geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra, 
não implica que sirva apenas para executar operações militares; ela serve também 
para organizar os territórios, não só como previsão de batalhas que se deverão 
travar contra tal ou tal inimigo, mas também para melhor controlar os homens 
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
10
sobre os quais os aparelhos de Estado exercem a sua autoridade. A Geografia é, 
acima de tudo, um saber estratégico intimamente ligado a um conjunto de práticas 
políticas e militares e são essas práticas que exigem a acumulação articulada de 
informações extremamente variadas, à primeira vista desconexas, de que não é 
possível compreender a razão de ser, a importância, se nos mantivermos dentro 
dos limites do saber pelo saber. São as práticas estratégicas que fazem com que 
a Geografia seja necessária, em primeiro lugar, aos que comandam os aparelhos 
de Estado. 
Hoje, mais do que nunca, a Geografia serve, sobretudo, para fazer a guerra. 
Pôr em prática novos métodos de guerra implica uma análise extremamente precisa 
das combinações geográficas, das relações entre os homens e das “condições 
naturais” que é necessário destruir ou modificar para tornar determinada região 
inabitável ou para levar a cabo um genocídio. A Guerra do Vietnã fornece 
numerosas provas de que a Geografia serve para fazer a guerra de maneira mais 
global. Um dos mais célebres e mais dramáticos exemplos foi posto em prática 
em 1965, 1966,1967 e sobretudo, em 1972, em um plano de destruição sistemática 
da rede de diques que protegem as planícies extremamente populosas do Vietnã 
do Norte. A escolha dos locais a bombardear resultou de um estudo geográfico 
em vários níveis de análise espacial. 
FONTE: Adaptado de: LACOSTE, Y. A Geografia - Isso Serve, em Primeiro Lugar, para Fazer a Guerra. 
São Paulo: Papirus Editora, 2005. p. 21-30.
11
Neste tópico, você viu que: 
	A revolução técnico-científica e a globalização têm acelerado mudanças 
significativas na sociedade contemporânea, que se refletem nas formas de 
produção, consumo e relações sociais.
	A Geografia, percebendo estas mudanças, estuda e procura se adaptar no 
sentido de fornecer novas análises e interpretações da realidade.
	A Geografia Tradicional vai sendo substituída pela Geografia Crítica, 
influenciada pelo francês Yves Lacoste, que escreve e discute sobre o saber 
estratégico utilizado na ocupação e no domínio dos espaços geográficos.
	Muitos geógrafos propõem uma nova abordagem geográfica, que leva o 
estudante a dominar dialeticamente conceitos e conhecimentos organizados e 
desorganizados pelo homem e, assim, melhor compreender as questões locais e 
globais.
	Yves Lacoste é quem expõe a questão – “a quem serve a Geografia”, ao publicar 
livros e artigos que analisam a ocupação de determinados locais e espaços para 
fins político-militares. Em outras palavras, Lacoste considera os conhecimentos 
geográficos instrumentos de poder.
	Novas abordagens da ciência geográfica têm buscado práticas pedagógicas que 
permitam apresentar aos alunos os diferentes aspectos de um mesmo fenômeno 
em diferentes momentos da escolaridade, de modo que os alunos possam 
construir compreensões novas e mais complexas a seu respeito.
	Segundo os PCN, as produções musicais, a fotografia e até mesmo o cinema 
são fontes que podem ser utilizadas por professores e alunos para obter 
informações, comparar, perguntar e inspirar-se para interpretar as paisagens e 
construir conhecimentos sobre o espaço geográfico.
RESUMO DO TÓPICO 1
12
 Assinale as alternativas que correspondam corretamente ao enunciado:
1. A Geografia Tradicional, ensinada a partir do século XIX, no Brasil, 
preocupava-se em: 
a) ( ) Desvalorizar as belezas e potencialidades naturais do país.
b) ( ) Formar o cidadão patriótico e enaltecer as belezas naturais do país.
c) ( ) Analisar a realidade social e econômica do país.
d) ( ) Desenvolver uma visão crítica de seus estudantes. 
2. A Geografia Nova, mais crítica e mais realista, vem substituir a Geografia 
Tradicional, a partir dos escritos e ideias do francês:
a) ( ) José William Vesentini.
b) ( ) Marcos Amorim Coelho.
c) ( ) Alexander von Humboldt.
d) ( ) Yves Lacoste.
3. O ensino da Geografia, para o século XXI, NÃO deve:
a) ( ) Enfocar criticamente a questão ambiental.
b) ( ) Realizar constantes estudos do meio em que se vive.
c) ( ) Enfatizar a separação e a ausência das relações sociedade/natureza.
d) ( ) Levar os educandos a interpretar textos, fotos, mapas, paisagens.
4. Segundo os PCN, o professor, ao criar e planejar situações para uma 
aprendizagem mais eficiente dos conteúdos de Geografia, deve se valer de 
procedimentos, tais como: 
a) ( ) Observação e descrição.
b) ( ) Experimentação e analogia.
c) ( ) Memorização e decoreba.
d) ( ) Analogia e síntese.
AUTOATIVIDADE
13
TÓPICO 2
A CARTOGRAFIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A cartografia é um ramo da ciência geográfica responsável pela confecção 
de mapas e representações espaciais. Nas séries iniciais, trabalha-se a noção de 
espaço representativo através de desenhos simples, como a disposição da sala de 
aula, da escola, do trajeto percorrido pelo estudante de sua casa à escola ou de 
um passeio qualquer, até que se avance para a representação da Terra.
 É importante que o professor compreenda a representação espacial 
da esfera terrestre como imagem incompleta. Um mapa, ao representar em 
uma superfície plana, como uma folha de papel, a superfície terrestre, sempre 
apresentará distorções de imagem, porque não é possível representar a curvatura 
da Terra num plano. Neste sentido, o globo terrestre representa mais fielmente a 
Terra, porque mantém a forma esférica, mas não possibilita uma visão única de 
todos os continentes e oceanos. 
Neste sentido, várias análises têm sido feitas sobre a dificuldade de se 
representar a forma e as dimensões exatas da Terra, como se pode ler a seguir:
 
Uma mapa dá uma imagem incompleta do terreno. Ele nunca é uma 
representação tão fiel quanto pode sê-lo, por exemplo, uma fotografia 
aérea. Mesmo o mais detalhado dos mapas é uma simplificação da 
realidade. Ele é uma construção seletiva e representativa, que implica 
o uso de símbolos e de sinais apropriados (JOLY, 1990, p.7-8).
Assim, na escola, o professor precisa deixar claro que a representação dos 
espaços ocupados pelo homem sobre a Terra é uma tentativa de se compreender 
isso concretamente. Como é impossível de se trazer áreas muito extensas para 
o papel, utilizamos a redução de medidas. Neste ponto, a abstração inicial dos 
nossos estudantes começa a ser exigida, isso porque estaremos mostrando e 
trabalhando só a representação dos espaços e não a realidade.
Entretanto, compreensões e conceitos anteriores ao mapa e outras 
representações precisam ser vivenciados e exercitados na escola, para que as 
ampliações possam ser garantidasem estágios futuros. Neste sentido, leia o texto 
a seguir de Kozel e Filizola (1996, p.24-25).
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
14
2 A ESCRITA DA TERRA
Quando uma criança desenha uma casa ou observa o movimento 
aparente do Sol, ou então desenha a planta da sala de aula, ela está fazendo 
muito mais do que cumprir o programa curricular. Mesmo uma conversa 
aparentemente casual na classe, em que as crianças falam sobre sua família, 
ou descrevem o caminho que fazem entre a casa e a escola, tem um grande 
significado: em cada atividade, a todo momento, estão sendo trabalhados 
conceitos fundamentais para o desenvolvimento da aprendizagem.
 
Diálogo professor-aluno
Veja a ideia do conceito de espaço que tem uma criança de 5 anos:
Professor: Por que o sol fica lá em cima, no céu, e não cai?
Aluno: Porque ele fica no espaço.
Professor: Quando o sol desaparece, para onde ele vai?
Aluno: Debaixo da Terra.
Professor: Para que Terra?
Aluno: A Terra fica rodando lá embaixo.
O trabalho conjunto de alunos e professores, na verdade, consiste 
em compreender e discutir esses conceitos básicos. Primeiro de uma forma 
mais concreta, a partir das experiências do aluno e de sua realidade próxima; 
depois série a série, de modo cada vez mais elaborado e abrangente, 
ampliando, retomando e inter-relacionando esses conceitos. Assim, os temas, 
os instrumentos – como mapas, bússolas ou cata-ventos – e as atividades são 
apenas os veículos desse conhecimento principal.
O professor que domina os conceitos fundamentais de Geografia estará 
livre para transitar de um conteúdo a outro, imprimindo um roteiro próprio à 
aula, de acordo com os interesses e a maturidade da classe. Pode, perfeitamente, 
trabalhar os conteúdos bairro e mundo ao mesmo tempo, por exemplo, pois 
não estará preso à sequência da matéria: ele está trabalhando um conceito (no 
caso pode ser o de espaço) presente na parte e no todo. Assim, poderá avaliar 
melhor o desenvolvimento dos alunos, responder aos questionamentos da 
classe e realizar um trabalho mais criativo, acrescentando textos e atividades 
que considerar enriquecedores.
Entre os conceitos básicos para o ensino de Geografia, destacam-se os 
de espaço, tempo, produção de necessidades e transformação, que se inter-
relacionam, por sua vez, estão ligados aos conceitos de sociedade, trabalho, 
natureza e cultura. 
TÓPICO 2 | A CARTOGRAFIA
15
O espaço geográfico
Compreender o conceito de espaço é entender como o homem 
transforma a natureza por meio do trabalho, produzindo o chamado “espaço 
geográfico”. Nesse sentido, só se pode falar do espaço como algo dinâmico, 
indo além de seu conteúdo natural ou físico, para questionar como surgiu e por 
que é o que é, ou seja, ir além das aparências.
O espaço físico certamente era bem diferente na etapa nômade dos 
grupos humanos, no estágio da coleta de alimentos. O homem e os demais seres 
vivos constituíam ecossistemas espaciais, tamanha era a integração entre eles.
Esse homem nômade e coletor de alimentos já se diferenciava de 
outras espécies, por criar instrumentos que reduziam os esforços na luta pela 
sobrevivência. Produzia cultura, ou seja, tinha um modo próprio de pensar, 
crer e viver. Sua atitude diante da natureza já era de invenção, inovação. As 
possibilidades de intervenção sobre o meio se tornavam cada vez maiores, à 
medida que se acumulavam os conhecimentos sobre a natureza.
O trabalho com o conceito de espaço só é alcançado na sala de aula 
gradativamente. Primeiro a criança toma contato com o espaço de ação, que é 
o espaço vivido, experimentado. A partir desse espaço próximo e concreto, vai 
construindo a noção de espaço percebido e concebido, mais abstratos, que não 
são vivenciados diretamente. Pode, então, perceber as distâncias – se curtas ou 
longas –, sem que precise percorrer o espaço. Ao observar uma foto, mesmo 
sem conhecer o lugar, a criança pode identificar coisas próximas ou distantes 
entre si.
Nas séries iniciais, o trabalho com espaço envolve a noção de orientação 
e localização: em cima/embaixo, perto/longe, na frente/atrás, ao lado/entre, 
esquerda/direita, direções cardeais etc. Implica também sua representação 
(uso de mapas, globo, maquetes) e o estudo dos elementos do espaço, sejam 
eles naturais (clima, vegetação, relevo) ou culturais (cidade, bairro, meio rural, 
migrações, fábricas), além de sua distribuição no espaço, isto é, a localização 
desses elementos.
Na Educação Infantil tudo começa! Não podemos esquecer que as 
primeiras construções de noções de espaço devem ser iniciadas com os pequenos 
estudantes. Também eles observam e gradativamente vão percebendo o meio que 
ocupam. Assim, o espaço vivido deve ser trabalhado, para se tornar um espaço 
“percebido”. A orientação e a localização exigem práticas pedagógicas planejadas 
e dirigidas, para que as diferentes faixas etárias possam ampliar as compreensões 
de frente e atrás, direita e esquerda, em cima e embaixo, dentro e fora, bem como 
as formas geométricas, esféricas e planas, por exemplo. Para melhor discutir e 
ilustrar esta questão, leia a contribuição do artigo da Revista Nova Escola (on-
line) O tesouro dos mapas, 05/2003.
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
16
3 O TESOURO DOS MAPAS
O tesouro dos mapas
A cartografia nos permite ler e interpretar a realidade e pode entrar no 
currículo desde a Educação Infantil, com jogos e brincadeiras
Paola Gentile
Chegar a um lugar desconhecido utilizando um mapa ou abrir o guia 
de ruas para traçar um bom caminho é uma tortura para muita gente. Embora 
essas ações pareçam banais, realizá-las com desenvoltura envolve uma série de 
conhecimentos que só são adquiridos num processo de alfabetização diferente. 
Ele não envolve letras, palavras e pontuação, mas linhas, cores e formas. É a 
aprendizagem da linguagem cartográfica. 
Considerada essencial para o ensino da Geografia, a cartografia tornou-
se importante na educação contemporânea não somente para o aluno poder 
atender às necessidades que aparecerão no seu cotidiano, como nos exemplos 
dados acima, mas para estudar o ambiente em que vive. Aprendendo sobre 
suas características físicas, econômicas, sociais e humanas, ele pode entender 
as transformações causadas pela ação do homem e dos fenômenos naturais ao 
longo do tempo. 
"Saber ler mapas faz com que a pessoa consiga pensar sobre territórios 
e regiões que não conhece", afirma Rosângela Doin de Almeida, professora da 
Universidade Estadual Paulista, membro do Grupo de Pesquisa em Cartografia 
Escolar e representante brasileira da International Cartography Association 
(ICA). Ela afirma ainda que a tecnologia tem produzido representações 
cartográficas cada vez mais sofisticadas. Sua linguagem é usada no ensino não 
só da Geografia, mas também da História e das Ciências em geral. "Conhecê-
la significa adquirir boa parte do suporte necessário para a construção do 
conhecimento", enfatiza. 
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de História 
e Geografia, todo aluno precisa terminar o Ensino Fundamental sabendo 
interpretar cartas geográficas e capaz de produzir representações próprias do 
espaço. São habilidades que se formam de maneira gradual e, por isso, quanto 
antes começarem a ser desenvolvidas, maiores as chances de atingir essas 
competências básicas.
Geografia 
Tema: cartografia nos primeiros anos de escolaridade. 
TÓPICO 2 | A CARTOGRAFIA
17
Objetivo: ler, interpretar e representar espaços físicos conhecidos, como 
a casa, a escola e o bairro. Criar e ler símbolos e legendas. Adquirir noções de 
direção, sentido, projeção, proporção, paisagem, escalas gráficas e numéricas.
Como chegar lá: use brincadeiras e jogos infantis, proponha a construção 
de maquetes e desenhos de mapas de trajetos familiares às crianças, mas não 
deixe de ensinar, a cada etapa, os conceitos cartográficos envolvidos.
Dica: o aprendizado da cartografia pode começar na Educação Infantil, 
mas vai estender-se até o final do Ensino Médio. Portanto, introduzaos 
conceitos com atividades adequadas ao nível de desenvolvimento da turma.
Linguagem visual
O vocabulário cartográfico é formado pelos mais diversos símbolos, que 
se relacionam entre si. Eles são usados para representar no papel um espaço 
reduzido, com apenas duas dimensões informações sobre o relevo, o clima, a 
vegetação, a população e muitos outros dados sobre as mais variadas regiões. 
Para compreender essa linguagem, o estudante necessita aprender, 
por exemplo, conceitos de lateralidade e direção, habilidades que devem ser 
trabalhadas desde a Educação Infantil. São estratégias importantes para, mais 
tarde, entender o posicionamento do espaço ilustrado pelo mapa. Um outro 
passo é entender os sinais gráficos utilizados e os significados que eles podem 
ter. Mais do que interpretar esses símbolos, a criança pode e deve criar sinais. 
O próximo passo será imaginar legendas, para que outras pessoas possam 
"traduzir" essa representação. 
Ao produzir maquetes e mapas com a turma, o professor tem a 
oportunidade de ensinar conceitos de proporção, projeção, escalas gráficas e 
numéricas, mostrando todas as estratégias que podem ser utilizadas quando se 
quer recriar uma paisagem. 
Para um ensino eficiente, a maioria dessas habilidades precisa ser 
desenvolvida em maior ou menor grau de dificuldade nas diversas séries. 
"A constância e a continuidade do aprendizado é importante na apreensão 
do conhecimento cartográfico", afirma Diamantino Pereira, professor do 
Departamento de Geografia e Coordenador do curso de especialização 
em Geografia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O Colégio 
Monteiro Lobato, também na capital paulista, introduz o ensino da cartografia 
nas turminhas de 4 anos e segue até o Ensino Médio. Adiante, você vai conhecer 
atividades bem-sucedidas na Educação Infantil e nas primeiras séries do Ensino 
Fundamental.
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
18
Uma vez por semana, os alunos de Martha mudam os brinquedos 
do parquinho de lugar e refazem a maquete do pátio: observação detalhada da 
paisagem e capacidade de perceber que a ação humana modifica o ambiente.
Educação Infantil
 Na Educação Infantil, o esboço dos primeiros ensaios cartográficos 
pode estar ligado ao desenvolvimento de outras habilidades, como a atenção, 
a coordenação motora e a percepção auditiva. É o caso da atividade batizada 
de O Som que Passeia. 
A professora Martha Guimarães Rainho arruma a classe em quatro 
blocos de carteiras, cada um coberto com tecido ou papel de cores diferentes, 
esquema que é reproduzido pelas crianças em folhas individuais. Todos devem 
ficar de olhos fechados enquanto um colega passa por entre os grupos tocando 
um instrumento musical. Martha pede para a turma mentalizar o percurso 
feito pelo som e depois fazer o traçado no papel. "O importante é trabalhar 
a noção de lateralidade e direção de cada um", afirma. Com isso, as crianças 
aprendem que direita, esquerda, atrás e à frente são relativos, o que introduz 
a necessidade de definir pontos de referência. Ao final, a professora discute 
os registros e executa novamente a atividade, para os estudantes checarem e 
corrigirem os mapas. 
Regras de proporção 
Para aguçar a percepção visual das crianças, Martha promove a 
construção e a atualização da maquete do parquinho da escola. Com sucata, 
os alunos confeccionam miniaturas dos brinquedos e as distribuem sobre uma 
placa de cartão, madeira ou isopor, identificando cada peça com uma legenda. 
TÓPICO 2 | A CARTOGRAFIA
19
Pelo menos uma vez por semana os próprios estudantes mudam os brinquedos 
de lugar, o que os obriga a refazer, no pátio, a maquete. É uma introdução para 
o aprendizado de escala: as crianças começam a perceber que a representação 
é diferente do real, mas obedece a regras de proporção e localização. Martha 
aproveita para ensinar também o significado de paisagem, que é tudo aquilo 
que o olhar pode apreender. 
"Desenvolver esse tipo de observação vai permitir, mais tarde, que 
o aluno identifique elementos naturais e sociais como parte da realidade, e 
perceba que ela pode ser alterada por fenômenos naturais ou pela intervenção 
humana", explica Diamantino Pereira. 
Ensino Fundamental 
No início do Ensino Fundamental, os alunos tornam-se produtores 
de mapas. Eles são estimulados a observar e a representar espaços mais 
detalhados, como a escola e a própria casa. Podem até iniciar o mapeamento do 
bairro, como fez a turma de 1ª série de Valéria Tomaz. Com o traçado das ruas 
nas mãos, as crianças assinalam a da escola e a da casa com cores diferentes. 
Elas têm de observar o percurso feito para ir à aula e anotar as referências do 
caminho (casas comerciais, praças, áreas de lazer). Os trabalhos são avaliados 
em grupo, comparando o que há em comum entre os trajetos. 
Michelle Uliana, professora da 3ª série, sofistica o ensino de legendas 
iniciado na Educação Infantil usando a brincadeira da Caça ao Tesouro. 
Ela apresenta à turma rótulos, logotipos e sinais familiares para que eles os 
interpretem. Dessa forma, todos percebem que uma imagem pode ser a 
representação de um local ou de uma palavra ou sentença. 
Criação de legenda 
As equipes escondem um "tesouro" e criam símbolos para os espaços da 
escola. A cantina vira hambúrguer ou garrafa; o pátio, escorregador ou balanço. 
Na criação do roteiro de orientação para a equipe adversária, os alunos tomam 
contato com medidas e escalas. Valem mãos, braços abertos, corpos e pulos para 
sair do ponto de partida e atingir o objetivo. Os alunos notam que essas medidas 
incertas causam confusão. É aí que Michelle introduz o sistema métrico oficial, 
mostrando a necessidade de padronização das medidas. Durante a disputa, ela 
segue as equipes, observando os conceitos a reforçar em classe. 
O primeiro contato com mapas reais é feito com o da cidade de São Paulo. 
Um cartaz com o perímetro é colocado na parede da classe. Ele é abastecido 
de símbolos e legendas pelas próprias crianças, estimuladas a representar os 
lugares da cidade que conhecem (parques, praças, shopping centers etc.). Na 
4ª série, a turma vai poder elaborar um mapa mais completo do bairro e do 
município. 
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
20
Com a ampliação do universo de estudo geográfico, surge uma dúvida: 
por que a planificação tem distorções? A professora Cristiane Zandoná, da 
4ª série, usa uma laranja para ilustrar. Ela desenha na casca o traçado dos 
continentes, faz dois cortes em forma de cruz na parte de cima e de baixo da 
fruta e começa a descascá-la com paciência, para que não se rasgue. "Com a casca 
esticada, todos compreendem que os desenhos sofreram ligeira modificação ao 
ser planificados e que essa distorção está presente em todos os mapas com que 
eles tomarão contato", afirma Cristiane.
FONTE: Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/2302/o-tesouro-dos-mapas>. 
Acesso em: 11 maio 2018.
4 REPRESENTAÇÃO DO PERCURSO CASA-ESCOLA
Nos anos iniciais, desenvolve-se a percepção das crianças com os espaços 
naturais e construídos pelo homem a partir dos lugares mais próximos e familiares 
de suas vivências, como sua casa e escola.
Por isso, uma das recomendações é refazer, com os estudantes das séries 
iniciais, o trajeto percorrido por eles de suas casas até a escola. Eles devem ser 
orientados para uma observação mais criteriosa dos espaços, ruas, bairros, 
construções, vegetação, terrenos desocupados, trânsito, meios de transportes 
que se encontram ao longo do seu trajeto. Em seguida, eles devem descrever 
oralmente essas observações, para depois representar por meio de desenhos 
esses lugares. Posteriormente, ainda, pode-se propor a confecção de maquetes.
Aqui também não se pode esquecer de conduzir a criança para que observe 
e distinga os espaços naturais dos espaços sociais ou humanizados.
IMPORTANT
E
Fala-se em “espaços humanizados”, no sentido de serem ocupados, reelaborados 
e construídos pelo homem. Nem sempre foram racionalmente planejados, provocando,por 
vezes, sérios impactos e danos ambientais, invalidando, por vezes, a expressão “espaços 
humanizados”.
Assim, depois de várias atividades ligadas às noções de espacialidade, 
partindo do esquema corporal e evoluindo para brincadeiras e jogos, as crianças 
desenvolvem a capacidade de transferir suas percepções para dimensões maiores 
e mais distantes. Passarão a compreender noções de orientação (como é o caso 
dos pontos cardeais) e os movimentos da Terra. 
TÓPICO 2 | A CARTOGRAFIA
21
Salienta-se, entretanto, que vários são os passos que conduzirão para 
uma compreensão e ampliação mais efetivas de muitos conceitos. Somente 
um trabalho constante e diário poderá garantir uma alfabetização espacial na 
Educação Infantil e Séries Iniciais. Segundo muitos educadores, a simples adoção 
da rotina para o desenvolvimento das atividades propostas na Educação Infantil 
tem contribuído para a percepção e compreensão do tempo e do espaço pelas 
crianças. Para Ostetto (2000, p. 124), “[...] o estabelecimento de uma sequência 
básica de atividades diárias, “a rotina”, é útil para orientar a criança a perceber a 
relação espaço-tempo, podendo, aos poucos, prever o funcionamento dos horários 
da creche”. Com certeza, ainda chegará a compreender por que diferentes espaços 
são ocupados em horários diferentes, como refeitório na hora de lanchar, pátios 
para brincar, salas para estudar etc.
A ampliação destas compreensões se dá pela representação através 
dos “desenhos” dos espaços. Nesta perspectiva, a maquete é outro recurso 
interessante que vem possibilitar uma compreensão melhor das distâncias, 
medidas e proporções. 
Neste sentido, Kosel e Filizola (1996, p.39) refletem e escrevem sobre a 
confecção de maquetes com as crianças:
 
O mapa e a planta são representações planas (bidimensionais) da 
realidade (tridimensional). Para compreendê-las, a criança necessita 
de amadurecimento e certo domínio de informações sobre o meio 
representado. Uma das grandes dificuldades das crianças (e de muitos 
adultos) na compreensão de um mapa diz respeito à transferência 
de um conjunto de elementos tridimensionais para uma superfície 
plana, com apenas duas dimensões (largura e comprimento). Como 
auxiliá-los? Na passagem do tridimensional para a representação 
bidimensional, o professor poderá trabalhar, inicialmente, com a 
construção de uma maquete da sala de aula, empregando sucata e 
uma caixa de papelão (cerca de 50 x 30 cm). Nessa atividade, ele irá 
trabalhar com a escala intuitiva, ou seja, a percepção do que é maior 
ou menor, de modo que as carteiras não fiquem menores que o cesto 
do lixo.
CONSTRUÇÃO DA MAQUETE DO ESPAÇO ESCOLAR
Autor: Léia Martins Silveira 
Coautor: Nilton Goulart de Sousa
MODALIDADE/ NÍVEL 
DE ENSINO
COMPONENTE
CURRICULAR TEMA
Ensino Fundamental Inicial Geografia
Dados da Aula
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
22
O que o aluno poderá aprender com esta aula
Através desta aula será possível, para o aluno, conhecer a dinâmica 
intrínseca do seu ambiente escolar, e assim interagir melhor com ele. Sendo, 
futuramente, capaz de transpô-lo para o desenho e maquete, mostrando suas 
perspectivas. A construção da maquete permite trabalhar de forma visível 
e acessível os pontos de vista, perspectiva e projeção. De maneira simples, 
é possível que o aluno materialize seu espaço em um tamanho reduzido, 
aplicando então vários conceitos da temática geográfica.
Duração das atividades: 2 aulas de 50 minutos cada.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno: noções 
de espaço, localização e ponto de referência.
Estratégias e recursos da aula
Cada imagem e ideia sobre o mundo são compostas, portanto, de 
experiência pessoal, aprendizado, imaginação e memória. Os lugares em 
que vivemos, aqueles que visitamos e percorremos, os mundos sobre os 
quais lemos e vemos em trabalhos de arte, e os domínios da imaginação e 
da fantasia contribuem para as nossas imagens da natureza, de tudo o que o 
homem constrói e dele próprio. Todos os tipos de experiências, desde os mais 
estreitamente ligados com o nosso mundo diário até aqueles que parecem 
remotamente distanciados, vêm juntos compor o nosso quadro individual da 
realidade (MACHADO, 1999, p. 97).
 
1ª Aula: Conhecendo a Escola
 
O espaço físico que a criança participa é de suma importância para a 
formação de suas concepções de vida, de desenvolvimento-aprendizagem e 
de todo o seu processo educativo como um todo, pois é neste local que ela 
desenvolve suas rotinas e, é a partir dele que ela conhece o mundo e pode 
atuar, como futuro cidadão, aqui, enfatizando-se o espaço escolar, mas não 
somente ele.
A Escola é um dos espaços cotidianos que a criança mais participa, 
partindo desse pressuposto, é muito relevante o processo de autoconhecimento 
da sua própria escola, de como é organizada, desenvolvida, suas funções e 
atividades recorrentes. Assim, neste trabalho inicial, ela será o ponto de partida 
para possibilitar que o aluno conheça e reflita, posteriormente, sobre o mundo 
global, e sobre toda a universalidade que o rodeia, além das fronteiras escolares.
Assim, Travassos (2001) diz que a partir da percepção que os alunos 
têm do meio em que vivem é possível que o currículo da Geografia possa 
ser trabalhado de uma forma dialogada e interativa, caracterizada por uma 
TÓPICO 2 | A CARTOGRAFIA
23
constante troca de experiências, permitindo que os limites da escola possam 
ser extrapolados e que nossos alunos se tornem atores biopsicossociais capazes 
de adquirirem uma postura crítica em relação aos fatores naturais, científicos e 
sociais. Mas antes de ultrapassar qualquer fronteira, primeiramente é preciso 
conhecê-la.
Em um primeiro momento, o objetivo da aula é proporcionar ao aluno 
o conhecimento do seu espaço escolar, para que seja possível entender toda a 
dinâmica que existe por detrás da organização física.
Antes de construir a maquete é necessário que ele desfrute seu 
ambiente e o vivencie de todas as formas possíveis, descobrindo outros trajetos 
diferentes, possíveis, ou até não valorizados. Assim, o passeio pela própria 
escola proporcionará tudo isso e será um recurso inicial e adicional para a 
construção da sua maquete.
 
Atividade Proposta:
 
O professor, com a turma em questão, irá conhecer o espaço cotidiano 
escolar, através da observação. Percebendo, então:
• Quais são os pontos de referência da escola.
• As áreas mais movimentadas ou consideradas mais importantes, tanto para 
o aluno quanto para o funcionamento da escola.
• Avaliar e perceber os diferentes caminhos físicos na escola, para se chegar ao 
mesmo destino. Ex.: Refeitório.
• Observar as diferentes sequências possíveis do espaço. Ex.: A ordem das 
salas.
• Perceber os vários pontos de vista existentes.
 
Logo após o passeio pela escola, a ideia é propor o desenho do espaço, 
mas não todo ele. A sugestão é que o professor oriente seu aluno a escolher um 
determinado local da escola, pois futuramente, esse local é o que será trabalho 
na maquete. O desenho tem o intuito, também, de perpassar todo o modo como 
o aluno compreende sua escola, o que valoriza, qual a sua perspectiva sobre tal, 
qual o referencial adotado, e ainda, de tornar visível o ambiente que mais se 
sobressaiu para ele.
Após o desenho, é importante que o professor discuta e dialogue com a 
turma, sobre as diferentes propostas analisadas, sobre a importância do espaço 
escolar, suas funções e questionar quais locais lhe chamaram mais atenção e 
o porquê dessa escolha, pois ela será importante para toda a preparação do 
trabalho posterior.
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
24
 2ª Aula: Construção da Maquete
 
Segundo Almeida e Passini (2002), “a maquete serve de base para explorar 
a projeção do espaço vivido para o espaço representado”. Ela é a forma material 
de se trabalhar alguns conceitos da temática da geografia, proporcionando 
a ação do indivíduo sobre o objeto e, consequentemente, interferindo na sua 
formação e compreensãodos conteúdos e do mundo. Dá então a visibilidade e 
a conexão entre a ação do homem e o espaço físico.
Com a liberdade de construir sua própria maquete, o aluno analisará 
a questão espacial do ambiente, a ordem lógica da organização e realizará 
um planejamento próprio, podendo de forma prática e concreta analisar 
o porquê de certas ordens e aplicar conceitos, que por vezes são subjetivos. 
 
O objetivo dessa aula é que, de preferência, o horário seja 
integralmente utilizado para o desenvolvimento e a construção da maquete. 
Devido à faixa etária, a proposta é que a atividade seja individualmente 
desenvolvida, pois o aluno terá a liberdade de escolher o espaço da escola; 
irá trabalhar com o melhor planejamento para a efetivação da atividade e irá 
experienciar de forma singular o que ela significa para ele.
É importante, também, que o professor dê significação ao desenho 
trabalhado, orientando o aluno a usá-lo como base e exemplo na maquete, 
auxiliando-o também nas dificuldades manuais recorrentes.
 
Atividade proposta:
 
• Escolher o espaço local analisado, que será usado na maquete.
• Orientar o aluno a observar, com seu trabalho e com o dos colegas, os espaços 
físicos da escola.
• Debater sobre a importância de cada espaço construído e sua significação 
para o aluno.
• Observar e comparar as dimensões bidimensionais e tridimensionais.
• Questionar o aluno sobre a atividade desenvolvida.
 
Perguntas para reflexão:
• Por que escolheu esse espaço?
• Qual a sua funcionalidade/importância e significação para a escola e para o 
aluno?
• O que poderia ser modificado? Por quê?
• Esse espaço poderia ocupar outra área dentro do ambiente escolar?
TÓPICO 2 | A CARTOGRAFIA
25
 Materiais sugeridos:
Alguns materiais que podem ser utilizados na maquete, ressaltando 
que fica a critério do professor escolher aqueles que são mais acessíveis a sua 
realidade.
1. Caixa de sapato
2. Papelão
3. Caixa de pasta de dente
4. Palito de picolé
5. Palito de Churrasco e muitos outros
 
Assim, a reflexão que fica é que: 
A Geografia é a ciência que estuda, analisa e tenta explicar (conhecer) 
o espaço produzido pelo homem e, enquanto matéria de ensino, ela 
permite que o aluno se perceba como participante do espaço que situa, 
onde os fenômenos que ali ocorrem são resultados da vida e do trabalho 
dos homens e estão inseridos num processo de desenvolvimento 
(CALLAI, 1998, p. 56 apud CAVALCANTI, 2002, p. 13).
 
FONTE: Disponível em: <https:// portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.
html?aula=1229>. Acesso em: 26 abr. 2018.
5 AS REDUÇÕES UTILIZADAS NAS ESCALAS
Todo mapa é uma forma reduzida de se representar a Terra ou parte 
dela. Para se fazer isto, precisamos pensar a Terra em proporções menores. Esta 
redução de proporção será efetuada através de uma escala. Conforme a escala 
a ser usada, os detalhes ou informações do que estiver sendo representado será 
maior ou menor. Assim, para que haja compreensão do espaço reduzido, é preciso 
compreender que, por exemplo, a distância de 1,5 centímetros entre um ponto A 
e um ponto B – Bahia e Rio de Janeiro – é pequena ou grande, se estes pontos 
estão muito distantes entre si, ou se, pelo contrário, há proximidade entre eles. 
Assimilar a noção de escala exige um trabalho contínuo e gradativo. No 
caso das crianças, devem-se usar as nomenclaturas: escala e não tamanho. Isto é, 
o professor deve usar os termos que o aluno encontrará nos livros ou ouvir em 
reportagens sobre o assunto.
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
26
5.1 ATIVIDADE PRÁTICA I
Noção de escala I
Para não ficarmos apenas na teoria, sugerimos, aqui, uma atividade 
prática que você, acadêmico(a), pode desenvolver; primeiro você mesmo, depois 
com seus alunos. 
 Pegue algumas fotos e analise as diferenças de tamanho entre elas.
 Depois, analise as diferenças de tamanho entre as fotos e as pessoas reais.
 Você chegará, com isso, à noção intuitiva de escala.
 Noção de escala II
 Pegue um barbante. 
 Estique-o na extensão de uma parede. 
 Dobre-o tantas vezes quanto necessárias, para caber numa folha.
 O número de dobras que forem necessárias será equivalente ao número de 
redução que você deverá estabelecer para a parede e para cada objeto da sala.
 Suponha que você dobrou o barbante doze vezes; você também deve reduzir 
doze vezes o tamanho, por exemplo, de uma mesa que está na sala. 
 Este processo pode ser representado, substituindo o barbante por passos, 
palmos, palitos.
 A partir disto, você pode partir para mapas e explorar as diferentes escalas. 
Exemplo: uma escala de 1:200.000 (“um para duzentos mil”) indica que o 
espaço nele representado foi reduzido em 200 mil vezes do tamanho natural.
IMPORTANT
E
Todo mapa deve apresentar a escala que foi utilizada na sua confecção (você 
a encontrará em algum ponto do mapa). No caso do mapa-múndi que apresentar a escala 
1:30.000.000, (lê-se: 1 centímetro deste mapa equivale a 30.000.000 [milhões] de centímetros 
no espaço real). Para sabermos as distâncias aproximadas entre duas cidades deste mapa, 
medimos inicialmente com uma régua quantos centímetros há entre elas e, em seguida, 
multiplicamos pela escala, cortando cinco casas de zero (isto porque estas casas se referem 
a centímetro, decímetro, metro, decâmetro e hectômetro), para se chegar a quilômetro, 
medida mais comumente utilizada. Exemplo: se a medida com a régua entre as duas cidades 
escolhidas é de 4 cm, calcula-se: 300 x 4 = 1.200 km.
TÓPICO 2 | A CARTOGRAFIA
27
5.2 SÍMBOLOS, LEGENDAS OU CONVENÇÕES
Para se ler um mapa, além das noções de escala, é necessário que se 
conheçam os símbolos e/ou convenções cartográficas que usualmente se utilizam. 
Como o mapa não é uma fotografia e, por isso, não apresenta de modo objetivo 
tudo o que se quer representar, lança-se mão de formas de figuras (símbolos), 
que informam a existência de dados objetivos na área mapeada. Por exemplo, 
o desenho de um aviãozinho representa a existência de um aeroporto; traços 
azuis representam rios. Estes símbolos, que são convencionados, devem vir 
devidamente legendados no rodapé do mapa. Convém lembrar, também, que 
tais símbolos não são criados ou modificados por qualquer um, eles passam por 
uma convenção (acordo) internacional, para que o mapa possa ser utilizado por 
todos, independentemente do país onde estiver sendo lido.
5.3 ATIVIDADE PRÁTICA II
Sugerimos, aqui, como ação de sala de aula, que desenvolva, com seus 
alunos, a criação de símbolos e legendas. Vamos ver como podem ser tais 
atividades:
	Convidar os alunos a criarem símbolos para situações como: banheiro 
(masculino e feminino); restaurante à beira da estrada; escola; danceteria.
	Expor símbolos ou convenções cartográficas e pedir que os alunos digam para 
que servem.
	Promover a criação de símbolos cartográficos e pedir que os alunos fixem os 
mesmos em um mapa em branco (o mapa também pode ser feito pelos alunos; 
este mapa pode ser do estado, da região ou do município). Esta atividade 
desenvolverá neles o conhecimento sobre a área representada no mapa. 
	Outra atividade que também pode ser efetuada é a criação de símbolos para a 
escola ou para a própria sala de aula. Aqui deve se usar uma planta do colégio 
ou da sala. Com isto eles notarão que as plantas arquitetônicas são espécies de 
representação de um espaço, tais quais os mapas. 
Como você viu, as atividades de cartografia podem ser interessantes de 
se desenvolver. Basta um pouco de imaginação. Nas séries seguintes, podem-se 
buscar conhecimentos mais complexos que, por sua vez, prepararão os estudantes 
para a leitura e interpretação dos mapas geográficos. No Brasil, além dos baixos 
indicadores de desempenho na leitura, escrita e cálculo, há uma dificuldade 
imensa de localização e conhecimento de mapas. A Leitura Complementar, a 
seguir, discute esta questão abordada recentemente por uma revista de circulação 
nacional.
UNIDADE 1 | GEOGRAFIA: UMA CIÊNCIA
28
LEITURA COMPLEMENTAR
EDUCAÇÃO E A GENTE AINDAGOZA DOS AMERICANOS...
 
Em matéria de conhecimentos geográficos, os brasileiros são de uma 
ignorância que não está no mapa
 
 O Brasil tem quatro mecanismos federais de avaliação do ensino: o SAEB, 
o ENADE, o ENEM e a Prova Brasil, todos de padrão internacional. A cada vez 
que se divulga um de seus resultados, uma torrente de más notícias sobre a 
educação é despejada pelos jornais. Mas nenhum desses testes jamais captou um 
dado tão alarmante quanto o que surge da pesquisa Pulso Brasil, do instituto 
Ipsos, que acaba de sair do forno. Os pesquisadores abriram um mapa-múndi na 
frente dos entrevistados (1000 pessoas, em setenta municípios das nove regiões 
metropolitanas) e lhes pediram que indicassem onde ficava o Brasil. Somente 
metade acertou. É isso mesmo: o levantamento mostra que 50% dos brasileiros 
não sabem localizar o país no mapa. Houve os que chutaram as respostas. Vieram 
desse grupo disparates de corar de vergonha. Para 2%, o Brasil fica na Argentina. 
Um porcentual pouco maior acha que o país se localiza na África – a dúvida é 
se no Chade ou na República Democrática do Congo. Outros 29% nem tentaram 
responder. 
A pesquisa do Ipsos tem a força de um soco na boca do estômago nacional. 
Quase 10% dos entrevistados que passaram por uma faculdade (tendo completado 
ou não o curso) não sabem que o Brasil se localiza na América do Sul. Esse porcentual 
sobe para 30% entre os que fizeram o Ensino Médio (estágio em que um aluno 
deveria ter estudado Geografia durante pelo menos seis anos) e aumenta para 50% 
entre os que iniciaram o Ensino Fundamental. Ignorar uma informação tão simples 
é o equivalente, em matemática, a não saber adicionar 2 mais 2. 
Previsivelmente, o desconhecimento em relação aos outros países é ainda 
maior. Só 18% dos brasileiros conseguem identificar os Estados Unidos e apenas 
3% localizam corretamente a França. Quanto à Argentina, tão citada em piadas 
futebolísticas, 84% nem sequer desconfiam de que faz fronteira com o Brasil. Esse 
tipo de informação está longe de ser uma “cultura inútil”. A ignorância do mapa-
múndi impede que se entendam as relações de poder entre os países e compromete 
o aprendizado de história, entre outras disciplinas. “O estudante que não decifra 
o mapa-múndi não reconhece o mundo concreto que o cerca. É simples assim”, 
resume a secretária de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de 
Castro. O dado irônico é que os brasileiros atribuem aos americanos uma grande 
ignorância em matéria de Geografia. Gostam de dizer, em tom gaiato, que os 
gringos não têm a mínima ideia de como se divide o planeta. Não é bem assim. A 
mais recente pesquisa sobre o assunto mostrou que 86% dos americanos sabem 
exatamente onde fica seu país, 81% reconhecem o México, 54% a França e 47% a 
Argentina. Eles dão um banho, convenhamos. 
TÓPICO 2 | A CARTOGRAFIA
29
A péssima qualidade dos professores está na base dessa vergonha, 
agravada pela falta de mapas nas escolas. Acrescente-se a falta de instrução 
familiar e pronto: está formado o ambiente propício para criar gerações de 
brasileiros que exibem uma ignorância que não está no mapa. Nunca antes neste 
país: e não se trata do Chade ou da República Democrática do Congo.
FONTE: VEJA. Educação e a gente ainda goza dos americanos. São Paulo: Abril, n. 44, 07 nov. 
2007. p. 108-109.
30
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu que: 
	A cartografia é o ramo da ciência responsável pela confecção de mapas e 
representações espaciais.
	Na Educação Infantil e Séries Iniciais, trabalha-se a noção de espaço através 
de observações, relatos e desenhos simples dos espaços conhecidos e vividos 
pelos pequenos estudantes.
	Representar a Terra não é fácil. Por isso, o professor também deve compreender 
a representação espacial da Terra como uma imagem incompleta.
	Um mapa sempre apresentará distorções de imagem, porque é impossível 
representar a curvatura da Terra num plano.
	O professor que domina os conceitos fundamentais da Geografia estará livre 
para transitar de um conteúdo para outro, imprimindo um roteiro próprio à aula, 
de acordo com os interesses e a maturidade da turma. Pode, tranquilamente, 
trabalhar os conteúdos bairro e mundo ao mesmo tempo, por exemplo, pois 
não estará preso à sequência da matéria. Assim, poderá trabalhar um conceito 
de espaço presente na parte e no todo.
	Nas Séries Iniciais, o trabalho com espaço envolve, ainda, a noção de orientação 
e localização: em cima/embaixo, ao lado/entre, esquerda/direita, direções 
cardeais etc. Implica também a sua representação (uso de mapas, globo, 
maquetes) e estudo dos elementos do espaço, sejam eles naturais (clima, 
vegetação, relevo) ou culturais (cidade, bairro, meio rural, migrações, indústria) 
além de sua distribuição no espaço, isto é, a localização desses elementos.
	Na Educação Infantil, iniciam-se as construções das primeiras noções de espaço. 
Assim, os pequenos estudantes devem ser preparados e trabalhados para que o 
espaço “vivido” se torne um espaço “percebido”.
	Assim, recomenda-se refazer, com as crianças, os percursos e trajetos percorridos 
de suas casas até a escola, com descrição oral, desenhos e maquetes.
31
1 Defina a cartografia.
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
2 Por que a representação espacial da esfera terrestre é sempre uma imagem 
incompleta?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
3 Qual é a vantagem e a desvantagem de se representar a Terra pelo globo 
terrestre?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
4. Coloque (V) para as afirmações verdadeiras e (F) para as falsas: 
a) ( ) Para se compreender a noção de espaço, também se deve entender 
como o homem transforma a natureza por meio do trabalho, produzindo o 
chamado “espaço geográfico”. 
b) ( ) Espaços humanizados são espaços reelaborados sempre racionalmente 
com a ocupação humana.
c) ( ) O trabalho com mapas e a linguagem cartográfica podem ser iniciados 
a partir da construção de maquetes de espaços próximos e conhecidos das 
crianças.
d) ( ) Todo mapa é uma forma reduzida de se representar a Terra ou parte 
ela. Esta redução de proporção se efetuará através da legenda.
e) ( ) A escala de um mapa indica a proporção entre o objeto real (o mundo 
ou uma parte dele) e sua representação cartográfica, ou seja, quantas vezes 
o tamanho real teve de ser reduzido para poder ser representado. 
AUTOATIVIDADE
32
33
TÓPICO 3
NOÇÕES DE ORIENTAÇÃO E 
LOCALIZAÇÃO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Ler e interpretar mapas, representações pequenas e abstratas dos espaços 
constitui-se num trabalho que vai prescindir de noções de localização e orientação. 
Portanto, a noção primeira de espacialidade exige um reconhecimento ou uma 
percepção mais detalhada e criteriosa de cada espaço ocupado e vivido pelas 
crianças na Educação Infantil e Séries Iniciais. Muitos geógrafos e professores têm 
discutido esta questão, como podemos ler no texto que segue:
2 A PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA E A ESPACIALIDADE 
Um ponto de partida relevante para se refletir sobre a construção de 
conhecimentos geográficos, na escola, parece ser o papel e a importância da 
Geografia para a vida dos alunos. Há um certo consenso entre os estudiosos 
da prática de ensino de que esse papel é o de prover bases e meios de 
desenvolvimento e ampliação da

Outros materiais