TESTE DE APERCEPCAO TEMATICA

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Teste de Apercepção Temática
(TAT) 
Fundamentos
• Publicado pela 1ª vez em 1935 por Henry A, Murray 
• Baseia-se na hipótese Freudiana de que as lembranças das percepções já experienciadas influenciam as percepções de estimulos atuais. 
• Aperceção: interpretação (dinamicamente) significante que um examinando faz diante de uma percepção. 
Cont.
Murray uma teoria motivacional chamada de Personologia em que são centrais os conceitos de necessidade e pressão;
 • Necessidade: representa uma força que organiza a perceção/apercepção transformando-a em uma situação insatisfatória existente, gerando um estado de tensão que conduzirá a ação no sentido de se chegar a satisfação. Pode ser produzida por forças internas e externas e é sempre acompanhada de um sentimento ou emoção. 
• Pressões: determinantes do meio que facilitam ou impedem a satisfação da necessidade.
Método 
O TAT é considerado uma técnica projectiva que consiste em apresentar uma série de pranchas, selecionadas pelo examinador ao sujeito que deverá, assim, contar uma história sobre cada uma das prenchas. 
Personalidade: compromisso entre os impulsos e as demandas do ambiente
As pessoas revelam aspectos da personalidade em função de duas tendências: 
Tendência de interpretar uma situação humana ambígua baseando-se em suas experiências passadas e em seus anseios presentes; 
Inclinação das pessoas que escrevem histórias para agir de igual maneira : utilizar o acervo de suas experiências e expressar seus sentimentos e necessidades conscientes e inconscientes
Figuras
São eficazes para estimular a imaginação;
Servem para obrigar o sujeito a lidar, à sua maneira, com algumas situações clássicas da vida humana. 
As histórias serão mais reveladoras se a maioria das pranchas incluir uma pessoa do mesmo sexo do sujeito; 
No TAT, 11 das 31 pranchas são apropriadas para ambos os sexos (p. 11). 
Deve ser utilizado em crianças maiores de 14 anos. 
População 
Material do Teste
O conjunto completo é constituído por 31 pranchas que abrangem situações humanas clássicas; 
• A cada sujeito devem ser aplicados 20 estimulos, perfazendo um total de 20 histórias; 
• O grau de realismo é variável, as 10 primeiras mais estruturadas e as 10 últimas menos estruturadas; 
• Cada prancha apresenta, impressos no verso, apenas um número (ordem) ou um número seguido de uma ou mais letras (gênero e/ou idade aos quais se destina).
 
Para realizar o Teste de Apercepção Temática é necessário apresentar 31 pranchas com imagens em preto e branco.
É importante ter um ambiente de confiança para aplicação do teste.
Cont.
Cont.
Escolha das pranchas:
R para rapazes/meninos; 
M para meninas; 
H para homens;
F para mulheres; 
Número sem nenhuma letra: aplicável a ambos os sexos e em qualquer idade (1,2,4,5,10,11,14,15,16,19,20);
RH para meninos e homens;
MF para meninas e mulheres; 
RM para meninos e meninas; -
HF para homens e mulheres. 
Etapas
• 1ª Etapa: Apresentação das 10 primeiras pranchas e solicitação para que o sujeito conte uma história sobre cada uma (5 min para cada prancha); 
• 2ª Etapa: Apresentação das 10 pranchas restantes e solicitação para que o sujeito conte uma história sobre cada uma (5 min para cada prancha); 
• 3ª Etapa: Solicitação que o sujeito conte as fontes de suas idéias em cada história. 
A 1ª e 2ª etapas devem ser feitas em sessões diferentes com duração de uma hora cada. A 3ª etapa pode ser feita em seguida a 2ª etapa ou em uma sessão seguinte. 
Instruções (1ª Sessão)
Forma A (aconselhável para adolescentes e adultos de grau médio de inteligência e cultura)
“Este é um teste de imaginação que é uma das formas de inteligência. Vou mostrar a você alguns quadros, um de cada vez, e sua tarefa será inventar, para cada um deles, uma história com o máximo de ação possível. Conte-me o que levou ao fato mostrado no quadro, descreva o que está acontecendo no momento, o que os personagens estão sentindo ou pensando. Diga depois como termina a história. Procure expressar seus pensamentos conforme eles forem ocorrendo na sua mente. Você compreendeu? Como você tem 50 minutos para os 10 quadros, você pode empregar cerca de 5 min para cada história. Aqui está o 1º quadro”. 
Cont.
Forma B (aconselhável para crianças, adultos pouco inteligentes, de pouca instrução ou psicóticos)
“Este é um teste para contar histórias. Eu tenho aqui alguns quadros que vou lhe mostrar. Quero que você faça uma história para cada um deles. Conte o que aconteceu antes e o que está acontecendo agora. Diga o que as pessoas estão sentindo e pensando e como a história acaba. Você pode fazer o tipo de história que quiser. Compreendeu? Bom, então está aqui o 1º quadro. Você tem 5 min para cada história. Faça o melhor que puder “.
Cont.
• Evitar: “Esta é uma oportunidade para você exercitar livremente sua imaginação...” (suscita suspeita de que o psicólogo irá analisar o conteúdo das associações);
 • Sugestão: Elogiar discretamente e sugerir (caso necessário) “Certamente essa foi uma história interessante, só que você esqueceu de dizer como o menino reagiu quando sua mãe o repreendeu, deixando sua narrativa no ar. Não houve de fato um verdadeiro desfecho para a sua história. Você gastou nela 3,5 min. As outras podem ser um pouco mais compridas. Procure fazer o melhor que puder neste quadro”.
Cont.
Não dizer mais nada no restante do tempo, exceto: 
- Para informá-lo se estiver muito atrasado ou muito adiantado em relação ao tempo previsto; 
Para estimulá-lo com discreto elogio de vez em quando, porquanto é essa a melhor maneira de incentivar a imaginação;
Se o sujeito omitir algum detalhe fundamental, as circunstâncias antecedentes ou o desfecho, ex. “o que levou a essa situação”, “e como ela termina”, “eles são o que você quiser” podendo dizer que o mais importante é o enredo e não a quantidade de detalhes)
EVITAR DISCUSSÕES COM O SUJEITO. 
Cont.
Não se deve permitir que o sujeito construa várias historinhas para um mesmo quadro. Orientá-lo para uma única história mais longa.
 • Se espera de um adulto uma história com 300 palavras em média, e a metade é o que se espera de uma criança de 10.
 • Deve-se escrever exatamente as palavras ditas pelo sujeito ou utilizar um gravador. 
• Não contar ao sujeito que na próxima sessão serão solicitadas novas histórias. 
Instruções (2ª sessão) 
Forma A 
“Vamos fazer hoje o mesmo que da outra vez. Só que agora você pode dar toda liberdade à sua imaginação. Suas dez primeiras histórias estavam ótimas, mas você se limitou demais aos fatos do dia-a-dia. Agora, eu gostaria de ver do que você é capaz quando deixa de lado as realidades comuns e põe sua imaginação para funcionar, como acontece num mito, nas histórias de fadas ou numa alegoria. Aqui está o 1º quadro”. 
Cont.
Forma B 
“Hoje vou lhe mostrar mais alguns quadros. Será mais fácil porque os quadros agora são bem melhores, mais interessantes. Você me contou ótimas histórias outro dia. Agora quero ver você fazer algumas outras. Se puder, faça-as mais emocionantes ainda do que as outras – como sucede num sonho ou num conto de fadas. Aqui está o 1º quadro” . 
Cont.
Prancha em branco
A prancha nº 16 é dada com uma instrução especial: “Veja o que você pode ver no cartão branco. Imagine algum quadro aí e descreva-o em detalhe”. Se o sujeito não conseguir o examinador deve dizer: “Feche os olhos e imagine alguma coisa”. Depois que o sujeito der uma descrição completa daquilo que imaginou, o psicólogo deve dizer: “Agora me conte uma história sobre isso”. 
Instruções (Entrevista seguinte)
• Para interpretar é muitas vezes útil conhecer as fontes que deram origem às várias histórias. Dependendo das circunstâncias, esse inquérito pode ser feito imediatamente ou após alguns dias.
O examinador pode justificar suas perguntas explicando que está investigando os factores que contribuíram para a execução dos enredos literários ou, então, elaborar outras afirmações para conseguir uma actitude de cooperação.
Essas informações subsidiarão as interpretações. 
Interpretação
Antes de começar a interpretarum conjunto de historias, o psicólogo deve ter conhecimento dos seguintes dados básicos: 
Idade e sexo do sujeito, se seus pais estão vivos ou separados, idade e sexo dos irmãos; profissão e estado civil do sujeito.
Sem esses conhecimentos, o examinador pode ter dificuldades em se orientar na leitura das historias. Fazer análise a cegas é uma feito sem certeza de sucesso.
Cont.
Para trabalhar com o conteúdo das historias, o método recomendado é o de analisar cada evento sucessivo em relação: 
À força ou às forças proveniente do herói; 
À força ou às forças proveniente do meio. A força daí originária é designada pressão.
Cont.
Identificar o herói; 
• Levantamento de motivos, inclinações e sentimentos dos Heróis; 
• Levantamento das forças do ambiente do Herói; 
• Levantamento do desfecho; 
• Levantamento dos temas; 
• Interesses e sentimentos.
Interpretação (O Herói)
É o personagem (feminino ou masculino) com que o contador da história se identificou,;
 • Por quem ele se mostra aparentemente mais interessado; cujo ponto de vista adotou; cujos sentimentos e motivos foram retratados com maior profundidade; 
• Aquele (a) que mais se parece com o sujeito, mesmo sexo, aproximadamente a mesma idade, status ou papel; compartilha alguns dos sentimentos e objetivos com o sujeito; 
• É em geral a pessoa (s) retratada no quadro;
 • É a pessoa que desempenho principal papel no drama, aparecendo no começo e estando fortemente presente no desfecho.
Complicações:
• Sequência de heróis: a identificação do personagem muda no curso da história; 
• Dois heróis: duas forças da personalidade do sujeito podem ser representadas por dois personagens diferentes;
 • Herói primário e herói secundário: uma história contendo outra história (uma história contendo outra história); 
• Herói do sexo oposto; 
• Heróis parciais: grupo de pessoas: o sujeito não se identificou com o personagem principal mas observou-o.
Interpretação (Motivos, inclinações e sentimentos dos heróis)
O psicólogo deve observar tudo o que cada um dos 20 heróis sentem, pensam ou fazem, notando evidências do tipo de personalidade ou de doença mental, bem como tudo que for incomum: diferente ou único; ou comum mas incomumente elevado ou baixo na intensidade ou frequência.
Cont.
O comportamento do herói pode ser analisado de maneira abrangente ou limitar-se a alguns traços; 
• A força de cada tipo de emoção manifestada pelo herói é computada numa escala que vai de 1 a 5; 
• Os critérios de força de uma variável são: intensidade, duração, frequência e importância no enredo.
Interpretação (Motivos, inclinações e sentimentos dos heróis)
Agressão:
Emocional e Verbal: odiar – sentimento expresso ou não em palavras;
 - Física ou Social: Lutar ou matar para defender a si ou a um objeto de amor;
 - Física associal: Assaltar, atacar, machucar, ou matar um ser humano ilegalmente;
 - Destruição: Atacar um animal ou destruir um objeto material.
Interpretação (Motivos, inclinações e sentimentos dos heróis) 
Traços a serem avaliados: 
• Ajuda: procurar auxílio ou consolo...; 
• Auto Agressão: Recriminar-se, inferiorizar-se, cometer suicídio...; 
• Degradação: Submeter-se à coerção ou imposições para evitar repreensões, confessar, desculpar-se, prometer fazer o melhor, render-se, masoquismo...;
 • Desvelo: Expressar simpatia na ação...; 
Cont.
• Dominância: Tentar influenciar o outro, governar, tentar alcançar uma posição executiva...; 
• Passividade: Gozar de quietude, do relaxamento, do sono, submeter-se por apatia ou inércia...; 
• Realização: Trabalhar em algo com energia e persistência...; 
• Sexo: buscar de relações sexuais, apaixonar-se, casar-se... 
• Aflição, aquisição, autojustificação, autonomia, criação, deferência, excitação, exibição, hedonismo, reconhecimento... 
Interpretação (Forças do ambiente do herói - Pressão) 
O psicólogo deve observar os detalhes tanto quanto a natureza geral das situações, especialmente as situações humanas com que os heróis se defrontam; 
• Dar destaque aos aspectos de singularidade, intensidade e frequência; 
• Registrar a ausência significativa de elementos correntes;
• Dar atenção a objetos e humanos (outros personagens) que não constam nos quadros; 
• Registrar os traços recorrentes das pessoas com quem o herói se relaciona (amistosas ou não? As mulheres são mais ou menos amistosas que os homens? Quais os traços das mulheres mais velhas (figuras maternas) e homens mais velhos (figura paterna)? 
Cont.
Pressões: Tipos de forças e ou condições ambientais classificadas de acordo com o efeito que possuem sobre o herói; 
• Aqui também a força de cada pressão presente na história é computada numa escala de 1 a 5 pontos. 
• Critérios para avaliar a força: intensidade, duração, frequência e seu significado geral no enredo; 
Cont.
Aflição
 Associativa: o herói tem amigos; 
 Emocional: uma pessoa está afetuosamente ligada ao herói (genitor, parente, amante); 
• Agressão
Emocional e verbal: alguém odeia o herói ou o critica 
Física, social: alguém se defende do herói que procede erradamente. 
Física, associal: um criminoso assalta, mata ou fere o herói; - Destruição da propriedade: alguém causa danos aos bens do herói. 
Cont.
Ajuda: uma pessoa cuida, consola ou perdoa o herói...; 
• Dano físico: o herói é ferido por alguma pessoa;
 • Dominância: 
Coerção: alguém tenta forçar o herói a fazer alguma coisa;
Constrangimento: Uma pessoa tenta impedir o herói de fazer algo;
Indução, sedução: uma pessoa suavemente tenta influenciar o herói;
 • Falta, perda:
 - Falta: o herói carece do indispensável para viver;
 - Perda: O herói perde algo ou alguém;
 • Perigo físico: 
Ativo: o herói está exposto a perigos fisicos (não proveniente de humanos);
Acidentes: o herói está exposto a perigo de cair ou afogar-se.
Interpretação (Desfecho)
O psicólogo deve dar atenção a comparação do poder das forças que emanam do herói com as forças originárias do ambiente; 
• Considerar cada evento, cada interação de pressão e necessidade, do ponto de vista do herói, o psicólogo pode avaliar a quantidade de dificuldades e frustrações experimentadas pelo protagonista, o grau relativo de sucesso e fracasso. Que proporção há entre desfechos exitosos e infelizes? 
Interpretação (Temas) 
Tema simples: interação entre a (s) necessidade (s) do herói e a pressão (ou pressões) ambientais e o desfecho.
 • Temas complexos: combinações de temas simples interligados, ou que formam uma sequência (enredo, motivação, tema, principal aspecto dramático da história); 
• Visualizar a história como um todo e separar os temas de maior importância;
 • Que desfechos, conflitos e dilemas têm maior importância para o sujeito? Existem temas comuns, centrados, por exemplo, em problemas de realização, rivalidade, amor, privação, coerção e limitações, ofensa e castigo, conflito de desejos, exploração, guerra?
Interpretação (Interesses e sentimentos)
Esses aspectos são tratados separadamente pois o autor manifesta seus próprios interesses e sentimentos não apenas atribuindo-os a seus heróis, mas também na escolha dos tópicos e na maneira com que lida com eles.
Investigar as catexes positivas ou negativas de mulheres e homens mais velhos (figura materna e paterna), figuras do mesmo sexo, que podem representar irmãos
Interpretação dos resultados 
1º pressuposto (variáveis do Herói):
 • Os atributos do herói (necessidades, estados emocionais e sentimentos) representam tendências da personalidade do sujeito. Essas tendências pertencem a seu passado ou ao seu futuro antecipado e, por essa razão, são possivelmente responsáveis pelas forças potenciais temporariamente adormecidas; ou estão ativas no presente. Ele está mais ou menos Cs dessas tendências;
Cont.
Essas tendências representam simbolicamente:
• Coisas que o sujeito fez ou; 
• Coisas que desejou ou esteve tentando fazer, ou; 
• Forças elementares de sua personalidade, das quais nunca esteve plenamente Cs, embora tenham dado origem a fantasias e sonhos na infância ou então mais tarde; e/ou 
• Sentimentos e desejosque está tendo no momento; e/ou
• Antecipações de seu comportamento futuro, de alguma coisa que gostaria de fazer ou fosse forçado a fazer; ou ainda, de algo que não pretende fazer mas sente que deveria fazer, devido a uma debilidade não totalmente reconhecida por ele, que o impele a fazer isso. 
Cont.
2º pressuposto (variáveis de pressão): 
• Representam forças percebidas no ambiente presente, passado ou futuro. A visão que o sujeito tem do mundo, as impressões que projeta numa situação real e nas antecipações de situações futuras. 
• Referem-se literal ou simbolicamente a: 
Situações com que de fato o sujeito se defrontou; ou
Situações que em devaneios ou sonhos imaginou encontrar-se, com esperança ou medo; ou
Uma situação momentânea (pressão do examinador ou tarefa) em conformidade com o que espera deparar-se, desejaria ou temeria deparar-se 
Cont.
“As conclusões a que se chega por meio das histórias do TAT devem ser encaradas bem mais como bons “guias” ou hipóteses de trabalho a serem verificadas por outros métodos do que como fatos comprovados”.
Bibliografia
• CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico- V. 5ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 
• MURRAY, H. TAT – Teste de Apercepção Temática. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.