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Curso de Inflamação e Reparo Tecidual MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 1 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO I CURSO DE INFLAMAÇÃO E REPARO TECIDUAL SUMÁRIO MÓDULO I 1. MECANISMOS DA INFLAMAÇÃO 1.1. Introdução à inflamação 1.2. Células inflamatórias 1.3. Fases do processo inflamatório 1.4. Processo de fagocitose MÓDULO II 1. MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO 1.1. Aminas vaso ativas: histamina e serotonina 1.2. Sistemas plasmáticos 1.3. Metabólitos do ácido aracdônico 1.4. Fator ativador de plaquetas 1.5. Citocinas MÓDULO III 1. INFLAMAÇÃO AGUDA 1.1. Classificação das inflamações 1.2. Evolução das inflamações agudas 1.3. Fatores que alteram a resposta inflamatória 1.4. Farmacologia da inflamação MÓDULO IV 1. INFLAMAÇÃO CRÔNICA 2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1.1. Conceito e características da inflamação crônica 1.2. Classificação das inflamações crônicas 1.3. Agentes etiológicos 1.4. Formação dos granulomas MÓDULO V 1. REPARO TECIDUAL 1.1. Células lábeis, estáveis e permanentes 1.2. Regeneração 1.3. Cicatrização 1.4. Fatores que interferem no processo de reparação 1.5. Reparo dos tecidos especializados 2. Bibliografia Consultada 3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1. MECANISMOS DA INFLAMAÇÃO 1.1. Introdução à inflamação A inflamação ou flogose (derivado de "flogístico" que, em grego, significa "queimar") é a reação local dos tecidos a uma agressão, que, portanto, perderam sua homeostase e morfostase. Ela ocorre como uma resposta inespecífica, caracterizada por uma série de alterações que tendem a limitar os efeitos da agressão. A inflamação pode ser conceituada, portanto, como uma resposta local do tecido vascularizado agredido, caracterizada por alterações do sistema vascular, dos componentes líquidos e celulares, bem como por adaptações do tecido conjuntivo vizinho. Desta forma, pode ser considerada uma reação de defesa local. Inúmeras são as causas ou os agentes responsáveis pelas alterações encontradas na inflamação, sendo divididos em grupos conforme a natureza do agente. Assim, têm-se os agentes químicos, para designar o grupo das substâncias químicas, endógenas ou exógenas, que causam injúrias às células (ex.: tetracloreto de carbono, álcool); os agentes físicos, que agrupam as causas de natureza mecânica, elétrica, radioativa, de mudanças na temperatura etc.; e os agentes biológicos, englobando todos os seres vivos capazes de alterar a função celular (ex.: vírus, bactérias, fungos). Para tornar-se um agente inflamatório, ou seja, um estímulo que desencadeie esses fenômenos de transformação nos tecidos, o agente lesivo tem que ser suficientemente intenso para provocar tais reações e ultrapassar as barreiras de defesa externas (como a derme, por exemplo), sem contudo alterar a vitalidade do tecido em que atua. Por muito tempo, a inflamação foi considerada uma doença, e somente a partir do século XVIII é que Hunter propôs que a mesma fosse uma resposta benéfica. Desde Celsus (contemporâneo de Cristo) que se caracteriza a inflamação por quatro sinais "cardinais": rubor, calor, tumor e dor. Virchow, no século XIX, acrescentou um quinto sinal: a perda da função. 4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Fig. 1. Esquema mostrando os sinais cardinais da inflamação. Fonte: http://www.biomaterial.com.br/ inflama/Image120.gif O rubor e o calor são o resultado de um aumento da circulação na área inflamada. O tumor é a conseqüência do aumento local do líquido intersticial e a dor depende do acúmulo, no local, de substâncias biológicas que atuam sobre as terminações nervosas. A perda da função é a conseqüência do somatório de vários fatores, especialmente do edema e da dor. Os sinais cardinais referem- se a inflamações da superfície corpórea ou das articulações, porém, inflamações com as mesmas características ocorrem em todos os tecidos e órgãos agredidos. Dependendo de sua duração, as inflamações são divididas em agudas e crônicas. Assim, inflamações que duram desde poucos minutos até poucos dias são chamadas de agudas, enquanto que as que persistem por semanas e meses são chamadas de crônicas. Do ponto de vista funcional e morfológico, as inflamações agudas se caracterizam pelo predomínio de fenômenos exsudativos, ou seja, conseqüentes a alterações da permeabilidade vascular, permitindo o acúmulo na região inflamada de líquido (edema), fibrina, leucócitos, especialmente os neutrófilos, e 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores hemácias. Nas inflamações crônicas, além destes elementos, ocorrem, no local, fenômenos produtivos, ou seja, proliferação de vasos, fibroblastos (com conseqüente deposição de colágeno), como também migração e proliferação local de monócitos e linfócitos. 1.2. Células inflamatórias As células que participam da reação inflamatória foram classificadas por Spector (1980), da seguinte forma: Células endoteliais; Células próprias do tecido (mastócitos, fibroblastos e macrófagos fixos); Células migratórias (leucócitos sangüíneos). Os leucócitos são as células sangüíneas de maior importância no processo inflamatório. Podem ser divididos em dois grupos: um primeiro grupo das células que possuem granulações específicas visíveis por ação de corantes especiais em seu citoplasma (denominadas de leucócitos granulócitos) ou com várias formas de núcleo (polimorfonucleares). E um segundo grupo das células que possuem granulações, porém essas não são visíveis com o auxílio desses corantes, denominadas de leucócitos agranulócitos. No primeiro grupo temos neutrófilos, eosinófilos e basófilos e, no segundo, linfócitos e monócitos. Esses últimos são também considerados mononucleares, ou seja, seus núcleos possuem forma constante, invariável. Além dos leucócitos, muitas outras células do tecido conjuntivo estão envolvidas em diferentes etapas do processo inflamatório. 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Fig. 2. Ilustração esquemática dos componentes das respostas inflamatórias agudas e crônicas: células e proteínas circulantes, células dos vasos sangüíneos e células e proteínas da matriz extracelular. Fonte: http://www.elseviermedicina.com.br/downloads/PartesProduto/sample_robbins.pdf I. Células endoteliais Há poucos anos ainda se considerava a célula endotelial como uma membrana celular passiva, que forma a interface entre o sangue e os tecidos, dado a sua estrutura simples, com escassez de organelas celulares quando vista ao microscópio de luz. Na atualidade, nosso conceito de endotélio foi radicalmente mudado, pois ficou claro que a célula endotelialé um componente funcionalmente ativo da parede vascular, capaz de mostrar diversas propriedades metabólicas, de síntese e regenerativas, estando implicada na regulação de vários fenômenos, tais como: fluxo sangüíneo, coagulação, proliferação de células da parede vascular, reatividade imunológica, resposta do organismo a estímulos patogênicos. O endotélio é formado por um epitélio pavimentoso simples. A célula endotelial é pobre em mitocôndrias e lisossomas, mas possui uma quantidade regular de retículo endoplasmático rugoso (RER), complexo de Golgi proeminente e citomembrana rica em sistemas enzimáticos. É importante ressaltar a presença de 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores miofibrilas e de proteínas no citoplasma, como actina e miosina, relacionadas com sua capacidade contrátil. Fig. 3. Detalhe das células endoteliais (1) de pequenos capilares no tecido conjuntivo (2) Fonte: http://www.micron.uerj.br/atlas/celula/cel10.htm Entre as funções do endotélio podemos citar: limitada capacidade fagocitária, síntese de colágeno tipo IV, elastina, laminina, fibronectina e glucosaminoglicanos e, talvez, outros componentes da membrana basal. Participam da formação de elementos da cascata da coagulação e do fenômeno da aderência leucocitária, graças à secreção da molécula de adesão do endotélio a leucócitos (ELAM). Estes, por sua vez, contribuem com o mesmo fenômeno, secretando moléculas de adesão intracitoplasmática (ICAM). II. Neutrófilos São leucócitos granulócitos polimorfonucleares (PMN), formados na medula óssea, e como o próprio nome diz, possuem núcleo pleomórfico, multilobulado, citoplasma granuloso e medem cerca de 10 µm de diâmetro. Os neutrófilos jovens 8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores apresentam núcleo em forma de ferradura (neutrófilo bastonete), enquanto os mais adultos, maduros, mostram núcleo bastante lobulado (neutrófilo segmentado). Fig. 4. Detalhe microscópico do neutrófilo. Fonte: http://www.virtual.epm.br O citoplasma dos neutrófilos é rico em granulações, que não se coram pelos métodos usuais de coloração, pois não possuem afinidade por tais corantes – por isso são denominados neutrófilos. Estes grânulos, que são classificados em primários, secundários e terciários, de acordo com suas características de eletrodensidade à microscopia eletrônica, são ricos em enzimas digestivas, como hidrolases, peroxidases e fosfatases ácidas, lisozima, etc. Fig. 5. Detalhe da microscopia eletrônica do neutrófilo. Fonte: http://www.sbi.org.br/sbinarede/ SBInarede35/index.html 9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Os grânulos azurófilos ou primários são os mais densos e contêm mieloperoxidase, lisozima, elastases, catepsinas, proteinases, colagenase, N- acetil- glucoronidase e glicerofosfatase. Os grânulos secundários contêm lisozima, colagenase, gelatinase, fosfatase alcalina, lactoferrina, citocromo b- 245 e receptores para laminina. Todas estas enzimas são essenciais para lisar as substâncias fagocitadas, porém, não só quando da fagocitose, como também quando o neutrófilo é ativado, ou quando se desintegra, são elas liberadas no interstício, onde agem agredindo os tecidos inflamados. Os neutrófilos se originam de células da medula óssea e levam cerca de seis dias para atingir a maturação. Quando maduros, poderão continuar na medula por alguns dias antes de passar à circulação. Na circulação, permanecem cerca de 6h a 7h e, a seguir, deixam os vasos e se instalam no interstício. Fora dos vasos vivem pouco, morrendo após o máximo de dois dias. Logo, é necessário que a produção de neutrófilos pela medula seja capaz de compensar a sua contínua destruição para manter o número fisiológico circulante. O fato de serem células com uma vida média curta e extremamente móvel, explica, em parte, porque predominam nas fases iniciais do processo inflamatório em relação às demais células. Denomina-se de neutrofilia e neutropenia, respectivamente, o aumento e a diminuição do número de neutrófilos na circulação periférica. 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Fig. 6. Microscopia de um caso de neutrofilia. Fonte: http://library.med.utah.edu/WebPath/ INFLHTML/INFL001.html Os polimorfonucleares neutrófilos constituem a primeira onda de migração. Nos tecidos inflamados, o neutrófilo se movimenta e aparentemente se locomove melhor, quando pode se apoiar em estruturas pré-formadas. A fibrina conseqüente à polimerização de fibrinogênio exsudado dos vasos pode servir de apoio a esta movimentação. Tanto substâncias exógenas quanto endógenas podem ser quimiotáticas. Dentre as mais importantes estão: produtos bacterianos, compo- nentes do complemento, especialmente o C5a, produtos da lipoxigenação do ácido araquidônico, especialmente o leucotrieno B4. Além de seu papel na quimiotaxia, os agentes quimiotáticos exercem outras funções, entre as quais a de ativação dos leucócitos. Esta ativação se acompanha de ativação de fosfolipases, com conseqüente produção dos metabólitos do ácido araquidônico, degranulação com liberação para o interstício de enzimas, além de modulação das moléculas de adesão da membrana do leucócito. 11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores III. Eosinófilos Como os neutrófilos, os eosinófilos são células fagocitárias que se originam na medula óssea. Na circulação, permanecem por 6h a 12h, passando a seguir para os interstícios, onde desagregam após alguns dias. Os grânulos dos eosinófilos são lisossomas especiais; contêm algumas enzimas semelhantes às dos neutrófilos, porém possuem maior quantidade de peroxidases que, aparentemente, são as responsáveis pelo aspecto cristalino do conteúdo de alguns dos grânulos. Na sua membrana, há receptores para IgE e frações do complemento. Fig. 7. Detalhe microscópico do eosinófilo. Fonte: http://www.virtual.epm.br Os eosinófilos maduros desenvolvem receptores para imunoglobulinas e complemento, e podem ser ativados por muitos fatores como IL-2, fatores derivados de linfócitos T, de macrófagos, do endotélio, PAF, TNF, interferons e fatores derivados de parasitas. Uma vez ativados se degranulam e liberam seus produtos. Diferentemente dos neutrófilos, têm vida longa (vários dias e mesmo semanas) e, desta forma, agem por muito mais tempo. O papel dos eosinófilos, na inflamação, vem sendo esclarecido. Eles estão relacionados com a destruição de complexos antígeno-anticorpo, sendo 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores muito encontrados em reações de hipersensibilidade, especialmente naquelas relacionadas a anticorpos de tipo IgE. Os eosinófilos contêm substâncias bloqueadoras da ação da histamina, e substâncias bloqueadoras de leucotrienos liberados pelos mastócitos. Assim sendo, desempenham papel nas fases tardias de algumas das inflamações, colaborando para a recuperação da área lesada e na modulação das reações alérgicas. IV. Basófilos e Mastócitos Os basófilos e os mastócitos originam-se dos mesmos precursores da medula óssea. Não são propriamente elementos do exsudato inflamatório, mas desempenham funçõesimportantes na inflamação. Os basófilos são células circulantes, enquanto os mastócitos só vão se diferenciar quando saem dos vasos e se localizam nos interstícios dos órgãos e tecidos. Os basófilos são as células brancas menos numerosas no sangue circulante, correspondendo a 0,5 a 1,5% do total de leucócitos nas espécies animais. Medem de 10 a 12 µm de diâmetro, possuem um núcleo bilobulado ou de formato irregular e citoplasma com grânulos basofílicos, cuja tonalidade varia do azul escuro ao roxo. São, portanto, classificados como granulócitos PMN. Fig 8. Basófilo em detalhe http://www.fcf.usp.br/Ensino/Graduacao/Disciplinas/Exclusivo/Inserir/Anexos/ LinkAnexos/C%C3%A9lulas%20sangu%C3%ADneas.pdf Assim como os mastócitos, armazena uma rica bateria de mediadores 13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores químicos, como a histamina e a serotonina. E, à semelhança dos mastócitos, são caracterizados por receptores que se ligam com grande afinidade à porção Fc da IgE. Apesar das semelhanças, não são idênticos àquelas células. Têm sido relacionados a reações de hipersensibilidade tardia. Os mastócitos de diferentes tecidos assumem características próprias destes tecidos, que se definem por diferenças na sua secreção e nos seus receptores. Assim, os mastócitos da mucosa intestinal diferem daqueles da pele ou do interstício pulmonar. Tanto os mastócitos quanto os basófilos têm receptores com grande afinidade para IgE e são ativados por poucas moléculas desta imunoglobulina. Ambos desempenham papel importante em reações de hipersensibilidade. Fig. 9. Ilustração esquemática dos mastócitos liberando histamina. Fonte: http://pwp.netcabo.pt/ sistema.imune/mastocitos2.jpg V. Linfócitos e Plasmócitos Os linfócitos e plasmócitos constituem a população de células associadas à resposta imune. Eles se originam na medula óssea e posteriormente colonizam os órgãos do sistema linfóide, onde se reproduzem. 14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Desempenham importante papel não só nas inflamações relacionadas à resposta imunológica, como também pelos seus numerosos produtos, as linfocinas (secretadas pelos linfócitos T) e as imunoglobulinas (secretadas pelos linfócitos B, plasmócitos). Participam também das reações inflamatórias ori- ginariamente não imunes. Existem três grupos diferentes de linfócitos: os linfócitos B relacionados à produção de imunoglobulinas, os linfócitos T e suas diferentes subpopulações (T auxiliares e T supressores-citotóxicos), e os linfócitos NK (natural Killer) que são citotóxicos independentemente de estimulação antigênica. Os linfócitos B são derivados de uma célula-tronco (célula-mãe) da medula óssea, e amadurecem até transformarem-se em plasmócitos, os quais secretam anticorpos. Os linfócitos T são formados quando as células-tronco migram da medula óssea até a glândula timo, onde eles se dividem e amadurecem. Os linfócitos T aprendem como diferenciar o que é próprio do organismo do que não o é, no timo. Os linfócitos T maduros deixam o timo e entram no sistema linfático, onde eles atuam como parte do sistema imune de vigilância. Os linfócitos NK, discretamente maiores que os linfócitos T e B, são assim denominados por atacarem determinados microorganismos e células cancerosas. O “natural” de seu nome indica que elas estão prontas para destruir uma variedade de células-alvo, assim que são formadas, em vez de exigirem a maturação e o processo educativo que os linfócitos B e T necessitam. As células assassinas naturais também produzem algumas citocinas, substâncias mensageiras que regulam algumas das funções dos linfócitos T, dos linfócitos B e dos macrófagos. 15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Fig. 10. Figura mostrando quatro linfócitos NK atacando uma célula neoplásica. Fonte: http://www.ciencianews.com.br/universo.htm Os linfócitos apresentam grande heterogeneidade morfológica e funcional, visto serem extremamente plásticos, e possuem considerável capacidade para mudar de tamanho e formato. Possuem núcleo esférico, oval ou denteado, mas não lobulado, e são destituídos de grânulos específicos citoplasmáticos; por isso são classificados como agranulócitos mononucleares (MN). Fig. 11. Detalhe microscópico dos linfócitos. Fonte: http://www.ff.ul.pt/paginas/jvitor/Labio/a_h_foto3.jpg Ao contrário dos leucócitos PMN, não são células terminais, uma vez que os linfócitos B podem se diferenciar em plasmócitos, células produtoras de anticorpos (imunoglobulinas). Estes possuem um núcleo excêntrico ou periférico e um citoplasma bem acidófilo, associado a uma intensa síntese protéica; à microscopia eletrônica de transmissão mostram no citoplasma RER bem desenvolvido. 16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Fig.12. Desenho que demonstra as características ultra-estruturais dos plasmócitos. Observe a imensa quantidade de retículo endoplasmático rugoso e o complexo de Golgi desenvolvido no citoplasma. O núcleo possui cromatina condensada na periferia dando um aspecto de roda de carroça. As mitocôndrias estão aumentadas e desenvolvidas (muitas cristas alongadas). Fonte: http://ioh.medstudents.com.br/imuno2.htm VI. Macrófagos Os macrófagos, como a maioria das células que participam da inflamação, originam-se na medula óssea. A célula precursora do macrófago dos tecidos é o monócito do sangue, o qual se origina na medula óssea a partir de monoblastos. Fig. 13. Detalhe microscópico do monócito. Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/ patoarteinfl7.htm 17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Diferentemente do que acontece com neutrófilos e eosinófilos, quando o monócito cai na circulação, ainda não é uma célula perfeitamente amadurecida; mantém a capacidade de se reproduzir e pode sobreviver por longo tempo nos tecidos. Da medula óssea, os monócitos passam à circulação, e desta para os tecidos, onde recebem a denominação de histiócitos ou macrófagos. Fig. 14. Ilustração esquemática mostrando o fenômeno de diapedese do monócito e migração para o interstício, resultando na diferenciação do macrófago. Fonte: http://cristiana7.blogspot.com Embora desempenhem funções importantes de defesa, suas atividades são muito variadas, indo da apresentação de antígenos até a produção de várias citocinas essenciais, não só na inflamação, como também nos fenômenos imunológicos. São especialmente preparados para a fagocitose, apresentando receptores para o segmento Fc de imunoglobulinas, para frações de complemento e para muitas outras substâncias, inclusive carboidratos; sua membrana apresenta vários antígenos, entre eles os antígenos de histocompatibilidade do grupo II (MCA lI-Major histocompatibility antigens), essenciais na apresentação de antígenos aos linfócitos T. Os macrófagos são encontrados em praticamente todos os órgãos e tecidos e, como os mastócitos, têm características diferentes conforme o órgão em que se situam. São exemplos de macrófagos fixos: as células de Kupffer do fígado, a micróglia do tecido nervoso, os osteoclastos e as células de 18 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditosdeste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Langerhans da pele. Nem todos os macrófagos teciduais são iguais. Alguns deles são estimulados e se diferenciam em células exclusivamente fagocitárias; estas possuem um sistema de lisossomas que contêm numerosas enzimas hidro- líticas, algumas das quais com importante ação microbicida. Outros macrófagos podem se diferenciar em células capazes de agir sobre células neoplásicas, ou ainda, exercer outros tipos de atividade lítica. Sob a ação de determinados estímulos, podem se transformar em células epitelióides, que têm a capacidade de se unir umas às outras formando estruturas nodulares, os granulomas. Nestes, as células epitelióides podem fundir seus citoplasmas formando células gigantes. As células epitelióides são células especiais que perdem parte de sua capacidade fagocitária, adquirindo o poder de produzir e excretar enzimas líticas para o interstício. MACROFAGOS (Células gigantes) MACROFAGOS (Células gigantes) Fig. 15. Detalhe microscópico dos macrófagos formando células gigantes. Fonte:http://torre.fffcmpa.tche.br/Volumes/Prof.+Claudio/inflama%C3%A7%C3%A3o+1.ppt#348,88, Slide 88 Os macrófagos secretam várias substâncias que podem ter papel importante na defesa ou na destruição dos tecidos, tais como a lisozima (um potente agente bactericida), o fator ativador do plasminogênio, fatores estimuladores da proliferação de fibroblastos e de vasos, colagenase, elastase, 19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores além de metabólitos derivados de oxigênio e araquidonatos. Secretam ainda fatores do complemento (C2, C3, C4, C5), interferon e pirogênio. Podem também ter imunoglobulinas presas à membrana, o que aumenta o seu poder para destruir microrganismos. VII. Fibroblastos É a célula mais comum do tecido conjuntivo frouxo e seu formato depende essencialmente de sua localização. De um modo geral, é uma célula fusiforme ou estrelada, com núcleo alongado e hipocrômico nas células jovens (fibroblastos) ou fusiforme e hipercrômico nas adultas (fibrócitos). O desenvolvimento de seu RER e a existência de um nucléolo muito evidente, indicam uma capacidade de síntese protéica intensa. Seu papel principal é a síntese de colágeno para a reparação de tecidos; um tipo especial desta linhagem celular, o miofibroblasto, é fundamental para a retração cicatricial. À microscopia eletrônica, as fibrilas de colágeno apresentam uma periodicidade com bandas transversais, à semelhança de fibras musculares estriadas. Fig. 16. Detalhe de microscopia eletrônica do fibroblasto (1) envolto por fibras colágenas (2) em corte transversal e (3) em corte longitudinal. Fonte: http://www.micron.uerj.br/atlas/Conjuntivo/conjem.htm 20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Fig. 17. Detalhe de microscopia eletrônica das fibras de colágeno (1) com as estriações típicas Fonte: http://www.micron.uerj.br/atlas/Conjuntivo/conjem.htm 1.3. Fases do processo inflamatório Classicamente, existem alguns fenômenos básicos comuns a qualquer tipo de inflamação, que independem do agente inflamatório. Esses momentos ou fases caracterizam a inflamação do tipo aguda, a qual sempre antecede a inflamação do tipo crônica. A divisão desses momentos em cinco itens, a seguir explicitados, é meramente didática. Todos eles acontecem como um processo único e concomitante, o que caracteriza a inflamação como um processo dinâmico. I. Fenômenos irritativos O primeiro momento do processo inflamatório se caracteriza pela agressão (o tecido destruído por uma queimadura, por exemplo), que resultará em importantes modificações morfológicas e funcionais dos tecidos agredidos, promovendo a liberação de mediadores químicos, que irão desencadear as demais fases inflamatórias. Essas substâncias atuam principalmente na microcirculação do local inflamado, provocando, dentre outras modificações, o aumento da permeabilidade vascular. Vale dizer que em qualquer fase da inflamação observa-se a fase irritativa; em cada uma delas, há liberação de mediadores químicos diferentes. 21 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores II. Fenômenos vasculares Os fenômenos vasculares ocorrem como alterações hemodinâmicas da circulação e de permeabilidade vascular no local da agressão. Isso acontece após alguns minutos do início da ação do agente flogístico, intervalo em que se processa a liberação dos mediadores químicos. A primeira alteração que se observa, é uma fugaz vasoconstrição arterial, que logo é seguida por dilatação ativa e intensa de arteríolas, capilares e veias do local. Os esfíncteres pré-capilares se relaxam e, como conseqüência, numerosos capilares, que estavam fechados, em repouso, se abrem, aumentando significativamente o número de capilares funcionantes. Em toda a área se observa um grande número de capilares dilatados e ingurgitados. Diz-se que a área ficou hiperemiada, que representa a observação microscópica do "rubor" e do "calor", há séculos conhecidos como características da inflamação. Fig. 18. Ilustração esquemática da anatomia da microcirculação normal e na inflamação aguda, quando ocorre vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. 22 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores VASODILATAÇÃO Vaso VASODILATAÇÃO Vaso Fig. 19. Detalhe microscópico da vasodilatação. Fonte:http://torre.fffcmpa.tche.br/Volumes/Prof.+Claudio/ inflama%C3%A7%C3%A3o+1.ppt#346,40,Slide 40 II. Fenômenos exsudativos Os fenômenos exsudativos são uma das principais características do processo inflamatório. O fenômeno ocorre devido a um aumento da permeabilidade dos capilares e vênulas e se caracteriza pela migração, para o foco inflamatório, de líquidos e células. Distinguem-se dois tipos de exsudação nessa fase: a exsudação plasmática, composta essencialmente por líquidos, e a exsudação celular. Fig. 20. Detalhe microscópico dos espaços alveolares do pulmão, apresentando vasodilatação com exsudação plasmática e de PMN. Fonte: http://library.med.utah.edu/WebPath/INFLHTML/INFL005.html 23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O aumento da permeabilidade vascular pode ser originado de mecanismos diretos, em que o próprio agente agressor atua sobre a parede vascular, ou indiretos, em que há a ação de mediadores químicos. Nesse caso, o aumento da permeabilidade pode ser devido ao surgimento de fendas na parede, isto é, surgem poros entre as células endoteliais. Os capilares e vênulas têm paredes muito finas, constituídas principalmente pelo endotélio, membrana basal e alguns pericitos. As células endoteliais (endoteliócitos) e os pericitos contêm em seu citoplasma, actina e miosina, sendo contráteis. Devido a sua contração, podem modificar as junções intercelulares, ampliando-as. A exsudação plasmática é a responsável pela formação do edema inflamatório. Fig. 21. Ilustração esquemática mostrando o fenômeno exsudativo, resultante da contração das células endoteliais e vasodilatação, o que normalmente é mais acentuado nas vênulas. Fonte: http://library.med.utah.edu/WebPath/INFLHTML/INFL071.html Fig. 22. Aspecto clínico do edema inflamatório resultante de abscesso mandibular, associado à hiperemia da região. Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/patoarteinfl3.htm24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Na inflamação, existe um aumento da permeabilidade vascular, que pode variar com o tipo de agressor e sua intensidade. O aumento imediato e de curta duração da permeabilidade vascular inicia-se rapidamente após a agressão, atinge o máximo após 10min a 35min, e termina em 30min a 45min. Este tipo de resposta ocorre após agressões leves e de pouca duração e pode ser produzido pela injeção de histamina. Depende de aumento de permeabi- lidade das vênulas e ocorre como conseqüência da abertura das junções entre as células endoteliais. O aumento imediato e prolongado ocorre quando a agressão é mais intensa e depende de alterações graves da parede vascular, com necrose do endotélio, tanto de capilares quanto de vênuIas, o que explica a rápida e prolongada passagem do conteúdo dos vasos para o interstício. O aumento retardado pode ocorrer até dias após a agressão, e envolve os capilares e as vênulas. Um exemplo conhecido de todos é a exposição ao sol. Somente após várias horas de exposição é que vamos notar o rubor, calor e dor e eventualmente o edema (bolhas). A permeabilidade au- menta em conseqüência de alterações do endotélio dos capilares, levando a "vazamentos", pelas áreas de endotélio lesado, assim como pelas junções intercelulares. Fig. 23. Aspecto clínico da inflamação da pele (queimadura) por exposição excessiva à radiação solar. Fonte: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/riscos.htm Na inflamação, como conseqüência do aumento da permeabilidade vascular, ocorre o aumento da concentração dos elementos figurados do sangue, isto é, ocorre uma hemoconcentração, o que aumenta a viscosidade sangüínea. Como conseqüência disso, há lentificação da circulação (estase) e, depois, marginação leucocitária. As hemácias têm fluxo axial; os leucócitos, fluxo 25 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores mais marginal. Esta alteração aumenta o contato das células com o endotélio, facilitando sua saída dos vasos. Por outro lado, com a progressiva queda da velocidade da circulação, a área inflamada passa a ser mal oxigenada, o que traz vários tipos de conseqüências, inclusive a própria morte dos tecidos envolvidos na inflamação. Os fenômenos celulares da inflamação envolvem o acionamento das capacidades celulares de movimentação, de adesão e de englobamento de partículas. O principal fenômeno é à saída de leucócitos da luz vascular e sua migração para o local agredido. Esse fenômeno segue algumas fases: 1) Marginação: compreende a aproximação das células do sangue ao endotélio. Ou seja, os leucócitos saem da porção central do fluxo sangüíneo (local onde são comumente encontrados) e vão para a periferia do fluxo. Isso é possível graças à diminuição da velocidade do fluxo (estase sangüínea), decorrente dos fenômenos vasculares. Fig. 24. Aspecto microscópico da marginação leucocitária numa vênula. Percebe-se como um leucócito neutrófilo aproxima-se do endoteliócito (setas), praticamente aderindo-se nessa célula. A marginação leucocitária é uma das etapas da leucodiapedese; fora do vaso já se notam alguns leucócitos que já completaram a leucodiapese. Em algumas situações, os leucócitos do tipo 26 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores macrófagos (quando estão no interior dos vasos são denominados de monócitos) podem se unir e formar as chamadas células gigantes (G). Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/Banco_de_imagens/patoarteimages1Infltext10.htm 2) Pavimentação: adesão dos leucócitos ao endotélio. Ultimamente, têm sido descritas proteínas, as adesinas, que são induzidas ou ativadas pelos mediadores químicos e participam da pavimentação. Algumas destas adesinas são próprias dos leucócitos, outras do endotélio, outras ainda existem nas duas células. Nos leucócitos normais não-estimulados, as adesinas encontram-se em vesículas do citoplasma e na superfície; sob ação de vários fatores quimiotáticos, além de frações do complemento, elas aumentam em quantidade, favorecendo a adesão. Existem casos em que há deficiência genética destas proteínas e os pacientes sofrem de infecções bacterianas freqüentes, por falta de resposta inflamatória adequada. As moléculas de adesão são representadas por três famílias: selectinas (principalmente no endotélio) E, P e L, integrinas e imunoglobulinas. MolMolééculas de adesão envolvidasculas de adesão envolvidas Na migraNa migraçção ão leucocitleucocitááriaria Selectinas Integrinas Superfamília das imunoglobulinas algumas são constitutivas e outras são induzidas Fig. 25. Adesinas. Fonte: http://www.lia.ufsc.br/Inata_Inflama2.ppt#562,33,Slide 33 27 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Selectinas: O aumento de aderência entre o leucócito e o endotélio gerado pelas selectinas, é importante no fenômeno de rolamento. Algumas das selectinas, como a selectina P, são restritas ao endotélio e existem pré-formadas na membrana da célula endotelial e no interior dos corpúsculos de Weibel-Palade, característicos da célula endotelial. Quando o endotélio é estimulado, ele aumenta a expressão da selectina P na sua membrana, aumentando a adesi- vidade do endotélio aos leucócitos, explicando as primeiras fases da marginação e pavimentação. A selectina E, também chamada de ELAM (endotheliaI-Ieukocyte-adhesion- moIecuIe), é produzida pelas células endoteliais e pelas plaquetas, porém, deverá ser sintetizada após estímulo por mediadores como a histamina, a trombina e o PAF (pIateIet-activation-factor). Sua síntese leva algum tempo e é mantida enquanto o estímulo persistir - o que assegura a permanência do au- mento de adesividade do endotélio. As selectinas L são produzidas pela maioria dos leucócitos. SELECTINAS Componentes Distribuição Ligantes L-selectina Maioria dos leucócitos Endotélio E-selectina Células endoteliais Granulócitos P-selectina Células endoteliais e plaquetas Neutrófilos Integrinas: A segunda família de adesinas é composta pelas integrinas, que são glicoproteínas transmembrana dos leucócitos, e que, além de interagir com as moléculas de adesão do endotélio, também se comportam como receptores para componentes da matriz extracelular. Elas estão presentes em forma inativa na membrana dos leucócitos e, na presença dos mediadores, são ativadas. Imunoglobulinas: A família das imunoglobulinas é composta pelas ICAMs (intercelluIar-adhesion-moIecuIes) e pelas VCAMs (vascuIar-celluIar- 28 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores adhesion-moIecuIes). Como no caso da selectina "P", elas não estão pré- formadas, sendo necessário estímulo para que se desencadeie sua síntese, o que, como já referido, exige certo tempo. Logo no início da resposta inflamatória, como conseqüência das alterações do padrão circulatório, os leucócitos aproximam-se e aderem ao endotélio de forma frouxa (selectina "P"). Porém, à medida que mediadores se liberam, ou são sintetizados, a adesão torna-se mais forte (ICAM-VCAM- integrinas ativadas dos leucócitos). 3) Diapedese: fenômeno em que os leucócitos, por meio de seus movimentos, atravessam a parede vascular e o fazem passando pelas junções intercelulares alargadas. Uma vez aderidos ao endotélio, os leucócitos emitem pseudópodos, que se introduzemnas junções intercelulares e vão se espremendo, de forma a passar para fora do endotélio. São momentaneamente contidos pela membrana basal. Como produzem proteases, com facilidade lesam a membrana basal e acabam saindo para o interstício. Juntamente com o leucócito, podem passar passivamente eritrócitos. Denomina-se de leucodiapedese os movimentos diapedéticos dos leucócitos; dos eritrócitos, são denominados de eritrodiapedese. 29 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Fig. 26. Aspecto microscópico da leucodiapedese. Observa-se o momento em que o leucócito sai do vaso (leucodiapedese) por poros (P) ou fendas que se abrem na parede vascular. As células endoteliais (setas) se separam, permitindo a passagem dos leucócitos. Veja que, fora do vaso, já existem células inflamatórias do tipo neutrófilos e linfócitos (cabeças de seta). Líquido plasmático (L) também é visível, mostrando que, juntamente com as células, há exsudação plasmática. No círculo cinza (parte superior da figura), vemos um leucócito na transição entre o meio intra e extravascular. Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/ Banco_de_imagens/patoarteimages1Infltext11.htm 30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Inflamação •• Fases da reacFases da reacçção ão InflamatInflamatóóriaria 1- aumento de fluxo sanguíneo à área afectada 2- aumento da permeabilidade capilar local 3- migração de células da via sanguínea para a área afectada Fig. 27. Resumo das primeiras fases da inflamação. Fonte: http://imunologia.ufp.pt/Imuno_MED/ TeoricasImunologia2006/Teorica07.ppt#258,5,Slide 5 Fig. 28. Nesse corte histológico, temos um resumo das etapas de exsudação celular da inflamação. Os leucócitos saem da região central do fluxo sangüíneo e migram para a região da parede vascular 31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores (M); depois, ocorre pavimentação dessas células (P), ou seja, elas se aderem às células endoteliais para poderem sair pela fenda aberta na parede vascular, migrando para o interstício (MI); por fim, a leucodiapedese se completa, quando a célula atinge o interstício (CI). Veja que as células elegem uma via preferencial de saída, como se nota pelo acúmulo de leucócitos em uma determinada região da parede vascular (no caso dessa figura, próximo à letra P). Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/ Banco_de_imagens/patoarteimages1Infltext12.htm 4) Quimiotaxia: Uma vez fora dos vasos, os leucócitos migram pelo interstício em uma direção predominante, dirigindo-se para o foco da agressão. Esta migração dirigida é a conseqüência da presença de substâncias quimiotáticas no foco inflamatório. A célula possui, em sua membrana plasmática, receptores para algumas substâncias e parece existir um mecanismo, baseado na mudança conformacional do receptor, que faz com que a célula "perceba" a existência de maior quantidade dessa substância em locais específicos. Percebendo essa maior quantidade, a célula migra para o local. A migração das células, da luz do vaso ao foco inflamatório, não se faz de modo aleatório. De fato, os polimorfonucleares neutrófilos (PMNs) são as células dominantes nas primeiras 24h a 48h após a agressão. A seguir, começam a migrar os monócitos do sangue que, ativados nos tecidos, recebem a denominação de macrófagos; seguem-se os eosinófilos, e as células imunologicamente ativas como os linfócitos. As hemácias migram em menor número, porém, quando a agressão é muito grave, levando a comprometimento grave dos vasos, podem vir a serem as células dominantes. O exsudato inflamatório, conseqüente do aumento da permeabilidade vascular, é importante na contenção e limitação da agressão, pois dilui o agente agressor, facilita a sua retirada do local e traz para o interstício anticorpos, complemento e outras macromoléculas envolvidas na inibição. Ou mesmo destruição de certos agressores, assim como na modulação da própria resposta inflamatória. Outro elemento que sai do vaso é o fibrinogênio que, em contato com o interstício, se polimeriza, constituindo a fibrina, importante elemento nas inflamações agudas. 32 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Mais recentemente, os mecanismos responsáveis pelas diferentes fases do processo inflamatório vêm sendo esclarecidos. Assim, substâncias farmacologicamente ativas são liberadas ou sintetizadas como conseqüência da agressão. Elas são conhecidas como os mediadores químicos da inflamação e serão consideradas mais adiante. III. Fenômenos reparativos e produtivos Os últimos fenômenos do processo inflamatório estão relacionados aos aumentos de quantidade dos elementos teciduais - principalmente de células -, resultado das fases anteriores do processo inflamatório. Há uma grande formação de vasos sangüíneos (angiogênese) e uma substituição do parênquima (a parte funcional do órgão) por fibras colágenas (fibrose). Essas fases da reação inflamatória visam destruir o agente agressor e reparar o tecido injuriado e serão estudadas em outro módulo. 33 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Fig. 29. Resumo das fases da inflamação aguda. Fonte: http://www.biologymad.com/ Immunology/inflammation.jpg 1.4. Processo de fagocitose Uma das principais funções dos PMNs e dos macrófagos é a fagocitose. Atraídos para o foco inflamatório, estes fagócitos procuram englo- bar os agentes da agressão ou outras estruturas anômalas ali encontradas. 34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Fig. 30. Processo de fagocitose. Fonte: http://medicina.med.up.pt/bcm/20042005/trabalhos/2005/ mediadoresinflamacao.pdf O fagócito reconhece às estruturas que serão fagocitadas, quando elas têm certas características como estarem recobertas por fatores do soro, as opsoninas. Entre as opsoninas mais importantes estão as IgGs e o fragmento C3b do complemento. Fig. 31. Ilustração esquemática mostrando a opsonização dos microorganismos antes da fagocitose pelos macrófagos. Fonte: http://cristiana7.blogspot.com 35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores As partículas opsonizadas prendem-se a receptores específicos da membrana dos fagócitos. Uma vez aderidas, elas desencadeiam reações no citoplasma do fagócito, que promovem o englobamento da partícula e sua internalização, Assim se forma uma estrutura intracitoplasmática revestida por membrana, o fagolisossoma. Fig. 32. Processo de fagocitose. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/28/ Fagocitose.png Lisossomas do fagócito aderem-se à superfície do fagossoma e se abrem, liberando enzimas para o seu interior. Uma vez destruída ou neutraliza- da a partícula, os receptores são reciclados para a membrana celular e pode sobrar do fagossoma um "corpo residual". A ligação da partícula opsonizada ao receptor para IgG é suficiente para desencadear a fagocitose. A ligação com o receptor de C3b requer a ligação simultânea com a fibronectina e a laminina dos tecidos ou ainda com produtos solúveis de linfócitosT. A internalização da partícula pela célula se inicia pela formação de pseudópodos a sua volta, que acabam por envolvê-la, com a formação do fagossoma. Segue-se a fusão da membrana do fagossoma com a membrana dos lisossomas, formando-se os fagolisossomas. Os lisossomas descarregam sua bateria de grânulos na luz do fagolisossomas. Durante este processo, há vazamento de produtos metabólicos e enzimas para fora do fagócito. O fenômeno da fagocitose é regulado pelos mesmos processos que regulam a formação de pseudópodos na movimentação celular. 36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A morte do agente ou a degradação da partícula fagocitada depende de dois tipos de fenômenos: um dependente de oxigênio e outro não. Mecanismo dependente de O2 - a fagocitose é um mecanismo dependente de oxigênio que estimula numerosos eventos intracelulares, incluindo uma explosão respiratória (“burst”), glicogenólise, oxidação de glicose aumentada via ciclo da hexose-monofosfato e produção de metabólitos reativos de oxigênio (radicais livres). A geração dos metabólitos do oxigênio é atribuída à rápida ativação de uma oxidase (NADPH oxidase), que oxida o NADPH (dinucleotídeonicotinamida adenina); no processo reduz o oxigênio ao íon superóxido (O 2 - ), de acordo com a seguinte equação química: O íon superóxido (2 O 2 ) é então convertido em água oxigenada ou peróxido de hidrogênio (H 2 O 2 ), principalmente por desmutação espontânea. A oxidase NADPH está presente na membrana ou, quando a membrana está invaginada, no fagolisossoma. Assim, o peróxido de hidrogênio é produzido no lisossoma. Esses metabólitos do oxigênio são as principais armas matadoras de bactérias. Nos grânulos dos neutrófilos, existe outra enzima, a mieloperoxidase que, em presença de cloro, converte o H2O2 em HOCl, um poderoso oxidante com maior poder microbicida. A mieloperoxidase também é encontrada nos grânulos dos macrófagos, que se valem do mesmo sistema. Mecanismo independente de O2 – a morte bacteriana pode também ocorrer na ausência de uma explosão oxidativa, por substâncias presentes nos grânulos dos leucócitos. Estas incluem: 1. proteína aumentadora da permeabilidade bacteriana (BPI), uma proteína altamente catiônica associada ao grânulo e que causa alterações na permeabilidade da membrana mais externa de microorganismos; 37 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 2. lisozima, que hidroliza as ligações ácido-N-acetil-glucosamina murâmica, presentes no revestimento glicopeptídeo de todas as bactérias; 3. lactoferrina, uma proteína fixadora de ferro presente em grânulos específicos; 4. proteína básica principal, uma proteína catiônica de eosinófilos, que possui uma ação bactericida limitada, mas que é citotóxica para muitos parasitas. Após a morte bacteriana, hidrolases ácidas presentes em grânulos azurófilos degradam a bactéria no interior do fagolisossoma. O pH do fagolisossoma diminui para 4 a 5 após a fagocitose, sendo este o pH ótimo para a ação dessas enzimas. A atividade de muitas destas enzimas é controlada por antienzimas, um bom exemplo sendo a alfa-1-antitripsina, produzida pelo fígado, que inibe a ação da elastase. Na sua falta, ocorre aumento da atividade da elastase com sérias conseqüências, como, por exemplo, nos pulmões, em que a progressiva degradação das fibras elásticas (causada pelas freqüentes e passageiras infecções pulmonares, acompanhadas de migração e degranulação de fagócitos) leva ao desenvolvimento do enfisema. Fig. 33. Processo de fagocitose. Fonte: http://kepler.uag.mx/uagwbt/microbiologia/ciencias/ imagenes.cfm ---------------------------------FIM DO MÓDULO I------------------------ Curso de Inflamação e Reparo Tecidual MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 39 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores MÓDULO II 1. MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO Os mediadores químicos podem ser definidos como substâncias endógenas ou exógenas que, uma vez ativadas, participam da resposta inflamatória, desencadeando, mantendo e amplificando seus processos. Esses mediadores podem ser detectados no plasma, sob a forma de pré-enzimas, estocados no interior de células, ou sintetizados durante o processo inflamatório. MEDIADORES QUÍMICOS 40 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A seguir, serão relacionados os principais grupos de mediadores químicos que atuam na inflamação. Eles são divididos em dois grupos, segundo o tempo de contato dos tecidos com o agente inflamatório: mediadores de ação rápida e mediadores de ação prolongada. Mediadores de ação rápida: liberados imediatamente após a ação do estímulo agressor. Têm ação principalmente sobre os vasos e envolvem o grupo das aminas vasoativas. Incluem as aminas vasoativas. Mediadores de ação prolongada: liberados mais tardiamente, diante da persistência do agente flogístico. Atuam nos vasos e, principalmente, nos mecanismos de quimiotaxia celular, contribuindo para a exsudação celular. Compreendem substâncias plasmáticas e lipídios ácidos. Fig. 1. Gráfico mostrando a ação de alguns mediadores químicos e a sua influência, no decorrer do tempo, em relação à quantidade de líquido de edema (exsudação plasmática) que extravasa a parede vascular. Veja que a histamina e a serotonina atuam nas primeiras horas, sendo de mediação rápida. Já as cininas atuam mais tardiamente, mas não provocam tanto aumento da permeabilidade vascular (há diminuição da quantidade de edema). Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/patoarteintr.htm 1.1. Aminas vasoativas: histamina e serotonina Acredita-se que a vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular, que ocorre na fase imediata do processo inflamatório, são mediados pela histamina e serotonina. No ser humano, a histamina é armazenada nos 41 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores mastócitos, basófilos e plaquetas, e a serotonina, nas plaquetas. Em roedores (ratos e camundongos), a serotonina é estocada também nos mastócitos. Estes mediadores se encontram estocados no interior dos lisossomas, e são liberados em decorrência de estímulo apropriado. A liberação de histamina no foco inflamatório pode ser desencadeada por injúria tecidual, complexo antígeno-anticorpo, sendo esse anticorpo da classe IgE, e pelos componentes C3a e C5a do sistema complemento. Esses fatores promovem a degranulação dos mastócitos e basófilos, com posterior liberação da histamina no meio extracelular. A histamina exerce suas funções interagindo com receptores, que podem ser de três tipos: H1, H2 e H3. A interação com receptores do tipo H1 desencadeia aumento de permeabilidade vascular no nível de vênulas pós- capilares. Além disso, o receptor H1 está envolvido com contração de músculo liso em brônquios, intestino e útero, aumento da secreção de muconasal, pro- dução de prostaglandinas pelo tecido pulmonar, aumento da quimiotaxia de leucócitos, etc. A ativação de receptores H2 inibe a quimiotaxia de leucócitos e estimula linfócitos T supressores, entre outras funções. A estimulação concomitante de receptores H1 e H2 promove vasodilatação máxima. Finalmente, a interação com receptores H3, a qual tem sido melhor estudada no sistema nervoso central, promove inibição da síntese e secreção de histamina. HISTAMINA • Vasodilatação • Aumento da permeabilidade vascular • Contração da musculatura lisa • Estimulação da secreção gástrica • Estimulação cardíaca • Dor 42 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores A detecção das várias atividades biológicas da histamina, só foi possível através do emprego de anti-histamínicos específicos para cada tipo de receptor. As drogas anti-histamínicas empregadas nos processos inflamatórios, como por exemplo, nas alergias, bloqueiam especificamente os receptores do tipo H1. A serotonina é quimicamente representada pela 5-hidroxitriptamina (5-HT), sendo também frequentemente designada por este nome. É encontrada nas plaquetas, na mucosa intestinal e no SNC e tem uma provável ação vasodilatadora e de aumento da permeabilidade vascular. 43 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 1.2. Sistemas plasmáticos A resposta inflamatória é parcialmente mediada pelos componentes de alguns dos maiores sistemas enzimáticos dos fluidos corpóreos. Quatro deles participam da reação inflamatória: sistema de coagulação, sistema fibrinolítico, sistema de cininas e sistema complemento. Esses quatro sistemas são constituídos por vários componentes que se encontram presentes no sangue na forma inativa, e são ativados seqüencialmente em processo denominado ativação em cascata. Além disso, os quatro sistemas apresentam pontos de interação entre si. Talvez o ponto de interação mais importante seja o fator Hageman que, uma vez ativado, inicia a ativação seqüencial do sistema de coagulação, das cininas e do sistema fibrinolítico. Este último, por sua vez, estimula o sistema complemento. 44 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Sistemas Plasmáticos FatorFator HagemanHageman Sistema de coagulação Sistema fibrinolítico Sistema de cininas Sistema complemento O fator Hageman é uma proteína globular, uma betaglobulina, que é encontrado no plasma na forma inativa. Em sua forma inativa, conhecida como pré-fator Hageman, não apresenta atividade enzimática. Sua ativação é o resultado de contato com superfícies estranhas como, por exemplo, colágeno, complexos imunes, polissacarídeos da parede bacteriana e, talvez, a membrana basal da parede vascular. Essa ativação por contato não parece requerer clivagem, e provavelmente é resultante da exposição de sítios ativos através de modificação estrutural na molécula. Um segundo mecanismo de ativação envolve clivagem do fator Hageman através de enzimas proteolíticas como plasmina e calicreína. 45 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Fator Hageman (XII) • Betaglobulina- forma inativa no plasma • Ativação: contato com superfícies estranhas • exposição de sítios ativos: colágeno, complexos imunes, LPS, membrana basal da parede vascular • clivagem: plasmina e calicreína a) Sistema da coagulação A função final do sistema de coagulação é a produção de fibrina, elemento essencial para a formação de trombo sangüíneo. Como ilustrado na Fig. 6.4, a ativação do sistema de coagulação pode ser desencadeada pelo fator Hageman ativado, o qual atua em um conjunto de enzimas plasmáticas, denominado tromboplastina. Esta, por sua vez, converte a protrombina em trombina, que transforma o fibrinogênio em monômeros de fibrina, os quais se organizam em filamentos, originando polímeros. 46 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Sistema de Coagulação Superfície de contato Fator de Hageman ativado Dano tecidual Fator tecidual Cascata enzimática que leva à ativação da tromboplastina Protrombina Trombina Fibrinogênio Fibrina Os produtos gerados na ativação do Sistema de Coagulação apresentam propriedades pró-inflamatórias. No processo de formação da fibri- na, a molécula de fibrinogênio perde peptídeos, fibrinopeptídeos A e B, os quais são quimiotáticos e aumentam a permeabilidade vascular. Além disso, a trombina gerada neste sistema promove aumento na adesão de leucócitos e na proliferação de fibroblastos. Fig. 2. Desenho esquemático mostrando a formação do coágulo Fonte: http://www.ameo.org.br/ interna2.php?id=4 47 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores b) Sistema fibrinolítico Uma função óbvia deste sistema é dissolver os trombos formados por polímeros de fibrina, e deste modo manter o sangue em fluxo contínuo. Este sistema também é ativado pelo fator Hageman, o qual catalisa a conversão do pré-ativador de plasminogênio, dando origem à formação de plasmina. Esta é enzima proteolítica, que cliva a fibrina em produtos solúveis. Uma segunda via de formação de plasmina é decorrente de dano tecidual, a qual estimula a liberação do fator ativador de plasminogênio das paredes dos pequenos vasos sangüíneos. A participação da plasmina na resposta inflamatória envolve a ativação da via alternada do sistema complemento. Além disso, a degradação da fibrina e do fibrinogênio pela pIasmina, gera produtos com capacidade de aumentar a permeabilidade vascular. A pIasmina promove ainda a ativação do fator Hageman, promovendo a amplificação na ativação dos sistemas enzimáticos envolvidos no processo inflamatório. Sistema Fibrinolítico Superfície de contato Fator Hageman ativado Ativador de plasminogênio Pró-ativador de plasminogênio Plasminogênio Dano tecidual Fator ativador de plasminogênio tecidual Plasmina Fibrina Produto solúveis c) Sistema de cininas A geração de cininas no plasma é obtida pela seqüência de três reações enzimáticas: ativação do fator Hageman, ativação de pré-calicreína em calicreína, e clivagem do cininogênio em cininas, usualmente a 48 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores bradicinina. A ativação deste sistema durante a reação inflamatória promove o aumento da permeabilidade vascular, uma vez que a bradicinina é potente agente vasoativo. A bradicinina induz também vasodilatação, contração de musculatura lisa e produz dor. Além disso, a calicreína apresenta atividade quimiotática para neutrófilos. Sistema de Cininas Fator Hageman Fator Hageman ativado Cininases Calicreína Cininogênio Cininas Pré-calicreína Produtos inativos d) Sistema complemento O sistema complemento (SC) é o principal mediador humoral do processo inflamatório junto aos anticorpos. Está constituído por um conjunto de proteínas, tanto solúveis no plasma como expressas na membrana celular, e é ativado por diversos mecanismos por duas vias, a clássica e a alternativa. Os componentes da via clássica, assim como da via terminal, são designados como símbolo “C” seguidos com o número correspondente (C1, C3, etc.). Já os componentes da via alternativa, exceto C3, são designados com nomes convencionais ou símbolos diferentes (exemplo: fator D, fator B, properdina). Os produtos da clivagem enzimática são designados por letras minúsculas, que seguem o símbolo de determinado componente (exemplo: C5a, C5b). Quando o componente ou fragmento é inativado, é adicionada a letra “i” (exemplo: C3bi, Bbi). 49 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Tabela 1. Componentes plasmáticos da cascata do sistema complemento. Adaptado de ITURRY- YAMAMOTO & PORTINHO, 2001. As proteínas do SC são sintetizadas principalmente nos hepatócitos e macrófagos/monócitos, além de outros tecidos. As proteínas reguladoras ligadas à membrana celular são sintetizadas nas células sobre as quais estão expressas. O SC participa dos seguintes processos biológicos: fagocitose, opsonização, quimiotaxia de leucócitos, liberação de histamina dos mastócitos e basófilos, e de espécies ativas de oxigênio pelos leucócitos, vasoconstrição, contração da musculatura lisa, aumento da permeabilidade dos vasos, agregação plaquetária e citólise. 50 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Para que o SC exerça as suas funções, deve ser ativado, originando assim uma série de fragmentos com diferentes características e funções especificas. Esta ativação ocorre por duas vias: a clássica e a alternativa. Cada uma delas é desencadeada por fatores diversos, sendo o início da ativação diferente para cada uma, mas que convergem em uma via comum a partir da formação de C3b. Sua ativação, tanto pela via clássica como pela via alternativa, leva à formação do complexo lítico de membrana (CLM), que destrói as células. FUNÇÕES DO SISTEMA COMPLEMENTO FUNÇÕES DO SISTEMA COMPLEMENTO Fig. 3. Funções do sistema complemento. Fonte: http://www.labimuno.org.br/aulas/ SISTEMA%20COMPLEMENTO-AULA.ppt A via clássica é ativada principalmente por complexos antígeno-anticorpo e imunoglobulinas agregadas. As imunoglobulinas humanas que iniciam a ativação do complemento pela via clássica, pertencem às classes IgM e às subclasses IgG1, IgG2, IgG3. A ativação da via clássica inicia-se com a ativação de C1. A reação entre o antígeno e o anticorpo forma um imunocomplexo criando um sítio na porção Fc da imunoglobulina acessível à ligação com C1q, iniciando-se assim a ativação de C1. 51 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores ATIVAÇÃO DA VIA CLÁSSICA I C1: a primeira proteina da via clássica do Sistema complemento ATIVAÇÃO DA VIA CLÁSSICA I C1: a primeira proteina da via clássica do Sistema complemento Fig. 4. Ativação da via clássica do sistema complemento. Fonte: http://www.labimuno.org.br/aulas/ SISTEMA%20COMPLEMENTO-AULA.ppt Após a geração seqüencial de diferentes sítios enzimáticos em C1r, é exposto um novo sítio enzimático em C1s transformando-se em uma enzima proteolítica, a C1-esterase. A C1-esterase cliva dois outros componentes do complemento: C4 e C2, formando C4b que se adere à membrana celular através de sua ligação tioéster, e C2a que permanece ligado a C4b na presença de íons Mg, formando assim C4b2a, chamada também de C3-convertase da via clássica, a qual por sua vez cliva C3 em C3a e C3b. Seqüencialmente, o C3b se liga à C3-convertase, formando o C4b2a3b; este novo complexo molecular pode agora clivar C5, sendo por isso chamado de C5- convertase da via clássica, formando-se C5a e C5b. Este último inicia a formação do CLM. As moléculas de C3b, formadas através da via clássica, podem servir de substrato para a ativação da via alternativa. Este mecanismo é chamado de alça de amplificação. A presença de certos agentes como determinados fungos e bactérias, alguns tipos de vírus, e helmintos com determinadas características, especialmente a ausência de ácido siálico na membrana, são suficientes para ativar a via 52 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores alternativa, através da ligação de uma ou mais moléculas de C3b na sua superfície. A via alternativa pode também ser ativada por lipopolissacarídeos presentes em membranas de várias bactérias, proteínas da superfície viral e de parasitas, enzimas tipo tripsina, alguns imunocomplexos e o fator de veneno de cobra. Há evidências de que alguns constituintes subcelulares do músculo cardíaco podem ativar a via alternativa. O C3 é também ativado continuamente em pouca intensidade na fase fluída. Isto ocorre através de proteases séricas, moléculas nucleofílicas ou água, que atacam a ligação tioéster. Quando esta ligação é hidrolisada, forma-se C3(H2O). A molécula de C3(H2O) formada, com uma conformação similar a C3b, na presença de íons Mg, interage com o fator B formando C3(H2O)B, sobre o qual atua o fator D para formar C3(H2O)Bb, complexo chamado de C3-convertase de iniciação. Esta enzima, por sua vez, cliva novas moléculas de C3 em C3a e C3b. A ligação tioéster das moléculas de C3b sofre hidrólise, depositando-se sobre receptores da superfície celular das partículas ativadoras da via alternativa, como células infectadas por vírus, células tumorais, bactérias gram-negativas, fungos, protozoários. Na presença de íons Mg, o C3b pode também se ligar ao fator B para formar C3bB. O fator D que circula como enzima ativa e não é consumido na reação, atua então na porção B da molécula, para formar C3bBb, molécula lábil, sendo porém estabilizada pela agregação de uma molécula de properdina (P). A enzima C3bBbP resultante é denominada de C3-convertase de amplificação da via alternativa, clivando a seguir novas moléculas de C3 em C3a e C3b, sendo que este último pode ingressar na chamada “alça de amplificação”, oferecendo mais C3b para a fase inicial desta via, ou se ligar ao complexo molecular C3bBb para formar C3bBb(C3b), denominada de C5-convertase da via alternativa que, assim como C4b2a3b da via clássica, cliva C5 em C5a e C5b. Esta última molécula inicia a formação do CLM (C5b6789). Esse complexo liga-se à membrana das células-alvo e provoca a formação de “poros”, que permitem um influxo descontrolado de água e íons, com turgência e lise celular subseqüentes. Para controlar a atividade do SC, há inibidores endógenos 53 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores regulados pela própria citólise. Essa regulação protege as células autólogas do ataque do SC. Fig. 5. Cascata do sistema complemento. As vias clássica e alternativa terminam na via efetora comum, que gera o complexo lítico de membrana. Adaptado de ITURRY-YAMAMOTO & PORTINHO, 2001. 1.3. Metabólitos do ácido aracdônico Os produtos do metabolismo do ácido araquidônico compõem um conjunto de mediadores que modulam a resposta inflamatória e imunológica. Esses mediadores só aparecem após a estimulação das células, e são decorrentes da oxidação do ácido araquidônico, o qual é gerado pela ação da enzima fosfolipase A2 sobre fosfolipídios da membrana celular. A oxidação do ácido araquidônico pode ser realizada por duas vias enzimáticas: via da PGH sintetase (anteriormente conhecida como cicloxigenase) e via da lipoxigenase. A ação do sistema enzimático da PGH sintetase sobre fosfolipídios de membrana, leva à formação de prostaglandinas da série E 2 ,F 2 e D 2 (PGE 2 , 54 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores PGF 2 , PGD 2 ), prostaciclina (PGI2) ou tromboxano A2 (TXA2). A outra via de metabolização do ácido araquidônico, pela lipoxigenase, leva à produção de um conjunto de mediadores denominados leucotrienos. Os quatro principais leucotrienos (LT) conhecidos até o momento são: LTB4, LTC4, LTD4, LTE4. Esse conjunto de leucotrienos é denominado de substância anafilática (SRS-A), por ser liberado durante a reação anafilática em pulmão, promovendo a contração lenta em preparações em músculo liso isolado. Fig. 6. Desenho esquemático da síntese de prostaglandinas e leucotrienos. Fonte: http://www.ufrgs.br/laprotox/eicosanoids.htm As prostaglandinas (PGs), por terem sido primeiramente descobertas e isoladas de líquido seminal, como secreção da próstata, foram assim denominadas, sendo o sufixo “glandinas” associado à glândula. Atualmente sabe-se que as PGs estão presentes em todos os tecidos animais, exercendo várias funções. As prostaglandinas (assim como os leucotrienos) têm sua síntese desencadeada por estímulos nas membranas celulares, que podem ser de natureza 55 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores fisiológica, farmacológica ou patológica. Por ação da fosfolipase A2, o ácido araquidônico, constituinte normal dos fosfolipídios das membranas, é então convertido. Tais estímulos ativam receptores de membrana, acoplados a uma proteína reguladora, ligada a um nucleotídeo guanínico (proteína “G”). A partir desta ligação, ativa-se a fosfolipase A2 específica. Faz parte deste complexo ainda, uma elevação da concentração de cálcio (Ca ++ ) no meio intracelular. A fosfolipase A2 hidrolisa fosfolipídios da membrana, particularmente fosfatidilcolina e fosfatidiletanolamina, liberando assim o ácido araquidônico. Este ácido liberado é, então, substrato para duas vias enzimáticas, a das cicloxigenases (COX), que desencadeiam a síntese das prostaglandinas e dos tromboxanos, e a via das lipoxigenases, responsável pela síntese dos leucotrienos. Fig. 7. Desenho esquemático do metabolismo do ácido aracdônico. Fonte: http://www.sistemanervoso.com/ images/pgc/iac_09.jpg 56 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores Estas PGs primárias, por assim dizer, têm pouca atividade, mas são substratos para formação das diversas PGs com atividade, como PGD 2 , PGE 2 , PGF 2 , prostaciclinas (PGI 2 ) e também dos tromboxanos (TX). As prostaglandinas promovem vasodilatação, potencializam a dor promovida pela bradicinina, modulam a função de macrófagos e células NK, estimulando-as quando em baixa concentração e inibindo-as quando em altas concentrações. São substâncias que agem como hormônios locais, são ácidos graxos produzidos por quase todas as células do corpo. Sua ação varia de acordo com a célula alvo, sendo sua vida útil muito curta. Os tromboxanos promovem a vasoconstrição e a agregação plaquetária. Os leucotrienos promovem a liberação de citocinas, quimiotaxia para eosinófilos e neutrófilos, broncoconstrição, edema e aumento da produção de muco. Metabolização do ácido araquidônico fosfolipase A2 Lipoxigenase LTE4 aum permeabilidade vascular LTD4 LTC4 Vasoconstrictor Leucotrienos LTA4 5HPETE Ácido araquidônico Fosfolípideos de membrana mastócitos,basófilos e neutrófilos 5HETE-quimiot. LTB4-quimiot. 1.4. Fator ativador de plaquetas Outro fosfolipídio que participa da resposta inflamatória é o fator ativador de plaquetas. Esse fator foi obtido pela primeira vez a partir de leucócitos sensibilizados incubados com antígeno, tendo sido observado que ele induzia a 57 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores liberação de aminas vasoativas, pelas plaquetas. Apesar dos leucócitos terem sido identificados como basófilos, sabe-se atualmente que eosinófilos, neutrófilos, mastócitos, monócitos e macrófagos, também podem liberar PAF, após estimulação adequada. FATOR ATIVADOR DE PLAQUETAS • Mastócitos • Basófilos • Plaquetas • Neutrófilos • Monócitos • Células endoteliais • Eosinófilos Síntese na membrana plasmática O PAF é um fosfolipídio de membrana sensível a fosfolipase A2 (PLA2) caracterizado quimicamente como alquil-acetil-glicerofosfocolina. O PAF não é estocado na célula, mas está presente na forma de precursor inativo ligado à membrana. A ativação da PLA2 converte esse precursor em liso-PAF, o qual sob ação da acetil coenzima A dá origem ao PAF-aceter. O PAF no meio extracelular apresenta vida média muito curta, sendo rapidamente convertido a liso-PAF, perdendo suas atividades biológicas. 58 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores FATOR ATIVADOR DE PLAQUETAS Acil-PAF Liso-PAF PAF Acetil-hidrolase Acetil-transferase Fosfolipase A2 O PAF promove os seguintes efeitos durante a resposta inflamatória: FATOR ATIVADOR DE PLAQUETAS • Vasodilatação arteriolar • Aumento da permeabilidade vascular • Promove a broncoconstrição • Produz agregação plaquetária • Estimula a liberação de mediadores plaquetários • Adesão e quimiotaxia leucocitárias • Estimula a síntese de metabólitos do ácido aracdônico • Hiperalgesia 1.5. Citocinas As citocinas são proteínas de baixo peso molecular secretadas pelos leucócitos e várias outras células no organismo, em resposta a inúmeros estímulos. De um modo geral, as citocinas estão envolvidas em vários processos celulares, 59 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores incluindo: ativação celular; fatores de crescimento; proliferação celular; diferenciação celular; maturação celular; migração celular; secreção de anticorpos. Dentre as várias citocinas descritas, a interleucina 1 (1L-1) e o fator de necrose tumoral (TNF) participam ativamente da resposta inflamatória e, por isso, serão detalhadas. Fig. 9. Desenho esquemático da ação das citocinas. Fonte: http://library.med.utah.edu/WebPath/ INFLHTML/INFL066.html A 1L-1 é uma proteína que pode ocorrer em duas formas moleculares: 1L-1α e 1L-1β. Embora exista alguma controvérsia, dados experimentais demonstram que 1L-1β age como mediador solúvel, enquanto que a 1L-1α permanece associada à célula, tendo sua ação potencializada no contato célula-célula. A 1L-1 pode ser produzida por todas as células nucleadas. No foco inflamatório, é sintetizada por macrófagos, neutrófilos, células endoteliais, fibroblastos e linfócitos. A 1L-1, em suas duas formas moleculares, apresenta efeito pleiotrópico, ativando a própria célula que o produziu (efeito autócrino), células circunvizinhas (efeito parácrino), e atuando em outros órgãos de forma sistêmica (efeito endócrino). 60 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores O mecanismo de ação da 1L-1 envolve a presença de receptores específicos na superfície da célula-alvo; entretanto, o mecanismo que leva à ativação celular ainda não foi esclarecido. A atividade da 1L-1 pode ser controlada por fatores endógenos que modulam a expressão de receptores na membrana, ou interferem no metabolismo celular, impedindo
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