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RESUMO – OTORRINOLARINGOLOGIA | GUILHERME GOMES (@GUI.GS) HIPERTROFIA ADENOAMIGDALIANA DEFINIÇÃO: • Adenoides (popularmente conhecidas como carne esponjosa): são duas estruturas linfáticas localizadas de cada lado, no fundo das fossas nasais, na rinofaringe, região de passagem do fluxo aéreo nasal, caixa de ressonância da fala e local de abertura das tubas que comunicam o ouvido ao nariz. • Juntas com as amígdalas elas fazem parte do chamado Anel Linfático de Waldeyer, uma formação linfoide situada nos limites entre as cavidades nasais, bucais e a garganta. • As adenoides e as demais estruturas linfoides aí localizadas têm uma função imunológica de defesa local e produzem anticorpos. CAUSAS: • As adenoides aumentam de volume nos primeiros anos de vida em resposta a estímulos antigênicos, mas começam a regredir por volta dos seis, sete anos de idade até que na adolescência restam apenas resíduos delas. • Em algumas crianças elas podem estar muito aumentadas de tamanho ou infectadas de maneira crônica, perdendo assim sua função imunológica e gerando problemas de saúde. • A hipertrofia tardia das adenoides e as adenoidites geralmente estão associadas às infecções das amígdalas. QUADRO CLÍNICO: • Como as adenoides se comunicam com o nariz, a garganta e o ouvido, a hipertrofia delas e as adenoidites podem, além de prejudicar a respiração, obstruir a abertura da tuba auditiva e gerar complicações como otites de repetição e perdas auditivas. • A hipertrofia das adenoides pode levar a problemas respiratórios como roncos, apneia do sono e sinusites, além de problemas auditivos. • A obstrução nasal crônica leva à respiração bucal e a problemas ortodônticos, como desalinhamento da arcada dentária e alterações do crescimento dos ossos da face, sobretudo dos maxilares. • A redução de oxigenação durante o sono ocasiona diversos problemas no desenvolvimento da criança, como hiperatividade, queda do rendimento escolar e outros problemas comportamentais como dificuldade de concentração, irritabilidade, sonolência diurna, voz anasalada e falhas no crescimento. • Na tentativa de aumentar o espaço para a passagem de ar, a criança tende a jogar a língua para frente e para cima, com isso empurrando os dentes para frente e o céu da boca para cima, o que resulta, ao longo de anos, numa protrusão dentária e num palato curvo para cima. • Essa deformidade palatal, por sua vez, prejudica o septo nasal, causando um desvio de septo na vida adulta. DIAGNÓSTICO: • O diagnóstico da hipertrofia das adenoides e das adenoidites é feito a partir dos sinais e sintomas da doença e de exames como endoscopia nasal e radiografias, que podem ajudar a esclarecer o problema à medida que permitem avaliar a gravidade da obstrução que a hipertrofia das adenoides impõe à passagem de ar pela rinofaringe. CLASSIFICAÇÃO: • Durante o exame otorrinolaringológico, deve-se avaliar o tamanho das tonsilas palatinas, que foram classificadas em cinco diferentes graus, dependendo da magnitude da obstrução determinada no nível da orofaringe, conforme a escala de Brodsky e Koch: TRATAMENTO: • A cirurgia é indicada quando a hipertrofia das adenoides ou as adenoidites causam otite de repetição, perda auditiva, apneia do sono ou quando a obstrução nasal é tão grave que a criança só consegue respirar pela boca. RESUMO – OTORRINOLARINGOLOGIA | GUILHERME GOMES (@GUI.GS) • No mesmo ato cirúrgico podem também ser removidas as amígdalas, caso estejam comprometidas por infecções de repetição e presença constante de pus. • A cirurgia, contudo, é uma opção depois que o tratamento farmacológico não tenha apresentado resultados satisfatórios. • Trata-se de uma cirurgia simples e que não afeta o sistema de defesa local, porque as outras estruturas são capazes de desempenhar essa função integralmente. • O procedimento deve ocorrer em centro cirúrgico, sob anestesia geral, e as adenoides são removidas através da boca. • Normalmente o paciente pode retornar para casa no mesmo dia do procedimento. 1. Adenoamigdalectomia: Obstrução de vias respiratórias superiores: roncos primários, síndrome da resistência de vias aéreas superiores, síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS). Disfagia e alteração de fala. Crescimento dento-facial anormal. Halitose. 2. Amigdalectomia: Infecção de repetição persistente. 3. Adenoidectomia: Sinusite recorrente ou crônica. Otites médias. Obstrução respiratória. Suspeita de neoplasia. PREVENÇÃO: • Não há como prevenir a hipertrofia das adenoides, mas lavar a cavidade nasal com soro fisiológico ou com solução salina pode impedir que elas inflamem. COMPLICAÇÕES: • A remoção das adenoides não traz prejuízo para o sistema de defesa da criança e seu estado geral melhora com a eliminação de um foco infeccioso e da obstrução respiratória. AVALIAÇÃO CLÍNICA: 1. Anamnese: • História clínica detalhada: quantificação das queixas por meio de perguntas referentes a qualidade de vida, frequência de sintomas, alterações comportamentais, etc. • Apesar de muitas vezes somente queixas como obstrução nasal e roncos serem valorizadas pelos pacientes e familiares, muitos outros sinais e sintomas importantes devem ser investigados. Um exemplo é o questionamento sobre a ocorrência de apneias à noite, que, muitas vezes, é negada pelos pais, mas que pode ser confirmada pela filmagem do sono ou a documentação por um exame do sono. • Nos dias atuais, aspectos comportamentais e relacionados ao desenvolvimento neuropsicomotor ganham destaque em razão das consequências que um sono inadequado ocasionado pela hipertrofia dos tecidos linfoides do anel de Waldeyer determinam. 2. Exame Físico: • O exame da oroscopia deve permitir uma visualização adequada da orofaringe. • Polos superiores: guarda uma relação de tamanho normal e pode levar o profissional a não perceber o problema nesse caso, pode ser feita uma rinoscopia posterior e laringoscopia indireta com espelhos ou exames de imagem. • Polos inferiores: muitas vezes, a hipertrofia ocorre isoladamente nessa região com consequências importantes na área de passagem do ar quando o paciente fica em decúbito dorsal. • OBS: A rinoscopia anterior com espéculos nasais não é apropriada para avaliação da rinofaringe, mas podem- se observar alterações relacionadas à obstrução nasal crônica. ALTERAÇÕES DE EXAME FÍSICO EM PACIENTES COM HIPERTROFIA ADENOTONSILAR: • Impressão geral: alterações posturais, hipotonia da musculatura da face, lábio inferior evertido, fenda labial, olheiras. • Alterações posturais: escápulas aladas, pectus excavatum, hipercifose, pé plano. • Alterações ortodônticas: mordida cruzada, mordida aberta, palato ogival, apinhamento dentário, presença de cáries. RESUMO – OTORRINOLARINGOLOGIA | GUILHERME GOMES (@GUI.GS) FARINGOTONSILITES INTRODUÇÃO: • A faringotonsilite é um grupo de doenças inflamatórias e infecciosas que acometem a faringe, as tonsilas palatinas e as tonsilas faríngeas, sendo um dos principais distúrbios encontrados em ambulatórios de otorrinolaringologia, sendo popularmente conhecidas como “amigdalites” ou “dor de garganta”. • Mais comuns na infância, têm seu pico de incidência no inverno e primavera, podendo variar entre quadros leves e intensos. • A etiologia é bastante variada, podendo ser viral, bacteriana ou não infecciosa. • A transmissão ocorre por gotículas de saliva e tem período de incubação de cerca de 1 a 4 dias. • No Brasil, 24% das faringotonsilites em crianças entre 2 e 12 anos são causadas por estrectococo beta- hemolítico do grupo A. • As tonsilas palatinas (também conhecidas como amígdalas) representam o maior grupamento de tecido linfoide da orofaringe. • A tonsila faríngea (também conhecida como adenóide) é um agrupamento de tecido linfoide localizado na região póstero-superior da nasofaringe.• As tonsilas linguais são uma massa de tecido linfoide localizada de forma desorganizada na base da língua. ETIOLOGIA: • Vários vírus, bactérias e fungos podem causar faringotonsilites. • Entre os vírus, os agentes mais comuns são: rinovírus (20%), coronavírus (5%), adenovírus (5%), herpes simples (4%), influenza (2%). Outros vírus comuns são parainfluenza, Coxsackie, vírus sincicial respiratório e vírus de Epstein-Barr. • Dentre as etiologias bacterianas, o estreptococo beta- hemolítico do grupo A (EBHGA) representa cerca de 20- 30% dos casos, seguido por hemófilos, moraxela, estafilococo dourado e pneumococo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 1. Virais: • Dor faríngea, disfagia, tosse, febre baixa, coriza hialina, espirros e mialgia. • Ao exame físico se observa hiperemia e edema de farin- ge e tonsilas palatinas, podendo ter, raramente, presença de exsudato. • Linfadenomegalia cervical também é comum. • Costuma ser uma infecção autolimitada com resolução espontânea em após cerca de 7 dias. OBS: As infecções virais pelo vírus coxsackie A, apresentam algumas peculiaridades. O seu principal sinal é a presença de vesículas nas tonsilas, pilares anteriores, palato e faringe posterior, que evoluem para úlceras esbranquiçadas circundadas por um halo eritematoso. É acompanhada de febre, disfagia, vômitos, cefaleia e polimicroadenopatia cervical. Também tem resolução espontânea em cerca de 10 dias. OBS: Mononucleose infecciosa: Faringotonsilite causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), que tem potencial para evoluir para doença sistêmica. Sua tríade clássica é marcada por febre, faringite e poliadenopatia. Ao exame físico se observa eritema e edema tonsilar com presença de exsudato e presença de poliadenopatia dolorosa difusa. Geralmente, os sintomas duram poucas semanas, sendo a adenomegalia e a fadiga os de maior duração, podendo durar por até 6 meses. Casos mais graves podem evoluir com hepatoesplenomegalia, edema periórbitário e meningite. 2. Estreptocócica: • Dor faríngea de início súbto, odinofagia, e otalgia refle- xa. • O paciente apresenta febre de intensidade variável que pode estar associada à queda do estado geral. • Ao exame físico é observado hiperemia e edema tonsilar, com exsudato purulento e adenomegalia em cadeia jugulo-digástrica. FORMAS CLÍNICAS: • Eritematosas: hiperemia difusa e aspecto congesto de toda a mucosa faríngea, principalmente das tonsilas palatinas, podendo ou não estar exsudato esbranquiçado- 90% dos casos – etiologia viral. • Eritemato-Pultáceas: presença de exsudato esbranquiçado ou purulento, localizado nas criptas e na superfície das tonsilas palatinas – etiologia bacteriana. • Pseudomembranosa: formação de placas mais ou menos aderentes às amígdalas, que frequentemente invadem o palato mole e úvula – difteria. • Úlcero-Necróticas: presença de formação de úlceras profundas, com necrose de tecido – angina de Plaut Vincent. • Vesiculosas: presença de vesículas ou de úlceras superficiais que ocorrem devido a erupção das vesículas – herpes e herpangina. RESUMO – OTORRINOLARINGOLOGIA | GUILHERME GOMES (@GUI.GS) COMPLICAÇÕES: • Faringotonsilite estreptocócica: Abscesso periamigdaliano, Parafaríngeo, Febre reumática e Glomerulonefrite difusa aguda. OBS: A febre reumática é definida pela presença de 2 critérios maiores ou 1 critério maior e 2 menores. EXAMES COMPLEMENTARES: • Cultura de orofaringe: exame padrão-ouro para confirmação de EBHGA, porém leva entre 18 e 48 horas para se obter o resultado, o que atrasa o início do tratamento. • Teste rápido: com método de ELISA, que apresenta resultado em cerca de 15 minutos, com sensibilidade de 30 a 90% e especificidade de 95%. TRATAMENTO: • Infecções Virais: o tratamento não é especifico, sendo baseado em sintomáticos, para alívio da dor. Utiliza-se, então, analgésicos simples e anti-inflamatórios. • Infecções bacterianas: Com exceção das infecções por estreptococo beta-hemolítico do grupo A, as faringotonsilites bacterianas também não precisam de tratamento antibiótico específico, apresentam curso autolimitado, com resolução espontânea. Então, o uso de sintomáticos para controle da dor também é indicado. • Tratamento Cirúrgico: A exérese cirúrgica da tonsila palatina pode ser indicada em algumas situações, como 7 ou mais episódios de faringotonsilite em 1 ano ou 5 ou mais episódios por ano em 2 anos consecutivos. Cada episódio dever ter temperatura axilar maior que 37,8, linfadenomegalia cervical maior que 2 cm, exsudato amigdaliano ou cultura positiva para EBHGA e tratamento antimicrobiano adequado.