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Síndrome Hipertensiva Gestacional A Síndrome Hipertensiva Gestacional é uma importante complicação da gestação, estando entre as principais causas de morbimortalidade materna e fetal em especial em países em desenvolvimento. A segunda é resultado da uma má adaptação do organismo materno à gravidez, sendo a hipertensão uma manifestação clínica de um quadro bem maior. 2) hipertensão crônica de qualquer etiologia quando identificada antes da gestação ou antes de 20 semanas de gestação; Os dados do Ministério da Saúde mostram a hipertensão na gestação como a maior causa de morte materna no país, sendo responsável por cerca de 35% dos óbitos com uma taxa de 140 - 160 mortes maternas/100.000 nascidos vivosa hipertensão está assinalada como a maior causa dos óbitos fetal ou do recém-nascido De início é de extrema importancia de diferenciar a hipertensão que antecede a gestação da que acontece durante a mesma: Na primeira, a elevação da pressão arterial vem como aspecto fisiopatológico básico da doença. O diagnóstico de hipertensão arterial na gravidez é feito quando os níveis pressóricos são iguais ou superiores a 140/90 mmHg. DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO: 1) pré-eclâmpsia/eclâmpsia (doença hipertensiva específica da gravidez) quando a hipertensão arterial surge após 20 semanas de gestação e associada à proteinúria (≥ 0,3g de proteína em urina de 24 horas ou ≥ 2 cruzes em uma amostra urinária); 3) pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica a paciente previamente hipertensa desenvolveu proteinúria após 20 semanas de gestação; 4) hipertensão gestacional quando a manifestação ocorreu após a 20ª semana de gestação. A fisiopatologia da pré-eclâmpsia ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que se trata de uma patologia multifatorial, tendo sido descrito fatores imunológicos genéticos e ambientais para a sua instalação. Levando ao acometimento de vários órgãos maternos. Em uma gestação normal, as artérias espiraladas uterinas são transformadas de vasos de alta resistência em vasos de baixa resistência para prover uma adequada implantação e crescimento do feto e isso se dá pela invasão trofoblástica das camadas arteriais A isquemia placentária e a hipóxia determinam lesão do endotélio vascular, agregação plaquetária bem como obstrução do fluxo sangüíneo placentário. A hipoxia placentária também aumenta a produção de peróxidos lipídicos que prejudicam a síntese de prostaciclina, potente vasodilatador. A síntese do óxido nítrico potente vasodilatador parece também estar afetada na pré- -eclampsia O surgimento de formas graves é dividido em: a eclampsia quando surgem as convulsões tônico- -clônicas generalizadas e/ou coma, em gestante, na ausência de doenças neurológicas que a justifiquem. A outra forma severa da pré-eclampsia é a Síndrome HELLP foi relatada pela primeira vez na década de 50. Dentro das síndromes hipertensivas gestacionais deve-se dar uma atenção especial a pré-eclampsia ou doença hipertensiva específica da gravidez que ocorre como forma isolada ou associada à hipertensão arterial crônica e está associada aos piores resultados, maternos e perinatais Nas mulheres que desenvolvem a pré-eclâmpsia, a invasão trofoblástica deixa de ocorrer, ou ocorre de maneira inadequada, resultando em vasos de alta resistência e circulação placentária com baixo fluxo. A pré-eclampsia é uma doença bastante peculiar uma vez que ocorre principalmente em primigestas em países desenvolvidos ela é vista em cerca de 6% das gestantes sendo 2 ou 3 vezes maior em países subdesenvolvidos. Suas manifestações clínicas podem ser definidas pelo desenvolvimento gradual de hipertensão, proteinúria e edema generalizado Doença hipertensiva específica da gestação Pré-eclâmpsia: desenvolvimento de hipertensão arterial, com proteinúria significativa e/ou edema de mãos Eclâmpsia: aparecimento de convulsões em paciente Hipertensão crônica: hipertensão arterial persistente Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia associada à hipertensão Hipertensão transitória: elevação dos níveis pressóricos no final da gestação ou início do puerpério (24 horas de pós-parto), sem proteinúria e que retorna aos Doença hipertensiva não classificável: em que as informações obtidas não são suficientes para a classificação. Existem várias classificações para as síndromes hipertensivas na gestação.5,33,129,139 As mais citadas na literatura são variantes da classificação inicial de Hughes,139 de 1972 (adotada pelo American College of Obstetricians and Gynecologists, no mesmo ano) (Tabela I). Nessa classificação, definem-se: e face que ocorre após 20 semanas. Era considerada hipertensa a mulher com pressão arterial sistólica de pelo menos 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica de pelo menos 90 mmHg. A proteinúria significante era definida como pelo menos 0,3 g/l em urina de 24 horas ou de pelo menos 1+ pelo método quantitativo de fita. com pré-eclâmpsia. anterior à gravidez ou anterior a 20 semanas e que se mantém após o puerpério. arterial crônica: aparecimento de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia em paciente com antecedente de hipertensão arterial crônica. valores normais em até 10 dias após o parto. A doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) é uma das complicações mais frequentes da gravidez. Formas clínicas Zugaib INCIDÊNCIA A incidência de DHEG é de aproximadamente 6 a 8% das gestações, embora existam grandes variações na literatura.Tais variações se devem em parte à falta de consenso dos critérios diagnósticos. Além disso, sua incidência é fortemente influenciada pela paridade. Em nulíparas varia de 3 a 7% e em multíparas, de 0,8 a 5%. Fatores étnicos, ambientais e socioeconômicos também exercem influências sobre a incidência. DIAGNÓSTICO CLÍNICO-LABORATORIAL A maioria das gestantes na fase inicial da pré-eclâmpsia é assintomática. A rotina propedêutica cuidadosa, com ênfase na anamnese e no exame físico, é fundamental para o diagnóstico precoce. O diagnóstico de DHEG deve ser presumido nas gestantes com hipertensão arterial, edema e/ou proteinúria significativa após 20 semanas de gestação. A probabilidade de acerto no diagnóstico clínico é maior se a paciente for primigesta e com história familiar de pré- eclâmpsia ou eclâmpsia. Embora o curso da DHEG tenha início por ocasião da placentação, as manifestações clínicas geralmente são tardias, ou seja, ocorrem no último trimestre da gravidez. as gestantes com possíveis riscos para a DHEG devem ser submetidas a consultas mais frequentes de pré-natal para controle mais apurado do ganho ponderal, medida da pressão arterial, pesquisa de proteinúria e dosagem sérica de ácido úrico e ureia/creatinina. No caso de mulheres com antecedentes de hipertensão arterial crônica, diabetes ou colagenoses, é prudente a solicitação desses exames laboratoriais já na primeira consulta de pré-natal para futuras comparações.. O edema leve de mãos, face e membros inferiores é comum na gravidez normal, principalmente no final dela. É considerado patológico o edema depressível e generalizado, o qual sempre deve ser valorizado se associado a hipertensão arterial e ganho exagerado de peso (> 1.000 g/semana) e quando não desaparece com o repouso. Edema Proteinúria A proteinúria constitui importante sinal de DHEG quando igual ou superior a 300 mg em urina coletada durante 24 horas ou quando se verifica a presença de 3+ ou mais de proteínas em amostra isolada de urina por meio de fita indicadora. Quando associada à hipertensão arterial, a proteinúria patológica eleva o risco perinatal, e se associada a pressão arterial diastólica ≥ 95 mmHg, aumenta em três vezes o risco de óbito feta Ácido úrico A dosagem do ácido úrico sérico é importante para o clínico, pois sua elevação ocorre precocemente na DHEG e pode estar relacionada à queda da filtração glomerular ou a alterações de reabsorção e excreção tubular. Os níveis de hiperuricemia correlacionam-se com o grau de hemoconcentração, gravidadeda endoteliose glomerular, gravidade da doença hipertensiva e recém-nascidos de baixo peso. Considera-se marcador laboratorial de DHEG grave o nível sérico de ácido úrico que ultrapassa 6 mg/dL em gestante com valor anteriormente normal e sem uso de diurético. Outros exames complementares a plaquetopenia é mais frequente e mais significativa nas pacientes com quadro clínico mais grave de DHEG e de início mais precoce. Quando inferior a 100.000 plaquetas/ mm3 é de mau prognóstico se coincide com a elevação de enzimas hepáticas . É preciso lembrar que existem outras causas de plaquetopenia, como as imunológicas, medicamentosas e idiopáticas. Hemograma com contagem de plaquetas: em alguns casos graves de DHEG ocorre anemia microangiopática e, consequentemente, reticulocitose, hemoglobinemia e hemoglobinúria. Nesses casos, além da queda do nível de hemoglobina, surgem alterações morfológicas das hemácias – esquizocitose e equinocitose. No pós-parto, essas alterações desaparecem. Pesquisa de esquizócitos: Bilirrubinas e enzimas hepáticas: entre os sinais de hemólise, destacam-se a icterícia e/ou o aumento de bilirrubinas séricas maior ou igual a 1,2 mg% associados ao aumento de DHL (> 600 UI/L). As enzimas hepáticas elevadas assumem significado importante diante de níveis séricos superiores a 70 UI/L. Outros diagnósticos de hipertensão arterial secundária: na presença de hipertensão arterial grave e de difícil controle, deve-se suspeitar de outras causas menos frequentes, como feocromocitoma e hipertensão renovascular. O ácido vanil mandélico é o metabólito final comum da adrenalina e da noradrenalina e sua excreção urinária está aumentada em pacientes portadoras de feocromocitoma. Para a triagem do feocromocitoma, recomenda-se a dosagem de ácido vanil mandélico e de metanefrinas. Da mesma maneira, a realização da ultrassonografia de rins está indicada em pacientes com deterioração renal e suspeita de alterações renais anatômicas (por exemplo, doença renal policística). A prevenção secundária tem por objetivo detectar a doença precocemente enquanto assintomática e quando o tratamento precoce pode impedi-la de progredir. Na DHEG, essa prevenção secundária, embora limitada, pode ser feita no âmbito clínico, considerando-se apenas os fatores de risco, já que não existem marcadores laboratoriais com valores preditivos positivos satisfatórios. A prevenção terciária refere-se aos cuidados clínicos que previnem a deterioração adicional ou reduzem as complicações depois que a doença já é sintomática. Os domínios dessa prevenção se fundem com o tratamento, mas, bem realizada, vai além de tratar os sintomas e sinais, podendo detectar precocemente outras complicações de risco. Sendo assim, a prevenção terciária é particularmente importante na DHEG. Envolve o controle adequado da pressão arterial, a prevenção das formas mais graves e das crises convulsivas, além do controle do crescimento e vitalidade fetal e a resolução da gestação na impossibilidade de controle da doença e havendo comprometimento da vitalidade PREDIÇÃO E PREVENÇÃO Em virtude do desconhecimento da etiologia da DHEG, não é possível impedir que a doença se instale por meio da prevenção primária. O aconselhamento às gestantes para a ingestão de alimentos com baixo teor de sódio, a suplementação de cálcio e vitaminas e a administração de ácido acetilsalicílico não conseguiu diminuir a incidência de DHEG. CONDUTA CLÍNICA NA PRÉ-ECLÂNPSIA Medidas não farmacológicas Repouso Recomenda-se repouso para as pacientes portadoras de DHEG. O repouso em decúbito lateral esquerdo promove o aumento do fluxo plasmático renal, intensifica a natriurese e, consequentemente, diminui os níveis de pressão arterial. Somado a isso, melhora ainda o fluxo uteroplacentário. Dieta hipossódica A recomendação da Clínica Obstétrica do HC-FMUSP é a dieta hipossódica contendo 2 a 3 g de sal/dia. A redução da oferta de sal acarreta queda dos níveis séricos de sódio, com diminuição da reatividade vascular e queda da pressão arterial. Terapêutica farmacológica CONDUTA OBSTÉTRICA NA PRÉ-ECLÂMPSIA A DHEG associa-se a maior risco de insuficiência placentária. Dessa maneira, torna-se importante o acompanhamento do crescimento e da vitalidade fetal. Desde que haja bom controle do quadro clínico materno e assegurados o crescimento e a vitalidade fetal, opta-se para que o parto ocorra o mais próximo possível do termo da gestação. Pré-eclâmpsia leve Na Clínica Obstétrica do HC- FMUSP, prevalece a opinião de que nas formas leves é possível fazer o acompanhamento ambulatorial semanal para avaliação clínica, proteinúria de fita e de vitalidade fetal. No entanto, a vigilância materna e fetal deve ser cuidadosa, pois subitamente podem surgir complicações graves. O controle da vitalidade fetal deve ser realizado pelo menos uma vez por semana a partir do diagnóstico de DHEG. Estando a vitalidade fetal preservada, aguarda-se o parto até o máximo de 40 semanas, quando se interrompe a gestação, em princípio por indução do trabalho de parto. Diante do comprometimento da vitalidade fetal, realiza-se o parto terapêutico Na avaliação da vitalidade fetal utilizam-se os mesmos exames citados no acompanhamento ambulatorial, porém com maior frequência: cardiotocografia fetal, perfil biofísico fetal e exames Dopplervelocimétricos. Até que se consiga o controle adequado da pressão arterial, a avaliação da vitalidade fetal deve ser feita diariamente e depois duas a três vezes por semana. Avalia-se o crescimento fetal por meio da ultrassonografia obstétrica a cada 15 dias. A interrupção da gestação está indicada diante de controle materno ineficaz ou de alterações da vitalidade. O término da gestação pode ser imediato ou mediato: n Imediato: mau controle pressórico (já em uso de três drogas hipotensoras em dose máxima), diástole reversa nas artérias umbilicais, índice de pulsatilidade para veias do ducto venoso ≥ 1,5, perfil biofísico fetal ≤ 6 (se igual a 6, requer repetição do exame em 6h e, se mantido, está indicada a interrupção da gestação), desacelerações tardias de repetição na cardiotocografia ou oligoâmnio grave (índice do líquido amniótico – ILA – < 3,0 cm). n Mediato (após uso de corticosteroide antenatal): índice de pulsatilidade para veias do ducto venoso > 1,0 e < 1,5 ou oligoâmnio (ILA entre 3,0 e 5,0 cm). Após o parto, a paciente é mantida sem drogas hipotensoras e realizam-se controles da pressão arterial nas primeiras 72 horas após o parto. Quando necessário, diante de pressão arterial diastólica > 100 mmHg, reintroduzse a medicação anterior. Em caso de DHEG sobreposta, não são retiradas as drogas. Pré-eclâmpsia grave ou história de hipertensão arterial crônica com doença específica da gestação sobreposta Nas formas graves, a paciente deve ser internada em enfermaria de gestação de alto risco. A gravidez pode ser seguida até que se observe alguma anormalidade que indique a interrupção desta ou até que se atinja a idade gestacional de 37 semanas. Na iminência de eclâmpsia, realiza-se o mesmo tratamento da eclâmpsia, com sulfato de magnésio (esquema de Pritchard). acabou beloved's.... bjs da Mari
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