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1 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 ASPECTOS CLÍNICOS DO CICLO MENSTRUAL Ao usar anticoncepcional, recebemos hormônio exógeno que acarreta mudanças no nosso corpo. Quando não usamos nenhum método, nossos ovários trabalham e vamos produzindo diferentes quantidades de hormônios, começamos com pouco estradiol, que vai aumentando, desencadeamos o pico de LH e entramos na fase secretora, em que une o óocito secundário com o espermatozoide ou formação do corpo lúteo para definhar. 1) Muco cervical O muco cervical, produzido pelo epitélio glandular da endocérvice, está sujeito a profundas mudanças cíclicas em relação aos níveis plasmáticos hormonais. É comum quem não usa anticoncepcional ter uma alteração de muco cervical durante o ciclo, pois no início do mês está sob ação do estrogênio e no final do ciclo está sob ação da progesterona. Então o muco vai mudando ao longo do ciclo. Antigamente, o pico era identificado pelo muco. Os efeitos do estrogênio no muco: • Filância: muco “elástico”, não se desfaz; Afasta os dedos e o muco vai junto. Ao passar dos dias, ao aumentar a quantidade de estrogênio, o muco vai ficando cada vez mais filante, onde o ápice é no período pré-ovulatório; clara de ovo mais líquida ainda; • Cristalização: quanto mais estrogênio, mais filante ele fica e maior a capacidade de cristalização. Para saber se produz estrogênio em quantidades adequadas, pega-se o muco e coloca em uma lâmina, tem que ter a capacidade de formar cristais, aspecto de “folha de samambaia”; O muco que sofre cristalização tem bastante estrogênio. Após a ovulação, esse fenômeno deixa de ser observado em virtude da produção de progesterona pelo corpo lúteo. Na segunda fase, tem que ser um muco para a proteção. Métodos anticoncepcionais — Quem usa anticoncepcional, tem alteração do muco, dificultando a subida dos espermatozoides. — DIU de cobre não engravida pois causa um processo inflamatório na trompa, dificultando a subida do espermatozoide. Mas também altera o muco cervical pela resposta inflamatória, dificultando a ascensão dos espermatozoides. Muco nas diferentes fases 1ª fase: um tipo de muco, para o espermatozoide entrar; 2ª fase: muco mais denso, não queremos que o espermatozoide suba; mais protegida para a ascensão de gonorreia, clamídia ou outras bactérias que podem causar infecção. Produção do muco Quem produz o muco? As células glandulares, endocervicais produzem o muco. As células externas, escamosas não produzem o muco. Muito corrimento = células glandulares estão muito pra fora do colo do útero, produzindo muito muco (ectopia cervical). 2 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 Os efeitos da progesterona no muco: Muco espesso, turvo e perde a distensibilidade. Não tem mais capacidade elástica, de filância. Quando está fora do período fértil, tem um muco mais denso, mais amarelo. Muco mais resistente à passagem do espermatozoide. → Mudanças na qualidade e quantidade do muco cervical são utilizados para predizer ovulação. Entre o oitavo dia do ciclo menstrual e a ovulação, pelo aumento dos níveis de estrogênio, a quantidade de muco aumenta, diminui a viscosidade e eleva a concentração de água em relação a outros componentes. Assim, no meio do ciclo, o muco cervical apresenta-se propício para a espermomigração. Nesse período, o muco torna-se transparente e filante. Quando seco na lâmina, o muco assume aspecto de folha de samambaia. Quando o muco se torna mais fluido, reduz-se a resistência à movimentação de suas moléculas (reduz-se a viscosidade), de modo que a filância aumenta. O muco cervical viscoso possui maior resistência à movimentação de suas moléculas. O muco viscoso resulta da ação da progesterona. O muco filante resulta da ação do estrogênio. → Quem usa anticoncepcional, tem chance maior protetora de ascensão de bactérias, pois não forma o muco filante. Durante todos os dias do ciclo, usamos a mesma quantidade de estrogênio e progesterona, então perdemos a mudança do muco. Vagina No epitélio vaginal, o estrogênio possui ação proliferativa e a progesterona, além da ação de proliferação celular, apresenta poder de descamação. → Menacme: mais produção de estrogênio, vagina mais inchada, rosada, epitelizada, espessa, densa. Ao coletar o pré-câncer, não dá uma fissura pois não está ressecada. O estrogênio produz uma vagina mais “bonitinha”, ação proliferativa e a progesterona, além da ação de proliferação celular, apresenta poder de descamação. A vagina possui quatro camadas de células: basal, parabasal, intermediária e superficial. O índice de FROST ou de maturação, avalia a relação existente entre os grupos celulares. É demonstrado através da avaliação de 100 células com resultado: número de células basais, número de células intermediárias, número de células superficiais. Em mulheres pós menopausa, o índice é 100/0/0. Na menacme: 0/20/80. 3 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 → Menopausa: células basais é a base da vagina, mas pela quantidade de estrogênio vou saber o quão espessa é essa vagina; → Menacme: várias células intermediarias e superficiais pois tem ação do estrogênio e progesterona o mês inteiro. Na primeira metade do ciclo, o esfregaço vaginal constitui-se de células eosinófilas isoladas, sem dobras nas suas bordas. É dito “limpo” e os leucócitos estão praticamente ausentes. Na segunda metade do ciclo, o esfregaço é composto por células basófilas dispostas em grupos e que apresentam dobras em suas bordas. É dito “sujo”, com grande número de leucócitos. ▪ Para quem tem problema de fissura, ardência o passar o papel higiênico – utilizar estrogênio creme vaginal para ter uma produção de estrogênio e ficar mais espessa. Mamas As modificações mamárias podem ser observadas tanto no epitélio quanto no estroma. — Na fase proliferativa (1ª), os níveis crescentes de estrogênio acarretam um rápido desenvolvimento do tecido epitelial e, por conseguinte, ocorre um grande número de mitoses. — Na fase secretora (2ª), os níveis crescentes de progesterona, promovem a dilatação dos ductos mamários e a diferenciação das células epiteliais alveolares em células secretoras (acinares). Responsável pelo edema; mama mais inchada e dolorosa. Antes de menstruar podemos ter muita sensibilidade mamaria por causa da progesterona. No período pré-menstrual, há aumento do volume mamário, que resulta do aumento dos níveis de estrogênio e progesterona. O aumento do volume advém de um incremento da circulação local, de edema interlobular e da proliferação ducto-acinar. Durante a menstruação, ocorre diminuição do número de células glandulares, redução do volume celular e discreta redução do volume mamário. Após a menstruação, a queda dos níveis hormonais, promove redução da atividade secretora do epitélio e diminuição do edema local. Síndrome pré-menstrual (SPM) Alterações físicas, psíquicas e emocionais no nosso corpo que faz com que tenhamos mudança de comportamento. A SPM é uma alteração da 2ª fase do ciclo (secretora) e quanto mais perto da menstruação, mais vai se acentuando. Quando a paciente menstrua, começa a passar os sintomas. → Sintomas: aumento da oleosidade da pele, dor de cabeça, cólicas, alteração de humor, alteração de concentração, retenção de líquido, Distúrbio crônico da fase lútea do ciclo; Sintomas físicos, psicológicos e comportamentais – “pavio curto”; Impacto negativo na qualidade de vida; ▪ Sintoma pré-menstrual (90%) ▪ Síndrome pré-menstrual (40%) ▪ Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) (8%) 4 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 Não há hormônios ou marcadores circulantes específicos, não se faz um diagnóstico laboratorial, apenas coletando dados na anamnese; A causa da SPM permanece desconhecida. Há consenso que seja secundária a atividade cíclica ovariana. A menstruação em sim não é fundamental, visto que ocorre em pacientes histerectomizadas. Parece ser consequênciade uma interação complexa entre hormônios ovarianos, peptídeos opióides endógenos, neurotransmissores centrais, prostaglandinas. Não há alteração na dosagem sérica hormonal das mulheres com SPM quando comparada às mulheres normais. → Basta ter ovário para ter a SPM, não precisa menstruar. Menopausa = não tem mais TPM pois tem falência ovariana, não produzem mais quantidade de hormônios ao longo do mês. A SPM e o TDPM devem ser sempre diferenciados de outros sintomas psiquiátricos que se exacerbam no período pré-menstrual. O ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologists) recomenda a realização de diários por 2 a 3 meses consecutivos, e não de apenas um ciclo. 5 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 TDPM: sintomais mais intensos, negativos, que prejudicam ainda mais a paciente. Tensão, nervosismo, muita baixa autoestima. Tratamento ▪ As medidas são individualizadas e incluem intervenções no estilo de vida. É preciso tratar o que a paciente reclama (irritabilidade, inchaço, cefaleia...). ▪ Recomenda-se que as pacientes tenham alimentação equilibrada – proteínas, fibras, carboidratos adequados e baixa ingestão de gordura saturada. Bebidas à base de cola devem ser evitadas. Álcool e outras drogas também devem ser evitadas. ▪ Os exercícios podem aumentar os níveis de endorfinas. ▪ Não depende da quantidade de hormônio que produziu. Diuréticos (Espironolactona) – quando a paciente se acha inchada; Anti-inflamatório – pode usar quando a paciente refere que tem dismenorreia, dor para menstruar, cólica, dor na mama; Anticoncepcionais – efetivo no tratamento quando tenho sintomas físicos; ▪ Durante todos os dias do ciclo, usamos a mesma quantidade de estrogênio e progesterona, então perdemos a mudança do muco. ▪ ISRS tratamento de escolha para SPM e TDPM de alterações de humor, irritabilidade... sertralina, fluoxetina, paroxetina. Uso de forma continua ou intermitente.
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