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Curso de 
Inflamação 
e Reparo Tecidual 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
MÓDULO I 
 
 
CURSO DE INFLAMAÇÃO E REPARO TECIDUAL 
SUMÁRIO 
 
MÓDULO I 
1. MECANISMOS DA INFLAMAÇÃO 
1.1. Introdução à inflamação 
1.2. Células inflamatórias 
1.3. Fases do processo inflamatório 
1.4. Processo de fagocitose 
 
MÓDULO II 
1. MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO 
1.1. Aminas vaso ativas: histamina e serotonina 
1.2. Sistemas plasmáticos 
1.3. Metabólitos do ácido aracdônico 
1.4. Fator ativador de plaquetas 
1.5. Citocinas 
 
MÓDULO III 
1. INFLAMAÇÃO AGUDA 
1.1. Classificação das inflamações 
1.2. Evolução das inflamações agudas 
1.3. Fatores que alteram a resposta inflamatória 
1.4. Farmacologia da inflamação 
 
MÓDULO IV 
1. INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
 
 
 
 
 
 
 
2 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
1.1. Conceito e características da inflamação crônica 
1.2. Classificação das inflamações crônicas 
1.3. Agentes etiológicos 
1.4. Formação dos granulomas 
 
 
MÓDULO V 
1. REPARO TECIDUAL 
1.1. Células lábeis, estáveis e permanentes 
1.2. Regeneração 
1.3. Cicatrização 
1.4. Fatores que interferem no processo de reparação 
1.5. Reparo dos tecidos especializados 
2. Bibliografia Consultada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
 
1. MECANISMOS DA INFLAMAÇÃO 
 
1.1. Introdução à inflamação 
A inflamação ou flogose (derivado de "flogístico" que, em grego, significa 
"queimar") é a reação local dos tecidos a uma agressão, que, portanto, perderam 
sua homeostase e morfostase. Ela ocorre como uma resposta inespecífica, 
caracterizada por uma série de alterações que tendem a limitar os efeitos da 
agressão. 
A inflamação pode ser conceituada, portanto, como uma resposta local do 
tecido vascularizado agredido, caracterizada por alterações do sistema vascular, dos 
componentes líquidos e celulares, bem como por adaptações do tecido conjuntivo 
vizinho. Desta forma, pode ser considerada uma reação de defesa local. 
Inúmeras são as causas ou os agentes responsáveis pelas alterações 
encontradas na inflamação, sendo divididos em grupos conforme a natureza do 
agente. Assim, têm-se os agentes químicos, para designar o grupo das substâncias 
químicas, endógenas ou exógenas, que causam injúrias às células (ex.: tetracloreto 
de carbono, álcool); os agentes físicos, que agrupam as causas de natureza 
mecânica, elétrica, radioativa, de mudanças na temperatura etc.; e os agentes 
biológicos, englobando todos os seres vivos capazes de alterar a função celular (ex.: 
vírus, bactérias, fungos). 
Para tornar-se um agente inflamatório, ou seja, um estímulo que 
desencadeie esses fenômenos de transformação nos tecidos, o agente lesivo tem 
que ser suficientemente intenso para provocar tais reações e ultrapassar as 
barreiras de defesa externas (como a derme, por exemplo), sem contudo alterar a 
vitalidade do tecido em que atua. 
Por muito tempo, a inflamação foi considerada uma doença, e somente 
a partir do século XVIII é que Hunter propôs que a mesma fosse uma resposta 
benéfica. Desde Celsus (contemporâneo de Cristo) que se caracteriza a 
inflamação por quatro sinais "cardinais": rubor, calor, tumor e dor. Virchow, no 
século XIX, acrescentou um quinto sinal: a perda da função. 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 1. Esquema mostrando os sinais cardinais da inflamação. 
Fonte: http://www.biomaterial.com.br/ inflama/Image120.gif 
 
 
O rubor e o calor são o resultado de um aumento da circulação na área 
inflamada. O tumor é a conseqüência do aumento local do líquido intersticial e a 
dor depende do acúmulo, no local, de substâncias biológicas que atuam sobre 
as terminações nervosas. A perda da função é a conseqüência do somatório de 
vários fatores, especialmente do edema e da dor. Os sinais cardinais referem-
se a inflamações da superfície corpórea ou das articulações, porém, 
inflamações com as mesmas características ocorrem em todos os tecidos e 
órgãos agredidos. 
Dependendo de sua duração, as inflamações são divididas em agudas e 
crônicas. Assim, inflamações que duram desde poucos minutos até poucos dias 
são chamadas de agudas, enquanto que as que persistem por semanas e 
meses são chamadas de crônicas. 
Do ponto de vista funcional e morfológico, as inflamações agudas se 
caracterizam pelo predomínio de fenômenos exsudativos, ou seja, conseqüentes 
a alterações da permeabilidade vascular, permitindo o acúmulo na região 
inflamada de líquido (edema), fibrina, leucócitos, especialmente os neutrófilos, e 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
hemácias. Nas inflamações crônicas, além destes elementos, ocorrem, no local, 
fenômenos produtivos, ou seja, proliferação de vasos, fibroblastos (com 
conseqüente deposição de colágeno), como também migração e proliferação 
local de monócitos e linfócitos. 
 
1.2. Células inflamatórias 
As células que participam da reação inflamatória foram classificadas por 
Spector (1980), da seguinte forma: 
 Células endoteliais; 
 Células próprias do tecido (mastócitos, fibroblastos e macrófagos fixos); 
 Células migratórias (leucócitos sangüíneos). 
 
Os leucócitos são as células sangüíneas de maior importância no 
processo inflamatório. Podem ser divididos em dois grupos: um primeiro grupo das 
células que possuem granulações específicas visíveis por ação de corantes 
especiais em seu citoplasma (denominadas de leucócitos granulócitos) ou com 
várias formas de núcleo (polimorfonucleares). E um segundo grupo das células que 
possuem granulações, porém essas não são visíveis com o auxílio desses corantes, 
denominadas de leucócitos agranulócitos. No primeiro grupo temos neutrófilos, 
eosinófilos e basófilos e, no segundo, linfócitos e monócitos. Esses últimos são 
também considerados mononucleares, ou seja, seus núcleos possuem forma 
constante, invariável. 
Além dos leucócitos, muitas outras células do tecido conjuntivo estão 
envolvidas em diferentes etapas do processo inflamatório. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 2. Ilustração esquemática dos componentes das respostas inflamatórias agudas e crônicas: 
células e proteínas circulantes, células dos vasos sangüíneos e células e proteínas da matriz 
extracelular. Fonte: http://www.elseviermedicina.com.br/downloads/PartesProduto/sample_robbins.pdf 
 
 
I. Células endoteliais 
Há poucos anos ainda se considerava a célula endotelial como uma 
membrana celular passiva, que forma a interface entre o sangue e os tecidos, dado 
a sua estrutura simples, com escassez de organelas celulares quando vista ao 
microscópio de luz. Na atualidade, nosso conceito de endotélio foi radicalmente 
mudado, pois ficou claro que a célula endotelialé um componente funcionalmente 
ativo da parede vascular, capaz de mostrar diversas propriedades metabólicas, de 
síntese e regenerativas, estando implicada na regulação de vários fenômenos, tais 
como: fluxo sangüíneo, coagulação, proliferação de células da parede vascular, 
reatividade imunológica, resposta do organismo a estímulos patogênicos. 
O endotélio é formado por um epitélio pavimentoso simples. A célula 
endotelial é pobre em mitocôndrias e lisossomas, mas possui uma quantidade 
regular de retículo endoplasmático rugoso (RER), complexo de Golgi proeminente e 
citomembrana rica em sistemas enzimáticos. É importante ressaltar a presença de 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
miofibrilas e de proteínas no citoplasma, como actina e miosina, relacionadas com 
sua capacidade contrátil. 
 
 
Fig. 3. Detalhe das células endoteliais (1) de pequenos capilares no tecido conjuntivo (2) 
Fonte: http://www.micron.uerj.br/atlas/celula/cel10.htm 
 
 
Entre as funções do endotélio podemos citar: limitada capacidade 
fagocitária, síntese de colágeno tipo IV, elastina, laminina, fibronectina e 
glucosaminoglicanos e, talvez, outros componentes da membrana basal. Participam 
da formação de elementos da cascata da coagulação e do fenômeno da aderência 
leucocitária, graças à secreção da molécula de adesão do endotélio a leucócitos 
(ELAM). Estes, por sua vez, contribuem com o mesmo fenômeno, secretando 
moléculas de adesão intracitoplasmática (ICAM). 
 
II. Neutrófilos 
São leucócitos granulócitos polimorfonucleares (PMN), formados na medula 
óssea, e como o próprio nome diz, possuem núcleo pleomórfico, multilobulado, 
citoplasma granuloso e medem cerca de 10 µm de diâmetro. Os neutrófilos jovens 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
apresentam núcleo em forma de ferradura (neutrófilo bastonete), enquanto os mais 
adultos, maduros, mostram núcleo bastante lobulado (neutrófilo segmentado). 
 
 
Fig. 4. Detalhe microscópico do neutrófilo. Fonte: http://www.virtual.epm.br 
 
 
O citoplasma dos neutrófilos é rico em granulações, que não se coram pelos 
métodos usuais de coloração, pois não possuem afinidade por tais corantes – por 
isso são denominados neutrófilos. Estes grânulos, que são classificados em 
primários, secundários e terciários, de acordo com suas características de 
eletrodensidade à microscopia eletrônica, são ricos em enzimas digestivas, como 
hidrolases, peroxidases e fosfatases ácidas, lisozima, etc. 
 
 
Fig. 5. Detalhe da microscopia eletrônica do neutrófilo. 
Fonte: http://www.sbi.org.br/sbinarede/ SBInarede35/index.html 
 
 
 
 
 
 
 
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Os grânulos azurófilos ou primários são os mais densos e contêm 
mieloperoxidase, lisozima, elastases, catepsinas, proteinases, colagenase, N-
acetil- glucoronidase e glicerofosfatase. Os grânulos secundários contêm 
lisozima, colagenase, gelatinase, fosfatase alcalina, lactoferrina, citocromo b-
245 e receptores para laminina. 
Todas estas enzimas são essenciais para lisar as substâncias 
fagocitadas, porém, não só quando da fagocitose, como também quando o 
neutrófilo é ativado, ou quando se desintegra, são elas liberadas no interstício, 
onde agem agredindo os tecidos inflamados. 
Os neutrófilos se originam de células da medula óssea e levam cerca 
de seis dias para atingir a maturação. Quando maduros, poderão continuar na 
medula por alguns dias antes de passar à circulação. Na circulação, 
permanecem cerca de 6h a 7h e, a seguir, deixam os vasos e se instalam no 
interstício. Fora dos vasos vivem pouco, morrendo após o máximo de dois 
dias. Logo, é necessário que a produção de neutrófilos pela medula seja capaz 
de compensar a sua contínua destruição para manter o número fisiológico 
circulante. O fato de serem células com uma vida média curta e extremamente 
móvel, explica, em parte, porque predominam nas fases iniciais do processo 
inflamatório em relação às demais células. 
Denomina-se de neutrofilia e neutropenia, respectivamente, o aumento e a 
diminuição do número de neutrófilos na circulação periférica. 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 6. Microscopia de um caso de neutrofilia. 
Fonte: http://library.med.utah.edu/WebPath/ INFLHTML/INFL001.html 
 
 
Os polimorfonucleares neutrófilos constituem a primeira onda de 
migração. Nos tecidos inflamados, o neutrófilo se movimenta e aparentemente 
se locomove melhor, quando pode se apoiar em estruturas pré-formadas. A 
fibrina conseqüente à polimerização de fibrinogênio exsudado dos vasos pode 
servir de apoio a esta movimentação. 
Tanto substâncias exógenas quanto endógenas podem ser 
quimiotáticas. Dentre as mais importantes estão: produtos bacterianos, compo-
nentes do complemento, especialmente o C5a, produtos da lipoxigenação do 
ácido araquidônico, especialmente o leucotrieno B4. Além de seu papel na 
quimiotaxia, os agentes quimiotáticos exercem outras funções, entre as quais a 
de ativação dos leucócitos. Esta ativação se acompanha de ativação de 
fosfolipases, com conseqüente produção dos metabólitos do ácido 
araquidônico, degranulação com liberação para o interstício de enzimas, além 
de modulação das moléculas de adesão da membrana do leucócito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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III. Eosinófilos 
Como os neutrófilos, os eosinófilos são células fagocitárias que se 
originam na medula óssea. Na circulação, permanecem por 6h a 12h, 
passando a seguir para os interstícios, onde desagregam após alguns dias. 
Os grânulos dos eosinófilos são lisossomas especiais; contêm algumas 
enzimas semelhantes às dos neutrófilos, porém possuem maior quantidade de 
peroxidases que, aparentemente, são as responsáveis pelo aspecto cristalino 
do conteúdo de alguns dos grânulos. Na sua membrana, há receptores para IgE 
e frações do complemento. 
 
 
Fig. 7. Detalhe microscópico do eosinófilo. 
Fonte: http://www.virtual.epm.br 
 
 
Os eosinófilos maduros desenvolvem receptores para imunoglobulinas e 
complemento, e podem ser ativados por muitos fatores como IL-2, fatores 
derivados de linfócitos T, de macrófagos, do endotélio, PAF, TNF, interferons e 
fatores derivados de parasitas. Uma vez ativados se degranulam e liberam seus 
produtos. Diferentemente dos neutrófilos, têm vida longa (vários dias e mesmo 
semanas) e, desta forma, agem por muito mais tempo. 
O papel dos eosinófilos, na inflamação, vem sendo esclarecido. Eles 
estão relacionados com a destruição de complexos antígeno-anticorpo, sendo 
 
 
 
 
 
 
 
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muito encontrados em reações de hipersensibilidade, especialmente naquelas 
relacionadas a anticorpos de tipo IgE. Os eosinófilos contêm substâncias 
bloqueadoras da ação da histamina, e substâncias bloqueadoras de leucotrienos 
liberados pelos mastócitos. Assim sendo, desempenham papel nas fases tardias 
de algumas das inflamações, colaborando para a recuperação da área lesada e 
na modulação das reações alérgicas. 
 
IV. Basófilos e Mastócitos 
Os basófilos e os mastócitos originam-se dos mesmos precursores da 
medula óssea. Não são propriamente elementos do exsudato inflamatório, mas 
desempenham funçõesimportantes na inflamação. Os basófilos são células 
circulantes, enquanto os mastócitos só vão se diferenciar quando saem dos 
vasos e se localizam nos interstícios dos órgãos e tecidos. 
Os basófilos são as células brancas menos numerosas no sangue circulante, 
correspondendo a 0,5 a 1,5% do total de leucócitos nas espécies animais. Medem 
de 10 a 12 µm de diâmetro, possuem um núcleo bilobulado ou de formato irregular e 
citoplasma com grânulos basofílicos, cuja tonalidade varia do azul escuro ao roxo. 
São, portanto, classificados como granulócitos PMN. 
 
 
 Fig 8. Basófilo em detalhe 
http://www.fcf.usp.br/Ensino/Graduacao/Disciplinas/Exclusivo/Inserir/Anexos/ 
LinkAnexos/C%C3%A9lulas%20sangu%C3%ADneas.pdf 
 
 
Assim como os mastócitos, armazena uma rica bateria de mediadores 
 
 
 
 
 
 
 
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químicos, como a histamina e a serotonina. E, à semelhança dos mastócitos, são 
caracterizados por receptores que se ligam com grande afinidade à porção Fc da 
IgE. Apesar das semelhanças, não são idênticos àquelas células. Têm sido 
relacionados a reações de hipersensibilidade tardia. 
Os mastócitos de diferentes tecidos assumem características próprias 
destes tecidos, que se definem por diferenças na sua secreção e nos seus 
receptores. Assim, os mastócitos da mucosa intestinal diferem daqueles da pele 
ou do interstício pulmonar. Tanto os mastócitos quanto os basófilos têm 
receptores com grande afinidade para IgE e são ativados por poucas moléculas 
desta imunoglobulina. Ambos desempenham papel importante em reações de 
hipersensibilidade. 
 
 
Fig. 9. Ilustração esquemática dos mastócitos liberando histamina. 
 Fonte: http://pwp.netcabo.pt/ sistema.imune/mastocitos2.jpg 
 
 
V. Linfócitos e Plasmócitos 
Os linfócitos e plasmócitos constituem a população de células 
associadas à resposta imune. Eles se originam na medula óssea e 
posteriormente colonizam os órgãos do sistema linfóide, onde se reproduzem. 
 
 
 
 
 
 
 
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Desempenham importante papel não só nas inflamações relacionadas à 
resposta imunológica, como também pelos seus numerosos produtos, as 
linfocinas (secretadas pelos linfócitos T) e as imunoglobulinas (secretadas pelos 
linfócitos B, plasmócitos). Participam também das reações inflamatórias ori-
ginariamente não imunes. 
Existem três grupos diferentes de linfócitos: os linfócitos B relacionados à 
produção de imunoglobulinas, os linfócitos T e suas diferentes subpopulações (T 
auxiliares e T supressores-citotóxicos), e os linfócitos NK (natural Killer) que são 
citotóxicos independentemente de estimulação antigênica. 
Os linfócitos B são derivados de uma célula-tronco (célula-mãe) da medula 
óssea, e amadurecem até transformarem-se em plasmócitos, os quais secretam 
anticorpos. 
Os linfócitos T são formados quando as células-tronco migram da medula 
óssea até a glândula timo, onde eles se dividem e amadurecem. Os linfócitos T 
aprendem como diferenciar o que é próprio do organismo do que não o é, no timo. 
Os linfócitos T maduros deixam o timo e entram no sistema linfático, onde eles 
atuam como parte do sistema imune de vigilância. 
Os linfócitos NK, discretamente maiores que os linfócitos T e B, são assim 
denominados por atacarem determinados microorganismos e células cancerosas. O 
“natural” de seu nome indica que elas estão prontas para destruir uma variedade de 
células-alvo, assim que são formadas, em vez de exigirem a maturação e o processo 
educativo que os linfócitos B e T necessitam. As células assassinas naturais também 
produzem algumas citocinas, substâncias mensageiras que regulam algumas das 
funções dos linfócitos T, dos linfócitos B e dos macrófagos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 10. Figura mostrando quatro linfócitos NK atacando uma célula neoplásica. 
Fonte: http://www.ciencianews.com.br/universo.htm 
Os linfócitos apresentam grande heterogeneidade morfológica e funcional, 
visto serem extremamente plásticos, e possuem considerável capacidade para 
mudar de tamanho e formato. Possuem núcleo esférico, oval ou denteado, mas não 
lobulado, e são destituídos de grânulos específicos citoplasmáticos; por isso são 
classificados como agranulócitos mononucleares (MN). 
 
 
Fig. 11. Detalhe microscópico dos linfócitos. Fonte: 
http://www.ff.ul.pt/paginas/jvitor/Labio/a_h_foto3.jpg 
 
 
Ao contrário dos leucócitos PMN, não são células terminais, uma vez que os 
linfócitos B podem se diferenciar em plasmócitos, células produtoras de anticorpos 
(imunoglobulinas). Estes possuem um núcleo excêntrico ou periférico e um 
citoplasma bem acidófilo, associado a uma intensa síntese protéica; à microscopia 
eletrônica de transmissão mostram no citoplasma RER bem desenvolvido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig.12. Desenho que demonstra as características ultra-estruturais dos plasmócitos. Observe a 
imensa quantidade de retículo endoplasmático rugoso e o complexo de Golgi desenvolvido no 
citoplasma. O núcleo possui cromatina condensada na periferia dando um aspecto de roda de 
carroça. As mitocôndrias estão aumentadas e desenvolvidas (muitas cristas alongadas). 
Fonte: http://ioh.medstudents.com.br/imuno2.htm 
 
 
VI. Macrófagos 
Os macrófagos, como a maioria das células que participam da 
inflamação, originam-se na medula óssea. A célula precursora do macrófago dos 
tecidos é o monócito do sangue, o qual se origina na medula óssea a partir de 
monoblastos. 
 
 
Fig. 13. Detalhe microscópico do monócito. 
Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/ patoarteinfl7.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Diferentemente do que acontece com neutrófilos e eosinófilos, quando o 
monócito cai na circulação, ainda não é uma célula perfeitamente amadurecida; 
mantém a capacidade de se reproduzir e pode sobreviver por longo tempo nos 
tecidos. Da medula óssea, os monócitos passam à circulação, e desta para os 
tecidos, onde recebem a denominação de histiócitos ou macrófagos. 
 
Fig. 14. Ilustração esquemática mostrando o fenômeno de diapedese do monócito e migração para o 
interstício, resultando na diferenciação do macrófago. 
Fonte: http://cristiana7.blogspot.com 
 
 
Embora desempenhem funções importantes de defesa, suas atividades 
são muito variadas, indo da apresentação de antígenos até a produção de várias 
citocinas essenciais, não só na inflamação, como também nos fenômenos 
imunológicos. 
São especialmente preparados para a fagocitose, apresentando 
receptores para o segmento Fc de imunoglobulinas, para frações de 
complemento e para muitas outras substâncias, inclusive carboidratos; sua 
membrana apresenta vários antígenos, entre eles os antígenos de 
histocompatibilidade do grupo II (MCA lI-Major histocompatibility antigens), 
essenciais na apresentação de antígenos aos linfócitos T. 
Os macrófagos são encontrados em praticamente todos os órgãos e 
tecidos e, como os mastócitos, têm características diferentes conforme o órgão 
em que se situam. São exemplos de macrófagos fixos: as células de Kupffer do 
fígado, a micróglia do tecido nervoso, os osteoclastos e as células de 
 
 
 
 
 
 
 
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Langerhans da pele. 
Nem todos os macrófagos teciduais são iguais. Alguns deles são 
estimulados e se diferenciam em células exclusivamente fagocitárias; estas 
possuem um sistema de lisossomas que contêm numerosas enzimas hidro-
líticas, algumas das quais com importante ação microbicida. Outros macrófagos 
podem se diferenciar em células capazes de agir sobre células neoplásicas, ou 
ainda, exercer outros tipos de atividade lítica. Sob a ação de determinados 
estímulos, podem se transformar em células epitelióides, que têm a 
capacidade de se unir umas às outras formando estruturas nodulares, os 
granulomas. Nestes, as células epitelióides podem fundir seus citoplasmas 
formando células gigantes. As células epitelióides são células especiais que 
perdem parte de sua capacidade fagocitária, adquirindo o poder de produzir e 
excretar enzimas líticas para o interstício. 
 
MACROFAGOS (Células gigantes)
MACROFAGOS (Células gigantes)
 
Fig. 15. Detalhe microscópico dos macrófagos formando células gigantes. 
Fonte:http://torre.fffcmpa.tche.br/Volumes/Prof.+Claudio/inflama%C3%A7%C3%A3o+1.ppt#348,88, 
Slide 88 
 
 
Os macrófagos secretam várias substâncias que podem ter papel 
importante na defesa ou na destruição dos tecidos, tais como a lisozima (um 
potente agente bactericida), o fator ativador do plasminogênio, fatores 
estimuladores da proliferação de fibroblastos e de vasos, colagenase, elastase, 
 
 
 
 
 
 
 
19 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
além de metabólitos derivados de oxigênio e araquidonatos. Secretam ainda 
fatores do complemento (C2, C3, C4, C5), interferon e pirogênio. Podem 
também ter imunoglobulinas presas à membrana, o que aumenta o seu poder 
para destruir microrganismos. 
 
VII. Fibroblastos 
É a célula mais comum do tecido conjuntivo frouxo e seu formato depende 
essencialmente de sua localização. De um modo geral, é uma célula fusiforme ou 
estrelada, com núcleo alongado e hipocrômico nas células jovens (fibroblastos) ou 
fusiforme e hipercrômico nas adultas (fibrócitos). 
O desenvolvimento de seu RER e a existência de um nucléolo muito 
evidente, indicam uma capacidade de síntese protéica intensa. Seu papel principal é 
a síntese de colágeno para a reparação de tecidos; um tipo especial desta linhagem 
celular, o miofibroblasto, é fundamental para a retração cicatricial. 
À microscopia eletrônica, as fibrilas de colágeno apresentam uma 
periodicidade com bandas transversais, à semelhança de fibras musculares 
estriadas. 
 
 
Fig. 16. Detalhe de microscopia eletrônica do fibroblasto (1) envolto por fibras colágenas (2) em corte 
transversal e (3) em corte longitudinal. 
Fonte: http://www.micron.uerj.br/atlas/Conjuntivo/conjem.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 17. Detalhe de microscopia eletrônica das fibras de colágeno (1) com as estriações típicas 
Fonte: http://www.micron.uerj.br/atlas/Conjuntivo/conjem.htm 
 
 
1.3. Fases do processo inflamatório 
Classicamente, existem alguns fenômenos básicos comuns a qualquer tipo 
de inflamação, que independem do agente inflamatório. Esses momentos ou fases 
caracterizam a inflamação do tipo aguda, a qual sempre antecede a inflamação do 
tipo crônica. A divisão desses momentos em cinco itens, a seguir explicitados, é 
meramente didática. Todos eles acontecem como um processo único e 
concomitante, o que caracteriza a inflamação como um processo dinâmico. 
 
I. Fenômenos irritativos 
O primeiro momento do processo inflamatório se caracteriza pela agressão 
(o tecido destruído por uma queimadura, por exemplo), que resultará em importantes 
modificações morfológicas e funcionais dos tecidos agredidos, promovendo a 
liberação de mediadores químicos, que irão desencadear as demais fases 
inflamatórias. 
Essas substâncias atuam principalmente na microcirculação do local 
inflamado, provocando, dentre outras modificações, o aumento da permeabilidade 
vascular. Vale dizer que em qualquer fase da inflamação observa-se a fase irritativa; 
em cada uma delas, há liberação de mediadores químicos diferentes. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
II. Fenômenos vasculares 
Os fenômenos vasculares ocorrem como alterações hemodinâmicas da 
circulação e de permeabilidade vascular no local da agressão. Isso acontece após 
alguns minutos do início da ação do agente flogístico, intervalo em que se processa 
a liberação dos mediadores químicos. 
A primeira alteração que se observa, é uma fugaz vasoconstrição 
arterial, que logo é seguida por dilatação ativa e intensa de arteríolas, capilares 
e veias do local. Os esfíncteres pré-capilares se relaxam e, como 
conseqüência, numerosos capilares, que estavam fechados, em repouso, se 
abrem, aumentando significativamente o número de capilares funcionantes. 
Em toda a área se observa um grande número de capilares dilatados e 
ingurgitados. Diz-se que a área ficou hiperemiada, que representa a 
observação microscópica do "rubor" e do "calor", há séculos conhecidos como 
características da inflamação. 
 
 
 
 
Fig. 18. Ilustração esquemática da anatomia da microcirculação normal e na inflamação aguda, 
quando ocorre vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
VASODILATAÇÃO
Vaso
VASODILATAÇÃO
Vaso 
Fig. 19. Detalhe microscópico da vasodilatação. 
Fonte:http://torre.fffcmpa.tche.br/Volumes/Prof.+Claudio/ 
inflama%C3%A7%C3%A3o+1.ppt#346,40,Slide 40 
 
 
II. Fenômenos exsudativos 
Os fenômenos exsudativos são uma das principais características do 
processo inflamatório. O fenômeno ocorre devido a um aumento da 
permeabilidade dos capilares e vênulas e se caracteriza pela migração, para o 
foco inflamatório, de líquidos e células. Distinguem-se dois tipos de exsudação 
nessa fase: a exsudação plasmática, composta essencialmente por líquidos, e a 
exsudação celular. 
 
 
Fig. 20. Detalhe microscópico dos espaços alveolares do pulmão, apresentando vasodilatação com 
exsudação plasmática e de PMN. 
Fonte: http://library.med.utah.edu/WebPath/INFLHTML/INFL005.html 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
O aumento da permeabilidade vascular pode ser originado de mecanismos 
diretos, em que o próprio agente agressor atua sobre a parede vascular, ou 
indiretos, em que há a ação de mediadores químicos. Nesse caso, o aumento da 
permeabilidade pode ser devido ao surgimento de fendas na parede, isto é, surgem 
poros entre as células endoteliais. Os capilares e vênulas têm paredes muito 
finas, constituídas principalmente pelo endotélio, membrana basal e alguns 
pericitos. As células endoteliais (endoteliócitos) e os pericitos contêm em seu 
citoplasma, actina e miosina, sendo contráteis. Devido a sua contração, podem 
modificar as junções intercelulares, ampliando-as. A exsudação plasmática é a 
responsável pela formação do edema inflamatório. 
 
 
Fig. 21. Ilustração esquemática mostrando o fenômeno exsudativo, resultante da contração das 
células endoteliais e vasodilatação, o que normalmente é mais acentuado nas vênulas. 
 Fonte: http://library.med.utah.edu/WebPath/INFLHTML/INFL071.html 
 
 
Fig. 22. Aspecto clínico do edema inflamatório resultante de abscesso mandibular, associado à 
hiperemia da região. 
 Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/patoarteinfl3.htm24 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Na inflamação, existe um aumento da permeabilidade vascular, que 
pode variar com o tipo de agressor e sua intensidade. O aumento imediato e 
de curta duração da permeabilidade vascular inicia-se rapidamente após a 
agressão, atinge o máximo após 10min a 35min, e termina em 30min a 45min. 
Este tipo de resposta ocorre após agressões leves e de pouca duração e pode 
ser produzido pela injeção de histamina. Depende de aumento de permeabi-
lidade das vênulas e ocorre como conseqüência da abertura das junções entre 
as células endoteliais. 
O aumento imediato e prolongado ocorre quando a agressão é mais 
intensa e depende de alterações graves da parede vascular, com necrose do 
endotélio, tanto de capilares quanto de vênuIas, o que explica a rápida e 
prolongada passagem do conteúdo dos vasos para o interstício. 
O aumento retardado pode ocorrer até dias após a agressão, e 
envolve os capilares e as vênulas. Um exemplo conhecido de todos é a 
exposição ao sol. Somente após várias horas de exposição é que vamos notar 
o rubor, calor e dor e eventualmente o edema (bolhas). A permeabilidade au-
menta em conseqüência de alterações do endotélio dos capilares, levando a 
"vazamentos", pelas áreas de endotélio lesado, assim como pelas junções 
intercelulares. 
 
Fig. 23. Aspecto clínico da inflamação da pele (queimadura) por exposição excessiva à radiação 
solar. Fonte: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/riscos.htm 
 
 
Na inflamação, como conseqüência do aumento da permeabilidade 
vascular, ocorre o aumento da concentração dos elementos figurados do 
sangue, isto é, ocorre uma hemoconcentração, o que aumenta a viscosidade 
sangüínea. Como conseqüência disso, há lentificação da circulação (estase) e, 
depois, marginação leucocitária. As hemácias têm fluxo axial; os leucócitos, fluxo 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
mais marginal. 
Esta alteração aumenta o contato das células com o endotélio, 
facilitando sua saída dos vasos. Por outro lado, com a progressiva queda da 
velocidade da circulação, a área inflamada passa a ser mal oxigenada, o que 
traz vários tipos de conseqüências, inclusive a própria morte dos tecidos 
envolvidos na inflamação. 
Os fenômenos celulares da inflamação envolvem o acionamento das 
capacidades celulares de movimentação, de adesão e de englobamento de 
partículas. O principal fenômeno é à saída de leucócitos da luz vascular e sua 
migração para o local agredido. 
Esse fenômeno segue algumas fases: 
1) Marginação: compreende a aproximação das células do sangue ao 
endotélio. Ou seja, os leucócitos saem da porção central do fluxo sangüíneo (local 
onde são comumente encontrados) e vão para a periferia do fluxo. Isso é possível 
graças à diminuição da velocidade do fluxo (estase sangüínea), decorrente dos 
fenômenos vasculares. 
 
 
Fig. 24. Aspecto microscópico da marginação leucocitária numa vênula. Percebe-se como um 
leucócito neutrófilo aproxima-se do endoteliócito (setas), praticamente aderindo-se nessa célula. A 
marginação leucocitária é uma das etapas da leucodiapedese; fora do vaso já se notam alguns 
leucócitos que já completaram a leucodiapese. Em algumas situações, os leucócitos do tipo 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
macrófagos (quando estão no interior dos vasos são denominados de monócitos) podem se unir e 
formar as chamadas células gigantes (G). 
Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/Banco_de_imagens/patoarteimages1Infltext10.htm 
 
2) Pavimentação: adesão dos leucócitos ao endotélio. Ultimamente, têm 
sido descritas proteínas, as adesinas, que são induzidas ou ativadas pelos 
mediadores químicos e participam da pavimentação. Algumas destas adesinas 
são próprias dos leucócitos, outras do endotélio, outras ainda existem nas duas 
células. Nos leucócitos normais não-estimulados, as adesinas encontram-se 
em vesículas do citoplasma e na superfície; sob ação de vários fatores 
quimiotáticos, além de frações do complemento, elas aumentam em 
quantidade, favorecendo a adesão. Existem casos em que há deficiência 
genética destas proteínas e os pacientes sofrem de infecções bacterianas 
freqüentes, por falta de resposta inflamatória adequada. 
As moléculas de adesão são representadas por três famílias: selectinas 
(principalmente no endotélio) E, P e L, integrinas e imunoglobulinas. 
 
MolMolééculas de adesão envolvidasculas de adesão envolvidas
Na migraNa migraçção ão leucocitleucocitááriaria
 Selectinas
 Integrinas
 Superfamília das imunoglobulinas
algumas são constitutivas e outras são induzidas
 
Fig. 25. Adesinas. Fonte: http://www.lia.ufsc.br/Inata_Inflama2.ppt#562,33,Slide 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Selectinas: O aumento de aderência entre o leucócito e o endotélio gerado 
pelas selectinas, é importante no fenômeno de rolamento. Algumas das selectinas, 
como a selectina P, são restritas ao endotélio e existem pré-formadas na 
membrana da célula endotelial e no interior dos corpúsculos de Weibel-Palade, 
característicos da célula endotelial. Quando o endotélio é estimulado, ele 
aumenta a expressão da selectina P na sua membrana, aumentando a adesi-
vidade do endotélio aos leucócitos, explicando as primeiras fases da 
marginação e pavimentação. 
A selectina E, também chamada de ELAM (endotheliaI-Ieukocyte-adhesion-
moIecuIe), é produzida pelas células endoteliais e pelas plaquetas, porém, 
deverá ser sintetizada após estímulo por mediadores como a histamina, a 
trombina e o PAF (pIateIet-activation-factor). Sua síntese leva algum tempo e é 
mantida enquanto o estímulo persistir - o que assegura a permanência do au-
mento de adesividade do endotélio. As selectinas L são produzidas pela 
maioria dos leucócitos. 
 
 
 SELECTINAS
Componentes Distribuição Ligantes 
L-selectina Maioria dos leucócitos Endotélio 
E-selectina Células endoteliais Granulócitos 
P-selectina Células endoteliais e plaquetas Neutrófilos 
 
 
Integrinas: A segunda família de adesinas é composta pelas integrinas, 
que são glicoproteínas transmembrana dos leucócitos, e que, além de interagir 
com as moléculas de adesão do endotélio, também se comportam como 
receptores para componentes da matriz extracelular. Elas estão presentes em 
forma inativa na membrana dos leucócitos e, na presença dos mediadores, são 
ativadas. 
Imunoglobulinas: A família das imunoglobulinas é composta pelas 
ICAMs (intercelluIar-adhesion-moIecuIes) e pelas VCAMs (vascuIar-celluIar-
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
adhesion-moIecuIes). Como no caso da selectina "P", elas não estão pré-
formadas, sendo necessário estímulo para que se desencadeie sua síntese, o 
que, como já referido, exige certo tempo. 
Logo no início da resposta inflamatória, como conseqüência das 
alterações do padrão circulatório, os leucócitos aproximam-se e aderem ao 
endotélio de forma frouxa (selectina "P"). Porém, à medida que mediadores se 
liberam, ou são sintetizados, a adesão torna-se mais forte (ICAM-VCAM-
integrinas ativadas dos leucócitos). 
3) Diapedese: fenômeno em que os leucócitos, por meio de seus 
movimentos, atravessam a parede vascular e o fazem passando pelas 
junções intercelulares alargadas. Uma vez aderidos ao endotélio, os leucócitos 
emitem pseudópodos, que se introduzemnas junções intercelulares e vão se 
espremendo, de forma a passar para fora do endotélio. São 
momentaneamente contidos pela membrana basal. Como produzem 
proteases, com facilidade lesam a membrana basal e acabam saindo para o 
interstício. 
Juntamente com o leucócito, podem passar passivamente eritrócitos. 
Denomina-se de leucodiapedese os movimentos diapedéticos dos leucócitos; dos 
eritrócitos, são denominados de eritrodiapedese. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 26. Aspecto microscópico da leucodiapedese. Observa-se o momento em que o leucócito sai do 
vaso (leucodiapedese) por poros (P) ou fendas que se abrem na parede vascular. As células 
endoteliais (setas) se separam, permitindo a passagem dos leucócitos. Veja que, fora do vaso, já 
existem células inflamatórias do tipo neutrófilos e linfócitos (cabeças de seta). Líquido plasmático (L) 
também é visível, mostrando que, juntamente com as células, há exsudação plasmática. No círculo 
cinza (parte superior da figura), vemos um leucócito na transição entre o meio intra e extravascular. 
Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/ Banco_de_imagens/patoarteimages1Infltext11.htm 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Inflamação
•• Fases da reacFases da reacçção ão 
InflamatInflamatóóriaria
1- aumento de fluxo 
sanguíneo à área 
afectada
2- aumento da 
permeabilidade 
capilar local
3- migração de células 
da via sanguínea 
para a área 
afectada
 
Fig. 27. Resumo das primeiras fases da inflamação. Fonte: http://imunologia.ufp.pt/Imuno_MED/ 
TeoricasImunologia2006/Teorica07.ppt#258,5,Slide 5 
 
 
 
Fig. 28. Nesse corte histológico, temos um resumo das etapas de exsudação celular da inflamação. 
Os leucócitos saem da região central do fluxo sangüíneo e migram para a região da parede vascular 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
(M); depois, ocorre pavimentação dessas células (P), ou seja, elas se aderem às células endoteliais 
para poderem sair pela fenda aberta na parede vascular, migrando para o interstício (MI); por fim, a 
leucodiapedese se completa, quando a célula atinge o interstício (CI). Veja que as células elegem 
uma via preferencial de saída, como se nota pelo acúmulo de leucócitos em uma determinada região 
da parede vascular (no caso dessa figura, próximo à letra P). Fonte: 
http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/ Banco_de_imagens/patoarteimages1Infltext12.htm 
 
 
4) Quimiotaxia: Uma vez fora dos vasos, os leucócitos migram pelo 
interstício em uma direção predominante, dirigindo-se para o foco da 
agressão. Esta migração dirigida é a conseqüência da presença de 
substâncias quimiotáticas no foco inflamatório. A célula possui, em sua 
membrana plasmática, receptores para algumas substâncias e parece existir um 
mecanismo, baseado na mudança conformacional do receptor, que faz com que a 
célula "perceba" a existência de maior quantidade dessa substância em locais 
específicos. Percebendo essa maior quantidade, a célula migra para o local. 
A migração das células, da luz do vaso ao foco inflamatório, não se faz 
de modo aleatório. De fato, os polimorfonucleares neutrófilos (PMNs) são as 
células dominantes nas primeiras 24h a 48h após a agressão. A seguir, 
começam a migrar os monócitos do sangue que, ativados nos tecidos, 
recebem a denominação de macrófagos; seguem-se os eosinófilos, e as 
células imunologicamente ativas como os linfócitos. As hemácias migram em 
menor número, porém, quando a agressão é muito grave, levando a 
comprometimento grave dos vasos, podem vir a serem as células dominantes. 
O exsudato inflamatório, conseqüente do aumento da permeabilidade 
vascular, é importante na contenção e limitação da agressão, pois dilui o 
agente agressor, facilita a sua retirada do local e traz para o interstício 
anticorpos, complemento e outras macromoléculas envolvidas na inibição. Ou 
mesmo destruição de certos agressores, assim como na modulação da 
própria resposta inflamatória. 
Outro elemento que sai do vaso é o fibrinogênio que, em contato com 
o interstício, se polimeriza, constituindo a fibrina, importante elemento nas 
inflamações agudas. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Mais recentemente, os mecanismos responsáveis pelas diferentes 
fases do processo inflamatório vêm sendo esclarecidos. Assim, substâncias 
farmacologicamente ativas são liberadas ou sintetizadas como conseqüência 
da agressão. Elas são conhecidas como os mediadores químicos da inflamação 
e serão consideradas mais adiante. 
 
III. Fenômenos reparativos e produtivos 
Os últimos fenômenos do processo inflamatório estão relacionados aos 
aumentos de quantidade dos elementos teciduais - principalmente de células -, 
resultado das fases anteriores do processo inflamatório. Há uma grande formação 
de vasos sangüíneos (angiogênese) e uma substituição do parênquima (a parte 
funcional do órgão) por fibras colágenas (fibrose). Essas fases da reação 
inflamatória visam destruir o agente agressor e reparar o tecido injuriado e serão 
estudadas em outro módulo. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 29. Resumo das fases da inflamação aguda. 
Fonte: http://www.biologymad.com/ Immunology/inflammation.jpg 
 
 
1.4. Processo de fagocitose 
Uma das principais funções dos PMNs e dos macrófagos é a 
fagocitose. Atraídos para o foco inflamatório, estes fagócitos procuram englo-
bar os agentes da agressão ou outras estruturas anômalas ali encontradas. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 30. Processo de fagocitose. 
Fonte: http://medicina.med.up.pt/bcm/20042005/trabalhos/2005/ mediadoresinflamacao.pdf 
 
 
O fagócito reconhece às estruturas que serão fagocitadas, quando elas 
têm certas características como estarem recobertas por fatores do soro, as 
opsoninas. Entre as opsoninas mais importantes estão as IgGs e o fragmento 
C3b do complemento. 
 
Fig. 31. Ilustração esquemática mostrando a opsonização dos microorganismos antes da fagocitose 
pelos macrófagos. Fonte: http://cristiana7.blogspot.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
As partículas opsonizadas prendem-se a receptores específicos da 
membrana dos fagócitos. Uma vez aderidas, elas desencadeiam reações no 
citoplasma do fagócito, que promovem o englobamento da partícula e sua 
internalização, Assim se forma uma estrutura intracitoplasmática revestida por 
membrana, o fagolisossoma. 
 
 
Fig. 32. Processo de fagocitose. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/28/ 
Fagocitose.png 
 
 
Lisossomas do fagócito aderem-se à superfície do fagossoma e se 
abrem, liberando enzimas para o seu interior. Uma vez destruída ou neutraliza-
da a partícula, os receptores são reciclados para a membrana celular e pode 
sobrar do fagossoma um "corpo residual". 
A ligação da partícula opsonizada ao receptor para IgG é suficiente 
para desencadear a fagocitose. A ligação com o receptor de C3b requer a 
ligação simultânea com a fibronectina e a laminina dos tecidos ou ainda com 
produtos solúveis de linfócitosT. A internalização da partícula pela célula se 
inicia pela formação de pseudópodos a sua volta, que acabam por envolvê-la, 
com a formação do fagossoma. 
Segue-se a fusão da membrana do fagossoma com a membrana dos 
lisossomas, formando-se os fagolisossomas. Os lisossomas descarregam sua 
bateria de grânulos na luz do fagolisossomas. Durante este processo, há 
vazamento de produtos metabólicos e enzimas para fora do fagócito. O 
fenômeno da fagocitose é regulado pelos mesmos processos que regulam a 
formação de pseudópodos na movimentação celular. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
A morte do agente ou a degradação da partícula fagocitada depende de 
dois tipos de fenômenos: um dependente de oxigênio e outro não. 
Mecanismo dependente de O2 - a fagocitose é um mecanismo dependente 
de oxigênio que estimula numerosos eventos intracelulares, incluindo uma explosão 
respiratória (“burst”), glicogenólise, oxidação de glicose aumentada via ciclo da 
hexose-monofosfato e produção de metabólitos reativos de oxigênio (radicais livres). 
A geração dos metabólitos do oxigênio é atribuída à rápida ativação de uma oxidase 
(NADPH oxidase), que oxida o NADPH (dinucleotídeonicotinamida adenina); no 
processo reduz o oxigênio ao íon superóxido (O
2
-
), de acordo com a seguinte 
equação química: 
 
 
 
O íon superóxido (2 O
2
) é então convertido em água oxigenada ou peróxido 
de hidrogênio (H
2
O
2
), principalmente por desmutação espontânea. A oxidase 
NADPH está presente na membrana ou, quando a membrana está invaginada, no 
fagolisossoma. Assim, o peróxido de hidrogênio é produzido no lisossoma. Esses 
metabólitos do oxigênio são as principais armas matadoras de bactérias. 
Nos grânulos dos neutrófilos, existe outra enzima, a mieloperoxidase 
que, em presença de cloro, converte o H2O2 em HOCl, um poderoso oxidante 
com maior poder microbicida. A mieloperoxidase também é encontrada nos 
grânulos dos macrófagos, que se valem do mesmo sistema. 
Mecanismo independente de O2 – a morte bacteriana pode também 
ocorrer na ausência de uma explosão oxidativa, por substâncias presentes nos 
grânulos dos leucócitos. Estas incluem: 
1. proteína aumentadora da permeabilidade bacteriana (BPI), uma proteína 
altamente catiônica associada ao grânulo e que causa alterações na permeabilidade 
da membrana mais externa de microorganismos; 
 
 
 
 
 
 
 
37 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
2. lisozima, que hidroliza as ligações ácido-N-acetil-glucosamina murâmica, 
presentes no revestimento glicopeptídeo de todas as bactérias; 
3. lactoferrina, uma proteína fixadora de ferro presente em grânulos 
específicos; 
4. proteína básica principal, uma proteína catiônica de eosinófilos, que 
possui uma ação bactericida limitada, mas que é citotóxica para muitos parasitas. 
Após a morte bacteriana, hidrolases ácidas presentes em grânulos azurófilos 
degradam a bactéria no interior do fagolisossoma. O pH do fagolisossoma diminui 
para 4 a 5 após a fagocitose, sendo este o pH ótimo para a ação dessas enzimas. 
A atividade de muitas destas enzimas é controlada por antienzimas, um 
bom exemplo sendo a alfa-1-antitripsina, produzida pelo fígado, que inibe a 
ação da elastase. Na sua falta, ocorre aumento da atividade da elastase com 
sérias conseqüências, como, por exemplo, nos pulmões, em que a progressiva 
degradação das fibras elásticas (causada pelas freqüentes e passageiras 
infecções pulmonares, acompanhadas de migração e degranulação de 
fagócitos) leva ao desenvolvimento do enfisema. 
 
 
Fig. 33. Processo de fagocitose. Fonte: http://kepler.uag.mx/uagwbt/microbiologia/ciencias/ 
imagenes.cfm 
 
 
 
---------------------------------FIM DO MÓDULO I------------------------ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Inflamação e 
Reparo Tecidual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO II 
 
 
1. MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO 
 
Os mediadores químicos podem ser definidos como substâncias 
endógenas ou exógenas que, uma vez ativadas, participam da resposta 
inflamatória, desencadeando, mantendo e amplificando seus processos. 
Esses mediadores podem ser detectados no plasma, sob a forma de 
pré-enzimas, estocados no interior de células, ou sintetizados durante o 
processo inflamatório. 
 
MEDIADORES QUÍMICOS
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A seguir, serão relacionados os principais grupos de mediadores químicos 
que atuam na inflamação. Eles são divididos em dois grupos, segundo o tempo de 
contato dos tecidos com o agente inflamatório: mediadores de ação rápida e 
mediadores de ação prolongada. 
Mediadores de ação rápida: liberados imediatamente após a ação do 
estímulo agressor. Têm ação principalmente sobre os vasos e envolvem o grupo das 
aminas vasoativas. Incluem as aminas vasoativas. 
Mediadores de ação prolongada: liberados mais tardiamente, diante da 
persistência do agente flogístico. Atuam nos vasos e, principalmente, nos 
mecanismos de quimiotaxia celular, contribuindo para a exsudação celular. 
Compreendem substâncias plasmáticas e lipídios ácidos. 
 
 
Fig. 1. Gráfico mostrando a ação de alguns mediadores químicos e a sua influência, no decorrer do 
tempo, em relação à quantidade de líquido de edema (exsudação plasmática) que extravasa a parede 
vascular. Veja que a histamina e a serotonina atuam nas primeiras horas, sendo de mediação rápida. 
Já as cininas atuam mais tardiamente, mas não provocam tanto aumento da permeabilidade vascular 
(há diminuição da quantidade de edema). 
Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/patoarteintr.htm 
 
1.1. Aminas vasoativas: histamina e serotonina 
Acredita-se que a vasodilatação e o aumento da permeabilidade 
vascular, que ocorre na fase imediata do processo inflamatório, são mediados 
pela histamina e serotonina. No ser humano, a histamina é armazenada nos 
 
 
 
 
 
 
 
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mastócitos, basófilos e plaquetas, e a serotonina, nas plaquetas. Em roedores 
(ratos e camundongos), a serotonina é estocada também nos mastócitos. 
Estes mediadores se encontram estocados no interior dos lisossomas, e são 
liberados em decorrência de estímulo apropriado. 
A liberação de histamina no foco inflamatório pode ser desencadeada 
por injúria tecidual, complexo antígeno-anticorpo, sendo esse anticorpo da 
classe IgE, e pelos componentes C3a e C5a do sistema complemento. Esses 
fatores promovem a degranulação dos mastócitos e basófilos, com posterior 
liberação da histamina no meio extracelular. 
A histamina exerce suas funções interagindo com receptores, que 
podem ser de três tipos: H1, H2 e H3. A interação com receptores do tipo H1 
desencadeia aumento de permeabilidade vascular no nível de vênulas pós-
capilares. Além disso, o receptor H1 está envolvido com contração de músculo 
liso em brônquios, intestino e útero, aumento da secreção de muconasal, pro-
dução de prostaglandinas pelo tecido pulmonar, aumento da quimiotaxia de 
leucócitos, etc. A ativação de receptores H2 inibe a quimiotaxia de leucócitos 
e estimula linfócitos T supressores, entre outras funções. A estimulação 
concomitante de receptores H1 e H2 promove vasodilatação máxima. 
Finalmente, a interação com receptores H3, a qual tem sido melhor estudada 
no sistema nervoso central, promove inibição da síntese e secreção de 
histamina. 
HISTAMINA
• Vasodilatação 
• Aumento da permeabilidade 
vascular
• Contração da musculatura 
lisa
• Estimulação da secreção 
gástrica
• Estimulação cardíaca
• Dor
 
 
 
 
 
 
 
 
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A detecção das várias atividades biológicas da histamina, só foi 
possível através do emprego de anti-histamínicos específicos para cada tipo 
de receptor. As drogas anti-histamínicas empregadas nos processos 
inflamatórios, como por exemplo, nas alergias, bloqueiam especificamente os 
receptores do tipo H1. 
A serotonina é quimicamente representada pela 5-hidroxitriptamina (5-HT), 
sendo também frequentemente designada por este nome. É encontrada nas 
plaquetas, na mucosa intestinal e no SNC e tem uma provável ação vasodilatadora e 
de aumento da permeabilidade vascular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1.2. Sistemas plasmáticos 
A resposta inflamatória é parcialmente mediada pelos componentes de 
alguns dos maiores sistemas enzimáticos dos fluidos corpóreos. Quatro deles 
participam da reação inflamatória: sistema de coagulação, sistema fibrinolítico, 
sistema de cininas e sistema complemento. 
Esses quatro sistemas são constituídos por vários componentes que 
se encontram presentes no sangue na forma inativa, e são ativados 
seqüencialmente em processo denominado ativação em cascata. Além disso, 
os quatro sistemas apresentam pontos de interação entre si. Talvez o ponto 
de interação mais importante seja o fator Hageman que, uma vez ativado, 
inicia a ativação seqüencial do sistema de coagulação, das cininas e do 
sistema fibrinolítico. Este último, por sua vez, estimula o sistema 
complemento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sistemas Plasmáticos
FatorFator HagemanHageman
Sistema de 
coagulação
Sistema
fibrinolítico
Sistema de
cininas
Sistema 
complemento
 
 
 
O fator Hageman é uma proteína globular, uma betaglobulina, que é 
encontrado no plasma na forma inativa. Em sua forma inativa, conhecida 
como pré-fator Hageman, não apresenta atividade enzimática. Sua ativação é 
o resultado de contato com superfícies estranhas como, por exemplo, 
colágeno, complexos imunes, polissacarídeos da parede bacteriana e, talvez, 
a membrana basal da parede vascular. Essa ativação por contato não parece 
requerer clivagem, e provavelmente é resultante da exposição de sítios ativos 
através de modificação estrutural na molécula. Um segundo mecanismo de 
ativação envolve clivagem do fator Hageman através de enzimas proteolíticas 
como plasmina e calicreína. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fator Hageman (XII)
• Betaglobulina- forma inativa no plasma
• Ativação: contato com superfícies 
estranhas
• exposição de sítios ativos:
colágeno, complexos imunes, LPS,
membrana basal da parede vascular
• clivagem: plasmina e calicreína
 
 
 
a) Sistema da coagulação 
A função final do sistema de coagulação é a produção de fibrina, 
elemento essencial para a formação de trombo sangüíneo. Como ilustrado na 
Fig. 6.4, a ativação do sistema de coagulação pode ser desencadeada pelo 
fator Hageman ativado, o qual atua em um conjunto de enzimas plasmáticas, 
denominado tromboplastina. Esta, por sua vez, converte a protrombina em 
trombina, que transforma o fibrinogênio em monômeros de fibrina, os quais se 
organizam em filamentos, originando polímeros. 
 
 
 
 
 
 
 
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Sistema de Coagulação
Superfície 
de contato
Fator de Hageman
ativado
Dano
tecidual
Fator tecidual
Cascata enzimática que leva à
ativação da tromboplastina
Protrombina Trombina
Fibrinogênio Fibrina
 
 
 
Os produtos gerados na ativação do Sistema de Coagulação 
apresentam propriedades pró-inflamatórias. No processo de formação da fibri-
na, a molécula de fibrinogênio perde peptídeos, fibrinopeptídeos A e B, os 
quais são quimiotáticos e aumentam a permeabilidade vascular. Além disso, a 
trombina gerada neste sistema promove aumento na adesão de leucócitos e 
na proliferação de fibroblastos. 
 
 
Fig. 2. Desenho esquemático mostrando a formação do coágulo 
Fonte: http://www.ameo.org.br/ interna2.php?id=4 
 
 
 
 
 
 
 
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b) Sistema fibrinolítico 
 
Uma função óbvia deste sistema é dissolver os trombos formados por 
polímeros de fibrina, e deste modo manter o sangue em fluxo contínuo. Este 
sistema também é ativado pelo fator Hageman, o qual catalisa a conversão do 
pré-ativador de plasminogênio, dando origem à formação de plasmina. Esta é 
enzima proteolítica, que cliva a fibrina em produtos solúveis. Uma segunda via 
de formação de plasmina é decorrente de dano tecidual, a qual estimula a 
liberação do fator ativador de plasminogênio das paredes dos pequenos vasos 
sangüíneos. A participação da plasmina na resposta inflamatória envolve a 
ativação da via alternada do sistema complemento. Além disso, a degradação 
da fibrina e do fibrinogênio pela pIasmina, gera produtos com capacidade de 
aumentar a permeabilidade vascular. 
A pIasmina promove ainda a ativação do fator Hageman, promovendo 
a amplificação na ativação dos sistemas enzimáticos envolvidos no processo 
inflamatório. 
Sistema Fibrinolítico
Superfície 
de contato
Fator Hageman
ativado
Ativador de
plasminogênio
Pró-ativador de
plasminogênio
Plasminogênio
Dano
tecidual
Fator ativador de
plasminogênio tecidual
Plasmina
Fibrina Produto solúveis
 
 
 
c) Sistema de cininas 
A geração de cininas no plasma é obtida pela seqüência de três 
reações enzimáticas: ativação do fator Hageman, ativação de pré-calicreína 
em calicreína, e clivagem do cininogênio em cininas, usualmente a 
 
 
 
 
 
 
 
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bradicinina. 
A ativação deste sistema durante a reação inflamatória promove o 
aumento da permeabilidade vascular, uma vez que a bradicinina é potente 
agente vasoativo. A bradicinina induz também vasodilatação, contração de 
musculatura lisa e produz dor. Além disso, a calicreína apresenta atividade 
quimiotática para neutrófilos. 
 
Sistema de Cininas
Fator Hageman
Fator Hageman
ativado
Cininases
Calicreína
Cininogênio Cininas
Pré-calicreína
Produtos inativos
 
 
 
d) Sistema complemento 
O sistema complemento (SC) é o principal mediador humoral do processo 
inflamatório junto aos anticorpos. Está constituído por um conjunto de proteínas, 
tanto solúveis no plasma como expressas na membrana celular, e é ativado por 
diversos mecanismos por duas vias, a clássica e a alternativa. 
Os componentes da via clássica, assim como da via terminal, são 
designados como símbolo “C” seguidos com o número correspondente (C1, C3, 
etc.). Já os componentes da via alternativa, exceto C3, são designados com nomes 
convencionais ou símbolos diferentes (exemplo: fator D, fator B, properdina). Os 
produtos da clivagem enzimática são designados por letras minúsculas, que seguem 
o símbolo de determinado componente (exemplo: C5a, C5b). Quando o componente 
ou fragmento é inativado, é adicionada a letra “i” (exemplo: C3bi, Bbi). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tabela 1. Componentes plasmáticos da cascata do sistema complemento. Adaptado de ITURRY-
YAMAMOTO & PORTINHO, 2001. 
 
 
As proteínas do SC são sintetizadas principalmente nos hepatócitos e 
macrófagos/monócitos, além de outros tecidos. As proteínas reguladoras ligadas à 
membrana celular são sintetizadas nas células sobre as quais estão expressas. 
O SC participa dos seguintes processos biológicos: fagocitose, opsonização, 
quimiotaxia de leucócitos, liberação de histamina dos mastócitos e basófilos, e de 
espécies ativas de oxigênio pelos leucócitos, vasoconstrição, contração da 
musculatura lisa, aumento da permeabilidade dos vasos, agregação plaquetária e 
citólise. 
 
 
 
 
 
 
 
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Para que o SC exerça as suas funções, deve ser ativado, originando assim 
uma série de fragmentos com diferentes características e funções especificas. Esta 
ativação ocorre por duas vias: a clássica e a alternativa. Cada uma delas é 
desencadeada por fatores diversos, sendo o início da ativação diferente para cada 
uma, mas que convergem em uma via comum a partir da formação de C3b. Sua 
ativação, tanto pela via clássica como pela via alternativa, leva à formação do 
complexo lítico de membrana (CLM), que destrói as células. 
 
FUNÇÕES DO SISTEMA 
COMPLEMENTO
FUNÇÕES DO SISTEMA 
COMPLEMENTO
 
Fig. 3. Funções do sistema complemento. 
Fonte: http://www.labimuno.org.br/aulas/ SISTEMA%20COMPLEMENTO-AULA.ppt 
 
 
A via clássica é ativada principalmente por complexos antígeno-anticorpo e 
imunoglobulinas agregadas. As imunoglobulinas humanas que iniciam a ativação do 
complemento pela via clássica, pertencem às classes IgM e às subclasses IgG1, 
IgG2, IgG3. A ativação da via clássica inicia-se com a ativação de C1. A reação 
entre o antígeno e o anticorpo forma um imunocomplexo criando um sítio na porção 
Fc da imunoglobulina acessível à ligação com C1q, iniciando-se assim a ativação de 
C1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ATIVAÇÃO DA VIA CLÁSSICA I
C1: a primeira proteina da via clássica do 
Sistema complemento
ATIVAÇÃO DA VIA CLÁSSICA I
C1: a primeira proteina da via clássica do 
Sistema complemento
 
Fig. 4. Ativação da via clássica do sistema complemento. 
Fonte: http://www.labimuno.org.br/aulas/ SISTEMA%20COMPLEMENTO-AULA.ppt 
 
 
Após a geração seqüencial de diferentes sítios enzimáticos em C1r, é 
exposto um novo sítio enzimático em C1s transformando-se em uma enzima 
proteolítica, a C1-esterase. A C1-esterase cliva dois outros componentes do 
complemento: C4 e C2, formando C4b que se adere à membrana celular através de 
sua ligação tioéster, e C2a que permanece ligado a C4b na presença de íons Mg, 
formando assim C4b2a, chamada também de C3-convertase da via clássica, a qual 
por sua vez cliva C3 em C3a e C3b. 
Seqüencialmente, o C3b se liga à C3-convertase, formando o C4b2a3b; este 
novo complexo molecular pode agora clivar C5, sendo por isso chamado de C5-
convertase da via clássica, formando-se C5a e C5b. Este último inicia a formação do 
CLM. 
As moléculas de C3b, formadas através da via clássica, podem servir de 
substrato para a ativação da via alternativa. Este mecanismo é chamado de alça de 
amplificação. A presença de certos agentes como determinados fungos e bactérias, 
alguns tipos de vírus, e helmintos com determinadas características, especialmente 
a ausência de ácido siálico na membrana, são suficientes para ativar a via 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
alternativa, através da ligação de uma ou mais moléculas de C3b na sua superfície. 
A via alternativa pode também ser ativada por lipopolissacarídeos presentes em 
membranas de várias bactérias, proteínas da superfície viral e de parasitas, enzimas 
tipo tripsina, alguns imunocomplexos e o fator de veneno de cobra. Há evidências de 
que alguns constituintes subcelulares do músculo cardíaco podem ativar a via 
alternativa. 
O C3 é também ativado continuamente em pouca intensidade na fase fluída. 
Isto ocorre através de proteases séricas, moléculas nucleofílicas ou água, que 
atacam a ligação tioéster. Quando esta ligação é hidrolisada, forma-se C3(H2O). A 
molécula de C3(H2O) formada, com uma conformação similar a C3b, na presença de 
íons Mg, interage com o fator B formando C3(H2O)B, sobre o qual atua o fator D 
para formar C3(H2O)Bb, complexo chamado de C3-convertase de iniciação. Esta 
enzima, por sua vez, cliva novas moléculas de C3 em C3a e C3b. 
A ligação tioéster das moléculas de C3b sofre hidrólise, depositando-se 
sobre receptores da superfície celular das partículas ativadoras da via alternativa, 
como células infectadas por vírus, células tumorais, bactérias gram-negativas, 
fungos, protozoários. Na presença de íons Mg, o C3b pode também se ligar ao fator 
B para formar C3bB. 
O fator D que circula como enzima ativa e não é consumido na reação, atua 
então na porção B da molécula, para formar C3bBb, molécula lábil, sendo porém 
estabilizada pela agregação de uma molécula de properdina (P). A enzima C3bBbP 
resultante é denominada de C3-convertase de amplificação da via alternativa, 
clivando a seguir novas moléculas de C3 em C3a e C3b, sendo que este último pode 
ingressar na chamada “alça de amplificação”, oferecendo mais C3b para a fase 
inicial desta via, ou se ligar ao complexo molecular C3bBb para formar C3bBb(C3b), 
denominada de C5-convertase da via alternativa que, assim como C4b2a3b da via 
clássica, cliva C5 em C5a e C5b. Esta última molécula inicia a formação do CLM 
(C5b6789). 
Esse complexo liga-se à membrana das células-alvo e provoca a formação 
de “poros”, que permitem um influxo descontrolado de água e íons, com turgência e 
lise celular subseqüentes. Para controlar a atividade do SC, há inibidores endógenos 
 
 
 
 
 
 
 
53 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
regulados pela própria citólise. Essa regulação protege as células autólogas do 
ataque do SC. 
 
 
Fig. 5. Cascata do sistema complemento. As vias clássica e alternativa terminam na via efetora 
comum, que gera o complexo lítico de membrana. Adaptado de ITURRY-YAMAMOTO & PORTINHO, 
2001. 
 
 
1.3. Metabólitos do ácido aracdônico 
Os produtos do metabolismo do ácido araquidônico compõem um 
conjunto de mediadores que modulam a resposta inflamatória e imunológica. 
Esses mediadores só aparecem após a estimulação das células, e são 
decorrentes da oxidação do ácido araquidônico, o qual é gerado pela ação da 
enzima fosfolipase A2 sobre fosfolipídios da membrana celular. A oxidação do 
ácido araquidônico pode ser realizada por duas vias enzimáticas: via da PGH 
sintetase (anteriormente conhecida como cicloxigenase) e via da lipoxigenase. 
A ação do sistema enzimático da PGH sintetase sobre fosfolipídios de 
membrana, leva à formação de prostaglandinas da série E
2
,F
2
 e D
2
 (PGE
2
, 
 
 
 
 
 
 
 
54 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
PGF
2
, PGD
2
), prostaciclina (PGI2) ou tromboxano A2 (TXA2). 
A outra via de metabolização do ácido araquidônico, pela lipoxigenase, 
leva à produção de um conjunto de mediadores denominados leucotrienos. Os 
quatro principais leucotrienos (LT) conhecidos até o momento são: LTB4, LTC4, 
LTD4, LTE4. Esse conjunto de leucotrienos é denominado de substância 
anafilática (SRS-A), por ser liberado durante a reação anafilática em pulmão, 
promovendo a contração lenta em preparações em músculo liso isolado. 
 
 
Fig. 6. Desenho esquemático da síntese de prostaglandinas e leucotrienos. 
Fonte: http://www.ufrgs.br/laprotox/eicosanoids.htm 
 
 
As prostaglandinas (PGs), por terem sido primeiramente descobertas e 
isoladas de líquido seminal, como secreção da próstata, foram assim denominadas, 
sendo o sufixo “glandinas” associado à glândula. Atualmente sabe-se que as PGs 
estão presentes em todos os tecidos animais, exercendo várias funções. 
As prostaglandinas (assim como os leucotrienos) têm sua síntese 
desencadeada por estímulos nas membranas celulares, que podem ser de natureza 
 
 
 
 
 
 
 
55 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
fisiológica, farmacológica ou patológica. Por ação da fosfolipase A2, o ácido 
araquidônico, constituinte normal dos fosfolipídios das membranas, é então 
convertido. Tais estímulos ativam receptores de membrana, acoplados a uma 
proteína reguladora, ligada a um nucleotídeo guanínico (proteína “G”). A partir desta 
ligação, ativa-se a fosfolipase A2 específica. Faz parte deste complexo ainda, uma 
elevação da concentração de cálcio (Ca
++
) no meio intracelular. 
A fosfolipase A2 hidrolisa fosfolipídios da membrana, particularmente 
fosfatidilcolina e fosfatidiletanolamina, liberando assim o ácido araquidônico. Este 
ácido liberado é, então, substrato para duas vias enzimáticas, a das cicloxigenases 
(COX), que desencadeiam a síntese das prostaglandinas e dos tromboxanos, e a via 
das lipoxigenases, responsável pela síntese dos leucotrienos. 
 
 
Fig. 7. Desenho esquemático do metabolismo do ácido aracdônico. 
Fonte: http://www.sistemanervoso.com/ images/pgc/iac_09.jpg 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Estas PGs primárias, por assim dizer, têm pouca atividade, mas são 
substratos para formação das diversas PGs com atividade, como PGD
2
, PGE
2
, 
PGF
2
, prostaciclinas (PGI
2
) e também dos tromboxanos (TX). 
As prostaglandinas promovem vasodilatação, potencializam a dor 
promovida pela bradicinina, modulam a função de macrófagos e células NK, 
estimulando-as quando em baixa concentração e inibindo-as quando em altas 
concentrações. São substâncias que agem como hormônios locais, são ácidos 
graxos produzidos por quase todas as células do corpo. Sua ação varia de acordo 
com a célula alvo, sendo sua vida útil muito curta. Os tromboxanos promovem a 
vasoconstrição e a agregação plaquetária. 
Os leucotrienos promovem a liberação de citocinas, quimiotaxia para 
eosinófilos e neutrófilos, broncoconstrição, edema e aumento da produção de muco. 
 
Metabolização do ácido araquidônico
fosfolipase A2
Lipoxigenase
LTE4
aum permeabilidade
vascular
LTD4
LTC4
Vasoconstrictor
Leucotrienos
LTA4
5HPETE
Ácido araquidônico
Fosfolípideos de membrana
mastócitos,basófilos e neutrófilos
5HETE-quimiot.
LTB4-quimiot.
 
 
 
1.4. Fator ativador de plaquetas 
Outro fosfolipídio que participa da resposta inflamatória é o fator ativador 
de plaquetas. Esse fator foi obtido pela primeira vez a partir de leucócitos 
sensibilizados incubados com antígeno, tendo sido observado que ele induzia a 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
liberação de aminas vasoativas, pelas plaquetas. Apesar dos leucócitos terem 
sido identificados como basófilos, sabe-se atualmente que eosinófilos, 
neutrófilos, mastócitos, monócitos e macrófagos, também podem liberar PAF, 
após estimulação adequada. 
 
FATOR ATIVADOR DE 
PLAQUETAS
• Mastócitos
• Basófilos
• Plaquetas
• Neutrófilos
• Monócitos
• Células endoteliais 
• Eosinófilos
Síntese na membrana plasmática
 
 
 
O PAF é um fosfolipídio de membrana sensível a fosfolipase A2 (PLA2) 
caracterizado quimicamente como alquil-acetil-glicerofosfocolina. O PAF não é 
estocado na célula, mas está presente na forma de precursor inativo ligado à 
membrana. A ativação da PLA2 converte esse precursor em liso-PAF, o qual 
sob ação da acetil coenzima A dá origem ao PAF-aceter. O PAF no meio 
extracelular apresenta vida média muito curta, sendo rapidamente convertido a 
liso-PAF, perdendo suas atividades biológicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
FATOR ATIVADOR DE PLAQUETAS
Acil-PAF
Liso-PAF
PAF
Acetil-hidrolase Acetil-transferase
Fosfolipase A2
 
 
O PAF promove os seguintes efeitos durante a resposta inflamatória: 
FATOR ATIVADOR DE PLAQUETAS
• Vasodilatação arteriolar
• Aumento da permeabilidade vascular
• Promove a broncoconstrição
• Produz agregação plaquetária
• Estimula a liberação de mediadores 
plaquetários
• Adesão e quimiotaxia leucocitárias
• Estimula a síntese de metabólitos do ácido 
aracdônico
• Hiperalgesia
 
 
 
1.5. Citocinas 
As citocinas são proteínas de baixo peso molecular secretadas pelos 
leucócitos e várias outras células no organismo, em resposta a inúmeros estímulos. 
De um modo geral, as citocinas estão envolvidas em vários processos celulares, 
 
 
 
 
 
 
 
59 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
incluindo: ativação celular; fatores de crescimento; proliferação celular; diferenciação 
celular; maturação celular; migração celular; secreção de anticorpos. 
Dentre as várias citocinas descritas, a interleucina 1 (1L-1) e o fator de 
necrose tumoral (TNF) participam ativamente da resposta inflamatória e, por 
isso, serão detalhadas. 
 
 
Fig. 9. Desenho esquemático da ação das citocinas. 
Fonte: http://library.med.utah.edu/WebPath/ INFLHTML/INFL066.html 
 
 
A 1L-1 é uma proteína que pode ocorrer em duas formas moleculares: 
1L-1α e 1L-1β. Embora exista alguma controvérsia, dados experimentais 
demonstram que 1L-1β age como mediador solúvel, enquanto que a 1L-1α 
permanece associada à célula, tendo sua ação potencializada no contato 
célula-célula. A 1L-1 pode ser produzida por todas as células nucleadas. No 
foco inflamatório, é sintetizada por macrófagos, neutrófilos, células endoteliais, 
fibroblastos e linfócitos. A 1L-1, em suas duas formas moleculares, apresenta 
efeito pleiotrópico, ativando a própria célula que o produziu (efeito autócrino), 
células circunvizinhas (efeito parácrino), e atuando em outros órgãos de forma 
sistêmica (efeito endócrino). 
 
 
 
 
 
 
 
60 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
O mecanismo de ação da 1L-1 envolve a presença de receptores 
específicos na superfície da célula-alvo; entretanto, o mecanismo que leva à 
ativação celular ainda não foi esclarecido. A atividade da 1L-1 pode ser 
controlada por fatores endógenos que modulam a expressão de receptores na 
membrana, ou interferem no metabolismo celular, impedindoque ocorra a 
transmissão de sinais de transdução após estímulo no receptor. 
 
 
Fig. 10. Esquema ilustrativo mostrando a ação da IL-1. 
Fonte: http://bvs.sld.cu/revistas/mil/vol28_1_99/mil09199.htm 
 
 
As prostaglandinas, particularmente as PGE2, inibem a síntese de 
liberação de 1L-1, enquanto que os leucotrienos estimulam sua produção. 
Outro mediador que pode modular a síntese de 1L-1 é o PAF. Experimentos in 
 
 
 
 
 
 
 
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vitro demonstram que baixas concentrações de PAF (<10nM) estimulam a 
produção de 1L-1 por monócitos humanos, enquanto que altas concentrações 
(>10nM) inibem a síntese de 1L-1. Além disso, o fator de crescimento 
transformante beta (TGF-) e corticoesteróides, também apresentam efeito 
antagonista sobre a IL-1. 
O TNF foi descrito pela primeira vez como sendo uma substância com 
capacidade de induzir necrose hemorrágica in vivo em certos tumores, e 
posteriormente como responsável pelo emagrecimento durante infecções 
parasitárias. Atualmente, sabe-se que o TNF é um mediador que apresenta 
múltiplas atividades, no nível de resposta inflamatória e imune, promovendo 
efeitos locais e a distância. 
O TNF é uma proteína que ocorre em duas formas moleculares 
distintas: TNFα e TNFβ. O TNFα é produzido principalmente por macrófagos, 
mas muitas células podem também produzí-Io, como por exemplo: célula 
endotelial, fibroblasto, linfócitos T e B (em baixas quantidades). O TNFβ, 
também conhecido como linfotoxina, é sintetizado por linfócitos T auxiliares 
(TH1). 
À semelhança do que ocorre com a IL-1, o TNF atua sobre a célula-
alvo, mediante interação com receptores de membrana. Vários mediadores 
endógenos podem estimular a liberação de TNF (leucotrieno B4, IL-1, PAF, 
interferon-gama; IL-3 produzida por mastócitos; o próprio TNF, etc.) 
promovendo aumento na expressão de receptores de membrana. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 11. Esquema ilustrativo mostrando a ação da IL-1. 
Fonte: http://www.australianprescriber.com/magazine/27/2/43/6/ 
 
 
Tanto a IL-1 quanto o TNF podem apresentar efeitos sistêmicos, 
induzindo: 
• Febre: estes mediadores agem no nível de centro termorregulador no 
hipotálamo, promovendo aumento da temperatura corporal; 
• Hematopoese: por estimulação de fatores estimuladores de colônia 
(CSF), que induzem proliferação de células precursoras em medula óssea; 
• Lipólise: por aumento na atividade da lipoproteína-lipase em 
adipócitos, isso explicaria o emagrecimento observado em indivíduos com 
infecções crônicas; 
• Proteínas de fase aguda: síntese estimulada em nível de células 
hepáticas. 
Um fato importante é que ao mesmo tempo em que a IL-1 e TNF estão 
envolvidas com a inflamação aguda e crônica, elas também iniciam o 
processo de reparação tecidual. 
Pode-se concluir que todos os mediadores envolvidos na resposta 
inflamatória agem de forma integrada, e que os mecanismos fisiológicos se 
encarregam de mantê-Ios em equilíbrio. Além disso, vários mediadores 
apresentam a mesma atividade biológica, de forma que um mesmo fenômeno 
 
 
 
 
 
 
 
63 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
pode ser decorrente da ação de mais de um mediador. 
 
 
Tabela 2. Principais mediadores endógenos da inflamação. Adaptado de ANDRADE, 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Efeitos inflamatórios dos 
componentes do sistemas enzimáticos
Deposição
de fibrina
Degranul 
mastócito
Aum
permeabil
vascular
vasodilatação
Lise celular
Neutrófilo-
ativação
quimiotaxia
fagocitose
Dor- bradicinina
C3a-C5a
trombina
C5a, C3a,
plasmina
Bradicinina
Histamina
Compl.
Histamina
bradicinina
C5a, C3a
 
 
 
Além disso, a intensidade e a evolução de um processo inflamatório 
serão determinadas por vários fatores relacionados ao tipo de agente 
agressor, tecido onde o processo está se desenvolvendo, e às condições 
gerais do hospedeiro. 
 
 
 
 
 
 
--------------------------FIM DO MÓDULO II--------------------------- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Inflamação 
e Reparo Tecidual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO III 
 
 
1. INFLAMAÇÃO AGUDA 
1.1. Classificação das inflamações 
O processo inflamatório, de um modo geral, pode ser classificado de 
acordo com diferentes variáveis. 
 
TEMPO (Duração) 
Superaguda: horas a dias. 
Aguda: dias a semanas. 
Subaguda: semanas a meses. 
Crônica: meses (Segundo BOGLIOLO, 1978, acima de três meses a 
anos). 
 
 
Em relação à duração do processo, a classificação muitas vezes é 
baseada em aspectos clínicos e é feita de forma arbitrária, pois nem sempre 
corresponde ao quadro histológico encontrado. 
Quanto ao quadro histológico, os critérios para a classificação das 
inflamações são os seguintes: 
Aguda: Predomina fenômenos vasculares - exsudativos (hiperemia ativa 
patológica, edema, e infiltrado de PMN, principalmente neutrófilos). A 
exceção ocorre na hepatite viral aguda, na qual o infiltrado é sempre de 
mononucleares. 
Crônica: Predomina fenômenos proliferativos (Proliferação fibroblástica e 
angioblástica, e infiltrado de células mononucleares, principalmente de 
linfócitos, plasmócitos e macrófagos). Uma exceção acontece na 
osteomielite crônica, na qual o infiltrado é sempre de PMN. 
 
 
 
 
 
 
 
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Subaguda: Caracteriza-se por fenômenos tanto vasculares - exsudativos 
quanto proliferativos, ocorrendo hiperemia, edema, proliferação fibroblástica 
e angioblástica, com infiltrado de PMN - principalmente eosinófilos, e 
também de MN - linfócitos, plasmócitos e macrófagos. 
Crônica Ativa: Trata-se da inflamação crônica reagudizada, isto é, com 
superposição de fenômenos vasculares exsudativos em área inflamada 
cronicamente. 
 
As inflamações agudas são classificadas de acordo com as 
características do exsudato. Conforme o tipo, a intensidade e a duração da 
agressão, haverá maior ou menor alteração da permeabilidade vascular e, 
como conseqüência, haverá variação na proporção dos elementos do 
exsudato. 
Quando o exsudato é predominantemente constituído por líquido, as 
inflamações são denominadas inflamações serosas. As inflamações serosas 
são principalmente observadas nas cavidades pré-formadas como a pleura, o 
pericárdio, o peritônio e as cavidades articulares. Nestes casos, o líquido que 
se acumula contém macromoléculas (albumina) e algumas células, especial-
mente neutrófilos e hemácias. Desta forma, é possível distingui-lo dos 
transudatos, que podem se formar nas cavidades em condições de aumento 
da pressão hidrostática, como na insuficiência cardíaca; neste caso, o líquido 
acumulado é muito pobre em células e praticamente não contém 
macromoléculas. 
Outro exemplo de inflamaçãoserosa são as bolhas que podem se 
formar na pele, como conseqüência de agressões leves, como queimaduras 
ou traumatismos. O líquido, com macromoléculas e poucas células, se 
acumula logo abaixo da epiderme. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 1. Histológico de bolha intra-epitelial, característica da inflamação serosa. 
Fonte: http://www.fcm.unicamp.br/deptos/anatomia/lampele1a.html 
 
 
 
Fig. 2. Conteúdo da bolha intra-epitelial. 
Fonte: http://www.fcm.unicamp.br/deptos/ anatomia/lampele1a.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Na verdade, as primeiras fases de quase todas as inflamações, são 
constituídas por acúmulo de líquido nos interstícios. 
As Inflamações do tipo fibrinosas são aquelas em que o exsudato contém 
grande quantidade de proteínas plasmáticas, inclusive fibrinogênio. Este, em 
contato com o interstício, se polimeriza em fibrilas de fibrina que se depositam 
sobre as superfícies serosas e mucosas. 
Nas superfícies, a fibrina se deposita formando camadas, conferindo-
lhes um aspecto característico, o que permite o diagnóstico macroscópico 
seguro de inflamação fibrinosa. 
Na pleura e no pericárdio, a fibrina se deposita nos dois folhetos, 
promovendo sua aderência (aspecto em pão com manteiga). Caso o processo 
não ceda e não haja fibrinólise, estas aderências poderão se organizar e se 
transformar em aderências fibrosas, com fusão dos folhetos parietal e visceral 
e conseqüente desaparecimento do espaço pleural ou pericárdico. 
A inflamação fibrinosa é também chamada de "inflamação 
pseudomembranosa", quando presente nas mucosas, pois apresenta uma camada 
superficial esbranquiçada sobre a área inflamada, como se fosse uma membrana. 
Ela ocorre quando a agressão promove a necrose de segmentos mais ou 
menos profundos da mucosa e, como conseqüência, a parte líquida do 
exsudato que se forma, cai para a luz e a fibrina se deposita na superfície 
necrótica da mucosa, formando a chamada "pseudomembrana”. As in-
flamações pseudomembranosas são freqüentemente observadas na faringe e no 
tubo digestivo. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 3. Pericardite fibrinosa (origem traumática). Observa-se o grande acúmulo de exsudado fibrinoso 
que se acumulou entre o saco pericárdico e a parede cardíaca. 
Fonte:http://www.fmv.utl.pt/atlas/coracao/corac_013.htm 
 
 
Quando o comprometimento vascular é muito grave, com destruição 
das paredes, as hemácias passam a constituir o elemento dominante do 
exsudato; estas inflamações são chamadas de hemorrágicas. 
Quando o exsudato contém grande número de neutrófilos, a 
inflamação é denominada de purulenta ou supurativa. Certos agentes 
agressores, como bactérias (estafilococos, neisserias) ou substâncias quí-
micas (terebintina), produzem grandes quantidades de fatores quimiotáticos 
para neutrófilos. 
Durante o processo de fagocitose, os neutrófilos liberam parte de suas 
enzimas para o interstício e, além disso, têm vida curta. A presença de grande 
número de neutrófilos, portanto, resulta na liberação local de grande 
quantidade de enzimas líticas, o que determina a liquefação do centro da área 
inflamada e dos tecidos circunvizinhos. A necrose liquefativa resultante da 
digestão dos agentes e dos tecidos infectados, como também das próprias 
 
 
 
 
 
 
 
71 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
células inflamatórias, chama-se de pus e confere o nome de supurativa ou 
purulenta à inflamação. 
 
Fig. 4. Pancreatite supurativa aguda. Fonte: http://www.ufrgs.br/patologia/patologia/images/ 
Canino.%20Pâncreas.%20Pancreatite%20supurativa%20aguda%20acentuada%201a.JPG 
 
 
O exemplo mais corriqueiro de inflamação supurativa é a "espinha", 
tão freqüentemente observada na pele do rosto dos adolescentes. Ela é o 
resultado da invasão dos folículos pilosos por bactérias piogênicas (produtoras 
de pus). Uma vez no fundo do folículo, as bactérias desencadeiam a 
seqüência já conhecida de alterações, que se iniciam por congestão e discreto 
edema da pele envolvente, às vezes acompanhada de dor. Logo a seguir, a 
parte central da pequena lesão vai ficando amarela e saliente, o que corres-
ponde ao acúmulo de pus no fundo do folículo. Em pouco tempo a pele que 
recobre o abscesso se rompe, o pus e as bactérias são eliminados e ocorre a 
reparação da lesão. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 5. Aspecto clínico da espinha. Fonte: 
http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/furunculo/ 
 
 
As cavidades cheias de pus resultantes da maioria das inflamações 
purulentas são chamadas de abscessos. Um abscesso é uma coleção 
localizada de pus e pode ser encontrado em variadas situações. 
Quando a inflamação supurativa se desenvolve em tecidos frouxos, em 
vez de se localizar, ela tem tendência a se difundir ao longo de espaços pré-
formados, como as fáscias dos membros ou do pescoço, ou ainda espaços 
entre os feixes musculares do apêndice. Nestes casos, em que a inflamação 
supurativa é difusa e se estende pelos interstícios, ela é chamada de 
flegmonosa. Flegmão, portanto, é uma inflamação purulenta sem limites 
precisos. 
Quando o pus se coleta em uma cavidade pré-formada (cavidade 
pleural, articulação, vesícula biliar), falamos em empiema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 6. Radiografia de tórax mostrando paciente com empiema à esquerda. 
Fonte: http://www.fisiorespiratoria.com.br/galeria_do_x_mostra.asp?cod_caso=14. 
 
 
A úlcera é uma forma de inflamação caracterizada pela perda de tecido 
em uma superfície da pele ou das mucosas. No caso das mucosas, quando a 
perda não atinge o cório, o termo erosão é às vezes empregado. 
As úlceras podem ser a conseqüência de traumatismos, ou ainda de 
outros tipos de agressão como, por exemplo, da ação de toxinas bacterianas, 
ou ainda pela ação de substâncias químicas como, por exemplo, um ácido. A 
inflamação, nestes casos, origina-se do tecido sadio ao redor da área lesada. 
O exsudato inflamatório se acumula no fundo da úlcera, removendo o tecido 
necrótico. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 7. Histológico de úlcera péptica. 
Fonte: http://anatpat.unicamp.br/lamtgi1.html 
 
 
As inflamações também podem ser classificadas de acordo com sua 
distribuição nos tecidos. 
 
Fig. 8. Classificação das inflamações. 
Fonte: http://www.biomaterial.com.br/inflama/classinfl.html 
 
 
De acordo com a intensidade do processo inflamatório, o mesmo pode ainda 
ser classificado em: leve, moderado ou severo. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Leve ou discreto: Quando o tecido ou órgão afetado tem sua função 
alterada levemente, de modo a não comprometer seriamente o organismo como um 
todo; 
Moderado: Quando o tecido ou órgão afetado tem sua função alterada, de 
modo a comprometer razoavelmente o organismo como um todo, ainda que não 
signifique por si só risco de vida; 
Graveou severo: Quando o tecido ou órgão afetado tem sua função muito 
alterada, comprometendo seriamente o organismo como um todo, inclusive pondo 
em risco a vida. 
Dependendo do autor, podem existir inúmeras classificações diferentes. As 
classificações das inflamações crônicas serão descritas no módulo seguinte. 
 
 
Fig. 9. Quadro esquemático das inúmeras classificações do processo inflamatório. 
Fonte: http://www.biomaterial.com.br/inflama/classinfl.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
1.2. Evolução das Inflamações Agudas 
 
 
 
 
A inflamação aguda é uma forma eficiente de o organismo neutralizar, 
inativar ou eliminar o agente agressor. Dependendo dos fatores do agente 
agressor, fatores do hospedeiro, e fatores locais, o processo pode evoluir para 
o processo de reparo. Entretanto, a inflamação pode ocorrer com formação de 
abscesso, ou mesmo evoluir para uma inflamação crônica de difícil reparo. 
Quando há supuração e, portanto, destruição de tecido, ou quando a 
própria agressão destrói o tecido, é necessário eliminar o pus e reparar o dano 
causado. O pus pode ser eliminado pela drenagem natural ou cirúrgica do 
abscesso. Neste caso, ou quando a agressão determina perda de tecidos, é 
necessário preencher o espaço à custa de tecido conjuntivo-vascular 
neoformado. 
Posteriormente, para haver a reparação tecidual, é obrigatório o 
desaparecimento do infiltrado, dos vasos, e a deposição de fibrilas colágenas. 
Forma-se, ao fim de algum tempo, uma cicatriz fibrosa no local da lesão. A 
porção parenquimatosa do órgão, se formada por células capazes de 
FORMAÇÃO DE 
ABSCESSO 
Mediadores 
químicos 
INFLAMAÇÃO 
CRÔNICA 
INFLAMAÇÃO 
AGUDA 
Agente irritativo persistente 
Injúria tecidual 
PROCESSO DE 
REPARO 
Regeneração 
Cicatrização 
 
 
 
 
 
 
 
77 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
regeneração, pode se refazer em parte ou totalmente, dependendo da 
extensão da lesão inicial. 
 
1.3. Fatores que alteram a resposta inflamatória 
Os fatores que alteram a inflamação estão relacionados com o agente 
agressor e com o hospedeiro. Esses dois elementos (agressor e hospedeiro) 
estabelecem uma inter-relação que assume características particulares, ou seja, 
cada hospedeiro, dependendo de suas características próprias e da relação com as 
características do agente agressor, manifestará um quadro inflamatório peculiar a 
seu estado pessoal. 
 
FATORES DO AGENTE AGRESSORFATORES DO AGENTE AGRESSOR
• Tipo biológico
• Patogenicidade
• Tempo de exposição
• Capacidade de invasão
• Resistência à fagocitose
 
 
 
Tipo do agente: além do tipo de agente, suas características também 
determinam reações inflamatórias típicas. Essas características envolvem 
principalmente a fonte geradora, no caso dos agentes físicos, o composto ativo, no 
caso dos agentes químicos, e a família, o gênero e a espécie, no caso dos agentes 
biológicos. Por exemplo, inflamações purulentas ou supurativas são originadas das 
chamadas bactérias piogênicas (estafilococos); já alguns bacilos, podem originar 
inflamações granulomatosas. Da mesma forma, existem agentes químicos que 
causam necrose liquefativa, logo que entram em contato com o tecido, e existem 
 
 
 
 
 
 
 
78 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
outros que atuam mais nas outras fases da inflamação, não exacerbando a 
degenerativo-necrótica. 
Patogenicidade do agente: em termos gerais, quanto maior for a 
patogenicidade do agente, mais exacerbada será a resposta inflamatória. Além da 
patogenicidade, que é determinada especificamente para os agentes biológicos, 
podemos considerar a palavra "intensidade" para os agentes físicos; e para os 
agentes químicos, a intensidade deve ser entendida pela concentração do agente. 
Tempo de exposição: em termos gerais, quanto maior o tempo de 
exposição ao agente, mais exacerbada é a resposta inflamatória. A inflamação 
crônica, por exemplo, forma-se devido à maior permanência do agente agressor em 
contato com o hospedeiro. Logicamente que os demais fatores devem sempre ser 
considerados (como, por exemplo, características do agente e intensidade). 
Capacidade de invasão: a capacidade de invasão diz respeito às 
propriedades que o agente possui de ultrapassar as barreiras de defesa do 
organismo, principalmente as barreiras externas. Por exemplo, existem bactérias 
com maior capacidade de penetração do que outras, favorecendo a disseminação 
do quadro inflamatório; as que possuem baixa invasividade podem originar, por sua 
vez, quadros inflamatórios mais localizados. O mesmo acontece com agentes físicos 
e químicos; por exemplo, alguns adesivos empregados no processo de restauração 
dentária possuem maior capacidade de penetrar na dentina do que outros, podendo 
causar inflamações pulpares com mais freqüência. Outro exemplo seriam os raios X, 
que possuem maior penentrância do que os raios β. 
Resistência à fagocitose: os agentes agressores resistem à fagocitose e à 
digestão de formas diferentes. Por exemplo, algumas bactérias são facilmente 
fagocitadas e digeridas, o que faz com que o processo inflamatório tenha curta 
duração; já alguns bacilos, como o M. tuberculosis, possuem alta resistência à 
fagocitose, sendo a inflamação da tuberculose do tipo crônica. Balas de projéteis 
também são de difícil fagocitose, assim como a partícula de restaurações de 
amálgama (originando a tatuagem por amálgama). 
 
 
 
 
 
 
 
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FATORES DO HOSPEDEIROFATORES DO HOSPEDEIRO
• Aspectos fisiológicos
• Saúde geral
• Aspectos nutricionais
• Aspectos hormonais
 
 
 
Aspectos fisiológicos do hospedeiro: idade, sexo, etnia, são alguns 
fatores que interferem no quadro inflamatório; por exemplo, os idosos, por terem 
baixa imunidade, geralmente são mais susceptíveis a infecções e inflamações do 
que os mais jovens. 
Saúde geral do hospedeiro: indivíduos portadores de outras doenças 
podem manifestar quadros inflamatórios mais graves. É o caso, por exemplo, de 
portadores de diabetes mellitus; esses indivíduos possuem dificuldade de reparação, 
principalmente por apresentarem alterações metabólicas significantes, as quais 
influenciam diretamente nos vários momentos da inflamação; um exemplo de 
inflamação crônica nesses indivíduos são as gengivites e a periodontites, de difícil 
controle e tratamento. 
Aspectos nutricionais do hospedeiro: carência de vitaminas e de 
proteínas pode interferir no sistema imunológico do organismo, retardando o 
processo de resolução das inflamações. 
Aspectos hormonais do hospedeiro: segundo Guidugli-Neto (1997), 
existem hormônios que favorecem a inflamação (chamados de protoflogísticos) e os 
que evitam ou diminuem a inflamação (os antiflogísticos). Os protoflogísticos 
aumentam a permeabilidade vascular (como o hormônio do crescimento) e os 
antiflogísticos, ao contrário, diminuem a permeabilidade vascular e fazem com que 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
haja menor exsudação celular. Esses hormônios, portanto, atuam direta ou 
indiretamente nos momentos da inflamação. 
FATORES LOCAISFATORES LOCAIS
• Tipo tecidual
• Suprimento sanguíneo
• Estruturas anatômicas vizinhas
 
 
 
Tipo de tecido agredido: as características anatômicas e fisiológicas dos 
tecidos que compõem os parênquimas dos órgãos são diversas e determinamdiferentes padrões de inflamação. Por exemplo, nos tecidos ósseos, não se observa 
edema, característico das inflamações agudas; ao contrário, são mais comuns 
inflamações crônicas nesse local; já nos tecidos mais frouxos, como pálpebra, por 
exemplo, facilmente se instalam fenômenos exsudativos plasmáticos. 
Suprimento sangüíneo: em geral, os tecidos vascularizados são mais 
resistentes à agressão, uma vez que o processo inflamatório se instala mais 
rapidamente. Os tecidos não-vascularizados, como a córnea e as cartilagens, 
primeiramente devem desenvolver a neovascularização local para depois iniciar seu 
mecanismo de defesa. 
Estruturas anatômicas vizinhas: dependendo da disposição dos órgãos, 
as inflamações podem se restringir ao tecido agredido ou se disseminar para os 
espaços ou tecidos vizinhos. 
 
1.4. Farmacologia da inflamação 
O processo inflamatório representa um dos mecanismos de defesa do nosso 
organismo. A inflamação pode ser definida como a reação do tecido vivo a uma 
 
 
 
 
 
 
 
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agressão local, ocorrendo envolvimento celular, aumento da permeabilidade 
vascular e acúmulo de líquidos. Esta inflamação, geralmente aguda, é a resposta 
inicial ao agressor e pode tornar-se desconfortável para o paciente devido ao edema 
e a dor. 
Na intenção de minimizar os sinais e sintomas do processo inflamatório, o 
profissional da saúde pode fazer o uso de antiinflamatórios na intervenção da 
doença ou no pré ou pós-operatório. Estes são os antiinflamatórios esteroidais ou os 
antiinflamatórios não esteroidais (AINES). 
 
I. Antiinflamatórios não-esteroidais (AINES) 
Os fármacos antiinflamatórios não-esteroidais (AINES) constituem um grupo 
heterogêneo de substâncias, que em geral não estão relacionados quimicamente, e 
que apesar disso, têm em comum certas ações terapêuticas, como atividade 
antipirética, analgésica e antiinflamatória. Isto porque atuam na biossíntese das 
prostaglandinas, agindo diretamente na inibição de enzimas da via cicloxigenase, 
mas não na via lipoxigenase. De acordo com Meade et al. (1993) e Mitchel et al. 
(1993), existem dois tipos de cicloxigenase: COX-1, enzima presente nas plaquetas 
sangüíneas, envolvida na sinalização celular e na homeostase tecidual; COX-2, 
presentes nas células inflamatórias ativadas e que produz mediadores da 
inflamação. 
 
COX-1: enzima constitutiva expressa na maioria dos tecidos, inclusive nas 
plaquetas. É importante para a manutenção das funções corporais. 
COX-2: enzima induzida nas células inflamatórias, quando estas são 
ativadas. É responsável pela produção dos mediadores prostanóides da 
inflamação. 
 
Os AINES possuem as seguintes ações farmacológicas: 
 Efeitos antiinflamatórios: modificam a reação inflamatória; 
 Efeito analgésico: reduzem determinados tipos de dor; 
 Efeito antipirético: reduzem a temperatura elevada; 
 
 
 
 
 
 
 
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Efeito antipirético 
 
Na maioria das vezes, os mediadores químicos da inflamação (produtos de 
leucócitos e plaquetas ativados, do metabolismo do ácido araquidônico-
prostaglandinas e leucotrienos e das cascatas da coagulação e do complemento), 
agem localmente, no sentido de restringir as conseqüências e a extensão do dano 
tecidual. Neste caso, o processo inflamatório tem apenas repercussões locais (numa 
tendinite ou uma foliculite, por exemplo) ou passa completamente despercebida 
(como em microtraumatismos de pele ou mucosas). 
Em condições em que esta capacidade homeostática local é superada, ou 
pela magnitude do estímulo agressor ou pela insuficiência dos mecanismos 
reguladores. A resposta inflamatória extravasa os limites do seu microambiente e 
pode se manifestar de modo sistêmico em todo o organismo ou ainda, dependendo 
da quantidade de citocinas liberadas, pode ter conseqüências catastróficas, na 
forma de choque circulatório grave. 
Em 1930, foi descrita no soro de pacientes com infecções agudas, uma 
proteína que precipitava o polissacarídeo C da cápsula do pneumococo (a proteína 
C-reativa ou PCR) e em 1941 foi introduzido o termo “fase aguda” para descrever as 
alterações séricas observadas nestes pacientes. Atualmente se sabe que, além das 
infecções, muitas outras formas de injúria tecidual, como trauma, isquemia, 
neoplasias e hipersensibilidade, desencadeiam alterações na concentração de 
várias proteínas plasmáticas, conhecidas como “proteínas de fase aguda” (PFAg). 
Elas constituem apenas uma parte da “reação ou resposta de fase aguda” (RFAg), 
que inclui febre, leucocitose e anormalidades metabólicas que produzem variada 
manifestação clínica e laboratorial, independentemente da natureza do estímulo 
desencadeante. 
As células ativadas do sistema fagocítico mononuclear (monócitos 
circulantes e macrófagos teciduais) iniciam a cascata de eventos da RFAg, 
secretando, em uma etapa inicial, citocinas da família da IL-1 e TNF (fator de 
necrose tumoral). Estas moléculas têm ação pleiotrópica, tanto a nível local como 
sistêmico. Localmente, agem sobre células da matriz ou estroma tecidual, 
principalmente fibroblastos e células endoteliais, causando a liberação de um 
 
 
 
 
 
 
 
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segundo conjunto de citocinas que incluem, além dos próprios IL-1 e TNF, também 
IL-6 e IL-8, as proteínas inflamatória (MIP-1) e quimiotática (MCP) de macrófago. 
O fígado é o alvo principal dos mediadores inflamatórios sistêmicos, 
suprindo os metabólitos essenciais para a resposta de estresse e os componentes 
necessários para a defesa de primeira linha no sítio de inflamação, restringindo os 
limites da lesão tecidual, clareando agentes agressores e auxiliando no reparo 
celular. 
Os AINEs reduzem a temperatura elevada provavelmente pela inibição da 
produção de prostaglandinas no hipotálamo. 
 
 
Fig. 10. Patogenia da febre 
Fonte:http://webmail.unisuam.edu.br/~jairoa/CT/Farmacodin%E2mica/Inflama% 
E7%E3o%20&%20Dor.pdf 
 
 
Efeito analgésico 
A outra manifestação cardeal da inflamação, a dor, é mediada, além das 
prostaglandinas, pela bradicinina, um nonapeptídio liberado pelo sistema 
cininogênio, que também participa da ativação da cascata da coagulação. 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 11. Fenômeno da hiperalgesia. Fonte: 
http://www.endodontia.com.br/index_arquivos/Terapeutica.pdf 
 
 
Os AINEs são particularmente eficazes contra a dor associada à inflamação 
ou à lesão tecidual, uma vez que diminuem a produção das prostaglandinas, que 
sensibilizam os nociceptores e dos mediadores da inflamação, como a bradicinina. 
A capacidade dos AINEs, de aliviar a cefaléia, pode estar relacionada à 
abolição do efeito vasodilatador das prostaglandinas sobre a vasculatura cerebral. 
 
Efeitos antiinflamatórios 
Os AINEs são classificados atualmente como drogas inibidoras das 
cicloxigenases e, por conseqüência, inibidoras da síntese das prostaglandinas. 
Reduzem alguns componentes da resposta inflamatória como, por exemplo: a 
vasodilatação; o edema; a dor. A totalidade dos AINES inibe ambas as enzimas, ou 
seja, a COX-1 e a COX-2, só que em graus variados de intensidade. 
 
 
 
 
 
 
 
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De fato, quanto mais potente for a inibição exercida sobre a COX-1 em 
relação à COX-2, maiores serão as reaçõesadversas do medicamento. Os efeitos 
indesejáveis desses medicamentos devem-se, em grande parte, à inibição da 
enzima de manutenção, a COX-1: 
Distúrbios gastrintestinais: dispepsia, náuseas, vômitos e, em alguns casos, 
ulceração e sangramento gástrico. A administração oral de análogos das 
prostaglandinas pode diminuir a lesão gástrica desencadeada por esses agentes. 
Obs.: Os inibidores da COX-2 causam menos lesão gástrica, porém estão 
associados a alterações cardiovasculares em alguns pacientes. No entanto, ainda 
existem pontos a serem esclarecidos, pois a probabilidade de desenvolvimento de 
lesões gástricas em paciente em uso de AINES depende de fatores de risco pré-
existentes (ex: fumantes, indivíduos em uso de anticoagulante, corticosteróides, 
pacientes que necessitam de altas doses de AINES, em uso de aspirina, alcoólatras, 
 
 
 
 
 
 
 
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idosos, história de úlcera péptica e/ou dispepsia prévia). Indivíduos com história de 
úlcera péptica e sangramento gastrintestinal em uso de AINE, têm risco de 
complicações gastrintestinais em torno de 5% ao ano, em contraste com uma 
incidência de 0,4% de chance em pacientes sem história prévia. 
 Reações cutâneas: erupções leves, urticária, reações de 
fotossensibilidade. 
 Efeitos renais: insuficiência renal aguda, reversível com a interrupção 
da droga, em indivíduos suscetíveis. Este efeito deve-se à inibição da síntese de 
PGE2 e PGI2, responsáveis pela manutenção da hemodinâmica renal. Nefropatia 
por analgésicos (consumo crônico), caracterizada por nefrite crônica e necrose 
papilar renal. 
 Insuficiência hepática, importante na superdosagem de paracetamol. 
 Asma, particularmente a aspirina, em indivíduos asmáticos sensíveis. 
São efeitos indesejáveis dos inibidores seletivos da COX-2: 
 Efeitos cardiovasculares; 
 Redução da taxa de filtração glomerular em indivíduos idosos; 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nisulid ®; Scaflam ®NimesulidaNimesulidas
Motrin ®
Naprosyn ®
Ibuprofeno
Naproxeno
Derivados do ácido 
propiônico
Feldene ®; Inflamene ®
Movatec ®
Piroxicam
Meloxicam
Oxicanas
Ponstan ®
Voltaren ®
Cataflam ®; 
Flogan ®
Proflam ®
Ácido mefenâmico
Diclofenaco sódico
Diclofenaco
potássico
Aceclofenaco
Fenamatos
Derivados do ácido 
fenilacético
Aspirina®; AAS ®
Dorbid ®
Ácido acetilsalicílico
Diflunisal
Salicilatos
Especialidade 
farmacêutica
Nome genéricoGrupo
DROGAS INIBIDORAS DA CICLOXIGENASEDROGAS INIBIDORAS DA CICLOXIGENASE
 
 
 
Os AINES podem ser classificados em diversas classes quanto à estrutura 
química: 
I. Salicilatos 
A aspirina é o protótipo dos AINES; é o fármaco mais usado e aquele com o 
qual todos os demais agentes antiinflamatórios são comparados. Entretanto, cerca 
de 15% dos pacientes mostram intolerância à aspirina. Desta forma fez-se 
necessário buscar fármacos alternativos com maior atividade antiinflamatória, menor 
irritação gástrica, ou ainda de ação mais longa, diminuindo a dose diária 
administrada. Em geral os AINES mais novos são consideravelmente mais caros 
que a aspirina e alguns são comparativamente mais tóxicos. 
Além da ação antiinflamatória, possuem ação analgésica e antitérmica. 
Agem no hipotálamo alterando sua função termorreguladora. Provocam a dilatação 
de pequenos vasos superficiais, fazendo com que a transpiração aumente e o calor 
 
 
 
 
 
 
 
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seja liberado. Agem no problema, diminuindo a permeabilidade dos vasos 
inflamados. 
 
 
Fig. 12. Molécula do ácido acetilsalicílico. 
Fonte: http://www.quimicaorganica.net/compuestos-organicos/Aspirina/aspirina.htm 
 
 
O ácido acetilsalicílico apresenta boa ação analgésica na dose usual de 
500mg e pequena ação antiinflamatória. Para se obter uma ação antiinflamatória 
deste composto é necessário empregá-lo na dose de 4 a 5g diários. Inibe a 
agregação plaquetária do local inflamado, não devendo ser administrado em 
hemofílicos por esta razão. Assim como seu protótipo age nas duas cicloxigenases, 
constitui um antiinflamatório não-seletivo. 
 
II. Derivados paraminofenólicos 
O paracetamol ou acetominofeno são analgésicos e antipiréticos com 
pouquíssima ou nenhuma ação antiinflamatória, pois são considerados como um 
fraco inibidor das prostaglandinas pró-inflamatórias. Em contrapartida, parece agir 
sobre as prostaglandinas sintetizadas pelo sistema nervoso cerebral, o que 
explicaria sua ação antitérmica. Atualmente é um dos analgésicos mais utilizados, 
por ser bastante seguro e não interagir com a maioria dos medicamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 13. Molécula do paracetamol. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Paracetamol 
 
 
Fig. 14. Esquema terapêutico do paracetamol. 
Fonte: http://www.endodontia.com.br/index_arquivos/ Terapeutica.pdf 
 
 
III. Derivados da pirazolona 
Metamizol sódico ou dipirona sódica é um medicamento que mostra efeitos 
analgésicos e antitérmicos, mas não antiinflamatórios, nas doses terapêuticas. A 
dipirona parece agir deprimindo diretamente a atividade nociceptora, diminuindo o 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
estado de hiperalgesia persistente através do bloqueio da entrada de cálcio e da 
diminuição dos níveis de AMPc, nas terminações nervosas livres. 
Sua utilização, no entanto, se encontra restrita a alguns países, sendo 
extremamente popular no Brasil, onde efetivamente é um dos analgésicos mais 
populares, ao lado do ácido acetil salicílico. 
Quimicamente é o [(2,3-diidro-1,5-dimetil-3-oxo-2-fenil-1H-pirazol-4-
il)metilamino] metanossulfonato sódico (ou 1-fenil-2,3-dimetil-5-pirazolona-4-
metilaminometano sulfonato de sódio). 
 
 
Fig. 15. Molécula da dipirona. 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Dipirona_s%C3%B3dica.png 
 
 
Para todas as formas farmacêuticas, os efeitos analgésicos e antipiréticos 
são esperados pouco tempo após a administração, porém seu efeito tem pouca 
duração (apenas 4 horas). 
 
IV. Derivados do ácido propiônico 
Ibuprofeno 
O ibuprofeno, que foi sintetizado em 1974, foi o primeiro desta classe de 
agentes a estar disponível nos Estados Unidos, surgindo em seguida o naproxeno, 
fenoprofeno, cetoprofeno, flurbiprofeno, fembufeno, indoprofeno, suprofeno e 
oxaprozin. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
O ibuprofeno é um fármaco derivado do ácido fenilacético, do grupo dos anti-
inflamatórios não esteróides (AINE), que representa uma das melhores alternativas 
no combate à dor, febre e inflamação, sendo um substituinte exemplar do ácido 
acetilsalicílico por diversos motivos: efeito similar, menores efeitos adversos e maior 
tolerância. 
Utilizado freqüentemente para o alívio sintomático da dor de cabeça 
(cefaléia), dor dentária, dor muscular (mialgia), moléstias da menstruação 
(dismenorréia), febre e dor pós-cirúrgica. Também é usado para tratar quadros 
inflamatórios, como os que se apresentam em artrites, artrite reumatóide (AR) e 
artrite gotosa. 
 
Tabela 1. Fonte: http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/html/1172/body/01.htm 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Oscréditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Naproxeno 
 
Manifesta efeitos antiinflamatório, analgésico e antipirético. É utilizado no 
tratamento da artrite reumatóide, apresentando reações adversas principalmente no 
trato gastrintestinal. Apresenta-se mais potente na forma S. Sua dosagem é bastante 
superior aos fármacos anteriores, podendo chegar até 750 mg /dia. 
 
 
Fig. 16. Molécula do naproxeno. 
Fonte: http://www.territorioscuola.com/wiki/es.wikipedia.php?title= Naproxeno 
 
 
V. Derivados dos ácidos indol-acéticos 
Neste grupo de fármacos está a indometacina, além de outros, que atuam 
inibindo reversivelmente a cicloxigenase. A indometacina que é a droga mais 
conhecida do grupo apresenta atividade antiinflamatória maior que a aspirina, porém 
é inferior aos salicilatos em relação a doses toleradas pelos pacientes com artrite 
reumatóide; atua também como analgésico e antipirético. 
 
VI. Derivados do ácido fenilacético 
O diclofenaco ou diclofenac, comercializado como Voltaren® e Cataflam® 
entre outros, é um antiinflamatório não-esteróide (AINE) com ação sobretudo 
analgésica e antiinflamatória, não sendo usado como antipirético. Apresenta-se nas 
formas sódica, potássica, resinada e colestiramina. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Este medicamento está indicado para o tratamento de: 
 Formas degenerativas e inflamatórias de reumatismo: artrite 
reumatóide; 
 Espondilite anquilosante (doença crônica inflamatória que afeta as 
juntas entre as vértebras da espinha e as juntas entre a espinha e o pélvis); 
 Osteoartrose (doença da articulação, degenerativa, que causa 
desgaste das articulações) e espondilartrite (inflamação das articulações 
intervertebrais); 
 Síndromes dolorosas da coluna vertebral; 
 Reumatismo não-articular; 
 Dores pós-traumáticas e pós-operatórias, inflamação e edema, como 
por exemplo, após cirurgias dentárias ou ortopédicas; 
 Condições inflamatórias e/ou dolorosas em ginecologia, como por 
exemplo dismenorréia primária (dor pélvica que se origina de cólicas uterinas 
durante o período menstrual) ou anexite (inflamação de ovários e trompas). 
Antiinflamatórios não-esteroidais, particularmente diclofenaco de sódio, têm 
sido associados a graves quadros de hepatotoxicidade. Em uma revisão de casos 
clínicos envolvendo 7400 pacientes, ocorreu disfunção hepática em 0,8% daqueles 
tratados com celecoxib. Comparados com 0,9% dos tratados com placebo, e 3,7% 
dos que usaram diclofenaco de sódio. 
 
VII. Oxicanas 
Meloxicam 
O meloxicam atua da mesma forma que os outros AINES propriamente ditos 
(excetua-se assim o paracetamol), ou seja, inibindo a ciclooxigenase. 
O meloxicam possui, em doses baixas, uma afinidade preferencial (cerca de 
10 vezes superior) para a COX-2, uma característica associada com uma menor 
incidência de efeitos colaterais gastro-intestinais. Doses maiores, contudo, não 
evidenciam a mesma selectividade. 
O meloxicam é muito bem absorvido por via oral (cerca de 90%), e possui 
uma importante ligação às proteínas plasmáticas. A sua semi-vida é bastante longa 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
quando comparada com outros AINES, o que permite a sua utilização em tomada 
diária única. 
 
Piroxicam 
O piroxicam (vendido no mercado brasileiro sob a marca Inflamene) é um 
medicamento antiinflamatório não-esteróide usado para aliviar os sintomas da artrite 
reumatóide e osteoartrite, dismenorréia primária, dor pós-operatória; atua como um 
analgésico, especialmente quando há um componente inflamatório. 
 
Fig. 17. Molécula do piroxicam. 
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Piroxicam.svg 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 18. Esquema terapêutico do piroxicam. 
Fonte: http://www.endodontia.com.br/index_arquivos/ Terapeutica.pdf 
 
 
VII. Novos AINES (Coxibs) 
As pesquisas mais recentes levaram ao desenvolvimento de um grupo de 
fármacos antiinflamatórios seletivos. Como já foi dito, as cicloxigenases (COXs) são 
enzimas que catalisam o primeiro estágio da biossíntese das prostaglandinas 
provenientes do ácido araquidônico. Os AINES inibem de forma não seletiva a 
formação das duas isoformas da COXs. Em teoria, a inibição seletiva da COX-2 
poderia trazer vantagens, pois esta isoforma estaria confinada aos tecidos 
inflamados. 
Quando em sua dosagem terapêutica, um determinado antiinflamatório inibe 
apenas a isoforma COX-2, sem interferência na atividade COX-1, denominam-se 
agente inibidor específico COX-2. Tais compostos foram intitulados coxibs. 
O primeiro composto a ser aprovado pela Food and Drug Administration 
(FDA) para uso nos Estados Unidos foi o celecoxib, em dezembro de 1998. Meses 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
após, em maio de 1999, foi introduzido outro inibidor específico COX-2, chamado 
rofecoxib. Por pouparem a COX-1, os coxibs foram introduzidos como uma nova 
classe de antiinflamatórios não esteroidais, de eficácia equivalente e provável menor 
índice de complicações que os tradicionais AINES. Recentemente foi introduzido no 
mercado o parecoxib, o primeiro inibidor específico da COX-2 para uso parenteral e 
com propriedades farmacológicas semelhantes aos demais coxibs. 
São antiinflamatórios com diversos efeitos em relação ao controle do 
processo inflamatório. Agem inibindo a agregação de leucocitário (de neutrófilos) e 
provocam a inibição da migração das células polimorfonucleares e monócitos para a 
área de inflamação, ou seja, interferem na quimiotaxia típica da inflamação. 
 
II. Antiinflamatórios esteroidais 
Os corticosteróides são substâncias endógenas que estão quimicamente 
classificadas como esteróides, e são originalmente identificados no córtex da 
glândula adrenal. 
A glândula adrenal, na verdade, consiste em duas pequenas glândulas 
dispostas acima dos rins. A porção externa da glândula adrenal, o córtex adrenal, é 
essencial para a vida. Sua origem embriológica é completamente diferente daquela 
da medula adrenal. 
O córtex adrenal produz vários hormônios potentes, todos derivados 
esteróides, possuindo o núcleo ciclopentanoperidrofenantreno característico. Estes 
hormônios esteróides são agrupados em três classes gerais, cada uma com funções 
características: 
 Os glicocorticóides, que atuam primariamente no metabolismo das 
proteínas, carboidratos e lipídeos. 
 Os mineralocorticóides, que atuam primariamente no transporte de 
eletrólitos e na distribuição de água nos tecidos. 
 Os androgênios ou estrogênios, que atuam primariamente sobre as 
características sexuais secundárias em seus órgãos alvos específicos. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Fig. 19. Glândula adrenal. 
Fonte: http://www.iadmd.org/Content/tabid/76/contentid/103842/Default.aspx 
 
 
Os antiinflamatórios esteroidais ou corticosteróides, como são mais 
conhecidos, são drogas inibidoras da fosfolipase A2 e, por isso, não diminuem 
somente a síntese das prostaglandinas como também a de leucotrienos, reduzindo, 
portanto, o acúmulo de neutrófilos no sítio inflamado. Este parece ser o maior 
mecanismo antiálgico e antiinflamatório atribuído a este grupo de medicamentos, 
pois o controle da migração de neutrófilos para o foco inflamado, diretamente, 
implica na diminuição dos mediadoresquímicos pró-inflamatórios. 
No ser humano, o principal glicocorticóide é o cortisol (ou hidrocortisona), 
enquanto o mineralocorticóide mais importante é a aldosterona. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Ação antiinflamatória 
 
Os glicocorticóides têm a capacidade de modificar o processo inflamatório 
dos tecidos que, ao serem agredidos, apresentam um extravasamento de fluidos 
intracelulares para o espaço peri-tecidual. As doses farmacológicas de cortisol e 
seus análogos têm a propriedade de limitar esse processo, sendo que esses efeitos 
levam a encobertar processos infecciosos em pacientes que fazem uso dessas 
substâncias por longo tempo. 
A propriedade terapêutica de reduzir dramaticamente a resposta inflamatória 
e suprimir a imunidade é a mais importante dos glicocorticóides. O mecanismo exato 
é complexo e não totalmente compreendido. Entretanto, sabe-se que a diminuição e 
a inibição dos linfócitos e macrófagos periféricos têm participação no processo. Há 
também evidências substanciais de que os glicocorticóides induzem a síntese de 
uma proteína na qual inibe a fosfolipase A e, portanto, diminui a liberação de ácido 
araquidônico dos fosfolipídios, o que diminui a formação de prostaglandinas, 
leucotrienos e compostos correlatos, que têm papel importante na quimiotaxia e na 
inflamação. 
Os glicocorticóides são utilizados também no tratamento dos sintomas das 
reações alérgicas a fármacos, soro e transfusões, da asma brônquica e da rinite 
alérgica. 
Entretanto, estes fármacos não são curativos, um exemplo é o uso do 
dipropionato de beclometasona e a triancinolona que são aplicados topicamente na 
mucosa do trato respiratório superior, por inalação, reduzindo os efeitos sistêmicos 
da doença. 
Devido ao extenso uso dos corticosteróides no tratamento de doenças 
inflamatórias e alérgicas, muitas pesquisas foram desenvolvidas na tentativa de 
sintetizar derivados que apresentassem aumento das propriedades terapêuticas, 
ação mais específica, limitações dos efeitos adversos e maior potência. 
De um modo geral, as modificações de estrutura da hidrocortisona levaram a 
aumentos na proporção entre potência antiinflamatória e retentora de sódio, de tal 
modo que, em vários dos derivados atualmente disponíveis, os efeitos eletrolíticos 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
adversos não têm conseqüências sérias, mesmo quando estes derivados são 
administrados em doses mais altas. 
As alterações na estrutura molecular podem modificar o potencial biológico, 
como resultado de alterações na absorção, na ligação protéica, na taxa de 
transformação metabólica, na taxa de excreção, na capacidade de atravessar 
membranas e na eficácia intrínseca da molécula em seu local de ação. 
No entanto, estas modificações estruturais da molécula esteróide, com 
características de aumento da atividade antiinflamatória, freqüentemente podem 
acarretar novas propriedades indesejáveis, tais como o efeito retentor de sal (no 
caso de derivados halogenados) e mascaramento dos processos infecciosos, 
osteoporose, astenia, diminuição do limiar cerebral etc. 
O mecanismo de ação desses corticosteróides sintéticos é semelhante ao 
dos compostos naturais; suas diferenças de potência se devem principalmente ao 
aumento da meia-vida e atraso na sua catabolização ao nível hepático. A título de 
ilustração, a meia-vida da hidrocortisona é de 98 minutos; a dos sintéticos, 
prednisolona e dexamentasona, é de 200 minutos. 
A classificação dos corticosteróides é feita em função de sua duração de 
efeito: 
AÇÃO CURTA (< 12 horas) 
 Hidrocortisona 
 Cortisona 
AÇÃO INTERMEDIÁRIA (18 - 36 horas) 
 Prednisona 
 Prednisolona 
 Metilprednisolona 
 Triancinolona 
AÇÃO LONGA (36 - 54 horas) 
 Betametasona 
 Dexametasona / Parametasona 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O corpo tem mais dificuldade de metabolizar e eliminar os corticosteróides 
sintéticos; por isso, estes possuem efeito mais prolongado e potência elevada. 
Provavelmente, a molécula modificada tenha menos tendência a ser fixada pelos 
sistemas enzimáticos presentes. Desta forma o início da sua atividade é imediato, 
porém a duração da ação varia, dependendo do fármaco. 
A Tabela 2 mostra que a hidrocortisona e a cortisona são de duração curta e 
requerem doses fracionadas várias vezes ao dia para manter o efeito. Os 
corticosteróides de média e longa ação, administrados via oral, suprimem a liberação 
de adrenocorticóides, mesmo em terapia de dias alternados. Algumas das ações 
biológicas dos corticosteróides possibilitam medidas quantitativas e são expressas 
em relação à ação da hidrocortisona, que é considerada para atividade 
antiinflamatória e atividade retentora de sal. 
 
 
Tabela 2. Fonte: http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-bin/PRG_0599.EXE/6260_2. 
PDF?NrOcoSis=17440 &CdLinPrg=pt 
 
 
 
 
 
 
 
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Os corticosteróides antiinflamatórios são valiosos no tratamento de doenças 
crônicas, que ocorrem periodicamente, e na ausência de uma causa conhecida, 
como artrite, tendinite, bursite, conjuntivite ou dermatite. Estes fármacos devem ser 
administrados localmente, sempre que possível, ao invés da via sistêmica. Pois 
mesmo que haja alguma absorção, o baixo nível de corticosteróide sistêmico 
preserva a integridade do córtex, ao mesmo tempo em que mantém um alto nível 
local da droga. 
 
Indicações Gerais dos Corticóides: 
 Doenças Auto-Imunes: anemia hemolítica auto-imune; hepatite crônica 
ativa; 
 Manifestações Alérgicas: asma, alveolite alérgica, rinite alérgica, 
choque anafilático; 
 Transplantes de Órgãos; 
 Afecções hematológicas: leucemia linfoblástica, linfomas; 
 Afecções Dermatológias: pênfigo bolhoso, pênfigo, urticária 
pigmentosa; 
 Afecções Renais: síndrome nefrótica; 
 Afecções Respiratórias: pneumonite não infecciosa, lesões exsudativas 
graves; 
 Afecções do SNC: traumatismo craniano, meningite tuberculosa. 
 
 
 
 
 
 
 
-------------------------------FIM DO MÓDULO III----------------------------------- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Inflamação 
e Reparo Tecidual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO IV 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO IV 
 
1. INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
 
1.1. Conceito e características da inflamação crônica 
A inflamação crônica pode ser conceituada como a soma das reações 
do organismo em conseqüência da persistência do agente agressor, que não 
é eliminado pelos mecanismos da inflamação aguda. É a reação tecidual 
caracterizada pelo aumento dos graus de celularidade e de outros elementos 
teciduais, diante da permanência do agente agressor. 
Injúria 
tecidual
RESOLUÇÃO
FORMAÇÃO 
DE ABSCESSO
PROCESSO DE 
REPARO
Regeneração
Cicatrização
Agente irritativo 
persistente
Mediadores 
químicos
INFLAMAÇÃO 
CRÔNICA
INFLAMAÇÃO 
AGUDA
 
A inflamação aguda podeter quatro tipos de evolução: 
Resolução: quando a lesão é pequena; ao se eliminar o agressor, tudo 
volta à normalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
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Cicatrização: quando há destruição tecidual o dano será reparado, 
sendo a área lesada substituída por uma cicatriz; como exemplo, uma 
queimadura na pele. 
Formação de abscesso: acontece quando agentes piogênicos se 
instalam na profundidade dos tecidos. 
Progressão para inflamação crônica: isto ocorre quando o agente 
inflamatório não é eliminado pelo processo inflamatório agudo. 
Quando o agente causador da agressão é inerte ou pouco agressivo, 
ou ainda quando ele persiste a despeito da inflamação aguda, a reação 
inflamatória assume características diferentes. Em vez de um exsudato rico 
em: líquidos, fibrinas e neutrófilos, encontram-se um aumento na proporção de 
linfócitos, macrófagos, proliferação de vasos e de fibroblastos, com deposição 
de colágeno. Por isso, na inflamação crônica, observa-se uma predominância 
dos processos produtivos e reparativos. 
 
FENÔMENOS PRODUTIVOS
Modificações de 
células exsudadas
linfócitos 
macrófagos
Inflamações 
crônicas
 
 
 
 
 
 
 
 
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reparar os tecidos 
danificados
Neoformação 
conjuntivo-vascular 
macrófagos 
fibroblastos
fatores de 
crescimento
FENÔMENOS REPARATIVOS
 
 
 
As inflamações crônicas diferem das agudas pela sua longa duração, e 
pela ausência, ou pouca evidência, dos quatro sinais cardinais da inflamação. 
Do ponto de vista histológico, suas características dependerão do agente. 
Assim, por exemplo, uma inflamação crônica causada por agressores 
antigênicos, poderá ser principalmente constituída por linfócitos e macrófagos; 
quando acompanhada de morte celular haverá também proliferação de vasos, 
fibroblastos e deposição de colágeno. 
As características mais marcantes da inflamação crônica são o 
predomínio de células mononucleares (linfócitos, macrófagos, plasmócitos) e 
a proliferação de fibroblastos e de vasos. 
Além disso, neste tipo de processo inflamatório, podem estar 
presentes as células epitelióides e células gigantes multinucleadas, que são 
modificações morfofuncionais sofridas pelos macrófagos através da ação de 
mediadores químicos específicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 1. Infiltrado mononuclear, na lâmina própria em lesão de mucosa bucal. 
Fonte: http://patoral.umayor.cl/atlaspatoral2/atlas_patoral2.html 
 
 
 
Fig. 2. Miocardite granulomatosa idiopática: presença de células gigantes multinucleadas, rodeadas 
por um infiltrado inflamatório mononuclear, com predomínio de linfócitos. 
Fonte: http://www.conganat.org/9congreso/trabajo.asp?id_trabajo=804&tipo=2&tema=18 
 
 
 
 
 
 
 
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As alterações vasculares da inflamação aguda caracterizam-se pelo 
aumento da permeabilidade. Nas crônicas, o papel dos vasos é menos 
evidente, apesar de ainda muito importante. As inflamações crônicas são 
caracterizadas por proliferação endotelial, ou seja, por neoformação vascular. 
 
 
Fig. 3. Angiogênese. 
Fonte: http://www.medsciences.bham.ac.uk/departments/Watson%20Group/ 
CCVS/Roy%20Bicknell%20Research.htm 
 
 
A neoformação vascular é dependente da presença, no foco 
inflamatório, de fatores de crescimento. Nos últimos anos, polipeptídios 
capazes de estimular a proliferação de vários tipos de células têm sido 
estudados, inclusive aqueles capazes de estimular a proliferação do endotélio 
vascular. Entre eles, destacam-se: 
a) Fator de crescimento epidérmico: capaz de estimular a proliferação de 
células epiteliais e fibroblastos; 
b) Fator de crescimento derivado de plaquetas: estimula a proliferação de 
células endoteliais, células musculares lisas e vários tipos de células tumorais. 
São armazenados nos grânulos das plaquetas e liberados quando as 
plaquetas são ativadas. Além de estimular a proliferação de endotélio, eles 
também estimulam a migração e proliferação de fibroblastos, células 
 
 
 
 
 
 
 
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musculares lisas e macrófagos; 
c) Fator de crescimento de fibroblastos: estimula a proliferação de 
fibroblastos e induz todos os passos necessários à neoformação dos vasos. 
Todos estes fatores estimuladores e inibidores de crescimento se 
formam e interagem nos focos inflamatórios e são responsáveis pela neo-
formação vascular e fibrose, que acompanham as inflamações crônicas. Do 
seu balanço dependerá a extensão, progressão ou término da reação. 
 
 
Fig. 4. Processo de angiogênese. 
Fonte: http://www.gene.com/gene/research/focusareas/tgr/ 
 
 
O processo de angiogênese (neoformação vascular) segue as 
seguintes etapas: degradação da membrana basal do vaso de origem, 
migração das células endoteliais, sua proliferação com a formação de um tubo 
sólido, constituído por células endoteliais jovens e, finalmente, escavação do 
tubo originando a luz, que se comunica com a luz do vaso de origem. 
Tanto nas inflamações agudas, quanto nas crônicas, os estímulos à 
proliferação de vasos e fibroblastos originam o tecido de granulação. Este 
 
 
 
 
 
 
 
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tecido se caracteriza pela proliferação de vasos que se dirigem à área lesada, 
acompanhados de outras células (neutrófilos, macrófagos, linfócitos, 
plasmócitos) e de fibroblastos. À medida que os fagócitos lisam os tecidos 
necróticos ou a fibrina, os vasos proliferam em direção à lesão, trazendo com 
eles o sangue de que se originam os leucócitos exsudados. São 
acompanhados pelos fibroblastos que sintetizam colágeno. Progressivamente, 
a área lesada vai sendo substituída por uma cicatriz fibrosa. 
Quando o agente persiste, ocorre o equilíbrio entre a progressão da 
lesão causada pelo agente e o tecido de granulação, que tenderá a formar 
uma barreira de tecido fibroso para isolar o agente dos tecidos do hospedeiro. 
Os capilares neoformados do tecido de granulação permitem a saída 
de plasma, o que explica seu aspecto clínico. Por sua vez, quando a lesão é 
na pele ou em uma mucosa, forma-se crosta de fibrina na sua superfície, a 
"casca" das feridas, que nada mais é do que fibrina dessecada recobrindo o 
fundo da úlcera. 
 
1.2. Classificação das inflamações crônicas 
A proporção relativa dos componentes das inflamações crônicas varia 
muito com o agente e com a resposta do hospedeiro, o que permite classificar 
as inflamações crônicas em: inflamações crônicas específicas e inflamações 
crônicas inespecíficas. 
I. Inflamações crônicas específicas: ocorrem quando os elementos da 
reação se dispõem formando acúmulos nodulares de limites mais ou menos 
precisos e chamados de granulomas. As células predominantes são 
macrófagos e o processo é pouco vascularizado. 
 
 
 
 
 
 
 
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Injúria tecidual 
persistente
Linfócitos T ativados
Fatores quimiotáticos
Fatores de 
crescimento
Proliferação dos 
macrófagos nos 
tecidos
Recrutamento dos 
monócitos circulantes
Aumento na 
quantidade de 
macrófagos
Mitógenos
teciduaisFatores 
quimiotáticos
bacterianos e 
teciduais para 
monócitos
 
O termo "específica" origina-se do conceito de que a morfologia e a 
disposição dos diferentes componentes do granuloma são suficientes para 
sugerir a etiologia da lesão. Na verdade, embora a disposição dos elementos 
do granuloma seja sugestiva de sua etiologia, o diagnóstico etiológico só pode 
ser estabelecido pelo conhecimento do agente na lesão. 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA ESPECÍFICA
Formação de granulomas
Predomínio de macrófagos 
Pouca vascularização
GRANULOMA
 
 
 
 
 
 
 
 
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II. Inflamações crônicas inespecíficas: ocorrem quando a disposição 
dos diferentes elementos das reações não sugere a sua etiologia. A reação é 
feita por exsudato inflamatório, rico em células mononucleares, proliferação 
dos vasos neoformados e de tecido conjuntivo fibroso. Estes componentes 
são os elementos constituintes da maioria das inflamações crônicas, não 
permitindo suspeita da etiologia do processo. 
 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA INESPECÍFICA
Organização celular difusa
Proliferação de fibroblastos 
Deposição de colágeno
Neoformação vascular
GENGIVITE CRÔNICA
INFLAMAÇÃO CRÔNICA INESPECÍFICA
Organização celular difusa
Proliferação de fibroblastos 
Deposição de colágeno
Neoformação vascular
GENGIVITE CRÔNICA
 
 
 
1.3. Agentes Etiológicos 
De forma resumida, as inflamações crônicas podem ser causadas por: 
Infecções persistentes: tuberculose, sífilis, alguns fungos. Estes agentes 
suscitam em hipersensibilidade tardia (possuem baixa toxicidade). 
Exposição prolongada a agentes tóxicos endógenos ou exógenos: por 
exemplo, a sílica, material não-degradável. 
Auto-imunidade: reações imunes atacam o próprio tecido sadio. Resulta 
em várias doenças inflamatórias crônicas, como por exemplo, a artrite reumatóide e 
o lúpus eritematoso. 
Além disso, muitos fatores contribuem para a cronicidade do processo 
 
 
 
 
 
 
 
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inflamatório, como a resposta inadequada do hospedeiro, a drenagem inadequada 
da lesão, a mobilidade do tecido, a presença de tecido necrótico e a irritação 
mecânica local. 
 Os motivos pelos quais os agentes agressores persistem na área 
inflamada são variados. Às vezes eles persistem por serem inertes, insolúveis 
e, portanto, capazes de permanecer nos tecidos. Em outras circunstâncias, 
um agente pouco agressivo permanece por haver dificuldades anatômicas 
para a sua eliminação. É o que acontece com alguns processos supurativos 
localizados na profundidade dos tecidos ou no interior das vísceras 
(abscessos crônicos). 
O agente agressor pode também invadir as células do hospedeiro, 
nelas se instalar e se reproduzir. É o que acontece em várias doenças 
infecciosas como a hanseníase, a tuberculose, a doença de Chagas e viroses. 
 
Mycobacterium
tuberculosis
Treponema 
pallidum
Mycobacterium
tuberculosis
Treponema 
pallidum
 
 
Nestes casos, o agente agressor persiste, se reproduz e seus produtos 
são reconhecidos pelo sistema imunitário do hospedeiro. O resultado é que o 
hospedeiro montará uma resposta imunológica dependente da ação 
combinada de macrófagos e linfócitos. Esta resposta é capaz de manter ou 
mesmo exacerbar a reação inflamatória local. 
 
 
 
 
 
 
 
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I. Agente inerte 
Vários tipos de substâncias inertes podem ser introduzidos nos 
tecidos, como conseqüência de traumatismos; como exemplo, podemos citar 
corpos estranhos como gravetos, fragmentos de vidro ou de outros materiais 
insolúveis. Até mesmo os fios de sutura, introduzidos através de intervenções 
cirúrgicas pode atuar como um agente inerte. Uma vez nos interstícios, ocorre 
imediatamente uma reação inflamatória aguda, causada pela lesão tecidual 
provocada pela própria penetração do corpo inerte. Esta fase é prontamente 
seguida pela chegada dos macrófagos ao local, os quais se agrupam em volta 
do agressor. O corpo estranho acaba sendo envolvido por uma reação 
conhecida como granuloma de corpo estranho. 
 
II. Agente piogênico 
O agente piogênico é aquele capaz de formar necrose tecidual, ou 
seja, capaz de formar pus. Quando uma inflamação aguda supurativa se 
instala em um órgão sólido como, por exemplo, o ovário ou o fígado, o 
material purulento não pode ser eliminado com facilidade. Acaba se estabele-
cendo um equilíbrio entre o agressor e a reação do hospedeiro, e o processo 
se cronifica. 
Nestes casos, há formação de uma cápsula constituída por vasos 
neoformados e colágeno (tecido de granulação), que envolve o abscesso e o 
transforma em um abscesso crônico. 
Tais abscessos podem permanecer por longo tempo, causando uma 
série de sintomas locais e sistêmicos, sendo que a maioria deles só pode ser 
curada através de drenagem cirúrgica. Por outro lado, abscessos crônicos 
silenciosos podem, com o tempo, se romper para o peritônio ou para a pleura, 
causando as peritonites. Um abscesso cerebral, por exemplo, ao drenar para 
as meninges ou para os ventrículos, poderá ser fatal. 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 5. Abscesso cerebral. 
Fonte: http://www.pathology.com.br/necrose/t_necrosecompl.htm 
 
 
III. Agente antigênico 
A inflamação crônica causada por agentes antigênicos (em geral 
agentes biológicos) pode assumir dois padrões: inflamação crônica específica 
granulomatosa e inflamação crônica inespecífica. A primeira ocorre em resposta 
a agentes difíceis de serem digeridos e a segunda devido a agentes mais 
facilmente eliminados. 
A inflamação crônica inespecífica é caracterizada pelo acúmulo de 
linfócitos sensibilizados, plasmócitos e macrófagos distribuídos de forma 
irregular pelo interstício da área lesada. É este tipo de alteração que se 
observa, por exemplo, na doença de Chagas. O T cruzi invade e se reproduz no 
interior das células do hospedeiro e acaba por destruí-Ias. Seus antígenos 
caem no interstício e, como o hospedeiro está sensibilizado, no local se desen-
cadeia reação caracterizada pelo acúmulo de linfócitos, monócitos e 
macrófagos. Estas células e seus produtos inativam os antígenos do parasita, 
fagocitam os restos das células lesadas e, eventualmente, estimulam a 
proliferação de fibroblastos e a síntese de colágeno, que se deposita, 
espessando o interstício. 
 
 
 
 
 
 
 
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Alterações semelhantes caracterizadas por acúmulo intersticial de 
células mononucleares são encontradas em viroses, em que células T 
citotóxicas destroem as células do hospedeiro que expressam proteínas virais 
em sua membrana, como também na rejeição de transplante e em situações 
em que o organismo desenvolve resposta imune contra seus próprios tecidos 
(reações auto-imunes). Tais reações são chamadas de inflamações crônicas 
inespecíficas. 
Da mesma forma, é possível encontrar inflamações crônicas 
inespecíficas, caracterizadas por infiltrados linfoplasmocitários nos interstícios, 
em vários outros tipos de agressão, não necessariamente ligados à resposta 
imune. Drogas capazes de produzir necrose tóxica de células, como por 
exemplo, as células hepáticas, podem desencadear reação muito semelhante à 
observada na agressão dos hepatócitos pelos vírus da hepatite. A úlcera 
crônica do estômago, causada pela secreção cloridropéptica, é outroexemplo 
de inflamação crônica inespecífica não-imune. 
 
 
1.4. Formação dos granulomas 
A inflamação crônica granulomatosa é uma forma de inflamação específica, 
caracterizada pelo acúmulo de macrófagos modificados, células gigantes que se 
organizam em torno de um flogógeno (agente causador) formando os granulomas. 
O estímulo para formação desses granulomas tem origem nos agentes 
etiológicos característicos, como: 
 Mycobacterium tuberculosis, 
 Mycobacterium leprae, 
 Treponema pallidum, 
 Schistossoma mansoni, 
 Criptococcus neoformans, 
 Paracoccidioides brasiliensis, 
 Coccidioides immitis, 
 Metais inorgânicos e poeiras como silício e berílio. 
 
 
 
 
 
 
 
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A formação dos granulomas segue um padrão de defesa inflamatório em 
que se distinguem respostas de hipersensibilidade. Inicialmente, observa-se a 
proliferação de macrófagos, na tentativa de fagocitar o agente; essas células 
maturam e podem adquirir um padrão semelhante à célula epitelial, passando a se 
chamar célula epitelióide. Os macrófagos podem ainda se fusionar, originando as 
células gigantes multinucleadas. 
O processo de formação das células que compõem o granuloma pode ser 
demonstrado da seguinte forma: quando o antígeno atinge o local, ele estimula uma 
resposta imune celular. Ocorre a apresentação do antígeno ao linfócito T helper 
(LTh) que vai, então, secretar citocinas que estimulam mais LTh. Os LTh-1 
secretam interferon gama e os LTh-2 secretam a interleucina 4. Essas interleucinas 
estimulam os monócitos que chegam da circulação a mudar sua estrutura e se 
transformar em células epitelióides. 
Essas citocinas estimulam também o macrófago para formar a célula gigante 
do granuloma. As citocinas apenas potencializam essas transformações e ainda não 
se sabe o mecanismo exato para estimular as mudanças funcionais e estruturais nos 
monócitos e macrófagos para formarem as células do granuloma. 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 6. Processo de formação das células epitelióides e das células gigantes multinucleadas. 
Fonte: http://www.medicina.ufba.br/imuno/roteiros_imuno/Hipersensibilidadecelular.pdf 
 
 
Os macrófagos modificados ocupam, inicialmente, a porção central do 
granuloma. Na periferia, são observados linfócitos do tipo T, os quais caracterizam 
uma resposta de hipersensibilidade tardia; acredita-se que modulem a resposta dos 
macrófagos. Mais na periferia ainda proliferam fibroblastos e vasos sangüíneos; os 
primeiros para dar suporte à estrutura granulomatosa e os segundos, para nutri-la. 
Com o passar do tempo e o crescimento de granuloma, sua porção central 
pode sofrer necrose caseosa, devido à carência nutricional. Forma-se, então, um 
centro necrótico. Na presença de todos os elementos observa-se: 
 Porção central: necrose; 
 Ao redor da necrose os histiócitos (células epitelióides); 
 Ao redor dos histiócitos uma coroa de linfócitos; 
 
 
 
 
 
 
 
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 Células gigantes multinucleadas em meio à histiócitos e muito 
próximas à área de necrose. 
Em alguns granulomas ainda poderemos encontrar outros elementos como 
plasmócitos e eosinófilos. 
 
 
Fig. 7. Estrutura morfológica do granuloma. 
Fonte: http://www.biomaterial.com.br/inflama/classinfl.html 
 
 
As células epitelióides têm uma maior função secretora de enzimas em vez 
de fagocitose, e por isso possuem o retículo endoplamático rugoso e complexo de 
Golgi desenvolvidos, e muitas vesículas no seu citoplasma. Possuem esse nome por 
apresentar o aspecto morfológico parecido com as células epiteliais. 
 
Fig. 8. À esquerda observa-se um granuloma formado por macrófagos jovens; à direita um granuloma 
formado por células epitelióides. (Modificado de Adams DO. The granulomatous inflammatory 
response. A review. Am J Pathol 1976; 84:164-183). 
Fonte: http://escuela.med.puc.cl/paginas/publicaciones/ PatologiaGeneral/ Patol_064.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Na tuberculose, as enzimas liberadas pelas células epitelióides acabam 
digerindo parte do parênquima e essas células ainda criam uma barreia para a 
difusão de glicose e oxigênio, o que acaba causando uma necrose no centro do 
tubérculo. Essa necrose caseosa presente na tuberculose, ajuda a distingui-la das 
outras doenças granulomatosas. 
 
Fig. 9. Processo de formação dos granulomas na tuberculose. 
Fonte: http://www.fz-borstel.de/en/research/ibm/mi/ 
 
 
Uma importante característica dos granulomas é a presença de um tipo 
especial de célula multinucleada, denominada de célula gigante, que se origina dos 
macrófagos e tem grande capacidade de fagocitose e digestão intracelular. O 
macrófago faz a divisão nuclear, várias vezes, sem dividir o citoplasma, e aumenta o 
tamanho da célula. 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 10. À esquerda observa-se a célula gigante de Langhans: núcleos dispostos na periferia da 
célula; à direita uma célula gigante de reação de corpo estranho: núcleos vesiculosos, distribuídos de 
forma irregular e nucléolos volumosos. 
Fonte: http://escuela.med.puc.cl/paginas/publicaciones/ PatologiaGeneral/ Patol_064.html 
 
 
A patogenia da formação dos granulomas é complexa. Sabe-se que a 
resposta imunoinflamatória se inicia a partir da exposição aos antígenos. Durante os 
primeiros minutos após a exposição ao antígeno, as células inflamatórias residentes 
no local iniciam o recrutamento celular de outras células inflamatórias. 
O fator de necrose tumoral (TNF) estocado pelos mastócitos é liberado, 
estimulando o recrutamento de neutrófilos para a área lesada, que por sua vez 
sinalizam e ativam os monócitos circulantes. O Interferon-γ (IFN- γ) produzido pelas 
células T citotóxicas locais (NK) e linfócitos T, ativa os histiócitos residentes e células 
dendríticas. Estas células liberam mais TNF e inúmeras citocinas, que irão alterar o 
ambiente da microcirculação local e facilitar a saída celular dos vasos para os 
tecidos. 
Dentro de minutos a horas, as células dendríticas ativadas, carregadas de 
antígenos, migram aos linfonodos periféricos através dos vasos linfáticos. Dessa 
forma, inicia-se a produção de linfócitos T antígenos-específicos, propiciando uma 
resposta linfocítica. 
As células dendríticas produzem a interleucina 12 (IL-12) e apresentam o 
antígeno aos linfócitos T CD4+. Sob a ação da IL-12, os linfócitos T CD4+ 
diferenciam-se em linfócitos T helper (Th1). As células T ativadas secretam IL-2, que 
promove a sobrevivência dessas células e sua proliferação, conduzindo à expansão 
da população dos linfócitos Th1, antígenos-específicos. 
 
 
 
 
 
 
 
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Passadas horas, ou até dias da exposição do antígeno, os linfócitos Th1 
CD4+ ativados, trafegam preferencialmente em direção aos locais onde a 
microcirculação foi alterada pela ação do TNF e pelas citocinas produzidas pelas 
células residentes. 
Uma vez que a fonte do antígeno não é eliminada, a inflamação persiste. A 
interação entre os linfócitos Th1 CD4+ e os macrófagos ativados conduz à produção 
do IFN-γ e do TNF, que resulta na posterior maturaçãodos macrófagos. Sobre o 
curso de diversos dias a semanas, um granuloma maduro é formado. Outras células, 
incluindo os neutrófilos e os linfócitos B, também são encontradas em várias 
proporções no granuloma maduro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 11. Patogenia da formação do granuloma. Fonte: http://journals.cambridge.org/fulltext_content/ 
ERM/ERM7_08/S146239940500921Xsup007.htm 
 
 
 
 
 
 
 
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Existem classificações para os granulomas utilizando critérios anatômicos e 
morfológicos, de etiologia (envolvendo a causa do processo) ou de patogenia 
(envolvendo os mecanismos de origem). Podem ser: 
 Difusos e focais, conforme sua distribuição pelos tecidos agredidos; 
 Simples e compostos, quando apresentam apenas macrófagos ou 
macrófagos associados a células gigantes, respectivamente; 
 Complexos (ou tuberculóides), quando se considera um padrão de 
granuloma composto, associado aos fenômenos de defesa imunitária 
do paciente; 
 Imunitários e não-imunitários, em que se mede principalmente o 
padrão de manutenção da estrutura granulomatosa, a partir de 
elementos de defesa imune, como linfócitos; assim, diz-se que são 
imunitários os granulomas em que há diminuição do agente agressor; 
contudo, isso não garante que o granuloma seja resolvido; ao 
contrário, em muitas situações, os mecanismos de defesa imune 
contra o agente, podem provocar maior destruição tecidual, 
aumentando o foco de necrose e contribuindo para a manutenção da 
estrutura inflamatória; 
 Supurativos ou não-supurativos, quando exibem pus, causado 
principalmente por bactérias piogênicas de baixa virulência. 
São consideradas doenças granulomatosas: 
 Tuberculose: é uma típica doença granulomatosa. Nela existe um 
equilíbrio entre os efeitos dos macrófagos ativados no controle da 
infecção e os danos teciduais. Geralmente os malefícios são 
conseqüência da perda de tecido pulmonar devido à fibrose. 
 Doença de Crohn; é uma doença não infecciosa em que os 
granulomas são proeminentes. Ocorre cronicamente no íleo e no 
cólon. As camadas do granuloma causam estreitamento do órgão e 
fístulas que penetram em outros órgãos. O antígeno ou agente 
causador da doença é desconhecido. 
 
 
 
 
 
 
 
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 Doença da arranhadura do gato: causa uma linfoadenite 
granulomatosa, por bacilos Gram-negativos, com necrose de 
liquefação, presença de leucócitos e neutrófilos no centro da lesão, 
quase formando um pequeno abscesso; 
 Esquistossomose: apresentação de reação granulomatosa típica no 
tecido onde são colocados os ovos do parasita, o que caracteriza as 
manifestações graves da doença. 
 
 
Fig. 12. Corte histológico de ovo do Schistossoma mansoni no centro de granuloma. 
Fonte: http://www.pucrs.br/fabio/parasitologia/Parasitophotos/foto45.jpg 
 
 
 Sarcoidose: doença de etiologia desconhecida, em que há a 
formação de granulomas, com ausência de necrose; no citoplasma da 
célula de Langhans há presença de corpúsculos asteróides (de 
Schaumann). 
 Cirurgias em que ficam pontos terão formação de granulomas na área 
ao redor, chamada reação granulomatosa de corpo estranho. A 
célula gigante de corpo estranho tem núcleos em maior número, com 
 
 
 
 
 
 
 
125 
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grande heterogeneidade entre eles e distribuição anárquica no 
citoplasma, em relação à célula de Langhans. 
 Paracoccidioidomicose: doença granulomatosa de origem infecciosa, 
causada pela inalação do fungo Paracoccidioides brasiliensis. Sua 
implantação primária ocorre nos pulmões e, posteriormente, pode 
haver a disseminação linfática e hematogênica do fungo. É 
considerada uma infecção fúngica profunda, entretanto devido à sua 
disseminação, pode acometer as mucosas, como por exemplo a 
mucosa bucal. 
 
Fig. 13. Corte histológico do granuloma da paracocciodioidomicose, mostrando a presença do fungo 
no interior da célula gigante multinucleada. 
 
 
 
 
 
 
 
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Fig. 14. Aspecto clínico da lesão da paracocciodioidomicose na mucosa da língua. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-----------------------------------------FIM DO MÓDULO IV--------------------------------------- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Inflamação 
e Reparo Tecidual 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO V 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO V 
 
 
1. REPARO TECIDUAL 
Um organismo vivo mantém a capacidade de reparar suas perdas. Isto 
é uma propriedade que está presente desde o nível celular. Quando uma 
célula sofre agressão focal, as organelas inviáveis podem ser isoladas num 
vacúolo limitado por membrana, digeridas e eliminadas, enquanto as partes 
perdidas são reconstituídas, voltando a célula à sua estrutura normal. 
Quando, em vez de atingir focalmente as células no seu citoplasma, a 
lesão causa a perda de muitas células, o reparo é mais complexo e pode 
assumir uma das duas possibilidades: 
a) REGENERAÇÃO - se as células parenquimatosas morrem, mas o 
estroma permanece íntegro, o reparo se faz a partir de células do mesmo tipo 
das que se perderam, voltando o órgão à sua estrutura normal; 
b) CICATRIZAÇÃO - se o estroma é destruído, o reparo se faz 
fundamentalmente à custa do tecido conjuntivo, o que quase sempre aparece 
combinado com certo grau de regeneração dos elementos epiteliais, os quais 
podem ou não reproduzir a estrutura que tinham anteriormente. 
 
1.1. Células lábeis, estáveis e permanentes 
O tempo de vida de uma célula pode variar conforme a espécie. No ser 
humano, existem células que vivem apenas alguns dias, e outras que podem 
acompanhar o indivíduo por toda a vida. 
Quanto à longevidade das células, estas podem ser classificadas em lábeis 
(curta duração), estáveis (duram meses ou anos) ou permanentes (duram toda a 
vida). 
As células lábeis são pouco diferenciadas e possuem grande capacidade de 
duplicação, como por exemplo, as hemácias. O tempo de vida de uma hemácia é de 
aproximadamente 90 dias. As células das superfícies de revestimento e dos 
 
 
 
 
 
 
 
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órgãos hematopoéticos estão constantemente se renovando. Seus núcleos, ao 
completarem o ciclo replicativo, entram imediatamente em outro ciclo. São 
células lábeis, que se regeneram com facilidade e rapidez. 
 
 
http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=883&sid=8 
 
 
Boa parte das células do organismo é representada por células estáveis, 
isto é, células cuja capacidade replicativa dos núcleos permanece quiescente 
na maior parte do tempo. Em face de estímulos adequados,esta capacidade 
pode ser rapidamente retomada. Estão nesta categoria os hepatócitos, as 
células dos túbulos renais, as células endoteliais, os fibroblastos, leiomiócitos 
etc. 
 
 
 
 
 
 
 
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Células endoteliais (1) e tecido conjuntivo (2). Fonte: http://www.micron.uerj.br/atlas/celula/cel10.htm 
 
 
Diferente das células lábeis e estáveis, as células permanentes possuem 
grande capacidade de diferenciação e se multiplicam apenas na fase embrionária. 
Células como os neurônios não mais se multiplicam e, uma vez 
perdidas, não são substituídas. Seu lugar é ocupado pela proliferação das 
células do estroma que, no sistema nervoso central, é representado pela glia. 
 
Células da glia (1) e neurônios (2). 
Fonte: http://www.micron.uerj.br/atlas/celula/cel13.htm 
 
 
 
 
 
 
 
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Os neurônios não se regeneram e, quando morrem, o seu prolonga-
mento axial (axônio) também se degenera. Mas, o nervo (formado por axônios) 
pode se regenerar se o corpo do neurônio se mantiver vivo. O importante é que 
o tubo no qual o nervo está contido (bainha de Schwann) mantenha a continui-
dade; o axônio cresce e repara a porção que se perdeu. Quando a 
continuidade da bainha não está mantida, os axônios podem proliferar no local 
da lesão e se enovelar, formando pequeno nódulo, conhecido como neuroma 
de amputação, lesão que pode ser muito dolorosa se estiver afetando nervos 
sensitivos. 
As fibras musculares estriadas, principalmente as cardíacas, também 
têm capacidade de regeneração muito limitada, ou mesmo não se regeneram. 
Estas células, cujos núcleos não têm mais a capacidade de reiniciar o 
processo replicativo, são classificadas como células permanentes. 
Nos músculos, a perda de suas células é seguida de cicatrização 
fibrosa. A fibrose que se forma após infarto do miocárdio fornece um exemplo 
típico do processo no nível do coração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fibrose do miocárdio pós-infarto. 
Fonte: http://www.fcm.unicamp.br/deptos/anatomia/lamdc11.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CICLO 
CELULAR
1. Células lábeis
2. Células 
estáveis
3. Células 
permanentes
 
 
 
1.2. Regeneração 
A regeneração consiste no processo de organização tecidual com 
substituição das células mortas ou lesadas por novas células, idênticas às originais. 
A regeneração promove a restituição da integridade anatômica e funcional do tecido. 
Todo o procedimento regenerativo se realiza em tecidos onde existem 
células lábeis ou estáveis, isto é, células que detêm a capacidade de se regenerar 
através de toda a vida extra-uterina (por exemplo, células epiteliais, do tecido 
hematopoiético etc.); por intermédio da multiplicação e organização dessas células, 
origina-se um tecido idêntico ao original. Além dessa condição, a restituição 
completa só ocorre se existir um suporte, um tecido de sustentação (como 
parênquima, derma da pele etc.) subjacente ao local comprometido. Esse tecido é o 
 
 
 
 
 
 
 
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responsável pela manutenção da irrigação e nutrição do local, fatores essenciais 
para o desenvolvimento da regeneração dentro dos padrões normais. 
Quando uma superfície do organismo, cutânea, mucosa, endotelial, 
mesotelial ou da córnea é desnudada, mas a camada basal - ou seja, o tecido 
conjuntivo imediatamente adjacente (cório) - permanece íntegra, as células 
não lesadas das bordas da lesão crescem e reparam completamente o 
defeito.O mesmo ocorre com as células epiteliais, as células do fígado, rim, 
glândulas endócrinas etc., quando o arcabouço de sustentação estiver 
mantido. Este processo de regeneração não se faz com a mesma facilidade e 
rapidez em qualquer tecido, uma vez que vários tipos de células diferem na 
sua capacidade de replicação. 
No organismo, é normal a reposição de células, através da regeneração 
classificada como fisiológica, ou seja, a proliferação celular é contínua para manter a 
estrutura e o funcionamento dos órgãos. Um exemplo é a mucosa bucal (e as 
demais mucosas), em que o epitélio prolifera continuadamente para a renovação das 
camadas epiteliais. Há ainda a regeneração compensadora, observada nos órgãos 
pares (por exemplo, pulmão, rins etc.); quando um dos órgãos é destruído, o outro 
assume processos regenerativos mais intensos para compensar a destruição do seu 
par. Por fim, diz-se que há regeneração patológica quando houver destruição 
tecidual e perda da homeostase e da morfostase. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
http://www.fcm.unicamp.br/deptos/anatomia/pecasuro2.html 
 
 
As fases da regeneração incluem um momento em que há demolição das 
células lesadas e inflamação, seguido por intensa proliferação. Inúmeras hipóteses 
vêm sendo formuladas para explicar o processo regenerativo, envolvendo, dentre 
outros, elementos humorais, circulatórios etc. Atualmente sabe-se que algumas 
proteínas da matriz extracelular estimulam a proliferação celular, bem como existem 
alguns genes responsáveis pela mitose celular. 
Um conceito importante a ser considerado nos processos de regeneração é 
a diferenciação celular, transformações que a célula desenvolve durante seu ciclo de 
vida, através das quais, vai adquirindo especializações; assim, uma célula 
embrionária, para atingir o "status" de célula epitelial, passa por estágios de 
transformação (principalmente de suas organelas e de seu metabolismo), até 
assumir um comportamento de célula epitelial. 
Nos processos regenerativos, em geral, quanto mais diferenciados for uma 
célula (isto é, mais especializada), menor é seu grau de multiplicação e regeneração. 
Contudo, esse princípio não pode ser generalizado para todos os tipos celulares, 
pois a localização e a capacidade da célula de sofrer agressões influenciam em seu 
 
 
 
 
 
 
 
136 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
comportamento regenerativo. Por exemplo, as células da mucosa bucal (células 
lábeis) são mais facilmente regeneradas do que as de pele (também lábeis); já as 
células da medula óssea (novamente lábeis) têm regeneração completa. 
As células estáveis (com menor poder mitótico em relação às lábeis) 
possuem capacidade de regeneração bem variável de órgão para órgão. O fígado, 
por exemplo, regenera-se completamente, inclusive sua estrutura estromática, ou 
seja, vasos sangüíneos, sistema de ductos, arcabouço conjuntivo etc. Já no rim, o 
glomérulo não se refaz após destruição completa, mas o epitélio tubular pode se 
regenerar completamente. A cartilagem, por outro lado, não se refaz, assim como os 
ácinos das glândulas salivares. O tecido ósseo tem regeneração mais complexa, 
mas também pode adquirir sua estrutura original. 
Para as células permanentes (ou perenes), a regeneração praticamente 
inexiste. As células nervosas, por exemplo, não se proliferam, portanto, não se 
regeneram. O tecido nervoso periférico, quando agredido (por exemplo, rompimento 
da fibra), pode se restituir não por proliferação da célula, mas pelo prolongamento doaxônio mais próximo, juntamente com a ação de células satélites ao feixe vascular 
(as células de Schwann). Portanto, é um processo reparativo, mas não uma 
regeneração. Processo semelhante é visto nas células musculares, cuja reparação 
advém principalmente do sarcoplasma. 
 
1.3. Cicatrização 
A cicatrização acontece quando o processo de reparo se faz à custa da 
proliferação do tecido conjuntivo fibroso, em que o tecido pré-existente fica 
substituído por cicatriz fibrosa. O processo de cicatrização pode ser 
conceituado como a reposição de tecido destruído por tecido conjuntivo 
neoformado, não especializado. 
A cicatrização é a forma mais comum de cura dos tecidos inflamados. Nela 
se tem uma reposição tecidual, porém a anatomia e a função do local comprometido 
não são restituídas, uma vez que se forma a cicatriz, tecido conjuntivo fibroso mais 
primitivo, que substitui o parênquima destruído. 
Para que possa haver cicatrização completa, são necessárias eliminação do 
agente agressor, irrigação, nutrição e oxigenação. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Para muitos, o processo de cicatrização é considerado um seguimento 
do processo inflamatório que provocou perda de substância. Realmente, na 
inflamação, o reparo se faz presente desde a fase aguda, na periferia da lesão, 
predominando à proporção em que o processo se torna crônico e evolui para o 
seu término. O reparo também ocorre após perda de tecido por infarto, 
hemorragias, por ressecção cirúrgica, etc. Um processo especial de reparo 
ocorre mesmo quando não há perda de substância, mas persistência de fibrina 
nos tecidos, seja por falha na remoção após inflamação, seja em conseqüência 
da formação de um trombo. Neste caso, a substituição paulatina da fibrina por 
tecido fibroso recebe o nome de organização. 
Diferentes classificações didáticas são utilizadas para facilitar o 
entendimento de um processo totalmente dinâmico e com fases tão 
interdependentes como a cicatrização. 
Existem autores que consideram três estágios no processo de cicatrização: 
inicialmente um estágio inflamatório de demolição, seguido por um de proliferação e 
finalizando com o reparo em um estágio de remodelação. Em um determinado 
período de tempo, as fases coincidem e acontecem simultaneamente, permitindo 
assim o sucesso da cicatrização. 
CICATRIZAÇÃO DA FERIDA
• Demolição
• Fase de crescimento do tecido de 
granulação
• Fase de maturação e remodelação
 
 
 
 
 
 
 
 
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I. Fase de demolição: 
Após 24h da ocorrência da lesão, há predomínio no local de leucócitos 
mononucleares, principalmente os macrófagos. Estes promovem a digestão do 
tecido morto, do agente agressor e do coágulo - formado a partir do extravasamento 
de sangue no local -, elementos que levam ao desencadeamento das fases 
inflamatórias. 
Além das células inflamatórias e dos mediadores químicos, essa fase 
inflamatória conta com o importante papel da fibronectina. Sintetizada por uma 
variedade de células como fibroblastos, queratinócitos e células endoteliais, ela 
adere, simultaneamente à fibrina, ao colágeno e a outros tipos de células, 
funcionando assim como cola para consolidar o coágulo de fibrina, as células e os 
componentes de matriz. Além de formar essa base para a matriz extracelular, tem 
propriedades quimiotáticas e promove a opsonização e fagocitose de corpos 
estranhos e bactérias. 
Formações como fibrina, crosta composta de soro e hemácias, impedem que 
o tecido se resseque, mantendo um ambiente favorável à reparação. 
 
II. Fase de proliferação: 
A fase de proliferação pode ser dividida em três subfases e é a responsável 
pelo "fechamento" da lesão propriamente dita. 
A primeira das fases da proliferação é a reepitelização. Ocorre a migração 
de queratinócitos não danificados das bordas da ferida e dos anexos epiteliais, 
quando a ferida é de espessura parcial, e apenas das margens nas de espessura 
total. Fatores de crescimento são os prováveis responsáveis pelos aumentos das 
mitoses e hiperplasia do epitélio. 
Vários estudos têm demonstrado que a utilização de colágeno e citocinas 
são promessas para uma cicatrização mais rápida e eficaz. Sabe-se que o plano de 
movimento dos queratinócitos migrantes é determinado também pelo conteúdo de 
água no leito da ferida. Feridas superficiais abertas e ressecadas reepitelizam mais 
lentamente do que as ocluídas. 
 
 
 
 
 
 
 
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A segunda fase da proliferação inclui a fibroplasia e formação da matriz, 
que é extremamente importante na formação do tecido de granulação (coleção de 
elementos celulares, incluindo fibroblastos, células inflamatórias e componentes 
neovasculares e da matriz, como a fibronectina, as glicosaminoglicanas e o 
colágeno). A formação do tecido de granulação depende do fibroblasto, célula crítica 
na formação da matriz. Longe de ser apenas produtor de colágeno, o fibroblasto 
produz elastina, fibronectina, glicosaminoglicana e proteases, estas responsáveis 
pelo desbridamento e remodelamento fisiológico. 
A última fase da proliferação é a angiogênese, essencial para o suprimento 
de oxigênio e nutrientes para a cicatrização. As células endoteliais proliferam e 
formam pequenos brotos endoteliais que crescem e penetram na zona agredida, 
onde se canalizam anastomosam-se a outros brotos, constituindo alças capilares. 
Este sistema vascular neoformado apresenta aumento da permeabilidade nas suas 
novas junções capilar, com grande saída de elementos sangüíneos, água, eletrólitos 
e proteínas. Os fibroblastos acompanham o tecido endotelial, migrando para essa 
nova matriz tecidual e secretando fibras colágenas. Clinicamente, observam-se no 
local da lesão, grânulos avermelhados e brilhantes, os quais correspondem aos 
brotos vasculares, mergulhados em um material gelatinoso, translúcido e frouxo. Daí 
o nome "tecido de granulação” que é constituído por brotos capilares em diferentes 
formas de organização, estroma essencialmente protéico, leucócitos e hemácias. 
O tecido de granulação é formado principalmente nas inflamações 
exsudativas, tanto supurativas quanto fibrinosas, nas inflamações crônicas em geral, 
em processos de trombose, quando há reorganização do trombo, em neoplasias e 
em ferimentos com grande perda tecidual. Nas extrações dentárias, por exemplo, a 
perfeita reparação do alvéolo dental depende fundamentalmente da permanência do 
tecido de granulação dentro do alvéolo, originado a partir da hemorragia provocada 
pela extração. 
 
 
 
 
 
 
 
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Tecido de granulação formado no fundo de uma úlcera péptica. 
Fonte: http://anatpat.unicamp.br/lamtgi1.html 
 
 
A angiogênese é o processo pelo qual as células endoteliais secretam 
proteases que degradam a matriz extracelular, depois migram nos espaços 
perivasculares, proliferam e se alinham para formar novos vasos. 
Estudos in vitro têm demonstrado que as células endoteliais possuem 
potencialidade para formar os tubos capilares. Durante o processo de angio-
gênese as células endoteliais são dirigidas por moléculas que fazem a 
interação célula-célula e matriz-célula. Há indícios de que moléculas da família 
das selectinas (E-selectina), das integrinas, das imunoglobulinas (PECAM-1, 
molécula de adesão celular plaqueta-endotelial) e da superfamília das 
caderinas, entram na formação das junções celulares e na regulação dapermeabilidade vascular. O passo inicial parece ser a fragmentação da 
 
 
 
 
 
 
 
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membrana basal do capilar, por intermédio de proteases (colagenase tipo IV e 
estromelisina) liberadas localmente. 
As células endoteliais se agrupam e fazem protrusão por entre os 
fragmentos das membranas basais, a princípio formando fileiras sólidas de 
células. Nestes brotamentos sólidos, as células endoteliais começam a 
apresentar vacúolos citoplasmáticos que se fusionam a princípio entre si e logo 
com os de células vizinhas, dando origem à nova luz vascular, enquanto o 
material das novas membranas basais vai sendo sintetizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.evgnvascularscience.org/deutsche/education/therapeutic.htm 
 
 
Os sinais ou fatores responsáveis pela angiogênese derivam de vários 
tipos celulares. Fatores produzidos por macrófagos (fator de angiogênese 
derivado de macrófago), mastócitos (heparina), plaquetas (fator de 
crescimento derivado de plaquetas, fator de transformação do crescimento 
beta) e fibroblastos (fator de crescimento do fibroblasto), têm todos efeito 
positivo sobre a angiogênese. 
As paredes destes capilares "imaturos" são muito permeáveis e 
deixam passar muito líquido e proteínas para o tecido extracelular, sangrando 
facilmente ao menor trauma e fazendo com que o tecido de granulação 
 
 
 
 
 
 
 
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apareça edemaciado. A presença abundante de ácido hialurônico na matriz 
extracelular também contribui para o aspecto "edemaciado", gelatinóide do 
tecido de granulação. 
Os nervos entram no novo tecido tardiamente. Por isso, o tecido de 
granulação não dói, embora sangre ao menor contato. Entre os capilares 
aparecem muitos fibroblastos, pericitos, miofibroblastos e macrófagos. A 
matriz extracelular vai se densificando com o passar dos dias, adquirindo cada 
vez mais fibras colágenas. Estas formam, a princípio, um padrão frouxo, mas 
pouco a pouco as fibras se dispõem em feixes paralelos, compactos, 
enquanto os vasos sangüíneos vão-se tornando menos proeminentes e 
desaparecem. Assim, o tecido de granulação acaba dando lugar a uma 
cicatriz fibrosa, dura, esbranquiçada e retraída. 
 
III. Fase de maturação: 
Nesta fase ocorre a proliferação de fibroblastos e deposição de colágeno, 
que comprime os capilares neoformados, diminuindo a vascularização 
(desvascularização). A pressão contínua do colágeno e sua retração conduzem à 
contração da cicatriz fibrosa. Na pele, por exemplo, a regeneração do epitélio 
principia por volta do segundo e terceiro dias e, no conjuntivo, observa-se 
proliferação fibroblástica preenchendo o defeito do tecido. Ao final, tem-se, com a 
colagenização, uma cicatriz acelular relativamente clara, que pode atenuar ou 
mesmo desaparecer clinicamente. 
 
http://www.tutoriaisclube.com/noticia.php?notid=402 
 
O processo de remodelamento da ferida implica no equilíbrio entre a síntese 
e a degradação de colágeno, redução da vascularização e da infiltração de células 
 
 
 
 
 
 
 
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inflamatórias, até que se atinja a maturação. Essa é a última das fases; ocorre no 
colágeno e na matriz; dura alguns meses e é responsável pelo aumento da força de 
tensão e pela diminuição do tamanho da cicatriz e do eritema. 
Observamos mais de 13 tipos de fibras de colágeno, sendo os principais: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Reformulações dos colágenos, melhoria nos componentes das fibras 
colágenas, reabsorção de água, são eventos que permitem uma conexão que 
aumenta a força da cicatriz e diminui sua espessura. A neovasculatura diminui, e 
tardiamente a cicatriz é considerada avascular. Uma cicatrização normal tem 
aproximadamente 80% da força de tensão da pele normal, não é volumosa e é 
plana. 
 
TIPO LOCALIZACAO 
I Todos os tecidos, exceto 
cartilagem e membrana basal. 
II Cartilagem, humor vítreo e disco 
intervertebral. 
III Pele, vasos e vísceras. 
IV Membrana basal 
 
 
 
 
 
 
 
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A contração da ferida é um dos principais fenômenos desta fase e 
representa o movimento centrípeto das bordas da ferida (espessura total), 
impulsionada pela ação de miofibroblastos, que são fibroblastos do tecido de 
granulação, diferenciados, e com estrutura actina-miosina. Nos casos de 
queimaduras e traumas extensos, a contração é um inimigo, porque leva a 
deformidade estética e funcional, e denominamos de contratura. As feridas de 
espessura parcial não contam com essa fase. Uma ferida de espessura total tem 
contração, mesmo quando há enxertos, que diminuem em 20% o tamanho da ferida. 
Em cicatrizes por segunda intenção a contração pode reduzir 62% da área de 
superfície do defeito cutâneo. 
O crescimento do epitélio nas bordas da ferida se faz precocemente, 
sendo que as células epiteliais apresentam mitoses e começam a se 
intrometer por debaixo da crosta. Todavia, a reepitelização total do ferimento é 
 
 
 
 
 
 
 
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acontecimento terminal no processo de reparo. Geralmente, quando o tecido 
conjuntivo acaba de preencher o defeito, resta apenas pequena porção da 
superfície do ferimento ainda descoberta. Como arremate final, rapidamente 
as células epiteliais crescem e restabelecem a continuidade do revestimento. 
 
 
 
 
A princípio, a camada epitelial de revestimento é muito fina e deixa ver 
por transparência o tecido conjuntivo avermelhado que está abaixo, mas à 
proporção que o tecido conjuntivo vai se tornando mais denso com o passar 
do tempo, o epitélio de revestimento vai se tornando mais espesso. 
 
O processo, tal como foi descrito para a pele, é basicamente o mesmo 
para qualquer outra circunstância. Quanto menor a perda de substância, ou, 
dito de outra maneira, quanto mais próximas estiverem as bordas da ferida, 
mais rápido e simples será o reparo. 
Nas feridas cirúrgicas, o ideal é aproximar bastante as bordas com o 
auxílio de suturas, fazendo a aposição das mesmas quase sem deixar solução 
de continuidade. Quando isto acontece, o reparo se faz com um mínimo de 
produção de tecido conjuntivo, praticamente sem deixar cicatriz. Diz-se então 
que houve uma cicatrização por primeira intenção. 
Em contrapartida, quando o reparo se faz com produção mais evidente 
de tecido de granulação, usa-se o termo cicatrização por segunda intenção. 
 
 
 
 
 
 
 
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Nestes casos, a cicatrização pode deixar cicatrizes maiores devido à maior perda de 
tecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CICATRIZAÇÃO POR PRIMEIRA INTENÇÃO - É o exemplo de uma 
ferida limpa, uma incisão limpa, em que as bordas estão aproximadas, onde existe 
pouca perda de tecido e existe pouco ou nenhum exsudato. A fase inflamatória é 
mínima e normalmente a característica externa tem a aparência de uma ferida 
“rosa”. Na fase proliferativa, temos uma produção de fibroblasto, mas é necessária 
pouca epitelização. Na fase de maturação teremos uma fase de fortalecimento e 
encolhimento da ferida, com baixa reparação e regeneração. Exemplo: uma cicatriz 
cirúrgica sem complicação. 
 
 
 
 
 
 
 
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Cicatrização por primeira intenção numa ferida fechada, não infectada, como uma ferida cirúrgica 
incisional. As margens estão próximas e o processo de cicatrização evolui diretamente à produção de 
uma cicatriz. Fonte: http://www.forp.usp.br/restauradora/laser/Luciana/fibroblasto.html 
 
 
CICATRIZAÇÃO POR SEGUNDA INTENÇÃO - É aquela que ocorre 
quando a ferida permanece aberta, onde existe uma perda significante de tecido e 
onde as fases de cicatrização são bastante marcadas, com a resposta inflamatória 
bastante evidente. Há uma maior necessidade de tecido de granulação, com 
epitelização visível e necessidade de um grande processo de contração da ferida. 
A reparação tecidual pode ser retardada em duas circunstâncias: se a ferida 
for contaminada ou se a ferida for aberta. 
 
 
 
 
 
 
 
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Quadro de uma cicatrização por segunda intenção. Acima: cicatrização por segunda 
intenção numa ferida aberta não infectada. A fenda é primeiramente preenchida por tecido de 
granulação, o qual se contrai e torna-se uma cicatriz. Abaixo: cicatrização por segunda intenção em 
uma ferida infectada (as setas vermelhas representam as bactérias). A ferida é preenchida com tecido 
de granulação, o qual produz pus até as bactérias serem eliminadas. Depois disso o tecido de 
granulação contrai e produz uma cicatriz. 
Fonte: http://www.forp.usp.br/restauradora/laser/Luciana/fibroblasto.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Na superfície exposta de uma ferida infectada, ocorrem ondas de neutrófilos. 
Mesmo se a ferida estiver suturada, as superfícies justapostas não podem se aderir 
umas às outras, devido ao fato de elas estarem separadas por pus. Eventualmente, 
as duas superfícies são cobertas por uma camada de tecido de granulação similar à 
membrana piogênica de um abscesso, produzindo pus. De fato, uma ferida infectada 
comporta-se muito mais como um abscesso bem delimitado. A reparação não pode 
começar até que a infecção tenha sido superada; naquele ponto da ferida, 
preenchido parcialmente por tecido de granulação, tornar-se-á uma ferida aberta. 
Dessa forma o processo de cura dessa ferida evoluirá de maneira especial. 
 
 
Dermatite grave infectada. Fonte: http://www.sbcp.org.br/revista/nbr253/P249_252.htm 
 
 
A reparação de uma ferida aberta, cirúrgica (excisional) ou acidental, 
apresenta um problema especial devido à sua perda de substância, que de alguma 
forma deve ser preenchida. O organismo é capaz de sintetizar algum preenchimento, 
como o tecido de granulação, porém tem um mecanismo coadjuvante mais rápido. 
Após um período que varia entre cinco e nove dias, as margens da ferida movem-se 
uma contra a outra, como se houvesse uma força invisível de tração. Este fenômeno 
é conhecido por "contração da ferida". Embora presente em qualquer cicatrização, a 
 
 
 
 
 
 
 
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maior quantidade de tecido de granulação fará com que o fenômeno ocorra de 
maneira quantitativamente mais exuberante. 
Essa contração de feridas abertas é feita por pelo menos dois mecanismos 
distintos. Durante os primeiros dias, numa ferida aberta não coberta com um curativo 
úmido, é a crosta que contrai. A crosta consiste principalmente de fibrina seca. 
Quando ela resseca, ela se contrai, e estando firmemente ancorada no tecido de 
baixo, ela pode reduzir a superfície de uma ferida pequena aberta. 
Outro mecanismo de contração começa a acontecer após cerca de uma 
semana, é um estirão mecânico muito forte. Isso ocorre porque as feridas, abertas 
ou não, contém células capazes de contrair-se. Essas células são conhecidas por 
miofibroblastos. 
RESUMO DAS PRINCIPAIS CITOCINAS ENVOLVIDAS NA CICATRIZAÇÃO: 
 
CITOCINA 
CÉLULA 
PRODUTORA 
AÇÕES 
PDGF fator de 
crescimento derivado de 
plaquetas 
Plaquetas, macrófagos 
e células epiteliais 
Regulação da fase inflamatória 
da síntese de matriz 
extracelular 
TGF-B fator de 
crescimento beta de 
transformação 
Plaquetas, linfócitos, 
macrófagos, e células 
endoteliais, fibroblastos 
e células musculares 
lisas. 
Presente em todas as fases. 
Estimula a síntese de colágeno 
e matriz extracelular, 
proliferação de fibroblastos e 
células endoteliais 
FGF fator de crescimento 
de fibroblastos 
Macrófagos e células 
endoteliais 
Induzem a angiogênese 
EGF fator de crescimento 
da epiderme 
Queratinócitos 
Estimula migração, proliferação 
e diferenciação de 
queratinócitos e fibroblastos 
KGF fator de crescimento 
de queratinócitos 
Fibroblastos 
Estimula migração, proliferação 
e diferenciação de 
 
 
 
 
 
 
 
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queratinócitos 
IGF-1 fator de 
crescimento insulina 
Vários tipos celulares 
Induzem a síntese de colágeno 
e matriz extracelular, além de 
facilitar a proliferação de 
fibroblastos 
 
1.4. Fatores que interferem no processo de reparação 
I. FATORES GERAIS 
O fator mais importante é o estado nutricional do indivíduo. Seja na 
defesa contra as infecções, seja diante da necessidade de produzir um novo 
tecido, há um metabolismo em emergência que necessita do aporte de 
nutrientes. As proteínas são essenciais para a síntese das enzimas, do 
colágeno, dos anticorpos, dos hormônios, enfim, das células e dos tecidos. 
Há também alguns elementos mais simples, como o ácido ascórbico 
(vitamina C), que têm influência na reticulação e, conseqüentemente, no 
fortalecimento do colágeno. A deficiência da vitamina C (escorbuto) se 
acompanha de cicatrização defeituosa e da formação de colágeno muito frágil, 
sem força tênsil. Também o zinco, um co-fator para muitas enzimas, parece ter 
influência na cicatrização. 
A influência do sistema imune é óbvia. Dados recentes apontam que o 
estresse pode influenciar negativamente a cicatrização dos ferimentos e que 
isto se deve à baixa produção da IL-2 nos indivíduos sob pressão psicológica. 
A importância no fator idade pode ser sugerida pela observação da rapidez 
com que os processos de reparo ocorrem nas crianças e nos adultos jovens 
em comparação com os indivíduos mais velhos. 
Das doenças sistêmicas, o diabetes constitui um problema para o 
processo de cicatrização, sobretudo pela tendência do diabético em sofrer 
infecções. É provável que outros fatores, como a presença de microangiopatia, 
contribuam para má cicatrização das feridas nos diabéticos. É também 
provável que o excesso de glicose nos tecidos seja suficiente para perturbar o 
fino ajuste dos fatores que operam na cicatrização. 
 
 
 
 
 
 
 
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II. FATORES LOCAIS 
Dos fatores locais, interferem a técnica cirúrgica, a formação de hematomas, 
infecção, reação de corpo estranho, uso de drogas tópicas, ressecamento durante a 
cicatrização. Esses fatores devem ser de conhecimento do profissional e merecem 
atenção especial. 
Por exemplo, nas cirurgias dermatológicas, que na maioria das vezes são 
eletivas, três são os fatores que devem ser destacados: 
1- Técnica cirúrgica: devem-se respeitar as unidades cosméticas e linhas 
de força; deve-se respeitar o manuseiodelicado evitando pinçamento das bordas; 
deve-se evitar o uso excessivo e, muitas vezes, desnecessário de eletrocautério; 
deve ser utilizado material apropriado e de boa qualidade; suturas subcutâneas para 
diminuição do espaço morto. Quanto à sutura da pele: promover uma aproximação 
natural das bordas, sem demasiado aperto, evitando isquemia, necrose e infecção 
da cicatriz. 
2- Uso de drogas sistêmicas e principalmente tópicas. Drogas 
sistêmicas: especial cuidado com pacientes em uso de anticoagulantes, 
antiagregantes plaquetários, corticosteróides, antineoplásicos, isotretinoína. Além 
dos fármacos, a nicotina deve ser considerada e melhores resultados são 
conseguidos com a abstinência do cigarro durante 10 dias, pelo menos, antes da 
cirurgia e três semanas após. Drogas tópicas, como o uso desnecessário de 
associações de antibióticos, corticóides e antifúngicos: vários agentes tópicos 
atrapalham a migração epidérmica, se comparada ao não-tratamento: acetonido de 
triancinolona 0,1% diminui 34% a taxa relativa de cura; nitrofurazona diminui 30%. Já 
o peróxido de benzoíla e coberturas com permeabilidade seletiva melhoram em 
14%, a sulfadiazina de prata e pomada neosporina, em 28%. 
3- Ressecamento das feridas. Popularmente há a crença de que "ferida 
seca cura mais rápido". Estudos demonstram que as feridas abertas formam crosta 
e epitelizam mais lentamente. Inúmeros curativos são então utilizados para produzir 
umidade local, melhorando de 35% a 45% a taxa de reepitelização de feridas 
profundas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quanto aos fatores locais, devemos considerar que: 
a) a crosta que cobre o ferimento tem papel protetor e não deve ser 
intempestivamente removida; 
b) tudo que prolongue o processo inflamatório deve ser evitado: 
infecções, presença de corpos estranhos no ferimento, como fragmentos 
ósseos, restos de fios de sutura, restos de tecidos desvitalizados; 
c) a mobilização, pelo tipo de trauma que pode provocar, ou outro tipo qualquer 
de trauma pode causar ruptura dos delicados capilares do tecido de 
granulação, provocando hemorragia. A hemácia extravasada pode ser 
considerada como um tipo de corpo estranho. Os tecidos desvitalizados por 
queimaduras, irradiação etc., presentes nas bordas de um ferimento, têm 
vasos sanguíneos comprometidos. Muitas vezes o cirurgião tem de remover 
tais tecidos para fazer a aproximação de bordas melhor vascularizadas para 
uma cicatrização mais eficiente. 
Há, evidentemente, particularidades na cicatrização que se processa 
nos diversos órgãos e tecidos, como no tecido ósseo, no tecido nervoso, no 
fígado, no rim etc. Todavia, o processo básico é o mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
1.5. Reparo dos tecidos especializados 
I. Reparo do Tecido Pulmonar 
TECIDO DE CÉLULAS 
LÁBEIS OU ESTÁVEIS
Pulmão normal
Lesão 
tecidual
Necrose
Inflamação aguda 
com ME intacta
ME lesada
 
 
O reparo dos alvéolos pulmonares irá ocorrer de acordo com a proliferação 
dos pneumócitos. Pode haver dois tipos de lesões pulmonares: uma lesão com 
necrose e inflamação aguda, mantendo a matriz extracelular intacta e uma lesão 
com necrose e inflamação aguda com destruição da camada basal e destruição da 
matriz extracelular. 
No primeiro caso, como não há o envolvimento do estroma, a reparação se 
procede com a regeneração tecidual, caracterizada pela proliferação dos 
pneumócitos e reestruturação morfofuncional do pulmão. Isso é possível uma vez 
que as células de revestimento dos alvéolos pulmonares são células lábeis, com 
capacidade regenerativa. 
 
 
 
 
 
 
 
155 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
. 
Inflamação 
aguda com ME 
intacta
Pulmão 
normal
Regeneração
 
 
Entretanto, no segundo caso, o estroma também é envolvido na lesão. Por 
isso, a reparação tecidual vai ocorrer através da cicatrização. Haverá a proliferação 
dos fibroblastos e deposição de colágeno, culminando para a fibrose intersticial dos 
alvéolos pulmonares. Neste caso, há perda da morfologia e função normal do órgão. 
 
 
 
 
 
 
 
156 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
ME lesada
Fibrose 
intersticial
Fibrose
 
 
 
II. Reparo do tecido cardíaco 
O processo de reparo do tecido cardíaco ocorre sempre através da 
cicatrização, ou seja, por meio da substituição das células musculares cardíacas por 
tecido conjuntivo fibroso. Esse processo ocorre porque as células cardíacas são 
células permanentes, apresentando alta diferenciação e especialização e pouca 
capacidade regenerativa. 
 
 
 
 
 
 
 
157 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
TECIDO DE 
CÉLULAS 
PERMANENTES
Coração normal
Lesão 
tecidual
Necrose Inflamação 
aguda
 
Inflamação 
aguda
Cicatriz 
miocárdica
Fibrose
 
 
 
 
 
 
 
 
158 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
INFARTO DO MIOCÁRDIO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
III. Reparo do tecido ósseo 
O osso é um tecido conjuntivo especializado, composto por fases minerais e 
orgânicas, perfeitamente organizado para desempenhar suas funções. Ele é 
formado por uma combinação de osso compacto denso e osso esponjoso 
(trabecular). O osso compacto contém, em média, cerca de 30% de matriz orgânica 
e 70% de sais. Contudo, o osso recém-formado pode conter uma porcentagem 
consideravelmente maior de matriz em relação aos sais. 
O tecido ósseo é distinguido dos outros tecidos pela presença de fosfato e 
cálcio mineral ao longo das fibras colágenas, como a hidroxiapatita 
[Ca10(PO4)6OH2], que incorpora em sua estrutura outros íons e sais, sendo o 
principal componente mineral constituinte do osso e o elemento essencial 
responsável pela função de apoio mecânico. 
Devido à sua dinâmica, o tecido ósseo está constantemente sofrendo 
remodelação, um processo complexo que envolve a reabsorção do osso numa 
superfície em particular, seguida por uma fase de formação óssea. Em adultos 
normais, há um equilíbrio entre a quantidade de osso reabsorvido pelos 
osteoclastos e a quantidade de osso formado pelos osteoblastos 
No osso, células distintas são principalmente responsáveis pela formação, 
reabsorção e manutenção da osteoarquitetura. Os osteoblastos, provenientes das 
células osteoprogenitoras, são responsáveis pela síntese dos componentes 
orgânicos da matriz óssea. Localizam-se na superfície do osso apresentando-se 
como uma lâmina de células cubóides a colunares. 
Os osteoblastos aprisionados em lacunas da matriz óssea são conhecidos 
por osteócitos, sendo consideradas células maduras responsáveis pela manutenção 
do tecido ósseo e apresentam baixa atividade metabólica, poucas organelas de 
síntese, núcleo achatado e morfologia obedecendo à forma da lacuna óssea. A 
reabsorção do osso é feita por grandes células multinucleadas chamadas de 
osteoclastos. O precursor destes origina-se da medula óssea, sendo denominado 
de célula progenitora granulócito-macrófago. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo sãodados aos seus respectivos autores
 
Remodelação e reparo
Remodelação 
Formação de tecido ósseo (osteoblasto), associada à
reabsorção parcial de tecido já formado (osteoclasto)
Reparo 
Reestruturação da matriz óssea após fratura 
Coágulo é removido por macrófagos; proliferação de 
endósteo e periósteo; formação de cartilagem dando 
lugar à ossificações tanto endocondral quanto 
intramembranosa; formação do calo ósseo (imaturo), 
que é posteriormente substituído por osso lamelar
 
http://www.icb.ufmg.br/mor/biocelch/material_fto_greg/osseo.ppt#280,10,Slide 10 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Na linha da fratura, originalmente preenchida por sangue e fibrina, forma-se 
após poucas semanas o tecido de granulação, constituído por capilares 
neoformados, fibroblastos e células mesenquimais imaturas e multipotenciais. Estas 
têm capacidade para diferenciar-se em condroblastos, que, depositando matriz 
cartilaginosa, originarão o calo cartilaginoso, ou em osteoblastos, que depositam 
matriz óssea, originando diretamente osso neoformado (portanto, ossificação 
membranosa). O conjunto dos dois tecidos forma o calo provisório da fratura. A 
parte cartilaginosa do calo origina também tecido ósseo por ossificação encondral. 
 
http://www.icb.ufmg.br/mor/biocelch/material_fto_greg/osseo.ppt#280,10,Slide 10 
 
Na primeira fase da ossificação membranosa, as células imaturas do tecido 
de granulação se diferenciam em osteoblastos e passam a sintetizar matriz óssea, 
que consiste de fibras colágenas e proteoglicanas de constituição química adequada 
 
 
 
 
 
 
 
162 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
a receber sais de cálcio. As fibras colágenas se dispõem em feixes orientados em 
várias direções. Com a mineralização, passam a formar o osso imaturo. 
 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamosso3.html 
 
 
Numa segunda fase, o osso imaturo será aparado por osteoclastos, e novas 
etapas de ossificação vão se seguir através de osteoblastos dispostos em uma 
camada na superfície da nova trabécula óssea. Após vários ciclos de deposição e 
remoção chega-se ao calo ósseo definitivo, que será constituído por osso lamelar 
ou maduro. 
Os osteoblastos depositam matriz óssea na superfície da nova trabécula. 
Têm núcleo volumoso e nucléolo evidente, demonstrando ativa síntese protéica. O 
citoplasma tende a acidófilo devido à riqueza em filamentos intermediários. À medida 
que sintetizam matriz são envolvidos por ela e incorporados à trabécula, passando a 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
chamar-se osteócitos, que são menores, têm núcleo mais compacto que o dos 
osteoblastos, e ficam alojados em pequenas cavidades no seio da matriz óssea. 
 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamosso3.html 
 
 
Os osteoclastos continuamente aparam e desbastam as trabéculas 
neoformadas. Sua ação faz contraponto com a dos osteoblastos, permitindo a 
moldagem das novas trabéculas segundo as linhas de força. Os osteoclastos são 
atraídos por mediadores químicos sintetizados pelos próprios osteoblastos. Assim, 
quando aumenta a quantidade de osteoblastos aumentam também os osteoclastos. 
 
 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
http://anatpat.unicamp.br/lamosso3.html 
 
Na ossificação endocondral observada em uma fratura, tecido cartilaginoso é 
substituído por tecido ósseo imaturo. O processo é semelhante ao observado na 
placa epifisária durante o crescimento de ossos longos. Porém, nesta última, as 
células cartilaginosas estão orientadas em colunas. No calo cartilaginoso de uma 
fratura as células estão desordenadas. 
 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamosso3.html 
 
 
 
 
 
 
 
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No início da ossificação endocondral há deposição de cálcio na matriz 
cartilaginosa. Isto prejudica a nutrição dos condrócitos, que degeneram. Seus 
núcleos ficam picnóticos, e sofrem cariólise. A matriz cartilaginosa parcialmente 
calcificada e restos necróticos de condrócitos são removidos por osteoclastos. 
 
 
http://anatpat.unicamp.br/lamosso3.html 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
 
ANDRADE, E. D. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. São Paulo: Artes 
Médicas, 2002. 
BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo: Patologia Geral. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2004. 
FARIA, J. L. Patologia geral: fundamentos das doenças, com aplicações 
clínicas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. 
MONTENEGRO, M. R.; FRANCO, M. Patologia: processos gerais. São Paulo: 
Atheneu, 2004. 
WANNMACHER, L.; FERREIRA, M. B. C. Farmacologia clínica para dentistas. 
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. 
 
 
 
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