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Patologia Geral - EAD

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PATOLOGIA GERAL
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional: 
Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Luana Ramos Rocha
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Gestão da Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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U N I D A D E
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 5
1 - ADAPTAÇÕES DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR ................................................................... 6
1.1. ATROFIA ............................................................................................................................................................... 6
1.2. HIPERTROFIA ..................................................................................................................................................... 7
1.3. HIPERPLASIA ..................................................................................................................................................... 8
1.4. METAPLASIA ...................................................................................................................................................... 8
2 - LESÃO CELULAR ................................................................................................................................................... 9
2.1. CAUSAS DE LESÃO CELULAR ............................................................................................................................ 9
2.2. MECANISMOS DE LESÃO CELULAR ............................................................................................................... 10
2.2.1. DEPLEÇÃO DE ATP .......................................................................................................................................... 11
2.2.2. INFLUXO DE CÁLCIO ..................................................................................................................................... 12
3 - ACÚMULO DE RADICAIS LIVRES (ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO) ..................................................... 13
RESPOSTAS CELULARES AO ESTRESSE E AOS 
ESTÍMULOS NOCIVOS
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA: PATOLOGIA GERAL
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3.1. DEGENERAÇÕES ............................................................................................................................................... 14
3.1.1. DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA ......................................................................................................................... 15
3.1.2. DEGENERAÇÃO HIALINA .............................................................................................................................. 15
4 - DEGENERAÇÃO MUCOIDE ................................................................................................................................ 15
5 - ESTEATOSE ........................................................................................................................................................ 15
6 - LIPIDOSES ........................................................................................................................................................... 17
7 - GLICOGENOSES ................................................................................................................................................... 17
8 - MUCOPOLISSACARIDOSES .............................................................................................................................. 18
9 - MORTE CELULAR ............................................................................................................................................... 18
9.1. NECROSE .......................................................................................................................................................... 19
9.1.1. ASPECTOS MORFOLÓGICOS MICROSCÓPICOS ......................................................................................... 19
9.1.2. NECROSE POR COAGULAÇÃO OU NECROSE ISQUÊMICA ........................................................................ 19
9.1.3. NECROSE POR LIQUEFAÇÃO ........................................................................................................................ 19
9.1.4. NECROSE CASEOSA ...................................................................................................................................... 20
9.1.5. NECROSE GORDUROSA ................................................................................................................................ 20
10 - EVOLUÇÃO ........................................................................................................................................................ 20
10.1. APOPTOSE ........................................................................................................................................................ 21
10.2. APOPTOSE EM SITUAÇÕES FISIOLÓGICAS ................................................................................................. 21
10.3. APOPTOSE EM CONDIÇÕES PATOLÓGICAS ................................................................................................ 21
10.4. ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DA APOPTOSE .......................................................................................... 22
10.5. MECANISMOS DA APOPTOSE ..................................................................................................................... 22
10.5.1. VIA INTRÍNSECA DA APOPTOSE ................................................................................................................ 22
10.5.2. VIA EXTRÍNSECA DA APOPTOSE ............................................................................................................... 23
10.5.3. A FASE DE EXECUÇÃO DA APOPTOSE ...................................................................................................... 24
10.5.4. REMOÇÃO DAS CÉLULAS MORTAS ........................................................................................................... 24
11 - DISTÚRBIOS ASSOCIADOS À APOPTOSE DESREGULADA ........................................................................... 24
11.1. DISTÚRBIOS ASSOCIADOS À APOPTOSE DEFEITUOSAE AUMENTO DA SOBREVIDA CELULAR (FALTA 
DE APOPTOSE) ........................................................................................................................................................ 24
11.2. DISTÚRBIOS ASSOCIADOS AO AUMENTO DE APOPTOSE E MORTE CELULAR EXCESSIVA ................. 25
12 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................ 25
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INTRODUÇÃO
Analisando a etiologia da palavra, a patologia é o estudo (logos) das doenças (pathos), e 
pode ser de� nida, mais especi� camente, como “o estudo das alterações estruturais, bioquímicas 
e funcionais na células, tecidos e órgãos que fundamentam a doença” (KUMAR et al., p. 5, 2010). 
Dessa forma, nessa disciplina discutiremos lesões comuns à diferentes doenças, abordando suas 
etiologias (causas), seus mecanismos de desenvolvimento (patogenia ou patogênese) e suas 
alterações morfológicas e funcionais.
Na prática, toda doença se inicia com alterações moleculares, funcionais ou estruturais nas 
células. Assim, iniciaremos nossa abordagem de patologia, com o estudo das causas, mecanismos 
e correlações morfológicas e bioquímicas das lesões celulares. 
A homeostasia é conhecida como um estado em que as células se encontram capazes de 
realizar suas atividades metabólicas e � siológicas em equilíbrio. Porém, alguns estresses podem 
fazer com que essas células se adaptem, permitindo que elas continuem vivas e funcionais. Essas 
adaptações consistem em diminuição (atro� a) ou aumento (hipertro� a) do tamanho e atividade 
funcional das células, aumento do número (hiperplasia) ou mudança de fenótipo (metaplasia). 
O que caracteriza essas adaptações é que quando o estresse é eliminado, a célula retorna ao seu 
estado original, sem sofrer danos. 
Caso a célula sofra um estresse ou receba um estímulo lesivo e não seja capaz de se adaptar, 
ela pode sofrer mudanças metabólicas e morfológicas em seus constituintes, que constituem uma 
lesão celular. Quando esses estímulos são leves e temporários, é caracterizada uma lesão celular 
reversível, em que a célula ainda pode retornar ao estado normal. Porém, se esses estímulos 
forem intensos, progressivos e acontecerem por um período prolongado, pode acontecer uma 
lesão irreversível e � nalmente a morte celular (Figura 1). 
Nessa unidade, abordaremos como as células respondem ao estresse e estímulos tóxicos, os 
mecanismos e consequências das várias formas de lesão, incluindo lesões reversíveis, irreversíveis 
e morte celular.
Figura 1 - Etapas da resposta celular ao estresse e estímulos nocivos. Fonte: Kumar et al. (2016).
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1 - ADAPTAÇÕES DO CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO 
CELULAR 
Adaptações celulares são alterações, em sua maioria reversíveis, que podem modi� car 
as células em tamanho, número, função ou atividade metabólica. Essas adaptações acontecem 
em resposta a estresses ou alterações do ambiente onde a célula se encontra. São exemplos de 
adaptação celular: atro� a, hipertró� ca, hiperplasia e metaplasia.
1.1. Atrofia 
A atro� a celular pode ser de� nida como a diminuição do tamanho e do número de células, 
que pode levar à diminuição do tamanho e função de um órgão. A atro� a pode ser � siológica, 
quando acontece durante o desenvolvimento normal de um indivíduo, como por exemplo após o 
parto, em que o útero da mulher reduz o seu tamanho. Porém, também pode ser patológica, que 
pode acontecer em decorrência de diferentes causas, como: 
• Redução da carga de trabalho: Esse tipo de atro� a também é conhecido como atro� a 
por desuso, em que as células de um órgão ou tecido diminuem de tamanho, como uma 
forma de economia de energia por não estarem sendo usadas. Por exemplo: quando ocorre 
uma fratura óssea e um braço precisa ser imobilizado com gesso, após a retirada do gesso 
é possível veri� car que aquele membro está bem mais � no que o outro (que não estava 
engessado), devido à uma atro� a dos músculos esqueléticos. Essa atro� a é reversível, 
assim que o músculo voltar a ser usado as células retornam ao seu estado anterior. 
• Perda de inervação: A atro� a decorrente da perda do suprimento nervoso afeta, 
principalmente, os músculos esqueléticos, uma vez que estes necessitam desse suprimento 
para realizar suas funções normais. Visto que não conseguem desempenhar suas funções, 
acontece a atro� a das � bras musculares. 
• Diminuição do suprimento sanguíneo: Uma diminuição da irrigação sanguínea em 
um tecido compromete diretamente as funções e a disponibilidade energética das células. 
Esse comprometimento leva as células a se adaptarem à nova condição, diminuindo de 
tamanho e consequentemente de função. Por exemplo: em idosos é comum visualizarmos 
uma atro� a progressiva no cérebro e no coração, uma vez que esses órgãos passam a 
receber menos suprimento sanguíneo especialmente em decorrência da aterosclerose 
(deposição de gordura nos vasos sanguíneos). 
• De� ciências nutricionais: Casos de desnutrição severa podem levar o organismo a 
utilizar o músculo esquelético como fonte de energia. Inicialmente o organismo tenta 
outras fontes de reserva, como o tecido adiposo, porém, em casos graves de de� ciência 
proteico-calórica em que o tecido adiposo já foi utilizado, os músculos passam a ser 
usados e sofrem atro� a. 
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• Perda de estimulação endócrina: Diversos tecidos respondem à estimulação de 
hormônios, como por exemplo os órgãos reprodutores. Caso essa estimulação seja 
perdida, como por exemplo quando a mulher entra na menopausa, ocorre a atro� a 
� siológica. 
• Pressão: A compressão de um tecido também pode levar à atro� a. Nesses casos a atro� a 
está intimamente relacionada à diminuição do � uxo sanguíneo causada pela compressão 
de vasos sanguíneos. Um exemplo dessa situação é o desenvolvimento de tumores 
benignos, que durante o seu crescimento podem comprimir vasos sanguíneos e causar a 
atro� a de tecidos circunjacentes. 
Para que a célula tenha seu tamanho reduzido, acontece a diminuição da síntese de 
proteínas e o aumento da degradação das proteínas que já estão dentro da célula. O processo de 
degradação das próprias proteínas acontece, principalmente, pela via ubiquitina-proteossoma, 
em que as causas mencionadas anteriormente podem levar à ligação da ubiquitina às proteínas 
presentes no interior das células, ativando o proteossoma e, consequentemente, a degradação. 
Normalmente, na atro� a também acontece um aumento da autofagia, que é um processo em 
que as células que tiveram seu aporte de nutrientes comprometido digerem seus próprios 
componentes, por meio da ação das enzimas dos lisossomos.
1.2. Hipertrofia 
A hipertro� a é caracterizada pelo aumento do tamanho das células, o que resulta em 
um aumento do tamanho do órgão. A célula aumenta de tamanho em decorrência do aumento 
da síntese dos componentes estruturais, especialmente proteínas. Vale lembrar que o órgão que 
sofreu hipertro� a apresenta apenas células maiores e não uma maior quantidade de células.
Na hipertro� a, ao contrário da atro� a, existe um aumento da produção de proteínas 
celulares. Esse aumento de produção pode ser, então, estimulado por diversas vias, como a 
estimulação mecânica decorrente do aumento do trabalho ou pela ação de fatores de crescimento. 
Esse aumento de produção de proteínas e, consequentemente, do tamanho da célula pode 
acontecer em decorrência de estímulos � siológicos ou patológicos. Um caso em que a hipertro� a 
é � siológica, é durante a gravidez, quando o útero aumenta drasticamente de tamanho, 
especialmente pelo aumento do tamanho das células que sofreram maior estimulação hormonal, 
portanto, maior produção de componentes estruturais. Já um exemplo de hipertro� a patológica, 
é a queacontece no músculo cardíaco, decorrente da hipertensão arterial, em que o coração 
precisa aumentar sua carga de trabalho para bombear o sangue através dos vasos, levando ao 
aumento do tamanho das células e, consequentemente, do órgão. 
Em condições que demonstrem atrofi a signifi cativa, como no envelhecimento e 
em algumas doenças degenerativas, as células acumulam um pigmento carac-
terístico, chamado de lipofuscina ou pigmento do desgaste. Microscopicamente 
a lipofuscina aparece como um pigmento citoplasmático, frequentemente peri-
nuclear, fi namente granular e castanho amarelado. A lipofuscina não é nociva à 
célula e às suas funções. 
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1.3. Hiperplasia 
A hiperplasia é o aumento do número de células e, consequente, aumento do tamanho 
do órgão. Nem todos os órgãos são capazes de sofrer hiperplasia, uma vez que ela acontece em 
células que possuem a capacidade de divisão celular, o que é mais comum em órgãos considerados 
glandulares. O aumento do número de células, também, pode ser decorrente de processos 
� siológicos ou patológicos. A hiperplasia é resultado da proliferação de células maduras induzidas 
por fatores de crescimento ou a partir de células-tronco teciduais. 
• Hiperplasia � siológica: A hiperplasia � siológica pode ser dividida em: hiperplasia 
hormonal e hiperplasia compensatória. A hiperplasia hormonal, normalmente, objetiva 
o aumento da capacidade funcional de um órgão, por meio do aumento do estímulo 
hormonal, que é o que acontece, por exemplo, nas mamas durante a gravidez. Já a 
hiperplasia compensatória tem a intenção de aumentar a massa de um órgão através do 
aumento do número de células. Como exemplo clássico da hiperplasia compensatória 
podemos citar a que acontece no fígado, um órgão conhecido por sua capacidade de 
“regeneração”. Após perda parcial do órgão por lesão ou ressecção, as células que sobraram 
se proliferam e o órgão volta a crescer e retorna ao tamanho original. 
• Hiperplasia patológica: A hiperplasia patológica é, normalmente, causada por 
estimulação excessiva por hormônios ou fatores de crescimento. Na hiperplasia prostática 
benigna, por exemplo, acontece o aumento da proliferação de células da próstata em 
decorrência de aumento dos hormônios androgênios. É muito comum algumas pessoas 
relacionarem hiperplasia com neoplasias (tumores), porém na hiperplasia não existe 
nenhuma disfunção ou mutação que comprometa o controle da divisão celular, que é 
o que acontece nos tumores. Vale ressaltar que a hiperplasia regride caso a estimulação 
hormonal diminua.
1.4. Metaplasia 
A metaplasia é uma adaptação celular, em que um tipo celular diferenciado (maduro) 
é substituído por outro tipo celular diferenciado (maduro), em que, normalmente, este último 
apresenta maior resistência a estresses. 
Um exemplo bastante comum de metaplasia é aquela em que células colunares são 
substituídas por células escamosas. Ela acontece, por exemplo, no útero feminino, em que com o 
passar do tempo e com a presença de alguns estresses, como utilização de hormônios, infecções, 
alterações de pH, as células colunares endocervicais vão sendo substituídas por células escamosas 
estrati� cadas, que são mais resistentes. Outro exemplo é o caso dos fumantes, em que as células 
normais da traqueia, que são colunares e ciliadas, são substituídas por células escamosas, 
que são mais resistentes às agressões causadas pelas substâncias tóxicas presentes no cigarro. 
Porém, a metaplasia não é de todo boa, visto que muitas vezes as novas células não conseguem 
desempenhar as mesmas funções da célula anterior. Como por exemplo no caso dos fumantes, 
em que as novas células não conferem a mesma proteção contra infecções (produção de muco 
e proteção mecânica dos cílios) que as células ciliadas conferiam. Além disso, as in� uências que 
favorecem o desenvolvimento de metaplasia, caso não cessem, podem iniciar uma transformação 
maligna, o que pode levar ao desenvolvimento de um câncer. 
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As adaptações celulares sempre acontecem de modo isolado, sendo assim, um 
órgão ou tecido só pode sofrer um tipo de adaptação celular de cada vez? De-
terminados órgãos podem sofrer hiperplasia e hipertrofi a ao mesmo tempo, de-
sencadeadas pelos mesmos estímulos, resultando, obviamente, em aumento do 
tamanho do órgão. Esse acontecimento estará especialmente relacionado à capa-
cidade da célula em questão de dividir e aumentar em quantidade. 
2 - LESÃO CELULAR
Uma vez que as células sofrem estresse excessivo, que não conseguem se adaptar, ou são 
expostas a agentes capazes de causar danos à sua estrutura, ocorre uma lesão celular. Essa lesão 
pode ser reversível ou irreversível.
• Lesão reversível. Quando a exposição ao agente lesivo é leve ou temporária as alterações 
sofridas pela célula são reversíveis, ou seja, a célula volta ao estado normal assim que o 
estímulo nocivo cessa.
• Lesão irreversível. Caso o estímulo nocivo permaneça, a lesão pode se tornar irreversível 
e a célula pode evoluir para a morte celular. Existem dois tipos de morte celular, necrose 
e apoptose, que se diferem em morfologia e mecanismos, e suas particularidades serão 
abordadas mais à frente nessa unidade. 
2.1. Causas de Lesão Celular
As causas de lesão celular podem ser as mais diversas. Kumar et al. (2016), agruparam e 
categorizaram as causas de lesão celular da seguinte forma: 
• Privação de oxigênio: A hipóxia ou redução da quantidade de oxigênio é uma causa muito 
importante de lesão celular. Entre as causas de redução da quantidade de oxigênio, podemos citar 
a isquemia (diminuição do � uxo sanguíneo), a insu� ciência cardiorrespiratória, grave perda de 
sangue ou a diminuição da capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue, como nas anemias 
ou intoxicações por monóxido de carbono.
• Agentes físicos: Os agentes físicos incluem traumatismos mecânicos, alterações bruscas 
de pressão atmosférica, exposição à extremos de temperatura e radiações. 
• Agentes químicos e drogas: Existem inúmeras substâncias químicas que podem causar 
lesão, sejam elas lícitas ou ilícitas. Substâncias como cianeto, arsênico, inseticidas e 
herbicidas já são reconhecidos como substâncias tóxicas capazes de causar algum mal. 
Porém, simples substâncias, como sal e açúcar, em excesso, são frequentemente agentes 
de lesão celular. Podemos incluir aqui, também, as drogas sociais, como o álcool e os 
medicamentos. 
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• Agentes infecciosos: Os agentes infecciosos são os vírus, bactérias, fungos e protozoários, 
os quais possuem as mais diversas formas de causar lesão celular, seja através da liberação 
de toxinas ou da fusão de seu material genético com o da célula hospedeira, entre outros. 
• Reações imunológicas: O sistema imunológico possui como função principal defender 
o nosso organismo de ameaças, especialmente na defesa contra agentes infecciosos. 
Porém, muitas vezes a própria resposta imunológica é responsável pelo surgimento de 
lesões, como no caso das doenças autoimunes ou na própria resposta in� amatória. 
• Defeitos genéticos: Alterações genéticas que comprometam a produção de proteínas 
estruturais ou que modi� quem a atividade de alguma enzima, por exemplo, são causas de 
lesão celular. As alterações genéticas podem causar consequências sutis às células, como 
redução da sua capacidade funcional, mas muitas vezes podem ser incompatíveis com a 
vida e induzir à morte celular.
• Desiquilíbrios nutricionais: Ainda hoje, os desequilíbrios nutricionais constituem as 
principais causas de lesão celular. De� ciências de vitaminas ou a desnutrição proteico-
calórica são responsáveis por grande número de mortes em países ou locais com 
populações menos favorecidas. Entretanto, o que mais assusta hoje em dia, é o crescente 
número de lesões celulares decorrentesdo excesso nutricional. O consumo excessivo de 
alimentos gordurosos aumenta os índices de aterosclerose, o que pode comprometer o 
� uxo sanguíneo. A obesidade e o diabetes também estão associados às diversas doenças 
e, consequentemente, lesões celulares. 
2.2. Mecanismos de Lesão Celular
Qualquer que seja a causa ou natureza da lesão celular, elas normalmente irão reduzir a 
oferta de oxigênio e nutrientes para a célula, alterar vias metabólicas que produzem energia, gerar 
radicais livres ou modi� car e agredir diretamente macromoléculas como o DNA. Além disso, é 
importante ressaltar que as lesões celulares e as respostas a elas não são sempre iguais. 
O mesmo agente lesivo pode desencadear uma lesão reversível ou irreversível. Períodos 
curtos de privação de oxigênio, por exemplo, podem ser suportados pela célula, enquanto uma 
hipóxia prolongada pode levar a morte celular. 
O tipo de célula que está sofrendo a agressão também pode reagir diferente. Células 
musculares esqueléticas apresentam uma maior resistência a períodos de privação de oxigênio 
do que as células nervosas, por exemplo. 
Características do próprio indivíduo in� uenciam na resposta. Características nutricionais, 
metabólicas e genéticas podem levar a mesma substância a ser inofensiva em um organismo e 
causar morte celular em outro.
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2.2.1. Depleção de ATP
Um dos principais mecanismos bioquímicos de lesão celular está relacionado à depleção 
de ATP e redução da sua síntese. Essa depleção é intimamente relacionada principalmente a 
lesões isquêmicas e químicas. 
Existem duas vias de produção de ATP. A principal via, nos mamíferos, é a fosforilação 
oxidativa, uma reação que leva à redução do oxigênio através do transporte de elétrons das 
mitocôndrias. A segunda forma, é por meio da utilização de glicose ou da hidrólise do glicogênio, 
que pode gerar ATP na ausência de oxigênio. Dessa forma, as principais causas de depleção de 
ATP são a falta de suprimento de oxigênio e danos mitocondriais, os quais comprometem a 
fosforilação oxidativa. 
O ATP é utilizado praticamente em todos os processos de síntese e degradação dentro da 
célula. Situações que diminuam a quantidade de ATP em 5 a 10% já produzem danos críticos à 
célula. 
Usando como exemplo a redução do suprimento sanguíneo e, consequentemente, de 
oxigênio e nutrientes causado pela isquemia, podemos entender as consequências morfológicas 
e funcionais que a depleção de ATP causa as células (Figura 2). 
Com a redução da irrigação sanguínea, a fosforilação oxidativa é comprometida, 
resultando em diminuição do ATP celular. Essa diminuição de ATP estimula o aumento da 
glicólise anaeróbica, com a intenção de manter as fontes de energia da célula. A glicólise anaeróbica, 
consome o glicogênio e produz ácido lático, o que diminui o pH intracelular, resultando em 
redução da atividade enzimática e morfologicamente em agregação da cromatina nuclear. 
Figura 2 - Consequências morfológicas e funcionais da diminuição do ATP na célula. RE: retículo endoplasmático. 
Fonte: Kumar et al. (2016).
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• Com a diminuição do ATP celular, processos dependentes de energia, como a bomba de 
sódio na membrana plasmática, � cam comprometidos e têm sua atividade reduzida. Com 
isso, ocorre a entrada de sódio e cálcio dentro da célula e saída de potássio. O aumento 
dos solutos intracelulares faz com que aconteça a entrada de água, gerando tumefação 
celular, como consequente perda de microvilosidades da célula e dilatação do retículo 
endoplasmático. O in� uxo de cálcio na célula também desencadeia outras alterações 
celulares que serão discutidas adiante. 
• A depleção prolongada de ATP causa o destacamento dos ribossomos do retículo 
endoplasmático rugoso e consequente comprometimento e redução da síntese de 
proteínas. 
2.2.2. Influxo de Cálcio 
Em condições normais, a quantidade de cálcio livre no citosol é muito pequena. Em 
algumas situações, como na isquemia ou com a ação de algumas toxinas, ocorre o aumento 
do cálcio citosólico, inicialmente pela liberação do cálcio que se encontra sequestrado nas 
mitocôndrias e retículo endoplasmático e, posteriormente, pelo aumento do in� uxo através da 
membrana. 
Esse acumulo de Ca+2 no interior das células pode causar lesão celular, uma vez que 
ocorre a ativação de diversas enzimas, com efeitos lesivos. Entre essas enzimas encontram-se as 
fosfolipases, proteases, endonucleases e as ATPases (Figura 3). 
Figura 3 - Papel do aumento do cálcio citosólico nas lesões celulares. Fonte: Kumar et al. (2010).
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A liberação de enzimas fosfolipases e proteases está relacionada diretamente a danos na 
membrana. Já a liberação de endonucleases ocasiona a fragmentação da cromatina e o DNA, 
ocasionando lesão nuclear. Por sua vez, as ATPases contribuirão ainda mais para a depleção de 
ATP. 
Além disso, o aumento da permeabilidade mitocondrial ocasionada pelo acúmulo de 
cálcio também contribuirá para a diminuição da produção de ATP. 
3 - ACÚMULO DE RADICAIS LIVRES 
(ESPÉCIES REATIVAS DE OXIGÊNIO) 
Esse tipo de lesão pode acontecer em diversas condições, como: lesão química ou por 
radiação, destruição de microrganismos pela fagocitose e, até mesmo, pelo processo respiratório 
normal e envelhecimento celular. “Os radicais livres são espécies químicas que possuem um único 
elétron não pareado em uma órbita externa” (KUMAR et al., p. 20, 2010). Por possuírem essa 
con� guração instável, essas moléculas são capazes de reagir substâncias orgânicas ou inorgânicas, 
como proteínas, lipídios, ácidos nucleicos e carboidratos. As espécies reativas de oxigênio 
(ERO) são um tipo de radical livre que são produzidas normalmente dentro da célula, durante 
a respiração e geração de energia pela mitocôndria, porém, são removidas para que não � quem 
excessos. Um desequilíbrio nesse sistema, ou pelo excesso de produção de ERO ou pela falta de 
remoção, causa um excesso de radicais livres que é conhecido como estresse oxidativo (Figura 
4). O estresse oxidativo é ligado a diversos processos patológicos, incluindo o envelhecimento, as 
lesões celulares, o câncer e, até mesmo, doenças degenerativas, como o Alzheimer. 
Figura 4 - Papel das espécies reativas de oxigênio (ERO) na lesão celular. Fonte: Kumar et al. (2010).
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Os efeitos patológicos das ERO estão intimamente relacionados com as substâncias com 
as quais eles reagem: 
• Oxidação de ácidos graxos: A peroxidação de lipídeos e ácidos graxos pelas ERO 
pode desencadear o rompimento da membrana de organelas e da própria membrana 
plasmática.
• Oxidação de proteínas: A oxidação de aminoácidos e proteínas pode levar à perda de 
atividade de diversas enzimas e pode romper a conformação de proteínas estruturais, 
intensi� cando a degradação pelos proteossomas, tendo como resultado destruição por 
toda a célula. 
• Oxidação de ácidos nucleicos: Os radicais livres causam oxidação do DNA, o que pode 
ocasionar em mutações ou quebra do material genético. O que pode estar intimamente 
relacionado ao envelhecimento e à transformação maligna das células. A instabilidade dos 
radicais livres, como o superóxido, faz com que a sua decomposição também aconteça 
facilmente. Além disso, as células desenvolveram diversos mecanismos de remoção de 
radicais livres, como:
• Antioxidantes: Essas substâncias bloqueiam o início da formação ou fazem a remoção 
dos radicais livres. Como exemplos de antioxidantes podemos citar as vitaminas E e A, 
o ácido ascórbico e a glutationa no citosol. 
• Proteínas que se ligam aos íons ferro e cobre: O ferro e o cobre podem favorecer 
a formação de radicais livres, uma vez que doam ou aceitam elétrons livres durante 
reações intracelulares. Dessaforma, proteínas de armazenamento e transporte como a 
transferrina, ferritina, ceruloplasmina, se ligam aos íons livres, diminuindo a formação 
das ERO. 
• Enzimas: Enzimas como a catalase, as superóxido desmutases (SODs) e a glutationa 
peroxidase atuam como sistemas de remoção de radicais livres e realizam a degradação 
de H2O2 e O2 (os quais estão intimamente relacionados com a formação das ERO). 
3.1. Degenerações 
As degenerações podem ser de� nidas como “lesão celular reversível secundária a alterações 
bioquímicas que resultam em acúmulo de substâncias no interior das células” (BRASILEIRO 
FILHO, 2014, p. 87).
Essas degenerações são classi� cadas de acordo com a natureza da substância acumulada. 
Dessa forma, podemos dividi-las em: degeneração por acúmulo de eletrólitos e água (degeneração 
hidrópica); degeneração por acúmulo de proteínas (degeneração hialina e degeneração mucoide); 
degeneração por acúmulo de lipídios (esteatose e lipidoses); degeneração por acúmulo de 
carboidratos (glicogenoses e mucopolissacaridoses).
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3.1.1. Degeneração hidrópica 
A degeneração hidrópica é uma lesão reversível, caracterizada pelo acúmulo intracelular 
de eletrólitos e água. Como consequência, as células se apresentarão tumefeitas e aumentadas de 
volume. 
Entre as diversas etiologias possíveis de uma degeneração hidrópica podemos destacar: 
hipóxia, hipertermia exógena ou endógena, toxinas com atividade ATPases ou fosfolipases. Todas 
essas causas têm em comum a diminuição da quantidade de ATP ou danos às membranas, o que 
causa a retenção de sódio e aumento do in� uxo de água (mecanismo já detalhado anteriormente). 
Assim que a causa da degeneração for eliminada, as células retornam ao aspecto normal.
3.1.2. Degeneração hialina 
É o acúmulo de material proteico acidó� lo. Essa alteração pode ser produzida por 
uma variedade de alterações e não representa um padrão especí� co. Ela pode ser resultante da 
condensação de � lamentos e proteínas no interior das células, do acúmulo de material viral ou, 
até mesmo, por proteínas endocitadas. 
4 - DEGENERAÇÃO MUCOIDE 
Pode acontecer em decorrência da superprodução de muco, especialmente no 
trato digestivo e respiratório ou devido a produção exagerada de mucinas em adenomas e 
adenocarcinomas. 
5 - ESTEATOSE 
A esteatose é o acúmulo anormal de triglicerídeos no interior das células. O órgão mais 
comumente associado à essa degeneração é o fígado, uma vez que ele é o principal órgão envolvido 
no metabolismo lipídico, mas também pode acontecer no coração, rins, entre outros órgãos. A 
esteatose acontece devido à interferência dos agentes lesivos no metabolismo dos lipídeos, como: 
aumento da síntese de ácidos graxos decorrente de lipólise ou ingestão excessiva; produção de 
ácidos graxos a partir do excesso de Acetil coA; redução da utilização de triglicerídeos para a 
síntese de lipídeos complexos, devido à carência de fatores nitrogenados e de ATP; menor formação 
de lipoproteínas por de� ciência na síntese de apoproteínas, os quais podem ser visualizados na 
Figura 5. Entre as causas mais comuns de esteatose, podemos citar o abuso de álcool, a obesidade, 
a desnutrição proteico-calórica e a ação de substâncias hepatotóxicas.
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Figura 5 - Possíveis mecanismos de acúmulo de triglicerídeos no fígado. Fonte: Kumar et al. (2016).
• Esteatose por abuso de álcool: O consumo excessivo de álcool é uma das causas mais 
comuns de esteatose hepática. O álcool, quando metabolizado, produz acetaldeído, 
essa substância, em excesso, é tóxica tanto para as mitocôndrias quanto para o retículo 
endoplasmático, o que compromete a metabolização de substâncias tóxicas e também 
a produção de proteínas. Esses danos favorecem o acúmulo de triglicerídeos, uma vez 
que eles deixam de ser utilizados na produção de outras substâncias que necessitam 
de proteínas. Ao mesmo tempo, existe um aumento de ácido acético e Acetil CoA. O 
excesso de Acetil CoA promove a síntese de ácidos graxos, o que aumenta ainda mais a 
quantidade de triglicerídeos e faz com que eles se acumulem nas células. Além disso, a 
esteatose induzida pelo abuso de álcool é frequentemente agravada pela desnutrição que, 
muitas vezes, acompanha o alcoólatra crônico. 
• Esteatose e a desnutrição proteico-calórica: A de� ciência de proteínas leva a redução da 
síntese de apoproteínas e lipoproteínas, o que compromete a excreção dos triglicerídeos. 
Já a ingestão calórica de� ciente causa mobilização de lipídeos que estavam armazenados 
no tecido adiposo, gerando lipólise e aumento de aporte de ácidos graxos para o fígado.
• Morfologia da esteatose: A esteatose é observada mais frequentemente no fígado e no 
coração. Em todos os órgãos ela aparece na forma de vacúolos claros dentro das células. 
Macroscopicamente pode demorar um pouco para conseguir se observar as alterações. 
No fígado, com o acúmulo progressivo, o órgão aumenta de tamanho e torna-se cada 
vez mais amarelado. Em casos extremos, chega a pesar até quatro vezes mais que o peso 
normal. 
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• Evolução e consequências da esteatose: Embora seja uma lesão reversível, em casos 
graves a esteatose pode evoluir para a morte celular. No fígado, por exemplo, os hepatócitos 
podem romper-se e gerar uma reação in� amatória. Pode haver ainda embolia gordurosa, 
o que é facilitado por traumatismos. A esteatose, especialmente decorrente do alcoolismo 
crônico, pode evoluir para a cirrose.
6 - LIPIDOSES
Nas lipidoses, ocorre o acúmulo de lipídeos, especialmente colesterol. Esse acúmulo pode 
acontecer em diversos locais e recebe nomes especí� cos: 
- Aterosclerose: É o acúmulo de colesterol e ésteres de colesterol nas células e macrófagos 
que estão dentro artérias. 
- Xantomas: São aglomerados de células cheias de colesterol que se encontram no tecido 
conjuntivo subepitelial da pele e tendões, formando uma massa amarelada.
7 - GLICOGENOSES
São doenças genéticas, caracterizadas pelo acúmulo de glicogênio nas células, e, 
normalmente, acontece devido a de� ciência de enzimas que participam do seu processo de 
degradação. Esse acúmulo é visto especialmente nas células do fígado, rins, músculos esqueléticos 
e coração. 
O Kwashiorkor é o nome utilizado para descrever uma condição de desnutrição 
proteico-calórica grave. Esse nome foi dado a partir de um dos dialetos de Gana, 
que descreve a condição nutricional do fi lho mais velho, quando nasce um irmão 
mais novo. O fi lho mais velho deixa de ser amentado e ter acesso aos nutrientes 
necessários e passa a ter uma alimentação pobre em proteínas e calorias, o que 
caracteriza a desnutrição. O Kwashiorkor é a mais grave e comum das defi ciên-
cias nutricionais em países subdesenvolvidos. Além da degeneração gordurosa, 
caracterizada pelo abdômen distendido, ocorre também inchaço dos pés e torno-
zelos, queda de cabelo, perda de dentes, despigmentação da pele e irritabilidade. 
Ocorre ainda a descoloração do cabelo devido à baixa ingestão proteica, por isso, 
crianças com Kwashiorkor apresentam cabelos brancos ou avermelhados.
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8 - MUCOPOLISSACARIDOSES 
Acontecem devido a de� ciências enzimáticas e podem apresentar características diferentes 
dependendo da enzima que está em falta. Sintomas comuns à maioria das mucopolissacaridoses 
são: anormalidades no esqueleto, artérias e válvulas cardíacas, retardamento mental e opaci� cação 
da córnea. 
9 - MORTE CELULAR
Como visto anteriormente, quando as células não são capazes de se adaptar a um estresse, 
elas podem sofrer uma lesão. A lesão celular pode ser reversível ou irreversível, dependendo da 
natureza do agente agressor e da intensidade e duração da agressão. A morte celular, dessa forma, 
é o resultado deuma lesão irreversível.
Figura 6 - Alterações morfológicas da lesão celular que resultam em necrose e apoptose. Fonte: Kumar et al. (2010).
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A morte celular pode acontecer por necrose ou por apoptose. Quando a morte acontece 
e é seguida de autólise, ou seja, degradação enzimática dos componentes celulares por enzimas 
produzidas pela própria célula liberadas pelo lisossomo, recebe o nome de necrose. Já quando a 
célula sofre contração, condensação da sua estrutura, fragmenta-se e é fagocitada por macrófagos 
ou células vizinhas e não sofre o processo de autólise, recebe o nome de apoptose (Figura 6). 
9.1. Necrose 
O aspecto morfológico da necrose resulta da digestão enzimática sofrida pelas células. 
Quando a lesão sofrida pela célula é su� ciente para interromper as funções vitais (produção de 
energia, comprometimento das sínteses celulares), os lisossomos perdem a capacidade de conter 
as enzimas no seu interior e essas são liberadas para o citosol e, dessa forma, iniciam a autólise. 
Os lisossomos possuem enzimas capazes de digerir praticamente todos os substratos celulares e 
é da ação dessas enzimas que resultam as alterações morfológicas observadas após a morte da 
célula. 
9.1.1. Aspectos morfológicos microscópicos
As células que sofrem necrose se mostram com eosino� lia aumentada, quando coradas 
por hematoxilina e eosina, o que se deve às proteínas citoplasmáticas desnaturadas e à perda do 
RNA. Quando as organelas já foram digeridas, o citoplasma apresenta-se vacuolizado e, com a 
evolução, toma aspecto granuloso e tende a formar massas amorfas, devido à mistura do material 
citoplasmático decorrente do rompimento das membranas. As alterações nucleares podem 
aparecer em três padrões, todos devido à degradação inespecí� ca do DNA. 
Quando o núcleo aparece intensamente basó� lo, condensado e com tamanho bem menor 
que o normal, recebe o nome de picnose. A digestão da cromatina pode fazer a a� nidade tintorial 
desaparecer, caracterizando a cariólise. E, por último, o núcleo pode se fragmentar e dispersar no 
citoplasma, fenômeno chamado de cariorrexe. 
Basicamente, qualquer agente lesivo pode causar necrose, porém, o aspecto da lesão varia 
de acordo com a causa. A necrose dos tecidos possui vários padrões morfológicos distintos, cujo 
reconhecimento fornece pistas sobre a causa básica. 
9.1.2. Necrose por coagulação ou necrose isquêmica
Macroscopicamente a área apresenta-se esbranquiçada. Essa necrose apresenta como 
características a perda do núcleo e a manutenção da arquitetura básica dos tecidos, pelo menos 
por alguns dias. É comum em órgãos como coração, rins, baço, pulmões e intestino. 
9.1.3. Necrose por liquefação
A região necrosada apresenta uma textura mole ou até mesmo liquefeita devido à digestão 
das células mortas. É observada em infecções bacterianas, devido ao acúmulo de leucócitos e 
liberação de enzimas. 
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9.1.4. Necrose caseosa
Recebe esse nome pois a área necrosada adquire aspecto macroscópico de massa de queijo 
(latim: caseum). Microscopicamente observa-se a transformação de células necróticas em uma 
massa homogênea e acidó� la, contendo núcleos picnóticos e fragmentados (cariorrexe). Esse 
tipo de necrose é comum na tuberculose e em infecções fúngicas como a paracoccidioidomicose. 
9.1.5. Necrose gordurosa
Áreas focais de destruição gordurosa. Por ação lipases sobre os triglicerídeos, os ácidos 
graxos sofrem saponi� cação na presença de sais alcalinos, originando depósitos esbranquiçados, 
parecidos com “pingos de vela”, visíveis macroscopicamente.
10 - EVOLUÇÃO
Dependendo do tipo de tecido acometido, do órgão e da extensão da área a necrose pode 
seguir diferentes caminhos. 
- Regeneração: Quando o tecido possui capacidade de regeneração, os restos celulares são 
reabsorvidos e fatores de crescimento liberados pelas células vizinhas e por leucócitos induzem a 
multiplicação de células. Caso o estroma tenha sido pouco alterado há regeneração completa do 
tecido. Caso a área de necrose seja extensa, ocorre a regeneração, porém a arquitetura do órgão 
tende a � car distorcida. 
- Cicatrização: Processo em que o tecido que sofreu necrose é substituído por tecido 
conjuntivo cicatricial. Os restos celulares são fagocitados e células endoteliais e � broblastos 
surgem e ocupam o espaço antes pertencente ao tecido necrosado. 
- Encistamento: Quando o tecido necrótico não pode ser reabsorvido, por ser muito 
volumoso ou por que a migração de leucócitos é impedida, a reação in� amatória acontecerá na 
periferia da lesão. Ocorre então o encistamento da área de necrose que será, então, absorvida 
lentamente. 
- Eliminação: Caso o local que sofreu necrose tenha comunicação com o meio externo, esse 
material é eliminado, originando, assim, uma cavidade. Esse processo é comum na tuberculose, 
em que o material da necrose caseosa é eliminado pelos brônquios e forma as chamadas cavernas 
tuberculosas. 
- Gangrena: A gangrena pode ser considerada um padrão morfológico de necrose 
(KUMAR et al., 2010), ou uma evolução da necrose que resulta da ação de agentes externos sobre 
a área necrosada (BRASILEIRO FILHO, 2014). Quando a região necrosada sofre desidratação 
intensa, especialmente quando em contato com o ar, origina a gangrena seca, que também é 
conhecida como mumi� cação, devido à aparência da área lesada. A gangrena seca acontece 
especialmente nas extremidades, como pontas dos dedos e, na maioria das vezes, é decorrência 
de lesões vasculares, como no diabetes melito. 
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Caso o tecido necrosado seja invadido por microrganismos anaeróbios produtores de 
enzimas que tendem a liquefazer o tecido e produzir bolhas, ele recebe o nome de gangrena 
úmida. Esse tipo de gangrena é comum no tubo digestivo, pulmões e pele, em que as condições 
de umidade a favorecem. Por sua vez, a gangrena gasosa é secundária à contaminação do tecido 
necrosado por microrganismos do gênero Clostridium, os quais produzem enzimas lipolíticas e 
proteolíticas e grande quantidade de gás.
10.1. Apoptose
A apoptose é uma via de morte celular também conhecida por morte programada, uma 
vez que ela é estimulada a acionar mecanismos que culminam com a sua morte. Diferentemente 
da necrose, as células em apoptose não sofrem autólise, elas se quebram em fragmentos, também 
chamados de corpos apoptóticos, que contém porções de núcleo e citoplasma. Esses fragmentos 
são, então, fagocitados rapidamente, sem que ocorra o extravasamento do conteúdo celular, não 
havendo, dessa forma, reação in� amatória no hospedeiro.
10.2. Apoptose em situações fisiológicas
A apoptose é um fenômeno normal e frequente que funciona para eliminar células que 
já não são mais necessárias e, também, como mecanismo de remodelação de órgãos durante a 
embriogênese e na vida pós-natal. Podemos citar como exemplos: 
• Involução de tecidos hormônio-dependentes: Um bom exemplo é o das glândulas 
mamárias, terminada a fase de lactação as células que haviam se proliferado e secretado 
leite entram em apoptose e restam apenas as células dos ductos mamários. 
• Eliminação de linfócitos autorreativos potencialmente nocivos: Forma de controlar e 
impedir reações contra os tecidos da própria pessoa. 
• Morte de células que já tenham cumprido seu papel: Por exemplo, os neutró� los após 
o término da resposta in� amatória. Eles sofrem apoptose pois já foram provados dos 
sinais de sobrevivência. 
10.3. Apoptose em condições patológicas
Pode ser desencadeada por inúmeros agentes, como vírus, hipóxia, radicais livres, 
substâncias químicas, agressão imunitária, radiações etc., que causam modi� cações celulares que 
são irreparáveis sem produzir reação no hospedeiro, limitando, assim, lesão paralela. 
• Lesão de DNA: Radiação, hipóxia ou drogas citotóxicas podem lesaro DNA diretamente 
ou por meio da produção de radicais livres. Caso os mecanismos de reparo não consigam 
ser efetivos, a célula dispara os sinais que induzem a apoptose. É melhor a célula ser 
eliminada do que arriscar manter uma célula que possa ter sofrido mutações que podem 
progredir para uma transformação maligna. 
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• Acúmulo de proteínas anormalmente dobradas: Essas proteínas surgem principalmente 
de lesões por radicais livres. Esse processo leva a uma condição conhecida como estresse 
do retículo endoplasmático, o que culmina em morte apoptótica das células. 
• Morte células por infecções: Acontece particularmente em infecções virais, em que 
os próprios vírus induzem a célula à apoptose ou ela acontece pela resposta imune do 
hospedeiro.
10.4. Alterações morfológicas da apoptose 
A apoptose atinge células individualmente, durante o processo ela se encolhe e o citoplasma 
� ca mais denso; a cromatina torna-se condensada e disposta em grumos acoplados à membrana 
nuclear. O núcleo pode romper-se, produzindo dois ou mais fragmentos. Ao mesmo tempo, o 
citoplasma emite projeções e forma brotamentos que contêm partes do núcleo, o que termina 
com a fragmentação da célula em diversos pedaços, que constituem os corpos apoptóticos. Os 
corpos apoptóticos são rapidamente ingeridos pelos fagócitos e degradados.
10.5. Mecanismos da apoptose 
Todas as células possuem mecanismos que sinalizam sobrevivência ou morte. A apoptose 
é resultado do desequilíbrio desses sinais. O início da apoptose ocorre de duas formas, pela via 
intrínseca (mitocondrial) e pela via extrínseca (por receptores). Elas são ativadas por diferentes 
estímulos, porém convergem para a ativação das caspases, que são os mediadores da morte 
celular, como podemos ver na Figura 7. 
10.5.1. Via intrínseca da apoptose
Para uma célula se manter viva ela necessita de sinais de sobrevivência. Enquanto a célula 
produz esses sinais, a mitocôndria produz proteínas anti-apoptóticas, ou seja, que não deixam a 
célula morrer. Essas proteínas, por exemplo, Bcl-2 e Bcl-x, fecham os canais das mitocôndrias, 
não permitindo a saída de citocromo C, o qual é responsável pelo início da apoptose. 
Uma revisão interessante a respeito das diferentes vias de apoptose pode ser vis-
ta no vídeo: Vias da apoptose (Legendado). 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FuRFpYnY1aE>. 
Acesso em 24 set. 2018.
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Já quando a célula perde esses sinais de sobrevivência ou o DNA é lesado, ativam os 
sensores de lesão ou estresse. Esses sensores também são chamados de “proteínas apenas BH3” 
que agem como antogonistas ao Bcl-2 e Bcl-x, ativando, assim, efetores pró-apoptóticos críticos, 
Bax e Bak, que se inserem na membrana mitocondrial e criam canais permitindo que proteínas 
extravasem para o citoplasma. Entre essas proteínas, encontra-se o citocromo c. Quando 
liberado no citosol, o citocromo c se liga a uma proteína chamada Apaf-1 (fator-1 de ativação 
de apoptose) que forma um complexo chamado de apoptossoma. Esse complexo é capaz de se 
ligar à caspase-9 enzima, desencadeando, assim, a cascata de caspases e a apoptose. As caspases 
(de cysteine asparargil speci� c proteases) são enzimas que possuem cisteína no sítio ativo e que 
clivam proteínas em locais com resíduos de ácido aspártico. Em humanos são conhecidas 12 
caspases, mas nem todas estão envolvidas na apoptose. As caspases envolvidas na apoptose 
podem ser divididas em ativadoras (8, 9 e 10) e efetuadoras (3, 6 e 7). A caspases ativadoras 
fazem a proteólise das caspases 3, 6 e 7, que, por sua vez, ativam outras enzimas que degradam 
diferentes substâncias intracelulares, incluindo o DNA. 
10.5.2. Via extrínseca da apoptose
Esta via é iniciada através da ligação de receptores de morte presentes na membrana 
plasmática de várias células. Esses receptores são membros da família do receptor TNF. Os mais 
conhecidos são o TNF tipo 1 (TNFR1) e uma proteína denominada Fas. O ligante para Fas, por 
exemplo, é o Fas ligante (FasL). 
Figura 7 - Vias intrínseca e extrínseca da apoptose. Fonte: Kumar et al. (2010).
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Ele é expresso por células T, que reconhecem antígenos próprios (utilizados para eliminar 
linfócitos autorreatores) e alguns linfócitos T citotóxicos. Quando receptor e ligante se unem 
formam um sítio de ligação para uma proteína que contém um domínio de morte, denominada 
FADD. A FADD, liga-se a uma forma inativa da caspase-8 ou caspase-10 (em humanos). Essas 
caspases ativadas, acionam, então, caspases efetoras 3, 6 e 7, responsáveis pela ativação de 
proteases. Além disso, a ativação da caspase-8 origina, através da clivagem de BH3, um fragmento 
que se liga às proteínas Bcl-2 e Bcl-x, alterando a permeabilidade da mitocôndria e favorecendo 
a saída de citocromo c para o citosol e, consequente, a ativação da caspase-9. Portanto, a ativação 
da caspase-8 também aciona o mecanismo mitocondrial de apoptose. 
10.5.3. A fase de execução da apoptose
Como vimos anteriormente, as duas vias de ativação da apoptose acionam caspases 
desencadeantes. A via intrínseca ativa a caspase-9 e a via extrínseca a caspase-8 (caspase-10 em 
humanos). Depois que essas caspases desencadeantes são clivadas e geram suas formas ativas, 
as caspases efetoras são ativadas. As caspases efetoras clivam inibidores de DNases, tornando-as 
ativas e induzindo, então, a clivagem do DNA. A clivagem de DNA gera fragmentos com 200 
pares de bases e seus múltiplos, o que faz da análise de DNA através de eletroforese em gel um 
método de reconhecimento da apoptose. As caspases também promovem a fragmentação do 
núcleo e alterações no citoesqueleto e em proteínas de sustentação, o que será responsável pela 
formação de bolhas na membrana citoplasmática. A retração do citoplasma acontece devido à 
desidratação, por ativação de cinases e fosfatases que alteram o transporte de eletrólitos. 
10.5.4. Remoção das células mortas
As células que estão sofrendo apoptose produzem fatores solúveis que recrutam os 
fagócitos. Alguns corpos apoptóticos expressam proteínas que também são reconhecidas pelos 
fagócitos ou podem estar revestidos de anticorpos naturais e proteínas do sistema complemento, 
que são reconhecidos pelos fagócitos. Esse processo é muito rápido e e� ciente, as células mortas 
desaparecem dentro de minutos e a in� amação é ausente. 
11 - DISTÚRBIOS ASSOCIADOS À APOPTOSE 
DESREGULADA
11.1. Distúrbios associados à apoptose defeituosa e aumen-
to da sobrevida celular (falta de apoptose)
A apoptose defeituosa pode falhar ao eliminar células potencialmente danosas, como 
linfócitos autorreativos. Essa falta de apoptose pode ser a base de doenças autoimunes. Uma 
das proteínas mais importantes da regulação do ciclo celular é a p53. Células que apresentem 
mutações em p53 e que não morram, poderão dar origem ao câncer, uma vez que mutação no 
p53 é a anomalia genética mais comum encontrada em cânceres humanos. 
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11.2. Distúrbios associados ao aumento de apoptose e morte 
celular excessiva
Nesse caso, as doenças serão caracterizadas pela falta de células importantes, onde 
podemos incluir doenças neurogenerativas, manifestadas por perda de grupos especí� cos de 
neurônios. Infecções virais também podem induzir a apoptose excessiva, como no caso das 
infecções pelo Vírus da Imunode� ciência Humana (HIV), que envolve a destruição apoptótica 
de linfócitos. 
12 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com essa primeira unidade pudemos visualizar que nosso organismo trabalha de forma 
organizada e possui diversos mecanismos para evitar problemas e danos maiores. Entendemos 
como nossas células reagem aos mais diversos estímulos e que o tempo de duração, o tipo de 
estímulo e a estrutura celulardani� cada podem causar diferentes consequências e reações. 
Em estresses diferentes, que podem envolver falta de oxigênio e irrigação sanguínea, 
mudanças de temperatura, sobrecarga de trabalho, entre outros, a primeira resposta do nosso 
organismo é tentar adaptar nossas células para a nova realidade, alterando seu tamanho, forma 
ou número. Quando essa adaptação não é possível, ocorrem as lesões celulares e, dependendo 
da intensidade e do tempo, podem ser reversíveis ou irreversíveis, sendo que estas últimas 
correspondem à morte celular. 
A morte celular, especialmente a apoptose, é muito importante para o funcionamento 
normal do nosso corpo, uma vez que é através dela que muitas células que não estão mais 
correspondendo às necessidades são eliminadas. 
Compreender os mecanismos de adaptação, lesão e morte celular serão fundamentais 
para o entendimento das abordagens dos processos patológicos que serão estudados nas próximas 
unidades. 
Diversas doenças vêm sendo associadas à apoptose desregulada, seja pela falta 
dela ou excesso. Maiores informações e detalhes sobre a apoptose podem ser 
observados no texto de FERRARI, C.K.B.: Apoptose: A importância da maquinaria 
de morte celular no controle e na patogênese de doenças. Revista de Ciências 
Médicas, Campinas, 2000, p. 21-31. 
Disponível em: <http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/ciencias-
medicas/article/viewFile/1338/1312>.
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 28
1 - INFLAMAÇÃO AGUDA ......................................................................................................................................... 29
1.1. REAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA ................................................................. 29
1.2. REAÇÕES CELULARES DA INFLAMAÇÃO AGUDA ......................................................................................... 31
1.3. RESOLUÇÃO DA INFLAMAÇÃO AGUDA .......................................................................................................... 34
1.4. MEDIADORES DA INFLAMAÇÃO .................................................................................................................... 34
1.4.1. HISTAMINA E SEROTONINA ......................................................................................................................... 35
1.4.2. DERIVADOS DO ÁCIDO ARAQUIDÔNICO ..................................................................................................... 35
1.4.3. FATOR ATIVADOR DE PLAQUETAS (PAF) .................................................................................................... 38
1.4.4. ÓXIDO NÍTRICO (NO) .................................................................................................................................... 38
1.4.5. CITOCINAS E QUIMIOCINAS ........................................................................................................................ 38
INFLAMAÇÃO AGUDA E 
CRÔNICA
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA: PATOLOGIA GERAL
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1.4.6. IL-1 E A TNF .................................................................................................................................................... 38
1.4.7. SISTEMA COMPLEMENTO ........................................................................................................................... 39
1.4.8. SISTEMAS DE COAGULAÇÃO E DAS CININAS ........................................................................................... 40
1.5. RESULTADOS DA INFLAMAÇÃO AGUDA ........................................................................................................ 40
2 - INFLAMAÇÃO CRÔNICA .................................................................................................................................... 41
2.1. MACRÓFAGOS NA INFLAMAÇÃO CRÔNICA ................................................................................................... 41
2.2. INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA .................................................................................................................. 43
3 - EFEITOS SISTÊMICOS DA INFLAMAÇÃO ....................................................................................................... 43
4 - CURA POR REPARO, FORMAÇÃO DE CICATRIZ E FIBROSE ......................................................................... 44
4.1. FORMAÇÃO DO COÁGULO SANGUÍNEO ......................................................................................................... 45
4.2. FORMAÇÃO DO TECIDO DE GRANULAÇÃO ................................................................................................... 45
4.3. PROLIFERAÇÃO CELULAR E DEPOSIÇÃO DE COLÁGENO ........................................................................... 45
4.4. FORMAÇÃO DA CICATRIZ ................................................................................................................................ 46
4.5. CONTRAÇÃO DA FERIDA ................................................................................................................................ 46
4.6. REMODELAMENTO DO TECIDO CONJUNTIVO ............................................................................................. 46
4.7. FATORES LOCAIS E SISTÊMICOS QUE INFLUENCIAM A CURA DE FERIDAS ........................................... 46
4.8. ASPECTOS PATOLÓGICOS DO REPARO ........................................................................................................ 47
4.9. FIBROSE ........................................................................................................................................................... 48
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................ 49
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INTRODUÇÃO
A in� amação é uma resposta do hospedeiro, com a intenção de eliminar, neutralizar ou 
diluir possíveis agentes estranhos. Em sua essência, é uma resposta totalmente protetora, visando 
acabar com a causa inicial do dano, como, também, com as possíveis consequências desses 
danos. Sem as reações in� amatórias, infecções pelos mais diversos microrganismos passariam 
despercebidas, feridas di� cilmente cicatrizariam e danos teciduais nunca seriam reparados. 
As respostas in� amatórias não são tão simples quanto parecem e envolvem diversos 
mecanismos e ações, que incluem reações vasculares, celulares e a liberação de uma in� nidade 
de mediadores químicos. As reações in� amatórias podem ser agudas ou crônicas, dependendo 
do estímulo lesivo, da duração e da efetividade de reações iniciais. 
Resumidamente, uma in� amação aguda é uma reação rápida e de curta duração, porém 
bastante intensa. Ela envolve alterações vasculares e celulares. Caso a resposta aguda falhe ela 
pode evoluir para a in� amação crônica, que é de longa duração, podendo durar muitos anos e 
apresenta por característica principal a presença de células mononucleares. 
Nesta unidade descreveremos os eventos e mediadores relacionados a in� amação aguda 
e suas possíveis consequências. Em seguida, veremos como funciona a in� amação crônica e suas 
principais características. Uma vez que o processo de eliminação de agentes nocivos através da 
in� amação, muitas vezes, causa danos ao próprio tecido, � nalizaremos descrevendo as principais 
etapas da cura por reparo, formação de cicatriz ou � brose, suas possíveis complicações e 
características. 
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1 - INFLAMAÇÃO AGUDA
A in� amação aguda é uma resposta rápida do hospedeiro, que possui como � nalidade 
levar proteínas e célulasdo plasma até o tecido que está sofrendo a injúria. Essa resposta pode ser 
desencadeada pelos mais diversos estímulos: 
• Infecções: As infecções, sejam elas bacterianas, virais, parasitárias ou fúngicas são as 
causas mais comuns de in� amação. As células possuem diversos receptores que servem 
como sensores para a presença desses microrganismos e a ocupação desses receptores 
dispara a produção dos mediadores que darão início à in� amação. 
• Necrose tecidual: Como visto na unidade anterior, uma das características da necrose 
é a presença de reação in� amatória. Essa reação pode ser desencadeada por diversas 
moléculas liberadas pelas células necróticas, como: ácido úrico, ATP e, até mesmo, o 
próprio DNA, quando é liberado no citoplasma. 
• Corpos estranhos: Sujeiras, pedaços de madeira, � os de sutura etc. são capazes de 
iniciar uma resposta in� amatória tanto pela injúria causada pelo trauma, quanto pela 
eventual contaminação microbiana existente nessas substâncias. 
• Reações imunes: A reação imunológica do próprio indivíduo é capaz de causar danos 
aos tecidos. Essas reações podem ser direcionadas a antígenos próprios, como nos casos 
de doenças autoimunes ou reações excessivas contra microrganismos. Nessas doenças, a 
reação in� amatória é a principal responsável pelos danos aos tecidos. 
Apesar dos estímulos serem diversos, as reações in� amatórias compartilham de 
características comuns. Essas reações podem ser divididas em: reações dos vasos sanguíneos 
e reações celulares à in� amação aguda. E, como resultados, essas reações produzem sinais e 
sintomas típicos, considerados sinais cardinais: calor, rubor, tumor, dor e perda de função. 
1.1. Reações dos Vasos Sanguíneos na Inflamação Aguda 
As reações dos vasos sanguíneos são as primeiras a acontecer e são responsáveis por 
maximizar e direcionar células e proteínas plasmáticas para fora da circulação em direção ao 
local injuriado. 
O líquido que sai dos vasos sanguíneos em direção aos tecidos, recebe o nome de exsudato. 
O exsudato é um líquido com alta concentração de proteínas, restos celulares e alta densidade, 
resultado do aumento da permeabilidade vascular e é característico de uma reação in� amatória. 
Já o transudato é um � uido vascular pobre em proteínas, com pouco material celular e baixa 
densidade, normalmente está relacionado à desequilíbrios osmóticos ou hidrostáticos, sem 
aumento de permeabilidade vascular. Essas diferenças estão ilustradas na Figura 1. 
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Figura 1 - Mecanismos de transudação e exsudação. Fonte: Kumar et al. (2010).
• Mudanças no � uxo e calibre vascular: As mudanças vasculares se iniciam com a 
vasodilatação, tendo como resultado o � uxo sanguíneo aumentado. A vasodilatação 
acontece devido à ação de mediadores químicos que são liberados. Entre os vários 
mediadores envolvidos na vasodilatação, podemos destacar a histamina e o óxido nítrico 
(NO). Logo em seguida, a vasodilatação é rapidamente acompanhada de aumento da 
permeabilidade da microvasculatura, o que resulta no extravasamento de � uido rico em 
células e proteínas para os tecidos.
• Permeabilidade vascular aumentada: A característica responsável pelo extravasamento 
do exsudato rico em proteínas pode ser desencadeada de diversas formas: (1) contração de 
células endoteliais: é o mecanismo mais comum e acontece devido à ação de mediadores 
como a histamina, bradicinina e leucotrienos. Possui como característica ser rápida e de 
curta duração; (2) injúria endotelial: é resultado de dano direto às células do endotélio, 
como em queimaduras ou ação direta de microrganismos. Nesse caso, o extravasamento 
pode durar vários dias, até que ocorra a reparação dos vasos lesados; (3) transicitose: 
acontece devido ao trânsito aumentado de � uidos e proteínas e podem envolver canais 
de transporte, que são estimulados pela liberação de fatores de crescimento. Muitas 
vezes, esses mecanismos de extravasamento acontecem ao mesmo tempo, como em 
queimaduras, por exemplo, o que pode levar a perda excessiva de � uidos e risco à vida 
do paciente. 
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1.2. Reações Celulares da Inflamação Aguda 
A fase efetora da reação in� amatória é realizada pelos leucócitos, especialmente os 
neutró� los e macrófagos, que possuem a capacidade de realizar a fagocitose do agente agressor. 
Chegando ao local da lesão, essas células são ativadas com a � nalidade de englobar os patógenos 
ou tecidos dani� cados e torná-los inofensivos. 
Muitas vezes, esse processo pode acontecer de forma bastante intensa e os produtos 
produzidos pelas próprias células são capazes de induzir dano tecidual. Para que essas células 
não liberem substâncias bioativas de forma sistêmica, é necessária uma interação mútua entre os 
neutró� los e a lesão, o que assegura que a reação acontecerá em torno do local da lesão. 
A jornada dos leucócitos até o local da lesão é constituída por diversas fases, que 
acontecem dentro do vaso e fora dele. Dentro do vaso acontecem a marginação, o rolamento e a 
adesão. Seguidos do deslocamento através do endotélio e migração nos tecidos, para, � nalmente, 
realizarem suas funções de eliminação do agente agressor. 
• Marginação, rolamento e adesão: O primeiro evento celular é a marginação, que 
consiste no processo em que os leucócitos deixam o centro dos vasos e passam a 
ocupar a periferia. Logo em seguida eles são capturados e se aderem � rmemente ao 
endotélio para, � nalmente, migrar através da parede das vênulas. A captura, rolamento 
e adesão dos leucócitos são mediados por moléculas de adesão presentes tanto na 
superfície do endotélio quanto dos leucócitos. As moléculas presentes no endotélio 
são da superfamília das imunoglobulinas (ICAM-1 e 2, VCAM-1, CD-31, JAM-31), as 
selectinas P e E e resíduos de carboidratos em glicoproteínas do glicocálice (PSGL-1, 
CD-34, Mad-CAM, Gly-CAM). Os macrófagos teciduais, mastócitos e células endoteliais 
que encontram os agentes injuriantes respondem secretando várias citocinas, incluindo 
fator de necrose tumoral (TNF), interleucina-1 e quimiocinas, as quais agem nas células 
endoteliais de vênulas e capilares, estimulando a expressão de moléculas de adesão. Os 
leucócitos expressam L-selectina e ligantes para selectinas P e E e se ligam às moléculas 
complementares no endotélio. Essas interações possuem baixa a� nidade, o que faz com 
que os leucócitos se liguem e desliguem sucessivas vezes com a ação do � uxo sanguíneo, 
o que caracteriza o rolamento. 
O rolamento e as fracas ligações desaceleram os leucócitos e dão oportunidade de 
ocorrerem ligações mais � rmes. As ligações mais � rmes acontecem da interação das integrinas 
leucocitárias às moléculas endoteliais ICAM-1 e VCAM-1. Dessa forma, os leucócitos param de 
rolar e começam a se reorganizar para migrar para fora dos vasos (Figura 2).
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Figura 2 - Eventos celulares intravasculares. Fonte: Kumar et al. (2010).
• Migração através do endotélio: O próximo passo é a migração através do endotélio, que 
recebe o nome de diapedese. Quimiocinas agem nos leucócitos e estimulam a migração das 
células. Para isso, ocorre a reorganização do citoesqueleto celular, que emite pseudópodes 
em direção à parede vascular. Moléculas presentes nas junções intercelulares também 
estão envolvidas na migração e incluem a CD-31, também conhecida como PECAM-1. 
Os leucócitos atravessam o espaço interendotelial aderidos às células endoteliais por meio 
da ligação integrinas-CD-31 e, quando terminam de atravessar, as CD-31 vão se unindo 
atrás como um “zíper”. 
• Migração até o tecido lesado: Após sair da circulação, os leucócitos migram para o 
tecido lesado, o que recebe o nome de quimiotaxia. Esse processo depende da liberação 
de substâncias quimiotáticas, as quais orientam o movimento das células através deum gradiente de concentração. A medida que os leucócitos avançam, o gradiente de 
concentração do quimiotático aumenta. As substâncias quimiotáticas podem ser trazidas 
pelo próprio agente in� amatório, ou seja, exógenas, ou endógenas, quando geradas 
no foco da in� amação. Os principais agentes endógenos são produtos da ativação do 
complemento, substância P, leucotrienos, citocinas e quimiocinas. O tipo de célula ou 
de in� ltrado varia de acordo com o tipo de estímulo e idade da resposta in� amatória. 
Nas primeiras 24 horas da in� amação aguda predominam os neutró� los e esses são 
substituídos posteriormente por monócitos. Os neutró� los, além de responderem 
mais rápido as quimiocinas, são mais numerosos no sangue, por isso surgem mais 
precocemente, porém possuem meia vida curta e entram em apoptose em, no máximo, 
48 horas. Já os monócitos sobrevivem por mais tempo e podem se proliferar nos tecidos, 
dessa forma, são as células predominantes da in� amação crônica, a qual será abordada 
adiante nesse material.
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• Fagocitose: A fagocitose pode ser de� nida como a ingestão de partículas grandes e 
formação de um fagossomo. É o principal mecanismo efetor de eliminação de agentes 
agressores na in� amação aguda. Ela envolve algumas fases, que são: (1) o reconhecimento 
e ligação da partícula que será ingerida; (2) sua ingestão e formação do fagossomo e (3) 
morte ou degradação da partícula englobada.
Diversos receptores presentes nos leucócitos são responsáveis pela ingestão dos 
microrganismos, entre eles receptores de manose, receptores limpadores e receptores para várias 
opsoninas. Os receptores de manose, por exemplo, ligam-se a resíduos de manose e fucose, 
que são encontrados tipicamente em células microbiana, e não em células de mamíferos, o que 
impede que células próprias sejam reconhecidas e fagocitadas. As principais opsoninas, ou seja, 
substâncias capazes de sinalizar uma partícula como alvo da ingestão (opsonização), são os 
anticorpos IgG, o produto da quebra de C3b do complemento e certas lectinas (especialmente a 
lectina ligante de manana).
Após a ligação entre receptor e partícula, extensões do citoplasma dos leucócitos são 
lançadas e � uem ao redor da partícula, até se fechar e formar um vacúolo chamado de fagossomo. 
Durante esse processo, os lisossomos se aproximam do fagossomo e despejam nele seu conteúdo. 
Uma vez que o vacúolo ainda não está totalmente fechado, pode acontecer o extravasamento de 
parte das enzimas lisossômicas, o que pode explicar lesões teciduais frequentes em regiões onde 
acontece a fagocitose. A fusão entre fagossomo e lisossomo recebe o nome de fagolisossomo, e 
pode ser inibida por substâncias produzidas por alguns microrganismos patogênicos que, assim, 
conseguem escapar da morte. 
A morte microbiana ou a eliminação de células necróticas no interior do fagócito pode 
acontecer de diversas formas, mas é executada largamente por espécies reativas de oxigênio 
(ERO) e espécies reativas de nitrogênio, derivadas do NO. A geração dos ERO é resultado da 
ativação de um componente conhecido como fagócito oxidase. O NADPH reduz o oxigênio a 
ânion superóxido. O superóxido origina H2O2 e O2 por ação da superóxido desmutase (SOD), 
abundante no citoplasma dos fagócitos. Como a membrana do fagolisossomo é impermeável à 
SOD, a reação � ca restrita aos agentes lesivos e as organelas da própria célula estão protegidas. 
Esse processo é conhecido como explosão respiratória e seus efeitos microbicidas estão 
relacionados a: (1) superóxido que produz lesão por peroxidação ao atuar diretamente sobre os 
microrganismos; (2) H2O2 é um agente oxidante e pode matar bactérias diretamente na presença 
de ácido ascórbico; (3) produção de hipo-halitos dentro do fagossomo que desnatura proteínas 
por oxidação de carboidratos.
O NO também participa da morte microbiana, ao reagir com o superóxido forma um 
radical livre altamente reativo, o peroxinitrito. Eles atacam e dani� cam lipídeos, proteínas e 
ácidos nucleicos dos microrganismos. 
Substâncias contidas nos grânulos dos leucócitos também podem levar a morte 
microbiana. Enzimas como a elastase e substâncias como as defensinas, catelicidinas, lisozima, 
lactoferrina, proteína básica principal e proteína bactericida que aumenta a permeabilidade estão 
presentes nesses grânulos e também são importantes auxiliares, especialmente contra bactérias. 
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1.3. Resolução da Inflamação Aguda 
Como vimos anteriormente, a resposta in� amatória possui uma capacidade inerente de 
causar dano tecidual, dessa forma, não é interessante que ela tenha uma duração excessiva. Os 
mecanismos responsáveis pelo término da in� amação aguda são vários e envolvem de forma 
geral: (1) modi� cações em receptores de células do exsudato e dos tecidos; (2) geração local 
de mediadores com efeito anti-in� amatório; (3) mudança no comportamento das células que 
tendem a apoptose ou que quando sobrevivem passam a exercer atividade anti-in� amatória.
• Mudança em receptores: O início da in� amação se deve, principalmente, ao fato de 
haver um predomínio de mediadores pró-in� amatórios como, também, à existência de 
um maior número de receptores para esses mediadores nos leucócitos. Os leucócitos 
que migraram em direção aos tecidos, passam a expressar maior números de receptores 
indutores de respostas anti-in� amatórias, como: receptores adrenérgicos e colinérgicos, 
receptores purinérgicos p2 para adenosina e receptores H2 para histamina. Dessa forma, 
um mediador pró-in� amatório, como a histamina, passa a ter efeito anti-in� amatório 
quando ligada a receptores H2. O aumento na expressão de receptores anti-in� amatórios 
também é responsável por causar redução na expressão de receptores para moléculas 
pró-in� amatórias. 
• Mediadores anti-in� amatórios: Prostaglandinas e leucotrienos, ambos derivados 
do ácido araquidônico, são liberados em grande quantidade no início da in� amação, 
atuando especialmente nos fenômenos vasculares. A síntese dessas substâncias ativa, 
também, fatores de transcrição que induzem a expressão de substâncias importantes na 
síntese de lipoxinas e resolvinas, que são importantes mediadores anti-in� amatórios. 
• Mudança no comportamento das células: Os estímulos a favor da sobrevivência 
dos linfócitos tendem a diminuir e estímulos pró-apoptóticos começam a aumentar. 
Após a apoptose, leucócitos, especialmente neutró� los, liberam substâncias com efeito 
quimiotático e são endocitados por macrófagos. As células que não sofreram apoptose, 
especialmente macrófagos M2, produzem substâncias com atividade anti-in� amatória, 
como TGF-β e IL-10, que inibem a atividade de mediadores e macrófagos pró-
in� amatórios (M1).
1.4. Mediadores da Inflamação 
Como visto ao longo do texto, para que as alterações vasculares e celulares da in� amação 
aconteçam, diversas substâncias são liberadas, as quais recebem o nome de mediadores. Os 
mediadores mais importantes da in� amação serão discutidos com mais detalhes a partir de agora. 
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1.4.1. Histamina e Serotonina
São as duas principais aminas vasoativas, ou seja, produzem ações importantes nos vasos 
sanguíneos. Elas são armazenadas como pré-moléculas e são um dos primeiros mediadores a 
serem liberados na in� amação.
A histamina causa tanto dilatação das arteríolas quanto aumento da permeabilidade das 
vênulas. Ela está presente, principalmente, nos mastócitos, mas é encontrada, também, nos 
basó� los e nas plaquetas. 
A serotonina possui atividades similares às da histamina, porém ela é encontrada, 
principalmente, nas plaquetas e é liberada quando ocorre agregação plaquetária 
1.4.2. Derivados do ácido araquidônico
O ácido araquidônico (AA) é um ácido graxo, sintetizado a partir dos fosfolipídeos 
de membrana após

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