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REBECA KRUSE MED10 Endocardite infecciosa DEFINIÇÃO: Infecção bacteriana ou fúngica de estruturas valvares cardíacas, pode acometer o endocárdio atrial, endocárdio ventricular, endotélio dos grandes vasos → resulta em inflamação e lesão local Doença causada por microrganismos que se aderem à superfície endotelial cardíaca ou algum dispositivo causando infecção As estruturas mais susceptíveis são as valvas AV (face atrial) – mitral e aórtica mais acometidas Pode também ocorrer no endocárdio dos átrios, ventrículos e grandes vasos CLASSIFICAÇÃO: AQUISIÇÃO DA INFECÇÃO: EI nosocomial: adquirida me ambiente hospitalar EI comunitária TIPO DE VALVA ACOMETIDA: EI valva nativa: própria valva nunca trocada ou passou por algum procedimento Prótese: infecção na prótese EI precoce e EI tardia: E precoce: dentro de 60 dias após a troca valvar; iatrogênica e causado por S. aureus ou S. coagulase-negativo E intermediária: entre 60-365 dias após a troca valvar; mais comum por estreptococos ou estafilococos E tardia: ocorre um ano ou mais após a troca valvar; organismos semelhantes aos encontrados na endocardite valvar nativa LADO: EI direita: tricúspide e pulmonar EI esquerda: mitral e aórtica EVOLUÇÃO: Aguda: < 6 semanas Subaguda: > 6 semanas *Prótese: geralmente mais graves *Hemocultura: paciente estável → pode esperar a cultura para começar a tratar *No nosso meio: trata-se empiricamente *Trata por 4-6 semanas: alto custo para o sistema de saúde e para o paciente FISIOPATOLOGIA: Fatores predisponentes que causem o turbilhonamento do sangue: doenças reumáticas (principalmente estenose), hemodiálise com cateter, dispositivos dentro do coração que causem turbilhonamento + imunossupressão, usuário de droga injetável (imunossuprimido + injeta substâncias contaminadas – mais frequente lado direito) MECANISMO: turbilhonamento do sangue nas valvopatias ou dispositivos (gatilho inicial) → a lesão endotelial é o primeiro evento da endocardite → liberação de citocinas, fatores teciduais com expressão de fibronectinas → com a lesão, ocorre agregação local de plaquetas e fibrina, resultando na endocardite trombótica não infecciosa → com uma bacteremia há adesão do microrganismo e a formação da vegetação EPIDEMIOLOGIA: Doença complexa e grave (doença sistêmica) Incidência de EI permanece constante, com média de 3-10/ 100 mil = EUA e Europa Alta morbimortalidade (30% nos primeiros 30 dias e até 40% em 1 ano) Grande espectro de manifestações clínicas, de diagnóstico e tratamento difíceis, podendo cursar com várias complicações cardíacas, sistêmicas, imunes (glomerulonefrite, êmbolo renal, uso de ATB) e vasculares (embolias → formação de aneurismas micóticos (etiologia bacteriana): embolia da vasa vasorum – local mais comum no SNC) REBECA KRUSE MED10 *Abscessos, fístulas, embolização – principal local do lado esquerdo é no SNC → ACM; baço → abscesso esplênico; rim; MMII; mesentério/ lado direito → pulmão) Embolia: vegetações menores de 15mm: Mitral – maior risco Embolias sépticas de câmaras esquerdas: cérebro e baço mais afetados Câmaras direitas + dispositivos invasivos: pulmão é mais comum Abscesso: acomete valvas ou próteses aórticas geralmente associado ao S. aureus → proximidade com o nó AV → pode haver evolução para BAV BRA: real prevalência das EI não é conhecida – maior? Pela DRC FATORES DE RISCO: 80% dos caos de EI tem fatores de risco como: doença cardíaca estrutural, prótese valvar cardíaca, uso de drogas intravenosas, HIV/AIDS, EI prévia (maior*), procedimentos invasivos intravasculares e hemodiálise Pacientes jovens: em geral portadores de sequela valvar de DRC, cardiopatia congênita ou usuários de drogas intravenosas Maior número de casos: EI associada a cuidados de saúde (25-30% das EI) – idosos, pacientes institucionalizados/ hospitalizados e submetidos a procedimentos invasivos; mais comum nos países desenvolvidos Principais fatores de risco para endocardite por estafilococo: hemodiálise, DM, dispositivos intravasculares (AVC, MP, CDI, cateter de quimioterapia) ETIOLOGIA: Gram positivos: estreptococos grupo viridans, estafilococus e enterococus – 80-90% dos casos Estrepto do grupo viridans: mais comum agentes (S. mitis, S. mutans, S. sanguis e S. oralis → bactéria da flora bucal e faringe) Estafilococos aureus: vem aumentando e preocupando pela resistência a ATB (vanco), capaz de usar em valvas nativas normais → processos infecciosos pele e partes moles, cateteres e dispositivos intracardíacos e usuários de drogas ilícitas Estafilococos coagulase negativos (S. epidermidis): mais comum na EVP precoce ou lesões → Comunidade: estrepto – menos agressiva, mas pega uma estrutura valvar mais conservada → Estafilo: doente mais invadido Streptococcus galloyticus (S. bovis): traumas ou lesões colônicas (pólipos, adenomas e câncer) → procurar neoplasia de cólon Endocardite pneumocócica parte da tríade de Osler = endocardite, meningite e pneumonia → alta mortalidade Grupo HACEK gram negativos: Haemophilus sp., Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenela corrodens e Kingella sp.) → 1-2% dos casos de EI, tempo de incubação prolongado Fúngica: 1-2% dos casos → Aspergillus e Candida em usuários de drogas injetáveis, cirurgia cardíaca recente ou uso prolongado de cateteres vasculares de demora, especialmente de NPT → comum ser do lado direito do coração → vegetações imensas e frágeis que embolizam bastante → difícil de tratar → cirurgia e antifúngico para o resto da vida QUADRO CLÍNICO: Mecanismos das manifestações clínicas e complicações da EI: Destruição valvar Extensão paravalvar IC: descompensa ou por insuficiência valvar Embolização micro e macrovascular REBECA KRUSE MED10 Infecção metastática em órgãos alvo (cérebro, baço, rins, pulmão) Fenômenos imunológicos: derivado de deposição de imunocomplexo (artrite, glomerulonefrite) *ECG a cada 15 dias → pode fazer BAV (retira os beta bloq → indícios de complicação local) Condições predisponentes EI: Doenças congênitas (CIV, Vao bicúspide) DRC ou valvopatias degenerativas Dispositivos intracardíacos e intravasculares Má saúde bucal Uso de drogas IV Hemodiálise DM, hepatopatias crônicas Neoplasias Imunodeficiências Sinais/ sintomas/ exame físico: Febre: principal sintoma presente em mais de 90% → não tão alta, porem diária S. viridans: febre menos intensa do que estafilo Sopro cardíaco: 75% (ou mudança da característica do sopro já existente) A EI deve ser suspeitada em todo paciente com cardiopatia predisponente que apresenta febre de origem indeterminada associada a sinais de infecção sistêmica Apresentações atípicas mais frequentes em idosos e imunossuprimidos CRITÉRIOS DE DUKE MODIFICADOS: CRITÉRIOS MAIORES: 1. Hemocultura positiva: Com microrganismos típicos para EI em duas amostras colhidas separadamente (strepto viridans, strepto bovis, grupo HACEK, stafilo aureus ou enterococo) na ausência de outro foco primário OU Resultados persistentes positivos em hemoculturas colhidas com intervalos maiores de 12h OU A maioria de pelo menos 4 amostras de hemoculturas colhidas em 1 hora 2. Evidências de envolvimento do endocárdio: ECO positivo para EI: imagem sugestiva de vegetação sem explicação alternativa ou presença de abscesso ou detecção de deiscência nova em prótese Nova regurgitação valvar (aumento ou mudança em regurgitações preexistentes não tem valor) CRITÉRIOS MENORES: 1. Condição cardíaca predisponente ou história de uso de drogas IV 2. Febre ≥ 38°C 3. Fenômenos vasculares: embolia arterial, embolia séptica pulmonar, infarto pulmonar, aneurisma micótico, hemorragia conjuntival e lesões de Janeway 4. Fenômeno imunológico: glomerulonefrite por deposição de imunocomplexos, nódulos de osler, manchas de Roth (fundoscopia) e fator reumatoide positivo 5. Evidência microbiológica (hemocultura +) que não preenchem critérios maiores ou presença de evidências sorológicas de organismos causadores de EI 6. ECO com lesões sugestivas de vegetações que não preencham os requisitos como critérios maiores (ECO duvidoso) *Não são patognomônicos de endocardite, porém muito específicos: × Nódulos de osler: achados periféricos da endocardite (específicos, porém raros) – podem sumir/fugazes × Manchas janeway: microembolização REBECA KRUSE MED10 DEFINIÇÕES DE ENDOCARDITE INFECCIOSA: ENDOCARDITE DEFINITIVA: Critérios patológicos: microrganismos demonstrados por resultados de cultura ou exame histológico em vegetação, êmbolo séptico ou abscesso intracardíaco; ou três lesões patológicas, vegetação ou abscesso intracardíaco confirmado por análise histológica demonstrando endocardite ativa Critérios clínicos: 2 critérios maiores ou 1 critério maior e 3 menores ou 5 critérios menores ENDOCARDITE POSSÍVEL: 1 critério maior + 1 critério menor ou 3 critérios menores ENDOCARDITE REJEITADA: Diagnóstico alternativo firme descartando endocardite Resolução da síndrome infecciosa com antibioticoterapia por 3 ou menos dias Nenhuma evidência patológica de EI no momento da cirurgia ou autópsia, com ATB para EI por 4 ou menos dias Não satisfazem os critérios para possível EI ESC 2015 GUIDELINE: União europeia 2015: duke + novos critérios de imagem (PET-CT e SPECT-CT) PET-CT: flúor marcado com dextro dextrose (marca onde há metabolismo glicídico aumentado) – casos onde há dificuldade, principalmente para próteses Se infecção → acende o PET-CT FLUXOGRAMA DE AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA: 1°: ECO transtorácico (dificuldade na prótese pelo metal) → sendo negativo → ECO transesofágico EXAMES COMPLEMENTARES: Leucocitose com desvio a esquerda e aumento de provas inflamatórias (PCR e VHS) → gram negativos as vezes: leucopenia Três amostras de hemoculturas puncionadas em veia periférica de locais diferentes e antes do início dos ATB (hemocultura é obrigatório) – nunca na punção de cateter venoso já implantado → na mesma hora ou 15 min de diferença; não precisa esperar febre para colher (se positiva repete com 48-72h para verificar eficácia de tto) Cerca de 10% das culturas são negativas e ocorrem na maioria dos casos por uso prévio de antibiótico ou presença de microrganismos de difícil identificação (em países de primeiro mundo) *Quem trata: cardio + infecto + intensivista + nefro Urina: pode mostrar hematúria, proteinúria e até piúria causadas pelas alterações imunológicas (não significa ITU; cilindros na urina não é ITU) ECOCARDIOGRAMA: Primeira linha de identificação de alterações estruturais nas valvas Quantifica o grau de disfunção valvar e miocárdica ETT: modalidade diagnóstica inicial ETE: necessário quando há suspeita de abscessos, fístulas intracavitárias e escapes paravalvares, nos pacientes com ETT normal, porém com alta suspeita clínica, próteses valvares, janela acústica ruim (obesos, ventilação mecânica, janela acústica transtorácica prejudicada) É útil também para definição do momento ideal na indicação cirúrgica Exame de imagem de eleição para avaliação pós-op Geralmente a massa move (característica) REBECA KRUSE MED10 RX DE TÓRAX: cardiomegalia, sinais de congestão pulmonar, áreas de condensação parenquimatosa (possíveis focos infecciosos), sinais de embolia pulmonar séptica com EID *Embolia paradoxal (CIA ou CIV ou forame oval patente): endocardite mitral esquerda dando abscesso pulmonar embólico ELETROCARDIOGRAMA: Manifestações decorrentes de complicações como abscesso de anel valvar aórtico, que atinge o sistema de condução causando BAV e sinais de isquemia miocárdica decorrente de embolia coronariana COMPLICAÇÕES: INTRACARDÍACOS: miocardite, pericardites, distúrbio de condução, arritmias, ICA EXTRACARDÍACAS: Neurológicas: mais frequente 15-30% (fatores de risco: S. aureus, mitral, ACO; AVC isquêmico/ embólico e hemorrágico, aneurismas, meningite, abscessos, encefalopatia, convulsões Insuficiência Renal Aguda (IRA): 3 - 30%: multifatorial (Paciente pode estar hipotenso, choque) - quadro grave Reumatológicas: artralgias, mialgias e lombalgia, espondilodiscite (inflamação na vértebra) Aneurismas micóticos: cérebro Embolia esplênica: 40%, abscesso esplênico 5% (dor abdominal) TRATAMENTO: De suporte + ATB bactericida (empírico até o resultado da hemocultura) Vegetações: contém bactérias densamente agrupadas por um biofilme = fibrina e plaquetas, que cria uma barreira Antibiótico bactericida + estabilização clínica Pacientes graves: tto precoce e empírico Colher sempre hemocultura 3 pares de punções diferentes EV nativa: vanco + ceftriaxona, penicilina OU ceftriaxona + genta S. aureus: oxacilina (meticiclina-sensível) OU vanco OU daptomicina (metacilina- resistente) Enterococus: penicilina OU ampicilina + genta E. faecalis: ampicilina + ceftriaxona EP precoce: vanco + genta + rifampicina Guiada pelo microrganismo identificado na hemocultura ou no material retirando durante a cirurgia Duração: 4 sem se valva nativa e 6-8 sem se prótese valvar CIRÚRGICO: 30-50% dos casos Principais indicações: IC refratária, falha de tratamento etiológico, extensão perianular (abscesso de anel ou fistula), embolia de repetição e endocardite fúngica PONTOS CHAVES: REBECA KRUSE MED10 PROFILAXIA:
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