Buscar

ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL PARA CRIMES DE MÉDIA GRAVIDADE; JUIZ DE GARANTIAS e o ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITOS POLICIAIS, advindos no Pacote Anticrime (Lei nº 13 96419)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Acordo de Não Persecução Penal em Crimes de Média Gravidade; Juiz de Garantias e o Arquivamento de Inquéritos Policiais, Advindos do Pacote Anticrime 
ALUNO: Hugo Galiza Calixto Saraiva de Alencar
Fundamentado como um conceito de solução de conflitos recém introduzido no sistema normativo brasileiro, o acordo de não persecução penal busca mitigar o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública incondicionada para crimes de pequena e média gravidade, visto que a ação supracitada impõe a persecução de todo delito que ocasionalmente venha a acontecer. Associado a isso, concebemos a inclusão da figura do juiz de garantias com o advento do pacote anticrime, visto que este possui estrita competência no que diz respeito a homologação do acordo na fase pré-processual; fase em que podemos encontrar instrumentos compreendidos no rol das providências instrutórias a cargo da autoridade policial, como por exemplo, o inquérito policial e o seu arquivamento. 
De início, é notório destacar que o acordo de não persecução penal foi introduzido a priori pela resolução 181/17 do Conselho Nacional do Ministério Público e logo após foi plantado no Código de Processo Penal através da lei 13.964/19. Isso porque trata-se de uma espécie de medida despenalizadora que foge do tradicionalismo do modelo de persecução penal, que é centrado na política de encarceramento, dessa forma, causando grandes mudanças no sistema. Tendo em vista o novo modelo, a pena criminal é substituída por medidas alternativas, quando se tratando de infrações de pequena e média gravidade. Prova disso recai na busca desenfreada por soluções de conflitos sociais por meios menos ortodoxos, mais alinhados no tempo atual, visto que a complexidade social tende a crescer cada dia mais. Isso demostra a necessidade desse acordo. Pois o mesmo é de ampla aplicabilidade, podendo ser posto em prática em todas a infrações, independentemente do bem jurídico tutelado, portanto, sendo cabível até mesmo nos delitos contra Administração Pública e nos crimes eleitorais. Segundo descreve o artigo 28, parte A, do Código de Processo Penal, são requisitos para a disposição do Acordo de Não Persecução Penal, o caso não ser de arquivamento do inquérito policial, a existência de confissão formal e circunstancial, o delito não ter sido praticado mediante emprego de violência ou grave ameaça e ter cominada pena mínima inferior a quatro anos, além de ser a medida necessária e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
Em segunda análise, é indubitável que, com a recente inclusão do Juiz de Garantias pelo Pacote Anticrime, os processos penais passam a ser acompanhados por dois juízes. O primeiro magistrado seria responsável pelas sentenças e pelas apurações, enquanto o Juiz de Garantias se responsabilizaria pela parte investigativa. Tendo essa perspectiva, o resultado disso, seria uma seleção das funções jurisdicionais, quais sejam, de julgamento ou investigação. Consequentemente, a novidade trouxe consigo um burburinho e com ele, argumentos favoráveis e desfavoráveis, são eles, respectivamente: a imparcialidade nas decisões finais, visto que os dois juízes analisariam o mesmo caso, além da divisão de tarefas que facilitaria o detalhamento do caso; o seu ponto negativo entraria na seara temporal, visto que a mora processual seria inevitável em casos mais complexos. Outro ponto que vale ressalva, em se tratando do arquivamento de inquérito policial, é o de que o Poder Judiciário não apreende, em regra, a competência para revisitar essa deliberação ministerial de arquivamento. Destarte, toda e qualquer decisão que envolva a fase de investigação preliminar cabe ao Juiz de Garantias, conforme destaca o artigo 3, parte b, do Código de Processo Penal; isso acontece devido a nova estruturação acusatória do Código.
Dessa forma, tem-se que, assim como a maioria das novidades, o Acordo de Não Persecução Penal está suscitando debates sobre seu processo estrutural e sua palpável aplicação. Não existe a possibilidade negativa que esse instituto compõe um marco expressivo para o desafogamento do sistema Judiciário, até mesmo, para a efetivação concreta da jurisdição penal. É evidente que o sistema processual nacional sofre uma disfunção em sua realidade; a mora da tramitação de processos é demasiada e há menos efetividade, com isso, há um exagerado número de processos que se findam com o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva estatal. Logo, é notadamente acertado o entendimento que se deve concentrar as energias dos órgãos jurisdicionais na persecução de crimes de maior gravidade, buscando finalmente a efetiva punição aclamada pela sociedade. No entanto, é de grande importância ter ressalvado, sem prejuízos os direitos fundamentais. Ademais, é perceptível que, para o Juiz de Garantias, em seu controle da legalidade investigativa deve ser tão-somente de ordem negativa, a brecar o exercício impróprio da persecução penal, e nunca a promovê-la, mesmo que através de provocação de terceiros.

Continue navegando