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A LUTA PELO DIREITO

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FILOSOFIA DO DIREITO
RESENHA
O DIREITO SE CONQUISTA ATRAVÉS DAS LUTAS
IHERING, Rudolf von, 1818-1892. A luta pelo direito / Rudolf von Ihering; tradução João de Vasconcelos. São Paulo: Martin Claret, 2009, 110 páginas. (Coleção a obra-prima de cada autor)
A Luta pelo Direito (em alemão Der Kampf um's Recht) é resultado de uma palestra proferida pelo autor na Sociedade Jurídica de Viena em 1872, posteriormente desenvolvida e transposta para o papel.
O livro é apresentado inicialmente com um prefácio seguido de introdução e dois capítulos, e nestes o autor busca mostrar que o caminho para alcançar a paz tão desejada pelos homens, é o caminho da luta. Ele aborda como temática principal a necessidade dos esforços individuais para se atingir a paz que o direito tanto visa. Para ele o direito não seria só uma ideia, tal ciência se mostraria como autoridade plena, sendo uma constante luta.
No prefácio escrito pelo próprio autor, ele relata um pequeno histórico da obra, a qual foi resultado de uma conferência na Sociedade Jurídica de Viena, abordando que esta obra se trata de uma tese de moral prática, devendo esta constituir a força suprema do direito.
Inicialmente Ihering apresenta a luta como sendo elemento essencial para a defesa do direito, já que a finalidade deste é a paz. Diante disso a paz desfrutada não surgiria de forma espontânea, ela seria o resultado do trabalho e da luta. E seria também através da luta que o Estado manteria sua ordem jurídica. Ainda neste capitulo ele apresenta uma contraposição entre as teorias desenvolvidas por Savigny e Puchta sobre o surgimento do direito. Tais autores acreditam que o direito possa surgir sem grandes esforços, de uma forma natural e que seja imperceptível na sociedade. A luta não seria necessária, em razão da existência de um alto poder de convicção que levaria os indivíduos a uma submissão e consequentemente estes indivíduos passariam a transferir tal conduta prescrita na norma aos seus atos. Ihering discorda deste argumento apresentando o fato de que a maioria dos direitos conquistados foram produtos de grandes lutas. Ele afirma que os novos direitos travam lutas para impor-se perante um direito já pré-existente visto que este será defendido por quem nele manifestar interesse. Ele traz ainda a diferenciação entre direito subjetivo e direito objetivo, sendo o direito objetivo o que compreende os princípios jurídicos utilizados pelo Estado (a lei), também conhecido como direito abstrato; e o direito no sentido subjetivo, conhecido como direito concreto, representa a atuação concreta da norma abstrata, de que resulta uma faculdade específica de determinada pessoa. O autor declara que a teoria que irá defender no livro está mais relacionada com o conceito de direito subjetivo, sem esquecer o direito objetivo.
No primeiro capitulo que tem por titulo “a luta pelo direito é um dever do interessado para consigo próprio”, o autor apresenta a ideia de que todo ser tem o instinto de conservação da sua existência, porém os humanos possuem também a necessidade de defender a existência da moral. Diante disso cabe ao direito esse papel, tanto de proteger a integridade física dos indivíduos como a moral. O autor atribui à defesa do direito um dever de conservação da própria moral. Para ele, aceitar uma injustiça de forma pacifica é abandonar a moral, todavia ele aponta que a única hipótese justificável para o “abandono” do direito seria aquela que a luta por ele põe em risco a sua própria existência do ser. Para o autor só se conhece verdadeiramente o direito quando se experimenta a dor da injustiça. A luta pelo direito concreto ocorre quando ele é violado ou negado. Essa luta não busca o objeto de um litígio, apenas a afirmação de um sentimento de justiça. 
Ihering considera que a defesa do direito faz parte de uma espécie de auto conservação moral de todos os homens, e defende que a ausência dessa defesa provocaria um verdadeiro suicídio moral, pois, sem o direito o homem seria “reduzido” as mesmas condições que os animais irracionais. A defesa do direito seria um dever da própria conservação moral do homem. A relação existente entre o direito abstrato e concreto seria cada vez mais estreita. No direito abstrato o homem defende o seu direito individual, porém de certa forma defende também todo o direito em sentido amplo. Na defesa do seu direito o indivíduo defende a lei e de forma indireta defende também a ordem vital da comunidade. Ihering afirma que para a efetivação do direito e da Justiça num país não basta apenas que os órgãos que são responsáveis pela sua garantia (juízes e a polícia) trabalhem arduamente, é necessário também que cada um, individualmente, lute contra a ilegalidade e as injustiças. 
No segundo capitulo intitulado “a defesa do direito é um dever para com a sociedade” Ihering apresenta a relação existente entre o direito objetivo e o subjetivo. O primeiro seria a norma jurídica propriamente dita, e o segundo seria o privilégio que um indivíduo tem para fazer valer o direito sobre seus interesses individuais. Não existe direito concreto sem que haja uma regra jurídica abstrata. A essência do direito é a sua realização prática da norma que se encontra positivada em sendo ordenamento. Para a “manutenção” de uma nação é necessário que seus indivíduos tenham o sentimento de justiça vivo dentro de si. 
Para Ihering a luta pelo direito traduz-se em um dever que a pessoa tem consigo e também com a sua comunidade. Ao lutar pelo seu direito individual, o cidadão está defendendo também o direito de seu povo, de sua nação, e assim seria também em sentido inverso. Todo homem deve buscar combater as injustiças não só por uma questão por uma social, mas também por uma questão moral, para que dessa forma, através da luta, ele sirva de exemplo aos demais e, de uma forma indireta, aumente a proteção despendida pelo direito à sociedade, que consiste no trabalho ininterrupto de todo o seu povo e do aparato público do país. O poder e avanço de uma nação, e a forma como ela se defende das agressões que possa vir a sofrer é o reflexo da força moral de seu povo, de como esse povo luta contra as injustiças que sofre no âmbito privado. 
Ihering apresenta ainda uma comparação entre o direito alemão e o direito romano. Para ele os romanos tinham um sentimento do direito justo pautado na valorização da moral, onde as punições não visavam apenas o valor monetário, mas se buscavam resguardar a moral do cidadão condenado. Já no direito atual, percebe-se uma inversão, ao passo que tudo se resume na conversão do direito em dinheiro, e este direito é considerado pelo autor como perdido, mas nem por isso deve-se abandoná-lo, pois é o mesmo que desistir do direito. Ihering afirma ainda que este direito não ser é capaz de realizar o verdadeiro sentimento de justiça pelo fato de que ele visa valores essencialmente materialistas. Ele ressalta ainda que esse materialismo vem se sobrepondo como principal objetivo da luta ao invés da percepção de prazer em defender sua honra, seu direito e seu país.
O autor conclui a sua obra reafirmando que o direito é uma constante luta. Ele prioriza o estímulo aos cidadãos para a defesa de seus direitos, pois estes quando não são devidamente defendidos se tornam inválidos. 
Apesar de ser uma obra escrita há muito tempo, o livro fornece opiniões que se mostra de grande valia para a sociedade atual. Ele aborda uma temática pertinente em qualquer que seja a época que ele seja lido e serve de objeto de reflexão, pois instiga a análise das práticas jurídicas que se encontram vigentes e traz uma reflexão ao abandono do comodismo que distancia a lei da grande maioria das pessoas. O direito deve ser visto com responsabilidade e respeito, como algo que se encontra em constante e gradual transformação; e somente através da luta, da participação e do interesse dos indivíduos, que são indispensáveis, é possível construir uma sociedade mais justa. 
A ideia principal defendida por Ihering de que o direito é produzido através de lutas vai de encontro aos acontecimentosque vem ocorrendo na nossa sociedade. Essa luta defendida por Ihering significa que não devemos ser omissos quando temos ou presenciamos a violação de algum direito, seja ele individual ou coletivo, é preciso batalhar em busca da justiça, e essa luta consiste em ser simplesmente a participação e o interesse dos indivíduos, as quais são indispensáveis para que não se estabeleça um dogmatismo. O conflito entre o que está positivado no ordenamento jurídico e os reais interesses do povo é o que motiva a evolução da sociedade e consequentemente do direito.

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