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ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D. II OBJETIVOS Reconhecer o diagnóstico dos principais nódulos mamários. Entender o laudo histopatológico de câncer de mama. INTRODUÇÃO Inicialmente, o estudo da patologia mamária era feito apenas para entendimento do diagnóstico e estudo das lesões mamárias. Hoje, há também um foco nas lesões benignas, calculando o risco de desenvolvimento de câncer. Aumento da variedade de diagnósticos de lesões benignas: campanhas na imprensa sobre o câncer de mama, incentivo ao autoexame das mamas, popularização do exame mamográfico de rastreio e verificação histológica de novas lesões. FISIOLOGIA Fornecem uma completa fonte de alimentação (lactação) e importante grau de proteção imunológica para a prole. São visíveis e com significado pessoal, sexual, social e cultural. ANATOMIA Localiza-se da 2-3a costela a 6-7a, em mulheres. Alterações periódicas na vida adulta. Ela apresenta de seis a dez sistemas de ductos principais. QUEIXAS PRINCIPAIS/ SINAIS E SINTOMAS Dor (mastalgia ou mastodinia) Massa palpável Granulosidade (encaroçamento) Descarga papilar (láctea, hemorrágica, serosa) Alteração mamográfica MÉTODOS DE IMAGEM MAMOGRAFIA É um exame radiográfico em que serão avaliadas: Densidades - lesões que substituem o estroma adiposo por tecido radiodenso. Calcificações – formadas nas secreções, restos necróticos, estroma. ULTRASSONOGRAFIA (USG) Distingue lesões sólidas das císticas, além de definir melhor mamas jovens (densas). RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RNM) Detecta lesões pela rápida captação de contraste (> vascularização e fluxo sanguíneo tumoral) - padrão ouro para diagnóstico de neoplasias mamárias. HISTOLOGIA Ácino refere-se a qualquer conjunto de células que se assemelha a bagas de framboesa ou uvas. Glândulas exócrinas, de forma geral, tem aspecto acinar: estômago, pâncreas, fígado, glândulas mamárias, sebáceas, lacrimais, prostáticas etc. 2 estruturas: Ductos e lóbulos ou ácinos (unidade ducto lobular terminal UDLT). 2 tipos de células epiteliais: Células mioepiteliais contráteis contendo miofilamentos que auxiliam na sustentação dos lóbulos. Células epiteliais luminais revestem as células mioepiteliais. 2 tipos de estroma Intralobular (envolve os ácinos dos lóbulos e consiste de células similares aos fibroblastos) e interlobular (denso tecido conjuntivo fibroso, misturado com tecido adiposo). Mesênquima (vasos, tecido adiposo etc) Mamilo (desembocam ductos principais): transição epitélio escamoso ceratinizado para glandular. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D. II TDLU (unidade ductal terminal lobular) LESÕES EPITELIAIS BENIGNAS Ocorrem com alta frequência e, em geral, são assintomáticas e detectadas por alterações mamográficas ou incidentalmente. São classificadas de acordo com o risco subsequente de desenvolver câncer de mama. A maioria não é precursora do câncer, mas se reduz o risco de evolução caso se faça cirurgia e/ou acompanhamento. ALTERAÇÕES FIBROCÍSTICAS DA MAMA Cistos (são formados pela dilatação e desenvolvimentos dos lobulos), fibrose, metaplasia, ectasia ductal e hiperplasia ductal sem atipias. Mastopatia fibrocística: considerada um desvio da normalidade (resposta tecidual ao estrógeno). 50% das mulheres clinicamente normais apresentam esta alteração. OBS.: Adenose: aumento do número de ácinos por lóbulo. Ocorre fisiologicamente durante a gestação e patologicamente como uma alteração focal. GINECOMASTIA Aumento das mamas (uni ou bilateral) nos homens devido a um desequilíbrio entre estrogênio e androgênio. O hiperestrogenismo pode ocorrer por cirrose hepática, falência da produção androgênica testicular, uso de drogas e anabolizantes. Morfologicamente, ocorre um aumento no denso tecido conjuntivo colagenoso e marcante hiperplasia epitelial micropapilar dos ductos de revestimento. As células epiteliais individuais são bastante regulares, células colunares a cuboides com núcleo regular. Formação lobular é rara. NÓDULOS BENIGNOS Tumores estromais da mama: tumores bifásicos (componentes epitelial e estromal intralobular) FIBROADENOMA O estroma com frequência se torna densamente hialinizado após a menopausa e pode calcificar. Grandes calcificações lobuladas têm aspecto mamográfico característico, mas calcificações pequenas podem aparecer agrupadas e requerem biópsias para excluir a possibilidade de carcinoma. Nódulo mais comum em mulheres jovens (em mulheres mais idosas, atrofia epitelial e hialinização estromal). Associação de fatores complexos = grupo de risco. Macroscopia: nódulos bem circunscritos, ovais ou arredondados, de coloração branca a acinzentada, com contorno/bordas lisas, consistência elástica. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D. II Microscopia: proliferação de estroma intralobular, envolvendo e distorcendo o epitélio ductal associado. Estroma pouco celular, sem figuras de mitose. Pode ser mixoide ou hialinizado. Alterações complexas: cistos maiores que 3mm, adenose esclerosante, calcificações epiteliais, metaplasia apócrina (na glândula apócrina) e pode surgir um carcinoma no componente epitelial do fibroadenoma. Pode causar um carcinoma dentro de um fibroadenoma (em volta dele). TUMOR FILOIDE Geralmente após a idade de incidência do fibroadenoma (após os 40 anos). Originam-se do estroma intralobular. Antigo cistossarcoma phyllodes. Espectro benigno, borderline (localmente agressivo) e maligno. Casos malignos tendem a recorrência local e apenas raramente metastatizam (componente estromal). Por isso, devem ser excisados com amplas margens ou por mastectomia para evitar recorrência local. Como os sarcomas em geral, metástase hematogênica. Muito raramente disseminação linfática. Mascroscopia: nódulos bem circunscritos (no caso do pólo benigno), ovais ou arredondados, de coloração branca e acinzentada, com protusões bulbosas ou fendas. Microscopia: comparado ao fibroadenoma, há um aumento da celularidade estromal, atipia citológica e crescimento excessivo do estroma, dando origem a arquitetura de folhagem. IMPORTANTE!! Considerar a variabilidade desses aspectos em relação ao espectro da natureza biológica do tumor, se benigno, borderline ou maligno. Benigno Borderline Maligno TRATAMENTO Fibroadenoma: nódulectomia Tumor filoide benigno e borderline: retirados com margem de segurança Tumor filoide maligno: mastectomia simples. LESÕES EPITELIAIS MALIGNAS DA MAMA = CÂNCER DE MAMA Neoplasia maligna extracutânea mais comum em mulheres. É a segunda causa de morte por câncer no mundo e a principal causa de morte por câncer em mulheres (520 mil). Mortalidade de cerca de 20%. Todas as neoplasias se originam de mutações no DNA. ETIOPATOGENIA Esporádico (cerca de 90%): Fatores de risco: exposição hormonal (ser do gênero feminino, idade de menarca e menopausa, histórico reprodutivo, amamentação e estrógenos exógenos). Hereditário (cerca de 10%) Cópia anormal de gene supressor tumoral BRCA1 e 2, TP53, CHEK2. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D. II CLASSIFICAÇÃO Morfológica: In situ X invasor (localização e extensão) Ductal X lobular (não significa origem mas sim padrão arquitetural e citológico) Perfil de expressão genética: Luminais X HER2/neu + fenótipo basal (marcadores de RH, HER2 e de células mioepiteliais). CDIS -> CDI (CDIS evolui para CDI) Baseia-se na progressão das lesões no modelo multi-step linear, que não é mais unanimidade na literatura. CDIS = Carcinoma Ductal in situ CDI = Carcinoma Ductal Invasor O risco de desenvolvimento do câncer vaido seu grau histológico. Nem todo CDIS evoluirá para CDI! EVOLUÇÃO MOLECULAR DO CÂNCER DE MAMA Quanto maiores forem os níveis de instabilidade genética identificados, maiores serão as alterações proliferativas e atipias vistas ao microscópio óptico. A probabilidade de uma etiologia hereditária aumenta com múltiplas parentas de primeiro grau afetadas, quando as mulheres são afetadas antes da menopausa e/ou tem múltiplos canceres específicos. Grau nuclear é fortemente associado com o número e o padrão de anormalidade genética. Grau histológico I Bem diferenciado e carcinoma tubular: baixo número de anormalidades genéticas 16q loss Grau histológico III Pouco diferenciados, fenótipos basais Complexas anormalidades genéticas Perda do 11q, 14q, 8p, 13p. Ganho do 17q, 8q, 5p. Amplificação do 17q22-24, 6q22, 8q22, 11q13 e 20q13. Rara perda do 16q. OBS.: Com isso, observa-se que um câncer de mama de grau histológico I raramente evoluirá para grau III, pois no I existe a perda do 16q e no grau III raramente perde o 16q. Logo, o que se nota é que o câncer de mama de baixo grau não atinge os outros tecidos como alto grau, pois ele não se transforma em alto grau. Ele invade o tecido como baixo grau e o de alto grau, invade os tecidos como alto grau e é muito mais perigoso. Baixo grau X Alto grau Diferentes alterações genéticas -> rara progressão de lesões de baixo grau para lesões de alto grau. A classificação do câncer de mama se dá por: estadiamento, tipo histológico, grau histológico, expressão de receptores hormonais, amplificação gênica do HER2, K167 e classificação molecular. Os cânceres mais jovens tendem a ser por conta de uma hereditariedade. Pois a pessoa já recebe o DNA mutado, e ao longo da vida, quando há mais alguma alteração, acaba desenvolvendo o câncer. VIAS GENÉTICAS PRINCIPAIS DA CARCINOGÊNESE EM MAMA (CLASSIFICAÇÃO GENÉTICA OU MOLECULAR) Carcinoma com RE (receptor de estrogênio) positivo e HER2 negativo (Via dominante 50-65% dos casos, herança BRCA2). Carcinoma HER2 positivo (aproximadamente 20% dos casos, amplificações do gene HER2 cr 17q, mutações ligadas ao TP53 – sd Li-Fraumeni). Carcinoma RE negativo e HER2 negativo (via menos compreendida, cerca de 15%, mutações BRCA1 ou falta de expressão do mesmo em casos esporádicos). Se a paciente tiver HER2 positivo, tem um tratamento especial, que não funciona em pacientes de HER2 negativo. CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA (HISTOPATOLÓGICA) Os carcinomas in situ podem ser: Ductal Lobular. Os carcinomas invasores da mama podem ser: ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D. II Tipo não especial (TNA) – antigo carcinoma ductal invasor SOE. Tipo especial: lobular, tubular, medular, mucinoso, papilar, secretor, inflamatório etc. CARCINOMA DUCTAL IN SITU Termo usado para descrever proliferação de células epiteliais malignamente transformadas, que permanecem em seu sitio de origem, confinadas pela membrana basal. Ausencia de vasos sanguíneos ou linfáticos na camada epitelial inviabiliza metástases. Ultraestruturalmente há descontinuidade da membrana basal e extensão celular. As células mioepiteliais estão preservadas, apesar de poderem estar em menor número. A conservação da mama é apropriada para muitas mulheres, mas resulta em um leve risco de recorrência. Os principais fatores de risco para recorrência são: grau, tamanho e margens. CARCINOMA LOBULAR IN SITU (CLIS) Proliferação clonal de células descoesas (perda da PTN de adesão E-cadeina) com núcleo oval e nucléolo pequeno. Não altera os espaços envolvidos (apenas preenche). Se elas não são coesas, ela forma aberturas brutais, ela forma uma massa sólida de célula. Geralmente é um achado incidental de biopsias não associadas à microcalcificação ou reações estromais que produzem densidade mamográficas. Invade em fila indiana. Porque não tem E- cadeina (é um tipo especial). CARCINOMA MAMÁRIO INVASOR, TIPO NÃO ESPECIAL Grau I: proliferação epitelial infiltrativa com padrão tubular, núcleos com atipias leves. Grau II: também arranjo tubular, mas grupamentos sólidos e células malignas isoladas. Maior grau de atipia nuclear. Grau III: infiltram na forma de ninhos desorganizados ou células soltas com núcleo aumentado e irregular. Um carcinoma invasivo é aquele que já saiu do seu local de origem e alcançou vasos, músculos, parede... TIPO ESPECIAL: CARCINOMA INFLAMATÓRIO Células cancerígenas bloqueiam os vasos linfáticos da pele que recobrem a mama. Forma rara e mais violenta de carcinoma localmente avançado. Ele não causa uma inflamação, mas os aspectos são muito semelhantes. Causa hiperemia, calor, edema cutâneo, equimoses e mastalgia. 50% não apresenta lesão palpável, apresenta a evolução rápida. A idade de aparecimento é menor que a média dos casos de câncer de mama. Geralmente possui receptor hormonal negativo. Uma biópsia pode demonstrar embolização dos linfáticos subdérmicos. Doença de péssimo prognóstico. A média de sobrevida é de menos de 2 anos. Pele em aspecto de casca de laranja. FATORES PROGNÓSTICOS Elementos com impactos sobre o comportamento da doença: 1. Envolvimento axilar 2. Tamanho do tumor 3. Tipo histológico 4. Grau histológico 5. Grau de prognóstico de Nottingham 6. Receptores hormonais (receptores de estrogênio e receptores de progesterona). 7. HER2/neu positivo (C-ERB-B2) 8. Invasão linfática e sanguínea ESTADIAMENTO É o processo para determinar a localização e a extensão do câncer presente no corpo de uma pessoa. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D. II In situ: prognóstico excelente Metástases à distância: uma vez presentes, a cura é improvável, apesar de longos períodos remissivos (tratamentos) especialmente nos tumores RH-positivos. Metástase linfonodais: sem envolvimento ganglionar taxa de sobrevida de 10 anos, que é igual a 70%-80%. Com metástase ganglionar essa taxa cai para 30-40%; LINFONODO SENTINELA AXILAR É importante saber quem é o linfonodo sentinela! É feita uma marcação por corante para saber qual é o sentinela (não é uma garantia de 100%). É o primeiro linfonodo da via de drenagem (geralmente). Se tem tumor no linfonodo sentinela, então será preciso a retirada dos gânglios axilares, mas se não tiver tumor, ele não passar adiante, então a cirurgia para ai. IMPORTANTE!!! Pode ser que ele tenha “pulado” o primeiro linfonodo e está nos outros, levando o tumor adiante, mas normalmente isso não ocorre. Se for retirada toda a cadeia linfática da axila a mulher pode ter um linfedema no braço, não pode mais fazer cutícula, pegar as crianças no colo... CÂNCER DE MAMA MASCULINO Raríssimo (risco de 0,11% durante a vida). Fatores de risco e patogenia semelhantes a da mulher. Em geral, apresentam-se como nódulos subareolares palpáveis e/ou descargas papilares Tumores pequenos podem fazer invasão de pele e parede torácica. Geralmente RE positivos. Tratamento semelhante ao da mulher.
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